Você está na página 1de 190
SALO DE CARVALHO 6s-Doutor em na, Espana) rofess Mestre (UFSC) ¢ Douto Criminologia pela Universidade P em Direito Penal pela Univer: Adjon nto de Direto Penal na Faculdade ‘Neslonal de Di reito (UFR). PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO (FUNDAMENTOS E APLICACAO JUDICIAL) 2 edigao 2015 2 tiragem 2018 saraivaly sofos| soraivaff con aces tas, 722, an St Prone ado 6P-CEPOSES12 0900-0117875, aseaseaim a Dic edi ui Roet Cai erin edteval Tins de Camago Rodis ‘Asin edi Fol Soares Abe (orden gel Clas Bs is repro de origins Al eal! ais Bena Besa @ A isi Gari (oad) oid ers ps ‘te edagrama boll Ara es eas Reside proves Ani Kasi ad © deo Bat Fs Main (cons) (ea ews Sinope Stet Series eis hie Csi da Shea fel isl Fito er Code (op Ran Canes Prod rfia Na tngin Ampresséo Gite Foym ‘Aanent Gia Foy (SBN 978-65-02-61878-7 ‘Dados Intenaionais dC ai (Gee Boiee a Carol, Soo de Penase medias de soguana no day sie / oe ean ot Scnoiva, 2015. 1. Dito peral 2. Dito perl 3. Melis era (het pt (Direito penal) | Titulo, i 14-10572 lode por catogo sstertiar 1. Biol: Feros e mies de sequen : Ditto penal 34.8) Divides? Acesse wwnweditorasaraiva.com.bridreto [Nenhna pate desta publica pode er epi por qualquer meio ow fons sem a prvi autora Eitors Sativa, Aviolugao dos direitos amtoras€ crime esate Li, 9.610098 e pani pelo asigo 18% do Cig em _ SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PENA NO piREITO PENAL BRASILEIRO 42.1. Espécies de Pena e Centralidade da Priséo 12,11, Na andlise dos principios de delimitagao do sistema punitivo, amas espeeficamente na natrativa sobre 0 principio da individualizaeio, el verificar que a Constituicio, no art. 58, XLVI, elenca algumas espécies de pena a serem adotadas pela legslagio ordindvia: (a) privagio ou restrigdo da liberdade, (b) perda de bens, (c) multa, (A) prestaclo social akemnativa e (e) suspensio ou interdicio de direitos. CO rol constitucional nio diverge daquela estrutura de sangdes penais 1 de 1984, pois, segundo o art, 32 do Cédigo Penal, aspenas apliciveissio (a) privativas de liberdade, (b) restritivas de dizeito ¢ (¢) multa, Em realidade, a diferenga é a de que a Constitui¢fo, diferen- temente do Cédigo, descreve nio apenas as espécies, mas também algumas subespécies de penas. No entanto, nio hi qualquer incompatibilidade entre os referidos dispositivos, inclusive porque o Cédigo, a partir da in- conporacio das alterages realizadas pela Lei n. 9.714798, adotou os des- foi poss proposta na Reform: dobramentos sugeridos no texto constitucional. ___Desta forma, harmonizando a estructura codificada 3 Constituigio, é possvel identificar trés classes de penas criminais apliciveis no Brasil: (1*) rivagdo de liberdade, caracterizada pela pena de prisio, reclusiva ou detentiva, cumprida nos regimes fechado, semiaberto ou aberto (art. 33, Cédigo Penal); (28) restrigdo de direito, cujas modalidades previstas sio a prestagio aa a, a perda de bens e valores, a prestagao de servigo 4 comunidade quid pblicas, a interdigZo temporaria de direitos ¢ a limitagao de vemana (art. 44, Cédigo Penal); ¢ (c) nuila (art. 49, Cédigo Penal). | ae 3 | PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO / 12.1.2. Todavia, € possivel perceber da leitura do dispositivg egy, 5 “tae nto é s - Utucional que o rol de penas previstas ndo € taxativo, mas Merameny e exemplificativo ~ nao por outra razio o art. 58, XLVI, utiliza a expres. “entre outra: . sendo plenamente adiissiveis no diteito penal brag, inovagdes legislativas em matéria de penas, desde que sejam respeitadas as vedagdes do art, 58, XLVI (prinefpio da humanidade) ~ “nao have peng, 4) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos fermos do art. 84, XIX; yy cariiter perpétuo; ¢) de trabathos forrados; d) de banimento; ¢) cruéis”. A perspectiva de inovagao nas espécies € nas formas de execugio day sanges ganha relevo no cenério politico-criminal ocidental a partir do final da década de 1970, notadamente quando a crise da pena de Prisio passa a ser um entendimento compartilhado pelas proprias agéncias oficiais de controle punitivo. No Brasil, a partir da década de 1990, 20 mesmo tempo em que se siste a0 enrijecimento das formas punitivas e 4 densificacio dos niveis de encarceramento (efeito deflagrado com a Lei dos Crimes Hediondos), ¢ perceptivel a ampliacio do controle punitivo nao carceririo, com 0 alar- gamento das espécies de penas restritivas de direitos ¢ a flexibilizacio do principio da obrigatoriedade da ago penal nos casos de infragdes de menor potencial ofensivo!, Conforme sustentado anteriormente, esta dupla via do sistema punitivo nacional (aumento do encarceramento ¢ aumento de al- ternativas a0 encarceramento) € apenas aparentemente paradoxal, pois as tendéncias diversificacionistas em matéria penal (substitutivos penais) ¢ processual (substitutivos processuais) aliam-se ao projeto transnacional de reconfiguracio gerencialista e atuarial da administragio da justica criminal. 9.09/95, que cria os Juizados Especiais Criminais, prevé, nos casos de inits- ges de menor potencial ofensivo, ou seja, nos delitos cuja pena mixima nio ultrapase 2 (dois) anos, um procedimento pré-processual informal e simplificado no qual o autor do fato ¢ 0 ofendido podem realizar composigio civil dos danos, com efeito de extingio de a A Lei punibilidade do fato, Nos casos em que inexiste vitima ou nio havendo composi Lei faculta a transagio penal com 0 Ministério Piblico (art. 72 e seguintes, Lei ™ 9,099/95). Ontrossim, nos casos de crimes de ‘médio’ potencial ofensivo, isto & aqueles cu pom minima nfo ultrapasse 1 (am) ano, a Lei n. 9.099/95 ria o instituto da suspensio con- cional do proceso, cujo aceite e posterior cumprimento das condiges, por parte 4° denunciado, operam igualmente como causa de extingdo da punibilidade (at. 89, L&i™ 9.099798) eal | puss conclusdespatcas, de naturezas distintas, acerca da ampliagio os aubsttutivos penais, io possves: primeira, de ordem normativ, aid ; © Possive all we dor rts io stars € 0 verdadeiamenteallematis 8 2s pee Teun, de ordem empl, as penasrestitvas configutam- iio": o aditivos € 180 altenativas ao encarceramento. Tais concluses parciais oa a hpdtese de que osisema de pena no ordenamento juriico- set pair. apes ds inovaGdes ealizadas na Reforma de 1984 da =e ai das pens resis fomentada pla Len 9714/98, mantém-se | entrada em uma légica carcerocéntrica, ou seja, toda a instrumenta~ qidade dos | gidaa parti | ses de superacao da perspectiva punitivista wnitica de determinagdo e de execugio da pena no Brasil é re- da pena de prisio, motivo pelo qual sio constantes as dificul- 42.2. Etapas de Aplicagao da Pena 12.2.1. Segundo Hassemer, “a determinagio da pena , desde muito tempo, 0 miro de lamentagbes dos penalistas, tanto do campo cientifico como prati- ja Eo lamentével & que a dogmética da determinagao da pena, ou seja, a elabora- cao sstematica dos critérios estabelecides pea lei, mo angi rm grat de preciso e ransparcuca como o da dogindtica dos pessupostos da punibilidade™. A assertiva do autor procura sustentar a existéncia de uma profunda disparidade entre os desenvolvimentos dogmiticos das teorias do delito e da pena ~ a partir da pressuposicio de que os estudos sobre as categorias que compéem o conceito analitico de crime (condita, tipicidade, ilicitude e culpabilidade) adquitiram, 20 longo do século passado, maior densidade e, consequente- mente, estabilidade — ¢ 0s relativos 4 definigo das penas. Nio ha dividas de que historicamente uma das 4reas prioritérias da dogmatica do direito penal foi a teoria do delito. No entanto, a questi nio parece ser tio simples. Isto porque grande parte dos (macro) sistemas * Cezar Bitencourt, em comentirio realizado logo apés a edi¢io da Lei n. 9.714/98, com a ironia que Ihe é peculiar (inclusive por forca do titulo da publicagio), sustenta que “part sefalarem ‘novas penas altenativas’, deve-se esclaece, inicialmente, uma pequtena curiosidade: emt Princo lugar, nfo sio ‘penas novas’ [em razio de sua previsio no Cédigo Penal de 1984] e, €m segundo, nao séo altemativas (em razdo do seu cariter substitutivo]” (BITENCOURT, Novas Penas Altemativas, p. 68). HASSEMER, Fundamentos del Derecho Penal, p. 137. | ae 2 | 12- SISTEMA DE DETERMINAGAQ DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO PENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 314 de direito penal sio estruturados a partir das teorias da pena, As teor} da pena, tradicionalmente interpretadas como centros de itradigen legitimidade da intervengio punitiva, acabam, portanto, por estab Pressupostos sob os quais a teoria do delito definiré os pre imputagio ¢ de responsabilizagio. No mesmo sentido merece considera 0 Ue lecer og UPOStOS dle Gio a auséncia de transp arena 10s critérios de determinagio da pena. O aparente nivel clevado de chan 24 da dogmitica do delito parece ser uma decorréncia da sua nature, univer lista, caracterfstica que nio pode ser imputada i dogmitica da pen, Note-se que a teoria do delito, desde a genese do causalismo, passand, pelo finalismo, até as atuais perspectivas funcionalistas, adquiriu uma vir tuosa capacidade de transnacionalizagao. Nao por outra razio causalismo, finalismo e funcionalismo influenciaram diretamente as teorias Penais dos Paises romano-germinicos e, com muita frequéncia, seus pressuposio, foram incorporados nos sistemas normativos. As teorias dogméticas de determinacio da pena, em sentido invers, carecem deste potencial colonizador. Em andlise comparativa, se é Possivel concluir que as estruturas dogmiticas ¢ normativas dos paises da civil lay sio similares quanto aos pressupostos de imputacio do delito e de definicio da responsabilidade (teoria do delito), esta situago n3o se reproduz em te- lagao as formas de defini 0 da pena, cujos critérios de analise e de aplica- bilidade normalmente decorrem de um desenvolvimento das tradi¢des locais, No caso brasileiro, a preocupacio histérica da dogmética penal com a preciso ¢ a transparéncia dos critérios de aplicagio da pena resultou na consolidagio de um sistema normativo altamente complexo, dividido em iniimeras fases, ¢, exatamente por isso, com vitrias zonas cinzentas e pro blemiticas. Ademais, o alto gran de complexidade deu margema distintos posicionamentos doutrinarios e jurisprudenciais, motivo pelo qual a ma- téria merece ser estudada cuidadosamente, 12.2.2. O Codigo Penal brasileiro estabelece, de forma bastante met6dica, as etapas € os critérios que o juiz deve seguir para aplicacio da pena no ato da sentenga condenatéria. No entanto, importante frisar que estrutura metédica nio significa, necessariamente, sistematicidade. A dis- posigdo de etapas e critérios de aplicagdo da pena, na esteita da red- Go original do art. 42, do Cédigo Penal de 1940, & apresentada de forma bastante confusa na lei penal, motivo pelo qual pode ser considerada pou co didatica. — («| > A primeira orientagio normativa dirigida ao julgador é a de que 0 gisterna de determinagiio da pena é dividido em quatro fases, dis- postas HOS incisos 1, II, Ile IV do art. 59 do Cédigo Penal. Assim, em um momento preliminary seria possivel ler 0 art. 59 do Codigo Penal da se~ inte form 9 juiz (..) estabelecerd, conforme seja necessdrio e sty iciente para repro © prevenncao do erie: I= as penas aplicaveis dentre as cominadas; : I-A quantita de pee aplicdvel, deni dos limites previstos; LI ~ 0 regime nical de cumprinverio da pena privativa de liberdade; IV — a substituigio da pena privativa “a lierdade apliada, por outa espécie de pena, se cabivel”. ‘A exclusio da primeira parte do caput do dispositive se justifica eatamente pela asistematicidade do estatuto penal. No c250, 0 legislador mio seguiu a regra elementar de elaborago normativa, que é partir do eral (caput) 20 especifico (paragrafos, incisos e alineas). Invertendo estas premissas, conforme sera possivel perceber, 0s critérios dispostos no captt ver em realidade, as circunstincias de andlise de uma das subetapas (pena- “pase) de uma das quatro etapas (quantificagio da pena) descritas nos “peisos do art. 59, Cédigo Penal. A afirmacio pode parecer confusa, mas waa parece ser a descrigao mais precisa da arquiterura apresentada pelo Cédigo Penal. De forma didética, é possivel descrever a aplicagio da pena no di- reito penal brasileiro como um sistema composto por quatro operagdes ssivas: necessarias € suc 4) Prineiza etapa, eleig2o da pena cabivel entre as cominadas (pena privativa de liberdade, pena de multa ou pena restritiva de direito). b) Segunda etapa, determinagao da quantidade da pena aplicével (tempo). «) Teva etapa, fixagio do regime inicial de cumprimento de pena (qualidade da pena). 4) Quarta etapa, avaliagio da possibilidade de aplicagio dos substitu tivos penais (substituigdo da pena privativa de liberdade por pena de multa ou pena restritiva de direito). 2 | 112 SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12.2.3. A primeira operagio (eleigéo da pena) impde 20 julgador o dever de verificar quais as penas previstas no preceito secundario do tipo penal pelo qual 0 réu foi condenado e, posteriormente, definir qual a san- glo adequada, © modelo brasileiro de construgdo dos tipos penais incriminadores segue a tradi¢o de associar ao preccito primério (conduta incriminada) um preceito secundario descritivo das penas cabiveis. Assim, p. eX., nO caso ee | ~~ do homicidio simples (art, 121, caput, do Cédigo Penal), ao Preceity mario (matar alguém) é vinculado o preceito secundirio MeFinidor das pen Cabiveis (pona— reuse, de 6 a 20 aes). Neste c380, 0 julgadar nae tem Possbilidade de escolher a penta cabive, pois 0 preceto secundéig.y, too imeriminador apresenta apenas uma hipdtese punitiva (pena de reclisi, ~ privativa de liberdade). Desta forma, automaticamente o juiz Passaria Segunda etapa, que é a de quantificar a pena, dentro dos limites impostos Pelo preceito secundario (entre 6 e 20 anos). No entanto, iniimeros tipos penais apresentam duas ou mais hips teses punitivas, cumuladas ou alternad segundo caso (previ , motivo pelo qual deve oui ng sio de penas alternadas), proceder a eleicio, justifj do a sua escolha nos termos do art. 93, IX, da Constitui fundamentagio). 7 ican. '¢40 (principio dy Logicamente que, nos casos em que hi previsio de penas cumuladas, igualmente o juiz deve passar, de maneiza automética, para a segunda eta. Pa procedendo & quantificago de cada uma das penas previstas. No crime de furto, p. ex., 0 preceito secundirio do art. 155 do Cédigo Penal dete, mina como resposta juridica ao ilicito as penas de prisio (reclusio de | ¢ 4.anos) e malta, No mesmo sentido, o crime de roubo (art. 157 do Cadi. go Penal), de apropriagio indébita (art. 168 do Cédigo Penal, de estelig. nato (art. 171 do Cédigo Penal), de corrupeio passiva ¢ ativa (art. 317 ¢ art. 333, ambos do Cédigo Penal, respectivamente), de sonegagio fiscal (art. 12 da Lei n. 8.137/90), de evasio de divisas (art. 22 da Lei n. 7.492/86), entre intimeros outros crimes. Aliés, em caso de pluralidade de sangdes, esta & uma das mais caracteristicas formas de construgio de preceitos se. cundarios, com a acumulagio da pena de multa& pena de prisio (detengio ou reclusio). PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO Possivel dizer, inclusive, que sio esporddicos os tipos penais que Preveem penas alternadas ~ prisio ou multa; prisio ou restri¢ao de diteitos; 316 Ts*ti¢do de direitos ov multa, Mas é exatamente nestes casos que o at. 59, 1, do Cédigo Penal tem aplicabilidade, isto 6, quando coexistem duas ou mais modalidades distintas de penas deve o julgador eleger, motivadamen- te, uma delas, No crime de furto privilegiado, p. ex., 0 § 2° do art, 155 do Cédigo Penal prevé que em caso de réu primario, sendo de pequeno valor a coisa furtada, “(..) o juiz pode substitir a pena de reclusio pela de detec, diminui-ta de um a dois tergos, ow aplicar somente a pena de multa” (grifou- ~se) Importante perceber que, neste caso, 0 dispositivo legal faculta 20 viz a substituicio (“pode substituir”). Ocorre que esta faculdade nao pode s® = | > como discricionariedade judicial. Em razio de a multa cons~ como a resposta penal menos aflitiva, ingressa na esfera de direi- nado, OU Seja, Se as condicdes objetivas de substituigéo estive= (condenado primirio e objeto de pequeno valor), o réu tem ie ser condenado a multa. A hipétese de nao substituigdo apenas J se 0 juiz justificar convincentemente (prinefpio da motivagio) fit“! edo conte ‘ issivel gadmiss J n eda adequagio, no c3s0 concreto, da pena prvativa de liberdade. yt Na le ef encontrada em diversos tipos incriminadores, nao apenas NO Cédigo s penal (arts. 135, 140, 147, 150, 163, 179, 180, § 3%, arts. 184, 233, 246, 280, 286, 331, entre iniimeros outros), mas, p. ex., nos crimes contra 0 consu= smidor (art. 63, § 2° art. 66, § 28, arts. 72, 73 e 74 da Lei n. 8.078/90 ¢ art. ge da Lei n. 8.137/90), nos crimes contra a ordem econémica (arts. 4°, 5* e6eda Lein. 8.137/90), nos crimes ambientais (arts. 33, 34, 38, 39, 42, 49 ¢ 60. da Lei n. 9,605/98), entre outros. Em todos estes casos 2 estrutura do preceito secundario é muito similar: pena — detengao (ou reclusio) de *x’ My’ anos au multa, COMO NO CASO, P. eX, do crime de “impedir ou dificul- taro acesso do constimidor ds fnformardes que sobre ele constem em cadastros, banco ve dados, fichas ¢ registos", previsto no art, 72 do Cédigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078), cuja pena prevista € “detengiio de 6 (seis) meses af (am) ano ou nulta”. Em alguns casos, como na Lei dos Crimes Ambientais (Lei n. 4605/98), hi previsio de cumulagao ou alternatividade entre as penas. ° cal interditado (crime contra a isco penal ordinaria, esta espécie alternada de pena pode crime de pesca em perfodo proibido ou lo: fauna), p. ex., possui como sangao criminal a “detengao de 1 (um) a 3 (trés) anos, ou multa, ou anibas cumulativamente” (art. 34 da Lei n. 9.605/98). Nes tes casos, conforme assinalado anteriormente, em decorréncia do direito do rén & situacdo juridica mais favordvel, em qualquer hipétese de eleigio ena de detencio isolada ou de pena que nao seja exclusivamente a multa (p' de detengio cumulada com multa), é imperativo que o julgador demons- tre convincentemente as razdes de sua op¢ao, sob pena de nulidade (t6pi- ca) da sentenga por auséneia de motivagao. Situagdo similar € a das condutas relativas ao porte de drogas para consuimo pessoal, pois 0 art. 27 da Lei n. 11.343/2006 estabelece a possi- bilidade de o julgador aplicar isolada ou cumulativamente as sangdes pre- vistas no art. 28, quais sejam, (a) adverténcia sobre os efeitos das drogas; (0) prestacio de servigos 4 comunidade; (c) medida educativa de compa- Fecimento a programa ou curso educativo. A particularidade do caso resi- NA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12.- SISTEMA DE DETERMINAAD DA PEt 3 PENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 318 de no fat de o art. 28 da Lei de Drogas prever no preceito secundiy, tipo incriminador, como hipdteses sancionat6rias principas, esp penas restritivas de direito ¢ de medidas, situagio inédita € que romp a l6gica carcerocéntrica da legislacio penal nacional’, Na ei penal brasileira, registro histérico mais relevant da yey, sio de penas alternadas, sobretudo prisio alternada com multa, ¢ Oda Lei de Contravengdes Penais (Decreto-Lei n. 3.688/41). Na maior parte ay do Pe Con, condutas contravencionais havia possibilidade de substitur a pristo sme pela multa®. Este fato revela uma das caracteristicas principais desta forma de penalidade: aplicagio em casos de baixa lesividade que, consequenes, mente, comportam penas privativas de liberdade menotes. Todavia, & possivel encontrar excegdes a regra, como o crime de abuso do poder econémico, previsto no att. 4 I, da Lei n, 8137/90, cua Sobre as espécies e a acumullagio de sangdes (penas ¢ medidas) na Lei de Drogas, con. ferir CARVALHO, A Pottica Criminal de Drogas no Brasil, pp. 279-282. * A Lei de ContravengSes Penas estabelecia a prisio simples como a espécie menos rigo. rosa de privagio de liberdade. Segundo o estatuto, “a pena de prisdo simples deve ser a da, sem rigor penitencirio, em estabelecinento especial ou sesdo especial de prisdo comum, semiaberto ow aberto” (art. 6° do Decreto-Lei n. 3.688/41). impr em reine © O verbo foi propositadamente conjugado no pretérito (havia) em razio do entendimen- to de a Lei de Contravengées Penais nio ter sido recepcionada pela Constituicio de 1988, Embors algumas contravengdes consideradasrelevantes tenbam sido eriminalizadas~p, eX 0 porte ilegal de arma de fogo (art. 12 ¢ art. 16 da Lei n, 10.826/2003), a diregio de veiculo sem habilitagio (art. 309 da Lei n, 9.503/97), direc petigosa em via piblica (a. 311 da Lei n, 9.503/97), a crueldade contra animais (at, 32 da Lei n,9,605/98) - 0 ob- Jetivo principal do estatuto foi o de estabelecer padres motais de commportamento, Asim nfo apenas eram considerados desvios puniveis estados ou manifestagdes pessoais-p. eX, vadiagem (art, 59), mendicancia (at. 60) e embrigguez (art, 62) ~e pritica soci sivas a0 pudor ~ ofen: - €X jogo de azar (art. 50) ¢ jogo do bicho (art. 58) —, condutas capi- tuladas como ‘contravengies relativas 3 policia de costumes’, como eram consideridis ilfcitas condutas que nio causavam qualquer dano ou perigo concreto de lesio ~ p. Xs associagio secreta (art. 39), conduta inconveniente (art. 40) 42), A natureza comportamentalista da Lei de Contravengdes permite questiona a svt recepeio pela Constituicio, pois se “o Estado Democritico de Direito produzin a secularizaao do Direito Penal (..), delitosligados d moral e aos costumes nio onder juridico-poltica” (STRECK, Tribunal do fir, p. 65). No mesmo sentido, consultar STRECK, Hermendutica Juridica e(wu) Crise (b),p-348: SCHMIDT, 0 Prindpio da Legalidade Penal uo Estado Democrtico de Direito,p. 287. No sentido da necessidade de descriminaliza |, perturbagio do sossego (at. io mais conpatieeis com a vor ilo das contravengdes em razio da escassa lest vidade, COPETT!, Direito Penal e Estado Demoertico de Direito, pp. 186-188. prevista & “reelusio, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, on mmulta”, Na estrutura 4 pnatoria do direito penal brasileiro, estes valores de reclusio previstos an & nosst - i podem ser considerados baixos. E possivel afirmar, inclusive, que se 0 contra nO patamar médio dos crimes previstos na legislagio penal ce aes qe em gr et vara ete pens minima de 2 (dois) mse mama de 5 (cinco) imporia uma série de restrigdes: (a) 0 ilicito rer eonsiderado de menor potencial ofensive (pena maxima nos): (b) nao 1 superior a 1 ano); e, em tese, se a pena concretizada (indi= jo poderia cuperion @ 2a ria cabivel suspensio condicional do processo {pena minim r ) sidualizagio judicial) Ficasse acima de 4 (quatro) anos, (c) seria inaplicavel sj aubstituigo por pena restritiva de direito e (d) 0 regime inicial de cum- primento de pera sera © semiaberto. A previsio de sangio privativa de liberdade alternada 4 multa gera, porem, independentemente da quantidade de pena legislativa ou judicial- pene posta, problemas de classificagio do iit, situago que refletira ve matéria processual relativa 3 competéneia, O art. 2° da Lei n. 10.259/2001, que alterou a Lei n. 9.09/95 e institui os Juizados Especiais Criminais Federais, estabelece que “consideram-se iniagdes de menor potencial ainsv, para os efeitos desta Lei, a5 crimes a que a Lei conine pena maxima ndo anos, ow multa”, A interpretagio mais restritiva tenderia a li- superior a dois wnat os efeitos da Lei n. 9.09/95 (transagio penal e composici0 civil) 20s tosos em que (a) a pena maxima nao fosse superior a 2 (dois) anos ou que (b) a pena de mulea fosse prevista exclusivamente como pena auténoma, sem qualquer previsio de aplicagio alternada ou cummulada 4 pena privati- vade liberdade, como ocorria em infimeras contravengGes pena “rovoca,abusivamente, emis de fuasa, vapor ou gs, que posst fender ou inoletaralguém: pena ~ multa” (art. 38, Decreto-Lei n. 3.688/41). Ocorre que em posterior alteragio, provocada pela Lei n. 1313/2006, o art. 61 da Lei n. 9.09/95 passou a ter a seguinte redacio: “onsderamse infiagBes penais de menor potencal afewsiva, para os efeitos desta Lei, as contravengdes penais e os crimes a que lei comine pena mdscima sido supe- vir @ 2 (dois) anos, cumulada ou nao com multa” (grifou-se). A reforma ‘0 de todos os ilicitos penais =p.ex., legal parece ter sido explicita na reclassifica¢ como infragdes de menor potencial ofensivo, sujeitas, portanto, Jincidén- Cia da Lei n, 9,099/95 ¢ dos seus institutos despenalizadores (composigao civil 5, ‘ ae a sox, Vil ¢ transagio penal), cujo preceito secundario prevé pena de prisio 2 | 12- SISTEMA DE DETERMINACAD DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 320 | alternada com mutta, inclusive naqueles casos em que a Pena Maxima elt wlrapasa 2 (dos) anos p. ex a #58, Pe7#da Lin, ign” Ao ser proposta a questio ao Supremo Tribunal Federal, o eaten he f : 4 revisig de pena maxima superior a 2 (dois) anos, mesmo quando alternada peng de multa, € incabivel a classificagio do ilicito como infragio de fey potencial ofensivo. No entanto, independentemente da quantidade mini. ta, entenden a Suprema Corte ser cabivel a suspensio condicional do mento que prevaleceu foi no sentido de que nos casos em que h: rocesso em razio de a sangio menos afltiva cominada sera muta, o, seja, pena materialmente inferior Aquela de 1 (am) ano prevista com ry. quisito objetivo para alcangar o direito a suspensio condicional do proces. SO, nos termos do art. 89 da Lei n. 9.099/95* — “(...) quando Para o crime seja prevista, alternativamente, pena de multa, que & menos gravosa do que qualquer pena privativa de liberdade ou vestrtiva de dirito, tem-se por satisfétto um dos qui itos legais para a suspensio condicional do proceso”. 7 Sobre o tema, conferir CARVALHO et al, Os Critrias de Defnisio da Tipicidade Mater cas Infiagaes de Menor Potencial Ofensivo, pp. 81-98, 5 Nos crimes em que @ pena miéuinsa coninada for fqual ow inferior a 1 (um) ano, abrangdas on tio por esta Lei, o Ministério Piiblico, ao oferecer a demiacia, poders propor a suspensto do proce 30, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desile que o acusado no esteja sendo processado ou nao tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisites que autorizani a suspensio condicional da pena (art, 77 do Cédigo Penal)” (art. 89 da Lei n, 9.099/95). * No voto que conduziu o julgamento, 0 Min, Relator sustenta que “para a suspense condicional do processo, a Lei n. 9.099195 exige que a infasio imputada ao réu tenha minima com tminada igual ou inferior a 1 (um) cuo. Butendo que entra no dmbito de admissiilidade da suspen- sto condicional a imputagdo de delito que comine pena de mutta de forma alternatva & prvatva de liberdacte, ainda que esta tenha limite miinimo superior a 1 (um) ano. Nesses casos, a pena minima cominada, parece-me dbvio, é a de multa, em tudo e por tudo, menor em escala & menos gravest do que qualquer pena privativa de liberdade ou restritiva de dircito. E 0 que se tina ao artigo 32 40 Cédigo Penal, onde as penas privatias de iberdade,restritivas de dieito ede muta sio capitals nna ordem decrescente de gravidade. Por isso, se prevista, alternativamente, pena de nnulta, tens po” satisfeito um dos requisitos legais para a admissibilidade de suspensdo condicional do process (-)” (Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus 83.926-6, Rel. Min, Cezar Peluso j 14.09.2007) No mesmo sentido, Superior Tribunal de Justiga, Habeas Corpus 109.980, Rel. Min Felix Fischer, j, 04.12.2008; Superior Tribunal de Justiga, Habeas Corpus 34422, Rel Min. Hamilton Carvalhido, j. 22.05.2007. =a r- 12.24. Na segunda etapa (quantidade de pena) do procedimento ‘0 da sangio, compete ao julgador definir, nos termos do jeer i003 de a di is 11, do Cddigo Penal, o tempo da pena anteriormente eleita como art. 5% 7 7 Acqua (privaco de liberdade, restritiva de direito ou multa) al Nos casos de determinagio de pena de multa, autdnoma ou curnu l= ¢ minimos € maximos, bem como as causas de aumento € de os limite stio regrados no art. 49 do Cédigo Penal. Em razio de a da. aiminigOs © app eta spose na parte geal, € estabelecido, um eritério universal aplicavel a todos os delitos em que ha previsio desta espécie de pena pe- legislagio Fiat. Porém, alguns dispositivos especificos presentes 1 estabelecendo, no préprio preceito seeraondinaria eNcepeionam a reg speriminador, valores minimis e méximos da mutta ~p. es. “efreer dro- ve evenmuanente € sent objetine de fier, a pessoa de sew relacionaent, para sn cnsianircn pena ~ deen, de 6 (seis) meses aT (mn) ane, & pagan Fanaa de 700 (eteentes) 1.500 (nil equines) as-is ( )” (art. 33, g3% da Lei n. 11.343/2006). Mas Geseatabilizar o sistema codificado. ‘A centralidade do sistema em torno da pena de prisio torna remota aposbilidade de definigdo de outra espécie de pena na primeira fase (art. 59, 1, do Codigo Penal)!". Para além das remotas possibilidades de elei¢io da multa na etapa inicial do procedimento, sio os io da privagiio de liberdade que conformam Jo casos isolados que ndo chegam a (¢ posterior definicio) critérios de quantifica plicagdo da pena no Brasil. ileira, © desenvolvimento de procedimentos as regras gerais daa Na legislagdo penal bra de quantificagio da pena decorre do processo histérico de proscrigio das ® Conforme visto anteriormente, em toda ronoma de pena restritiva de direito, ou seja, caso vinico a legislagio penal brasileira existe apenas uma possibilidade de definigio at ‘ substitntiva da pena de prisio, mas verdadeiramente alternativa, ein que a restr onsumo pessoal, segundo o art. 28 da 38 nos incisos II (prestagio de Trata-se das condenagdes por porte de droga para ¢ Lei de Drogas, Na hipatese de aplicagio das penas previst serviga j comunidade) ¢ III (medida educativa de comparecimento a programa Ou curso educative) do art. 28, a Lei n. 11.343/2006 define, como quantidade de tempo maximo de sangio, 5 (cinco) meses, para réu primirio (art, 28, § 34), e, em caso de reincidéncia, 10 (dez) meses (art, 28, § 48). Outras duas peculiaridades sio marcantes na Lei de Drogas: inexistem critérios (1) nio é fixado limite minimo da pena, apenas 0 miximo; ¢ (2 specificos (objetivos e subjetivos) para quantificagio, como, p. ex., hi para definir o tempo de prisio e a quantidade de multa, A alrernativa vivel parece ser 8 aplicagio ana légica das variveis de determinagio da pena de prisio. ITO PENAL BRASILEIRO 112 SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PENA NO DIRI 321 a | . Sendo adotado um sistema de penas varidveis, fixaday a da proposi¢io legislativa de penas minimas € maximas no prece; dario do tipo, cabe ao julgador a adequagio individualizada da autor do crime. penas fi 84 Datiy it0 see4 SANGIO ay Importante registrar que no ordenamento juridico nacional apo © Cédigo Eleitoral, ao tratar dos crimes eleitorais, apresenta estruturg yr versa, Em iniimeros tipos penais incriminadores a Lei n.4.737/65 deter ou somente penas miximas — p. ex. “inpedir on embaragar 0 exenicy 4p sufidigio: pena — detenao até 6 (seis) meses e pagamento de 60 (sessenta) a 199 (cm) dias-multa” (art. 297 da Lei n. 4.737/65); “violar ou tentar violar 0 Sigil do volo: pena ~ detengao até 2 (dois) anos” (art. 312 da Lei n. 4.737/65). Todavia, ¢ proprio estatuto retoma a tradigio de definigéo de parimetros minimos ¢ miximos estabelecidos pelo Legislativo ao indicar que “sempre que este Cj. digo nao indicar o grau minimo, entende-se que serd ele de quinze dias para a peng de detengao ¢ de unt ano para a de rectusio” (art. 284, Lei n. 4.737/65). © procedimento judicial de determinacio da quantidade de pena privativa de liberdade est disciplinado no art. 68 do Cédigo Penal, dis. positivo que consolidou o método trifisico: pena-base, pena proviséria ¢ pena definitiva. A definico de uma metodologia especifica para quanti- ficagio da pena na Reforma de 1984 solucionou 0 debate dogmético ini- ciado com a publicagao do Cédigo de 1940 e polarizado nas teses antagé- nicas de Roberto Lyra e Nélson Hungria. Segundo Reale Jr., “o art. 50 do Cidigo penal de 1940 trouxe imensa ditvida, com duas orientagbes: a defendida por Roberto Lyra no sentido de wma operagao em dois momentos, 0 primeira em que conjuntamente se analisant as circunstancias judiciais e legais, e 0 segundo relativo @ incidéncia das causas especiais de aumento e diminuigao; a defendida por Nélon PPENAS E MEDIDAS OE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO Hungria, para o qual o céleulo da pena dever-se-ia fazer em trés momentos, levan- do-se em consideragao inicialmente as circunstancias judiciais, depois as legais por aa 322 fim as causas de aumento ow de dinminwigao Roberto Lyra defendia um modelo bifisico no qual o juiz, na prt meira operagio, fixaria a pena-base a partir de uma avaliagdo conjunta das 4 REALE JR., Instituigdes de Direito Penal Il, p. 107. 2" pena que tena de ser aumentada ou diminuida, de quantidade fixa ou dentro de deere dos limites, & a que o juiz aplicara se nao existsse causa de aumento ou de diminugio” (8 caput, Codigo Penal, revogado pela Lei n. 7.209/84). CO ncias judiciais (art. 42)", agravantes (arts, 44 ¢ 45)"" e atenuantes A segunda operagio seria de incidéncia das causas de aumento ) ¢ de diminuigio (minorantes) da pena, dispostas na parte especial do Cédigo". No entanto, a Reforma de 1984 a explcitamente 0 método Hungria (triisica): “at pena-base seri fixa- “ endows a9 critrio do art. 59 deste Cdgo; em seguida serio consideradas cas arennantes € agravantes; por iltimo, as causas de dirminuigao de jrcunst cat. 48)” antes) (aio eral ¢ 4 parte citat date a cireunstan ma art. 684 capt, do Codigo Penal)”, caument Compete ao jus, atendende acs “antecedemes ¢ & personalidade do agente, a intensidade do dolo vie motives, ds circnstncias¢ conseqéncias do crime” (art, 42, caput, Codigo 7.209/84). rae da cape penal, evogado pela Lei M. 1 cicunstnias qe sempre agrvan a pens, quando no conttrem ov qualficam @ crime: T ter o agente cometide 0 crime: a) por motivo fil ou torpe; b) para fuciltar on 4s ocultago, a impunidade ou vartagem de outro crime; ¢) depois de embriagar- ara cometélo; d)& traico, de emboscada, ou mediante dissimulasao, ou outro tomnow impossivel a defesa do ofendido; e) com emprego de veneno, fago, repr, fsa, totus outo eo insiiso ower, ov de que podia resultar perigo comm; Prana endo, descendent io on cnjugesg) com abuso de autoridade ow prevalecendo-se aes doméstices, de coabtar ode hospitalidade; h) com abuso de poder ou viotago de dever sree a cago, ofio, minstéio ou prfso; i) conte cian, velo on enfermos ) quando 0 «simediata protegao da autoridade; k) em ocasigo de incéndio, naufrigio, inun- ade piblica, ou de desgraa particular do afendida” (art. 44 do Codigo a wincidéncia; I psqurar exe, se propositadament Pi reeuso que difcultor ou afendido estara 308 dao ox qualquer calamida Penal, revogado pela Lei n. 7.209/84). ‘Sip ceunstdncias que sempre atenuam a pena: I~ sero agente menor de vinte ¢ uit ot maior decenta anas; 11 ter sido de somenes importduca sua cooperagao no rime; IIL ~ a ignordncia ow tg ertadacompreensio da lei penal, quando eseusdveis; TV ~ ter 0 agente: a) cometido 0 crime por smoivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontinea voutade ¢ com eficiéncia, ‘ou minorarlhe as consequéucias, ou ter, autes do julgamento, reparado podia resstir, ou sob a influénca de violenta emogio, lego apis o crime, evitarthe 0 dano; ¢) cometido o crime sob coagdo a que custo da vitima; d) confescado espontancamente, perante a autoridade, a autoria etido o crime sob a influéncia de nuuttidio em tur (art. 48 do Cédigo Penal, provocada por ato inj do crime, iquorada ou impurtada @ outreni; ¢) come nto, se, lcta a reunido, no provocou 0 tumult, nen é reincidente” revogado pela Lei n. 7.209/84). + Apreciando em conjunto a ratidade, segundo os critros gerais do art. 42 ¢ atendidas sempre as siuages dos ats, 44.0 48 (no caso de concurso de pessoas, ata, também, o art. 43), estabeleceri evacbase, sobre « qual inidird 0 aunento ou a dintinigto esperificades, quer na parte eral, quer 4 pate especial (.)” (LYRA, Comeutérios ao Cédigo Penal, p. 173). pptaneadas por Lyra ¢ Hungria, conferir pp. 150-154; DOTTI, Curso de Direito pp. 216-220; LYRA ® aie © debate metodolégico das correntes ca ph SCHI, Das Penas ¢ seus Critérios de Aplicagio, ul, pp. 543-544; FAYET, A Sentenca Criminal e suas Nulidades, EWA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12- SISTEMA DE DETERMINAGAO DA Pt 323 PENAS E MEDIOAS DE SEGURANGA NO OIREITO PENAL BRASILEIRO 324 i... | O debate metodolégico pode aparentar ser supérfluo, poi, anilise primeira, a divengncia(método bifisico ou tifscn) nig Ser substancial, Embora efetivamente o embate seja circunstancia), a. 4 forma e nio a0 conteido da aplicagio da pena, a opgio da Rep 1984 foi bastante adequada. Isto porque & absolutamente releyg Sujeitos processuais ter clareza em relacao aos procedimentos, ™ um, ito TMa de te age 1 © exces, neste ponto, ndo é supérfluo, Existe um consenso na dogmitica pen} contemporinea, a menos nas tendéncias erticas, de que os direitos fun damentais se traduzem ¢ se viabilizam nas formas, pois forma é gorant, Logicamente que hi uma diferenga estridente entre forma e formatisny, ~ que poderia ser traduzido como a corrupgao burocritica da forma oy vicio do apego irrefletido aos procedimentos. No entanto, sobretudg no diteito e no processo penal, nio hi efetividade de direitos sem as garantias instrumentalizadas nas formas € nos mecanismos de fiscalizagio e de tu. tela. Assim, em temas complexos como o da aplicagio da pena, quanto maiores forem as especificagdes metodolégicas, maiores serio as possibili- dades de controle, fato que, em dltima andlise, resulta em uma melhor qualidade da prestagio jurisdicional. — ~— O registro da propriedade na definigio de um método de quantifi- cago nao exime a Reforma de 1984, porém, da critica quanto a disposigio assistemitica dos préprios institutos que orientam a aplicagio da pena, Zaffaroni e Pierangeli, ao analisarem a complexa estrutura da aplicagio da pena, notam, inclusive, que seria necessirio uma melhor “(..) ardenajio sistemética de cvitérios e regras, porque nao se trata de ima sintese ordenada, mas de elementos um tanto dispersos, ¢ cuja ordem hierdrquica se faz necessério determinar”™. Conforme apontado anteriormente, um dos pontos de assistemati- cidade pode ser visualizado no fato de o dispositive que determina a quantificagio judicial da pena (inciso IT do are. 59) ser regulamentado no art. 68, caput, que incorporou 0 método trifisico de Nélson Hungria, sob a epigrafe cilculo da pena ~ “a pena-base serd fixada atendendo-se ao criterio do art. 59 deste Cédigo; em seguida serio consideradas as circunsténcias atenuants ¢ agravantes; por iiltimo, as causas de diminuigao e de aumento”. Qcorre que, 2° FILHO ¢ CERNICCHIARO, Compéndio de Direito Penal, pp. 306-30% REALE JR» Instituig@es de Direito Penal 11, pp. 106-107. ZAFFARONI ¢ PIERANGELI, Manual de Direito Penal Brasileiro, p. 829. — Ci eira fase (pena-base), 0 art. 68 reenvia 0 aplicador da pena 59, No minimo hi um emprego equivocado da técnica 5 do a ' wa, pois 0 capt do art. 59 — que deveria descrever a orientagio mais slativ’s regis ~ acaba sendo transformado em uma das fases reguladas em um . autGnoma no preceito penas restritivas foram estabelecidas como sang Lei n, 11,343/2006, Bin caso de eventual d secundirio do art, 28 da cumprimento, o § 6% do mesmo dispositivo legal prevé sangdes especificas plicitamente a possibilidade de este argumento ibilidade (admoestagio verbal e multa), excluindo e conversio da pena restritiva em prisio, Ademais, relo © fato de a Lei n. 11.343/2006 ter vedado expressamente a pos de prisio processual (art. 48, § 24), o que demonstra nitidamente a inten ¢io de excluir o consumidor de entorpecentes de qualquer regime prisio- nal (prisio processual ou prisio-pena). A Reforma de 1984 elenca prestagio de apenas trés hipdteses de restrigio de comunidade ow a entidades péblicss dio de Final de semana, Coe direitos: servige interdigio temporaria de direit as > jane 4 objeto de anilise posterior, com 0 advento da Lei n. 9.714/98 jo #pen gon f0730 peta Pe fo damiciliat io de vero presid Codigo. foram ampliados os critérios para concessio da substituipio, 1» acrescentadas duas novas sangdes ao art. 43 do Codigo Penal: cuniaria ¢ a perda de bens e valores. A pena de recolhimen- constava no texto original da Lei n, 9.714/98, foi obje~ 1. 43 do ue encial, 0 que tornou sem efeito 0 inciso III do art 12.3. Pena-Base: Conceito e Caracterizacao das Circunstancias Judiciais 12.3.1. © Cédigo Penal de 1969 revogado apés longo periodo de vacincia ~ defini, em seu art. 63, a pena-base como aquela “que tenha de de quantidade fixa on dentro de determinados limites, aumentada ot dintinusida, ircunstancia ou causa que importe 0 ser rue o juiz aplicaria, se nao existisse a ci dag rento ou diminui¢ao da pena”. Esclarece Paganella Boschi que a pena-base “é aquela que atwa como como pardmetro para as operasies que se seguirio. A pena- 4 pena inicial fixada em concreto, dentro dos limites esta- 2, sobre ela, incidam, por cascata, as dimi- aun panto de partda, ou seja, base corresponde, enti, felecidos a priori na lei penal, para qu muigies € os atimentos decorrentes de agravantes, atenuantes, majorantes ou mninonantes" O conceito & preciso ¢ demarca a importincia da pena-base a de determinagio da pena: em decorréncia de ser © ponto ma metodologi liferaré efeitos cumulativos de partida, qualquer avaliagio equivocada prol tas penas provisbria e definitiva e, inclusive, nos momentos de definicio do regime inicial e da aplicagio dos substitutos penais. primeira sobre a qual incidirao as circuns- Além de ser a referéncia tincias legais (agravantes e atenuantes) € as causas especiais de aumento € de diminuigao (majorantes ¢ minorantes), motivo que por sis6 aponta para a necessidade de um rigoroso cuidado técnico do julgador, a pena-base é tunstincias judiciais), situa- composta por intimeras categorias abertas (circ aracteriza a primeira etapa s40 que aumenta o nivel de complexidade ¢ d a dosimetria como a mais propensa a erros. BOSCHI, Das Penas ¢ seus Critérios de Aplicagio, p. 187. = _ ‘12 SISTEMA DE DETERMINAGAD DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 327 PPENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 328 | 12.3.2. O caput do art. 59 do Cdigo Penal elenca cit circus cias judiciais: culpabilidade, antecedentes, conduta social, Personaliq ne do agente, motivos, circunstincias (sentido estrito), consequéncng ot Grime © comportamento da vitima. Dentre elas € possiveldistingyi q espécics as circunstincias judiciais subjetivas, que dizem respeg autor do fato (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personaidaie do agente © motivos); ¢ as circunstancias judiciais objetivas, telativas a0 fato praticado pelo autor (circunstincias em sentido estrito), cias do crime ¢ comportamento da vitima). Consequin. As circunstancias judiciais, subjetivas e objetivas, caracterizam o ar, 59, caput, do Cédigo Penal, como um tipo penal aberto, por duas raxéey (14) a presenga marcante de elementas normativos como critérios de determi. nagdo da pena-base e, em consequéncia, (28) a inexisténcia de indicadorey que informem como ¢ quanto as cixcunstincias operam na maximizacio oy minimizagio da quantidade de sangio a ser atribuida na pena-base. Segundo Nilo Batista, “a fiigio de garantia individual exercida pelo princfpio da legalidade estaria seriamente comprometida se as normas que definem as crimes nto dispusessem de clareza denotativa na significago dos seus elementos” Logicamente que 0 autor nao limita os problemas da auséncia de taxativi. dade das leis penais aos preceitos primarios dos tipos penais incriminado- res. Problemas idénticos podem afetar os preceitos secundarios e as regras de aplicacio da pena, Nao por outra razio, Nilo Batista aponta como sétias rupturas na estrutura da legalidade as “formulagies tipicas ow majorantes de pena que se valem de enunciagao descrtive de alguns elementos, seeuida de nna dléusula de caréter analégico"®. Os recursos 3 analogia e & formulagio exem- plificativa sio presentes, p. ex., nas agravantes do art. 61, II, alineas ¢ (“ter 0 agente cometido o crime: (. ou outro recurso que dificultou ow tornow impossivel a defesa do ofendido”) (grifou-se) e d (‘ter 0 agente cometido o crime: ) a traigo, de emboscada, ou mediante dssimulasi, com emprego de veniene, Jes explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resulta per- go comun”) (grifou-se), ambas reproduzidas como qualificadoras do crime de homicidio (art. 121, § 2%, Ill e IV), todos dispositivos do Codigo Penal. ‘Todavia, os tipos penais abertos nio sio caracterizados apenas pelt presenga de elementos exemplificativos ou pelo uso da analogia. A dou 2 BATISTA, Introdugdo Critica a0 Direito Penal Brasileiro, p. 78. % BATISTA, Introducdo Critica ao Direito Penal Brasilei, p. 82. cn lillilllll > J, mormente 4 de tradi 4, de tipos abertos por meio do excessive uso de elementos liberal e garantista, entende que 4 rina pen & q ga constit iv : COT vos opera uma grave ruptura com a estrutura da legalidade. Luiz rect os elementos normativos como “agueles para cuja compreensio ee nao pode se limiter a coulecer, isto & a desenvolver uma atividade me- mente cogil substumindo emt conceites 0 dade natural, mas deve realizar wna to, Ni i, potent, ements que se lint a deserve @ nas que dio a satura, ™ i 4 re nulor. As expresies ‘honesto’, “indevidamente’, sem justa casa’ ¢ ‘insidioso” para qualificar os meios, silo exemplares de elementos tivida , aydo, ao sew objeto, ow mesmo ds cincunstincias, sma sigh ficacio, incsro, ‘Tel ripcas normative Ateoria critica do direito, notadamente as tendéncias que dialogam se forma mais Fertil com a semidtica, a semiologia ea hermenéutica filo- ponta, desde a década de 1980, que todas as normas juridicas sio prescindem de valoragio. Warat referia que “alfventemente do que imbéica, ou nas mateméticas, que trabalham com uma linguagem sofic: vagas € aomece na lca 8 a, todas as nornas juriicas, inclusive as penais, esto expressas en! um formalizad ‘ipo de lingragem que se chama natural. Esta linguagem possui como caracteristicas a aves a vague, a ambiguidade, a anemia de seus termos”**, Segundo as febes do autor, para além das expressdes de not6ria vagueza e incerteza Note se, portanto, que para conctuir se a cupabiidade & uma circuns- gncia que atuara, nO Caso concreto, como uma cireunstancia de aumento a de diminuicio da pena sto pressupostos dois movimentos argumenta- vos: 0 primeiro, de ordem penal material, de significar a culpabilidade, ou itizer 0 que é (in)valido analisar como culpabilidade na aplicagio da ndo, de ordem processual penal, de identificar no proceso 0s patdrios vilidos que concretizam o significado de culpabi- ti «i. na; 0 50g clementos pro \ jade arid, ito 6 “que cada refernca fit na movioaro exprina wm deat ft estado das provasexisentes nos autos™, 12.3.4. Ao serem analisadas as circunstincias de aplicagio da pena {crcunstincias da pena-base, provisoria e definitiva),logicamente é pos- vel perceber que certas categorias apresentam tim maior nivel de pores vide on akertura, situagZo inerente ao uso da linguagem natural. Comparen- vce, ps €Xx 08 distintos horizontes interpretatives que fornecem a semuante da meroridade (“ser 0 agente menor de 21 anos na data do fato” ~ art. 65,1, 2 parte, do Cédigo Penal) ¢ a agravante do meio insidioso (“ter 0 agen- te cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosive, tortura ou outro meio jnsiioso ou mel, ou de que podia resultar perigo comum” — axt. 61, 11, d, do Cdigo Penal); ou as circunstincias objetivas consequéncias do crime e subje~ sivas personalidade do agente, ambas presentes no caput do art. 59 do Cédigo. Em perspectiva comparada, possivel perceber que, geralmente, as circunstincias objetivas (extrinsecas, relativas ao fato) adquirem um cariter descritivo maior em relacio 4s circunstancias subjetivas (intrin- secas, relativas a0 autor do fato). Todavia, como toda regra, a afirmagao nio ¢ absoluta, como se verifica no primeiro exemplo apresentado acima: ‘aatenuante da menoridade, que é uma circunstincia subjetiva, pois refere uma qualidade (idade) do autor do fato, apresenta nenhuma (ou apresenta baixissima) porosidade (21 anos na data do fato), diferentemente da agra vante do meio insidioso, que apesar de ser objetiva, pois diz respeito as circunstincias externas do fato, é caracterizada por uma ampla margem de indefinigao significativa. O problema, portanto, nao é 0 da natureza (juridica) da citcunstancia, O simples fato de uma circunstincia ser relativa ao fato no garante que tenha um maior nivel descritivo e, consequentemente, apresente maiores garantias contra o arbitrio e o decisionismo judicial. A questio a ser tra~ * GOMES FILHO, A Motivagio das Decisdes Penais, p. 217. 12 SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PENA NO DIREITO PEWAL BRASILEIRO 335 ae ——“‘“(<‘<“‘(“‘i‘i PENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 336 balhada pelos atores jurfdicos é a de como identificar 0 nivel de ! Por de ¢ estabelecer, por meio de interpretagao conforme a Constityiee y sitieth i ii mites de tolerabilidade (Fazonbilidade interpretatva). Os jt ms tolerabilidade implicam em (a) definir o que é aceitavel (tazoivel) a : ° ‘ 60 critério de valoragio da circunstincia e (b) indicar quais os ley °° ae "Meng idoneos para sua demonstragio (prova processal). A tara é, pois an “ z ° a + edu 40 maximo os horizontes de interpretagio, o que significa reduzir ¢ a ie bi trio judicial (decisionismo). Embora seja tema a ser tratado ma sequéncia, em decorréncia de = aus ua ampla extensio dogmitica, 0 debate sobre antecedentes criminais,p pode ser esclarecedor, A circunstancia antecedentes, como inimeras Sutras varkivels de definigio da pena-base, é elassficada pela doutrina tradicion| como um elemento normativo. Isto porque nio existem antecedentes criminais in natura, passiveis de experiéncia, perceptiveis pela observagig empit ‘a. Trata-se, portanto, de um conceito normativo, que resulta em juizo de valor processual. A questio primeira ~ antes de valorar se o5 antecedentes sio bons ou maus, positives ou negativos, favoraveis on dey. favoriveis, e depois quantificar como circunstincia de aumento ou dimi- nuigdo da pena-base ~ seria relativa a0 conceito de antecedentes, e, poste- riormente, ao tipo de informagio valida para produzir efeitos processuais, Em sentido amplo, qualquer contato do sujeito com as agéncias do sistema penal poderia ser considerado como antecedentes criminais. Assim, p. ex, durante muito tempo se discutiu se os inquéritos policiais em andamento (ow até mesmo arquivados) poderiam ser considerados como antecedentes criminais —note-se que nao apenas para aplicacéo da pena, mas, igualmen- te, para fins de transa¢io penal, suspensio condicional do processo, entre outros. Apés a Constituigio de 1988, forte corrente doutrindria defendia que © principio da presungio de inocéncia nao admitia que esta circuns- tancia (ser investigado ou indiciado em inquérito policial) pudesse set valorada como antecedentes. Finalmente a questio foi pacificada com? publicagio da Simula 444 do Superior Tribunal de Justiga, que veda a agravar utilizagao de inquéritos policiais (e agdes penais em curso) pa pena-base. Notem-se, portanto, as etapas do procedimento de atribuigio sentido das circunstincias em analise. A primeira etapa do procedimento &* ich . . ether tip? definigio do sentido dos antecedentes foi vencida, com a delimitag 4 i men de informagao que pode compor o elemento normative. A segunda questi, "> See eh dnc " Mina complexa que a primeira, foi relativa ao tipo de prova processwal ib P Ze 4s0, a prova processualmente valida seria a docu- Ne de O terceiro paso & 0 da avaliagio ju- fet: ll ato, que se resume 3 anilise da folha de antecedentes juntada into eo i fico. Dependendo do tipo de informagio, os anteceden- oP ne ve io. esfavoriveis ~ em tazio da restrigio dogmtica mipavendO jnformagio de inquéritos em andamento, p. ¢x., os ante- jo poderio ser considerados negativamente, ou s@ja, tecnica~ sia poss bons antecedentes; 20 contritio, se houvesse informa- jente © rnsitada em julgado em outro proceso, haveria 9 de com proces 1 maus antecedentes criminais. O quarto io, No antecedentes criminals pws denacio tra de atribuir ao ré antificagio, isto é, determinar quanto de aumento redincrto © O de qu: x0 6, de rimingieao da pena, em decorréncia da informagio processual sobre od aaentes crimnnais (favors ou desfavoriveis). Togjcamente que cada circunstincia ir apresentar um nivel préprio ea propria questio dos antecedentes, que seré analisada, segue inimerasoutras nuances, No entanto, 0 procedimento de avalia~ de aplicagio da pena, em qualquer que seja a fase Gio dis circunstincias provisria ou defintiva), segue, em sintese, 0 seguinte roteiro: ant de complesidad eras out (pena-base, (12) delimitagio do conteido da citcunstineia (atribuicio do sen- tido dogmaticamente vilido); (22) definigio do tipo de informacio valida (Prova processualmen- te idénea); (3°) valoracao positiva ou negativa de cada circunstancia; (42) definigio da quantidade de aumento e de diminuicio de pena cabivel a cada circunstancia; € (62) estabelecimento dos critérios de preponderdncia entre as cir- cunstincias favoriiveis ou desfavoriveis, se cabivel. clara na sen- © cumprimento das referidas etapas e a sua exposi¢a io da nulidade por falta tenga penal tendem nio apenas a imunizar a deci de fundamentagio, mas, sobretudo, a garantir 4s partes envolvidas a pos- siilidade do controle do ato judicial. 12.4, Pena-Base: Circunstancias Gerais e Especificas, Elementares do Tipo e Conflito Aparente de Normas (Bis in Idem) ce 12.4.1, As trés fases de quantificagio da pena dispostas no art. 68 do igo Penal se comunicam em uma relagio que parte do geral (abstrato) = —> JA PENA NO DIREITO PEWAL BRASILEIRO +12 SISTEMA DE DETERMINAGAO Di PENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA HO DIREITO PENAL BRASILEIRO 338 | 20 especifico (concreto). Significa dizer que as majorantes g Nino, tes © as agravantes ¢ atenuantes sfio espécies do ganery lees Nncias judieinis, Agus exemplos bastante singelos podem yi compreensio, " Pense-se no caso de imputagio do art. 129, § 4%, do Codigo Pg, q = ena O caput do art. 129 inerimina a conduta de lesio corporal (ofeutera jn fs ) e detenci - stad fiend ore, estabelecendo pena de detenclo de 3 (ti) yy es 41 (um) ano, O referido parigrafo, porém, estabelece uma causa pecia, impelig . : : lo Por motivo de relevante valor social. Ocorre que a circunstincia expec a motivo de relevante valor social estd igualmente prevista como atenuante no art. 65, III, a, no obstante ser uma espécie do género motivos, Nominado como circunstincia do caput do art. 59, ambas do Cédigo Penal, No mesmo sentido, acusagio por pritica dos fatos descritos no ae 168, § 18, III do Codigo Penal. © tipo penal trata da aproptiacio indebig [apropriar-se de coisa alheia mével, de que tem a posse ou a detengto: pena ~ de diminuigio de pena (minorante), se 0 agente comete o crime dlusio, de 1 (um) a 4 (quatro) anes, € mutta”), € © inciso terceito do § j2 prevé um aumento de pena (majorante) de 1/3 se o agente recebe a coi em razio de oficio, emprego ou profissio. A circunstincia de aumento esi Presente como agravante no art. 61, II, €, pot forga de narrar uma qua- lidade pessoal do sujeito ativo do delito relativa a0 exercicio profisiona, poderia igualmente indicar uma maior consciéncia da ilicitude do fito + ser valorada a titulo de culpabilidade, como circunstincia do art. 59, apn, do Cédigo Penal Em ambos os casos, temos a presenga da mesma circunstincia, pre- vista de forma especifica nos momentos da pena provis6ria e definitiva e, de maneira genérica, na etapa da pena-base. Este tipo de situagio (conflito de normas) ocorre com a maior par te, sendo a integralidade, das circunstincias da aplicagio da pena: as varié- veis da pena provisoria e da pena definitiva sio especificagdes das circuns- tancias genéricas que regulam a dosimetria da pena-base. A titulo exemplificativo, tomando por base apenas algumas circunstincias dt parte geral do Cédigo Penal: (a) a minorante do crime tentado (art. pargrafo tinico) € uma especificacdo das consequéncias do crime; (b) @ causa de diminuigio do arrependimento posterior (art. 16) possui idéntic natureza da atenuante do art. 65, IIT, c (reparacdo do dano ou diminuigio das consequéncias do delito), sendo ambas relativas as consequéncias 4° crime; (c) a semi-imputabilidade (art. 26, pardgrafo tinico) e a atenuamte aa relativa (art. 65, 1) sio desdobramentos da claust eral da primeira reativa A imputabilidade psiquica e a segunda 4 iF pilidade etaria (art. 27); (@) a minorante da embriaguez provenien- int rtuito ou fOrga maior (art, 28, § 2%) reflete questies relacio~ xd ca rencial conscienecia da ilicitude e, portanto, especifica a culpa rads 2 TC a majorante do crime continuado (art. 72) di respito as i 4s consequéncias do crime ¢ assim sucessivamente, Note- 1 mais peculiar que seja uma circunstincia de aumento nico de pena, Se correspondent 20 fto(circunstincia objetiva) jnimo, ser enquadrada como circunstdncia em sentido amplo; se or (circunstincia subjetiva), a generalidade do conceito de congloba todas as varidveis que permitem anilise da poten- cia da ilicitude e da (in)exigibilidade de conduta diversa. oridade é antidal od voaeri, 1078 Fava 40 a0 culpabilidade cil conscien 12.4.2. A constatacio de que agravantes, atenuantes, majorantes € inorntessio, na maioria dos casos, espécies do género circunstincias jndiciais remete a discuss4o para a questio do concurso de circunstan- son sej, de como proceder quando hi circunstincia comum em duas strésetapas de dosimetria da pena. O problema é relevante em razio da diretriz determinada pelo prin- ipo da proibicio da dupla ineriminacio (principio do ne bis in idem), que, sano visto anteriormente, no apenas veda a possibilidade de que uma oun pesoa sea processada mais de uma vez pelo mesmo fato, mas exclui a dupl incidéncia de circunstincias com gravames punitivos. No concurso de circunstincias, portanto, determinada causa de aumento ou de dimi- nuigio atribufda em um caso concreto somente poder produzir um efei- to, isto & somente poder ser valorada judicialmente em uma das fases de quantificagio da pena. Note-se que inclusive as causas de diminuicao auario produzindo efeito tnico. ‘A doutrina comumente responde ao questionamento, afirmando gue, no caso de dupla ou tripla ineidéncia de uma circunstincia, 0 juiz deve resguardar sua aplicagio para as fases mais avangadas da dosimetria. Assim, havendo concurso entre circunstancias judiciais e agravantes/ate- ruantes, a causa de modificagdio da pena seria aplicada na pena provis6ria; ém caso de concurso de circunsténcias judiciais e/ou agravantes/atenuan- ‘ss € majorantes/minorantes, o efeito seria produzido na pena definitiva. Ajustificativa normalmente é a de que quanto mais préxima da pena final id a ° impiety quantitativo da circunstincia em termos de aumen- le diminuigio da sangio. | ENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12- SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PE 339 © raciveinio esta parcialmente correto, Efetivamey ne, en Pica ical sem concurso, a valoragio da citcunstincia deve ocorrer sempre na put de fas firmar que quanto mais préximy jP definitiva maior seré a quantidade de aumento ou de diminujer °° i S30, Ng 10 (maigg eri cong. Teguladors fosse exely. rior; ¢ igualmente é correto entanto, esta metodologia nio se justifica pelo efeito produsi impacto quantitativo), sobretudo porque este raciocinio nig g, zente com a regra geral da interpretagio mais benéfica a0 réu. dos critérios de interpretagio do direito penal de garantias, Se sivamente pelo efeito produzido, em uma situagio hipotética de cg ; : ne entre uma circunstincia judicial ¢ causa especial de modificagio gy 40 da pena, a resposta ao problema deveria ser distinta: se a circunstincia prods rise aumento, deveria ser analisada na fase anterior (pena-base) se ose ing cativa de diminuigio, deveria ser aplicada na pena definitiva como ming, rante, Do contritio, estarfamos diante de uma interpretacio in may, partem, vedada pela principiologia penal e processual penal, Emibora a adogio do raciocinio exposto acima seja tentadora ny instrumentalizagio de uma nova metodologia redutora, ha de se recone. cer que 0s casos de concurso entre as circunstincias de dosimetria da pena refletem situagdes de concurso aparente de tipos penais (ou concurs de normas). Assim sendo, estio submetidos as regras dogmniticas de reo- lugao, quais sejam, os principios de especialidade, de subsidiariedade e da con sungao, Inegavelmente, conforme exposto, as circunsténcias da pena defi nitiva acabam sendo mais especificas que as da pena proviséria e esta menos genéricas que as da pena-base, fato que torna a regra da aplicagio fase posterior correta. A solucio dogmitica ao problema, portanto, é fornecida pela aplicagio do principio da especialidade, dinica forma de deslegitimar eventual interpretagio desfavoravel ao réu. Nas ligdes de Fragoso, “hd especialidate quando as lets aplicéveis seen PPENAS E MEDIDAS DE SEGURANGA NO DIRETTO PENAL BRASILEIRO contrant emt relagao de geral para especial, on seja, quando o fato [ow circunstinci, 300 inclua-se] & enquadravel ent tuna lei geral e também ruunta tei especial. Neste cas 7 Ii derrogat lex generali)””. 4 lei especial derroga a lei geral (lex spec , £ importante destacar esta natureza do concurso de circunstincits porque eventualmente uma circunstincia agravante/atenuante pode ae quitir, em razio de uma redago mais cuidadosa, um caréter de especitl- stese nto dade em caso de concurso com uma majorante/minorante. A hipotes FRAGOSO, Ligdes de Direito Penal, p. 452. i yum poucd absurda, sobretudo com o proceso de descodificag40 do nal ¢ a criagao, cada vez mais comum, de estatutos hibridos ¢ de ficidade, Lembre-se 0 caso da Lei n. 9,605/98 (Lei dos Crimes ener agircito PO giea espe ambient) veoprias para d eo /97 (Cag de Trinsto), que estabelece as circunstncae gr . que, em seus arts. 14 € 15, elenca atenuantes © agravantes josimetria da pena nos crimes ambientais; ¢ 0 art, 298 da Lei ms ges nos crimes praicados a condugio de veiculo, Nada impediria, ortanto, que, £m CaSO de conciltso cite agravante/atenuante € majoran- Mr mnorante, fosse(m) aplicada(s) aquela(s), desde que mais especifica(s)- 12.4.3. Além do concurso entre as circunstancias de aplicacio da pens, outa possibilidade & da ocorréncia de concurso destas com as cir- incias elementares do tipo ou as qualificadoras do erime. Paulo Queiroz chama atengio para o fato de que os erros mais fre- quentes na aplicagio da pena decorrem exatamente da revaloracio dos elementos inerentes 4 estrutura do crime, “tomando como circunstancias judi- “at os priprios pressupostos da condenaso,incorrendo-se em bis in idem”. A jcio do autor & precisa, pois, se é possivel notar uma grave violagio 40 principio da proibigao da dupla incriminagao por meio da valorago de uma mesma circunstancia em distintas fases, com maior intensidade ocor- reri quando 0 juiz utiliza, como critério de dosimerria da pena, um ele- mento constitutivo do delito, notadamente da tipicidade. ‘A formula para resoluio desta espécie de conflito aparente de nor- mas 6a disposta no art. 61, caput, 2 parte, do Cédigo Penal: “sio circuns- tincias que sempre agravam a peira, quando nfo constituem ou qualificam © crime” (grifou-se). Apesar de compor a estrutura das agravantes, a exclu- sio da incidéncia das elementares ¢ das qualificadoras do crime no caleu- lo da pena constitui-se em regra geral do sistema de aplicagio da pena, que instrumentaliza no Cédigo Penal o principio constitucional da proibi¢ao da dupla incriminagio (ne bis in idem). Neste sentido, é fundamental desenvolver uma técnica que possa, de forma precisa, diferenciar as circunstincias elementares (constitutivas) daquelas acessorias, pois apenas estas poderio ser valoradas judicialmente na quantificagio da sangio. Bitencourt constata que “os tipos penais descrevem as condutas ilicitas ¢ éstabelecem assint os seus elementos essenciais. Estes fatores que integram a descrigao =. » QUEIROZ, Direito Penal, p. 382. _ __ 12~ SISTEMA DE DETERMINAGAD DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 342 “= a condita tipica sio as chamadas elementares: do tipo, ou elementos €Ssencigig constitutivos do delito”™. A construgio da tipicidade penal por meio da linguagem Naturyy l posta pelo verbo micle dy tip 0 forma positiva (crimes comissivos) ou negativa (crimes omissivos). pg, Nig tem como centro gravitacional a conduta, de Por outra razio Nilo Batista aponta como uma das mais graves Violagdes 40 principio da legalidade a ocultagio do nitcleo do tipo, Vicio em que incorrem as tipific cSes construidas exclusivamente sobre 0 resultado, « nio sobre a conduta", A frimen sine actione”), ine: im como nio ha crime sem conduta nuttin iste conduta sem um syicito ative que promove 4 Violagio do bem juridico objeto de protegio. Segundo Luisi, “os elementos constitutivos comuns e necessérios a todo tipo Penal sao: a) sujeito ative primario; b) conduta externa; bern juridico protegid gy tutelado™" °, Agregados aos elementos consticutivos estariam os elementog circunstanciais e normativos, todos, porém, elementares da tipicidade: “ay clementos necesséri 5 seacrescem, em gran miimero de tpos,outrs elementos que, integrando a estrutnadessestpes, so dela constitutives™*, A referéncia& espe. cifi ‘a. a0s elementos descritivos e normativos, analisados conceitualmente em momento anterior. »* BITENCOURT, Tintado de Direito Penal, p. 662. “ BATISTA, Intwdugio Critica ao Ditto Penal Brsilio, p. 81. “ LUISL, © Tipo Penal, « Teoria Finalistae a Nova Legisagdo Penal, p. 43 * Logicamente que iniimeros desdobramentos dos elementos constitutives sio possvis como, p. ¢x., 0 do sujcito ativo em primirio (que realiza a condita tipica) e secunditio (que auxilia ou coopera). De igual forma, nos crimes proprios, ou seja, aqueles de que 0 sujeito ativo necessita de uma posicio particular, certas caracteristicas do sujeito ativo 0 clementares do tipo ~ p. ex., médico, no crime de falsidade de atestado (art. 302 do Cé- digo Penal), funcionario pablico, no crime de corrupgio passiva (att, 317 do Cédigo Penal). O mesmo acontece em determinadas incriminagdes com o sujeito passivo—P. gestante, no delito de aborto provocado por terceiro (art, 125 do Cédigo Penal). Em outros casos, a extensio do duno ao bem juriico provoca desdolamenos tipicos,cO1% P. ex» na hipdtese da lesio corporal grave (art. 129, § 28, do Cédigo Penal). Para aém dos elementos constitutivos objetivos, a tipicidade & jetivos ‘composta de elementos sub (dolo ¢ culpa), em respeito 4 metodologia finalista adotada pela Reforma de 1984 Im porta, porém, neste momento, apresentar um quaclro geral sobre as elementares que ™i* influenciam na fase de determinagio da pena LUISI, © Tipo Penal, a Teoria Finalistae a Nova Legisayao Penal, p. 52 pis exrutura 2 OF sdade, on denomsnaden elementos deseritives in- qrountanicyat de tempo (quando), local (onde) ¢ a forma de agir 8 clementn deveritives de tempo definem os momentos especi- nde realizacio da conduta como, p. ex., no caso do infanticidio - “ma- pein yo i 0 1, (art. 123 do Codigo Penal). No mesmo sentido 0 art. 304 da Lei n. i (att. yy7, que prevé de prestar imediato socorro a vitima, ou, nao podendo fazt-lo direta- por just casted, deixar de solicitar auzilio da autoridade piiblica™ (grifou-se), 144 da Lei n, 9.005/98, que proibee “pescar em periodo no qual a 1s do estado pucrperal, 0 propria fitho, durante 0 parto ou logo 4 9 303/ oder como crime “deixar o conduror do vetculo, na ocasiao do wet, °F a pesbida cn em loca incerta por dio competent (gifou-se). 0 tipo penal do art. 34 da Lei dos Crimes Ambiemtais apresenta, em - tempo (periodo de proibigio da ritivos, mentor di realidade, doit ¢ de local (Iocal int 14 uma delitnitagio espacial, especifica ou genérica da pritica ive do art. 176 do Codigo Penal, que pe) ditado). Nesta segunda expécie de elemento descritivo, b do delito. Veja-ses P- € mes de 0 disposi jonato « outras fraudes, que criminaliza em hotel on utilizarse de meio de compoe 0 101 de © viomar afegin em restaurante, alla sem dispor de recuro para efetuar 0 pazamento”, © Lei n, 9,603/08, que preve como delito “eximar de flo- transporte 9 crime contra a flora do art. 44 da reas de dominio pablico ou consideradas yao, pedra, arcia, cal ou qualquer espécie de minerais”. i: prevervagio permanente, sem previa autoriz Especialmente comuns, porém, sio os elementos que descrevem os nis wilizados ¢ a forma de agir (modus faciendi), como acontece, p. €X., Nas qualficadoras do hornicidio (“mediante paga ou promesa de recompensa “com imprgp de veneno, fogo, explosive, asfixia, tora”, “a taigao, de emboscada, ot mediante dissimulagio”, art. 121, § 2%, do Cédigo Penal), do furto (“com detricio ou rompimento de obstéculo”, “com abuso de confianga, ow mediante iaude, exalada ow destreza”, “com emprego de chave falsa”, art. 155, § 4%, do Cédigo Penal) ¢ em um niimero cxpressivo de tipos penais incriminado- res do Cédigo Penal da legislagio extravagante. Os elementos normativos — apesar da discordancia conceitual com a dicotomia classifi ¥0s) adotada pela dogméatica penal, conforme destacado anteriormente — ria (clementos normativos versus elementos descriti- seriam aqueles : ; jam aqueles que caracterizam os tipos penais abertos, pois remeteriam Biola a: Julgador a uma andlise extratipica. = 12 SISTEWA DE DETERMINACAO DA PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 343 PENAS E MEDIOAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 344 “= Na exposigio de Luisi, 0 elementos nonmatons poderiam sr divi em dois grupos: juries ow ctu, Os elementos normativos jurgigs caracterizariam “juizes valoarivas “impriprios porque se trata de lems, tipo jé valorizades, isto de aplicagies de valoracies,jdrealizadas pelo ordenaney, fo juridico. Sao conceitos jé expressos em normas juridicas, © com Sighificagies ificagdes fonsagradas™’,utilizados indiscriminadamente na lei penal ~p. ex, chegug (art. 171, VI), duplicata (art, 172), sociedade por agdes (art. 177), warray (art. 178), contrato de trabalho (art, 198), casamento (art, 235), funcions rio piblico (art. 312), concorréncia piblica (art. 326), Fungo piiblica (a 328), estrangeiro (art, 338), advogado (art, 355), todos do Cédigo Penal, entre iniimeros outros. Os culturais, inquestionavelmente os mais proble. miiticos em termos de constitucionalidade pela ampla extensio dos signi. ficados possiveis, remeteriam a valoragio juridica nio aos cédigos inter. pretativos formais (sistema juridico), mas Aquelas regras de interpretacio social comumente atribufdas a tradigio e aos costumes e que tendem a universalizar determinados padrées morais", Expressdes como forpe, fit insidioso, dissimulagao (qualificadoras do homicfdio, art. 121, § 2°, do Cé- intimeras trabalhadas anteriormente na critica das digo Penal), dentre as estruturas tipicas abertas, dio a exata dimensio do problema dos elementos normativos culturais, fato que reforga a necessidade de limitagio do espa- 0 de atribuigio de sentido, de forma a restringir ao maximo o arbitrio e 0 decisionismo judicial. 12.4.4, O breve quadro conceitual e exemplificativo acerca das ele- mentares do tipo penal é necessitio para que se tenha uma exata dimensio das circunstincias que efétivamente podem ser valoradas pelo juiz no 1 comumente aponta uma terceita espécie de elemento normative, que seriam aguelas construgdes tipicas que antecipam a ilicitude. Normalmente traduaidas pelas expresses ‘indevidamente’, ‘sem justa causa, ‘sem autorizagio’, entre outras~ p- e+ art, 28, caput, da Lei n, 11.343/2006: “quem adguirr, quandar,tver em depésit, transport trouxer consigo, para consumo pessoal, sem autorizagao on em desacordo com deteriuinagio legal o¥ “ A doutrina pet regulamentar”. Extensa listagem de tipos penais desta natureza, situados no Cédigo Penal, pode ser encontrada em COPETTI, Direito Penal e Estado Denvoesstica de Dineito, pp- 182° 184, e SCHMIDT, O Principio da Legalidade no Estado Democritico de Direito, pp. 260-263. © LUISI, O Tipo Penal, a Teoria Finalista ea Nova Legislagdo Penal, p. 58, 0 problema do monismo axiolégico foi tratado amplamente na questio da culpabil dade quando debatidos os temas do pluralismo juridico e da secularizario do dirt we, + aplicagio da pena © aquelas que tendem a ser revaloradas, q efetividade do pri incipio da proibigio da dupla in- ementares tipicas pelo asa, Assim, 2 vedacto da reanilise das el tos mais contundentes da incorporagio constitucio- ten incipio me Conform esclarece Aguiar Jr _ qe rime, com qual o jis condi o juizo condenatério, iniciando lego aps a “io 4° a . “ ‘ ar 59). Uma vez definido certo aspecto como clementar do api ime, 20 P as fase por ser el Pin como consequéneia a pena cominada legislativamente em ‘ona fase de individualizagio judicial da js in idem na determinagio da pena. as elementares servem para a classifica- fa pena (art se novamente ser ponderado para a fixagdo da pena em alguna de ‘A conchisio do autor é precisa, pois indica que aquela cireuns- jementar do delito, integra o juizo de proibicio da condu- inci que abstrat 9, Havendo (revalora pena, aguele elemento que atuon como essencial no critério de tipificagio produzira novo efeito, incorrendo a sentenga, consequentemente, em ‘bie in idem. Um exempl dos efeitos da dupla inc 155, caput, estabelecendo uma pena em abstrato de reclusio Jo bastante simples permite perceber com clareza a di- mens riminagio. O Cédigo Penal incrimina © frto no art. de 1 (um) a 4 (quatro) anos € coisa allicia mével”. No art. o varia entre 4 (quatro) ¢ 10 (dez) anos: rnulta, para a conduta de “subtrair, para si ot pi ute, 157, caput, © Codigo prevé o crime de roubo, cuja pena de reclu suberair coisa misvel alicia, para si violéncia a pessoa, ou depots de have fdaie de resisténcia”. Em vermos penoldgi ariagio e da quantidade da pena: (a) a pena 4 pena minima do roubo; (b) a quantidade go patamar minimo do crime de on pana outrem, mediante grave ameaga ou a, por qualquer meio, reduzido a impossibi- s, as primeiras questdes que chamam a atengio sio as da vi méxima do furto corresponde de pena minima do roubo se aproxima homicidio simples (6 anos), sendo os seus re} ticos (regime semiaberto). Para além da constatagao de a pena do crime juridico, a questo que permanece seria diferenciam furto e roubo, visto que (patriménio), que gimes de cumprimento idén- de roubo ser relativa~ mente alta no nosso ordenamento ada identificagiio dos elementos qu ambos sio crimes que ofendem o mesmo bem juridico Provocam 0 mesmo resultado lesivo (diminui¢a patrimonial da vitima), ° AGUIAR JR., Aplicago da Pena, p. 37. 12-- SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PEMA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 35 PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 346 mas cujas penas sio significativamente distntas. A breve leitura dog tng, indica a diferenga: 0 modus faciendi, Percebe-se, pois, que a elementary, tipo penal que descreve a forma da conduta determina 0 aumento da Pena, E possivel afirmar, inclusive, que o crime de roubo nada mais é do que un furto qualificado pela violéncia, grave ameaga ou redugio da resistencia Notério, portanto, que, em caso de condenagio pelo crime de toy. bo, 0 juniz estaria proibido de aumentar, de qualquer forma, a pena, pelag Circunstincias violéncia, grave ameaga ou redugio da capacidade de resisting, sob pena de produzir uma dupla incriminagio, exatamente em decorrén, cia do fato de que o legislador ja realizou esta valoragio ao desdobrar 9 roubo do furto e, consequentemente, aumentar os termos minimos ¢ maximos da pena Nesta mesma linha, Paulo Queiroz traz importantes contribuicdes; “alémn disso, ao considerar os motives do crime aptos a agravar a pena, frequente. ‘mente sto tomadas em consideragio motivagdes inerentes d prépria infragao penal, pois, jé valoradas por ocasidio da tipificarao, como, v.g., a ‘libido exacerbada’ ou g ‘falta de pudor’ nos crimes sexuais; a ‘gandncia’, a ‘ambigao’, ou 0 ‘ganko facil nos crimes patrimoniais ou trffico de droga; 0 ‘desprezo a pessoa lnwnana’ nos crimes contra a vida etc. Também & comum elevar & condigao de circunstdncia judicial as- pectos juridico-penalmente irrelevantes, ferindo o principio da legalidade, tais como: @ nao confissio, 0 nao arrependimento, a fuga do distrito de culpa, a inadequasao da conduta etc, Por vezes, ao valorar negativamente as consequcucias do crime, re corre-se aos resultadas préprios da conduta crintinosa, como, emt caso de hhomiciia, dizer-se que ‘as consequéncias do crime foram danosas, pois mma vida foi cid, como se fosse possivel homicidio consiimado sem a morte da vitina’’® A metodologia para verificagio das clementares do tipo, fito que blindaria a circunstincia de anilise judicial, & a da elintinacao hiporética®. Prossegue o autor: “(..) ao condenar funciondrio prilico por crime contin a Aduinisngis Pilblica (vg. peculato, corrupeio passiva), afirmar que ‘0 réu praticow agio das mais npronbts visto que violow a confianga inereme ao sewitor -vertio da fimo piilica’, como sew fato de s pitblico jd ndo tvesse orientado a decisio poltico-riminul do legistador de atrtonomizar/cviminl tais condutas, puninido-as de forma mais dura precisamente em razao dos deveres inerentes at fungao piibliea” (QUEIROZ, Direito Penal, p. 382) © “Distinguesse a elementar de una circansidcia pelo processo hipotético de climinaao, Se.2 lust de certo fator implica a descaracterizayio do ato como crime, on fax sur um oni cit dado é uma elementar. Ex.: eliminando-se o fator iancionério priblico nao hd crime de prensnicae¥® tren outro qualquer pela demora na movimentacto do processo; eliminando-se 0 mesmo dado, Heist de existr 0 peeulato e pode haver a apropriagio indébita, Logo, ser funciondio prlivo & elem? ser — | = per que, no caso conereto, 0 intérprete deve excuir do quadro fica d . ar Se if do delito aquelas situagdes que indiciam ser elementares gen wrevcossin . gone ® 1g ofits: (4 da icons. Ap a exclsi hips possivel perceber sio da tipicidade da conduta(atipicidade penal) ~p. &X (se ja circunstincia paz ¢ forma legal ma apropriagio indébita ee art, HNeA do Cédig Penal (6) modiiegio da tipicidade jen cdo dy circunstincia vil no crime de roubo; ou (© psn pieidade ~ pe a xclusio da circunstincia motivo fil pe trates (2 136 20 Cigo Peal) Nos doi primeiros to, quando ocorte a excisfo ova modifica do juizo de tipi- ct cirsunsincahipoteicamente excluida classificada como elemen- taro tipo, motivo pelo qual to pode ser revalorada na apticacio da pena. Weer cas, quand 80 hd alteracio no juizo de tipicidade, a circuns- cee port (ou acidental), send possivel sua andlise pelo juz na sp dapens sem ofensa do principio da vedacHo da dupa incriminagio. ) exe no cri x50. 4 incia aplicag 12.4.5. £ possivel sintetizar, portanto, a série de circunstdncias in- segrantes da tipicidade eelativa aos citéios de aplicagao da pena da seguin- te forma: 4) Elementars do fp crcunstincias constnutivas da tip idade penal. +) Qualeedoas: circunstincias que alteram a estrutara da tipicidade e que esabelecem, no preceto secundiri, novos limites minimes e maximos em absteato. 6) Cirnstncisjuicas circunstincis gers, moduladoras da pena- “base (primeira fase), previstas no at, 59, caput, do Cdigo Penal. 4) Aqravantes¢atenuantes: circunstancias legas de aumento ¢ de di- minuiggo da pena provisoria (segunda fase), previstas nos arts. 61, 62, 65 ¢ 66 do Cédigo Penal e, eventualmente, em leis especiais (p. ex., Leis ns. 9,605/98 e 9.503/97). ausas especiais de aumento ¢ de diminuigao ¢) Majonantes ¢ minorantes da pena definitiva (cerceira fase), presentes na parte geral ¢ na par- te especial do Cédigo Penal e em leis extravagantes, identificiveis pelo seu contetido (fixo ou variével) de modificagao da san¢io. vena des ries de prevaricagioe de peelato, Se o ator extnido no impede a caracerizasio do rine, tase de una crcunsténcia do crime” (AGUIAR, Aplicagt da Peas. 37)- No mesmo sentido, BITENCOURCT, Tiutado de Diteito Pena, p. 663. 1A PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12 SISTEMA DE DETERMINAGAO D PENAS E MEDIOAS DE SEGURANGA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 348 os Conform exposto, as das primeiras espécies(clementargs « |ifcadoras) sio constitutivas do tipo, motivo pelo qual nio pods, sign valoradas na aplicagao da pena. Outrossim, frise-se que as demais cig, N “ancias somente poderio impactar uina ver no sistema trifsico, tg ban critério de aumento ou de diminuigio da pena-base ou da pena Provisgy ia ha por Ofensa ag © (we bsin deny ou da pena definitiva. Do contrario, a decisao judicial é nul Principio constitucional da proibigio da dupla incriminaga 12,5, Pena-Base: Circunstancias Judiciais em Espécie 12.5.1 As citcunstincias dispostas no att. 59, caput, do Cédigg Penal, dividem-se em subjetivas e objetivas, conforme anotado anteriorme circunstdncias subjetivas (culpabilidade, antecedentes, condta Personalidade e motivos) sio intrinsecas e dizem respeito 20 autor te, Ag social, do de. "io; as circunstincias objetivas (circunstincias, consequéncias e com, Portamento da vitima) sfo extrinsecas e referem as caracteristicas do fin, A primeira questo a ser pontuada & em relagio ao caritt txating das circunstincias judiciais. Apesar de o conteido das circunstincias aberto, em decoreéncia das amplas margens de atribuiglo de sentido pro. Porcionada pela presenca dos elementos normativos, estas moduladorss nig podem ser ampliadas, ou seja, nlo é permitido ao juiz criar outra citcuns. tincia para além daquelas dispostas no referido dispositivo legal, Desta forma, nio poderd o juz, no procedimento de determinagio da pena-base, inovar no sentido de analisar e, posteriormente, quantfiat uuma categoria nio prevista em lei, como, p. ex., 0 clamor sca ou a pera losidade do réu — inclusive porque a periculosidade, conforme seri trabalha- do, é fundamento de aplicagio das medidas de seguranca, situando-se fora do ambito de responsabilizacio penal. Além disso, outra questio importante diz respeito 4 metodologia de andlise das circunstincias em espécie, O problema da amplitude dos critérios de interpretacdo das citcunstincias judiciais impde a neces- dade de determinacdo de um procedimento de anélise que permita veri ficar (1) a validade do contetido atribufdo a circunstincia e a (22) idonei- dade da informacio probatéria produzida. Neste sentido, apesar 2 redundancia, é fundamental expor novamente caminho metodolégico ¢ anilise de cada vetor da aplicacio da pena, sobretudo da pena-base, ¢™ = | 1a voltilidade dos seus clementos. Assim, a técnica dogmitica que ha andlise das circunstanctas sera composta das seguintes etapas: vagio do conterido da circunstincia (tribuigio do sentido dog- vel); (24) definigio do tipo de informagio processual- (34) valoracio positiva ou negativa de cada peti ip) deli vacaent Ace, im gte vila (POW id6ne: i“ spseancias (A) determinagio da quantidade de aumento ¢ de diminui- cas j a acia: © (5 5 is evel a cada circustancas © (5) estabelecimento dos critérios de «io preponde (a) Culpabilidade cia entre as circunstincias favoraveis e desfavoriveis. 12.52. A primeira citcunstancia elencada no caput do art, 59 do penal éa culpabilidade, A evolugio dogmitica do conceito € a goria a partir da teoria agnostica foram amplamente parte do trabalho (:eoria agnéstica da culpabilidade), neste momento, analisar a especifica exten- codig reconstraga0 da cate expostas na segunda fpatvo pelo qual cabe apenas, vjodo termo na dosimetria da pena. ‘Antes, porém, é importante lembrar que, na Reforma do Cédigo penal de 1984, 0 sentido atribuido ao ermo calpabilidade correspondia a sens sintese das circunstancia judiciis, motadamente as subjetivas. Assim, s culpabilidade conglob: duta social, personalidad aria as demais circunstancias (antecedentes, con- fe ¢ motivos do agente), fornecendo ao julgador 11 grau de responsabilidade pessoal pelo injusto Dotti, Andreucci e Pitombo, ‘as circunstincias Nas palavras de Reale Jr, subjerivas] sto, portanto, specifiagies do termo genérico ‘aulpabilidade’, as indi- 30 ges dos crtvos:anteedentes, conta social, personeidade, motivos”®. Boschi, aderindo & perspectiva de ser a culpabilidade o indice geral uma espécie de indice o' de dosimetria da pena-base ~ com importantes efeitos na quantificagao das penas proviséria e definitiva, conforme sera posteriormente apresentado sugere, inclusive, uma ampliagio do seu conteiido que englobe os proprios elementos objetivos. Neste sentido, 0 at. 59, caput, do Cédigo, poderia ser +p juiz, atendendo a culpabilidae, estabele- do delito”, as imerpretado da seguinte maneira ceri, conforme seja necessario e suficiente para reprovagao & preveusaio Penas aplicveis, a quantidade de pena aplicivel, 0 regime inicial ¢ a subs- tituigio da pena privativa de liberdade por outra espécie. Isto porque “as circunstincias judiciais ndo so outra coisa sendo ferramentas 4 serent utilizadas pelo 2» REALE JR. eral, Penas ¢ Medidas de Sequnanga no Nove Cilige, p- 160. PENA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 12~ SISTEMA DE DETERMINAGAO DA PENAS E MEDIDAS DE SEGURANCA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 350 “= Jivis nas investigagdes sobre todas as particularidades: que diz reprovagado"™, A proposigio da Reforma, compartithada por expresvos autor doutrina penal brasileira, parece ser a posigio dogmaticamente maig ade. ilidade na teoria da pur, OM respeity 4 quada em razio do sentido conferide a cu Pee : 7 as, 1 i a contemporinea. Alids, entende-se que a ideia de culpabilidade como ¢ iter io getal de aplic io da pena poderia capacitar a teoria do dito penal ny construcio de filtros e de barreras as tendéncias antisseculates de conyers das cineunstincias judiciais em mecanismos de valoragio moral do autoy do delito (direito penal de autor), desde que, logicamente, fosse exclude do seu contetido o sentido de reprovabilidade, conforme destacado, Ocorre, porém, que a forma de redagio do caput do art, 59 induziy @ autonomizagio da culpabilidade na doutrina ¢ na jurisprudéncia penal brasileiras, transformando a circunstincia geral conglobante em apenas mais uma circunstdncia judicial (subjetiva) especifica. 12.5.3, Diferentemente do papel exercido na teoria do delito (ari. buigio de responsabilidade), na teoria da pena — como critério geral ou especifico -, a culpabilidade permitira analisar 0 grau de responsabilida- de penal do autor do delito. No entanto, apesar de atuar de forma distinta nas teorias do delito (critério qualitativo) e da pena (critério quantitativo), inexiste diferenga nos elementos que integram a culpabilidade: (a) impu- tabilidade, (b) potencial conhecimento do delito ¢ (¢) exigibilidade de 5 BOSCHI, Das Penas ¢ seus Critérios de Aplicagdo, p. 191 % Zaffaroni e Pierangeli lecionam que “a culpabilidade abarcard tanto os motives (8 inquesti- andvel que a motivacio & problema da eulpabilidade), como as circunstincias e consequéncias do delta (que podens compor tanbéw o grau do injusto que, necessariamente, refleteese no rau de cupail- dade). O couportamento da vitima pode aumentar ou diminir 0 injusto, e, por reflex, ou mesmo diretamente, « culpabilidade, A personatidade do agente cumpre una dupla fungao: com rela & culpabilidade, serve para indicar — como elemento indispensavel — 0 drmbito de autodeterminagao do agente, Iusistinas aqui ser inaceitdvel « culpabitidade de autor, A maior ou menor ‘rdequasio! da condita ao autor, ow ‘cortespondéncia’ com a personalidade deste, em nenhum caso pode findame- tar vnca maior culpabilidade, ¢, no maximo, deve servir para niio baixar « pena do msi ie & culpabilidade de ato permite (...)” (ZAFFARONI e PIERANGELI, Manual de Direito Penal Brasileiro, p. 830). Na mesma linha, Cliudio Brandio sustenta que “a culpabilidade é 0 tinico elemento de dette que mesuna a pena, sendo o satdite central das cireunstdnciasjudiciais; todas as demas cuns- tdncias gravitam em torno dela” (BRANDAO, Curso de Direito Penal, p. 333).

Você também pode gostar