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AS TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO: HISTORICIZAR

PARA COMPREENDER.

“Operários” de Tarsila de Amaral

Profa. Tailane Ferreira


Maio, 2022.
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A CATEGORIA TRABALHO

• O trabalho é a habilidade do homem de transformar a natureza.

• Diferentemente de algumas espécies de animais que trazem pré-estabelecido suas


funções determinadas geneticamente
• O homem se molda a partir do trabalho.
O trabalho é um processo de que participam o homem e a
natureza, processo em que o ser humano, com sua própria
ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material
com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas
forças. Põe movimento as forças naturais do seu corpo –
braços, pernas, cabeça e mãos –, a fim de apropriar-se dos
recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana.
Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao
mesmo tempo modifica sua própria natureza. (MARX, 1818-
1883, p. 211)

• A categoria trabalho, segundo Netto e Braz (2012), é formado por dois planos dependentes, o primeiro
plano mais subjetivo, chamado também de prévia-ideação, e o outro plano, o objetivo ou objetivação.
• A modificações expressas na vida em sociedade ao longo dos percursos de tempo não é moldado
pela natureza, mas sim pela necessidade do homem de modificar as formas materiais a fim de
subsidiar sua vida social.
• O trabalho não é atividade particular especifica, é uma atividade sujeita à constante mudanças
tendo em vista os processos históricos do homem e das sociedades.
.
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO: modos de produção.
❑ Modo de produção primitivo.

• O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange
um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana.
• O ser humano era nômade (sem moradia fixa).
• Na comunidade primitiva os homens trabalhavam em conjunto.
• Os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, ou
seja, de todos.
• As relações de produção eram relações de ajuda e amizade entre todos; elas
eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção.
• Não existia Estado e muito menos a ideia de propriedade privada.
❑ Modo de produção escravista.

• Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de


produção) e os escravos eram propriedade do senhor.
• O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um
animal ou uma ferramenta
• No modo de produção escravista, as relações de produção eram relações
de domínio e de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de
senhores explorava a massa de escravos, que não tinham nenhum direito.
❑ Modo de produção feudal.

• A sociedade feudal era constituída pelos senhores x


servos.
• Os servos não eram escravos de seus senhores, logo que
não eram propriedades deles. Eles apenas os serviam em
troca de casa e comida. Trabalhavam um pouco para o
seu senhor e outro pouco para eles mesmos.
❑ Modo de produção capitalista.

• Relações assalariadas de produção (trabalho assalariado).


• As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada
dos meios de produção.
• O capitalismo é movido pela busca dos lucros.
• Classes sociais: burguesia (que detém o controle dos meios de
produção), e os trabalhadores assalariados (que vendem a sua
força de trabalho)
❑ Modo de produção socialista

• A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção.


• Os meios de produção são públicos ou coletivos.
• Não existe propriedade privada.
• O excedente produzido é recolhido pelo estado e volta em forma de benefícios para a sociedade.

• Existe países que atualmente se consideram


Socialista, a exemplo temos a China e Cuba.
❑ Modo de produção vigente = Modo de produção Capitalista.
➢ O capitalismo compreende quarto etapas:

a) Pré-capitalismo: o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se


desenvolvem relações capitalistas.

b) Capitalismo comercial: a maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos
comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho
assalariado torna-se mais comum.

c) Capitalismo industrial: com a revolução industrial, o capital passa a ser investido


basicamente nas indústrias, que se tornam a atividade econômica mais importante; o
trabalho assalariado firma-se definitivamente.

d) Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar


as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, à indústria, à
pecuária e ao comércio.
❑ Modo de produção vigente = Modo de produção Capitalista.

➢ Modalidades de produção:

No desenvolvimento do capitalismo desde os seus primórdios, várias foram as formas


produtivas e organizacionais que o trabalho assumiu, constituindo diferentes padrões de
acumulação e gestão do trabalho a exemplo do taylorismo/fordismo e o Toyotismo

.
• Henry Ford – Fábrica Ford
Fordismo • Novas tecnologias e novas formas organizacionais do processo
de trabalho
• Normas e técnicas Tayloristas (organização científica do trabalho)
• Produtividade = Decomposição do processo de trabalho e das
organização das tarefas em rigorosos padrões de tempo.
• Produção em massa
• Década de 1970 = período de reestruturação
econômica e reajustamento social e política
• acumulação flexível (Harvey, 1992)
Acumulação Flexível • flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados
de trabalho, dos produtos, dos padrões de consumo;
• Maior pressão do controle do trabalho;
• Enfraquecimento do sindicalismo da classe trabalhadora;
• Aumento do desemprego estrutural nos países desenvolvidos.

Toyotismo • Trabalhador polivalente;


• Aumento a produção, diminuição dos trabalhadores;
• Produzir somente o necessário e no melhor tempo;
• Combate dos movimentos sindicais e grevistas;
Direitos flexíveis, de modo a dispor desta força de trabalho em função direta das
necessidades do mercado consumidor. O toyotismo estrutura-se a partir de um
número mínimo de trabalhadores, ampliando-os, através de horas extras,
trabalhadores temporários ou subcontratação, dependendo das condições de
mercado. O ponto de partida básico é um número reduzido de trabalhadores e a
realização de horas extras. (Antunes, R. 2015, p.47)
Neoliberalismo • Mostra-se mais efetivamente a partir de 1970 com a
crise estrutural do capital
a) Neoliberalismo: à doutrina político econômica
formulada após a Segunda Guerra Mundial a partir da
crítica do Estado de Bem-Estar Social;
b) Projeto neoliberal: a forma que o neoliberalismo se
expressar no programa político-econômico;
c) Modelo econômico neoliberal periférico: se refere a
estruturação econômica anterior do país
• Brasil = último país da América-Latina a implementar um
projeto neoliberal
• Governo Collor em 1990 – abertura do capital financeiro

(Filgueiras 2006)
[...] Desemprego, consequência de uma ampla desregulamentação do
mercado de trabalho; processo generalizado de precarização das condições
de trabalho – formas de contratação instáveis que contornam ou burlam a
legislação trabalhista, prolongamento da jornada de trabalho, redução de
rendimentos e demais benefício, flexibilização de direitos trabalhistas e
ampliação da informalidade.(Filgueiras, L. 2006, p. 189)

• Imposição de condições de trabalho e empregos


Precarização Social do Trabalho precários;
• desemprego estrutural;
• Trabalhador multifuncional/polivalente;
• Instabilidade trabalhista;
• Desvalorização da força de trabalho.

Druck (2011)
❑ Organização dos processos de trabalho: período pandêmico.

A pandemia do coronavírus trouxe mudanças significativas no mundo como um todo. Na


perspectiva do trabalho, houve uma antecipação das transformações no modo de trabalho,
adequação do espaço doméstico, do uso intenso de ferramentas digitais e aprendizagem de
novas competências e habilidades.

Com o fechamento de quase tudo no


país (e no mundo), o Governo Federal,
por meio da Medida Provisória 926/2020,
definiu algumas atividades como
essenciais: fornecimento de insumos e
materiais necessário a sobrevivência,
abastecimento, saúde, segurança.
Características:

o Crise econômica
o Aumento significativo do desemprego;
o Flexibilização no modelo e relações de trabalho;
o Adaptação no trabalho remoto;
o Necessidade de aprender novas tarefas;
o Novas ferramentas de trabalho;
o Home Office;
o Suspensão e Redução de Contrato de Trabalho - BEM;
o Gestão do tempo;
REFERÊNCIAS
ALVES, G. Trabalho e subjetividade: o espirito do toyotismo na era do capitalismo
manipulatório, São Paulo: Boitempo, 2011.

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho. Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do


trabalho do mundo do trabalho. 16ª Edição, São Paulo, Cortez, 2015
DRUCK, G. Flexibilização e Precarização: Formas Contemporâneas de Dominação do
Trabalho. In: Caderno CRH. Salvador, n.37, p.11-22, jul/dez, 2002.
_____.Trabalho, precarização e resistências: Novos e velhos desafios? Caderno CRH,
Salvador, v. 24, n. spe 01, p. 37-57, 2011. Disponível em: www.scielo.br; Acesso:
12/11/2015.
HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
MARX, K. O capital: crítica da economia política: livro I. 33º ed. Rio de Janeiro, Brasil, 2014.
NETTO, J.P; Braz, M.; Economia política, uma introdução crítica. 8ª edição. São Paulo.
Cortez, 2012

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