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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA: equivalentes, de forma a associar a ambas os princípios e as
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E CADASTRO ÚNICO diretrizes definidas neste documento.
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde
individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção,
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação,
redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde,
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e
estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde dirigida à população em território definido, sobre as quais as
(SUS). equipes assumem responsabilidade sanitária.
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e
atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede.
único do art. 87 da Constituição, e § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas
que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e necessidades e demandas do território, considerando os
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos determinantes e condicionantes de saúde.
serviços correspondentes, e dá outras providências, § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade,
considerando: gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação
Considerando a experiência acumulada do Controle sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição
Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual,
Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reiteradas funcional e outras.
demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão
às propostas de composição, organização e funcionamento, adotadas estratégias que permitam minimizar
conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro desigualdades/iniquidades, de modo a evitar exclusão social
de 1990; de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na
2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas situação de saúde.
e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde; Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de serem operacionalizados na Atenção Básica:
novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de I - Princípios:
Alimentação e Nutrição; a) Universalidade;
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de b) Equidade; e
janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção c) Integralidade.
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no II - Diretrizes:
Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de a) Regionalização e Hierarquização:
Saúde (SUS); b) Territorialização;
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de c) População Adscrita;
Saúde Bucal; d) Cuidado centrado na pessoa;
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, e) Resolutividade;
que Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no f) Longitudinalidade do cuidado;
8.745, de 9 de dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de g) Coordenação do cuidado;
julho de 1981; h) Ordenação da rede; e
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de i) Participação da comunidade.
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica.
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias
saúde, e a articulação interfederativa; de Atenção Básica, desde que observados os princípios e
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter
de 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência transitório, devendo ser estimulada sua conversão em
de recursos federais para as ações e serviços de saúde, na Estratégia Saúde da Família.
forma de blocos de financiamento, com respectivo Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e
monitoramento e controle; Atenção Básica é condição essencial para o alcance de
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de resultados que atendam às necessidades de saúde da
2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde; população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de visa estabelecer processos de trabalho que considerem os
2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede determinantes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da
de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde intra e intersetorialidade.
(SUS); Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de
2017 Consulta Pública sobre a proposta de revisão da acordo com esta portaria serão denominados Unidade
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). agosto de Básica de Saúde - UBS. Parágrafo único. Todas as UBS são
2017; e consideradas potenciais espaços de educação, formação de
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e
Intergestores Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve: avaliação tecnológica para a RAS.
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de
Atenção Básica - PNAB, com vistas à revisão da
regulamentação de implantação e operacionalização CAPÍTULO I
vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, DAS RESPONSABILIDADES
estabelecendo-se as diretrizes para a organização do Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas
componente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - de governo:
RAS. I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e
Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica de gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas
considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária nesta portaria;
à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos

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II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da planejamento em saúde; e
Família - ESF como estratégia prioritária de expansão, XX - articulação com o subsistema Indígena nas ações
consolidação e qualificação da Atenção Básica; de Educação Permanente e gestão da rede assistencial.
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das
condições para o funcionamento das UBS, garantindo ações de Atenção Básica no âmbito da União, sendo
espaço, mobiliário e equipamentos, além de acessibilidade responsabilidades da União:
de pessoas com deficiência, de acordo com as normas I - definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na
vigentes; Comissão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da
IV - contribuir com o financiamento tripartite para Política Nacional de Atenção Básica;
fortalecimento da Atenção Básica; II - garantir fontes de recursos federais para compor o
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e financiamento da Atenção Básica;
ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, além de III - destinar recurso federal para compor o financiamento
outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas tripartite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e
Comissões Intergestores; automático, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, a fundo para custeio e investimento das ações e serviços;
Estaduais e Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados,
metas para a organização da Atenção Básica; do Distrito Federal e dos municípios no processo de
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias qualificação e de consolidação da Atenção Básica;
organizacionais de qualificação da força de trabalho para V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação
gestão e atenção à saúde, estimular e viabilizar a formação, junto às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas
educação permanente e continuada dos profissionais, à institucionalização da avaliação e qualificação da Atenção
garantir direitos trabalhistas e previdenciários, qualificar os Básica;
vínculos de trabalho e implantar carreiras que associem VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e
desenvolvimento do trabalhador com qualificação dos disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que
serviços ofertados às pessoas; facilitem o processo de gestão, formação e educação
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica;
profissionais de saúde para a Atenção Básica com vistas a VII - articular com o Ministério da Educação estratégias
promover ofertas de cuidado e o vínculo; de indução às mudanças curriculares nos cursos de
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas graduação e pós-graduação na área da saúde, visando à
de Informação da Atenção Básica vigentes, garantindo formação de profissionais e gestores com perfil adequado à
mecanismos que assegurem o uso qualificado dessas Atenção Básica; e
ferramentas nas UBS, de acordo com suas VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com
responsabilidades; as Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para Federal, para formação e garantia de educação permanente
transporte em saúde, compreendendo as equipes, pessoas e continuada para os profissionais de saúde da Atenção
para realização de procedimentos eletivos, exames, dentre Básica, de acordo com as necessidades locais.
outros, buscando assegurar a resolutividade e a Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao
integralidade do cuidado na RAS, conforme necessidade do Distrito Federal a coordenação do componente estadual e
território e planejamento de saúde; distrital da Atenção Básica, no âmbito de seus limites
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da territoriais e de acordo com as políticas, diretrizes e
Atenção Básica nos territórios; prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, Estados e do Distrito Federal:
regulação e acompanhamento sistemático dos resultados I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e
alcançados pelas ações da Atenção Básica, como parte do Colegiado de Gestão no Distrito Federal, estratégias,
processo de planejamento e programação; diretrizes e normas para a implantação e implementação da
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados Política Nacional de Atenção Básica vigente nos Estados e
pelas equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a Distrito Federal;
utilização dos dados para o planejamento das ações; II - destinar recursos estaduais para compor o
XIV - promover o intercâmbio de experiências entre financiamento tripartite da Atenção Básica, de modo regular
gestores e entre trabalhadores, por meio de cooperação e automático, prevendo, entre outras formas, o repasse
horizontal, e estimular o desenvolvimento de estudos e fundo a fundo para custeio e investimento das ações e
pesquisas que busquem o aperfeiçoamento e a serviços;
disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados à III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de
Atenção Básica; Atenção Básica nos municípios;
XV - estimular a participação popular e o controle social; IV - analisar os dados de interesse estadual gerados
XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento e
para a formação de estudantes e trabalhadores de saúde, divulgar os resultados obtidos;
para a formação em serviço e para a educação permanente V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos
e continuada nas Unidades Básicas de Saúde; sistemas de informação enviados pelos municípios, de
XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica acordo com prazos e fluxos estabelecidos para cada
e do uso racional de medicamentos, garantindo a sistema, retornando informações aos gestores municipais;
disponibilidade e acesso a medicamentos e insumos em VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores
conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e da Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito
diretrizes terapêuticas, e com a relação específica fundamental de acesso à informação;
complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito VII - prestar apoio institucional aos municípios no
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a processo de implantação, acompanhamento e qualificação
integralidade do cuidado; da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
Estratégia Saúde da Família;
XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões
de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica,
municipais, com vistas à institucionalização do
compatíveis com as necessidades de saúde de cada
monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
localidade;
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto
pedagógicos que facilitem o processo de formação e
avaliação para as equipes que atuam na Atenção Básica, a
educação permanente dos membros das equipes de gestão
fim de fomentar as práticas de monitoramento, avaliação e
e de atenção;

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X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria resultados obtidos, a fim de assegurar o direito fundamental
com as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e de acesso à informação;
garantia de educação permanente aos profissionais de XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia
saúde das equipes que atuam na Atenção Básica; e das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de
serviços como a estratégia prioritária de organização da saúde das mesmas; e
Atenção Básica. IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a de todos os profissionais que compõem as equipes que
coordenação do componente municipal da Atenção Básica, atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas de
no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de
política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de
responsabilidades dos Municípios e do Distrito Federal: atenção.
I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de
Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu território, Atenção Básica está detalhada no Anexo a esta Portaria.
incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21
pela União; de outubro de 2011.
II - programar as ações da Atenção Básica a partir de Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua
sua base territorial de acordo com as necessidades de saúde publicação.
identificadas em sua população, utilizando instrumento de RICARDO BARROS
programação nacional vigente;
III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas ANEXO
de cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na POLÍTICA NACIONAL DE
Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de ATENÇÃO BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO
atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados
por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para CAPÍTULO I
garantir a integralidade do cuidado. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
IV -estabelecer e adotar mecanismos de DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
encaminhamento responsável pelas equipes que atuam na A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é
Atenção Básica de acordo com as necessidades de saúde resultado da experiência acumulada por um conjunto de
das pessoas, mantendo a vinculação e coordenação do atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a
cuidado; consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores
equipes, profissionais, carga horária, serviços das três esferas de governo. Esta Portaria, conforme
disponibilizados, equipamentos e outros no Sistema de normatização vigente no SUS, que define a organização em
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um
conforme regulamentação específica; cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção população, destaca a Atenção Básica como primeiro ponto
Básica atue como a porta de entrada preferencial e de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, que
ordenadora da RAS; deve ordenar os fluxos e contrafluxos de pessoas , produtos
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir e informações em todos os pontos de atenção à saúde.
espaços para a participação da comunidade no exercício do Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde
controle social; da Família sua estratégia prioritária para expansão e
VIII - destinar recursos municipais para compor o consolidação da Atenção Básica. Contudo reconhece outras
financiamento tripartite da Atenção Básica; estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios,
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e que devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção
Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da Básica e do SUS, configurando um processo progressivo e
utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos singular que considera e inclui as especificidades
município; locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede existência de populações específicas, itinerantes e
de serviços como a estratégia prioritária de organização da dispersas, que também são de responsabilidade da equipe
Atenção Básica; enquanto estiverem no território, em consonância com a
XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no política de promoção da equidade em saúde.
processo de implantação, acompanhamento, e qualificação A Atenção Básica considera a pessoa em sua
da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a
Estratégia Saúde da Família; atenção integral, incorporar as ações de vigilância em saúde
XII - definir estratégias de institucionalização da - a qual constitui um processo contínuo e sistemático de
avaliação da Atenção Básica; coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover eventos relacionados à saúde - além disso, visa o
acesso aos trabalhadores, para formação e garantia de planejamento e a implementação de ações públicas para a
educação permanente e continuada aos profissionais de proteção da saúde da população, a prevenção e o controle
saúde de todas as equipes que atuam na Atenção Básica de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção
implantadas; da saúde. Destaca-se ainda o desafio de superar
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais compreensões simplistas, nas quais, entre outras, há
que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção dicotomia e oposição entre a assistência e a promoção da
Básica, em conformidade com a legislação vigente; saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de que a
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
suficientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a a melhora das condições de saúde das pessoas e
execução do conjunto de ações propostas; coletividades passa por diversos fatores, os quais grande
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial parte podem ser abordados na Atenção Básica.
necessário ao cuidado resolutivo da população;
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
consistência dos dados inseridos nos sistemas nacionais de Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de
informação a serem enviados às outras esferas de gestão, serviços ofertados na Atenção Básica serão orientadores
utilizá-los no planejamento das ações e divulgar os para a sua organização nos municípios, conforme descritos a
seguir:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1.1 - Princípios desenvolvimento de ações de cuidado de forma
- Universalidade: possibilitar o acesso universal e singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os
contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, conhecimentos, aptidões, competências e a confiança
caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre
da RAS (primeiro contato), acolhendo as pessoas e sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais
promovendo a vinculação e corresponsabilização pela efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo
atenção às suas necessidades de saúde. O estabelecimento com suas necessidades e potencialidades na busca de uma
de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento vida independente e plena. A família, a comunidade e outras
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do formas de coletividade são elementos relevantes, muitas
serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes vezes condicionantes ou determinantes na vida das pessoas
que atuam na Atenção Básica nas UBS devem receber e e, por consequência, no cuidado.
ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de - Resolutividade: reforça a importância da Atenção
modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações Básica ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes
excludentes, e a partir daí construir respostas para suas tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma
demandas e necessidades. clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centrada na
diferenças nas condições de vida e saúde e de acordo com pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de
as necessidades das pessoas, considerando que o direito à autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz
saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da
diversidade. Ficando proibida qualquer exclusão baseada em população, coordenando o cuidado do usuário em outros
idade, gênero, cor, crença, nacionalidade, etnia, orientação pontos da RAS, quando necessário.
sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a
socioeconômica, escolaridade ou limitação física, intelectual, continuidade da relação de cuidado, com construção de
funcional, entre outras, com estratégias que permitam vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos longo do tempo e de modo permanente e consistente,
que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de
maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde. outros elementos na vida das pessoas, evitando a perda de
- Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são
equipe de saúde que atendam às necessidades da decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da
população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e falta de coordenação do cuidado.
manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e
da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção
paliativos. Inclui a responsabilização pela oferta de serviços das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os
em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo
adequado das necessidades biológicas, psicológicas, cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de
ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo
diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a de produzir a gestão compartilhada da atenção integral.
estes fins, além da ampliação da autonomia das pessoas e Articulando também as outras estruturas das redes de saúde
coletividade. e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de
1.2 - Diretrizes saúde da população sob sua responsabilidade, organizando
- Regionalização e Hierarquização: dos pontos de as necessidades desta população em relação aos outros
atenção da RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de pontos de atenção à saúde, contribuindo para que o
comunicação entre esses. Considera-se regiões de saúde planejamento das ações, assim como, a programação dos
como um recorte espacial estratégico para fins de serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das
planejamento, organização e gestão de redes de ações e pessoas.
serviços de saúde em determinada localidade, e a IX - Participação da comunidade: estimular a
hierarquização como forma de organização de pontos de participação das pessoas, a orientação comunitária das
atenção da RAS entre si, com fluxos e referências ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural
estabelecidos. no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e
- Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das
planejamento, a programação descentralizada e o pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco enfrentamento dos determinantes e condicionantes de
em um território específico, com impacto na situação, nos saúde, através de articulação e integração das ações
condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e intersetoriais na organização e orientação dos serviços de
coletividades que constituem aquele espaço e estão, saúde, a partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no
portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, exercício do controle social.
considera-se Território a unidade geográfica única, de
construção descentralizada do SUS na execução das ações
estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À
proteção e recuperação da saúde. Os Territórios são SAÚDE
destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS,
estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial, define a organização na RAS, como estratégia para um
cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção população. As RAS constituem-se em arranjos organizativos
Básica, de forma que atendam a necessidade da população formados por ações e serviços de saúde com diferentes
adscrita e ou as populações específicas. configurações tecnológicas e missões assistenciais,
III - População Adscrita: população que está presente no articulados de forma complementar e com base territorial, e
território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e
população, garantindo a continuidade das ações de saúde e principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe
a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
referência para o seu cuidado. coordenando o cuidado e atendendo as necessidades de
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o saúde das pessoas do seu território.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que atenção à saúde dos usuários. Os parâmetros de estrutura
regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que "o acesso devem, portanto, levar em consideração a densidade
universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de demográfica, a composição, atuação e os tipos de equipes,
saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se perfil da população, e as ações e serviços de saúde a serem
completa na rede regionalizada e hierarquizada". realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é e ambientes adequados para a formação de estudantes e
preciso reconhecer as necessidades de saúde da população trabalhadores de saúde de nível médio e superior, para a
sob sua responsabilidade, organizando-as em relação aos formação em serviço e para a educação permanente na
outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a UBS.
programação dos serviços de saúde parta das necessidades As UBS devem ser construídas de acordo com as
das pessoas, com isso fortalecendo o planejamento normas sanitárias e tendo como referência as normativas de
ascendente. infraestrutura vigentes, bem como possuir identificação
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada segundo os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS.
preferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de Cadastro
gestão do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
na rede de atenção, servindo como base para o seu acordo com as normas em vigor para tal.
ordenamento e para a efetivação da integralidade. Para As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento
tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta de populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos,
resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e áreas pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES,
incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras bem como nos instrumentos de monitoramento e avaliação.
(diagnósticas e terapêuticas), além da articulação da A estrutura física dos pontos de apoio deve respeitar as
Atenção Básica com outros pontos da RAS. normas gerais de segurança sanitária.
Os estados, municípios e o distrito federal, devem A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico
articular ações intersetoriais, assim como a organização da (arquitetônico), entendido como lugar social, profissional e de
RAS, com ênfase nas necessidades locorregionais, relações interpessoais, que deve proporcionar uma atenção
promovendo a integração das referências de seu território. acolhedora e humana para as pessoas, além de um
Recomenda-se a articulação e implementação de ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de
processos que aumentem a capacidade clínica das equipes, saúde.
que fortaleçam práticas de microrregulação nas Unidades Para um ambiente adequado em uma UBS, existem
Básicas de Saúde, tais como gestão de filas próprias da UBS componentes que atuam como modificadores e
e dos exames e consultas descentralizados/programados qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar:
para cada UBS, que propiciem a comunicação entre UBS, recepção sem grades (para não intimidar ou dificultar a
centrais de regulação e serviços especializados, com comunicação e também garantir privacidade à pessoa),
pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial identificação dos serviços existentes, escala dos
e/ou a distância, entre outros. profissionais, horários de funcionamento e sinalização de
Um dos destaques que merecem ser feitos é a fluxos, conforto térmico e acústico, e espaços adaptados
consideração e a incorporação, no processo de para as pessoas com deficiência em conformidade com as
referenciamento, das ferramentas de telessaúde articulado normativas vigentes.
às decisões clínicas e aos processos de regulação do Além da garantia de infraestrutura e ambiência
acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento apropriadas, para a realização da prática profissional na
servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de Atenção Básica, é necessário disponibilizar equipamentos
cuidado, pois tanto orientam as decisões dos profissionais adequados, recursos humanos capacitados, e materiais e
solicitantes quanto se constituem como referência que insumos suficientes à atenção à saúde prestada nos
modula a avaliação das solicitações pelos médicos municípios e Distrito Federal.
reguladores.
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do
cuidado clínico e da resolutividade na Atenção Básica, 3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
evitando a exposição das pessoas a consultas e/ou São considerados unidades ou equipamentos de saúde
procedimentos desnecessários. Além disso, com a no âmbito da Atenção Básica:
organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários a) Unidade Básica de Saúde
e traz maior eficiência e equidade à gestão das listas de Recomenda-se os seguintes ambientes:
espera. Consultório médico e de enfermagem, consultório com
A gestão municipal deve articular e criar condições para sanitário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para
que a referência aos serviços especializados ambulatoriais, assistência farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de
sejam realizados preferencialmente pela Atenção Básica, procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos,
sendo de sua responsabilidade: sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção
atenção da RAS; Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros bucal, será necessário consultório odontológico com equipo
pontos de atenção; e odontológico completo;
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala
das pessoas do território. multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea ,
sala de administração e gerência, banheiro público e para
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E funcionários, entre outros ambientes conforme a
FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA necessidade.
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que
objetiva adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
humanos das UBS às necessidades de saúde da população Recomenda-se os seguintes ambientes:
de cada território. a. consultório médico; consultório de enfermagem; área
3.1 Infraestrutura e ambiência para assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina;
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao sala de procedimentos; e, se forem compostas por
quantitativo de população adscrita e suas especificidades, profissionais de saúde bucal, será necessário consultório
bem como aos processos de trabalho das equipes e à odontológico com equipo odontológico completo;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b. área de recepção, banheiro público; banheiro cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios.
exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos Essa oferta de ações e serviços na Atenção Básica devem
em número suficiente para toda a equipe; cozinha e outro considerar políticas e programas prioritários, as diversas
ambientes conforme necessidade. realidades e necessidades dos territórios e das pessoas, em
parceria com o controle social.
c) Unidade Odontológica Móvel As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a padrões essenciais e ampliados:
finalidade de atenção à saúde bucal, equipado com: Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos
Compressor para uso odontológico com sistema de relacionados a condições básicas/essenciais de acesso e
filtragem; aparelho de raios-x para radiografias periapicais e qualidade na Atenção Básica; e
interproximais; aventais de chumbo; conjunto peças de mão - Padrões Ampliados -ações e procedimentos
contendo micromotor com peça reta e contra ângulo, e alta considerados estratégicos para se avançar e alcançar
rotação; gabinete odontológico; cadeira odontológica, equipo padrões elevados de acesso e qualidade na Atenção Básica,
odontológico e refletor odontológico; unidade auxiliar considerando especificidades locais, indicadores e
odontológica; mocho odontológico; autoclave; amalgamador; parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
fotopolimerizador; e refrigerador. A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria
com o controle social, pactuada nas instâncias
3.3 - Funcionamento interfederativas, com financiamento regulamentado em
Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde normativa específica.
tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40 Caberá a cada gestor municipal realizar análise de
demanda do território e ofertas das UBS para mensurar sua
horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos
capacidade resolutiva, adotando as medidas necessárias
12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à
para ampliar o acesso, a qualidade e resolutividade das
população.
equipes e serviços da sua UBS.
Horários alternativos de funcionamento podem ser
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá
pactuados através das instâncias de participação social,
estar disponível aos usuários de forma clara, concisa e de
desde que atendam expressamente a necessidade da fácil visualização, conforme padronização pactuada nas
população, observando, sempre que possível, a carga instâncias gestoras.
horária mínima descrita acima. Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão
Como forma de garantir a coordenação do cuidado, garantir a oferta de todas as ações e procedimentos do
ampliando o acesso e resolutividade das equipes que atuam Padrão Essencial e recomenda-se que também realizarem
na Atenção Básica, recomenda-se : ações e serviços do Padrão Ampliado, considerando as
i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica necessidades e demandas de saúde das populações em
(eAB) e de Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, bem
pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os como os equipamentos e materiais necessários, devem ser
princípios e diretrizes da Atenção Básica. garantidos igualmente para todo o país, buscando
Além dessa faixa populacional, podem existir outros uniformidade de atuação da Atenção Básica no território
arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e nacional. Já o elenco de ações e procedimentos ampliados
dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, deve contemplar de forma mais flexível às necessidades e
conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção demandas de saúde das populações em cada localidade,
Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a sendo definido a partir de suas especificidades
possibilidade de definir outro parâmetro populacional de locorregionais.
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do As unidades devem organizar o serviço de modo a
que o parâmetro recomendado, de acordo com as otimizar os processos de trabalho, bem como o acesso aos
especificidades do território, assegurando-se a qualidade do demais níveis de atenção da RAS.
cuidado. Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários,
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações,
Saúde da Família), para que possam atingir seu potencial por meio de livros, caixas de sugestões ou canais
resolutivo. eletrônicos. As UBS deverão assegurar o acolhimento e
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de escuta ativa e qualificada das pessoas, mesmo que não
equipes de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família sejam da área de abrangência da unidade, com classificação
(eSF), com ou sem os profissionais de saúde bucal, pelas de risco e encaminhamento responsável de acordo com as
quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao necessidades apresentadas, articulando-se com outros
recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a serviços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas
seguinte fórmula: População/2.000. de cuidado estabelecidas.
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada
habitantes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou da UBS:
de Atenção Básica (eAB) seja responsável por toda - Identificação e horário de atendimento;
população; - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território
populacional de responsabilidade da equipe de acordo com e dos componentes de cada equipe da UBS;
especificidades territoriais, vulnerabilidades, riscos e - Relação de serviços disponíveis; e
dinâmica comunitária respeitando critérios de equidade, ou, - Detalhamento das escalas de atendimento de cada
ainda, pela decisão de possuir um número inferior de equipe.
pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de
Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
qualidade da Atenção Básica. 3.4 - Tipos de Equipes:
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia
possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a prioritária de atenção à saúde e visa à reorganização da
coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário Atenção Básicano país, de acordo com os preceitos do SUS.
adotar estratégias que permitam a definição de um amplo É considerada como estratégia de expansão, qualificação e
escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma consolidação da Atenção Básica, por favorecer uma
que seja compatível com as necessidades e demandas de reorientação do processo de trabalho com maior potencial de
saúde da população adscrita, seja por meio da Estratégia ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde das
Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante
Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o relação custo-efetividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da Cada equipe de Saúde de Família que for implantada
especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, com os profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir
preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa
e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá
(ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate do Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos,
às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: através de doação direta ou o repasse de recursos
cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde necessários para adquiri-los (equipo odontológico completo).
da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
O número de ACS por equipe deverá ser definido de 4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
acordo com base populacional, critérios demográficos, Básica (Nasf-AB)
epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar
definição local. composta por categorias de profissionais da saúde,
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e complementar àsequipes que atuam na Atenção Básica. É
vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% formada por diferentes ocupações (profissões e
da população com número máximo de 750 pessoas por ACS. especialidades) da área da saúde, atuando de maneira
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico)
de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e
os profissionais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os de Atenção Básica (eAB). Busca-se que essa equipe seja
profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1 membro orgânico da Atenção Básica, vivendo integralmente
(uma) equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente. o dia a dia nas UBS e trabalhando de forma horizontal e
2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade interdisciplinar com os demais profissionais, garantindo a
deve atender aos princípios e diretrizes propostas para a AB. longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços
A gestão municipal poderá compor equipes de Atenção diretos à população. Os diferentes profissionais devem
Básica (eAB) de acordo com características e necessidades estabelecer e compartilhar saberes, práticas e gestão do
do município. Como modelo prioritário é a ESF, as equipes cuidado, com uma visão comum e aprender a solucionar
de Atenção Básica (eAB) podem posteriormente se organizar problemas pela comunicação, de modo a maximizar as
tal qual o modelo prioritário. habilidades singulares de cada um.
As equipes deverão ser compostas minimamente por Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de
médicos preferencialmente da especialidade medicina de problemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas
família e comunidade, enfermeiro preferencialmente e grupos sociais em seus territórios, bem como a partir de
dificuldades dos profissionais de todos os tipos de equipes
especialista em saúde da família, auxiliares de enfermagem
que atuam na Atenção Básica em suas análises e manejos.
e ou técnicos de enfermagem. Poderão agregar outros
Para tanto, faz-se necessário o compartilhamento de
profissionais como dentistas, auxiliares de saúde bucal e ou
saberes, práticas intersetoriais e de gestão do cuidado em
técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde e
rede e a realização de educação permanente e gestão de
agentes de combate à endemias.
coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
A composição da carga horária mínima por categoria Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como
profissional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e
3 (três) profissionais por categoria, devendo somar no não são de livre acesso para atendimento individual ou
mínimo 40 horas/semanais. coletivo (estes, quando necessários, devem ser regulados
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de pelas equipes que atuam na Atenção Básica). Devem, a
trabalho dos profissionais das equipes e os horários e dias partir das demandas identificadas no trabalho con-junto com
de funcionamento devem ser organizados de modo que as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à
garantam amplamente acesso, o vínculo entre as pessoas e Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros
profissionais, a continuidade, coordenação e equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e
longitudinalidade do cuidado. comunitárias. Compete especificamente à Equipe do Núcleo
A distribuição da carga horária dos profissionais é de Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
responsabilidade do gestor, devendo considerar o perfil a. Participar do planejamento conjunto com as equipes
demográfico e epidemiológico local para escolha da que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;
especialidade médica, estes devem atuar como generalistas b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos
nas equipes de Atenção Básica (eAB). usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação
Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e
deverá contar também com profissionais de nível médio de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde,
como técnico ou auxiliar de enfermagem. tanto em termos clínicos quanto sanitários; e
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual,
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos
pode compor as equipes que atuam na atenção básica, terapêuticos, educação permanente, intervenções no
constituída por um cirurgião-dentista e um técnico em território e na saúde de grupos populacionais de todos os
saúde bucal e/ou auxiliar de saúde bucal. ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações
Os profissionais de saúde bucal que compõem as de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo
equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica de trabalho das equipes dentre outros, no território.
(eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código
Odontológica Móvel, podendo se organizar nas seguintes Brasileiro de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico
modalidades: Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
TSB. Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra;
Independente da modalidade adotada, os profissionais Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho,
de Saúde Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Médico Veterinário, profissional com formação em arte e
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), devendo educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista,
compartilhar a gestão e o processo de trabalho da equipe, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado
território adstrito que a equipe de Saúde da Família ou diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
Atenção Básica a qual integra. vigente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A definição das categorias profissionais é de autonomia Considerando as especificidades locorregionais, os
do gestor local, devendo ser escolhida de acordo com as municípios da Amazônia Legal e Pantaneiras podem optar
necessidades do territórios. entre 2 (dois) arranjos organizacionais para equipes Saúde
da Família, além dos existentes para o restante do país:
5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São
(EACS): equipes que desempenham parte significativa de suas
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes funções em UBS construídas e/ou localizadas nas
Comunitários de Saúde nas UBS como uma possibilidade comunidades pertencentes à área adstrita e cujo acesso se
para a reorganização inicial da Atenção Básica com vistas à dá por meio fluvial e que, pela grande dispersão territorial,
implantação gradual da Estratégia de Saúde da Família ou necessitam de embarcações para atender as comunidades
como uma forma de agregar os agentes comunitários a dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma UBS,
outras maneiras de organização da Atenção Básica. São que pode estar localizada na sede do Município ou em
itens necessários à implantação desta estratégia: alguma comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
a. a existência de uma Unidade Básica de Saúde, A eSFR será formada por equipe multiprofissional
inscrita no SCNES vigente que passa a ser a UBS de composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente
referência para a equipe de agentes comunitários de saúde; da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um)
b. o número de ACS e ACE por equipe deverá ser enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da
definido de acordo com base populacional (critérios Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo
demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos),
acrescentar a esta composição, como parte da equipe
conforme legislação vigente.
c. o cumprimento da carga horária integral de 40 horas multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
semanais por toda a equipe de agentes comunitários, por bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente
cada membro da equipe; composta por ACS e enfermeiro especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar
supervisor; em saúde bucal.
d. o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as
cadastrados no SCNES vigente, vinculados à equipe; ESFR podem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro)
e. cada ACS deve realizar as ações previstas nas Agentes Comunitários de Saúde; até 12 (doze)
regulamentações vigentes e nesta portaria e ter uma micro microscopistas, nas regiões endêmicas; até 11 (onze)
área sob sua responsabilidade, cuja população não Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um)
ultrapasse 750 pessoas; Auxiliar/Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda,
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do
acrescentar até 2 (dois) profissionais da área da saúde de
planejamento do processo de trabalho a partir das
nível superior à sua composição, dentre enfermeiros ou
necessidades do território, com priorização para população
com maior grau de vulnerabilidade e de risco epidemiológico; outros profissionais previstos nas equipes de Nasf-AB.
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos
integralidade do cuidado no território; e de enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde
h. cadastrar, preencher e informar os dados através do bucal cumprirão carga horária de até 40 (quarenta) horas
Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica semanais de trabalho e deverão residir na área de atuação.
vigente. As eSFR prestarão atendimento à população por, no
mínimo, 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária
equivalente a 8 (oito) horas diárias.
3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA Para as comunidades distantes da UBS de referência, as
POPULAÇÕES ESPECÍFICAS eSFR adotarão circuito de deslocamento que garanta o
Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a
Atenção Básica são responsáveis pela atenção à saúde de
populações que apresentem vulnerabilidades sociais cada 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das
específicas e, por consequência, necessidades de saúde ações de Atenção Básica. Caso necessário, poderão possuir
específicas, assim como pela atenção à saúde de qualquer unidades de apoio, estabelecimentos que servem para
outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica possui atuação das eSFR e que não possuem outras equipes de
responsabilidade direta sobre ações de saúde em Saúde da Família vinculadas. Para operacionalizar a atenção
determinado território, considerando suas singularidades, o à saúde das comunidades ribeirinhas dispersas no território
que possibilita intervenções mais oportunas nessas de abrangência, a eSFR receberá incentivo financeiro de
situações específicas, com o objetivo de ampliar o acesso à custeio para logística, que considera a existência das
RAS e ofertar uma atenção integral à saúde. seguintes estruturas:
Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites),
atenção à saúde de populações específicas. Em algumas
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de
realidades, contudo, ainda é possível e necessário dispor,
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s)
além das equipes descritas anteriormente, de equipes
adicionais para realizar as ações de saúde à populações da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma
específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem atuar descentralizada; e
de forma integrada para a qualificação do cuidado no b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte
território. Aponta-se para um horizonte em que as equipes exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde
que atuam na Atenção Básica possam incorporar tecnologias da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde
dessas equipes específicas, de modo que se faça uma de Atenção Básica.
transição para um momento em que não serão necessárias Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações
essas equipes específicas, e todas as pessoas e populações devem estar devidamente informadas no Cadastro Nacional
serão acompanhadas pela eSF. de Estabelecimento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão
São consideradas equipes de Atenção Básica para vinculadas.
Populações Específicas:
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São
3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA equipes que desempenham suas funções em Unidades
FAMÍLIA Básicas de Saúde Fluviais (UBSF), responsáveis por
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da comunidades dispersas, ribeirinhas e pertencentes à área
População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A eSFR será formada por equipe multiprofissional O agente social, quando houver, será considerado
composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente equivalente ao profissional de nível médio. Entende-se por
da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um) agente social o profissional que desempenha atividades que
enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da visam garantir a atenção, a defesa e a proteção às pessoas
Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo em situação de risco pessoal e social, assim como aproximar
acrescentar a esta composição, como parte da equipe as equipes dos valores, modos de vida e cultura das pessoas
multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde em situação de rua.
bucal: 1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os
especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar seguintes requisitos:
em saúde bucal. I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema
Devem contar também, com um (01) técnico de de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
laboratório e/ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, (SCNES); e
na composição mínima, os profissionais de saúde bucal, um II - alimentação de dados no Sistema de Informação da
(1) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em Atenção Básica vigente, conforme norma específica.
saúde da família, e um (01) Técnico ou Auxiliar em Saúde Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na
Bucal. Rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da deve seguir sendo de responsabilidade das equipes que
área da saúde de nível superior à sua composição, dentre atuam na Atenção Básica, incluindo os profissionais de
enfermeiros ou outros profissionais previstos para os Nasf - saúde bucal e os Núcleos Ampliados à Saúde da Família e
AB equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do território onde estas
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de pessoas estão concentradas.
Saúde de referência, a eSFF adotará circuito de Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na
deslocamento que garanta o atendimento a todas as Rua de cada município, serão tomados como base os dados
comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dos censos populacionais relacionados à população em
dias, para assegurar a execução das ações de Atenção situação de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos
Básica. pelo Ministério da Saúde.
Para operacionalizar a atenção à saúde das As regras estão publicadas em portarias específicas que
comunidades ribeirinhas dispersas no território de disciplinam composição das equipes, valor do incentivo
abrangência, onde a UBS Fluvial não conseguir aportar, a financeiro, diretrizes de funcionamento, monitoramento e
eSFF poderá receber incentivo financeiro de custeio para acompanhamento das equipes de consultório na rua entre
logística, que considera a existência das seguintes outras disposições.
estruturas: 1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), compostas por equipe multiprofissional que deve estar
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s) Saúde vigente, e com responsabilidade de articular e prestar
da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma atenção integral à saúde das pessoas privadas de liberdade.
descentralizada; e Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado
exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção
da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no
de Atenção Básica. Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no
1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de
sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de
saúde com composição variável, responsável por articular e
prestar atenção integral à saúde de pessoas em situação de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a
rua ou com características análogas em determinado Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada
território, em unidade fixa ou móvel, podendo ter as do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde,
modalidades e respectivos regramentos descritos em devendo realizar suas atividades nas unidades prisionais ou
portaria específica. nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada,
conforme portaria específica.
São itens necessários para o funcionamento das equipes
de Consultório na Rua (eCR): 4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA
a. Realizar suas atividades de forma itinerante, ATENÇÃO BÁSICA
desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na As atribuições dos profissionais das equipes que atuam
unidade móvel e também nas instalações de Unidades
na Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do
Básicas de Saúde do território onde está atuando, sempre
Ministério da Saúde, bem como as definições de escopo de
articuladas e desenvolvendo ações em parceria com as
demais equipes que atuam na atenção básica do território práticas, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além
(eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção de outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores
Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
serviços e instituições componentes do Sistema Único de 4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das
Assistência Social entre outras instituições públicas e da Equipes que atuam na Atenção Básica:
sociedade civil; - Participar do processo de territorialização e
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. mapeamento da área de atuação da equipe, identificando
Porém seu horário de funcionamento deverá ser adequado grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e
às demandas das pessoas em situação de rua, podendo vulnerabilidades;
ocorrer em período diurno e/ou noturno em todos os dias da - Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e
semana; e
outros dados de saúde das famílias e dos indivíduos no
c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias
profissionais especificadas em portaria específica. sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando
Na composição de cada eCR deve haver, as informações sistematicamente para a análise da situação
preferencialmente, o máximo de dois profissionais da mesma de saúde, considerando as características sociais,
profissão de saúde, seja de nível médio ou superior. Todas econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
as modalidades de eCR poderão agregar agentes território, priorizando as situações a serem acompanhadas
comunitários de saúde. no planejamento local;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Realizar o cuidado integral à saúde da população Básica, a fim de estabelecer estratégias que ampliem a
adscrita, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de resolutividade e a longitudinalidade pelas equipes que atuam
Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços na AB;
comunitários (escolas, associações, entre outros), com XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em
atenção especial às populações que apresentem domicílio às famílias e pessoas em residências, Instituições
necessidades específicas (em situação de rua, em medida de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de
socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). moradia existentes em seu território, de acordo com o
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a planejamento da equipe, necessidades e prioridades
necessidade de saúde da população local, bem como estabelecidas;
aquelas previstas nas prioridades, protocolos, diretrizes XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com
clínicas e terapêuticas, assim como, na oferta nacional de problemas de saúde controlados/compensados com algum
ações e serviços essenciais e ampliados da AB; grau de dependência para as atividades da vida diária e que
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, não podem se deslocar até a Unidade Básica de Saúde;
buscando a integralidade por meio da realização de ações de XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe,
promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de integrando áreas técnicas, profissionais de diferentes
doenças e agravos e da garantia de atendimento da formações e até mesmo outros níveis de atenção, buscando
demanda espontânea, da realização das ações incorporar práticas de vigilância, clínica ampliada e
programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e matriciamento ao processo de trabalho cotidiano para essa
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive integração (realização de consulta compartilhada reservada
Práticas Integrativas e Complementares; aos profissionais de nível superior, construção de Projeto
VI. Participar do acolhimento dos usuários, Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
proporcionando atendimento humanizado, realizando estratégias, em consonância com as necessidades e
classificação de risco, identificando as necessidades de demandas da população);
intervenções de cuidado, responsabilizando-se pela XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de
continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do acompanhar e discutir em conjunto o planejamento e
vínculo; avaliação sistemática das ações da equipe, a partir da
VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da utilização dos dados disponíveis, visando a readequação
população adscrita ao longo do tempo no que se refere às constante do processo de trabalho;
múltiplas situações de doenças e agravos, e às XXII. Articular e participar das atividades de educação
necessidades de cuidados preventivos, permitindo a permanente e educação continuada;
longitudinalidade do cuidado; XXIII. Realizar ações de educação em saúde à
VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a população adstrita, conforme planejamento da equipe e
pessoas, famílias e grupos sociais, visando propor utilizando abordagens adequadas às necessidades deste
intervenções que possam influenciar os processos saúde- público;
doença individual, das coletividades e da própria XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos
comunidade; necessários para o adequado funcionamento da UBS;
IX. Responsabilizar-se pela população adscrita XIV. Promover a mobilização e a participação da
mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando comunidade, estimulando conselhos/colegiados, constituídos
necessita de atenção em outros pontos de atenção do de gestores locais, profissionais de saúde e usuários,
sistema de saúde; viabilizando o controle social na gestão da Unidade Básica
X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica de Saúde;
vigente para registro das ações de saúde na AB, visando XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que
subsidiar a gestão, planejamento, investigação clínica e possam potencializar ações intersetoriais;
epidemiológica, e à avaliação dos serviços de saúde;; XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação
XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a da Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do
partir da Atenção Básica, participando da definição de fluxos Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros pro-gramas
assistenciais na RAS, bem como da elaboração e sociais equivalentes, as condicionalidades de saúde das
implementação de protocolos e diretrizes clínicas e famílias beneficiárias; e
terapêuticas para a ordenação desses fluxos; XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a com as prioridades locais, definidas pelo gestor local.
prática do encaminhamento desnecessário, com base nos
processos de regulação locais (referência e
contrarreferência), ampliando-a para um processo de 4.2. São atribuições específicas dos profissionais
compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal das equipes que atuam na Atenção Básica:
de responsabilidade das equipes que atuam na atenção 4.2.1 - Enfermeiro:
básica; I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias
XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no
atenção de diferentes configurações tecnológicas a domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas,
integração por meio de serviços de apoio logístico, técnico e associações entre outras), em todos os ciclos de vida;
de gestão, para garantir a integralidade do cuidado; II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos,
XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor solicitar exames complementares, prescrever medicações
medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou
adversos; outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal,
XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
atividades nos sistemas de informação da Atenção Básica, disposições legais da profissão;
conforme normativa vigente; III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos qualificada e classificação de risco, de acordo com
de notificação compulsória, bem como outras doenças, protocolos estabelecidos;
agravos, surtos, acidentes, violências, situações sanitárias e IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
ambientais de importância local, considerando essas cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
ocorrências para o planejamento de ações de prevenção, no território, junto aos demais membros da equipe;
proteção e recuperação em saúde no território; V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos necessário, usuários a outros serviços, conforme fluxo
de urgência/emergência por causas sensíveis à Atenção estabelecido pela rede local;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação
pelos técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e
conjunto com os outros membros da equipe; parcial removível);
VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à
enfermagem e ACS; promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
protocolos e fluxos relacionados a sua área de competência referentes à saúde com os demais membros da equipe,
na UBS; e buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma
IX - Exercer outras atribuições conforme legislação multidisciplinar;
profissional, e que sejam de responsabilidade na sua área de VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal
atuação. (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB);
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
I - Participar das atividades de atenção à saúde pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
realizando procedimentos regulamentados no exercício de equipe;
sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
associações, entre outros); no território, junto aos demais membros da equipe; e
II - Realizar procedimentos de enfermagem, como IX - Exercer outras atribuições que sejam de
curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta responsabilidade na sua área de atuação.
de material para exames, lavagem, preparação e
esterilização de materiais, entre outras atividades delegadas 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
pelo enfermeiro, de acordo com sua área de atuação e I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e
regulamentação; e coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos,
III - Exercer outras atribuições que sejam de atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou
responsabilidade na sua área de atuação. necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo
4.2.1 - Médico: programação e de acordo com suas competências técnicas e
I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob legais;
sua responsabilidade; II - Coordenar a manutenção e a conservação dos
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos equipamentos odontológicos;
cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços referentes à saúde bucal com os demais membros da
comunitários (escolas, associações entre outros); em equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de
conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e forma multidisciplinar;
terapêuticas, bem como outras normativas técnicas IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou de prevenção e promoção da saúde bucal;
Distrito Federal), observadas as disposições legais da V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar
profissão; em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de promoção à saúde;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas VI - Participar das ações educativas atuando na
no território, junto aos demais membros da equipe; promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros VII - Participar da realização de levantamentos e estudos
pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
sua responsabilidade o acompanhamento do plano VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
terapêutico prescrito; saúde bucal;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
acompanhamento da pessoa; X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
equipe; e
odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado
VII - Exercer outras atribuições que sejam de
responsabilidade na sua área de atuação. o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo
cirurgião-dentista;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, mesmo;
tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação
saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos do Cirurgião Dentista;
e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e, XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia,
quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos desinfecção e esterilização do instrumental, dos
demais espaços comunitários (escolas, associações entre equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho;
outros), de acordo com planejamento da equipe, com
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo
resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes
operatório, antes e após atos cirúrgicos;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do XVI - Aplicar medidas de biossegurança no
Distrito Federal, observadas as disposições legais da armazenamento, manuseio e descarte de produtos e
profissão; resíduos odontológicos;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil XVII - Processar filme radiográfico;
epidemiológico para o planejamento e a programação em XVIII - Selecionar moldeiras;
saúde bucal no território; XIX - Preparar modelos em gesso;
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da XX - Manipular materiais de uso odontológico.
AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, XXI - Exercer outras atribuições que sejam de
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos responsabilidade na sua área de atuação.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 13 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde os processos de cuidado a partir da orientação à equipe
bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante sobre a correta utilização desses recursos;
planejamento local e protocolos de atenção à saúde; VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção (manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS),
e esterilização do instrumental, dos equipamentos zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o
odontológicos e do ambiente de trabalho; desabastecimento;
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as
intervenções clínicas, instâncias necessárias e articular com demais atores da
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e
saúde bucal; da atenção à saúde realizada na UBS;
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com
de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
saúde de forma multidisciplinar; apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que
VI - Aplicar medidas de biossegurança no atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com
armazenamento, transporte, manuseio e descarte de garantia de encaminhamentos responsáveis;
produtos e resíduos odontológicos; XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais
VII - Processar filme radiográfico; do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção
VIII - Selecionar moldeiras; diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território;
IX - Preparar modelos em gesso; XII - Identificar as necessidades de
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a
manutenção e conservação dos equipamentos; equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos qualidade e resolutividade da atenção, e promover a
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria
XII - Exercer outras atribuições que sejam de UBS, ou com parceiros;
responsabilidade na sua área de atuação. XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a
participação dos profissionais e usuários em instâncias de
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica controle social;
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo
com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e possível quanto a ocorrências que interfiram no
qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas funcionamento da unidade; e
de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam
prestada pelos profissionais das equipes à população designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de
adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão acordo com suas competências.
deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
necessidade do território e cobertura de AB. 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de
Entende-se por Gerente de AB um profissional Combate a Endemias (ACE)
qualificado, preferencialmente com nível superior, com o Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e
papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada
as necessidades do território e comunidade, a organização identificação de problemas de saúde nos territórios e o
do processo de trabalho, coordenação e integração das planejamento de estratégias de intervenção clínica e
ações. Importante ressaltar que o gerente não seja sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE)
possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de devem ser integradas.
nível superior, e dentre suas atribuições estão: Assim, além das atribuições comuns a todos os
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e
as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito ACE:
nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase a) Atribuições comuns do ACS e ACE
na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural,
organização do processo de trabalho na UBS; ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que
II - Participar e orientar o processo de territorialização, atuam, contribuindo para o processo de territorialização e
diagnóstico situacional, planejamento e programação das mapeamento da área de atuação da equipe;
equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de
alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais; prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio
trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência, de visitas domiciliares regulares e de ações educativas
contribuindo para implementação de políticas, estratégias e individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros
programas de saúde, bem como para a mediação de espaços da comunidade, incluindo a investigação
conflitos e resolução de problemas; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo junto a outros profissionais da equipe quando necessário;
profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade
responsabilidades pela sua própria segurança de seus estabelecida no planejamento da equipe e conforme as
colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação, necessidades de saúde da população, para o monitoramento
a notificação e a resolução dos problemas relacionados à da situação das famílias e indivíduos do território, com
segurança; especial atenção às pessoas com agravos e condições que
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos necessitem de maior número de visitas domiciliares;
sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte IV - Identificar e registrar situações que interfiram no
dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a curso das doenças ou que tenham importância
utilização para análise e planejamento das ações, e epidemiológica relacionada aos fatores ambientais,
divulgando os resultados obtidos; realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais doenças infecciosas e agravos;
favorecendo o trabalho em equipe; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção
individual e coletiva;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou
encaminhar os usuários para a unidade de saúde de domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de acompanhamento da pessoa;
saúde responsável pelo território; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
medidas simples de manejo ambiental e outras formas de equipe; e
intervenção no ambiente para o controle de vetores; VII - Exercer outras atribuições que sejam de
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do responsabilidade na sua área de atuação.
seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
serviços de saúde disponíveis; I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e
IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
públicas voltadas para a área da saúde; tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos
possam potencializar ações intersetoriais de relevância para e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e,
a promoção da qualidade de vida da população, como ações quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
e programas de educação, esporte e lazer, assistência demais espaços comunitários (escolas, associações entre
social, entre outros; e outros), de acordo com planejamento da equipe, com
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes
por legislação específica da categoria, ou outra normativa clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
Federal. Distrito Federal, observadas as disposições legais da
profissão;
b) Atribuições do ACS: II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em epidemiológico para o planejamento e a programação em
base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de saúde bucal no território;
sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da
informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos
situação de saúde, considerando as características sociais, relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e
território, e priorizando as situações a serem acompanhadas parcial removível);
no planejamento local; IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
comunidade; referentes à saúde com os demais membros da equipe,
III - Registrar, para fins de planejamento e buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma
acompanhamento das ações de saúde, os dados de multidisciplinar;
nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde, VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal
garantido o sigilo ético; (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB);
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
considerando as características e as finalidades do trabalho equipe;
de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
coletividades; cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de no território, junto aos demais membros da equipe; e
consultas e exames agendados; IX - Exercer outras atribuições que sejam de
VI - Participar dos processos de regulação a partir da responsabilidade na sua área de atuação.
Atenção Básica para acompanhamento das necessidades
dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou
desistências de consultas e exames solicitados; 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e
por legislação específica da categoria, ou outra normativa coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos,
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou
Federal. necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente comunitários (escolas, associações entre outros), segundo
Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter programação e de acordo com suas competências técnicas e
excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível legais;
superior, membro da equipe, após treinamento específico e II - Coordenar a manutenção e a conservação dos
fornecimento de equipamentos adequados, em sua base equipamentos odontológicos;
geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
unidade de saúde de referência. referentes à saúde bucal com os demais membros da
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de
objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; forma multidisciplinar;
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
domicílio, para o acompanhamento dos casos de prevenção e promoção da saúde bucal;
diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar
terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de
Básica; promoção à saúde;
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita VI - Participar das ações educativas atuando na
domiciliar; promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são VII - Participar da realização de levantamentos e estudos
realizadas com material limpo, água corrente ou soro epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
passivas, que somente cobre a ferida; e saúde bucal;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 15 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais,
indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista; as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase
exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais organização do processo de trabalho na UBS;
odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado II - Participar e orientar o processo de territorialização,
o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo diagnóstico situacional, planejamento e programação das
cirurgião-dentista; equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais;
intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de
mesmo; trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência,
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação contribuindo para implementação de políticas, estratégias e
do Cirurgião Dentista; programas de saúde, bem como para a mediação de
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, conflitos e resolução de problemas;
desinfecção e esterilização do instrumental, dos IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo responsabilidades pela sua própria segurança de seus
operatório, antes e após atos cirúrgicos; colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação,
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no a notificação e a resolução dos problemas relacionados à
armazenamento, manuseio e descarte de produtos e segurança;
resíduos odontológicos; V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos
XVII - Processar filme radiográfico; sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte
XVIII - Selecionar moldeiras; dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a
XIX - Preparar modelos em gesso; utilização para análise e planejamento das ações, e
XX - Manipular materiais de uso odontológico. divulgando os resultados obtidos;
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de VI - Estimular o vínculo entre os profissionais
responsabilidade na sua área de atuação. favorecendo o trabalho em equipe;
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos,
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde os processos de cuidado a partir da orientação à equipe
bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante sobre a correta utilização desses recursos;
planejamento local e protocolos de atenção à saúde; VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção (manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS),
e esterilização do instrumental, dos equipamentos zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o
odontológicos e do ambiente de trabalho; desabastecimento;
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as
intervenções clínicas, instâncias necessárias e articular com demais atores da
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e
saúde bucal; da atenção à saúde realizada na UBS;
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com
de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
saúde de forma multidisciplinar; apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que
VI - Aplicar medidas de biossegurança no atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com
armazenamento, transporte, manuseio e descarte de garantia de encaminhamentos responsáveis;
produtos e resíduos odontológicos; XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais
VII - Processar filme radiográfico; do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção
VIII - Selecionar moldeiras; diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território;
IX - Preparar modelos em gesso; XII - Identificar as necessidades de
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a
manutenção e conservação dos equipamentos; equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos qualidade e resolutividade da atenção, e promover a
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de UBS, ou com parceiros;
responsabilidade na sua área de atuação. XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a
participação dos profissionais e usuários em instâncias de
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica controle social;
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo
com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e possível quanto a ocorrências que interfiram no
qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas funcionamento da unidade; e
de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam
prestada pelos profissionais das equipes à população designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de
adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão acordo com suas competências.
deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
necessidade do território e cobertura de AB.
Entende-se por Gerente de AB um profissional 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de
qualificado, preferencialmente com nível superior, com o Combate a Endemias (ACE)
papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e
as necessidades do território e comunidade, a organização Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada
do processo de trabalho, coordenação e integração das identificação de problemas de saúde nos territórios e o
ações. Importante ressaltar que o gerente não seja planejamento de estratégias de intervenção clínica e
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE)
nível superior, e dentre suas atribuições estão: devem ser integradas.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 16 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, além das atribuições comuns a todos os consultas e exames agendados;
profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e VI - Participar dos processos de regulação a partir da
ACE: Atenção Básica para acompanhamento das necessidades
a) Atribuições comuns do ACS e ACE dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, desistências de consultas e exames solicitados;
ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
atuam, contribuindo para o processo de territorialização e por legislação específica da categoria, ou outra normativa
mapeamento da área de atuação da equipe; instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de Federal.
prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente
prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter
de visitas domiciliares regulares e de ações educativas excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível
individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros superior, membro da equipe, após treinamento específico e
espaços da comunidade, incluindo a investigação fornecimento de equipamentos adequados, em sua base
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a
junto a outros profissionais da equipe quando necessário; unidade de saúde de referência.
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o
estabelecida no planejamento da equipe e conforme as objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
necessidades de saúde da população, para o monitoramento II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no
da situação das famílias e indivíduos do território, com domicílio, para o acompanhamento dos casos
especial atenção às pessoas com agravos e condições que diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto
necessitem de maior número de visitas domiciliares; terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no Básica;
curso das doenças ou que tenham importância III - aferição da temperatura axilar, durante a visita
epidemiológica relacionada aos fatores ambientais, domiciliar;
realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são
doenças infecciosas e agravos; realizadas com material limpo, água corrente ou soro
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas
agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção passivas, que somente cobre a ferida; e
individual e coletiva; V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, administração da medicação do paciente em situação de
encaminhar os usuários para a unidade de saúde de vulnerabilidade.
referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de Importante ressaltar que os ACS só realizarão a
saúde responsável pelo território; execução dos procedimentos que requeiram capacidade
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver técnica específica se detiverem a respectiva formação,
medidas simples de manejo ambiental e outras formas de respeitada autorização legal.
intervenção no ambiente para o controle de vetores; c) Atribuições do ACE:
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do I - Executar ações de campo para pesquisa
seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos entomológica, malacológica ou coleta de reservatórios de
serviços de saúde disponíveis; doenças;
IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas II - Realizar cadastramento e atualização da base de
públicas voltadas para a área da saúde;
imóveis para planejamento e definição de estratégias de
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que
possam potencializar ações intersetoriais de relevância para prevenção, intervenção e controle de doenças, incluindo,
a promoção da qualidade de vida da população, como ações dentre outros, o recenseamento de animais e levantamento
e programas de educação, esporte e lazer, assistência de índice amostral tecnicamente indicado;
social, entre outros; e III - Executar ações de controle de doenças utilizando as
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e
por legislação específica da categoria, ou outra normativa outras ações de manejo integrado de vetores;
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o
Federal. reconhecimento geográfico de seu território; e
b)Atribuições do ACS: V - Executar ações de campo em projetos que visem
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e
base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de
controle de doenças; e
sua área, mantendo os dados atualizados no sistema de
VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de
forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da por legislação específica da categoria, ou outra normativa
situação de saúde, considerando as características sociais, instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do Federal.
território, e priorizando as situações a serem acompanhadas O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção
no planejamento local; Básica (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações serem coordenados por profissionais de saúde de nível
que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da superior realizado de forma compartilhada entre a Atenção
comunidade; Básica e a Vigilância em Saúde. Nas localidades em que não
III - Registrar, para fins de planejamento e houver cobertura por equipe de Atenção Básica (eAB) ou
acompanhamento das ações de saúde, os dados de equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se vincular à
nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde,
equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
garantido o sigilo ético;
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à
a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, equipe de vigilância em saúde do município e sua supervisão
considerando as características e as finalidades do trabalho técnica deve ser realizada por profissional com comprovada
de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou capacidade técnica, podendo estar vinculado à equipe de
coletividades; atenção básica, ou saúde da família, ou a outro serviço a ser
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de definido pelo gestor local.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as
BÁSICA pessoas do seu território de referência, de modo universal e
A Atenção Básica como contato preferencial dos sem diferenciações excludentes. Acesso tem relação com a
usuários na rede de atenção à saúde orienta-se pelos capacidade do serviço em responder às necessidades de
princípios e diretrizes do SUS, a partir dos quais assume saúde da população (residente e itinerante). Isso implica
funções e características específicas. Considera as pessoas dizer que as necessidades da população devem ser o
em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando principal referencial para a definição do escopo de ações e
produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde, serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão
da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do organizados e para o todo o funcionamento da UBS,
tratamento, da reabilitação e da redução de danos ou de permitindo diferenciações de horário de atendimento
sofrimentos que possam comprometer sua autonomia. (estendido, sábado, etc), formas de agendamento (por hora
Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho marcada, por telefone, e-mail, etc), e outros, para assegurar
na Atenção Básica se caracteriza por: o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-se evitar barreiras
I - Definição do território e Territorialização - A gestão de acesso como o fechamento da unidade durante o horário
deve definir o território de responsabilidade de cada equipe, de almoço ou em períodos de férias, entre outros, impedindo
e esta deve conhecer o território de atuação para programar ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que
suas ações de acordo com o perfil e as necessidades da horários alternativos de funcionamento que atendam
comunidade, considerando diferentes elementos para a expressamente a necessidade da população podem ser
cartografia: ambientais, históricos, demográficos, pactuados através das instâncias de participação social e
geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. gestão local.
Importante refazer ou complementar a territorialização Importante ressaltar também que para garantia do
sempre que necessário, já que o território é vivo. Nesse acesso é necessário acolher e resolver os agravos de maior
processo, a Vigilância em Saúde (sanitária, ambiental, incidência no território e não apenas as ações programáticas,
epidemiológica e do trabalhador) e a Promoção da Saúde se garantindo um amplo escopo de ofertas nas unidades, de
mostram como referenciais essenciais para a identificação modo a concentrar recursos e maximizar ofertas.
da rede de causalidades e dos elementos que exercem VI - O acolhimento deve estar presente em todas as
determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando na relações de cuidado, nos encontros entre trabalhadores de
percepção dos problemas de saúde da população por parte saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas,
da equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. suas necessidades, problematizando e reconhecendo como
Além dessa articulação de olhares para a compreensão legítimas, e realizando avaliação de risco e vulnerabilidade
do território sob a responsabilidade das equipes que atuam das famílias daquele território, sendo que quanto maior o
na AB, a integração entre as ações de Atenção Básica e grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá ser a
Vigilância em Saúde deve ser concreta, de modo que se quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção
recomenda a adoção de um território único para ambas as para as condições crônicas.
equipes, em que o Agente de Combate às Endemias Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou
trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde e menos longo ou permanente que exige resposta e ações
os demais membros da equipe multiprofissional de AB na contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à
identificação das necessidades de saúde da população e no saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias
planejamento das intervenções clínicas e sanitárias. para o seu controle efetivo, eficiente e com qualidade.
Possibilitar, de acordo com a necessidade e Ressalta-se a importância de que o acolhimento
conformação do território, através de pactuação e aconteça durante todo o horário de funcionamento da UBS,
negociação entre gestão e equipes, que o usuário possa ser na organização dos fluxos de usuários na unidade, no
atendido fora de sua área de cobertura, mantendo o diálogo estabelecimento de avaliações de risco e vulnerabilidade, na
e a informação com a equipe de referência. definição de modelagens de escuta (individual, coletiva, etc),
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes na gestão das agendas de atendimento individual, nas
devem assumir em seu território de referência (adstrição), ofertas de cuidado multidisciplinar, etc.
considerando questões sanitárias, ambientais (desastres, A saber, o acolhimento à demanda espontânea na
controle da água, solo, ar), epidemiológicas (surtos, Atenção Básica pode se constituir como:
epidemias, notificações, controle de agravos), culturais e a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a
socioeconômicas, contribuindo por meio de intervenções equipe deve atender todos as pessoas que chegarem na
clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da população UBS, conforme sua necessidade, e não apenas
com residência fixa, os itinerantes (população em situação determinados grupos populacionais, ou agravos mais
de rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. Dessa
assentados, etc) ou mesmo trabalhadores da área adstrita. forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização a agenda programada e a demanda espontânea, abordando
é fundamental para a efetivação da Atenção Básica como as situações conforme suas especificidades, dinâmicas e
contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção, tempo.
primeiro atendimento às urgências/emergências, b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se
acolhimento, organização do escopo de ações e do processo estabelece nas relações entre as pessoas e os
de trabalho de acordo com demandas e necessidades da trabalhadores, nos modos de escuta, na maneira de lidar
população, através de estratégias diversas (protocolos e com o não previsto, nos modos de construção de vínculos
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético
encaminhamento para os outros pontos de atenção da RAS,
situacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou
etc). Caso o usuário acesse a rede através de outro nível de
atenção, ele deve ser referenciado à Atenção Básica para facilitando o acesso sobretudo para aqueles que procuram a
que siga sendo acompanhado, assegurando a continuidade UBS fora das consultas ou atividades agendadas.
do cuidado. c. Dispositivo de (re)organização do processo de
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de trabalho em equipe - a implantação do acolhimento pode
relações de vínculo e responsabilização entre a equipe e a provocar mudanças no modo de organização das equipes,
população do seu território de atuação, de forma a facilitar a relação entre trabalhadores e modo de cuidar. Para acolher a
adesão do usuário ao cuidado compartilhado com a equipe demanda espontânea com equidade e qualidade, não basta
(vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a distribuir senhas em número limitado, nem é possível
profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás, o
seu cuidado). acolhimento não deve se restringir à triagem clínica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Organizar a partir do acolhimento exige que a equipe atenção.
reflita sobre o conjunto de ofertas que ela tem apresentado VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir
para lidar com as necessidades de saúde da população e nos riscos, necessidades e demandas de saúde da
território. Para isso é importante que a equipe defina quais população, atingindo a solução de problemas de saúde dos
profissionais vão receber o usuário que chega; como vai usuários. A equipe deve ser resolutiva desde o contato
avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para inicial, até demais ações e serviços da AB de que o usuário
encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo escopo de
para o cuidado; etc. ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar
Destacam-se como importantes ações no processo de recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado,
avaliação de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o encaminhando de forma qualificada o usuário que necessite
Acolhimento com Classificação de Risco (a) e a de atendimento especializado. Isso inclui o uso de diferentes
Estratificação de Risco (b). tecnologias e abordagens de cuidado individual e coletivo,
a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta por meio de habilidades das equipes de saúde para a
qualificada e comprometida com a avaliação do potencial de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos,
risco, agravo à saúde e grau de sofrimento dos usuários, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos.
considerando dimensões de expressão (física, psíquica, Importante promover o uso de ferramentas que apoiem e
social, etc) e gravidade, que possibilita priorizar os qualifiquem o cuidado realizado pelas equipes, como as
atendimentos a eventos agudos (condições agudas e ferramentas da clínica ampliada, gestão da clínica e
agudizações de condições crônicas) conforme a promoção da saúde, para ampliação da resolutividade e
necessidade, a partir de critérios clínicos e de vulnerabilidade abrangência da AB.
disponíveis em diretrizes e protocolos assistenciais definidos Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um
no SUS. conjunto de tecnologias de microgestão do cuidado
O processo de trabalho das equipes deve estar destinado a promover uma atenção à saúde de qualidade,
organizado de modo a permitir que casos de como protocolos e diretrizes clínicas, planos de ação, linhas
urgência/emergência tenham prioridade no atendimento, de cuidado, projetos terapêuticos singulares, genograma,
independentemente do número de consultas agendadas no ecomapa, gestão de listas de espera, auditoria clínica,
período. Caberá à UBS prover atendimento adequado à indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada
em outros pontos de atenção da RAS. nas pessoas; efetiva, estruturada com base em evidências
As informações obtidas no acolhimento com científicas; segura, que não cause danos às pessoas e aos
classificação de risco deverão ser registradas em prontuário profissionais de saúde; eficiente, oportuna, prestada no
do cidadão (físico ou preferencialmente eletrônico). tempo certo; equitativa, de forma a reduzir as desigualdades
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco e que a oferta do atendimento se dê de forma humanizada.
poderão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à
imediato; população adscrita, com base nas necessidades sociais e de
1. consulta ou procedimento em horário disponível no saúde, através do estabelecimento de ações de continuidade
mesmo dia; informacional, interpessoal e longitudinal com a população. A
2. agendamento de consulta ou procedimento em data Atenção Básica deve buscar a atenção integral e de
futura, para usuário do território; qualidade, resolutiva e que contribua para o fortalecimento
3. procedimento para resolução de demanda simples da autonomia das pessoas no cuidado à saúde,
prevista em protocolo, como renovação de receitas para estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede
pessoas com condições crônicas, condições clínicas estáveis de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do
ou solicitação de exames para o seguimento de linha de cuidado, a equipe deve ter noção sobre a ampliação da
cuidado bem definida; clínica, o conhecimento sobre a realidade local, o trabalho
4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, em equipe multiprofissional e transdisciplinar, e a ação
mediante contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e intersetorial.
5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com Para isso pode ser necessário realizar de ações de
indicação específica do serviço de saúde que deve ser atenção à saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à
procurado, no município ou fora dele, nas demandas em que saúde, no domicílio, em locais do território (salões
a classificação de risco não exija atendimento no momento comunitários, escolas, creches, praças, etc.) e outros
da procura do serviço. espaços que comportem a ação planejada.
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada
utiliza critérios clínicos, sociais, econômicos, familiares e a usuários que possuam problemas de saúde
outros, com base em diretrizes clínicas, para identificar controlados/compensados e com dificuldade ou
subgrupos de acordo com a complexidade da condição impossibilidade física de locomoção até uma Unidade Básica
crônica de saúde, com o objetivo de diferenciar o cuidado de Saúde, que necessitam de cuidados com menor
clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir na Rede de frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para
Atenção à Saúde para um cuidado integral. famílias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância
A estratificação de risco da população adscrita a em saúde e realizar o cuidado compartilhado com as equipes
determinada UBS é fundamental para que a equipe de saúde de atenção domiciliar nos casos de maior complexidade.
organize as ações que devem ser oferecidas a cada grupo X - Programação e implementação das atividades de
ou estrato de risco/vulnerabilidade, levando em consideração atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde
a necessidade e adesão dos usuários, bem como a da população, com a priorização de intervenções clínicas e
racionalidade dos recursos disponíveis nos serviços de sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de
saúde. frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - o planejamento e organização da agenda de trabalho
Considerando a diversidade e complexidade das situações compartilhada de todos os profissionais, e recomenda- se
com as quais a Atenção Básica lida, um atendimento integral evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de
requer a presença de diferentes formações profissionais saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o
trabalhando com ações compartilhadas, assim como, com acesso dos usuários.
processo interdisciplinar centrado no usuário, incorporando Recomenda-se a utilização de instrumentos de
práticas de vigilância, promoção e assistência à saúde, bem planejamento estratégico situacional em saúde, que seja
como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É ascendente e envolva a participação popular (gestores,
possível integrar também profissionais de outros níveis de trabalhadores e usuários).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XI - Implementação da Promoção da Saúde como um A integração das ações de Vigilância em Saúde com
princípio para o cuidado em saúde, entendendo que, além da Atenção Básica, pressupõe a reorganização dos processos
sua importância para o olhar sobre o território e o perfil das de trabalho da equipe, a integração das bases territoriais
pessoas, considerando a determinação social dos processos (território único), preferencialmente e rediscutir as ações e
saúde-doença para o planejamento das intervenções da atividades dos agentes comunitários de saúde e do agentes
equipe, contribui também para a qualificação e diversificação de combate às endemias, com definição de papéis e
das ofertas de cuidado. A partir do respeito à autonomia dos responsabilidades.
usuários, é possível estimular formas de andar a vida e A coordenação deve ser realizada por profissionais de
comportamentos com prazer que permaneçam dentro de nível superior das equipes que atuam na Atenção Básica.
certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte
e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada das equipes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de
pessoa. forma que possam interferir no processo de saúde-doença
Ainda, numa acepção mais ampla, é possível estimular a da população, no desenvolvimento de autonomia, individual
transformação das condições de vida e saúde de indivíduos e coletiva, e na busca por qualidade de vida e promoção do
e coletivos, através de estratégias transversais que autocuidado pelos usuários.
estimulem a aquisição de novas atitudes entre as pessoas, XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução
favorecendo mudanças para modos de vida mais saudáveis com escolas, equipamentos do SUAS, associações de
e sustentáveis. moradores, equipamentos de segurança, entre outros, que
Embora seja recomendado que as ações de promoção tenham relevância na comunidade, integrando projetos e
da saúde estejam pautadas nas necessidades e demandas redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de
singulares do território de atuação da AB, denotando uma uma atenção integral;
ampla possibilidade de temas para atuação, destacam-se XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos
alguns de relevância geral na população brasileira, que modelos de atenção e gestão, tais como, a participação
devem ser considerados na abordagem da Promoção da coletiva nos processos de gestão, a valorização, fomento a
Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; práticas autonomia e protagonismo dos diferentes sujeitos implicados
corporais e atividade física; enfrentamento do uso do tabaco na produção de saúde, autocuidado apoiado, o compromisso
e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool; com a ambiência e com as condições de trabalho e cuidado,
promoção da redução de danos; promoção da mobilidade a constituição de vínculos solidários, a identificação das
segura e sustentável; promoção da cultura de paz e de necessidades sociais e organização do serviço em função
direitos humanos; promoção do desenvolvimento delas, entre outras;
sustentável. XVI - Participação do planejamento local de saúde,
XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de assim como do monitoramento e a avaliação das ações na
doenças e agravos em todos os níveis de acepção deste sua equipe, unidade e município; visando à readequação do
termo (primária, secundária, terciária e quaternária), que processo de trabalho e do planejamento frente às
priorizem determinados perfis epidemiológicos e os fatores necessidades, realidade, dificuldades e possibilidades
de risco clínicos, comportamentais, alimentares e/ou analisadas.
ambientais, bem como aqueles determinados pela produção O planejamento ascendente das ações de saúde deverá
e circulação de bens, prestação de serviços de interesse da ser elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes,
saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalidade dos municípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal,
dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de partindo-se do reconhecimento das realidades presentes no
doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar território que influenciam a saúde, condicionando as ofertas
intervenções desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular da Rede de Atenção Saúde de acordo com a
o uso racional de medicamentos. necessidade/demanda da população, com base em
Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e adscrito.
disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, As ações em saúde planejadas e propostas pelas
visando ao planejamento e a implementação de medidas de equipes deverão considerar o elenco de oferta de ações e de
saúde pública para a proteção da saúde da população, a serviços prestados na AB, os indicadores e parâmetros,
prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem pactuados no âmbito do SUS.
como para a promoção da saúde. As equipes que atuam na AB deverão manter
As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atualizadas as informações para construção dos indicadores
atribuições de todos os profissionais da Atenção Básica e estabelecidos pela gestão, com base nos parâmetros
envolvem práticas e processos de trabalho voltados para: pactuados alimentando, de forma digital, o sistema de
a. vigilância da situação de saúde da população, com informação de Atenção Básica vigente;
análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente
prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das na AB, estimulando prática assistencial segura, envolvendo
ações de saúde pública; os pacientes na segurança, criando mecanismos para evitar
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas erros, garantir o cuidado centrado na pessoa, realizando
para a resposta de saúde pública; planos locais de segurança do paciente, fornecendo melhoria
c. vigilância, prevenção e controle das doenças contínua relacionando a identificação, a prevenção, a
transmissíveis; e detecção e a redução de riscos.
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão
transmissíveis e acidentes. local e do controle social, participando dos conselhos locais
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver de saúde de sua área de abrangência, assim como, articular
ações integradas visando à promoção da saúde e prevenção e incentivar a participação dos trabalhadores e da
de doenças nos territórios sob sua responsabilidade. Todos comunidade nas reuniões dos conselhos locais e municipal;
profissionais de saúde deverão realizar a notificação e
compulsória e conduzir a investigação dos casos suspeitos XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde,
ou confirmados de doenças, agravos e outros eventos de como parte do processo de trabalho das equipes que atuam
relevância para a saúde pública, conforme protocolos e na Atenção Básica. Considera-se Educação Permanente em
normas vigentes. Saúde (EPS) a aprendizagem que se desenvolve no
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao
processos de trabalho de acordo com a realidade local. cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-se na

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar aspectos sociodemográficos e epidemiológicos;
as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é II - Recursos que estão condicionados à implantação de
importante que a EPS se desenvolva essencialmente em estratégias e programas da Atenção Básica, tais como os
espaços institucionalizados, que sejam parte do cotidiano recursos específicos para os municípios que implantarem, as
das equipes (reuniões, fóruns territoriais, entre outros), equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de Atenção
devendo ter espaço garantido na carga horária dos Básica (eAB), as equipes de Saúde Bucal (eSB), de Agentes
trabalhadores e contemplar a qualificação de todos da Comunitários de Saúde (EACS), dos Núcleos Ampliado de
equipe multiprofissional, bem como os gestores. Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), dos
Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais
institucionais em que equipe e gestores refletem, aprendem (eSFF) e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e
e transformam os processos de trabalho no dia-a-dia, de Programa Academia da Saúde;
modo a potencializá-los, tais como Cooperação Horizontal, III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de
Apoio Institucional, Tele Educação, Formação em Saúde. ações e serviços;
Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado IV - Recursos condicionados ao desempenho dos
como uma função gerencial que busca a reformulação do serviços de Atenção Básica com parâmetros, aplicação e
modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento, comparabilidade nacional, tal como o Programa de Melhoria
supervisão e avaliação em saúde. Ele deve assumir como de Acesso e Qualidade;
objetivo a mudança nas organizações, tomando como V - Recursos de investimento;
matéria-prima os problemas e tensões do cotidiano Nesse Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se
sentido, pressupõe-se o esforço de transformar os modelos ajustar conforme a regulamentação de transferência de
de gestão verticalizados em relações horizontais que recursos federais para o financiamento das ações e serviços
ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos públicos de saúde no âmbito do SUS, respeitando
trabalhadores e gestores, baseados em relações contínuas e especificidades locais, e critério definido na LC 141/2012.
solidárias. I - Recurso per capita:
A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da O recurso per capita será transferido mensalmente, de
relação entre trabalhadores da AB no território (estágios de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde
graduação e residências, projetos de pesquisa e extensão, aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com
entre outros), beneficiam AB e instituições de ensino e base num valor multiplicado pela população do Município.
pesquisa, trabalhadores, docentes e discentes e, acima de A população de cada município e do Distrito Federal será
tudo, a população, com profissionais de saúde mais a população definida pelo IBGE e publicada em portaria
qualificados para a atuação e com a produção de específica pelo Ministério da Saúde.
conhecimento na AB. Para o fortalecimento da integração II - Recursos que estão condicionados à implantação de
entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do SUS, estratégias e programas da Atenção Básica
destaca-se a estratégia de celebração de instrumentos 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos
contratuais entre instituições de ensino e serviço, como incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família
forma de garantir o acesso a todos os estabelecimentos de implantadas serão prioritário e superior, transferidos a cada
saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde mês, tendo como base o número de equipe de Saúde da
como cenário de práticas para a formação no âmbito da Família (eSF) registrados no sistema de Cadastro Nacional
graduação e da residência em saúde no SUS, bem como de vigente no mês anterior ao da respectiva competência
estabelecer atribuições das partes relacionadas ao financeira.
funcionamento da integração ensino-serviço- comunidade. O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equipes de Saúde da Família será publicado em portaria
das equipes, de forma complementar, é possível oportunizar específica
processos formativos com tempo definido, no intuito de 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos
desenvolver reflexões, conhecimentos, competências, incentivos financeiros para as equipes de Atenção Básica
habilidades e atitudes específicas, através dos processos de (eAB) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo
Educação Continuada, igualmente como estratégia para a como base o número de equipe de Atenção Básica (eAB)
qualificação da AB. As ofertas educacionais devem, de todo registrados no Sistema de Cadastro Nacional de
modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para a Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos respectiva competência financeira.
profissionais. O percentual de financiamento das equipes de Atenção
Básica (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO depender da disponibilidade orçamentária e demanda de
BÁSICA credenciamento.
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e
incentivos financeiros quando as equipes de Saúde da
com detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de
Família (eSF) e/ou Atenção Básica (eAB) forem compostas
Saúde garantido nos instrumentos conforme especificado no
por profissionais de Saúde Bucal, serão transferidos a cada
Plano Nacional, Estadual e Municipal de gestão do SUS. No
mês, o valor correspondente a modalidade, tendo como base
âmbito federal, o montante de recursos financeiros o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) registrados no
destinados à viabilização de ações de Atenção Básica à Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
saúde compõe o bloco de financiamento de Atenção Básica Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência
(Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de financeira.
investimento e seus recursos deverão ser utilizados para 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das
financiamento das ações de Atenção Básica. Equipes de Saúde Bucal será publicado em portaria
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são específica.
efetuados em conta aberta especificamente para este fim, de 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e
acordo com a normatização geral de transferências de Fluviais
recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde com o 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os
objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde
Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito da Família Ribeirinhas (eSFR) implantadas serão
Federal. transferidos a cada mês, tendo como base o número de
O financiamento federal para as ações de Atenção equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) registrados
Básica deverá ser composto por: no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao
I - Recursos per capita; que levem em consideração da respectiva competência financeira.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio credenciamento das eABs, as Secretarias Estaduais de
das equipes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será Saúde, conforme prazo a ser publicado em portaria
publicado em portaria específica e poderá ser agregado um específica, deverão realizar:
valor nos casos em que a equipe necessite de transporte a. Análise e posterior encaminhamento das propostas
fluvial para acessar as comunidades ribeirinhas adscritas para aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e
para execução de suas atividades. b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da
4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os Saúde, a Resolução com o número de equipes por estratégia
valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde e modalidades, que pleiteiam recebimento de incentivos
da Família Fluviais (eSFF) implantadas serão transferidos a financeiros da atenção básica.
cada mês, tendo como base o número de Unidades Básicas Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta
de Saúde Fluviais (UBSF) registrados no sistema de de projeto de credenciamento das equipes que atuam na
Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva Atenção Básica deverá ser diretamente encaminhada ao
competência financeira. Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da
portaria específica. Assim como, os critérios mínimos para o Resolução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto
custeio das Unidades preexistentes ao Programa de de equipes, critérios técnicos e disponibilidade orçamentária;
Construção de Unidades Básicas de Saúde Fluviais. e
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento
4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR) das novas equipes no Diário Oficial da União, a gestão
Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos municipal deverá cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de
Consultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde , num
cada mês, tendo como base a modalidade e o número de prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar a partir da data
equipes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional de publicação da referida Portaria, sob pena de
vigente no mês anterior ao da respectiva competência descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não
financeira. seja cumprido.
Os valores do repasse mensal que as equipes dos Para recebimento dos incentivos correspondentes às
Consultórios na Rua (eCR) farão jus será definido em equipes que atuam na Atenção Básica, efetivamente
portaria específica. credenciadas em portaria e cadastradas no Sistema de
5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, os
Básica (NASF-AB) O valor do incentivo federal para o custeio Municípios/Distrito Federal, deverão alimentar os dados no
de cada NASFAB, dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) sistema de informação da Atenção Básica vigente,
e será determinado em portaria específica. Os valores dos comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das
incentivos financeiros para os NASF-AB implantados serão atividades.
transferidos a cada mês, tendo como base o número de 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da
NASF-AB cadastrados no SCNES vigente. Atenção Básica
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de recursos da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito
ACS (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo Federal, quando:
como base o número de Agentes Comunitários de Saúde I - Não houver alimentação regular, por parte dos
(ACS), registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente municípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados
no mês anterior ao da respectiva competência financeira. nacionais de informação, como:
Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de
cada ano, cujo valor será calculado com base no número de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de
Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro de profissional, ausência de profissional da equipe mínima ou
equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano erro no registro, conforme normatização vigente; e
vigente. b. não envio de informação (produção) por meio de
A efetivação da transferência dos recursos financeiros Sistema de Informação da Atenção Básica vigente por três
descritos no item B tem por base os dados de alimentação meses consecutivos, conforme normativas específicas.
obrigatória do Sistema de Cadastro Nacional de - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e
Estabelecimentos de Saúde, cuja responsabilidade de municipal, malversação ou desvio de finalidade na utilização
manutenção e atualização é dos gestores dos estados, do dos recursos.
Distrito Federal e dos municípios, estes devem transferir os Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes
dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo ao item II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. dos incentivos referentes às equipes e aos serviços citados
III - Do credenciamento acima, nos casos em que forem constatadas, por meio do
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da
todas as equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria
Municípios e Distrito Federal, deve-se obedecer aos do DENASUS ou dos órgãos de controle competentes,
seguintes critérios: qualquer uma das seguintes situações:
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada
das equipes que atuam na Atenção Básica, pelos para o trabalho das equipes e/ou;
Municípios/Distrito Federal; II - ausência, por um período superior a 60 dias, de
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com qualquer um dos profissionais que compõem as equipes
as orientações para a elaboração da proposta de projeto, descritas no item B, com exceção dos períodos em que a
considerando as diretrizes da Atenção Básica; contratação de profissionais esteja impedida por legislação
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes específica, e/ou;
que atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo III - descumprimento da carga horária mínima prevista
respectivo Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de para os profissionais das equipes; e < >- ausência de
Saúde do Distrito Federal; e alimentação regular de dados no Sistema de Informação da
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que Atenção Básica vigente.
receberão incentivo de custeio fundo a fundo devem estar Especificamente para as equipes de saúde da família
inseridas no plano de saúde e programação anual. (eSF) e equipes de Atenção Básica (eAB) com os
II - Após o recebimento da proposta do projeto de profissionais de saúde bucal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de creches;
Atenção Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, - estimular crianças, adolescentes e jovens a terem
por falta de profissional conforme previsto acima, poderão desempenho científico e tecnológico de excelência; e
manter os incentivos financeiros específicos para saúde - estimular a emancipação de famílias em situação de
bucal, conforme modalidade de implantação. pobreza e extrema pobreza.
Parágrafo único: A suspensão será mantida até a
adequação das irregularidades identificadas. O CadÚnico
6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos O Cadastro Único (CadÚnico) é uma ferramenta
suspensos essencial de articulação e consolidação da rede de proteção
Considerando a ocorrência de problemas na alimentação e promoção social com as demais políticas públicas em
do SCNES e do sistema de informação vigente, por parte todos os âmbitos da federação, contribuindo dessa forma
dos estados, Distrito Federal e dos municípios, o Ministério para a inclusão social.
da Saúde poderá efetuar crédito retroativo dos incentivos Famílias com renda mensal per capita de até meio
financeiros deste recurso variável. salário mínimo ou que possuam renda familiar mensal de até
A solicitação de retroativo será válida para análise desde três salários mínimos são cadastradas nesse banco de
que a mesma ocorra em até 6 meses após a competência dados por atores e órgãos da rede de proteção. A inclusão
financeira de suspensão. Para solicitar os créditos permite que elas tenham acesso às políticas públicas de
retroativos, os municípios e o Distrito Federal deverão: assistência social disponibilizadas pelo estado.
- preencher o formulário de solicitação, conforme será O Cadastro Único inclui informações para a identificação
disponibilizado em manual específico;- realizar as das pessoas, além de dados de escolaridade, das condições
adequações necessárias nos sistemas vigentes (SCNES de moradia e da situação de trabalho e renda das famílias.
e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; e enviar Também possui um item que busca apurar se as famílias
ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando o adotam o trabalho infantil.
crédito retroativo , acompanhado do anexo referido no item I
e documentação necessária a depender do motivo da ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
suspensão. Parágrafo único: as orientações sobre a DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
documentação a ser encaminhada na solicitação de
retroativo constarão em manual específico a ser publicado. O trabalho do ACS deverá estar fundamentado em duas
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a dimensões principais de atuação: uma política, representada
documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar pela inserção da temática saúde nos espaços coletivos de
ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de discussões visando transformar os fatores determinantes e
Atenção à Saúde, Ministério da Saúde (DAB/SAS/MS), a condicionantes de saúde presentes na região; e outra mais
solicitação de complementação de crédito dos incentivos técnica, relacionada à sua atuação direta junto aos usuários
tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos e suas famílias, realizando intervenções para promover
referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante de saúde e prevenir agravos a partir da vigilância dos grupos
crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser mais vulneráveis e de condições clínicas específicas (SILVA
encaminhado diretamente ao DAB/SAS/MS. e DALMASO, 2002; PUPIN e CARDOSO, 2008).
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações As atribuições do ACS da rede SUS-BH estão
recebidas, verificando a adequação da documentação fundamentadas na Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de
enviada e dos sistemas de informação vigentes (SCNES 2017, do Ministério da Saúde (MS), que estabelece a revisão
e/ou SISAB), bem como a pertinência da justificativa do das diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica
gestor, para deferimento ou não da solicitação. (PNAB) e no Decreto Municipal n° 13.090, de março de
RICARDO BARROS 2008, que cria o cargo e define as atribuições. O livro
“Avanços e Desafios na Organização da Atenção Básica à
Programa Bolsa Família e Cadastro Único Saúde em Belo Horizonte” de 2007 e o Manual da
O Bolsa Família é um programa de transferência direta Enfermagem da APS de BH de 2016 são instrumentos
de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em utilizados para direcionar as ações desses profissionais.
situação de pobreza e de extrema pobreza. O Programa Os agentes comunitários de saúde do município de Belo
integra a Fome Zero que tem como objetivo assegurar o Horizonte são empregados públicos celetistas vinculados à
direito humano à alimentação adequada, promovendo a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) orientados pela
segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a Lei n°11.350, de 5 de outubro de 2006 (DOM 06/10/2006) e
conquista da cidadania pela população mais vulnerável à regidos pelos dispositivos desta lei e das demais legislações
fome. pertinentes.
O Programa possui três eixos principais: transferência de Os ACS são pessoas selecionadas dentro do próprio
renda, condicionalidades e programas complementares. A contexto comunitário para atuar junto à população, conforme
transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza. preconizado pela Lei 10.671, de 25 de outubro de 2013:
As condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais "Art.2º- residir na área da comunidade distrital em que atuar,
básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. desde a data da publicação do edital do processo seletivo
Já os programas complementares objetivam o público, salvo nos casos em que adquirir imóvel residencial,
desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários até que surja vaga em sua área de residência, ou nas
consigam superar a situação de vulnerabilidade. hipóteses de haver conflitos com a comunidade na área de
sua atuação que possa colocar em risco sua vida e/ou
Objetivos do programa incolumidade física".
- Promover a cidadania com garantia de renda e apoiar, Acredita-se que, por ser parte da comunidade em que
por meio dos benefícios ofertados pelo Sistema Único de vive e para quem trabalha, o ACS compartilha o mesmo
Assistência Social (SUAS), a articulação de políticas voltadas contexto social e cultural e, desta forma, conhece melhor as
aos beneficiários; suas necessidades (SILVA e DALMASO, 2002).
- promover, prioritariamente, o desenvolvimento de O ACS está sujeito aos direitos e deveres do regime
crianças e adolescentes, por meio de apoio financeiro a disciplinar previsto na Lei municipal nº 7.169/96 no que for
gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes em situação de compatível com o regramento da Consolidação das Leis do
pobreza ou extrema pobreza; Trabalho (CLT), conforme disposto no parágrafo único, do
- promover o desenvolvimento de crianças na primeira art. 1° do Decreto Municipal nº 13.090, de março de 2008,
infância, com foco na saúde e nos estímulos a habilidades que regulamenta a Lei municipal nº 9.490, de janeiro de
físicas, cognitivas, linguísticas e socioafetivas, de acordo 2008, que instituiu o emprego público efetivo de agente
com o disposto na Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016; comunitário de saúde.
- ampliar a oferta do atendimento de crianças em

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O cumprimento de horário, subordinação à chefia, intervenção no ambiente para o controle de vetores,
compromisso com a guarda de documentos e realizando o apoio no bloqueio de transmissão de doenças
responsabilidade na veracidade das informações registradas infecciosas e agravos;
nos instrumentos de trabalho são alguns dos deveres do - Colaborar no controle e combate as arboviroses,
ACS e a inconformidade é passível de sanções legais, conforme orientação do Memorando SMSA 001/2016 e
competindo à Corregedoria-Geral do Município coordenar e Portaria Nº2121, de 18 de dezembro de 2015, do Ministério
executar as atividades relativas à disciplina desse da Saúde;
empregado público. - Informar aos usuários sobre a marcação de consultas e
As competências e atribuições do ACS no SUS-BH estão exames especializados, caso o Centro de Saúde não
descritas a seguir: consiga realizar o contato telefônico com o usuário;
- Realizar visitas domiciliares regulares às famílias e - Comunicar ao usuário sobre a visita domiciliar e/ou o
indivíduos com referência média de uma visita/família/mês e primeiro agendamento de atendimento individual/coletivo do
minimamente 10 visitas à casas aberta/dia. O intervalo das NASF-AB e da Equipe de Saúde Mental preferencialmente
visitas pode ser diminuído de acordo com o planejamento da dentro da rotina de trabalho do ACS.
eSF em casos de agravos de saúde, maior vulnerabilidade - Acompanhar o Tratamento Diretamente Observado
social e condições que necessitem de acompanhamento (TDO) e registrar em formulário próprio;
sistemático, inclusive acamados; - Estimular a autonomia e o autocuidado, de acordo com
- Realizar visitas as Instituições de Longa Permanência o planejamento da equipe, respeitando as escolhas do
de Idosos - ILPI, quinzenalmente; usuário;
- Realizar visita domiciliar compartilhada com outros - Estimular a participação da comunidade em ações que
profissionais, com membros da eSF, NASF-AB e saúde busquem melhoria das condições de vida e saúde,
mental conforme pactuado nas reuniões de matriciamentos; identificando parceiros e recursos existentes na comunidade
- Nas microáreas de baixo risco não vinculadas às eSF, que possam potencializar as ações intersetoriais;
realizar visitas aos domicílios com indivíduos em condições - Incentivar a comunidade a atuar em espaços de
de vulnerabilidade de acordo com o planejamento do Centro participação popular e controle social, bem como no
de Saúde a partir das necessidades identificadas; planejamento, acompanhamento e avaliação das ações
- Realizar visitas regulares aos pacientes que necessitem locais de saúde;
de insumos fornecidos pela SMSA, com olhar crítico para - Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da
utilização e armazenamento adequado desses materiais no Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do
domicílio informando à eSF qualquer anormalidade; Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas
- Cadastrar e manter atualizado os dados de saúde das sociais equivalentes, às condicionalidades de saúde das
famílias e dos indivíduos de sua microárea nos formulários e famílias beneficiárias;
nos sistemas de informação vigentes como: nascimentos, - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
óbitos, doenças e outros agravos à saúde, para fins de por legislação específica da categoria, ou outra normativa
planejamento das eSF, garantindo o sigilo ético; instituída pelo gestor federal, estadual ou municipal (Portaria
- Registrar a visita domiciliar das famílias e dos n° 2.436, de 21 de setembro de 2017, do Ministério da
indivíduos de sua microárea nos formulários e nos sistemas Saúde).
de informação vigentes para fins de planejamento das eSF, - Informar à recepção os óbitos da microárea para que os
garantindo o sigilo ético; prontuários físicos dos usuários possam ser arquivados.
- Utilizar as informações sistematicamente para - Realizar a organização das fichas de visita domiciliar e
diagnóstico situacional, planejamento, organização e cadastral em ordem decrescentes, por família em caixa box
avaliação das ações em conjunto com a eSF, considerando para serem arquivadas.
as características sociais, econômicas, culturais, - Nos dias chuvosos utilizar a capa de chuva e se
demográficas e epidemiológicas do território; necessário o ACS deve avaliar junto ao enfermeiro a
- Elaborar o croqui com a delimitação de sua microárea, impossibilidade de saída para o território e a organização das
em conjunto com o enfermeiro da equipe; atividades a serem executadas no Centro de Saúde.
- Construir o mapa vivo da microárea, destacando as
instituições ou estabelecimentos como creches, abrigos, FERRAMENTAS DE TRABALHO
escolas, igrejas, presídios, ILPI da área de abrangência e DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
outros, atualizando-o sempre que necessário;
- Participar efetivamente das reuniões de equipe, Todas as informações que o ACS conseguir sobre a
matriciamentos, atividades de educação permanente, comunidade ajudará na organização do seu trabalho.
promoção e prevenção à saúde; Algumas dessas informações serão anotadas em fichas
- Participar efetivamente da supervisão desenvolvida próprias para compor o Sistema de Informação da Atenção
pelo enfermeiro, fornecendo informações relacionadas às Básica (Siab). O agente comunitário de saúde utiliza quatro
suas atividades, esclarecendo as inconformidades de fichas: Cadastro Domiciliar, Cadastro Individual, Ficha de
cadastros e dificuldades de execução de visitas domiciliares; Procedimentos e Ficha de Visita Domiciliar.
- Registrar, atualizar e acompanhar as ações de
vigilância em saúde. Orientar indivíduos, famílias e grupos Cadastro familiar
sociais quanto aos fluxos, rotinas e ações desenvolvidas pelo O cadastro domiciliar identifica as características
CS e também quanto à utilização dos serviços de saúde sociossanitárias dos domicílios no território das equipes de
disponíveis; AB. Este cadastro busca identificar situações de populações
- Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos, agentes domiciliadas em locais que não podem ser considerados
transmissores e medidas de prevenção de doenças através domicílio, por exemplo, situação de rua (IBGE, 2009), no
de ações educativas individuais e coletivas no CS, no entanto devem ser monitorados pela equipe de Saúde.
domicílio e outros espaços da comunidade; Também este cadastro viabiliza a identificação dos
- Identificar os usuários que não aderiram às atividades núcleos familiares, um componente que amplia e qualifica o
programadas, ações de vigilância epidemiológica ou outras cuidado em saúde, a partir da abordagem familiar, que será
que tenham sido previstas pela eSF, convidando e tratada inicialmente na visita domiciliar do ACS. As
estimulando a sua participação e comunicando aos outros anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis,
membros da equipe os casos em que a sensibilização não foi pois, se errar o preenchimento ou necessitar atualizar, é só
suficiente; apagar.
- Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver O ACS deve estar atento ao preencher o Cadastro
medidas simples de manejo ambiental e outras formas de Familiar para algumas observações importantes, tais como:

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 24 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Preencher ou atualizar a Ficha de Cadastro Familiar, saúde das microáreas dos municípios brasileiros onde atuam
com os dados da gestante, se houver gestante no domicílio; os agentes comunitários de saúde.
- Fornecer e anotar SISPRENATAL – Programa de Assim, as informações registradas na Ficha A vão para a
Humanização do Pré Natal – PHPN Secretaria de Saúde do município, desta, para a Secretaria
de Saúde do Estado e, posteriormente, para o Departamento
Cadastro individual de Atenção Básica do Ministério da Saúde. É uma forma de
O cadastro individual identifica as características o governo federal saber a realidade da saúde das pessoas
sociodemográficas, problemas e condições de saúde dos nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para
usuários no território das equipes de AB. Esse cadastro é fortalecer a Política Nacional de Atenção Básica.
composto por duas partes, sendo elas: informações de E tudo isso começa com o seu trabalho! No canto direito
identificação/ sociodemográficas e condições de saúde auto- da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da Federação), há
referidas pelo usuário. Atenção: Devemos estar cientes de dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas
que o cidadão pode se recusar a fornecer os dados para o letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para
preenchimento do seu cadastro, neste caso é solicitado ao Paraíba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO
entrevistado que assine o termo de recusa para assegurar para Goiás; RS para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e
que o mesmo está ciente. assim por diante.
Logo abaixo, encontra espaço para escrever o endereço
Ficha de procedimentos da família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco,
A ficha de procedimentos é uma ficha de coleta de dados estrada, fazenda, ou qualquer que seja a denominação), o
sobre a realização de procedimentos ambulatoriais. O fluxo número da casa, o bairro e o CEP, que é a sigla para Código
da unidade em atenção à demanda espontânea, poderá de Endereçamento Postal. Na linha de baixo, estão os
eventualmente realizar um atendimento de escuta espaços que devem ser preenchidos com números
inicial/orientação. No entanto, no caso dos profissionais de fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
nível superior, não deve ser preenchido novamente nesta (IBGE) – o código do município; pela Secretaria Municipal de
ficha se o atendimento já tiver sido marcado na Ficha de Saúde – segmento e área; ou pela equipe de saúde –
Atendimento. microárea.
A escuta inicial/orientação: é aquela realizada no A equipe de saúde vai ajudar a encontrar esses números
momento em que o usuário chega ao serviço de saúde, e explicar o que eles significam. Depois estão os três
relatando queixas ou sinais e sintomas percebidos por ele. quadrinhos para o próprio agente comunitário de saúde
Durante o acolhimento e escuta qualificada, o profissional, registrar o número da família na ficha. A primeira família será
quando possível, irá resolver o caso por meio de orientação. a de número 001, a décima será 010, a décima terceira será
Caso contrário, deverá ser realizada a classificação de risco 013, a centésima será 100, e assim por diante. Por fim, o
e análise de vulnerabilidade para o encaminhamento do espaço para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o mês e
usuário em situação aguda ou não. o ano em que está sendo feito o cadastramento daquela
família.
Ficha de visita domiciliar Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para
A ficha de visita domiciliar é uma ficha de coleta de cada pessoa da casa (inclusive os empregados que moram
dados que busca por meio de sua estrutura coletar as ali) que tenha 15 anos ou mais. À direita, na continuação de
informações sobre a realização de visitas domiciliares do cada linha, estão os espaços (campos) para dizer o dia, mês
ACS que como todas as fichas, também passam a conter e ano do nascimento, a idade e o sexo de cada pessoa (M
registros individualizados. Além dos blocos de informações para masculino, F para feminino). Caso não tenha
que constam no cabeçalho de cada ficha, a de visita informação sobre a data do nascimento, anotar a idade que a
domiciliar ainda contempla: Bloco de identificação (nº do pessoa diz ter.
prontuário, nº do cartão SUS, data de nascimento), bloco O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe
motivo da visita, Visita Periódica (busca ativa, ler e escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só
Acompanhamento, egresso de internação, controle de sabe escrever o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna
ambientes / vetores, convite para atividades coletivas / “sim”. Se não é alfabetizada, um X na coluna “não”. Para ser
campanha de saúde e outros) e o bloco desfecho (visita considerada alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete
realizada, recusada, ausente ou outro). simples. Depois vem o espaço para informar a ocupação de
O trabalho do ACS tem como principal objetivo contribuir cada um.
para a qualidade de vida das pessoas e comunidade e para É muito importante que se registre com cuidado essa
que isso aconteça, deve estar sempre alerta e vigilante. informação. Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz.
Todas as informações que o ACS, conseguir sobre a Se a pessoa estiver de férias, licença ou afastada
comunidade serão úteis na organização do seu trabalho. temporariamente do trabalho, você deve anotar a ocupação
mesmo assim. O trabalho doméstico é uma ocupação,
Fichas A, B, C e D mesmo que não seja remunerado. Se a pessoa tiver mais de
Atualmente, o ACS utiliza os cadastros anteriormente uma ocupação, registre aquela a que ela dedica mais horas
citados como ferramenta de trabalho. No entanto, tudo era de trabalho. Será considerada desempregada a pessoa que
feito nas fichas A, B, C e D, conforme será visto adiante. foi desligada do emprego e não está fazendo qualquer
Neste período, o profissional usava quatro fichas: atividade, como prestação de serviços a terceiros, “bicos”
- Ficha A – cadastramento das famílias (que, em etc.
seguida, será discutida e orientado quanto ao seu Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou
preenchimento); condições em que se encontra a pessoa. Você não deve
solicitar comprovação de diagnóstico e não deve registrar os
- Ficha B – acompanhamento de gestantes;
casos que foram tratados e já alcançaram cura. A segunda
- Ficha C – Cartão da Criança;
parte do cadastro é para a identificação de pessoas de 0 a
- Ficha D – registro das atividades diárias do ACS.
14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de
15 anos.
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a
Os campos para “nome, data de nascimento, idade e
lápis, pois, se houver erros ou necessidade de atualizações,
sexo” devem ser preenchidos como no primeiro quadro de
basta apagar. No alto, à esquerda, está identificada a Ficha
pessoas com 15 anos e mais. No campo destinado a
A. Depois vem a referência à Secretaria Municipal de Saúde
informar se frequenta a escola, marcar com um X se ela está
e ao Siab, sistema de informação nacional que constitui
indo ou não à escola. Se ela estiver de férias, mas for
ferramenta importante para monitoramento da Estratégia
continuar os estudos no período seguinte, marcar o X para
Saúde da Família, para juntar todas as informações de
“sim”. O próximo passo é preencher a parte de trás da ficha.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 25 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os campos do verso da Ficha A servem para ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida
caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras mensalmente com o enfermeiro instrutor/supervisor. A Ficha
informações importantes acerca da família. B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento
mensal dos hipertensos.
Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou
pressão arterial acima dos padrões de normalidade) devem
ser encaminhados imediatamente à Unidade Básica de
Saúde para realização de consulta médica. Só após esse
procedimento, com o diagnóstico médico estabelecido, é que
o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e
acompanhamento mensal dos diabéticos. Atenção: só devem
ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico
estabelecido. Os casos suspeitos (referência de diabetes)
devem ser encaminhados à Unidade Básica de Saúde para
realização de consulta médica. Só após esse procedimento é
que o ACS cadastra e acompanha o diabético. Os casos de
diabetes gestacional não devem ser cadastrados nessa
ficha.
Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com A Ficha B-TB serve para o cadastramento e
quadrinhos para assinalar com X o material usado na acompanhamento mensal de pessoas com tuberculose. A
construção. Se o material não é nenhum dos referidos, você cada visita os dados dessa ficha devem ser atualizados. Ela
tem um espaço para explicar o que foi usado na construção fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente
da moradia. É ali onde está escrito “outro – especificar”. Logo pelo enfermeiro instrutor/supervisor. A Ficha B-HAN serve
abaixo, você tem onde informar o número de cômodos. Uma para o cadastramento e acompanhamento mensal de
casa com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro pessoas com hanseníase.
cômodos. Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve
Se só há um quarto e uma cozinha, são dois cômodos. atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita
Atenção para o que não é considerado cômodo: corredor, realizada por ele. Esta ficha permanece com o ACS, pois é
alpendre, varanda aberta e outros espaços que pertencem a de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente
casa, mas que são utilizados mais como área de circulação. pelo enfermeiro instrutor/supervisor. Deve-se lembrar que
Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante,
mesmo que a instalação não seja regularizada. Em seguida, hipertenso, diabético, seja de pacientes com tuberculose ou
o destino do lixo. hanseníase, o agente comunitário de saúde deve discutir
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando auxílio para
sobre o tratamento da água na casa, a origem do o preenchimento e acompanhamento deles.
abastecimento da água utilizada e qual o destino das fezes e
urina. Na metade de baixo da ficha estão os quadros para Ficha C
outras informações. Primeiro, há um quadrinho (sim ou não) A ficha C é o instrumento utilizado para o
acompanhamento da criança. A Ficha C é uma cópia das
para dizer se alguém da família possui plano de saúde e
informações pertinentes da Caderneta da Criança,
outro para informar quantas pessoas são cobertas pelo
padronizada pelo Ministério da Saúde e utilizada pelos
plano. Logo abaixo, existem quadrinhos para cada letra do
diversos serviços de saúde. Essa Caderneta é produzida em
nome do plano.
dois modelos distintos: um para a criança de sexo masculino
e outro para a criança de sexo feminino. Toda família que
tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa
caderneta, que servirá como fonte de dados que serão
coletados pelos ACS.
O ACS deverá transcrever para o seu cartão
sombra/cartão espelho os dados registrados na Caderneta
da Criança. Caso a família não a tenha, o ACS deverá
preencher o cartão sombra com base nas informações
referidas e orientar a família a procurar a unidade de saúde
em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via.

Ficha D
A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe
de saúde. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida
ao final do mês. O preenchimento desse instrumento deve
ser diário, considerando-se os dias efetivos de trabalho em
cada mês. O primeiro quadro da ficha, onde estão os
espaços para município, segmento, unidade etc., será
Depois, você deve anotar que tipo de socorro aquela preenchido pelo ACS com a ajuda do enfermeiro de sua
família está acostumada a procurar em caso de doença e unidade de saúde, que é o responsável pelo seu trabalho e
quais os meios de comunicação mais utilizados na casa. À que realizará a orientação e a supervisão.
direita, estão os quadros para anotar se aquela família Como a ficha é única para todos os profissionais, o ACS
participa de grupos comunitários e para informar que meios só irá anotar o que é específico do seu trabalho, que está no
de transporte mais utiliza. Para completar, vem o espaço verso da Ficha D. No quadro destinado a informar sobre os
para você escrever as observações que considerar “Procedimentos”, você vai registrar nas duas últimas linhas:
importantes a respeito da saúde daquela família. - Reuniões – você vai registrar o número de reuniões
realizadas por você, que contaram com a participação de 10
Ficha B ou mais pessoas, com duração mínima de 30 minutos e com
Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha o objetivo de disseminar informações, discutir estratégias de
mensalmente o estado de saúde das gestantes. A cada superação de problemas de saúde ou de contribuir para a
visita, os dados da gestante devem ser atualizados nessa organização comunitária.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Visita domiciliar – você vai registrar todas as visitas A visita domiciliária só se configura como parte do
domiciliares que você realizou, qualquer que seja a arsenal de intervenções de que dispõem as equipes de
finalidade. saúde da família, quando planejada e sistematizada. De
outra forma, configura uma mera atividade social.
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas A territorialidade proposta na estratégia de Saúde da
onde você deve anotar as notificações feitas por você sobre Família deverá eliminar um dos principais impedimentos para
as crianças menores de dois anos que tiveram diarreia e a implantação de Programas de Visita Domiciliária em
infecções respiratórias agudas. serviços de saúde, que é a disponibilidade de um meio de
- < 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia – transporte para o profissional realizar essa atividade.
registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29
dias que tiveram um ou mais episódios de diarreia, nos 15 Conceito e finalidade
dias anteriores à visita domiciliar. A VD constitui uma atividade utilizada com o intuito de
- < 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia e subsidiar a intervenção no processo saúde-doença de
usaram terapia de reidratação oral (TRO) – registrar o indivíduos ou o planejamento de ações visando a promoção
número de crianças com idade de até 23 meses e 29 dias de saúde da coletividade. A sua execução ocorre no local de
que tiveram diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar moradia dos usuários dos Serviços de Saúde e obedece uma
e usaram solução de reidratação oral (soro caseiro ou soro sistematização prévia.
de reidratação oral – SRO – distribuído pela Unidade de Ela possibilita ao profissional conhecer o contexto de
Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar as crianças vida do usuário do serviço de saúde e a constatação "in loco"
que utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos. das reais condições de habitação, bem como a identificação
- < 2a – Menores de dois anos que tiveram infecção das relações familiares.
respiratória aguda – registrar o número de crianças com Além disso, facilita o planejamento da assistência por
idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção permitir o reconhecimento dos recursos que a família dispõe.
respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar. Pode ainda contribuir para a melhoria do vínculo entre o
- Hospitalizações – você deve preencher esse quadro profissional e o usuário, pois a VD é interpretada,
cada vez que tomar conhecimento de qualquer caso de frequentemente, como uma atenção diferenciada advinda do
hospitalização de pessoas da comunidade onde você atua, Serviço de Saúde.
no mês de referência ou no mês anterior:
- Data – registre dia e mês da hospitalização. Objetivos
- Nome – anote o nome completo da pessoa que foi Eles devem ser estabelecidos considerando o(s)
hospitalizada. motivo(s) da sua solicitação e estar em consonância com a
- Endereço – anote o endereço completo da pessoa que finalidade para a qual a atividade foi proposta.
foi hospitalizada.
- Sexo – marque F para feminino e M para masculino. Pressupostos
- Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa Os pressupostos que orientam a VD são:
for menor de um ano, registrar a idade em meses. - nem toda ida ao domicílio do usuário pode ser
- Causa – registre a causa da hospitalização informada considerada uma VD;
pela família ou obtida por meio de laudos médicos. - para ser considerada uma VD, tal atividade deve
- Nome do hospital – anote o nome do hospital onde a compreender um conjunto de ações sistematizadas, que se
pessoa foi internada. iniciam antes e continuam após o ato de visitar o usuário no
domicílio;
O TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: - a sua execução pressupõe o uso das técnicas de
VISITAS DOMICILIARES; ATUALIZAÇÃO DE CADASTRO entrevista e de observação sistematizada;
DA FAMÍLIA E DE DOMICÍLIO; CONHECIMENTO DE - a realização da VD. requer um profissional habilitado e
TERRITÓRIO; NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA; AÇÕES com capacitação específica;
DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE - na elaboração dos objetivos da VD, é necessário
DA FAMÍLIA; PARTICIPAÇÃO DO AGENTE considerar os limites e as possibilidades do saber específico
COMUNITÁRIO DE SAÚDE EM ATIVIDADES COLETIVAS. do profissional/técnico que a executará.
- a relação entre o profissional e o usuário deve estar
Visitas domiciliares e Cadastramento familiar pautada nos princípios da participação, da responsabilidade
A visita domiciliária (VD) é um instrumento de compartilhada, do respeito mútuo (crenças e valores
intervenção fundamental da estratégia de Saúde da Família, relacionados ao processo saúde-doença) e da construção
utilizado pelos integrantes das equipes de saúde para conjunta da intervenção no processo saúde-doença.
conhecer as condições de vida e saúde das famílias sob sua - podem existir diferenças socioculturais e educacionais
responsabilidade. entre os profissionais e os usuários dos Serviços de Saúde,
Para isso, devem utilizar suas habilidades e que devem ser consideradas no planejamento e na execução
competências não apenas para o cadastramento dessas da VD;
famílias, mas, também, e principalmente, para a identificação - a intervenção no processo saúde-doença pode ou não
de suas características sociais (condições de vida e trabalho) ser uma ação integrante da VD.
e epidemiológicas, seus problemas de saúde e
vulnerabilidade aos agravos de saúde. Descrição da técnica de VD
A caracterização das condições de vida e trabalho A VD compreende as seguintes etapas:
dessas famílias permite compor os perfis de reprodução e - planejamento,
produção, respectivamente, os quais, por sua vez, permitirão - execução,
conhecer grupos distintos no território, homogêneos em - registro de dados e
função dessas características identificadas. - avaliação do processo.
As condições de saúde, a vulnerabilidade aos agravos e
as condições protetoras comporão perfis epidemiológicos O planejamento da VD
desses mesmos grupos sociais. É recomendado para que sua finalidade seja alcançada,
Certamente, tal caracterização não se esgota na visita o profissional atinja o rendimento previsto para a realização
domiciliária, pois todos os momentos de intervenção junto a dessa atividade e, ainda, para que tenha clareza e
essas famílias permitem aprimorar a captação desses dados. segurança no que irá fazer durante a visita.
Entretanto, por se dar no domicílio, a visitação possibilita O planejamento inicia-se com a seleção das visitas,
compreender parte da dinâmica das relações familiares. segundo os critérios estabelecidos pela equipe de saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É importante considerar o itinerário, o tempo a ser gasto para que o profissional possa fazer a auto avaliação na
em cada casa e o horário disponível do técnico e do usuário. realização da VD.
Colocar em primeiro lugar as VDs em que se gastará menos Os objetivos propostos foram atingidos?
tempo e deixar por último aquelas que demandam um O preparo para a realização da atividade foi adequado?
contato mais prolongado, como é o caso das doenças O tempo estimado foi cumprido?
transmissíveis. Os pressupostos da VD foram contemplados?).
Em seguida, deve-se estabelecer os objetivos da VD,
que irão orientar a revisão de conhecimentos necessária ATUALIZAÇÃO E CADASTRO
para embasar a entrevista com o usuário e a observação no DA FAMÍLIA E DE DOMICILIO
domicílio. Tal processo pode ser realizado através de leitura O cadastro de usuários no SUS-BH permite um
bibliográfica ou de outras fontes de informação. atendimento ágil, seguro e qualificado nas diversas unidades
Posteriormente, inicia-se a captação da realidade de vida de saúde. Este cadastro é feito preferencialmente no Centro
e saúde do usuário e dos seus familiares através da leitura de Saúde da área de abrangência do indivíduo, utilizando o
do prontuário e da troca de informações com os profissionais SISREDE. O acesso aos serviços do SUS-BH, salvo
que já tiveram contato com algum membro da família, a fim situações excepcionais, requer o cadastramento do usuário.
de selecionar os dados essenciais e pertinentes aos Nas áreas com cobertura da Estratégia de Saúde da Família,
objetivos da visita. além do cadastro do usuário, é feito também o cadastro de
A cada etapa realizada, preencher o impresso utilizado domicílio e família, vinculando o usuário a uma família e a
na realização da VD, que deve conter: número de cadastro um domicílio.
da família, quem realizou a VD, nome do(s) usuário(s),
endereço, objetivos e dados coletados previamente. Se Origem dos dados
possível, entrar em contato com o usuário antes da Os dados disponíveis são oriundos do Sistema de
realização da VD para agendar a data e o horário. Informação da Atenção Básica - SIAB e gerados a partir do
trabalho das equipes de Saúde da Família (ESF) e Agentes
A execução da VD Comunitários de Saúde (ACS).
Durante a visita, alguns cuidados devem ser observados Os Agentes Comunitários de Saúde, através das visitas
para evitar que a finalidade da atividade não seja alcançada: domiciliares, fazem o cadastramento das famílias, identificam
- adaptar o plano da VD, no caso de ocorrerem a situação de saneamento e moradia e fazem o
interferências durante sua realização e que podem impedir o acompanhamento mensal da situação de saúde das famílias.
alcance dos objetivos, para que na medida do possível as Com base nessas informações e mais os procedimentos
necessidades da família ali explicitadas possam ser realizados pelas Equipes de Saúde da Família na Unidade
atendidas; Básica de Saúde ou no domicílio, as Coordenações
- na chegada ao domicílio o profissional deve identificar- Municipais de Atenção Básica fazem mensalmente a
se e expressar de maneira informal mas com clareza os consolidação de seus dados e os enviam para as Regionais
objetivos da visita e de Saúde. Daí seguem para as Secretarias Estaduais,
- ser cordial no relacionamento, evitando os extremos da sempre fazendo as respectivas consolidações.
formalidade e da intimidade no contato com os usuários. As bases estaduais são enviadas mensalmente para o
Após esse contato preliminar, iniciar a entrevista ou Datasus, quando então é consolidada a base nacional.
executar os procedimentos previstos, segundo os objetivos É importante esclarecer que os relatórios emitidos pelo
propostos para a VD. SIAB, quando solicitados por Regional, Estado ou
Se a VD tiver como objetivo a coleta de dados, deve-se Nacional, excluem municípios que não informaram todos os
explicar o motivo da anotação das informações e destacar o meses do período selecionado, razão pela qual se poderá ter
caráter sigiloso do registro. indicadores diferentes no cruzamento das variáveis aqui
Durante a VD, realizar a observação sistematizada da disponibilizadas, a não ser que se utilize os mesmos
dinâmica da família e ao término, o profissional deve resgatar critérios.
os seus objetivos e fazer uma síntese do que foi realizado Somente o profissional ACS realiza o cadastro territorial
(se houve algum tipo de intervenção: procedimento, e individual, bem como a atualização destes cadastros.
orientação, encaminhamento, etc) para a família. Quando o cadastro for inserido no sistema por outro
profissional (Digitador ou ACS de outra área), deverá
Relatório da VD selecionar no campo “CNS do Profissional” o número do
Ao retornar à Unidade, o profissional deverá elaborar um Cartão SUS ou o nome do ACS da respectiva equipe e
relatório escrito sobre a VD e anexá-lo ao prontuário do microárea.
usuário ou utilizar o verso do próprio impresso usado para a Após a transmissão para a base federal não é possível a
realização da VD. exclusão do cadastro, ficando disponível apenas a opção de
O relatório é essencial para que as informações atualização do cadastro.
coletadas através da entrevista ou da observação sejam - Sempre que um cidadão mudar de endereço ou vier a
compartilhadas com os membros da equipe e para que não óbito é necessário a atualização de sua ficha de cadastro
se percam ao longo do tempo, subsidiando a continuidade da individual e se, o cidadão for o responsável familiar será
assistência à família. necessária também a atualização do cadastro
O relatório deve ser claro, objetivo, sintético, ter uma domiciliar/territorial desta família. Caso o cidadão seja
sequência lógica, ser iniciado com as informações colhidas, oriundo de outra área/microárea, notifique ao setor no qual
seguido das observações feitas e, por fim, as intervenções se encontrava anteriormente vinculado.
realizadas. - Após a atualização/correção das fichas de cadastro, a
Ainda no relatório, deve-se informar as necessidades da correção só será visualizada no Relatório Operacional de
família, que ela própria expressa ou que foram detectadas Cadastro Territorial após a transmissão dos dados para a
pelo profissional, e registrar, se houver, aspectos que base federal, função realizada somente com o perfil de
precisam ser explorados no próximo contato com a família. administrador.
O relatório deve ser apresentado à equipe, que tomará - Caso o cidadão tenha duplicidade de cadastro no
as providências necessárias para dar continuidade à território, orientamos que encaminhe nome do usuário para o
assistência à família. Administrador do Sistema identificando a ficha/CNS que será
utilizado a fim de que possamos inativar junto ao módulo
Avaliação do processo da VD cidadão do PEC e junto ao CADSUS Web; Orientamos,
A avaliação é necessária para que a equipe estabeleça o também, que imprima o CNS que será utilizado pela unidade
"passo seguinte" na assistência à família visitada e também, e oriente o usuário quanto a sua utilização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Caso o domicílio tenha duplicidade de cadastro no demandas por direitos, serviços e benefícios sociais, além
território, orientamos verifique o cadastro que será utilizado das potencialidades existentes, questões que vão embasar e
pela unidade e o cadastro que será inabilitado. NO cadastro qualificar o planejamento desta política.
que será inabilitado, no campo FAMÍLIA, atualize a ficha e Devido às peculiaridades e diferentes realidades
edite a linha do responsável cadastrado e selecione a opção encontradas nas várias regiões de um mesmo município, a
“mudou-se”. Confirme e salve a ficha. utilização do Diagnóstico Socioterritorial é a mais apropriada
pelo seu recorte territorializado. As relações sociais são mais
VIGILÂNCIA E DIAGNÓSTICO TERRITORIAL visíveis e mais fáceis de serem analisadas nos territórios,
pela questão da proximidade entre as pessoas, que podem
No campo da saúde, a vigilância está relacionada às ter identidade cultural e demandas semelhantes.
práticas de atenção e promoção da saúde dos cidadãos e Na elaboração do Diagnóstico Socioterritorial a atenção
aos mecanismos adotados para prevenção de doenças. com as informações levantadas é de suma importância.
Além disso, integra diversas áreas de conhecimento e Estas precisam evidenciar temas prioritários para a área em
aborda diferentes temas, tais como política e planejamento, questão como, por exemplo, incidência do trabalho infantil,
territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, pessoas idosas em situação de isolamento, alto índice de
condições de vida e situação de saúde das populações, pessoas sem renda, entre outras formas de violação de
ambiente e saúde e processo de trabalho. A partir daí, a direitos.
vigilância se distribui entre: epidemiológica, ambiental, Não é raro encontrar diagnósticos mais focados para as
sanitária e saúde do trabalhador. questões socioeconômicas amplas. Como, por exemplo,
A vigilância epidemiológica reconhece as principais saúde, educação, habitação entre outras, que não deixam de
doenças de notificação compulsória e investiga epidemias ser importantes, mas não estão diretamente relacionadas
que ocorrem em territórios específicos. Além disso, age no com o planejamento da Assistência Social.
controle dessas doenças específicas. É importante ressaltar que a elaboração do Diagnóstico
A vigilância ambiental se dedica às interferências dos Socioterritorial é uma das principais funções da Vigilância
ambientes físico, psicológico e social na saúde. As ações Socioassistencial. Com isso, apesar desta área estar ligada
neste contexto têm privilegiado, por exemplo, o controle da diretamente a área de Gestão do SUAS, deve manter
água de consumo humano, o controle de resíduos e o estreita relação com as áreas de Proteção Social Básica e
controle de vetores de transmissão de doenças – Proteção Social Especial, que são as responsáveis pela
especialmente insetos e roedores. organização e oferta dos serviços socioassistenciais.
As ações de vigilância sanitária dirigem-se, geralmente, Os CRAS, os CREAS e os Centros POP são unidades
ao controle de bens, produtos e serviços que oferecem riscos que fornecem informações importantes para a Vigilância
à saúde da população, como alimentos, produtos de limpeza, Socioassistencial, a fim de auxiliar na composição do
cosméticos e medicamentos. Realizam também a Diagnóstico. As equipes técnicas precisam estar atentas aos
fiscalização de serviços de interesse da saúde, como registros e armazenamento dos dados referentes aos
escolas, hospitais, clubes, academias, parques e centros territórios e perfil das famílias que acessam os serviços.
comerciais, e ainda inspecionam os processos produtivos Estas informações que contribuirão para o mapeamento
que podem pôr em riscos e causar danos ao trabalhador e de possíveis situações de risco e vulnerabilidade em
ao meio ambiente. determinado território.
Já a área de saúde do trabalhador realiza estudos, ações Toda informação produzida, a partir do trabalho realizado
de prevenção, assistência e vigilância aos agravos à saúde com as famílias nos territórios, pode ser uma rica fonte de
relacionados ao trabalho. dados, pois irá permitir o conhecimento do perfil e as
necessidades das famílias usuárias do SUAS. Estas
Diagnóstico Socioterritorial informações poderão ser adquiridas através de visitas
Quando precisamos intervir em uma situação faz-se domiciliares, acolhimento das famílias ou indivíduos e nas
necessário que busquemos a maior quantidade de atividades coletivas.
informações possíveis sobre ela. É praticamente improvável Não bastam informações apenas sobre risco e
uma intervenção qualificada e eficaz, seja em qual campo vulnerabilidades. É importante, também, dados sobre a rede
for, sem prévio conhecimento da realidade que se vai socioassistencial do território. Com isso, séra possível ter
enfrentar. conhecimento sobre o que já é ofertado e serve de base para
Uma intervenção requer busca por dados confiáveis e apresentação de propostas futuras de atendimentos.
análise destes a partir de olhar técnico e sistemático. Isso é Todos os dados colhidos pela equipe da Vigilância
possível com a elaboração do Diagnóstico Socioterritorial Socioassistencial são sistematizados e comporão o
que, na maioria das vezes, surge do propósito de interferir Diagnóstico Socioterritorial. Ele, por sua vez, dará origem a
em alguma realidade. O Diagnóstico possibilita análise Relatórios Técnicos que fornecem elementos para a tomada
interpretativa da situação e contribui para a elaboração de de decisão nas ações da Política de Assistência Social.
qualquer planejamento, porque antecede o estabelecimento
de possíveis alternativas. METODOLOGIA DE TRABALHO POR QUARTEIRÃO
Quando nos voltamos para a questão da proteção social, Planejar o percurso é uma etapa essencial do processo
entender as origens e causas dos problemas sociais é de trabalho do ACS. É um processo dinâmico e contribui
imprescindível, porque estes problemas podem estar para a organização do serviço, determinando o número de
diretamente relacionados às várias situações de visitas por dia e qual o local. O objetivo é otimizar o trabalho
vulnerabilidade e risco social. Por isso, profissionais que do ACS possibilitando que os usuários que necessitem mais
trabalham na área social, têm como principal função o recebam um número maior de visitas e com maior agilidade.
conhecimento do território onde atuam ou irão atuar. A metodologia de trabalho por quarteirão consiste no
Não é admissível um planejamento de intervenção acompanhamento das pessoas por quadras. Os dados
social, onde se queira alcançar objetivos, sem um prévio codificados por quarteirões permitem que se faça o
conhecimento das demandas locais. E, levando em georreferenciamento, com utilização de bases geográficas
consideração que falamos de Políticas Sociais, tais processadas pela Empresa de Informática e Informação do
demandas devem ser vistas como coletivas e não de forma Município de Belo Horizonte (Prodabel), possibilitando a
isolada. análise espacial das ações e dos indicadores
O Diagnóstico Socioterritorial, como ferramenta no epidemiológicos e operacionais, instrumentos balizadores
âmbito da Assistência Social, tem exatamente esta função: para tomadas de decisões. Essa lógica otimiza o tempo para
realizar o levantamento e análise da situação dos territórios identificação de agravos prevalentes e problemas na
no município. Com ele é possível saber quais as verdadeiras comunidade.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 29 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os quarteirões podem ser regulares, quando é que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão
circundado totalmente, ou irregulares, quando não é possível responsável. A cidadania deve ser entendida, nesse sentido,
circundá-lo totalmente. Todas as quadras possuem um como processo contínuo, uma construção coletiva que
código gerado pela Prodabel e fornecido para as unidades almeja a realização gradativa dos Direitos Humanos e de
de saúde através de mapas produzidos pela Gerência de uma sociedade mais justa e solidária.
Assistência, Epidemiologia e Regulação (GAERE). Esse
código é essencial para a lógica de trabalho na metodologia Cidadania na Constituição
do quarteirão. Na nossa carta magna, a cidadania consta como um dos
Para as equipes que trabalham na visita por arruamento, fundamentos da República Federativa do Brasil já no
a transição para a organização por quarteirão deve seguir os primeiro artigo:
seguintes passos: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
- A gerência da unidade deverá pactuar com a eSF da união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
unidade essa mudança; Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
- As ações deverão ser planejadas entre o gerente da como fundamentos:
unidade, o enfermeiro, o ACS e o encarregado da zoonoses; I – a soberania;
- Obter o mapa da área de abrangência com II – a cidadania;
representação dos quarteirões (caso a eSF não disponha III – a dignidade da pessoa humana;
desse mapa, solicitar cópia junto à GAERE; em áreas com IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
quarteirões irregulares, o ACS descreverá o perímetro do V – o pluralismo político.”
entorno do conjunto de domicílios que corresponderá a um
quarteirão incluindo a barreira geográfica; De acordo com o inciso LXXVII do artigo 5º da mesma
- Elaborar o croqui da área de abrangência; lei, os atos necessários ao exercício da cidadania devem
- Reconhecer famílias e número de pessoas em cada ser gratuitos.
quarteirão; A Lei Nº 9.265/1996 lista quais são esses atos e nos
- Encaminhar para a GAERE o levantamento do número ajuda a ter uma melhor ideia do que é cidadania segundo a
de pessoas e famílias por quarteirão para a redefinição das legislação brasileira:
microáreas de acordo com os critérios de risco; “Art. 1º São gratuitos os atos necessários ao exercício da
- Solicitar ao gerente da unidade a mudança de percurso cidadania, assim considerados:
dos ACS que encaminhará a solicitação para a GAERE que I – os que capacitam o cidadão ao exercício da
seguirá o fluxo da SMSA; soberania popular, a que se reporta o art. 14 da Constituição;
- Solicitar que todos os ACS representem o seu percurso II – aqueles referentes ao alistamento militar;
no croqui, seguindo a lógica de quarteirão da direita para III – os pedidos de informações ao poder público, em
esquerda; todos os seus âmbitos, objetivando a instrução de defesa ou
- Atualizar o cadastramento dos usuários, em a denúncia de irregularidades administrativas na órbita
consonância com as alterações feitas no percurso, a partir pública;
das visitas regulares aos domicílios de sua área de IV – as ações de impugnação de mandato eletivo por
abrangência; abuso do poder econômico, corrupção ou fraude;
- Transpor usuários do Programa Bolsa Família afetados V – quaisquer requerimentos ou petições que visem as
pela mudança de microárea, para sua nova equipe. garantias individuais e a defesa do interesse público.
VI – O registro civil de nascimento e o assento de óbito,
bem como a primeira certidão respectiva.”
NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA
A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que
A análise com a perspectiva da lei, é bom dizer, sempre
quer dizer cidade. Na Grécia antiga, considerava-se cidadão
é mais objetiva. Pense em um estrangeiro que adquiriu a
aquele nascido em terras gregas. Em Roma a palavra
cidadania brasileira, por exemplo.
cidadania era usada para indicar a situação política de uma O título não implica na obrigação de se adquirir hábitos
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. dos brasileiros, mas sim de ter os mesmos direitos e
Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos deveres de quem nasceu no Brasil perante a lei.
civis e políticos de um Estado. Em um conceito mais amplo, Mas há também a cidadania como aquilo que falamos na
cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão, e abertura do texto: a consciência do seu papel no todo.
consequentemente sujeito de direitos e deveres. Pratica um ato de cidadania aquele que exerce uma
A relação do cidadão com o Estado é dúplice: de um participação ativa em sua comunidade, visando promover o
lado, os cidadãos participam da fundação do Estado, e, bem comum.
portanto estão sujeitos ao pacto que o criou, no nosso caso a Por isso que o conceito e entendimento de cidadania
Constituição Federal de 1988. Portanto, sendo o Estado dos nunca é algo fechado, e sim um processo contínuo de
próprios cidadãos, os mesmos têm o dever de zelar pelo construção coletiva.
bem público e participar, seja através do voto, seja através
de outros meios, formais e informais, do acompanhamento e Exemplos de cidadania
fiscalização da atuação estatal. Você provavelmente exerce a cidadania mais do que
Ao mesmo tempo, os agentes estatais, como cidadãos pensa. Afinal, como viu antes, há uma lista grande de direitos
investidos de funções públicas, tem o dever de atuar com e deveres.
base nos princípios da legalidade, impessoalidade, Abaixo, confira alguns exemplos diversificados.
moralidade e publicidade, prestando contas de todos os seus
atos. Uma relação harmoniosa entre as expectativas dos Voto
cidadãos e a atuação estatal é o ideal a ser alcançado por Já virou até um clichê dizer que votar é exercer a
qualquer sociedade. cidadania.
Mas nem tudo depende apenas do Estado. O conceito Como o sufrágio é ao mesmo tempo um direito (para
de cidadania vai muito além, pois ser cidadão significa quem tem acima de 16 anos) e um dever (para pessoas com
também tomar parte da vida em sociedade, tendo uma 18 a 70 anos), é mesmo um ótimo exemplo.
participação ativa no que diz respeito aos problemas da
comunidade. Segundo Dalmo de Abreu Dallari: “A cidadania Lei da Ficha Limpa
expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a A Lei da Ficha Limpa é um excelente exemplo de
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo exercício de cidadania, pois foi originada de um projeto de lei
de seu povo”. de iniciativa popular, que contou em sua apresentação com
Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre cerca de 1,6 milhão de assinaturas.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 30 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ou seja, a ideia da lei foi concebida pela população, e Devido a muitas mudanças na História, a sociedade é
não pelos governantes dos poderes Executivo e Legislativo. outra e a nossa moral também mudou. O que antigamente
era considerado imoral, hoje pode não ser mais. Sabemos
Mutirões de limpeza que essas designações quase sempre espelham valores
Quando uma entidade beneficente, associação de bairro pessoais, razão pela qual nem sempre há um perfeito acordo
ou grupo de pessoas qualquer organiza um mutirão para no julgamento de atitudes entre as pessoas.
limpar um local público, está zelando pela natureza e pelo Já com a ética é diferente. A ética seria um conjunto de
patrimônio do país. padrões de condutas compartilhadas por todas as pessoas, e
Socorrer uma vítima de acidente que, desde a filosofia do grego Aristóteles, está relacionada
Se você vê uma pessoa se acidentando, é seu dever a uma noção de justiça. É lógico que o que é justo ou não
ajudar no que for possível, seja chamando um serviço de muda ao longo da História e depende do ponto de vista de
atendimento médico ou prestando os primeiros socorros. cada cultura. Porém, na ética, buscam-se valores que são
universais, baseados na noção de justiça, como, por
Utilizar o sistema público de saúde exemplo, o direito à vida.
A Constituição Federal estabelece a saúde como um dos
direitos sociais de todos os brasileiros. A MORALIDADE E A ÉTICA NA FUNÇÃO PÚBLICA
Utilizar o sistema público de saúde é, portanto, exercer A moralidade, apesar de estar mais relacionada à
esse direito. conduta pessoal, também determina atos e políticas da
administração pública. A moralidade administrativa e a ética
Ética na administração não representam senão uma das faces da
Ética é a área da Filosofia que que estuda o moralidade pública que se sujeita ao controle social, pois a
comportamento humano e sua relação com as normas. Ela, moralidade é encontrada nos julgamentos que as pessoas
essencialmente, reflete os princípios e os valores morais fazem sobre a conduta e não na própria conduta.
questionando se certas formas de agir contribuem ou não Assim sendo, em se tratando de moralidade pública,
para a vida na sociedade, cujo objetivo é a justiça social. torna-se imperioso reivindicar-se alto grau de generalidade e
A ética garante princípios com que, de alguma forma, autoridade, resultando, então, do julgamento respectivo, em
todos nós concordamos e que foram aceitos por aqueles que caráter objetivo e público, não um ato individual e privado.
fazem parte da nossa sociedade. A Ética representa uma abordagem sobre as constantes
Portanto, a ética é fundamental para regulamentar as morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou
relações entre todos nós. menos permanente no tempo e uniforme no espaço.
Se buscarmos a origem da palavra, sua etimologia Direito e Moral são conceitos que fazem parte da noção
origina-se no grego: ética vem de ethos = costumes, mores = de justiça, considerando que toda ação estatal é dirigida à
moral. Isto significa que a “ética” já era estudada pelos satisfação do interesse coletivo inserido no Estado
gregos na antiguidade e era considerada uma ciência do Democrático, que se destina a assegurar o exercício dos
comportamento moral dos homens em sociedade. direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
Portanto, ética é uma ciência do comportamento moral bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
dos homens a ser estudada no campo da filosofia. Chegando valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
a outra definição que complementa a primeira: sem preconceitos, fundada na harmonia social, nos exatos
“Ética é um conjunto de regras morais que regulam a termos do preâmbulo da Constituição Federal.
conduta e as relações humanas”. A justiça como conceito moral significa a aplicação
Sabendo que ética, é um conjunto de regras morais, é imparcial de normas de conduta que sejam imparciais, não
importante entender o que é moral, afim de não se confundir discriminando sem fundamento em lei ou em regras
ética e moral. determinadas pessoas ou determinados fins, pois o ato justo
Como exemplo, vamos imaginar uma mulher vestida com sempre serve a fins considerados bons.
uma roupa muito transparente ou que exponha muito o Em contraste, identifica-se com a observância de certas
corpo, e outra pessoa se expressa censurado essa forma de restrições na busca de fins.
vestir. Logo, o ato dotado de justiça e moral deve respeitar
Nesse caso, um indivíduo julgou o comportamento do estas restrições na ação, quaisquer que sejam os fins
outro e, para os seus costumes, aquele modo de vestir é desejados.
inapropriado. É bem possível que, para outra pessoa, essa O agente público, ao atuar, não poderá desprezar o
situação nem chame a atenção. Da mesma forma ocorreram elemento ético de sua conduta.
os primeiros contatos entre os grupos indígenas que viviam Ao ter que decidir entre o honesto e o desonesto, por
no Brasil e os europeus colonizadores, que consideravam considerações de direito e de moral, está cingido a uma
uma imoralidade as vestimentas dos indígenas, o uso de escolha que seja mais eficiente na maior clareza para a
grafismos, pinturas e adornos. administração, e o ato administrativo produzido não se
Achavam que estes estavam “nus” pelo fato de não poderá se contentar com a mera obediência à lei jurídica,
usarem as mesmas roupas e adornos aos quais eles exigirá também à vitória da ramificação moral e a estrita
estavam acostumados e isso, portanto, causava grande correspondência aos padrões éticos internos da própria
espanto. Analisando a situação do ponto de vista dos grupos instituição.
indígenas, a forma de vestir é outra, diferente da do europeu O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
e, o corpo não precisava de toda aquela roupa com o calor do Poder Executivo Federal define com muita clareza o
tropical do Brasil. assunto.
Os indígenas também deveriam achar esquisito (não “II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
necessariamente imoral) o jeito como os “brancos” estavam elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
vestidos, cobertos de roupa até o pescoço. somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
Como podemos ver, moral dependerá muito de alguns conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
referenciais como: quem somos, onde moramos, a qual mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
cultura pertencemos e em que época histórica vivemos. consoante às regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
Imaginem-se esses mesmos europeus colonizadores nos Constituição Federal.
vissem caminhando pelas ruas com as vestimentas que III - A moralidade da Administração Pública não se limita
usamos hoje, ou se as pessoas que viveram no final do à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da
século XIX vissem as mulheres usando calças, trabalhando e ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre
tendo os mesmos direitos que os homens. Isto, certamente, a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é
seria considerado uma imoralidade. que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A moralidade administrativa constitui-se, modernamente, A ética da Administração é garantia da observância do
num pressuposto de validade de todo ato da Administração interesse coletivo. A ética na Administração consubstancia-
Pública. se na proteção do indivíduo contra a própria Administração.
A moral administrativa é imposta ao agente público para A partir do momento em que a Constituição Federal, em
sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a seu art. 37, inseriu o principio da moralidade administrativa
que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum. entre os de observância obrigatória pela Administração
A legitimidade, enquanto espécie de projeção de um Pública, ela veio permitir que o ato administrativo imoral
conceito exterior que deve estar acima de todos os atos fosse considerado tão inválido quanto o ato administrativo
administrativos, define-se pela interpretação de três valores ilegal.
fundamentais – ou de atributos, como preferem alguns – que O poder judiciário, no julgamento de ação de qualquer
revestem os atos e que são a moralidade, legalidade e natureza, pode ingressar no exame da moralidade
finalidade. administrativa para salvaguarda dos interesses individuais e
As leis que disciplinam o modo de atuação da sociais, avaliando o comportamento ético da e na
Administração Pública frequentemente podem ensejar, pelo Administração Pública.
critério discricionário, atuação em sentidos quase contrários - fazer uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
sem que, do ponto de vista estrito da legalidade, se possa tempo, posição e influências, para obter qualquer
punir qualquer um dos procedimentos de desamparados pela favorecimento, para si ou para outrem;
legislação. - pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
A legalidade é condição necessária, mas não suficiente, tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
para a legitimidade dos atos administrativos. doação ou vantagem de qualquer espécie, pelo cumprimento
Deve prevalecer uma ligação necessária entre validade e de sua missão ou para influenciar outro servidor para o
moralidade, pois o tratamento diferente para iguais casos mesmo fim;
concretos traz efeitos e consequências da violação da ordem - aceitar presentes, salvo no caso de brindes que não
jurídica e da posição do Estado como anjo guardião tenham valor comercial ou sejam distribuídos por entidades
(tutelador) dos direitos. de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda,
É indispensável – para adequação ética do ato divulgação habitual ou por ocasião de eventos especiais ou
administrativo – que as soluções possíveis de serem datas comemorativas, desde que não ultrapassem o valor de
adotadas sejam todas válidas perante o direito, pois não há estabelecido em lei;
discricionariedade diante de uma solução ilegal que se - fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
apresente ao administrador. âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
O dever de probidade decorre diretamente do princípio parentes, de amigos ou de terceiros.
da moralidade que lhe é anterior e hierarquicamente superior
pelo maior grau de superioridade que os princípios têm em Benefícios da ética no trabalho
relação dos deveres. Pode-se dizer que a probidade é uma O profissional ético é, naturalmente, admirado, pois o
das possíveis formas de externação da moralidade. respeito pelos colegas e pelos clientes é o que dá destaque
É a via onerosa da moralidade, posto que esse dever a esse colaborador.
tem um cunho patrimonial. A ética seria uma espécie de filtro que não permite a
O bom agente público é o que, usando de sua passagem da fofoca, da mentira, do desejo de prejudicar um
competência para o preenchimento das atribuições legais, se colaborador, entre outros aspectos negativos.
determina não só pelos preceitos vigentes, mas também pela E é necessário ressaltar que os líderes são profissionais
moral comum. Se os primeiros delimitam as fronteiras do éticos, ou devem ser, para desenvolver as competências do
lícito e do ilícito, do justo e do injusto positivos – a segunda cargo com êxito. Os que optam pela ética preferem oferecer
espera dele conduta honesta, intrínseca e extrinsecamente feedbacks, em vez de deixar o ambiente de trabalho
conforme a função realizada por seu intermédio. desarmônico, e são honestos quanto às próprias condições,
A moralidade, no âmbito da Administração Pública, há de ou seja: não inventam mentiras para se ausentar das falhas.
ser vista segundo um duplo critério, o da moralidade objetiva Cultivar a ética profissional no ambiente de trabalho traz
e da moralidade subjetiva. benefícios e vantagens a todos, uma vez que ela proporciona
Existem graus de objetividade no bem e no mal moral. crescimento à empresa e a todos os envolvidos. Com uma
Pode acontecer de atos que, embora pareçam bons e legais conduta ética bem estruturada é possível, do trabalho em
em si, trazem consigo um predomínio de interesses díspares equipe e respeito mútuo entre todos colaboradores.
em relação à finalidade.
O aspecto moral subjetivo do ato administrativo deve ser Princípios Gerais ético do Serviço Público
determinado pela intenção concreta, considerada não - Os servidores públicos devem ser leais as suas
somente em si, como também nos meios pelos quais pode Constituições, leis e princípios éticos acima dos interesses
ser efetuado e nas circunstâncias que possam manter privados;
alguma relação com a ordem moral. - Os servidores não poderão ter interesses financeiros
Na expressão interesse público oculta-se o valor de que causem conflitos ao desempenho de sua atividade;
moralidade, ética, independência, honestidade objetiva e - Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando
subjetiva da Administração em relação a rigorosamente informações governamentais para seu próprio interesse.
todos os assuntos que dizem respeito às relações da Além disso, não poderão fazer promessas não autorizadas
Administração no âmbito interno e externo. que comprometam o governo;
O princípio-fim de probidade administrativa, que reveste - Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de
o interesse de observância de máxima economia dos suas funções;
recursos do Estado não pode justificar, pela Administração, a - Os servidores não poderão aceitar presente ou item de
prática de atos que nas relações privadas sejam condenados valor de qualquer pessoa ou instituição em busca de
benefícios, nem realizar atividades não reguladas ou
pela moral, ou ao menos revestidos de incontornável
permitidas pelo órgão do servidor;
pejoração ética.
- Os servidores não poderão usar seu cargo para ganhos
O conceito de legitimidade administrativa está
privados;
impregnado de uma rígida e substanciosa camada de
- Os servidores devem agir com imparcialidade e não
observância aos princípios ativos da moralidade e da ética
devem dar tratamento diferenciado a nenhuma organização
da Administração em suas múltiplas relações. individual ou privada;
A Administração está obrigada numa ética de dupla mão - Os servidores deverão proteger e conservar o
de sentido – a ética da Administração e a ética na patrimônio do Estado, não os utilizando para fins não
Administração dos negócios públicos. autorizados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Os servidores deverão confessar fraudes, corrupção, Ressalta-se a necessidade de fazer reflexões sobre a
desperdícios e abusos as autoridades responsáveis. ESF como um possível instrumento de educação em saúde
- Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas para o acesso da população as informações acerca de sua
obrigações de cidadãos, incluindo obrigações financeiras; saúde, construção da cidadania em busca de sua autonomia
- Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e (BRASIL, 2005; BESEN, 2007; ESCOREL; GIOVANELLA;
leis que asseguram oportunidades iguais para todos; MENDONÇA, 2007). Além disso, fomenta-se a socialização
- Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a dos saberes acerca do ESF e SUS, com o intuito de
aparência de que estão violando as leis ou normas éticas. incentivar a participação social nos determinantes e
condicionantes de sua saúde.
AÇÕES DE EDUCAÇÃO A ESF tem suas atividades voltadas para a educação em
EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA saúde, sendo o papel central de uma prática educativa a
promoção da saúde, tendo em vista que a mesma refere-se
A Estratégia Saúde da Família surgiu no Brasil como a um conjunto de atividades orientadas a promover
uma estratégia de reorientação do modelo assistencial a melhorias das condições de saúde e acesso a bens e a
partir da atenção básica, trabalhando de acordo com os serviços sociais (BESEN, 2007).
princípios do Sistema Único de Saúde. A mesma surgiu a Podem-se descrever as atividades com os grupos
partir da busca por novos modelos de assistência programáticos de hipertensos, diabéticos, gestantes, grupo
substituindo dessa maneira o modelo tecnicista,
da terceira idade dentre outros, grupo de jovens como
hospitalocêntrico. Dessa maneira, a ESF aparece como uma
aqueles que são realizados dentro das equipes da ESF.
nova forma para se trabalhar a saúde, tendo a família como
foco principal de atenção e não somente o indivíduo doente, Sendo que o trabalho com grupos programáticos ou
no intuito de intervir em saúde (ROSA, 2005). temáticos tem sido considerado como uma das principais
Além disso, essa estratégia surgiu com a finalidade de atividades do ESF. Nesses grupos, os pacientes participam
contribuir para a redução das mortalidades infantil e materna, ativamente da construção do seu saber, além disso, são
por meio da expansão da cobertura dos serviços de saúde assistidos regularmente pelas equipes de saúde durante
para as áreas mais carentes. Os serviços básicos de saúde reuniões.
têm seu foco voltado para família como unidade de ação Assim, ressalva-se que além do monitoramento da
programática de saúde, ou seja, cobertura realizada por saúde, tais reuniões permitem a divulgação de informações a
família (VIANA; DAL POZ, 1998; MACHADO, 2007). respeito do tema discutido, contribuindo dessa maneira para
Após a implantação do PSF no Brasil, pode-se observar a educação do paciente ou dos responsáveis por ele, em
um processo de mudança incremental do modelo
relação aos cuidados com a saúde e ao sucesso dos
assistencial da atenção básica, revelando avanços na
incorporação de novas práticas profissionais na atenção tratamentos (BRASIL, 2005).
primária e na criação de vínculos entre a equipe de saúde da Nessas atividades realizadas por equipes
família e as famílias cadastradas (ESCOREL; GIOVANELLA; interdisciplinares promovem-se intervenções educativas e de
MENDONÇA, 2007). Nesse processo de transformação do sensibilização mais eficazes, por meio de uma abordagem
modelo assistencial, surge o trabalho em equipe dinâmica e participativa, possibilitando um maior alcance da
interdisciplinar e a inclusão da família como foco de atenção população e favorecendo a interação dos participantes nas
básica, superando o cuidado individualizado com foco na atividades promovidas (BRASIL, 2005; SOUZA; CARVALHO,
doença, ultrapassando o modelo biomédico de cuidado em 2003). Sendo que há uma preocupação em difundir a
saúde (RIBEIRO, 2004). O PSF visa o trabalho voltado para informação de maneira acessível e contextualizada, levando
promoção da saúde, aspirando à integralidade da assistência em conta as capacidades e peculiaridades do público ao qual
ao usuário como foco no sujeito e na família (DA ROS, 2006; se dirijam. Uma vez que o indivíduo é o único capaz de
BRASIL, 1997; RONCOLLETA, 2006). promover sua transformação e aprimoramento pessoal,
pode-se perceber que as intervenções realizadas em grupos
As práticas educativas inseridas na Estratégia Saúde incentivam à autonomia e responsabilização do paciente pelo
da Família seu próprio estado de saúde. Pois, sabe-se que à medida
Não é uma tarefa fácil adquirir profissionais aptos para que o sujeito toma para si o poder de controlar sua própria
trabalharem nesse novo modelo de assistência. Pois eles vida, ele adquire a possibilidade de desenvolver suas
deverão repensar as práticas educativas dentro de uma potencialidades pessoais, respondendo as demandas
visão voltada para a promoção da saúde (GIL, 2005; necessárias de acordo com suas possibilidades individuais
BRASIL, 2003; BRASIL, 2005). (SOUZA; CARVALHO, 2003). Essas atividades de grupo são
Essa dificuldade acontece em decorrência do modelo de realizadas pela equipe multidisciplinar (ESCOREL;
formação destes profissionais, de modo hospitalocêntrico, GIOVANELLA; MENDONÇA, 2007).
biologicista, modelo fragmentado, chamado flexneriano, em
que se utilizam metodologia de ensino vertical e não
problematizador (CUTOLO, 2000). PARTICIPAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO
Para se fazer a educação em saúde faz-se necessário DE SAÚDE EM ATIVIDADES COLETIVAS:
adotar um modelo, tendo em vista isso, utiliza-se o Estilo de SAÚDE DA MULHER, SAÚDE DA CRIANÇA,
Pensamento (EP) hegemônico. SAÚDE DO ADULTO, SAÚDE DO IDOSO,
Esse estilo pensamento é visto como modos de ver,
entender e conceber, o que resulta em conhecimentos e
práticas compartilhados por um coletivo com formação
específica (CUTOLO, 2000). Para realizar educação em Saúde da mulher
saúde os profissionais devem utilizar pensamentos e O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher
linguagem específica, em que se faz uso de termos técnicos envolve ações que abrangem a assistência em todas as
e direcionamento das observações e dos problemas (DA fases da vida, clínico ginecológico, no campo da reprodução
ROS, 2000). (planejamento familiar, pré-natal, parto e puerpério) como
Entretanto, esse modelo gera um novo modo de trabalho nos casos de doenças crônicas ou agudas (câncer de colo
na saúde que contempla atividades curativas e de útero e mama).
reabilitadoras. E não voltadas a para a integralidade da O conceito de assistência reconhece o cuidado médico e
atenção, com a incorporação das ações de promoção da de toda a equipe de saúde com alto valor às praticas
saúde, processo de capacitação da comunidade para atuar educativas, entendidas como estratégia para a capacidade
na melhoria da qualidade de vida e saúde (BRASIL, 2003).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
crítica e a autonomia das mulheres. estados e municípios são algumas das conquistas
Planejamento familiar alcançadas ao longo dos últimos anos.
O planejamento familiar no Brasil é regulamentado pela O Programa Saúde do Idoso tem por alvo, todo cidadão
lei 9.263 de 12 de janeiro de 1996, baseia-se no respeito aos brasileiro com 60 anos ou mais de idade e, tem por objetivo
direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. Consiste em recuperar, manter e promover a autonomia e a
refletir sobre o desejo de ter ou não ter filhos, decidir e independência dos indivíduos idosos, direcionando ações
escolher a forma de realizá-lo. Pode ser feito pelo homem, coletivas e individuais de saúde para esse fim.
pela mulher ou pelo casal – adolescente, jovem ou adulto –, Esse programa visa estimular a prevenção de doenças
independentemente de terem ou não uma união estável ou comuns ao envelhecimento, prevenção de quedas, e ao
de constituírem uma família convencional. mesmo tempo o diagnóstico precoce de determinadas
limitações próprias desse processo natural do indivíduo.
Pré-natal As principais ações que envolvem a saúde do idoso
O pré-natal possibilita prevenir, identificar precocemente concentram-se em:
e tratar os problemas que possam afetar a saúde do bebê a - Caderneta do Idoso;
da mulher, e quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de - Vacinação;
gravidez, melhor será o acompanhamento do - Promoção de hábitos saudáveis;
desenvolvimento do bebê e das alterações que ocorrem no - Orientações quanto ao ambiente seguro e prevenção
corpo da mulher. de quedas;
O pré-natal é o primeiro passo para cuidar da saúde da - Uso correto de medicamentos;
gestante e do bebê. A mulher deve receber o cartão da - Saúde Bucal e,
gestante ao iniciar o acompanhamento do pré-natal. - Política de Assistência Social.
Esse cartão é um documento que acompanha toda essa
importante fase na vida mulher e da família e serve como Saúde da criança
apoio e referência aos serviços de saúde e diferentes Para o Agente Comunitário de Saúde o
profissionais que atenderão a gestante, inclusive na acompanhamento de crianças é uma etapa fundamental e
maternidade. prioritária de seu trabalho, desenvolvendo ações de
Recomenda-se que a mulher faça no mínimo 06 prevenção de doenças e agravos e de promoção à saúde.
consultas durante o pré-natal e uma de puerpério (após o Entre as ações de prevenção das doenças e promoção à
parto) até 42 dias. saúde, está o incentivo ao cumprimento do calendário
vacinal, a busca ativa dos faltosos às vacinas e consultas, a
Prevenção do câncer de mama e de colo de útero prevenção de acidentes na infância, o incentivo ao
As alterações na mama podem ser detectadas aleitamento materno, que é uma das estratégias mais
precocemente na unidade de saúde por meio da realização eficazes para redução da morbimortalidade (adoecimento e
do exame clínico das mamas pelo médico e/ou enfermeiro. O morte) infantil, possibilitando um grande impacto na saúde
Agente Comunitário de Saúde pode orientar a mulher a integral da criança.
realização do autoexame das mamas. O autoexame das
mamas deve ser realizado uma vez por mês, a melhor época Dentre essas, destacamos:
é uma semana após a menstruação. Para as mulheres que Triagem neonatal
não menstruam (menopausadas ou que fazem uso de O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem
anticoncepcionais sem interrupção), o autoexame deve ser parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal (recém-
feito em um mesmo dia de cada mês à sua livre escolha, por nascido), criado em 2001 pelo Ministério da Saúde, com
exemplo, todo dia 15. objetivo de diagnosticar diversas doenças a tempo de fazer o
O câncer de colo de útero pode ser detectado tratamento precocemente, reduzindo ou eliminando
precocemente por meio do exame preventivo do câncer sequelas, como o retardo mental, surdez e cegueira.
cérvico uterino (PCCU), também conhecido como exame
citopatológico de colo uterino ou Papanicolau. O exame é Teste do pezinho
realizado nas unidades de saúde. O teste do pezinho deve ser realizado imediatamente
entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê. A partir
Quem deve fazer o Papanicolau? desse prazo, oriente para fazer o exame o mais cedo
- Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve possível, preferencialmente dentro de 30 dias após o
submeter-se a exame preventivo, especialmente se estiver nascimento.
na faixa etária dos 25 aos 64 anos de idade; O exame revela doenças que podem causar graves
- Mulheres grávidas podem fazer tranquilamente o problemas ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que
preventivo sem prejuízo para si ou para o bebê. são irreversíveis se não diagnosticadas e logo tratadas. Por
Inicialmente, o exame deve ser feito uma vez por ano. isso a importância da sua realização o mais cedo possível.
Se em dois anos seguidos, o exame apresentar
resultado normal poderá ser repetido a cada três anos. Teste da orelhinha
Para realização do exame, são necessários alguns É um exame que pode detectar precocemente se o bebê
cuidados: tem algum problema de audição. Ele é realizado no próprio
- Não ter relações sexuais com penetração vaginal, nem berçário, quando o bebê está quieto dormindo, de
mesmo com camisinha, 48 horas antes do exame; preferência nas primeiras 48 horas de vida, mas pode ser
- Não usar duchas ou medicamentos vaginais e feito após alguns meses de vida, em outro serviço de saúde
anticoncepcionais locais 48 horas antes do exame; conveniado, se a maternidade não tiver fonoaudiólogos para
- Não deve ser feito quando estiver menstruada, pois a realizar o exame. O exame não dói, não incomoda, não
presença de sangue pode alterar o resultado. acorda o bebê, é barato, fácil de ser realizado, não tem
contraindicação e é eficaz para detectar problemas auditivos.
Saúde do idoso
Sabe-se que as pessoas estão vivendo mais e o Teste do olhinho
fenômeno do envelhecimento populacional, entre outros Também conhecido como exame do reflexo vermelho,
aspectos está diretamente relacionado aos avanços da ele pode detectar diversos problemas nos olhos, o mais
saúde pública. importante é a catarata congênita.
As vacinas, a melhoria de condições de saneamento Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade,
ambiental, o maior acesso da população aos serviços de mas pode ser feito na UBS/USF pelo médico treinado, nos
saúde, a maior cobertura da atenção primaria à saúde em três primeiros anos de vida.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 34 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Acompanhamento do crescimento e Muitas investigações em torno da saúde do adulto
desenvolvimento da criança (entende-se por adulto idade entre 20 e 59 anos) tem como
O acompanhamento do crescimento e do objetivo compreender o processos saúde-doença, sendo que
desenvolvimento da criança, também conhecida como alguns contemplam a situações crônicas de saúde,
puericultura, faz parte das prioridades de equipe na unidade especificamente; dentro desse esforço de ampliar a
de saúde e também deve ser acompanhado pelo ACS discussão sobre o processo saúde-doença, busca-se
durante a visita domiciliar (VD). compreender a condição crônica de saúde do adulto numa
Na rede de atenção primária, existe o cronograma de perspectiva de viver com saúde, uma vez que as pessoas
acompanhamento periódico com equipe multiprofissional nessa condição buscam promover adaptações, de modo a
(médico, enfermeiro, nutricionista) desde o nascimento até equilibrar os danos e limitações causados pelas doenças, ou
10 anos de idade. situações de vida ou com medidas de promoção de saúde.
A avaliação do CD (Crescimento e Desenvolvimento) é Os programas que envolvem a saúde do adulto são:
realizada em todas as consultas realizadas pela equipe. Saúde do Homem, Saúde da Mulher e doenças mais
incidentes neste grupo (hanseníase, tuberculose, diabetes
Crescimento mellitus, hipertensão arterial).
É o aumento do corpo como um todo. A altura faz parte
do crescimento, que é a medida em centímetros, e o peso, Saúde do homem
em quilogramas. Diferentemente das mulheres, os homens não costumam
procurar os serviços de saúde. A baixa procura tem o fator
Desenvolvimento cultural como uma das explicações: o homem é criado para
É o amadurecimento das funções do corpo. ser provedor, ser forte, não chorar, não adoecer.
É o que faz com que a criança aprenda a segurar Para muitos, doença é sinal de fragilidade, de fraqueza.
objetos, relacionar sons e comportamentos, falar, andar, Isso faz com que não busquem antecipadamente ajuda
coordenar seus movimentos e ações, sentir, pensar e se nos serviços de saúde, levando-os à morte por doenças que,
relacionar com os outros e com o meio a sua volta. se diagnosticadas mais cedo, poderiam ser evitadas.
Os homens estão mais expostos aos riscos de
Caderneta de saúde da criança adoecerem por problemas relacionados à falta de exercícios
A Caderneta de Saúde da Criança existe para físicos, alimentação com excesso de gordura, aumento de
acompanhar e avaliar o crescimento e desenvolvimento até peso e à violência por causas externas (brigas, acidentes no
os 10 anos. Existe uma caderneta para meninas e outra para trânsito, assassinatos, homicídios etc.).
meninos porque o seu crescimento é diferente. É importante reverter o preconceito e sensibilizar os
homens para a mudança dessa forma de pensar e agir, por
A unidade de saúde e o agente comunitário de saúde
isto, é necessário que seja dado um direcionamento para
devem ter uma cópia da ficha vacinal e do gráfico de
que o homem procure a unidade básica de saúde buscando
crescimento de cada criança, essa cópia é conhecida como
a prevenção e o tratamento das doenças. Os problemas
cartão sombra ou cartão espelho. Isso ajudará no
mais comuns que afetam a saúde dos homens são:
acompanhamento sobre a saúde e o crescimento e
disfunção erétil, câncer de próstata e de pênis.
desenvolvimento da criança.
Disfunção erétil
Orientações alimentares para a criança A disfunção erétil é popularmente conhecida como
Nos primeiros seis meses, o bebê só deve receber o leite impotência sexual, pode ser de grande importância, pois esta
materno. repercute na vida familiar e no convívio social do indivíduo,
Ele deve ser oferecido todas as vezes que o bebê quiser, muitas vezes sendo causa de sofrimento psíquico para ele.
inclusive à noite. Após os seis meses, introduzir novos A disfunção erétil afeta principalmente homens de faixa
alimentos, continuando com o aleitamento materno até os etária mais elevada, mas pode também estar presente em
dois anos ou mais. indivíduos mais jovens.
A partir dos seis meses, as papas de frutas, legumes, A disfunção erétil pode estar relacionada a causas
carnes e cereais podem ser feitas com alimentos da região. orgânicas e psicológicas dentro destas destacamos:
No início o bebê come em pouca quantidade e coloca - Psicológicas: ansiedade, depressão, culpa.
parte da comida para fora, até aprender a engolir e se - Orgânicas: hipertensão, diabetes, alterações
acostumar com o gosto do novo alimento. hormonais, uso de drogas (fumo, álcool, antidepressivos,
É importante orientar os cuidadores do bebê a terem maconha, heroína, cocaína e outros).
paciência em caso de resistência na aceitação de um novo
alimento. Insistir na oferta de oito a dez vezes e quantas Câncer de próstata
vezes julgar necessário. O câncer de próstata surge quando, por razões ainda
Nas visitas domiciliares, o ACS reforça as orientações não conhecidas pela ciência, as células da próstata (glândula
quanto ao aleitamento materno exclusivo, alimentação, a que se localiza na arte baixa do abdômen no homem)
manter o esquema de vacinação sempre atualizado, medidas passam a se dividir e se multiplicar de forma desordenada,
para higiene e cuidado com a criança, acompanhamento do levando à formação de um tumor. Alguns desses tumores
crescimento e desenvolvimento, sinais de violência e maus podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros
tratos. órgãos do corpo e podendo levar à morte. Uma grande
Assim estará contribuindo para a manutenção e maioria, porém, cresce de forma tão lenta que não chega a
promoção à saúde das crianças das famílias que moram na dar sintomas durante a vida e nem a ameaçar a saúde do
área de atuação. homem. A prevalência de câncer de próstata se dá em
homens com idade superior a 50 anos e naqueles com
SAÚDE DO ADULTO historia de pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60
Atualmente, a ciência tem avançado através de anos. Sabe-se que a adoção de hábitos saudáveis de vida é
descobertas que vem proporcionando ao homem capaz de evitar o desenvolvimento de certas doenças, entre
oportunidades de prolongar, consideravelmente, seu tempo elas o câncer, no entanto, não são conhecidas formas
vital, refletindo-se na sua expectativa de vida. especificas de prevenção do câncer de próstata.
O homem vem perseguindo essa intenção desde a era
primitiva, buscando entender as questões de vida e morte Câncer de pênis
como inquietações fundamentais. O câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência
Diante disto, a investigação sobre doenças passa a ser em indivíduos a partir de 50 anos de idade, muito embora
necessidade essencial para a sobrevivência dos homens. tumores malignos do pênis podem ser encontrados em
indivíduos jovens.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 35 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Este câncer atinge o pênis (órgão sexual masculino) e Estados Unidos, e a sua causa — o HIV — foi identificada na
está muito ligado às condições de higiene intima do individuo primeira metade da década.
e as baixas condições socioeconômicas e de instrução, e à Desde a sua descoberta, a AIDS causou a morte de
má higiene íntima de indivíduos não circuncidados (fimose). aproximadamente 30 milhões de pessoas (até 2009). Em
2010, cerca de 34 milhões de pessoas eram portadoras do
Outros problemas comuns que afetam a saúde dos vírus no mundo.
homens, mais que não são exclusivamente relacionados a A AIDS é considerada uma pandemia, um surto de
ele, são: doença que está presente em uma grande área e que está
- Alcoolismo se espalhando ativamente.
- Tabagismo HIV/AIDS têm tido um grande impacto na sociedade
- Drogas ilícitas contemporânea, tanto como uma doença quanto como uma
- Violência fonte de discriminação.
- Hipertensão arterial e A doença também tem impactos econômicos
- Diabetes mellitus significativos. Há muitos equívocos sobre o HIV/AIDS, tais
como a crença de que ela pode ser transmitida pelo contato
Doenças sexualmente transmissíveis/AIDS casual não-sexual.
As infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) são A doença também se tornou sujeita a muitas
doenças causadas por vírus, bactérias ou outros controvérsias envolvendo as religiões, além de ter atraído a
microorganismos que são transmitidos, principalmente, atenção médica e política internacional (e um financiamento
através das relações sexuais sem o uso de preservativo com de larga escala) desde que foi identificada em 1980.
uma pessoa infectada.
Geralmente se manifestam por meio de feridas, ESPAÇO RESERVADO PARA ANOTAÇÕES
corrimentos, bolhas ou verrugas (BRASIL, 2015a). ________________________________________
Ações para o ACS em vigilância a IST:
- Orientar os usuários, principalmente os adolescentes, ________________________________________
sobre a importância do sexo seguro;
- Orientar o usuário a procurar o CS em caso de queixas ________________________________________
em região genital ou anal;
- Estimular o uso do preservativo; ________________________________________
- Orientar o paciente em tratamento de IST para que o
seu parceiro também seja testado e tratado; ________________________________________
- Informar aos pacientes sobre a disponibilidade na
unidade de testes rápidos para detecção de HIV, Hepatites B
e C e Sífilis, estimulando a testagem. ________________________________________

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DST/AIDS - Síndrome da imunodeficiência adquirida
Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA — em ________________________________________
inglês: acquired immunodeficiency syndrome - AIDS) é uma
doença do sistema imunológico humano causada pelo vírus ________________________________________
da imunodeficiência humana (VIH — eminglês: human
immunodeficiency virus - HIV).
Durante a infecção inicial, uma pessoa pode passar por ________________________________________
um breve período doente, com sintomas semelhantes aos da
gripe. ________________________________________
Normalmente isto é seguido por um período prolongado
sem qualquer outro sintoma. ________________________________________
À medida que a doença progride, ela interfere mais e
mais no sistema imunológico, tornando a pessoa muito mais ________________________________________
propensa a ter outros tipos de doenças, como infecções
oportunistas e câncer, que geralmente não afetam as
pessoas com um sistema imunológico saudável. ________________________________________
O HIV é transmitido principalmente através de relações
sexuais sem o uso de preservativo (incluindo sexo anal e, até ________________________________________
mesmo, oral), transfusões de sangue contaminado, agulhas
hipodérmicas e de mãe para filho, durante a gravidez, o parto ________________________________________
ou amamentação.
Alguns fluidos corporais, como saliva e lágrimas, não ________________________________________
transmitem o vírus.
A prevenção da contaminação pelo HIV, principalmente
através de programas de sexo seguro e de troca de agulhas, ________________________________________
é uma estratégia fundamental para controlar a propagação
da doença. ________________________________________
Apesar de ainda não existir uma cura ou uma vacina, o
tratamento antirretroviral pode retardar o desenvolvimento da ________________________________________
doença e elevar a expectativa de vida do portador do vírus.
Enquanto o tratamento antirretroviral reduz o risco de ________________________________________
morte e de complicações da doença, estes medicamentos
são caros e podem estar associados a efeitos colaterais.
A pesquisa genética indica que o HIV surgiu no centro- ________________________________________
oeste da África durante o início do século XX.
A AIDS foi reconhecida pela primeira vez em 1981, pelo ________________________________________
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos

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