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Diabetes 2002
Diabetes 2002
Diabetes 2002
apoio:
IDF / SACA
Diabetes
Clínica
JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS
ANAD
2
DIAGNÓSTICO
Editorial: A volta do pré-diabetes (pg. 79)
EPIDEMIOLOGIA
Porque um consenso internacional
sobre o pé diabético ? (pg. 135)
NUTRIÇÃO
Diabetes e vitamina A (pg. 123)
PSICOLOGIA
Os grupos de sala de espera (pg. 129)
PRODUTOS E NOVIDADES
Accu-Chek Active (Roche Diagnostics),
MARÇO / ABRIL Groselha e Guaraná Diet Lowçucar (Lightsweet),
o Manuel de Educação em Diabetes (IEDE),
2002 VOL. 6, N 2 doces e sorvetes dietéticos (Ofner e Day by Diet) (pg. 104)
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OFTALMOLOGIA
Detecção das alterações oculares (pg. 201)
PRODUTOS E NOVIDADES
NovoRapid (NovoNordisk), Glucovance (Merck),
MAIO / JUNHO Ketchup Light, Mostarda Light e Refresco (Lowçucar),
o
2002 VOL. 6, N 3 Coberturas Diet (Blend) (pg. 179)
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Clínica
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EDUCAÇÃO
O diabetes na vida de crianças e adolescentes (pg. 274)
ODONTOLOGIA
Atendimento odontológico e transplantes de órgãos (pg.269)
FICHA PRÁTICA
Screening do pé diabético (pg. 293)
PRODUTOS E NOVIDADES
Gelatinas Stevia Plus, Pó para leito condensado light,
JULHO AGOSTO Pó para preparo de bolo light (Lowcucar),
o A1cNow (Metrika) Precision Link e SofTact (Abbott),
2002 VOL. 6, N 4 CardioChek (Polymer Technologies) (pg. 259)
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DIA MUNDIAL DE DIABETES 2002
Prevenção das complicações oculares (pg. 307)
NEUROPATIA PERIFÉRICA
DIABÉTICA
Tratamentos recentes (pg. 346)
ESTRESSE OXIDATIVO
Radicais livres e diabetes (pg. 355)
SÍNDROME PLURIMETABÓLICA
Análise comparativa entre grupos de São
Leopoldo e Canoas (pg. 362)
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ILOTROPINA
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Nova esperança na cura do diabetes (pg. 387)
NUTRIÇÃO
Terapia nutricional enteral
em pacientes diabéticos (pg. 429)
FITOTERAPIA
Avaliação do efeito hipoglicemiante
da pata-de-vaca (pg. 435)
ODONTOLOGIA
Diabetes mellitus e doença periodontal (pg. 440)
ESTUDOS DE CASO
• Programa educacionaal em mães
NOVEMBRO / DEZEMBRO e crianças diabéticas (pg. 445)
o • Auto-monitoração em paciente
2002 VOL. 6, N 6 diabética obesa (pg. 452)
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Diabetes Clínica
Diabetes Clínica 04 (2000) 1
Índice
(vol. 6 nº 1 - 2002) 1~76
EDITORIAL
Dia mundial da saúde 2002 – Agita Mundo, Fadlo Fraige Filho ......................................... 3
INFORMES DO DIABETES NO MUNDO .................................................................................................... 5
PRODUTOS E NOVIDADES
Vaxigrip (Aventis Pasteur), Fitas Reagentes One Touch (Johnson & Johnson),
Coelhos e Ovos de Páscoa (Bom Regime), balas e sucos de frutas naturais Halter ......................................... 27
ARTIGOS ORIGINAIS
Outros aspectos do diabetes tipo 2: crianças e adolescentes, Adolfo Perez-Comas .......................................... 42
ATUALIZAÇÃO
Imunização: a importância da vacinação para o portador de diabetes,
Fadlo Fraige Filho, João Toniolo Neto, Rodrigo Gonçalves dos Reis ............................................................. 60
FICHAS PRÁTICAS
Os adoçantes ........................................................................................................................................................ 70
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos
distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre
o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associ-
adas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais
de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relati-
vas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma
maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
EDITORIAL
Earl S. Ford et al., American Journal Novos dados sobre a relação entre inflamação e diabetes
of Epidemiology 2002;155:57-71,
janeiro de 2002 Novos estudos comprovam a hipótese da relação entre marcadores da
inflamação, tais como proteína C-reativa, e desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Este estudo avaliou 8.352 pacientes que participaram do National Health
and Nutrition Examination Survey Epidemiologic Follow-up Study.
Durante os 20 anos de acompanhamento, 878 pacientes desenvolveram
um diabetes. Os pesquisadores mostraram que os homens e mulheres com
taxas de leucócitos ³ 91.000 tinham respectivamente 33% e 68% mais
riscos de desenvolver diabetes do que os indivíduos com taxas de
leucócitos ≤ 57.000.
Homens e mulheres com taxa de sedimentação de eritrócitos ≥ 26 mm/
hora apresentavam respectivamente 85 e 83% mais riscos de desenvolver
diabetes do que os indivíduos com velocidade de sedimentação ≤ 5 mm/hora.
Entretanto, após ajustes, a velocidade de sedimentação não foi
significativamente relacionada à incidência do diabetes.
Os resultados deste estudo utilizando leucócitos e taxa de sedimentação,
que são os indicadores de inflamação os menos específicos, fornecem uma
prova limitada aos dados que sugerem que a inflamação poderia ter uma
influência na patogênese do diabetes, segundo os pesquisadores.
Outro grupo de pesquisa, dirigido por Tiejian Wu, da State University of
New York, Buffalo, estudou a associação entre os níveis de proteína C-reativa
e as taxas sangüíneas de jejum de insulina, glicose e HbA1c. Este estudo
incluiu 2466 homens e 2876 mulheres que participaram do Third National
Health and Nutrition Examination Survey. Todos os indivíduos eram não-
diabéticos, com idade ≥ 17 anos.
Em homens e mulheres, os níveis elevados de proteína C-reativa foram
associados com taxas elevadas de insulina e HbA1c. Níveis elevados de
proteína C- reativa foi relacionada à glicose elevada só em mulheres.
Em razão da natureza trandsversal do estudo, é impossível concluir que os
níveis elevados de proteína C-reativa sejam responsáveis da resistência à
insulina e intolerância à glicose, segundo os autores. É preciso estudos
prospectivos e randomizados.
Elbert S. Huang et al., Am J Med A diminuição da pressão sanguínea e dos lípides beneficia o
2001;111:633-642, dezembro de 2001 diabetes
Longnecker MP et al., Environ Health Contaminantes do meio ambiente como fatores etiológicos para o
Perspect 2001;109 Suppl 6:871-6, diabetes
dezembro de 2001
Para ambos diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, as taxas têm aumentado nos
Estados-Unidos e em qualquer parte do mundo; as taxas são muito variáveis
em função do pais, e os fatores genéticos participam em menos da metade do
novos casos. Essas observações sugerem que fatores do meio ambiente são
responsáveis do diabetes tipo 1 e tipo 2. Exposições ocupacionais foram
associadas com maior risco de desenvolvimento de diabetes. Em mais, dados
recentes sugerem que produtos tóxicos, outros que agentes infecciosos ou
exposições que estimulam a resposta imunológica, são associados à ocorrência
destas doenças. Revisamos os dados epidemiológicos sobre a relação entre
contaminantes do meio ambiente e diabetes tipo 1 e 2. Para o diabetes tipo 1,
ingestão elevada de nitratos, nitritos e produtos N-nitroso, bem como as
concentrações levadas de bifenilas policlorinatos têm sido associadas com
risco maior. Entretanto, os dados são limitados ou inconsistentes. No que diz
respeito ao diabetes tipo 2, dados sobre arsênico e 2,3,7,8-tetrachlorodibenzo-
dioxine sugere uma relação direta mais são conclusivos. Os dados ocupacionais
sugerem que mais dados sobre exposição a compostos tipo N-nitroso, arsênico,
dioxinas, talco a óleos de maquinas estariam úteis. Apesar do que os fatores
do meio ambiente outros do que os contaminantes são determinantes no
diabetes tipo 1 e 2, o papel etiológico de vários contaminantes e exposições
ocupacionais deve ser ainda estudado.
Brown RA, Walsh MF, Ren J Sexo e diabetes, influência sobre a função contrátil vascular e
Department of Biology, Morgan State miocárdica
University, Baltimore, Endocr Res
2001;27(4):399-408, Mulheres em pré-menopausa têm risco cardiovascular menor do que homens
novembro de 2001 ou mulheres em pós-menopausa. Entretanto, essa “vantagem” da mulher é
perdido em caso de diabetes, condição caracterizada por disfunção contrátil
cardíaca e vascular. Este estudo foi desenhado para comparar a influência do
diabetes sobre a função contrátil cardíaca e vascular entre os sexos. Foram
utilizados ratos adultos machos e fêmeas diabéticos após administração de
streptozotocina (55 mg/kg) durante 8 semanas. O desenvolvimento da tensão
foi examinado em anéis aórticos torácicos e músculos papilares do ventrículo
esquerdo. Vasoconstrição induzido por KCl, vasorelaxação dependente do
endotélio induzida por acetilcolina (Ach) ou independente do endotélio induzida
por nitroprussiato de sódio (SNP), duração e velocidade máxima da contração
miocárdica e duração da relaxação (TPT/RT90 e ± VT) foram similares entre
machos e fêmeas. Diabetes aumentou a vasoconstrição induzida por KCl com
doses baixas, diminuiu a vasorelaxação induzida por SNP e tinha pouco efeito
sobre a vaso-relaxação induzida por Ach em anéis aórticos nos dois sexos.
Diabetes prolongou TPT e RT90 nos dois sexos, e diminuiu ± VT em machos
más não em fêmeas. O aumento agudo em Ca++ extracelular (2,7 mM para 5,4
10 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002)
mM) diminuiu TPT em miocárdio diabético nos dois sexos, mas não teve efeito
em outros índices miocárdicos mecânicos em grupos normais ou diabéticos,
qualquer seja o sexo. Em mais, a exposição aguda ao inibidor da ouabaína
Na+/K(+)-ATPase diminuiu TPT/RT90 e aumentou ± VT em miocárdio de
fêmeas normais, mas foi sem efeito no miocárdio do macho ou do diabético.
Em conclusão, os dados sugerem que, na vasculatura, não existe diferença entre
os sexos na disfunção contrátil induzida pelo diabetes, apesar do que existem
evidentes diferenças ligadas ao sexo no miocárdio.
Linda S. Geiss et al., American Journal Hipertensão afeta 71% dos diabéticos mas poucos deles recebem
of Preventive Medicine, tratamento adequado
janeiro de 2002
Dentre as pessoas portadoras de diabetes e hipertensão, 71% são conscientes
de seu pressão sanguínea elevada e 57% estão usando tratamento. Esses 2
números são mais elevados do que na população geral, mas os esforços de
tratamento e de prevenção não resultam em melhor controle, segundo este
estudo dos Centers for Disease Control and Prevention.
Dentre os pacientes portadores de diabetes usando medicamentos para o
controle da pressão sanguínea, 43% apresentam uma pressão inferior ao limite
recomendado pela pressão saudável. Isso é um pouco menos do que os 45%
dos não-diabéticos que têm a pressão sanguínea controlado por medicação.
20% dos portadores de diabetes e hipertensão não sabem ou não concordam
em baixar a pressão sanguínea. Esta discrepância entre tratamento e controle
da pressão sanguínea em ambos as populações é o resultado de vários fatores,
segundo o estudo, incluso acesso inadequado aos cuidados médicos e remédios,
tratamentos inapropriados ou ineficazes e falta de aderência do paciente ao
tratamento e às alterações no estilo de vida.
O estudo utilizou dados de 1507 indivíduos diabéticos do Third National
Health and Nutrition Examination Survey. A meta para a pressão sanguínea
saudável foi estabelecida em < 130/85 mm Hg, segundo as recomendações
específicas para diabéticos no relatório Joint National Commission on the
Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure.
Pressão sanguínea acima de 130/85 mm Hg é considerada como um fator
de risco para a doença cardíaca dentre os diabéticos. Estudos anteriores têm
mostrado que a diminuição da pressão sanguínea diminui também o risco de
morte por doença cardiovascular.
Andreas Plagemann et al., Diabetes Amamentação maternal por mães diabéticas pode aumentar o
Care 2002;25:16-22, Janeiro de 2002 risco de obesidade
Claudio Maffeis et al., Journal of Estudo mostra que crianças obesas têm risco de ser adultos
Clinical Endocrinology & Metabolism, obesos
janeiro 2002
Pesquisadores italianos mostraram que as crianças com sobrepeso têm mais
riscos de ser adultos com sobrepeso. Este novo estudo descobriu uma relação
protetiva entre a resistência à insulina e peso em meninas com sobrepeso que
têm peso normal na idade adulta. Participaram do estudo 215 crianças obesas
(120 meninos e 95 meninas), idade 8-12 anos, nas quais foi estudada a relação
entre obesidade da criança, resistência à insulina e ganho de peso a longo
prazo. 103 pacientes foram examinados após 14 anos por exames de
acompanhamento.
O estudo mostrou que 43% dos indivíduos obesos na infância eram ainda
obesos na idade adulta. Em mais, outros 29% dos indivíduos eram com
sobrepeso. “Podemos concluir que crianças obesas e com sobrepeso têm mais
riscos de ser adultos obesos”, disse Dr. Maffeis. “Estudos anteriores já
mostraram que adultos com sobrepeso têm risco aumentado de diabetes e
doenças cardiovasculares. Devemos encontrar meios para diminuir a
obesidade em crianças, se quisermos diminuir obesidade no futuro, bem como
as doenças associadas”.
Os pesquisadores descobriram também novas informações sobre a relação
entre a obesidade da criança, resistência à insulina e peso adulto em meninas.
Nas mulheres que participaram no estudo, a severidade da obesidade de criança
aumentou o risco de sobrepeso no adulto. Em mais, o estudo demonstrou que a
resistência à insulina, condição na qual o corpo não responde adequadamente à
insulina, era um fator de proteção contra a obesidade do adulto em meninas
com sobrepeso, mas não em meninos. “Um aumento de uma unidade no índice
da resistência à insulina diminui o risco de obesidade em 42% na idade adulta.
Esta relação deveria ser estudada em estudos maiores”, disse Dr. Maffeis.
Diabetes Clínica 01 (2002) 15
O Diabetes na Imprensa
Diabetes entre crianças obesas já preocupa
O ESTADO DE SÃO PAULO
27 de dezembro de 2001 Os efeitos do crescimento da obesidade entre crianças já começam a ser
notados nos serviços de saúde do País. Levantamento feito pelo Ambulatório
de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas de São Paulo revela que, das
49 crianças atendidas regularmente no serviço, 42 já apresentavam os
primeiros sinais para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. “Corremos o
risco de ter um crescimento expressivo do número de diabéticos jovens, e,
com isso, também do número de enfartes ou outros problemas relacionados à
doença em pacientes cada vez mais moços”, alerta o chefe do Grupo de
Obesidade e Doenças metabólicas do HC, Alfredo Halpern. (...)
Além da maior propensão ao diabetes, em crianças obesas também é notado
o aparecimento de outros fatores de risco para problemas cardiovasculares.
Em um estudo feito com 103 crianças estudantes de escolas particulares de
São Paulo, constatou-se que 53% das obesas ou com sobrepeso apresentavam
taxas elevadas de colesterol.
O aumento da obesidade infantil é atribuído principalmente à mudança da
alimentação. “Diminuímos a ingestão de carboidratos e aumentamos o
consumo de gorduras”, diz Afredo Halpern. “Se voltássemos ao cardápio do
brasileiro, com arroz e feijão, bife e salada e abandonássemos os pratos
gordurosos, certamente esse quadro poderia ser modificado”.
Continuação presidente da associação foi uma das doze pessoas beneficiadas pela operação
em 2001 no Rio. “Esse número é muito pequeno. A rede pública não está
preparada para tratar do problema. Havia 15 anos que não ia ao cinema porque
não cabia na poltrona e cheguei a ficar dois anos sem sair de casa, por vergonha
do meu corpo. Agora, minha vida mudou por completo”, contou.
Reuters Health Regime e exercício são melhores que remédios contra diabetes
6 de fevereiro de 2002 Um estudo divulgado na revista The New England Journal of Medicine afirma
que uma combinação de regime alimentar e exercícios físicos é mais eficaz
que os medicamentos no tratamento da forma mais comum de diabetes na
população norte-americana.
Os autores do estudo compararam o efeito de dois tratamentos do diabetes tipo
2 em 3.234 pessoas - de 25 a 85 anos - sujeitas à hiperglicemia: uma modificação
de seu modo de vida e um tratamento com metformina. Uma combinação de
regime com exercícios físicos, que cause uma perda de peso de 5 a 7%, permitiu
reduzir em 58% a incidência do diabetes nos participantes do estudo. O exercício
se limitava a uma marcha de 30 minutos, cinco dias por semana.
Os voluntários que seguiram um tratamento com metformina, um
medicamento que diminui o excesso de açúcar no sangue, viram diminuir a
incidência do diabetes em 31%. “Este estudo representa uma mensagem de
esperança para as pessoas que correm o risco de desenvolver diabetes do
tipo 2”, estimou o secretário de Saúde americano Tommy Thompson, que
financiou o estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa do Programa de
Prevenção do Diabetes.
“Seguindo um regime moderado e duradouro e um programa de exercícios,
muitas pessoas com um ou vários fatores de risco de diabete do tipo 2 podem
deter a doença antes que se torne irreversível”, acrescentou Thompson. Cerca
de 20 milhões de norte-americanos sofrem de hiperglicemia, tornando-se
sujeitos a diabete e a enfermidades cardiovasculares.
18 Diabetes Clínica 01 (2002)
Philip Raskin et al., American Diabetes Terapia combinada repaglinida/rosiglitazona em diabetes tipo 2
Association, 61st Scientific Sessions,
Philadelphia, Pennsylvania, Este estudo clínico randomizado, multicêntrico, com grupo paralelo, aberto,
22 a 26 de junho 2001 com pacientes diabéticos tipo 2 comparou a eficácia e segurança da terapia
combinada repaglinida/rosiglitazona com as monoterapias repaglinida e
rosiglitazona, durante um periodo de tratamento de 24 semanas. Pacientes
tinham duração de diabetes ≥ 1 ano, idade > 18 anos e controle glicêmico
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) 19
Continuação inadequado (HbA1c > 7,0%) com tratamento anterior com metformina ou
sulfoniluréias (pelo menos com 50% da dose máxima). Após rastreamento, a
terapia anterior foi interrupta por 2 semanas, seguida por um período de 12
semanas de optimização e um período de 12 semanas de tratamento com as
dosagens ajustadas, medidas pela resposta glicêmica, nas doses especificadas
pelo fabricante. O primeiro resultado de eficácia foi a alteração da HbA1c do
início até a semana 24. A tabela seguinte mostra os resultados dos 124
primeiros pacientes.
Continuação agentes em monoterapia. Estes achados concordam com estudos anteriores sobre
a repaglinida usada com sensibilizadores à insulina como metformina ou
troglitazona, que mostraram melhor controle glicêmico do que as monoterapias.
Pratley RE, Foley JE, Dunning BE, Nateglinida, repaglinida e outros agentes insulinotrôpicos de
Novartis Pharmaceuticals Corporation, ação rápida: restauração da secreção precoce de insulina como
Curr Pharm Des 2001;7(14):1375-97, modelo fisiológico de melhora do controle glicêmico
setembro de 2001
A perda da secreção precoce da insulina aparece ser o evento crítico na
deterioração da tolerância à glicose durante o desenvolvimento do diabetes
tipo 2. Existe então uma razão forte para desenvolver novos agentes
antidiabéticos pelos quais o objetivo é a restauração ou a substituição da
secreção prandial precoce da insulina para diminuir as excursões da glicose
durante as refeições em pacientes diabéticos tipo 2. Estes novos agentes estão
22 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002)
Reuters, 10 de janeiro de 2002 Nova molécula pode ajudar no tratamento de úlceras de pressão
e úlceras diabéticas
Continuação mmol/l (HbA1c ≥ 7% peptídeo-C ≥ 0,5 µmol% (1,5 ng/ml)) e IMC > 50o
percentil para a idade.
O controle glicêmico mostrou uma melhora significativa com metformina.
A alteração media ajustada da glicose plasmático de jejum no início foi –2,4
mmol/l (-42,9 mg/dl) para metformina, comparada com + 1,2 mmol/l (+21,4
mg/dl) para o placebo (P < 0,001). O estudo mostrou também uma diminuição
significativa dos níveis de HbA1c entre os grupos metformina e placebo (7,5
vs. 8,6% respectivamente, P < 0,001).
Melhora da glicose plasmática de jejum ocorreu em todas as crianças
qualquer que seja o sexo ou a raça. Não foram observados impactos negativos
sobre o peso corporal ou o perfil lipídico, nem nenhum dos efeitos adversos
reportados em adultos tratados com metformina.
Uto Y, Teno S, Iwamoto Y, Omori Y, Melhora da tolerância à glicose pela nateglinida ocorre através
Takizawa T. Metabolism da estimulação da fase precoce da secreção da insulina
2002;51(1):20-24, janeiro de 2002
Nateglinida é um novo agente hipoglicemiante de ação curta, que aumenta a
secreção precoce de insulina e o total de insulina secretada. Entretanto, não é
claro o qual desses efeitos contribui mais para a diminuição da glicose plasmática
pós-prandial. Para esclarecer as ações farmacológicas da nateglinida,
investigamos as alterações dos níveis da glicose pós-prandial e da insulina
durante testes de refeições com ou sem nateglinida. Os indivíduos eram 10
pacientes recentemente diagnosticados ou não-tratados, todos portadores de
diabetes tipo 2. Após tratamento por dieta e exercício durante uma semana, a
nateglinida foi administrada (270 mg divididos em três doses por dia). Testes
de tolerância a refeição foram realizados no início, após a primeira dose (dia
1), após 7 dias de tratamento (dia 7), e depois do fim do tratamento (dia 8). A
glicose pós-prandial média de jejum era 146 ± 6 mg/dl (média ± DP) no início
e 130 ± 6 mg/dl no dia 7 (P = 0,0004). O nível de glicose pós-prandial de 2
horas era 226 ± 10 mg/dl no início, 145 ± 11 mg/dl no dia 1 (P = 0,0008), e 190
± 15 mg/dl no dia 8 (P = 0,08, início; P = 0,01, dia 7). O nível médio de insulina
de jejum era 5,4 ± 1,0 µU/ml no início e não se alterou significativamente
24 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002)
Continuação durante o estudo. O nível de insulina pós-prandial a 30 minutos era 14,4 ± 1,9
µU/ml no início, 39,5 ± 4,5 µU/ml no dia 1 (P = 0,0004), e 23,6 ± 3,6 µU/ml no
dia 8 (P = 0,045, início; P = 0,010, dia 7). A insulina total, em termos de área
sob a curva (AUC.IRI), era 3,99 ± 0,7 x 10(3) µU/ml. min no início, 5,47 ± 0,8
µU/ml. min no dia 1 (P = 0,029), e 6,01 ± 1,9 µU/ml. min no dia 8 (P = 0,047
vs. início). A secreção da fase precoce da insulina, baseada na relação entre
delta IRI e delta PG (glicose pós-prandial), da fase de jejum até 30 minutos
após uma refeição era 0,15 ± 0,13 no início, 1,44 ± 0,26 no dia 1 (P = 0,0009)
e 0,26 ± 0,06 no dia 8 (P = 0,05 vs. dia 1). Após a interrupção da nateglinida, o
nível de glicose pós-prandial aumentou imediatamente. Apesar do que a secreção
precoce de insulina voltou ao nível do início, a secreção total de insulina ficou
em um nível elevado. Esses resultados sugerem que a secreção da insulina da
fase precoce contribui mais do que a secreção total de insulina para a melhora
da hiperglicemia pós-prandial em diabetes tipo 2.
Continuação droga em um estudo, mas o período de seguimento foi curto demais, e os dois
estudos efetuados não foram significativos o suficiente para a aprovação.
Aproximadamente 40% do pacientes americanos diabéticos sofrem de uma
doença do rim, causada pela microangiopatia diabética. Irbesartan não previna
a doença renal ou a morte, mais diminui o risco de doença em 20% no estudo
submisso a FDA. Se a FDA não aprova esta indicação adicional, o irbesartan
ficará no mesmo ponto do que as outras drogas da classe, conhecida como a
dos bloqueadores do receptor da angiotensina 2.
Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, setembro de
2001, mostrou que os pacientes diabéticos tratados com losartan (Hyzaar ou
Cozaar de Merck & Co) tinham uma risco de doença renal diminuído em
28%. As drogas da angiotensina 2 estão em competição com os inibidores da
enzima de conversão da angiotensina (ACE), remédios antihipertensivos, que
já foram aprovados para a redução da lesão renal em diabéticos tipo 1 e são
usados no tratamento do diabético tipo 2.
Diabetes Clínica 01 (2002) 27
Produtos e novidades
Vaxigrip: proteção contra gripe para os portadores de diabetes
A Aventis Pasteur, empresa líder mundial na produção de vacinas, já tem à
disposição a vacina contra gripe, Vaxigrip, adequada à realidade brasileira para
o ano de 2002. Primeiramente licenciada em 1968, hoje em dia Vaxigrip possui
registro em mais de 60 países. Sua experiência já ultrapassa 30 anos, sendo
aplicada anualmente em mais de 10 milhões de pessoas. No Brasil, é a vacina
pioneira contra gripe.
Sua composição é atualizada anualmente, com base nos dados epidemiológicos
coletados ao redor do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A
formulação específica para o ano 2002 já está nas clínicas de vacinação. É muito
importante lembrar que todos os portadores de diabetes devem receber uma dose
anual da vacina contra a gripe.
Kjeld Ermansen et al., American Insulina Aspart 30 bifásica melhora o controle glicêmico pós-
Diabetes Association, 61st Scientific prandial
Sessions, Philadelphia, Pennsylvania,
22 a 26 de junho 2001 Introdução: Insulina aspart bifásica 30 (BIAsp 30) é uma nova
formulação lowmix consistindo em insulina aspart (IAsp) 30% solúvel e
70% cristalizada em protamina. O controle glicêmico pós-prandial obtido
com IAsp 30 e com insulina humana padrão bifásica (BHI 30) foi
comparado, usando testes de refeições estritamente controlados.
Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 06 (2001) 31
Continuação não foi observado hepatotoxicidade ou aumento induzido pela droga das
concentrações de ALT.
Conclusões: Pioglitazona melhora a resistência à insulina e o controle
glicêmico, bem com as triglicérides e HDL-colesterol, o que sugere que
pioglitazona pode diminuir o risco cardiovascular em pacientes portadores
de diabetes tipo 2.
Leila MB Araújo, Rosalita Gusmão, Dislipidemia em mulheres obesas diabéticas, com glicemia de
Maria Zenaide Gonzaga, Ivanise Silva, jejum alterada e não diabéticas
Hospital Universitário da Universidade
Federal da Bahia, Salvador, Bahia, XIo Introdução: É freqüente a associação de obesidade, diabetes tipo 2,
Congresso ALAD, Montevidéu, dislipidemia, e maior morbi-mortalidade por doença cardiovascular. Diversos
Uruguai, 13 de novembro de 2001. estudos sugerem que a hiperglicemia pós-prandial e/ou intolerância a glicose
também contribuam. Neste estudo, comparamos a freqüência de distúrbios
lipídicos de 624 mulheres, consecutivamente admitidas em um ambulatório de
obesidade, antes de iniciar o tratamento.
34 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002)
Flechtner-Mors M, Jenkinson CP, Alt Efeitos do acipimox sobre a taxa de lipólise no tecido adiposo
A, Adler G, Ditschuneit HH, subcutâneo de indivíduos obesos
Department of Internal Medicine,
University of Ulm, Germany, Diabetes Introdução: Acipimox é um agente hipolipemiante que diminui as
Metab Res Rev 2001;17(5):387-90, concentrações plasmáticas de triglicérides e de ácidos graxos não-esterificados.
setembro de 2001 Acipimox pode diminuir a síntese de triglicérides pela diminuição da
disponibilidade do ácido graxo não esterificado dos adipócitos, mas este efeito
não foi ainda demonstrado in vivo. A lipólise após tratamento de acipimox
foi examinada em tecido adiposo subcutâneo de indivíduos obesos mórbidos
com síndromes metabólicos associados.
Métodos: A técnica da microdiálise foi utilizada em tecido adiposo
subcutâneo de oito indivíduos hiperinsulínicos. Após tratamento com
acipimox, a concentração de glicerol foi determinada como índice de taxa de
lipólise. O fluxo sanguíneo foi avaliado pelo técnica de escapamento de etanol.
As taxas de liberação de glicerol a partir do tecido adiposo humano estimulado
por epinefrina foram também investigadas na presença de acipimox. Oito
indivíduos com idade e peso correspondentes foram escolhidos como grupo
controle.
Resultados: Com tratamento de acipimox, a liberação de glicerol diminuiu
no tecido adiposo subcutâneo e nenhum efeito foi observado no fluxo
sanguíneo. No tecido adiposo estimulado, acipimox não demonstrou efeito .
Conclusão: Neste estudo a liberação de glicerol do tecido adiposo foi inibida
pelo acipimox. A ação anti-lipolítica do agente pode diminuir as
concentrações plasmáticas elevadas de ácidos graxos livres em indivíduos
portadores de obesidade severa.
36 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01` (2002)
Richard S. Surwit et al., Duke O tratamento do estresse melhora o controle glicêmico a longo
University Medical Center, Durham, prazo em diabéticos tipo 2
North Carolina Diabetes Care
2002;25:30-34, janeiro de 2002 Objetivo: Existe uma evidência de conflito no que diz respeito a utilidade
do manejo do estresse no tratamento do diabetes. Os estudos que mostraram
o efeito terapêutico do manejo do estresse usaram uma terapia individual
dispendiosa em tempo. Infelizmente, o uso em larga escala desse tipo de
intervenção não é prático. O objetivo da pesquisa foi de determinar se um
programe de treinamento de grupo, de baixo custo, pode melhorar o
metabolismo da glicose em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e determinar
se existe um grupo de pacientes que pode apresentar resultados positivos.
Desenho e métodos: Pacientes diabéticos tipo 2 foram randomizados para
participar de um programa de educação em diabetes de 5 sessões, com ou
sem manejo de estresse. Os participantes (n = 108) foram acompanhados
durante um ano, no qual testes de HbA1c e questionários avaliando estresse,
ansiedade e saúde psicológica foram realizados para avaliar os efeitos do
tratamento.
Resultados: O manejo do estresse foi associado à pequena (0,5%), más
significativa diminuição em HbA1c. A complacência com o tratamento
diminuiu com o tempo, mas de modo similar as tratamentos de manejo do
estresse administrados por outras razões. O caractere ansiedade (como medida
de diferenciação individual estável em pré-disposição à ansiedade) não
prognosticou uma resposta ao tratamento, mostrando que os pacientes muito
ansiosos não recebem mais benefício do treinamento.
Conclusões: Os resultados atuais indicam que um programa de manejo
grupal do estresse, com custo baixo, pode resultar em benefícios
clinicamente significativos para pacientes portadores de diabetes tipo 2.
Continuação P < 0,05). M foi 26% menor em mulheres tratadas com estrogênio mais
progesterona (44,0 ± 3,5 vs. 59,7 ± 6,2 µmol · kgFFM · min-1, P < 0,05) do que
em mulheres sem TRH. M/I, quantidade de glicose metabolizada por unidade
de insulina plasmática (I), índice de sensibilidade à insulina, foi 36% menor
em mulheres tratadas com estrogênio em comparação com mulheres sem
TRH (P < 0,05) e 28% menor do que em mulheres tratadas com estrogênio
mais progesterona quando comparadas com mulheres sem TRH (P < 0,05).
Conclusões: Mulheres pós-menopaúsicas tratadas com estrogênio oral ou
combinação de estrogênio e TRH são mais insulino-resistentes do que as
mulheres sem TRH, mesmo quando as mulheres apresentam uma
adiposidade total e abdominal comparável.
Miyazaki Y et al., University of Texas Efeito da rosiglitazona sobre o metabolismo da glicose e ácidos
Health Science Center, Diabetes graxos não esterificados em pacientes diabéticos tipo 2
Division, San Antonio, Texas,
Diabetologia 2001;44: 2210-2219, Objetivos: Estudar os mecanismos pelos quais a rosiglitazona melhora o
dezembro de 2001 controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes tipo 2.
Métodos: 29 pacientes tratados por dieta foram randomizados para receber
rosiglitazona, 8 mg/dia (n = 15), ou placebo (n = 14) durante 12 semanas.
Pacientes receberam 75 g OGTT e um clamp euglicêmico de insulina em 2
etapas (40 e 160 mU/m2.min) com glicose 3-3H. 14C palmitato e calorimetria
indireta.
Resultados: Após 12 semanas, a rosiglitazona diminuiu a glicose plasmática
de jejum (195 ± 11 to 150 ± 7 mg/dl, p < 0,01), a glicose plasmática média
durante OGTT (293 ± 12 para 236 ± 9 mg/dl, p < 0,01), e HbA1c (8,7 ± 0,4
para 7,4 ± 0,3 %, p < 0,01), sem alterações na concentração de insulina
plasmática. A produção endógena basal de glicose (EGP) diminuiu (3,3 ± 0,1
para 2,9 ± 0,1 mg/kg FFM. min, p < 0,05) e a taxa de clearance metabólica da
glicose do corpo total aumentou após rosiglitazona (primeira etapa do clamp:
2,8 ± 0,2 para 3.5 ± 0.2 ml/kg FFM. min, p < 0.01; segunda etapa do clamp: 6,7
± 0,6 para 9,2 ± 0,8, p < 0,05), apesar do aumento do peso corporal (86 +/- 4
para 90 +/- 4 kg, p < 0,01) e da massa adiposa (33 ± 3 para 37 ± 3 kg, p < 0,01).
Ácidos graxos não-esterificados plasmáticos de jejum (NEFA) (735 ± 52 para
579 ± 49 mEq/l, p < 0,01), média de NEFA durante OGTT (561 ± 33 para 424
± 35, p < 0,01), e turnover NEFA basal (18,3 ± 1,5 para 15,5 ± 1,2 mEq/kg FM.
min, p < 0,05) diminuíram após rosiglitazona. Alterações em EPG e glicose
plasmática de jejum durante OGTT correlatas com alterações em EGP basal (r
= 0,54; r = 0,58), primeiro EGP (r = 0,36; r = 0,41), primeiro MCR (r = -0,66;
r = -0,68), segundo MCR (r = -0,49; r = -0,54), NEFA plasmática de jejum (r =
0,53; r = 0,49), e NEFA durante OGTT (r = 0,66; r = 0,66).
Conclusão: Rosiglitazona aumenta a sensibilidade à insulina nos tecidos
hepáticos e periféricos (músculo) e diminui o turnover dos NEFA apesar
do aumento da massa adiposa corporal total. Esses resultados sugerem que
os benefícios da rosiglitazona sobre o controle glicêmico são mediados,
em parte, pelo efeito da droga sobre o metabolismo dos NEFA.
Nancy C. Dolan et al., Diabetes Care Doença arterial periférica, diabetes e função alterada das
2002;25:113-120, janeiro de 2002 extremidades inferiores
Ron Y et al., J Gerontol A Biol Sci Med Efeito da acarbose sobre o tempo de transito colônico em
Sci. 2002 Feb 1;57(2):M111-114 pacientes diabéticos tipo 2
Introdução: Constipação é comum em pacientes idosos portadores de
diabetes; sua prevalência é estimada em 60% entre pacientes com
neuropatia diabética. Acarbose, inibidor da a-glicosidase, tem um papel
benéfico no controle do diabetes, mas um de seus efeitos adversos é a
diarréia. Este estudo avaliou a eficácia da acarbose na melhora da
constipação usando estudos de tempo de transito (TT) em pacientes idosos.
Métodos: 28 pacientes portadores de diabetes tipo 2 e constipação foram
recrutados para o estudo. TT foi medido por marcadores radioopacos e
foi calculado separadamente para os 4 segmentos do cólon (ascendente,
transverso, descendente e retossigmóide) e para o tempo de transito
colônico total (CTT). TT segmental e CTT foram avaliados em cada
paciente antes e após de uma semana e de novo após 4 semanas de
tratamento com acarbose.
Resultados: O CTT inicial médio medido em pacientes era 202 ± 136
horas. Após 4 semanas de tratamento com acarbose, o CTT inicial diminuiu
significativamente para 149 ± 107 horas e 161 ± 97 horas, respectivamente
(p < 0,002). Para cada segmento estudado, o TT foi menor, mas de modo
significativo só no cólon ascendente e transverso (p < 0,02 e p < 0,03,
respectivamente). O efeito da composição da dieta foi também examinado.
Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) 41
PALESTRA E ENTREVISTA
Adolfo Pérez-Comas*
*Presidente da Internacional Diabetes Federation (IDF) – Região SACA (South America – Central America), endocrinologista e educador da Faculdade de
Medicina da Universidad de Ponde em Porto Rico, Assessor do Nacional Institute of Health dos Estados Unidos, assessor do Control Disease Center
(Atlanta - USA).
Diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes formada em Filadélfia, que alertava sobre os números
Fomos considerados como loucos, mas é um assunto de prevalência do diabetes tipo 2 em crianças.
que começamos investigar já há muitos anos na América Os tipos de diabetes que podemos encontrar na
latina. Hoje em dia, vivem no mundo 151 milhões população jovem são os seguintes:
portadores de diabetes. Este número vai crescer - Diabetes gestacional em adolescentes.
drasticamente no próximo quarto de século. Segundo a - Diabetes autossômico dominante, transmitido à
Organização Mundial da Saúde (OMS), a população de crianças pela mãe. Existe em percentagem baixa e
diabéticos será de 300 milhões em 2025. Mas esta somente em pessoas caucasianas.
previsão não toma em conta o fenômeno do diabetes - Diabetes tipo 2 presente em uma minoria.
tipo 2 em crianças e adolescentes. - Outros tipos de diabetes não auto-imunes, presentes
em populações distintas. Existe em algumas crianças de
O diabetes na população jovem raça afro-americana, mas não são tipicos.
Crianças e adolescentes podem desenvolver diabetes Esses tipos de diabetes estão aumentando e
desde o nascimento e em qualquer período da vida. As particularmente o diabetes tipo 2. Agora, doenças
pesquisas mostram que existe um aumento mundial do comuns em crianças são o câncer, diabetes e doenças
diabetes nesta população. Não só do diabetes tipo 1, que fibroquísticas do pâncreas.
é característico dessa idade, mas também do diabetes Em Porto Rico, temos uma taxa de 18,4%, o que é o
tipo 2. No final dos anos sessenta e no início dos anos maior índice da Caribe e provavelmente do continente
setenta, a idéia comum era que isso não pode acontecer, americano.
mas já existia alguns casos isolados. Na população de jovens, o período de início o mais
Em 1963, um grupo de científicos do Venezuela, entre característico para o diabetes tipo 1 é a idade de 10 a 14
eles o Dr. León Colina Bracho, publicou o resultado de anos. Existe um pico no período do nascimento, com
uma pesquisa sobre a presença do diabetes tipo 2 em um diabetes transitório ou continuo, e esse pico vai
crianças. Este trabalho não recebeu atenção, até que o diminuindo com a idade. Os especialistas conhecem bem
assunto começou preocupar os Estados Unidos em 1995. o problema do ponto de vista epidemiológico, mas no
Um estudo realizado em Arizona recolheu uma serie de que diz respeito a outras idades, não existem dados
casos. Na Declaração das Américas de 1996, foi editado específicos porque não há registros (a maioria dos
um documento especial com o Consenso da Associação estudos são realizados pela Universidade de Pittsburg).
Latino-americana de Diabetes (ALAD) sobre o manejo
do diabetes tipo 2, no qual foram incorporados dois O Terceiro Estudo Nacional de Saúde e Nutrição dos
capítulos: um sobre este tema e outro com o trabalho da Estados Unidos foi baseado em pesquisa realizada em
Dr a. Carmen Sáenz, endocrinologista de Porto Rico jovens. Mostrou um índice nacional de diabetes de 4,1
Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45 43
por mil, em uma população com idade 12-19 anos. Se Sabemos que as chamadas “minorias” nos Estados
comparemos este número com o da fibrose quística do Unidos (os brancos caucasianos não hispanos, os
pâncreas, que é de 0,3 por mil, o resultado é uma africanos-americanos, os cubano-americanos, os méxico-
diferença drástica para o diabetes. americanos e os portorriquenhos), são as pessoas que
Para o período 1993-1994, existem dados sobre a têm mais risco de desenvolver um diabetes tipo 2. Os
incidência do diabetes em jovens. Em Porto Rico era de portorriquenhos e latino-americanos em geral estão mais
8,5%, e 3,8% em Bogotá, Colombia. Em inúmeros paises propensos a desenvolver a condição que chamamos
se desconhece o que está acontecendo. diabetes em crianças.
Neste momento, a maioria dos registros que eram Com relação ao diabetes tipo 2, está ocorrendo a fase
financiados em grande parte por instituições dos Estados clínica na qual uma pessoa pode estar cinco, seis ou sete
Unidos para o diabetes tipo 1 tem perdido os seus anos com a condição sem perceber que os níveis de
recursos de financiamento, porque agora, na América glicemia estão aumentando. A resistência à insulina
do Norte, o interesse se centraliza no diabetes tipo 2. (hiperinsulinemia) aparece muitos meses antes de ser
Entretanto, o Grupo de Estudo Latino Americano sobre diagnosticada. Isso influi nas futuras complicações do
o Diabetes na Criança e adolescente (GELADNA), diabetes em todos os níveis.
membro da Associação Latino Americana de Diabetes O que anteriormente ocorria na idade de 40 ou 50
(ALAD) e com representação em países como Equador, anos, agora manifesta-se em adolescentes, incluso em
Paraguai, Costa Rico, Colômbia, entre outros, está crianças de 8 e 9 anos, associado a algumas
coletando dados para conhecer o que está ocorrendo na características clínicas.
América Latina. Se estudamos a existência do diabetes em Chiapas,
Apesar deste esforço, é muito difícil obter dados México, observamos que a incidência é de 2 ou 3%.
científicos concretos de todas as Nações de forma Quando chegamos à fronteira, há uma incidência de 9
organizada. Sem dúvida nenhuma, a situações é hoje ou 10% e quando estas pessoas cruzam a fronteira e
consideravelmente melhor do que 10 ou 12 anos atrás. Se vivem nos Estados Unidos por 2 ou 3 anos, já a incidência
não existia este grupo, não teria nenhum dado desse tipo. está em 13 ou 14%.
É uma experiência natural pelo novo tipo de ambiente,
Como se manifesta o diabetes tipo 1 em crianças? a nova qualidade de vida, que os Índios Pima de México,
Se trata de fator ambiental produzido por um vírus. primos dos Índios Pima de Arizona também apresentam
Também pela alteração da dieta na infância como por uma taxa muito baixa de 3 ou 4% em México, mas com
exemplo o tipo de leite, a contaminação com nitrito ou uma taxa de mais do que 50% em certas faixas etárias
nitrato, incluso distintas substancias farmacêuticas que em Índios Pima de Arizona.
podem ser nocivas, e que podem ser responsáveis de
uma resposta auto-imune. Existem marcadores genéticos Muitos estudos e pouca informação
de tipo HLA que podem identificar as pessoas suscetíveis Há múltiplos investigações sobre retinopatia,
de desenvolver o diabetes. Muitas pessoas não vão ser nefropatia, estudos cientificamente bem preparados para
afetadas, porque não vai aparecer uma diminuição das chegar a conclusão que o diabetes pode ser controlado.
células β de forma estável. Em algumas pessoas pode Se gasta muito dinheiro nesses estudos, mas a mensagem
ocorrer que a perda das células β seja uma consequência não está chegando onde ela deve: até a pessoa portador
de uma resposta auto-imune, mas por que o diabetes de diabetes. Incluso em muitas Faculdades de Medicina,
aparece, tem que ter um déficit de função de pelo menos os estudantes desconhecem ainda os resultados destes
70 a 80% dessas células. Neste quadro já se manifeste a estudos. Com estes trabalhos, os pesquisadores estão
sintomatologia clínica, até chegar em uma estado de convencidos que é necessário o tratamento precoce
perda total, que chamamos diabetes tipo 1. adequado da pessoa com diabetes. Temos os melhores
Nos Estados Unidos há 123 mil jovens de menos de medicamentos, os melhores estudos científicos, os
20 anos portadores de diabetes. 15 a 45% dos novos casos melhores instrumentos, mas não conseguimos levar todo
não são de diabetes tipo 1. São crianças com uma classe isso até a prática diária.
de diabetes que anteriormente era considerado do adulto:
o do tipo 2. Como se origina o diabetes tipo 2 em crianças?
O diabetes da criança e adolescente compreende 30% Existem várias hipóteses sobre a etiologia do Diabetes
de novos casos nos Índios Americanos a partir dos 10 tipo 2 em crianças e adolescentes. Uma delas é o fator
anos de idade. De 1988 a 1996, o Serviço Nacional ambiental que poderia ter influência na etapa intra-
Indígena dos Estados Unidos, (Instituição que possui um uterina. Já há estudos que demonstram que crianças mal
grande número de estudos realizados em crianças com nutridas, de baixo peso de nascimento, apresentam
Diabetes nesta Nação) informou um incremento de 54% alterações do conteúdo do ADN. A consequência é que,
na prevalência do Diabetes em jovens entre 15 e 19 anos. a longo prazo, eles apresentam uma deficiência das
44 Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45
células β, processo que pode se adicionar à inatividade Fig.2 - Aumento da prevalência do diabetes Tipo 2 em crianças e
física, má alimentação, além da presença no meio adolescentes em Cincinatti, Ohio
ambiente de tóxicos químicos, como o famoso agente
laranja que se utilizou no Vietnã. No que diz respeito a
este produto que foi criado, aprovado e produzido em
Porto Rico, o governo dos Estados Unidos determinou
no ano passado que ele foi a causa de diabetes em muitos
veteranos durante a Guerra do Vietnã. A herança joga
indiscutivelmente um papel fundamental nos dois tipos
de diabetes, os marcadores genéticos que conhecemos
no tipo 1 e a frequência de familiares afetados nas pessoas
com diabetes tipo 2. No tipo 1 muitas vezes não
encontramos nenhum familiar. No tipo 2, encontramos
pais, avós e primos. Isto indica uma herança que é
poligénica. Estas pessoas são caracterizadas
especificamente pela hiperinsulinemia, vão apresentar
também um processo de insulino-resistência: o nível da
insulina é bem mais elevado porque ela não está utilizada
nos tecidos periféricos.
Há uma predominância de os que os Norte-americanos Fig.4 - Diabetes tipo 2 em adolescentes nos Estados Unidos.
chamam “Não em Europeus” (para não chamá-los de
minorias) que são os Africano-americanos, os Asiáticos,
os Hispanos e os Índios nativos americanos que vivem
nos Estados Unidos. Um número significativo deles
apresentam problemas lipídicos, albuminúria, apnéia do
sono, depressão, obesidade (em 85% das pessoas),
inatividade física, antecedentes familiares de diabetes tipo
2 (de 45 a 80% têm um dos pais com diabetes e pode
apresentar historia de diabetes em varias gerações). Isso
é um marcador a buscar nas crianças, mas na circunstancia
de diagnostico do diabetes tipo 2 em crianças, devemos
verificar se existe diabetes também nos pais, que
geralmente não têm conhecimento da doença.
De 70 a 100% dos pacientes têm um familiar de
primeiro ou segundo grau com diabetes tipo 2.
Frequentemente ocorre que o diabetes é diagnosticado
nos pais após ser encontrado na criança afetada. Jovens de Jovens
Existe a exposição ao diabetes durante a vida intra- 12 a 19 Pima de
uterina. As mães portadoras de diabetes gestacional anos 15 a 19
poderiam transmitir a condição aa filho. Esta pessoa anos
poderia desenvolver o diabetes tipo 2 durante a
adolescência. Os signos de insulino-resistência nos fazem
prestar mais atenção a procurar doenças como a acantose,
demonstra: é preciso passar à fase de intervenção, à de
que parece ser um marcador importante para identificar
um diagnóstico precoce e de tratamento adequado.
a hiperinsulinemia e os ovários poliquísticos.
33 % dos adolescentes com diabetes tipo 1 podem ter
Como tratar o diabetes tipo 2 em crianças e
diagnóstico de cetonúria e de 5 a 25% dos tipo 2
adolescentes?
apresentarão cetoacidose no início. Estes pacientes
Conhecemos as complicações do diabetes a longo
podem ter cetoacidose sem necessidade de associação
prazo, mas se o especialista passa mais tempo para busca-
com estresse, outra doença ou infecção.
las, as percentagens de portadores de complicações em
crianças e adolescentes cão aumentar drasticamente em
Como identificar um adolescente com diabetes tipo
um futuro próximo.
1 e tipo 2?
O tratamento, infelizmente, ainda é inadequado. O
Há ampla diferença geográfica na incidência do
protocolo varia consideravelmente de um lugar a outro.
Diabetes tipo 1 e tipo 2.
A maior parte dos medicamentos disponíveis para o
Há um pico de aparição entre 10 e 14 anos para o tipo
tratamento do diabetes tipo 2 não estão aprovados para
1 e entre os 12 e 14 anos para o tipo 2.
o uso nas crianças. Nos Estados Unidos, se um
Há uma variação estacional no tipo 1 (inverno, outono,
especialista usa um medicamento que não foi certificado
etc), que não existe no tipo 2.
adequado pelo FDA (Food and Drug Administration)
Há uma suscetibilidade genética, mas não é a mesma
ele pode ser processado. Se o paciente apresenta
para todos os tipos de diabetes.
complicações, o especialista automaticamente perde o
processo porque não respeitou as normas de aprovação
Diagnóstico precoce para evitar as complicações
do medicamento.
do diabetes tipo 2
Não só os remédios para a glicose, mas também os
É muito importante que a população seja alerta para
antilipídicos (incluso os medicamentos para a tensão
o diagnóstico precoce do diabetes tipo 2 em crianças.
arterial) não foram aprovados em estudos científicos para
Também para o tratamento adequado e imediato que
o uso em crianças. Às vezes, o tratamento é incorreto
permita evitar as conseqüências. Estudos têm
por desconhecimento dos especialistas da presença do
demonstrado que o diabetes pode prevenir-se de uma
diabetes nas crianças.
forma muito significativa.
É importante que seja avaliado o comportamento
diagnóstico e terapêutico quando o diabetes é detectado
em idades precoces. Existem múltiplos estudos que o
46 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
Juan José Gagliardino*, Marcelo da Hera*, Fernando Siri* e grupo de investigação da rede
QUALIDIAB
*Centro de Endocrinologia experimental e aplicada (Cenexa), Universidade nacional da Plata – Conselho nacional de investigações científicas e técnicas
(UNLP-CONICET), Centrro colaborador da organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS), La Plata, Argentina
A Rede QUALIDIAB é formada pela Argentina (Juan José Gagliardino, CENEXA, UNLP-CONICET; Silvia Lapertosa,
Corrientes; Astrid Libman, Rosario, Santa Fé; Luis Olivares, Santa Rosa, La Pampa; Martin Rodriguez, Mendonza; Isaac
Sinay, Buenos Aires); Brasil (Adriana Costa e Forti, Cristina F Sampaio Façanha, Fortaleza); Chile (M. Cristina Escobar,
programa Saúde do Adulto, Ministério da Saúde, Santiago, e Glória Lopez, Santiago); Colômbia (Iván Dario Escobar Duque,
Santa Fé de Bogotá); França (Line Kleinebeil, Paris); Paraguai (Felicia Cañete e Gilda Benitez Rolandi, Asunção); Uruguai
(Ramiro Draper, Pando, Depto Canelones; Ladislao Baptista, Trinidad, Depto Flores, e Maria del Pilar Serra, Montevideo).
Resumo
Objetivo: Estabelecer um diagnóstico inicial da qualidade da assistência recebida por pacientes portadores de diabetes mellitus (DM), em
centros participantes da rede QUALIDIAB na América latina e no Caribe, e avaliar o uso potencial dessa informação bem como a importância
da expansão da rede QUALIDIAB.
Métodos: Foram analisados 13.513 registros fornecidos por entidades de atenção de setores públicos e privados de saúde e previdência Social
de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai (rede QUALIDIAB). Foram utilizados indicadores da qualidade da atenção baseados
em valores de referência internacionais, planilha de registro de parâmetros clínicos, bioquímicos e terapêuticos e taxa de uso de elementos
diagnósticos e terapêuticos, um programa para tratar os dados e outro para a análise estatística.
Resultados: O diabetes tinha uma duração < 5 anos em aproximadamente a metade das pessoas portadores de diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2
(DM2). 24% dos pacientes DM1 e 15% dos pacientes DM2 apresentavam glicemia < 4,4 mmol/l, e 41% dos DM1 e 57% dos DM2 tinham
glicemia > 7,7 mmol/l. A freqüência da associação do DM2 com outros fatores de risco cardiovasculares (FRCV) foi a seguinte: sobrepeso/
obesidade, 59%; hipertensão, 60%, colesterol total > 5,5 mmol/L, 53%; colesterol das lipoproteínas de alta densidade < 1 mmol/L, 32%;
triglicérides > 1,7 mmol/L, 45%; tabagismo 13%. 20% dos portadores de DM1 tinham um índice de massa corporal < 19 kg/m2 que provavelmente
reflete um controle metabólico deficiente e hipoinsulinização. A verificação sistemática dos indicadores do controle metabólico e a detecção
de FRCV e de complicações crônicas do DM foram deficientes em 3 até 75% dos casos. Segundo indicadores de educação terapêutica, só a
metade ou um quarto dos participantes poderia desempenhar um papel ativo e eficaz no controle e tratamento de seu DM. 50% dos portadores
de DM1 são tratados com combinação de insulinas (NPH + ação curta), administrada em dois aplicações diárias em 43% dos casos. 5 a 9% dos
pacientes recebem, respectivamente, 1 e > 3 aplicações diárias de insulina. 13% dos portadores de DM2 tratam seu enfermidade só com dieta
e 14% só com insulina. Entre os pacientes tratados com medicamentos, os hipoglicemiantes orais os mais utilizados em monoterapia foram as
Endereço para correspondência: Juan José Gagliardino, CENEXA (UNLP-CONICET), Facultad de Cinecias Médicas, UNLP, Calles 60 y 120, 1900 La Plata,
Argentina, Tel: +54 221 423 6712, Fax: +54 221 422 2081, E-mail: gagliardino@infovia.com.ar
Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 47
sulfoniluréias (33%), seguidas pelas biguanidas (9%) e a administração combinada (14%). Menos da metade dos pacientes diabéticos recebem
uma farmacoterapia para tratar os FRCV associados. A frequência das complicações microangiopáticas e microangiopáticas aumenta com a
duração da doença, verificando-se os incrementos máximos na insuficiência renal e nas amputações (aproximadamente 7 vezes) e os menores
na neuropatia periférica (2 vezes) e os acidentes cérebro-vasculares (1,6 vez).
Conclusões: Estes resultados demonstram a necessidade de melhorar a qualidade da atenção aos pacientes diabéticos e que QUALIDIAB
pode ser o instrumento idôneo por isso na América Latina e Caribe. A ampliação da Rede QUALIDIAB contribuirá a estabelecer um diagnóstico
mais preciso da qualidade da atenção na Região e facilitará a implementação de intervenções destinadas a otimizá-la, melhorando assim a
qualidade de vida dos pacientes e diminuindo simultaneamente o custo socioeconômico da doença.
Palavras-chave: Diabetes, qualidade da atenção, sistemas de avaliação, rede QUALIDIAB, Declaração das Américas (DOTA), América
Latina.
Abstract
Objective: To make a preliminary diagnosis of the quality of care that individuals with diabetes mellitus (DM) received in participating centers
of the QUALIDIAB net-work in Latin America and the Caribbean, and to assess the potential usefulness of this information as well as the
importance of expanding the QUALIDIAB network.
Methods: A total of 13 513 patient records from the QUALIDIAB network were analyzed, from public and private health care entities and
from the Social Security systems of Argentina, Brazil, Chile, Colombia, Paraguay, and Uruguay. The study utilized: 1) quality-of-care indicators
based on international reference values, 2) patient information on clinical, biochemical, and therapeutic parameters and on the rate of use of
diagnostic and therapeutic materials, 3) a computer database program, and 4) a software program for statistical analysis.
Results: Among the patients studied, about half of them had suffered from diabetes for 5 years or less; this was true both for persons with type
1 diabetes (DM1) and for those with type 2 diabetes (DM2). Of the persons with DM1, 24% of them had a blood glucose level of < 4.4 mmol/
L; this was true for 15% of those with DM2. The pro-portion of persons with a blood glucose level of > 7.7 mmol/L was 41% among those with
DM1 and 57% among those with DM2. The frequencies of association between DM2 and other cardiovascular risk factors were: overweight/
obesity, 59%; hypertension, 60%; total cholesterol > 5.5 mmol/L, 53%; high-density lipoprotein cholesterol < 1 mmol/L, 32%; triglycerides >
1.7 mmol/L, 45%; and smoking, 13%. Of the people with DM1, 20% of them had a body mass index < 19 kg/m 2 , probably reflecting deficient
metabolic controle and inadequate insulin intake. The systematic checking of metabolic controle, other cardiovascular risk factors, and chronic
DM complications was inadequate in from 3% to 75% of the cases, depending on the specific aspect considered. According to various patient-
therapy-education indicators, only some one-quarter to one-half of the studied patients could play an active, effective role in DM controle and
treatment. Of the persons with DM1, 50% of them were treated with a mixed dose of insulin (NPH + regular insulin), administered in two daily
injections in 43% of the cases. Among the patients, 5% of them received one daily insulin injection, and 9% of them received three daily
insulin injections. Of the people with DM2, 13% of them treated it only with diet and 14% just with insulin. Among the patients receiving drug
treatment, the oral hypoglycemics most used in monotherapy were sulfonylureas (33%), biguanides (9%), and a combination of these two
(14%). Fewer than half of the people with diabetes received drug therapy for the associated cardiovascular risk factors. The frequency of
patients’ macroangiopathic and microangiopathic complications increased with the duration of their disease. Comparing patients who had had
diabetes for 5 years or less with those who had had the illness for more than 20 years, the frequency of renal insufficiency and of amputations
was around 7 times as great in the latter group; for peripheral neuropathy, it was 2 times as great, and for stroke 1.6 times as great.
Conclusions: These results show the need to improve the quality of care for diabetic patients in Latin America and the Caribbean, and that
QUALIDIAB could help do this. Expanding the QUALIDIAB network will help to more accurately diagnose the quality of that care in the
Americas, and it will facilitate interventions aimed at opti-mizing the care. This, in turn, will improve the quality of life of persons who suffer
from diabetes as well as diminish the socioeconomic costs of the disease.
Key-words: Diabetes, quality of care, assessment systems, QUALIDIAB network, Declaration of Americas (DOTA), Latin America.
48 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54
O diabetes mellitus (DM) é uma doença de prevalência O Programa de Ação Europeu da Declaração de São
crescente que, frequentemente, é responsável de Vicente [13], cujo objetivo é melhorar tanto as condições
complicações de caractere invalidante, constituindo assim clínicas como sociais dos pacientes portadores de DM,
um problema de saúde serio e uma carga socioeconômica desenvolveu e implementou um modelo de controle da
pesada para a sociedade [1]. O DM afeta aproximadamente qualidade da atenção (DiabCare) [14]. A experiência
130 milhões de pessoas em todo o mundo e estima-se que lograda mediante sua implementação em vários países
este número chegará aproximadamente a 300 milhões no da Europa e América Latina levou o Comitê Executivo
ano 2025 [2]. Este aumento será significativo nos países da DOTA (Declaration of the Americas) [15] a
da América Latina, já que 80% dos anos perdidos de vida implementar na América Latina e Caribe um programa
por incapacidade causada pelo diabetes correspondem aos piloto de controle da qualidade da atenção às pessoas
países em desenvolvimento [3]. portadoras de DM (QUALIDIAB) similar ao DiabCare
Existem vários fatores que aumentam a morbi- europeu.
mortalidade desta doença: 1) Na maioria dos países, Sua estratégia foi promover o desenvolvimento de
aproximadamente 50% dos pacientes desconhecem sua uma rede de controle de qualidade (rede QUALIDIAB)
doença, e, por isso, não se tratam; 2) 20 a 30% dos entre vários centros de diferentes países, tratando de
pacientes que conhecem sua doença não fazem nenhum demonstrar a utilidade do uso de um registro coletivo e
tipo de tratamento [4,5], e 3) 68% dos casos de DM se de compartir a informação e sua análise.
diagnosticam de forma casual, geralmente após a A implementação de QUALIDIAB iniciou-se com um
manifestação clínica de alguma de suas complicações seminário teórico-prático intensivo em abril de 1999 (La
crônicas [5]. Portanto, aproximadamente dois terços da Plata, Argentina) para o treinamento dos representantes
população de portadores de DM têm o risco de apresentar dos países (futuras unidades), seguido da organização
complicações crônicas. de uma rede de recoleção dos dados. Atualmente, a rede
As complicações crônicas que constituem a causa a QUALIDIAB tem na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
mais importante da morbi-mortalidade e dos custos do Paraguai e Uruguai unidades que coletam informação
DM, podem diminuir de maneira significativa mediante de entidades de atenção de seus sub-setores públicos e
o controle adequado da glicemia e dos fatores de risco privados; dos centros subsidiários (Caribe [Bogotá,
cardiovascular (FRCV) associados [6, 7]. Convém Colômbia] e Sul [La Plata, Argentina]) e que concentram
mostrar que o custo do tratamento das complicações a informação de seus unidades tributarias; um centro
crônicas representa a metade dos custos de atenção do coordenador (Centro de Endocrinologia Experimental
DM, e que a outra metade se destina ao tratamento do e Aplicada; CENEXA, La Plata, Argentina) que
DM per se [8–10]. proporciona apoio técnico, registra e analisa a informação
A eficácia das estratégias de prevenção depende, pelo proveniente dos centros subsidiários, difunde os dados
menos em parte, da qualidade da atenção dispensada às da Região e promove o funcionamento da rede; e um
pessoas portadoras de DM. Portanto, a avaliação da centro Euro-Lat (Paris, França) que proporciona
qualidade desta atenção preocupa os pacientes e seus inovações técnicas, atuando também como assessor
familiares, os profissionais da saúde, as entidades de externo e ligação entre América Latina e Europa [16].
financiamento e as autoridades de saúde pública. Neste trabalho, apresentamos uma análise descritiva
O conceito de qualidade da atenção referido às pessoas preliminar e discutimos alguns dos resultados obtidos
portadoras de DM inclui três princípios básicos: pela rede QUALIDIAB. Seus objetivos foram:
1. Conhecimentos, capacidades e prática clínica para a) Definir as características de uma mostra de pessoas
o controle do DM, e suficiente motivação dos integrantes portadoras de DM atendidas em centros de saúde da rede;
da equipe de saúde. b) Estabelecer um diagnóstico preliminar da qualidade
2. Acesso do paciente à atenção, insulina, remédios da atenção que recebem essas pessoas, utilizando a
específicos, tiras reativas e outros elementos necessários informação registrada e o uso dos indicadores
para controle e tratamento. QUALIDIAB para definir estratégias, priorizar a
3. Motivação, aderência e participação ativa dos adjudicação de recursos e avaliar o impacto de qualquer
pacientes no controle e tratamento de seu doença. intervenção futura, e c) Analisar o potencial desta
Qualquer intento de melhorar a qualidade da atenção informação, e também a importância da expansão da rede
implica uma planificação adequada e um processo de QUALIDIAB na América Latina e Caribe.
avaliação objetiva capaz de medir o grau de êxito e
estabelecer uma retroalimentação eficaz que sustente os Material e métodos
logros e corrija possíveis erros. A avaliação da qualidade QUALIDIAB é um processo de avaliação dinâmico
da atenção foi efetuada a partir de estatísticas vitais, baseado no monitoramento e comparação regular e
registros médicos dos pacientes, informes dos profissionais periódica de indicadores que incluem:
da saúde e relatórios sobre os pacientes [11, 12]. • Indicadores de processos, como a porcentagem de
Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 49
pacientes nos quais se verifica a proteinúria ou o auto- descritiva dos dados correspondentes a 13.513 registros
monitoramento da glicemia. de pacientes portadores de DM1 e DM2 provenientes
• Indicadores de resultados de aparição precoce: das unidades QUALIDIAB de Argentina, Brasil, Chile,
episódios de cetoacidose e hipoglicemia. Colômbia, Paraguai e Uruguai. Para esta análise,
• Indicadores de resultados de aparição intermediária: utilizou-se o StatQualidiab, programa desenvolvido em
glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada (HbA1c), conjunto pelos centros colaboradores da OMS de La
lipidemia, proteinúria. Plata e Paris. StatQualidiab é um conjunto de macros o
• Indicadores de resultados de aparição tardia: rotinas programadas em Visual Basic for Applications
cegueira, neuropatia, amputação, enfarto de miocárdio. para Excel, que permite realizar uma análise estatística
dos dados registrados, reunir uma grande quantidade de
Os principais instrumentos empregados na rede indicadores de tipos diversos, calcular parâmetros gerais
QUALIDIAB são: de caracterização, estabelecer referências cruzadas e
• Os indicadores da qualidade da atenção, baseados desenhar gráficos. Para analisar o aumento da freqüência
em valores de referência propostos pela Associação das complicações em função da duração do diabetes
Europeu para o Estudo do Diabetes (European utilizou-se o teste chi quadrado (c2) para tendências.
Association for the study of Diabetes: EASD) [17, 18] e Respeitando o principio essencial pré-estabelecido de
a Associação Americana de Diabetes (American QUALIDIAB da confidencialidade do manejo público
Diabetes Association: ADA) [19]. da informação, os resultados se apresentam como a média
• A planilha de informação básica, na qual se registram dos valores em percentagens médios de todos os países
os parâmetros clínicos, bioquímicos, terapêuticos e a taxa participantes, acompanhada do intervalo das médias de
de uso de elementos diagnósticos e terapêuticos cada país, sem identificação da origem.
(prescrições anuais ou qualquer outra assistência médica,
análise laboratorial, tratamento farmacológico e Resultados
internações). A Tabela 1 mostra as características da população
• O programa informático (programa de integração analisada. Os valores extremos dos países mostram amplas
de dados e detecção de erros de procedimento). diferenças entre eles. A maioria dos pacientes portadores
• O programa de análise estatística descentralizado de DM1 estão na faixa etária de 16–35 anos, aqueles com
(StatQualidiab), recentemente incorporado. DM2 estão na faixa 36–45 anos. Em ambos os grupos, a
• A rede QUALIDIAB de controle de qualidade. duração do diabetes é, na maioria, inferior a 5 anos.
A utilização destes elementos permite, mediante Como pode se ver na Tabela 2, as pessoas portadoras
estudos transversais (independentes ou prospectivos), de DM1 têm em geral um melhor nível de controle
determinar a qualidade da atenção (absoluta ou metabólico segundo a glicemia de jejum do que aqueles
comparativa) que oferecem um ou mais centros de com DM2. De qualquer forma, a maioria dos pacientes
atenção a pacientes portadores de DM em uma área de ambos os grupos apresenta valores > 7,7 mmol/L.
determinada. Desta maneira, QUALIDIAB contribui ao Não tinha um estrito paralelismo entre os valores da
desenvolvimento de instrumentos e métodos para o glicemia de jejum e da HbA1c, fato atribuído em parte
melhoramento continuo da qualidade da atenção ao DM ao elevado número de “dados ausentes” registrado neste
e permite identificar também os melhores centros, seus parâmetro.
estratégias e enfoques. Tabela 1 – Características da população. Rede QUALIDIAB
Nesta etapa inicial foram incluídos seis países 2001*
(Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai) Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
que foram eleitos tomando em conta elementos tais como (n = 1 229) (n = 12 284)
o número de habitantes, a experiência previa em registros Idade (anos)
clínico-metabólicos sistemáticos, a possibilidade de Dados ausentes 3 (0–5) 3 (1–6)
incorporar entidades ministeriais no projeto, capacidade < 16 18 (3–44) 0,3 (0–0,6)
em recrutar e recolher informação de vários centros, e 16–35 37(16–41) 2 (1–4)
36–55 20 (9–30) 28 (20–33)
conhecimento da prevalência do DM no país. Em cada 56–75 19 (3–47) 56 (53–59)
país, as unidades registraram informação de pacientes < 75 2 (0–7) 10 (8–16)
portadores de DM tipo 1 (DM1) e 2 (DM2) atendidos em Mulheres 49 (36–64) 61 (51–71)
centros especializados e não especializados em DM. Desta Duração do diabetes (anos)
maneira, pretende-se obter uma amostra a mais 0–5 46(26–71) 49 (36–70)
6–10 18 (7–24) 21 (15–25)
representativa possível da qualidade da atenção oferecida 11–20 21(13–30) 20 (12–29)
aos pacientes portadores de DM em cada sub-setor dos > 20 12 (1–29) 7 (2–12)
países participantes.
* Os números de cada coluna representam a média dos valores
Nesta oportunidade, apresentamos a primeira análise médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses,
os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB.
50 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54
Tabela 2 – Grau de controle e metabólico (glicídios) - Rede Tabela 4 – Verificação do grau de controlee metabólico e da
QUALIDIAB 2001* presença de faotresde risco cardiovascular e de complicações -
Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 Rede QUALIDIAB 2001*
(n = 1 229) (n = 12 284) Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
(n = 1 229) (n = 12 284)
Glicemia (mmol/L)
1–4,4 26 (0–61) 15 (6–42) HbA1c 55 (17–81) 56 (11–81)
4,4–6,0 14 (0–21) 11 (0–26) Colesterol 70 (38–83) 80 (65–90)
6,0–7,7 12 (0–16) 17 (0–25) HDL-Colesterol 50 (17–71) 60 (14–84)
> 7,7 42 (1–64) 57 (28–83) Triglicérides 71 (33–100) 77 (58–100)
HbA1c (%) Creatinina 58 (49–72) 58 (7–73)
Dados ausentes 30 (17–68) 43 (0–83) Tensão arterial 89 (79–94) 97 (96–99)
< 6,5 12 (5–26) 7 (2–46) Microalbuminuria/proteinúria 32 (18–66) 25 (17–49)
6,5–8,0 16 (8–24) 16 (4–27) Retina 39 (7–76) 37 (4–71)
8,0–9,5 14 (5–20) 11 (4–20) Pés 72 (49–90) 79 (65–91)
> 9,5 28 (13–43) 13 (6–29)
* Os números de cada coluna representam a média dos valores
* Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses,
médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB.
os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB.
A verificação sistemática de indicadores do grau de
controle metabólico e a detecção de FRCV e de
Tabela 3 – Associação com outros fatores de riso cardiovascular -
Rede QUALIDIAB 2001* complicações crônicas do DM (Tabela 4) em nenhum
Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 caso chega a 100% da população. O déficit de sua
(n = 1 229) (n = 12 284) realização, representado pelo inverso (1 – x) do valor
expresso na Tabela 4, oscila entre 3% (controle da tensão
Idade (anos)
Índice de massa corporal (kg/m2) arterial em pacientes com DM2) e 75% (determinação
Dados ausentes 6 (0–13) 4 (0–8) da microalbuminuria no grupo com DM2). Importa
< 19 20 (4–43) 2 (1–3) destacar também que em mais do que a metade da
19–24 35 (19–45) 19 (9–27) população com DM1 o DM2 não se investigou a presença
24–26 13 (3–29) 16 (10–20)
26–30 11 (7–21) 27 (24–30)
de lesões retinianas.
> 30 14 (3–46) 32 (19–54) A avaliação da educação terapêutica dos pacientes
Hipertensão (mm Hg) portadores de DM se efetuou através de indicadores que
Dados ausentes 6 (0–11) 2 (0–4) mostram sua participação e sua capacidade de tomar
> 140/90 25 (7–47) 60 (52–64) decisões no que se refere ao controle e tratamento de
Colesterol total (mmol/L)
Dados ausentes 23 (0–62) 14 (0–35)
sua enfermidade (Tabela 5). Segundo o indicador
< 1,0 47 (22–66) 33 (25–40) considerado, só a metade ou o quarto dos participantes
> 5,5 30 (7–57) 53 (34–77) estariam em condições de desempenhar um papel ativo
HDL-Colesterol (mmol/L) e eficaz no controle e tratamento de sua doença, fato
Dados ausentes 36 (0–83) 33 (0–86) que mostra a deficiência de sua educação diabetológica.
> 1,1 19 (3–31) 19 (2–45)
< 1,0 34 (9–74) 32 (8–63) Também se verifica que muito poucos deles têm relação
Triglicérides (mmol/L) com alguma associação de grupo de pacientes diabéticos.
Dados ausentes 19 (0–67) 13 (0–40)
< 1,7 63 (50–84) 42 (25–66) Tabela 5 - Indicadores de educação terapêutica - Rede
> 1,7 19 (11–50) 45 (35–68) QUALIDIAB 2001*
Tabagismo 8 (5–14) 13 (7–17) Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
* Os números de cada coluna representam a média dos valores (n = 1 229) (n = 12 284)
médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, Automonitoração glicemia/glicosuria 53 (21–72) 20 (1–39)
os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. Interpretação automonitoração 58 (19–78) 25 (4–46)
Cuidados dos pés 69 (51–84) 67 (48–89)
A associação com outros FRCV é freqüente no DM2 Prevenção/tratamento hipoglicemia 68 (53–76) 45 (30–65)
(Tabela 3). É de destacar a ausência de dados em muitos Membro de Associação de Diabéticos 29 (5–94) 21 (1–94)
casos, mesmo em aqueles fatores cuja detecção não * Os números de cada coluna representam a média dos valores
requere mais que sua avaliação clínica. Embora que em médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses,
grau muito menor, também se registrou a presença de os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB.
outros FRCV nos pacientes DM1, nos quais se destaca
A Tabela 6 mostra as formas de tratamento vigentes
o elevado número de casos com índice de massa corporal
na população QUALIDIAB. Novamente se registra um
< 19 kg/m 2 , que provavelmente reflete controle
número relativamente elevado de casos (13 a 15%) pelos
metabólico deficiente e hipoinsulinização.
quais falta informação. A metade dos pacientes é tratada
Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 51
com combinação de insulinas (NPH + ação curta), Tabela 7. Tratamento de outros fatores de risco cardiovascular -
administradas em duas aplicações diárias em 43% dos Rede QUALIDIAB 2001*
casos. De outro lado, o emprego de insulinas misturadas Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
é baixo (4%). 5 a 9% dos pacientes recebem, (n = 1 229) (n = 12 284)
respectivamente, 1 ou mais de 3 aplicações diárias de Hipertensão 14 (10–22) [25] 42 (20–48) [60]
insulina, sendo praticamente nula a utilização de bombas Dislipidemia 5 (4–11) [49] 16 (4–28) [66]
(colesterol ou triglicérides)
de infusão. Em comparação com as bombas de infusão,
o uso de canetas é relativamente freqüente (12%). Só * Os números de cada coluna representam a média dos valores
médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses,
13% dos pacientes DM2 tratam sua doença com dieta os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB.
em tratamento único, e 14% só com insulina. Os Entre colchetes, prevalência do fator de risco tratado na população
hipoglicemiantes orais os mais utilizados em estudada.
monoterapia são as sulfoniluréias (33%), seguidas em
menor proporção pelas biguanidas (9%); 14% dos Tabela 8. Frequência de complicações crônicas em função da
duração do diabetes. Rede QUALIDIAB. 2001*
pacientes utilizam combinações de ambos os tipos de
Duração do DM (anos)
fármacos. 0–5 6–10 11–20 > 20 P
nossa amostra corresponde a pessoas portadoras de DM2. facilidade ao uso de remédios do que às mudanças no
Também se confirma a freqüente associação de FRCV estilo de vida (dieta e atividade física), aumentando assim
com o DM2, pelos quais os sistemas de saúde estão e o custo do tratamento e submetendo o paciente ao risco
estarão afrontando na Região um aumento quase desnecessário dos efeitos secundários dos remédios [36].
“epidêmico” do DM [3] e da síndrome metabólico- Também é chamativa a baixa porcentagem de portadores
vascular [28]. de DM2 tratados con metformina e com insulina, apesar
Nossos resultados mostram uma população diabética dos benefícios demonstrados de seu emprego, em
com um controle metabólico e dos FRCV deficiente, com particular a primeira delas [37]. Pela implementação das
frequentes complicações microangiopáticas e medidas preventivas enunciadas neste artigo, podemos
macroangiopáticas. Comparando nossos dados com os esperar que a curto prazo as autoridades da saúde pública
obtidos em outras Regiões com um modelo de registro e privada esquecerão seus preconceitos no tratamento e
similar ao de QUALIDIAB, a percentagem de pacientes a recuperação das seqüelas invalidantes do DM,
com bom nível de controle metabólico e dos FRCV melhorando assim a eficácia de seus intervenções. Cabe
logrado nesta mostra é maior que o descrito na Ásia [26] agregar que inúmeros ajustes reclamados implicam baixa
e semelhante ao da França [29], embora que a aplicação inversão econômica e que existem provas objetivas de
de técnicas de avaliação do grau de controle metabólico que as estratégias preventivas têm uma melhor relação
e dos FRCV e a detecção de complicações sejam maiores custo-beneficio que as de recuperação e reabilitação [38].
que na Ásia [26] e menores que na França [29]. Existem em nossa Região provas de que a educação
Sendo dado que aproximadamente 50% de nossa dos médicos generalistas [39] e dos pacientes diabéticos
população tem DM de duração < 5 anos, o simples [40] é uma estratégia apropriada e eficaz para corrigir
envelhecimento deste grupo será responsável de um os erros detectados, diminuir os custos socioeconômicos
aumento do número de pacientes portadores de da doença e melhorar a qualidade de vida. Portanto, seria
complicações que exigirá uma maior e mais dispendiosa possível e esperado que as autoridades responsáveis da
atenção médica [25, 30]. O subdiagnóstico do DM e o saúde pública e privada da Região, com o apoio de
nível deficiente de controle glicêmico – organizações internacionais, promovem a educação
aproximadamente a metade dos pacientes tem glicemias diabetológica em todos os níveis, na qual deverá associar
> 7,7 mmol/L, por cima do valor limite para as se a promoção da acessibilidade da população diabética
complicações microvasculares e macrovasculares [31)] à atenção e aos medicamentos e insumos necessários
– e dos FRCV associados, potenciaram o incremento para seu controle e tratamento. Neste contexto, seria
das complicações crônicas e a demanda de atenção [8– razoável promover e incrementar a educação
10, 22, 23]. É então razoável prognosticar um incremento diabetológica ao nível da graduação e das residências
dos custos diretos ligados à aparição de complicações, o médicas. A implementação de qualquer estratégia de
que agravará a situação de aqueles países que já têm prevenção e tratamento do DM requere um instrumento
dificuldades para cobrir a atenção de sua população de avaliação que permita verificar seus resultados e
diabética. Frente a esta situação, de pouco serviria a introduzir os ajustes necessários para sustentar sus logros
avaliação de QUALIDIAB se não promove a e corrigir suas deficiências. Tal como está concebido,
implementação de intervenções e de ajustes capazes de QUALIDIAB é um processo interdisciplinar e
modificá-la. intersetorial que propõe unificar critérios para esta
Melhorar o cenário descrito não é uma utopia si se avaliação e empregar um sistema de registro de
considera que as complicações crônicas do DM podem indicadores que permite fazer diagnósticos de situação
ser prevenidas eficazmente mediante um controle apropriados para a tomada de decisões. Portanto,
adequado da hiperglicemia e dos FRCV associados à QUALIDIAB pode assumir o papel de instrumento
doença [6, 7]. Em nosso caso, isto implicaria corrigir as idôneo para verificar a qualidade da atenção aos
deficiências registradas melhorando o grau de controle portadores de DM na América Latina e Caribe.
glicêmico e dos FRCV (Tabelas 2 e 3), a realização dos A implementação de QUALIDIAB em grande escala
procedimentos de diagnóstico (Tabela 4), os permitiria aumentar e precisar os conhecimentos
conhecimentos dos pacientes a cerca de sua enfermidade apresentados neste trabalho á cerca da situação real das
(Tabela 5) e a qualidade e intensidade dos tratamentos pessoas diabéticas em nossa Região, definir a magnitude
administrados (Tabelas 6 e 7). No que diz respeito a este do problema e sua importância para a saúde pública e
último, cabe consignar que só una pequena proporção privada, conscientizando assim os responsáveis dos
de diabéticos controlam sua doença com dieta em poderes de decisão nos ditos subsetores. A detecção de
tratamento único (Tabela 6), contrastando com números problemas permitiria:
mais elevados descritos na literatura [32–35]. Isto indica a) Sua identificação precoce e a implementação de
que os médicos envolvidos em este estudo – e medidas para corrigi-los, planificar e tomar decisões
provavelmente seus pacientes - aderiram com mais adequadas;
Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 53
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Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59
Diabetes 55
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Resumo
A prevalência de diabetes mellitus em indivíduos idosos varia de 10 a 28%. Em Salvador, Bahia, avaliamos a freqüência de diabetes, glicemia
de jejum alterada e a associação com hipotiroidismo em 170 idosos voluntários, moradores de 3 asilos. A idade média ± DP dos idosos foi de
78,3 ± 6,8 anos (65 a 96 anos), 84,2% eram mulheres e nenhum deles era obeso. Observou-se que 22/170 (12,9%) eram diabéticos e 8 (4,7%)
tinham glicemia de jejum alterada. A glicemia de jejum dos diabéticos variou de 72 a 518 mg%: 54,5% < 140 mg%, 13,6% > 140 mg% e < 200
mg% e 31,9% >300 mg%. Quatre eram tratados apenas com dieta, dezesseis com sulfoniluréias e em dois, o hipoglicemiante não foi especificado.
Dezoito (82%) eram hipertensos. Hipotiroidismo primário foi observado em cinco (22%) dos diabéticos, três deles apresentavam hipotiroidismo
subclínico. Sugerimos que além da glicemia, investigação da função tiroidiana seja incluída na avaliação do idoso, mesmo assintomático.
Abstract
The prevalence of diabetes mellitus in older individuals has been referred as 10 to 28%. In this workw We have studied the frequency of
diabetes mellitus, impaired fasting glucose and the association with hypothyroidism in 171170 old individuals who lived in three institutions
for elderly in Salvador, Bahia, who spontaneously agreed to be included. The mean age ± SD of this patients was 78,3 ± 6,8 years (65 to 96
years), 84.2% of women, and none of them were obese. Twenty seven (17.9%) had disturbance of carbohydrate metabolism: Fasting glycemia
was determined: 22/171170 (12.9%) were diabetics and 8 (4.7%) had impaired fasting glucose Only in two (9%) of them, diabetes diagnostic
was unknown. Eighty two percent were women. The fasting glycemia of the diabetic patients ranged from 72 to 518 mg%: 54.5% had glicemia
level < than 140 mg%, 13.6 % > then 140 and < then 200mg% and 31.9% > than 300mg%. Four (18%) of them were not on medication had
diabetes control on diet, 14 were using glybenclamide, 2 clorpropamide and in 2 the drug was not specified. Eighteen (82.5%) of them had
arterial hypertension. Primary hypothyroidism was observed in five (5/22 (22%)) diabetics and two three of them had franc hypothyroidism
and 3 subclinical hypothyroidism. In the group of impaired fasting glucose none subclinical hypothyroidism was observed. We suggestthat
besides not only gliycemia, but also investigation of thyroid function should be included in the evaluation of older individuals, even in non
symptomatic patients.
Endereço para correspondência: Profa. Dra. Leila Maria Batista Araújo, Av. Sete de Setembro 2417, apto 601, 40080-003 Salvador BA, Fax: (71) 247-8492,
E-mail: lmba@ufba.br
56 Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59
A glicemia dos pacientes diabéticos variou de 72 a mulheres na mesma idade de 5,1 a 18,2% [135].
518 mg%, sendo que 12/22 (54,5%) tinham glicemia Na Finlândia, num estudo apenas em homens [3],
menor do que 140 mg%, 3/22 (13,6%) tinham glicemia submetidos ao teste de tolerância a à glicose oral mostrou
maior do que 140 mg% e menor do que 200 mg% e 7/22 que 30% dos homens deles eram diabéticos e 30%
(31,9%) tinham glicemia maior do que 300 mg%. Quatro apresentavam intolerância à glicose. Num outro estudo,
deles (18%) não estavam em uso de medicação, dois também finlandês, em 483 indivíduos de ambos os sexos,
dos quais porque desconheciam o diagnóstico de nos quais os que desconheciam ser diabéticos foram
diabetes, dois faziam porque controlavam a doença submetidos ao teste de tolerância à glicose oral, e a
apenas com dieta para diabéticos. e oOs demais faziam prevalência de diabetes mellitus pelo critério da WHO
uso de hipoglicemiantes orais (quatorze em uso de foi de 22% em homens e de 28% em mulheres, mas a
glibenclamida, dois em clorpropamida e em dois, o proporção maior de mulheres em relação aos homens só
hipoglicemiante não foi especificado). Dezoito deles foi significativa na faixa etária de 80 anos ou mais [5].
(82%) eram hipertensos: 07 deles não faziam uso de Para Hiltunen et al. [5], o risco das mulheres acima de
medicação hipotensora, três estavam em uso de diurético, 80 anos de desenvolver diabetes mellitus foi de 11,3 (95%
sendo um em associação com bloqueadores dos canais IC 1,6-79,5) comparado aos homens da mesma idade.
de cálcio, um com captopril e um com a alfa-metildopa. Num estudo de 1300 finlandeses de 65 a 74 anos [8],
Dos oito idosos com glicemia de jejum alterada, cinco baseado na história clínica e no teste de tolerância a
(62%) eram hipertensos: três dos quais em uso de glicose, a prevalência de diabetes recém-diagnosticado,
diurético, um deles em uso de associação de diurético de intoleranteância à glicose e de diabetes mellitus pelo
com alfa-metildopa e outro em uso de alfa-metildopa critério da OMS foram de 8,7%, 7% e 17,8%,
isoladamente. Todas eram do sexo feminino. respectivamente,em homens e 11,7%, 7,1% e 19,1% em
mulheres, enquanto que a freqüência de intolerância a
Associação de diabetes mellitus, glicemia de jejum glicose foi de 33,8% nos homens e de 37,9% em
alterada e hipotiroidismo primário mulheres. Neste estudo, 38 a 90%% dos pacientes
Foi observado hipotiroidismo primário em 28/112 apresentaram excesso de peso, com índice de massa
(25%) dos idosos com glicemia de jejum normais, seis corpórea maior do que 27 kg/m2. Observou-se que a
dos quais já tinham o diagnóstico prévio de disfunção presença de obesidade duplicou a prevalência de diabetes
tiroidiana, sendo que um tinha hipotiroidismo franco e mellitus e quando associada também à história familiar
vinte e sete hipotiroidismo subclínico. Cinco dos vinte e de diabetes, aumentou em três vezes estsa prevalência.
dois (22,7%) diabéticos apresentavam hipotiroidismo No presente estudo, mostramos freqüência de diabetes
primário, sendo que dois com apresentavam mellitus foi de 12,9%, e de glicemia de jejum alterada
hipotiroidismo franco e três com 3/15 (20%) de 4,7%. Este resultado pode estar relacionado aà
hipotiroidismo subclínico. Das oito idosas com glicemia inexistência de obesos na amostra. Num estudo
de jejum alterada, nenhuma apresentou hipotiroidismo multicêntrico em 2.196 idosos (65 a 95 anos) em
subclínico. A freqüência de hipotiroidismo primário nos ambulatórios de cardiologia e geriatria de instituições
pacientes sem diabetes ou glicemia de jejum alterada brasileiras, a freqüência de diabetes foi de 13% [16],
foi de 20,1%, sendo que, com exceção de um paciente semelhante ao nosso resultado. Cabrera e Jacob Filho
com hipotiroidismo, todos apresentavam hipotiroidismo [17] num estudo em 847 idosos ambulatoriais, com 60
subclínico. O teste de proporções não mostrou diferença anos ou mais, de ambos os sexos (66,8% eram homens),
significativa nestas freqüências.entre diabéticos e não observaram que, nos idosos não obesos, a freqüência de
diabéticos. diabetes mellitus foi de 13,6% nos homens e 11,6% nas
O nível de TSH nos pacientes com glicemia de jejum mulheres e, nos idosos obesos, foi de 18,2 % nos homens
normal e hipotiroidismo variou de 5 a 27,2 mUI/ml, e 26,9% nas mulheres. A freqüência de obesidade neste
enquanto que nos idosos com diabetes tipo 2 e estudo foi de 9,3% em homens e 23,8% em mulheres,
hipotiroidismo variou de 5 a 12,5 mUI/ml. A maioria dos estudosrefere mostra que a freqüência
de diabetes mellitus aumenta e a tolerância à glicose
diminui com o avançar da idade. Estima-se que a
Discussão glicemia de jejum aumente 1 mg% e a glicemia na
segunda hora do teste de tolerância a glicose aumente
Pelo critério da Organização Mundial da Saúde de 9 a 10 mg% por década [187], entretanto o critério
(OMS) [134], a prevalência de diabetes mellitus tem sido para diagnóstico de diabetes pela OMS ou ADA é o
estimada deentre 10 a 30% e de intolerância a glicose de mesmo para indivíduos de qualquer faixa etáriaidosos e
entre 13,8 a 39,2% [2-8]. Em estudos baseados em não idosos.
registros ou entrevistas, a freqüência de diabetes mellitus Num estudo recente, Resnick et al. [198], compararam
em homens de 60 anos ou mais foi de 7,2 a 8,4%, e para os critérios de diagnóstico de diabetes (OMS e ADA)
58 Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59
em 2.844 indivíduos com 40 a 74 anos e observaram de 30,7% versus 7,7% em ingleses e em mulheres
que alguns pacientes diagnosticados como diabeétes icos asiáticas do sul de 24,0% versus 12,5% em inglesas [13].
pelo critério da OMS foram considerados normais pelo A prevalência de diabetes não diagnosticado varia de
critério do ADA e também o oposto. Sugeriram que 60 a 93% [3,8,10]. No estudo de Simmons [13], 93%
embora o critério do ADA subestime as alterações da dos asiáticos e 70% dos europeus desconheciam ser
hiperglicemia pós sobrecarga de glicose, parece ser portador de diabetes antes de se submeterem a triagem
efetivao em identificar indivíduos com perfis de risco com glicemia. No estudo de Tuomilehto [3], esta
de doença cardiovascular desfavoráveis e expostos a freqüência foi de 85%. Em contraste, no estudo de
hiperglicemia a longo prazo. Malerbi et al. [11], que incluiu indivíduos de 30 a 69
Observamos no presente estudo que ocorreu anos, esta freqüência foi de 46%. No nosso estudo,
associação de diabetes com hipotiroidismo primário em inexplicavelmente observamos baixa freqüência de
22% dos idosos. Existem poucas descrições a este diabetes desconhecido (13%).
respeito.A associação de diabetes e hipotiroidismo em Considerando a freqüente associação de diabetes e
idosos foi descrita por Flatau et al. [1920], que avaliaram hipotiroidismo em idosos, sugerimos que além da
1096 idosos de ambos os sexos, com idade de 65 a 92 glicemia de jejum, a investigação da função tiroidiana
anos, em 11 kibbutz do norte de Israel. Observaram seja incluída na avaliação do idoso, mesmo
prevalência de 12% de diabetes (critério da OMS) e de assintomático.
14% de hipotiroidismo, sendo que em 38% deles foi
considerado subclínico. Num estudo de 293 diabéticos Agradecimentos: A Aldenice V de Carvalho, Ivanise
tipo 2, hospitalizados pelo diabetes descontrolado ou Santana Silva e Eduardo Faustino de Oliveira,
recém-diagnosticado, de ambos os sexos, com idade funcionários do Laboratório de Endocrinologia do
variando de 40 a 93 anos, a freqüência de TSH ultra- HUPES, pelo auxílio na coleta das amostras,
sensível alterado foi de 31,4%, dos quais 24,2% tinham organização dos resultados e dosagens hormonais.
hipotiroidismo primário, 48,3% hipotiroidismo
subclínico (níveis de TSH alto, com T4 livre normal) e Referências
os demais foram considerados como hipertiroidismo
[21]. Interessante neste estudo, é que cerca de um terço 1. Meneilly GS, Tessier D. Diabetes in elderly. In Morley JE,
dos pacientes com hipo ou hipertiroidismo subclínico Vanden Berg L. Contemporary eEndocrinology:
Endocrinology of aging. Humana Press Inc., Totowa, NJ,
foram reavaliados dois meses após melhora do controle 2000:181-204.
metabólico e observou-se normalização das alterações 2. Agner E, Thorsteinsson P, Eriksen M. Impaired glucose
em quase todos. Num outro estudo, em 1310 diabéticos tolerance and diabetes mellitus in elderly subjects. Diabetes
ambulatoriais da Escócia, foi observado prevalência de Care 1982;5:600-604.
disfunção tiroidiana em 13,4% dos pacientes, sendo o 3. Tuomilehto J, Nissinen A, Kivelä S-L. Pekkanen J, Kaarsalo
E, Wolf E et al. Prevalence of diabetes mellitus in elderly men
risco maior nos pacientes mulheres com diabetes tipo 1 aged 65 to 84 years in eastern and western Finland.
[22]. Diabetologia 1986;29:611-615.
A prevalência de diabetes e intolerância a glicose em 4. Ohlson LO, Larsson B, Erikson H et al. Diabetes mellitus in
hipertensos é maior do que em normotensos. Em 805 Swedish middle-aged men: athe study of men born in 1913
idosos hipertensos acima de 65 anos na Finlândia [9], and 1923. Diabetologia 1987;30:386-93.
5. Hiltunen L, Luukinene H, Koski K, Kivelä SL. Prevalence of
segundo o critério da OMS foi observado um risco diabetes mellitus in an elderly finnish population. Diabetic
aumentado de DM de 1,56 nos hipertensos quando Medicine 1993;11:241-49.
comparado aos normotensos, ajustado para idade, sexo, 6. Harris MI, Flegal KM, Cowie CC, Eberhardt MS, Goldstein
relação cintura/quadril, níveis de glicose e insulina. A DE, Little RR, Wiedmeyer HM, Byrd-Holt DD. Prevalence of
freqüência de diabetes nos hipertensos em uso de beta- diabetes, impaired fasting glucose and impaired glucose
tolerance in US adults. Diabetes Care 1998;21:518-24.
bloqueador ou diuréticos foi de 12,9%, enquanto que 7. Harris MI. Undiagnosed NIDDM: clinical and public health
nos indivíduos normotensos foi de 4,3%. Num estudo issues. Diabetes Care 1998;21:518-24.
em 95 idosos hipertensos submetidos ao teste de 8. Mykkänen L, Laakso M, Uusitupa, Pyörälä K. Prevalence of
tolerância à glicose, a freqüência de diabetes não diabetes and glucose tolerance in elderly subjects and their
diagnosticado foi de 11,6% e de intolerância a glicose association with obesity and family history of diabetes.
Diabetes Care 1990;13:1099.
de 43,2% [10]. 9. Mykkänen L, Kuusisto J, Pyöräla, Laakso M, Haffner SM.
A prevalência de diabetes também aumenta em Increased risk of non-insulin-dependent diabetes mellitus in
determinados grupos étnicos. Num estudo comparativo elderly hypertensive subjects. Journal of Hypertension
entre europeus e asiáticos do sul com mais de 65 anos, 1994;12:1425-32.
nos quais foi determinada glicemia de jejum, e se acima 10. Johnson KC, Graney MJ, Applegate WB, Kitabichi AE,
Runyan JW, Shorr RI. Prevalence of undiagnosed non-
de 108 mg% submetidos ao teste de tolerância a à glicose, insulin-dependent diabetes mellitus and impaired glucose
foi observada nos homens asiáticos do sul prevalência
Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 59
tolerance in a cohort of older persons with hypertension. J 17. Cabrera MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos:
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Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
*Endocrinologista, Presidente da FENAD e da ANAD e Professor Titular de Endocrinologia da Faculdade de Medicina ABC, **Geriatra, Professor adjunto
da disciplina de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, ***Farmacêutico, Gerente de Produtos Linha Adulto da
Aventis Pasteur.
A prevenção é de fundamental importância para a vacinação é uma importante intervenção de saúde pública
manutenção da qualidade de vida da população em geral, para a redução da morbidade e da mortalidade em
e para os portadores de doenças crônicas, em particular. decorrência de infecção especialmente entre indivíduos
Para os portadores de diabetes, por exemplo, evitar a com diabetes [6].
ocorrência das enfermidades, além de poupar o indivíduo Entretanto, apesar de todo o conhecimento científico
de sofrimento e desconforto inerentes às doenças, acumulado durante anos de experiência com o uso das
significa prevenir possíveis complicações e reduzir vacinas, muitas vezes estas são pouco utilizadas ou
substancialmente o risco de óbito [1,2]. Infecções por esquecidas por parte da população, inclusive pelos
vírus e bactérias descompensam o diabetes e indivíduos com diabetes, e – o mais preocupante – por
comprometem o tratamento, por isso, medidas boa parte dos profissionais da saúde [6,7]. Estudos
preventivas devem ser tomadas para evitar as realizados nos EUA mostram que a cobertura vacinal
conseqüências de infecções [3-5]. Ainda, além de todos contra gripe entre portadores de diabetes é de apenas
os benefícios para a saúde e para a qualidade de vida 40% e contra o pneumococo, somente 21% [6]. Neste
das pessoas, a prevenção possibilita reduzir as despesas ponto, é importante ressaltar que a vacinação contra gripe
com tratamento, visitas médicas, hospitalizações. e contra o pneumococo é oficialmente recomendada para
Dentre as medidas preventivas, destacam-se a portadores de diabetes, tanto por órgãos brasileiros como
alimentação equilibrada, exercícios físicos monitorados, internacionais [3,8,9]. Em função da necessidade e da
cuidados básicos com a saúde e com a higiene, o uso importância da imunização desses pacientes, o governo
adequado dos medicamentos, sem abusos e com o devido dos EUA realiza anualmente campanhas de prevenção e
acompanhamento, e o uso de agentes imunobiológicos conscientização dos diabéticos a respeito da necessidade
contra doenças infecto-contagiosas, como as vacinas. da vacinação contra influenza e contra o pneumococo,
A vacinação é um dos grandes avanços da área médica entre outros cuidados com a saúde [10]. Este exemplo
nos últimos tempos e é o meio mais eficaz e custo-efetivo poderia ser seguido pelas autoridades brasileiras, a fim
de prevenir doenças infecciosas. O grande impacto no de evitar as conseqüências do próprio diabetes e da
controle de várias infecções por meio de campanhas de associação com a ocorrência de infecções.
imunização está mais do que comprovado por exemplos Os portadores de diabetes representam cerca de 10%
como a erradicação da varíola, a eliminação da da população do Brasil, algo próximo a 1,6 milhões de
poliomielite do continente americano, entre outros. A pessoas, sendo que no grupo de pessoas com mais de 60
Endereço para correspondência: Rodrigo Gonçalves dos Reis, Rua do Rócio, 351, 10º andar – Vila Olímpia 04552-905 – São Paulo SP, Tel: (11) 3048-0443,
E-mail: rodrigo.dos-reis@aventis.com, Dr. João Toniolo Neto, Rua Helena, 218, cj. 96 – 9º andar – Vila Olímpia 04552-050 – São Paulo SP, Tel: (11) 3842-
5144, E-mail: jtn@dialdata.com.br.
Fraige Filho F et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 60~61 61
ATUALIZAÇÃO
Agradecemos o Prof. Dr. Raul D. Santos pela autorização de reprodução dessas diretrizes, já publicadas em Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, volume 77, sup 3, novembro de 2001. O texto completo das diretrizes é disponível no site
da Sociedade Brasileira de Cardiologia: www.cardiol.br Data final de elaboração da versão: 23 de agosto de 2001.
Participantes: Abel Pereira (SP), Abrahão Afiúne Neto (GO), Agnaldo David de Souza (BA), Alváro Avezum (SP), André A. Faludi (SP), Andrei C. Spósito (SP),
Andréia A. Loures-Vale (MG), Ana Maria Lottenberg (SP), Antonio Carlos P. Chagas (SP), Antônio de Pádua Mansur (SP), Armênio Guimarães (BA), Bruce
Duncan (RS), Bruno Caramelli (SP), Cleonice Carvalho Coelho Mota (MG), Carisi Polanczyk (RS), Carlos Scherr (RJ), Dikran Armaganijan (SP), Dante M. Giorgi
(SP), Éder Quintão (SP), Edgar P. de Mello (PE), Edna Nakandakare (SP), Egle Opie (SP), Eliane Cotta de Faria (SP), Eloisa Janovich (SP), Emílio Moriguchi
(RS), Francisco H. Fonseca (SP), Geraldo Picheth (PR), Giuseppe Dioguardi (SP), Guido Rosito (RS), Hermes Toros Xavier (SP), Ieda L. Lopes (SP), Ivana da Cruz
(RS), Jaqueline S. Issa (SP), Jayme Diament (SP), José Antônio F. Ramires (SP), José Carlos Basques (MG), José Carlos Lima (BA), José Carlos Nicolau (SP), José
Eduardo Krieger (SP), José Ernesto dos Santos (SP), José Jayme Galvão (SP), José Mendes Aldrighi (SP), José Paulo Novazzi (SP), Leonor Pinto de Almeida (SP),
Liliana Paula Bricarello (SP), Lísia Rabelo (BA), Luciana Uint (SP), Luiz Antônio Machado César (SP), Luis Carlos Bodanese (RS), Luiz Introcaso (DF), Maria
Cristina Izar (SP), Maria Eliane C. Magalhães (RJ), Maria Helena Catelli (MG), Mariléia Scartezini (PR), Marcelo C. Bertolami (SP), Marcus V. B. Malachias
(MG), Michel Batlouni (SP), Nabil Ghorayeb (SP), Nadine Clausell (RS), Neusa A. Forti (SP), Olavo Garcia F. Silva (PR), Otávio C. E. Gebara (SP), Otávio R.
Coelho (SP), Protásio Lemos da Luz (SP), Raul C. Maranhão (SP), Raul D. Santos (SP), Ricardo Stein (SC), Rosana Perim Costa (SP), Sérgio D. Giannini (SP),
Sérgio Kaiser (RJ), Sérgio Timerman (SP), Sílvia Ihara (SP), Tania Martinez (SP), Thales de Carvalho (SC), Wilson Salgado Filho (SP).
Descrição do método de coleta de evidências: Levantamento bibliográfico no MEDLINE e INDEX MEDICUS Latino Americano, Consulta às Diretrizes
Européias 1998 e Americanas 2001 e a Documentos de Consenso sobre Excesso de Peso e Tabagismo.
Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 63
As recomendações deste documento seguem os seguintes Nota: as recomendações emitidas neste documento
critérios de evidência adotados pela Sociedade Brasileira de forma geral refletem as evidências de efetividade das
de Cardiologia: intervenções. Portanto, não incorpora, de forma
sistemática, análises de custo-efetividade. Desta forma,
Graus de recomendações este documento não deve ser encarado como um guia
A) Conclusiva e/ou unanimemente recomendado global absoluto para ser-viços preventivos em nível de
(sempre usar): conduta terapêutica conclusivamente útil saúde pública.
e segura; eficácia e segurança comprovadas (quase
sempre se requer níveis de evidência excelentes 1 ou 2). I - Classificação das dislipidemias
B) Recomendado como aceitável, mas com ressalvas A) Classificação laboratorial
(deve-se geralmente indicar): conduta aceitável e segura, Hipercolesterolemia isolada (aumento do colesterol
grande potencial de utilidade, mas ainda sem total-CT e ou LDL-colesterol LDL-C)
comprovação conclusiva (evidência menos sólida). Hipertrigliceridemia isolada (aumento dos
C) Recomendação indefinida (é inteiramente a critério triglicérides-TG)
individual, usar ou não): conduta para a qual não há Hiperlipidemia mista (aumento do CT e dos TG)
evidência segura, nem favorável, nem desfavorável, Diminuição isolada do HDL-colesterol (HDL-C) ou
quanto à eficácia e segurança (pode ser conduta associada a aumento dos TG ou LDL -C.
terapêutica tradicionalmente utilizada, sem comprovação
científica). Valores de referencia dos lípides para indivíduos >20 anos de idade
D) Conduta terapêutica não recomendada, embora Lípides Valores Categoria
possa, em alguns contextos de excepcionalidade ser CT <200 Ótimo
adotada (opção muito fraca, geralmente não indicar): 200-239 Limítrofe
evidência minimamente sugestiva de eficácia e ≥240 Alto
segurança, embora se divise algum potencial de utilidade LDL-C <100 Ótimo
100-129 Desejável
em algumas circunstâncias. 130-159 Limítrofe
E) Conclusiva e/ou unanimemente não-recomendado 160-189 Alto
(nunca usar): (Comissão de Cardiologia Baseada em ≥190 Muito alto
Evidências da Sociedade Brasileira de Cardiologia e HDL-C < 40 Baixo
>60 Alto
Associação Médica Brasileira – no prelo). TG < 150 Ótimo
150-200 Limítrofe
Níveis de evidência 200-499 Alto
Nível 1 - Evidência baseada em múltiplos estudos ≥500 Muito alto
randomizados, controlados, amplos, concordantes e com
poder estatístico adequado; preferencialmente com B) Classificação etiológica
revisão sistemática conclusiva. Dislipidemias primárias - origem genética
Nível 2 - Evidência baseada em poucos estudos Dislipidemias secundárias - Causadas por outras
randomizados, controlados, concordantes, de médio doenças ou uso de medicamentos: hipotireoidismo,
porte ou metanálise de vários estudos dessa natureza, diabetes mellitus (DM), síndrome nefrótica, insuficiência
pequenos (equivalendo a estudo de moderado porte). renal crônica, obesidade, alcoolismo, icterícia obstrutiva,
Nível 3 - > 1 estudo randomizado, controlado, de uso de doses altas de diuréticos, betabloqueadores,
ótima qualidade. corticosteróides, anabolizantes.
Nível 4 - > 1 estudo de coorte de alta qualidade
Nível 5 - > 1 estudo de caso-controle de alta qualidade II - Avaliação laboratorial das dislipidemias
Nível 6 - > 1 série de casos de alta qualidade - inclui O perfil lipídico é definido pelas determinações do
registros. CT, HDL-C, TG e, quando possível, do LDL-C* após
Nível 7 - Evidência apenas baseada em: extrapolações jejum de 12h a 14h.
de resultados coletados para outros propósitos (testar * Fórmula de Friedewald: LDL-C = CT – HDL-C –
outras hipóteses); conjecturas racionais, experimentos TG/5 (válida se TG <400mg/dL).
com animais, ou baseados em modelos mecanísticos de
fisiopatologia; conduta antiga, adotada em prática O perfil lipídico deverá ser realizado em indivíduos
comum; opiniões sem referência a estudos anteriores. com um estado metabólico estável, dieta habitual e peso
(Comissão de Cardiologia Baseada em Evidências da devem ser mantidos por pelo menos duas semanas antes
Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação da realização do exame. Levar em consideração que após
Médica Brasileira). qualquer doença ou cirurgia em geral, o perfil lipídico
do paciente poderá estar temporariamente
64 Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67
comprometido. Recomenda-se, portanto, aguardar pelo protetor devendo serdescontado um fator de risco
menos oito semanas para a determinação dos lípides da soma.
sangüíneos. Nenhuma atividade física vigorosa deve ser
realizada nas 24h que antecedem o exame. Realizar as A) Baixo risco: Risco absoluto de eventos < que 10%
dosagens seriadas sempre que possível no mesmo em 10 anos. Indivíduos com 1 FR (excetuando DM) além
laboratório para tentar minimizar o efeito da do colesterol (LDL-C >160mg/dL). Não é necessário o
variabilidade analítica. Evitar a ingesta de álcool nas 72h uso de escores de risco.
que antecederem a coleta do sangue. Recomendação: Meta LDL-C <130mg/dL, entretanto,
Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 4. tolera-se LDL-C até 160mg/dL.
Perfil desejado: CT <200mg/dL, HDL-C >40mg/dL
Dosagem da homocisteína, Lp(a) e fatores e TG <150mg/dL.
hemostáticos Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2.
Não é recomendada a determinação rotineira da
homocisteína, Lp(a), fibrinogênio e outros fatores Recomendação
hemostáticos. Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações
Grau de recomendação: C. Nível de evidência: 3. Até 159 MEV 6 meses*
160 - 190 MEV 3 meses*
Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) >190 tratamento medicamentoso
*O tratamento medicamentoso nessa faixa de risco é opcional e
Recomendação deverá ser iniciado dependendo da intensidade dos FR: tabagismo
importante (>40 cigarros dia), história familiar importante, HDL-C
A proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) muito baixo.
poderá ser determinada no auxílio da estratificação do
risco de aterosclerose clínica. Indivíduos acima do 3 o
percentil de distribuição encontram-se sob risco relativo B) Médio risco: risco de evento >10% porém menor
maior de eventos do que os nos percentis 1 e 2. Nesses do que 20% em 10 anos.
indivíduos deve ser considerada mudança agressiva do Indivíduos com 2 FR (excetuando DM) além do
estilo de vida e controle dos fatores de risco presentes. colesterol (LDL-C >160mg/dL).
Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2.
Recomendação: Meta LDL <130mg/dL
III - Estratificação de risco e metas lipídicas de Grau de recomendação para o LDL-C: A. Nível de
tratamento para a aterosclerose evidência: 1.
Perfil desejado: CT <200 mg/dL, HDL-C > 40 mg/
Estratificação de risco dL e TG< 150 mg/dL.
O LDL-C é fator causal e independente de Grau de recomendação para os TG e HDL-C: B.
aterosclerose sobre o qual devemos agir para diminuir a Nível de evidência: 2.
morbi-mortalidade. A prevenção deve ser baseada no
risco absoluto de eventos coronarianos. Todos os O cálculo do risco absoluto de eventos poderá ser feito
indivíduos devem ser submetidos à mudança do estilo pelo uso do escore de risco de Framingham (ERF) que
de vida (MEV) - dieta, exercício, abstenção do fumo, avalia o risco de eventos coronarianos em 10 anos.
perda de peso.
Recomendação
Fatores de risco para aterosclerose que modificam as
Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações
metas de LDL-C: Até 160 MEV 3 meses
• Fumo >160 tratamento medicamentoso
• Hipertensão arterial sistêmica (PA =ð140/
90mmHg) C) Alto risco: risco de evento >20% em 10 anos ou
• HDL-C* <40mg/dL >20% extrapolando-se a idade para os 60 anos de vida.
• Diabetes mellitus (diabéticos são considerados Indivíduos com > de 2 FR (excetuando DM) além do
como portadores de aterosclerose) colesterol (LDL-C >160mg/dL), principalmente homens
• Idade (≥45 anos para homens e ≥55 anos para com idade acima dos 55 anos e outros FR associados,
mulheres) diabéticos e portadores de doença aterosclerótica
• História familiar precoce de aterosclerose (parentes coronariana ou não (aneurisma de aorta, insuficiência
de primeiro grau <55 anos para homens e <65 anos vascular periférica ou doença cerebrovascular
para mulheres) sintomática). Portadores de síndromes genéticas, como
• *HDL-C >60mg/dL são considerados um fator
Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 65
Duração: 48h (1 final de semana por mês durante 4 meses): sábado (8-12h/13-17h), domingo (8-12h)
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Nacional de Assistência ao Diabético para o Banco Real / Agência 0985 / Conta: 636-3
Informações: ANAD (11) 5572-6559/5572-6704 ou diretamente com o Prof. Cláudio Cancellieri (11)
4816-2596, E-mail diabetes@ig.com.br ou anad@anad.org.br
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Bairro ...................................................................................................................
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Rua Eça de Queiroz, 198
Vila Mariana - 04011-031 São Paulo SP
Tel/Fax: (11) 5549-6704/5572-6559 - E-mail: anad@anad.org.br
72 Diabetes Clínica 06 (2001)
Calendário de Eventos
E-mail: info@endocrinology.org
Março de 2002 www.endocrinology.org
6 a 9 de março
5th International Symposium on Clinical Advances in 11 a 13 de abril
Osteoporosis XXIIIo Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de
Hawaii Convention Center, Honolulu, Hawaii São Paulo
Informações: National osteoporosis Foundation Local: Preventório Santa Clara
Tel: +1 202 223 2226 Av. Matheus da Costa Pinto, 2001 - Vl. Santa Cruz
E-mail: iso@nof.org Campos do Jordão - SP
Informações: Ascon Congressos
7 a 10 de março
8th International Conference - Diabetes & Obesity Tel: (17) 224.0507, Fax: (17) 224.4681
Ocho Rios, Jamaica 26 de abril – 1 de maio
Informações: Thornia Smith, University of the West Indies Transplant 2002
1-876-977-1749, Fax: 1-876-977-5233 Washington, DC
E-mail: udop@uwimona.edu.jm15 Tel: (888) 990 2787
E-mail: Tx2002@ahint.com
15 e 16 de março www.transplant2001.org
Congresso da 3ª Idade “Saber Viver”
Hospital da Lagoa, Rio de Janeiro
Informações e inscrições: Maio de 2002
(21) 2286-7798 / 2535-4903 / 2537-6380 4 a 7 de maio
5th International Diabetes Federation Western Pacific
20 a 22 de março
Region Congress
5º Congresso Português de Diabetes
Pequim, China
Vilamoura-Mariontel, Portugal
Tel: +86 10 6527-8803
Informações: K.I.T., a/c Sociedade Portuguesa de
Fax: +86 10 6512-3754
Diabetologia
E-mail: idfwpr@chinamed.com.cn
Tel: +351-213-504064
Fax: + 351-213-504024
E-mail: llouro@kit.de Junho de 2002
22 a 24 de março 12 a 15 de junho
XIo SINE - Simpósio Internacional de Neuroendocrinologia 6th International Symposium on Global Risk of Coronary
Hotel Glória, Rio de Janeiro Heart Disease and Stroke
Informações: JZ Congressos Florence, Itália
Tel: (21) 2286-2846, Fax: (21) 2537-9134 www.lorenzinifoundation.org
www.jz.com.br Tel/Fax: +39 02 2900 7018
E-mail: iede@jz.com.br 14 a 18 de junho
26 a 29 de março 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes
Conferência panarábica sobre diabetes Association
Cairo, Egito San Francisco, Califórnia
Informações: Dr. A.M. Mohamed Informações: +1 800 232 3472
Tel: +20 122 131868, Fax: +20 122 723693 E-mail: meetings@diabetes.org
E-mail: mahmoud@arab-diabetes.com www.diabetes.org
27 a 29 de junho 17 a 21 de setembro
ENDORECIFE 2002 52nd Annual Obesity and Associated Conditions
Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE Symposium
Tel/Fax: (081) 3423-1300 Westin Copley Place, Boston, Massachusetts
E-mail: latache@assessor-pe.com.br Informações: The American Society of Bariatric Physicians
Tel: (303) 770 2526
Fax: (303) 779 4834
Julho de 2002 E-mail: bariatric@asbp.org
3 a 6 de julho www.asbp.org
2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em
Diabetes Mellitus SAREDIA 2002 21 a 25 de setembro
Centro de convenciones de Guanajuato, México 25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia
Informações: Dr Jacinto Lang Blue Tree Towers
E-mail: jlangp@infomed.sld.cu Brasília - DF
Informações: SBEM
Agosto de 2002 Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193
E-mail: sbem.rj@openlink.com.br
7 a 11 de agosto
29th Annual Meeting e Educational Program American
Association of Diabetes Educators Outubro de 2002
Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, 4 a 6 de outubro
Pennsylvania XXIV Congress of Endocrinology and metabolic diseases
Tel: (312) 424-2426 of Turkey
www.aadenet.org/annual.htm Istambul, Turquia
Informações: +90 312 310 5350
18 a 23 de agosto E-mail: president@semt.org.tr
XIXo International Congress of the Transplantation www.semt.org.tr
Society
Buenos Aires, Argentina 5 a 9 de outubro
Tel: 54 11 4381 1777 VIo International Congress on Endocrine Diseases
Fax: 54 11 4382 6703 Teheran, Irã
E-mail: info@transplantation2002.com Informações: +98 21 241 6282
E-mail: iced@erc-iran.com
24 a 29 de agosto www.erc-iran.com/iced
9th International Congress on Obesity
São Paulo, SP
Informações: www.abeso.org.br Fevereiro de 2003
Tel: (11) 3079-2298 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy
Fax: (11) 3079-4232 Geneva, Switzerland
Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel
Tel: 972 3 514 0014
Setembro de 2002 E-mail: conventions@kenes.com
1 a 5 de setembro
38th Annual Meeting European Association for the Study of
Diabetes / EASD 2002 Junho de 2003
Budapest, Hungria 14 a 17 de junho
Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes
706, 1365 Budapest 5 - Hungria Association
Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582 New Orleans, Louisiana
E-mail: easd2002@congress.blavo.hu Informações: +1 800 232 3472
E-mail: meetings@diabetes.org
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74
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Diabetes Clínica
Diabetes Clínica 02 (2002) 77
Índice
(vol. 6 nº 2 - 2002) 77~152
Editorial
A volta do pré-diabetes, Fadlo Fraige Filho ............................................................................................................. 79
Grupos de sala de espera com pacientes diabéticos, Miriam Burd, Márcia Rebelo Maia ..................................... 129
ATUALIZAÇÃO
Por que um consenso internacional sobre o pé diabético ? Hermelinda Cordeiro Pedrosa .................................. 135
Campanha de vacinação do idoso contra gripe e pneumococo e envolvimento dos profissionais da saúde,
Clélia Maria S. de S. Aranda*, Mírian M. de Moura**, Rodrigo G. dos Reis***, Glaucia N. R. Vespa**** ...................... 139
FICHAS PRÁTICAS
Rastreamento e identificação do pé diabético .......................................................................................................... 147
CALENDÁRIO DE EVENTOS. ........................................................................................................................... 149
NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ........................................................................................................................... 151
Diabetes Clínica
78 Diabetes Clínica 02 (2002)
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúr-
bios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o
conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas.
Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de
reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à
diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira
rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
Editorial
A volta do pré-diabetes
Continuação Tal qual o programa Agita São Paulo, de sucesso no Brasil, América Latina,
e no mundo todo, adotado pelo OMS, o DPP recomenda 30 minutos por dia
de atividade física moderada, que, associada a perda de 5 a 10% do peso
corpóreo, produz cerca de 58% de redução do aparecimento do Diabetes
Mellitus tipo 2 – DM2. Ressalte-se que, no grupo controle, em 3 anos de
seguimento, cerca de 11% ao ano de pessoas com pré-diabetes desenvolveram
DM 2.
Outros estudos mostraram que a grande maioria deste grupo desenvolve
também o DM 2 após 10 anos de evolução .
O portador de pré-diabetes tem maior risco de 50% de doença cardiovascular
comparado a pessoas normais, sendo este risco aumentado de 2 a 4 vezes para
o portador de DM 2. Lembramos que estes riscos são piorados por outros
fatores de risco como: tabagismo, hipertensão arterial, hipercolesterolemia,
que deverão ser corrigidos também no pré-diabético.
Embora não se recomendasse os testes para crianças com suspeitas de
Diabetes Mellitus tipo 2, parece que isto mudará após a publicação, no New
England Journal of Medicine, do estudo que mostra que 25% das crianças e
21% dos adolescentes com obesidade severa têm pré-diabetes.
Aos que pensam que tais observações ou recomendações não são tão
importantes, enganam-se, pois os Estudos de Prevalência de Diabetes Mellitus
do Ministério da Saúde feitos em 1988 e 1989, infelizmente desatualizados,
mostraram que para o igual número de diabéticos previstos no Brasil, tínhamos
igual número de intolerantes à glicose ou pré-diabéticos, como se redefine o
termo agora.
Do imenso universo desta condição, depreendemos a importância da busca
do diagnóstico e da modificação do estilo de vida daquele grupo de pacientes.
Diabetes Clínica 02 (2002) 81
Metabolism Clinical & Experimental Consumo adequado de magnésio diminui o risco de doença
2002;50(12), janeiro de 2002 cardiovascular em diabéticos tipo 1
Antti Jula et al., JAMA 2002; A redução dos lípides após tratamento com sinvastatina melhora
287:598-605, fevereiro de 2002 com dieta mediterrânea alterada
Nicholas L. Smith et al., Arch Intern Eventos cardiovasculares em adultos idosos prognosticados pelo
Med 2002;162:209-216, janeiro de teste de carga em glicose
2002
Comparados com os níveis de glicose de jejum, o nível de glicose pós-
carga de 2 horas é melhor para identificar os pacientes idosos que apresentam
um risco de evento cardiovascular. Este estudo foi realizado com uma coorte
de 4.014 adultos, idade de 65 anos, que participaram do Cardiovascular Health
Study. No início, estes adultos não eram tratados por diabetes e não tinham
histórico de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Durante um
período médio de 8,5 anos de seguimento, foram observados 764 eventos
cardiovasculares, dos quais 359 infartos, 348 casos de incidentes
cerebrovasculares, e 117 óbitos por doença arterial coronariana (60 indivíduos
apresentaram ambos AVC e doença arterial coronariana).
Na análise dos resultados, o estudo mostrou que o nível de glicose de jejum
de 115 mg/dl era ligada a risco maior de evento cardiovascular (hazard ratio
1,66), em comparação com níveis < 115 mg/dl.
A análise dos níveis de glicose pós-carga de 2 horas ajustada para idade,
sexo e raça revelou que cada aumento de 10 mg/dl correspondia a um aumento
de 2% do risco de evento cardiovascular (hazard ratio 1,02). Com um nível
de glicose de 154 mg/dl 2h após carga, o hazard ratio para evento
cardiovascular foi de 1,54.
Em conclusão, a medição da glicose de 2h é pesada na rotina da prática
clínica, mas pode ter um papel para identificar adultos idosos com risco de
eventos cardiovasculares.
Nora Sarvetnick et al., J Clin Invest Papel do Coxsackie vírus B4 em diabetes descrito em modelo de rato
2002;109:79-87, fevereiro de 2002
Em experiências com ratos, os pesquisadores descobriram que coxsackie
vírus B4 (CB4) altera os tecidos, o que causa a liberação de antígenos de
ilhota seqüestrado. Este estimula as células T auto-reativas e resulta o início
do diabetes mellitus insulino-dependente.
Já foi anteriormente demonstrado, que CB4 é responsável por diabetes
mellitus insulino-dependente em ratos, e que isso é semelhante à última etapa
da progressão da doença em humanos. A resposta imune após a agressão
viral precipita o diabetes mellitus. Todavia, não se sabe ainda, se essa resposta
resulta da resposta imune aos antígenos liberados peles células alteradas do
pâncreas, ou se as células T respondem à resposta inflamatória.
A equipe tratou ratos que tinham um repertório de células T diabetogênicas
com streptozotocina (agente que altera as ilhotas) ou com poly IC (ácido
nucléico que ativa as células T, não especificamente).
Só o tratamento com streptozotocina resultou em diabetes mellitus,
Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) 83
Continuação quando comparados com grupo 1 (1,78 ± 0,8 ng/dl, 16,7 ± 1,5, e 0,59 ± 0,2 U/
kg/dia, respectivamente). Os pacientes do grupo 2 tinham uma maior incidência
de hipoglicemia tardia de manhã (9/29 vs. pacientes do grupo 1 (2/16). A análise
da ingestão alimentar mostrou que pacientes com HbA1c maior consumiram
mais calorias (73,5 ± 10.5 kcal/kg/dia) vs. pacientes com HbA1c menor (64,2 ±
8,7 kcal/kg/dia). Esses achados demonstram a natureza não-fisiológica da
aplicação de insulina mista duas vezes/dia. Para controlar o almoço (40 a 50%
da ingestão calórica total nos paises árabes) e prevenir a hiperglicemia da tarde,
existe uma tendência de aumentar as doses de NPH antes do café da manhã.
Isso induz uma hipoglicemia tardia de manhã, aumenta o apetite e a ingestão
calórica. Análise de regressão múltipla mostrou que as concentrações de leptina
circulante (variável dependente) foram melhor correlatas com a espessura média
da dobra de pele, IMC, e ingestão calórica/kg/dia (eles explicam juntos 65% da
variabilidade das concentrações em leptina). Aparece que a sobre-compensação
por insulina e aumento da ingestão calórica estimulam a síntese de gordura e,
conseqüentemente, o IMC. O aumento do apetite e do IMC contribui para
aumentar a secreção de leptina e explica as concentrações elevadas de leptina
em crianças diabéticas não-controladas (HbA1c elevada), que são sobre-
compensadas por insulina.
Rankinen T et al., Obes Res 2002 Mapa genético da obesidade humana: atualização 2001
Mar;10(3):196-243, março de 2002
Este relatório constitui a oitava edição do mapa genético da obesidade
humana, incorporando os resultados publicados desde outubro de 2001. Foram
revisados evidências de casos de obesidade em ratos e humanos causados por
mutações gênicas únicas, desordens mendelianas com obesidade nas
características clínicas, quantitative trait loci (QTLs) descobertos em scans
de genoma humano e em experiências de cruzamentos em vários modelos
animais, estudos de associação e ligação com genes candidatos e outros
marcadores. Os casos humanos de obesidade ligados a mutações de gene
único em 6 genes diferentes foram incorporados. 25 desordens mendelianas
com obesidade nas características clínicas foram mapeadas. O número de
QTLs diferentes reportados de modelos animais é de 165 atualmente. Ensaios
para relacionar variação seqüencial de DNA em genes específicos de fenótipos
de obesidade continuam crescer, com 174 estudos reportando associações
positivas em 58 genes candidatos. Finalmente, 59 loci foram relacionados a
indicadores de obesidade em scans genômicos e outros desenhos de ligação.
O mapa dos genes da obesidade mostra que os loci putativos relacionados
com fenótipos de obesidade, podem ser encontrados em todos os cromossomos,
exceto o cromossomo Y. Um total de 54 novos loci foi acrescido nos últimos
12 meses, e o número de genes, marcadores e regiões cromossômicas
associados ou relacionados à obesidade, é agora superior a 250.
Maiorana A., O’Driscoll G., Goodman Exercícios combinados aeróbicos e de resistência melhoram
C., Taylor R., Green D. Diabetes Res controle glicêmico e fitness em diabetes tipo 2
Clin Pract 2002 May;56(2):115-23
Foi investigado o efeito de um programa de treinamento de 8 semanas,
combinando exercícios de resistência e aeróbicos, sobre os índices de controle
glicêmico, fitness cardiorrespiratório, força muscular e composição corporal
em 16 pacientes (idade 52 ± 2 anos), portadores de diabetes tipo 2, utilizando
um protocolo prospectivo e randomizado. Frequência cardíaca de exercício
sub-máxima e foram significativamente menores após treinamento (P < 0,05),
embora o limiar ventilatório tenha aumentado (11,8 ± 0,7 vs 13,8 ± 0,6 ml.kg-
1min-1, P < 0,001). A força muscular aumentou com o treinamento (403 ± 30
para 456 ± 31 kg, P < 0,001), dobra de pele (148,7 ± 11,5 vs 141,1 ± 10,7 mm,
P < 0,05), porcentagem de gordura corporal (29,5 ± 1,0 vs 28,7 ± 1,1%, P <
0,05) e razão cintura/quadril (99,2 ± 1,5 vs. 97,9 ± 1,4%, P < 0,05) diminuíram
significativamente. Ao contrário, a captação de pico de oxigênio (P < 0,05) e
teste de duração de exercício (P < 0,001) aumentaram após treinamento,
embora aHbA1c (P < 0,05) e glicose sanguínea de jejum (P < 0,05) tenham
diminuído. O programa de exercício é um método efetivo de treinamento que
melhora a capacidade funcional, a massa corporal magra, a força e o controle
glicêmico em indivíduos portadores de diabetes tipo 2.
O Diabetes na Imprensa
The Wall Street Journal Américas Cirurgia dá nova esperança aos diabéticos de livrar-se das
11 de abril de 2002 injeções de insulina
Continuação colesterol alto, mas faz parte de outros grupos de risco, como diabéticos,
idosos e hipertensos. Com estas descobertas, 200 milhões de pessoas podem
passar a usar estatinas, segundo Rory Collins, principal coordenador do estudo.
É a aspirina do futuro. De acorda com suas estimativas, o uso regular do
medicamento por 10 milhões de diabéticos, idosos e hipertensos evitaria 50.000
mortes por ano. Essa proteína foi primeiro usada como antibiótico de baixo
impacto, para combater fungos, até que os médicos perceberam que entre
seus efeitos colaterais havia a diminuição do colesterol.
JAHH=
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
descobriram que as alterações na taxa de açúcar no sangue se refletem na íris,
14 de março de 2002 causando diferenças de cor. O estudo abre espaço para o desenvolvimento de
um sistema de medição de glicemia pela região “colorida” do olho, o que
evitaria a perfuração do dedo feita pelos diabéticos para coleta de sangue. O
novo método surgiu de observações do professor Armando Albertazzi do
Departamento de Engenharia Mecânica e coordenador do Laboratório de
Metrologia Científica e Industrial da UFSC, que tem uma filha com a doença.
Christoph Hasslacher et al., American Segurança e eficácia da repaglinida em 281 pacientes diabéticos
Diabetes Association 61st Scientific tipo 2 com ou sem disfunção renal
Sessions, Philadelphia, Pennsylvania,
22 a 26 de junho de 2001 A segurança e eficácia do regulador da glicose prandial excretada pelo
fígado repaglinida foram avaliadas em 281 pacientes com diabetes tipo 2,
portadores ou não de diminuição da função renal, em um estudo multicêntrico,
aberto. Após um período de 6 semanas de testes, durante o qual os participantes
continuaram o tratamento antidiabético anterior, foi instaurado um período
de tratamento por repaglinida; nas semanas de 1 a 4 para titulação e 3 meses
de tratamento. Os pacientes foram classificados pela função renal baseada na
clearance da creatinina (CLcr): 151 com função renal normal (CLcr > 80 ml/
min), 64 com leve (CLcr: 60-80 ml/min), 44 com moderada (CLcr: 40-60 ml/
min), 12 com severa (CLcr: 30-40 ml/min) e 10 com extrema diminuição da
função renal (CLcr: 20-30 ml/min). 80% dos pacientes completaram o estudo.
O efeito da repaglinida sobre HbA1c, glicose plasmática de jejum, colesterol
total, HDL-colesterol e triglicérides não foi significativamente diferente entre
os grupos de disfunção renal. O controle glicêmico durante o tratamento por
repaglinida foi tão eficaz quanto o resultado dos tratamentos anteriores: HbA1c
não foi alterada nos grupos controle ou com diminuição leve ou moderada da
função renal, HbA1c aumentou (0,3 ± 0,1%) e diminuiu em 0,6 ± 0,5% nos
grupos com diminuição severa ou extrema da função renal, respectivamente.
Variações mínimas foram observadas nos perfis lipídicos. A dose final de
repaglinida foi menor em pacientes com diminuição severa ou extreme da
função renal, quando comparados a pacientes com função normal ou
moderadamente diminuída.
O perfil de segurança da repaglinida foi bom, independentemente da função
renal. O tipo e severidade dos eventos adversos foram semelhantes durante o
período de observação e os períodos de tratamento por repaglinida. O número
de pacientes com eventos adversos não foi significativamente relacionado ao
status renal. Durante o período de observação inicial, a porcentagem de
pacientes com episódios de hipoglicemia foi significativamente correlato com
a severidade da diminuição da função renal (p = 0,007), mas este modelo não
foi observado durante o tratamento por repaglinida (p = 0,074). Concluímos
que a repaglinida tem um bom perfil de segurança e eficácia em pacientes
diabéticos tipo 2 portadores de diminuição da função renal, e é uma escolha
de tratamento apropriada, mesmo para os pacientes com graus severos de
insuficiência renal.
98 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2002)
Bruce Bode et al., American Diabetes Eficácia e segurança da insulina Aspart comparada com insulina
Association 61st Scientific Sessions, regular tamponada (velosulin) e insulina Lispro
Philadelphia, Pennsylvania,
22 a 26 de junho de 2001 A conveniência do análogo de insulina de ação rápida, insulina Aspart
(Iasp) em injeção de insulina subcutânea continua (CSII) foi avaliada em um
estudo multicêntrico, aberto, randomizado, com grupo paralelo, no qual 146
indivíduos adultos portadores de diabetes tipo 1 receberam Iasp, insulina
regular tamponada (BR), ou insulina lispro a partir de uma bomba externa
durante 16 semanas. Antes da randomização, todos os participantes receberam
4 semanas de tratamento com BR. Durante o período de tratamento os
participantes receberam bolo intravenoso, ou medicação do estudo, 30 minutos
antes as refeições (BR) ou imediatamente antes das refeições (Iasp ou lispro).
No início, HbA1c foi semelhante entre os grupos de tratamento (7,34% ±
0,71 para Iasp, 7,47% ± 0,78 para BR, 7,29% ± 0,66 para lispro). No fim do
estudo, o grupo tratado por Iasp manteve o controle glicêmico (HbA1c 7,36%
± 0,85) embora os grupos BR e lispro apresentassem uma leve deterioração
(não significativa) do controle glicêmico (HbA1c 7,63% ± 0,86 e 7,47% ±
0,90, respectivamente). A dose de insulina diária (total, bolo e basal) durante
o estudo não foi alterada em todos os grupo. No fim do estudo, os valores do
BG pós-prandial do grupo Iasp eram menores de que os do grupo BR e
semelhantes aos do grupo lispro. Todavia, eles foram significativamente
menores 90 minutos após o jantar no grupo Iasp do que nos grupos BR e
lispro (136 ± 56, 171 ± 63 e 164 ± 57 mg/dl, respectivamente; p = 0,019). A
incidência de obstruções nas bombas ou sets de infusão foi baixa em todos os
grupos; 76, 83 e 75% dos participantes dos grupos Iasp, BR e lispro,
respectivamente, apresentaram 1 ou menos obstrução durante as 4 semanas
de tratamento. Só uma pequena porcentagem de obstruções coincidiu com
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) 99
William Lynes et al., American A disfunção renal não afeta a farmacocinética da insulina
Diabetes Association 61st Scientific Aspart em diabete tipo 1
Sessions, Philadelphia, Pennsylvania,
22 a 26 de junho de 2001 Insulina Aspart (Iasp) tem uma substituição do ácido aspártico em prolina
na posição B28 da insulina humana, que resulta em absorção e início de
ação mais rápidas do que a insulina humana regular. O efeito de vários
graus de disfunção renal sobre os parâmetros farmacocinéticos da Iasp foram
estudados em pacientes diabéticos tipo 1. A disfunção renal foi baseada em
clearance da creatinina: normal > 80 ml/min; leve > 50 para 80 ml/min;
moderada > 30 para 50 ml/min; e severa < 30 ml/min, não requerendo
diálise. 18 pacientes homens e mulheres (6 saudáveis, 12 com diminuição
da função renal) de 18 anos, com valores de IMC de 19 e de 38 kg/m2
participaram desse estudo aberto de centro único. Os parâmetros
farmacocinéticos (AUC, Cmax, Tmax, CL/F, etc) foram avaliados nesses paci-
entes após cada administração subcutânea de uma dose de Iasp (0,1 U/kg).
Análise regressiva foi usada para determinar se os parâmetros
farmacocinéticos de Iasp foram linearmente correlatos a clearance da
creatinina. Para os parâmetros avaliados, o coeficiente de correlação (r) foi
< 0,14. Em conclusão, a avaliação global da farmacocinética e os parâmetros
de segurança sugerem que a absorção, distribuição e clearance da IAsp não
foram alteradas pela diminuição da função renal em indivíduos não
requerendo diálise, e que a segurança seria comparável em pacientes
diabéticos com vários graus de disfunção renal.
Charles Fox et al., American Diabetes Podem pacientes visualmente deficientes auto-administrar
Association 61st Scientific Sessions, suas doses corretas de insulina? Avaliação comparativa do
Philadelphia, Pennsylvania, sistema Innolet
22 a 26 de junho de 2001
A diminuição da acuidade visual pode reduzir a capacidade de auto-
administração de insulina. Innolet é um sistema de aplicação especificamente
desenhado para permitir a mais pacientes de auto-administrar insulina,
inclusos os com diminuição da acuidade visual. Este estudo randomizado
comparou capacidade dos pacientes em usar com sucesso Innolet (Novo
Nordisk), Humulin Pen (Eli Lilly) e uma seringa convencional. Os 86
pacientes (51 homens, 35 mulheres; idade media 69 anos) tinham uma
duração de diabetes de 5,9 anos (média). Todos os pacientes tinham
diminuição visual com acuidade visual (melhor olho) entre 20/40 e 20/200.
Nenhum paciente recebeu insulina anteriormente. A proporção de pacientes
capazes de ler corretamente, com 4 doses escolhidas após randomização
em cada sistema, era significativamente maior com Innolet (92% de que
com Humulin Pen (45%; p < 0,001) ou com seringa (61%; p < 0,001). Em
um teste de manipulação, 84% dos pacientes foram capazes, sem instrução
específica, de definir e administrar uma dose de 20 U com Innolet,
significativamente mais do que com Humulin Pen (41%, p < 0,001) ou
seringa (32%, p < 0,001). Após leitura das instruções dos fabricantes, os
pacientes foram requeridos para definir e administrar 3 doses escolhidas
por randomização com cada sistema. A taxa de sucesso com Innolet (80%)
100 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002)
Continuação permaneceu maior de que com Humulin Pen (61%, p = 0,007) ou seringa
(27%, p < 0,001). Pacientes ainda incapazes de colocar 3 doses consecutivas
receberam instruções verbais e demonstração. Após um máximo de 5 minutos
de instrução 85 dos 86 pacientes (98,8%) foram capazes de definir e administrar
3 doses consecutivas com Innolet, de novo mais significativo do que com
Humulin Pen (84,9%), p = 0,001) ou seringa 63,5% p < 0,001). Após o teste,
87% dos pacientes exprimiram preferência para Innolet e 13% para Humulin
Pen (p < 0,001); nenhum paciente preferiu a seringa. Especificamente, 98%
dos pacientes consideraram a escala de números de Innolet mais fácil de ler,
e 91% consideraram que a aprendizagem é mais fácil. Em conclusão, os
sistemas de administração de insulina desenhados com objetivo especifico de
facilidade de leitura e simplicidade de uso, podem melhorar a capacidade de
pacientes com visão diminuída para definir e administrar a sua dose correta
de insulina.
Matthias G. von Herrath et al., J Anticorpo inverte diabetes experimental sem comprometer a
Immunol 2002;168:933-941, função imune
Janeiro de 2002
Anticorpos Não-FcR-binding CD3, atualmente estudados para o tratamento
do diabetes tipo 1, não engloba a competência imune antiviral. Este estudo
utilizou um modelo em rato de diabetes auto-imune induzido por vírus. O
diabetes tipo 1 se desenvolve em 2 semanas após infecção por lymphocytic
choriomeningitis virus (LCMV). O LCMV, que infecta só as células b, é
considerado pelo sistema imunológico desses ratos transgênicos como um
auto-antígeno, e as células infectadas de ilhotas são destruídas pelas células T
especificas do antígeno. Os pesquisadores trataram grupos de 8 a 10 ratos
infectados por LCMV durante 5 dias com CD3-F(ab’)-2. Eles acharam que o
tratamento era mas efetivo durante uma fase pré-diabética claramente definida
e prevenia 100% do diabetes. Todavia, em uma fase mais tardia, quando a
maioria das células b eram destruídas, o tratamento foi responsável de uma
reversão do diabetes em 75% dos animais. Segundo os autores, essa é a primeira
observação da capacidade de um anticorpo de inverter uma doença estabelecida.
Após tratamento por CD3-F(ab’)-2, os ratos eram capazes, assim como os
ratos não tratados, de eliminar a infecção a LCMV, bem como as infecções
com vírus Pichinde e vaccinia. Estes achados, segundo os autores, confirmam
o valor potencial do uso de anticorpos non-FcR-binding para tratar pacientes
pré-diabéticos, recebedores de transplantes de ilhotas bem como os pacientes
com início recente de diabetes.
Christian W. Hamm et al., Circulation: A interrupção das estatinas pode ser responsável de um ressalto
Journal of the American Heart que aumenta o risco de morte
Association, 5 de março de 2002
Os pacientes portadores de doença cardíaca que interrompem o uso de drogas
anticolesterolemiantes quando são hospitalizados devido a dor torácica,
apresentam três vezes mais risco de morte ou acidente cardíaco do que os pacientes
que continuam o tratamento. Este estudo examinou os dados de 1616 pacientes
que participaram anteriormente do estudo clínico PRISM - Platelet Receptor
Inhibition in Ischemic Syndrome Management Study. O estudo comparou a
eficiência de 2 drogas anticoagulantes – tirofiban vs. heparina – em pacientes
portadores de doença arterial coronariana, hospitalizados com dor torácica aguda.
Quando admitidos no hospital, 465 pacientes eram tratados por estatinas
durante 6 meses. O tratamento foi relizado em 379 pacientes e interrompido em
86. Após de 30 dias, os pesquisadores examinaram as taxas de óbito e de
acidentes cardíacos não fatais. Os pacientes que persistiram no tratamento
apresentavam a metade do risco de óbito ou acidente cardíaco, do que as pessoas
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) 103
Continuação nunca tratadas com estatinas. Os que interromperam o tratamento após hos-
pitalização, apresentaram 2,93 mais riscos do que os do primeiro grupo. Segundo
a equipe, a interrupção das estatinas é suficiente para explicar esse aumento de
óbitos e acidentes cardíacos. Uma semana após da hospitalização, comparados
com pacientes que persistiram na medicação, um número significativamente
maior de pacientes, que interromperam o tratamento, foram tratados por re-
estabelecimento do fluxo sangüíneo nas artérias coronarianas.
166 pacientes tratados com estatina após hospitalização apresentaram menos
óbitos e acidente cardíaco não fatal, do que os pacientes que nunca utilizaram
as estatinas. Foi comprovado que as estatinas são eficazes para diminuir o
risco de morte em pacientes com doença arterial coronariana estável. Todavia,
estudos anteriores excluíram pacientes que sofreram uma síndrome coronariana
aguda nos 3 a 6 meses anteriores.
Parece que a droga faz mais do que diminuir o colesterol. Ela diminui a
inflamação arterial, a capacidade das plaquetas de constituir um coágulo
sangüíneo e a proliferação de células de músculo liso nas artérias. Estatinas
também aumentam a liberação de oxido nítrico protetor das células,
constituindo as paredes internas das artérias do coração. Pesquisas em animais
mostram que a interrupção brutal do tratamento cone estatinas é responsável
por um fenômeno de ressalto. Além de voltar para o nível normal, o nível de
oxide nítrico diminui abaixo do normal.
Três drogas representam 94,5% do tratamento por estatinas (sinvastatina,
lovastatina e pravastatina). Todas as estatinas parecem fornecer um efeito
protetor semelhante, quando os pacientes são tratados pelo menos 6 meses
antes da hospitalização.
Adam B. Mayerson et al., Diabetes Efeitos da rosigitazona sobre a sensibilidade à insulina, lipólise e
51:797-802, março de 2002 conteúdo triglicerídico músculo-esquelético e hepático em
pacientes diabéticos tipo 2
Produtos e novidades
Roche lança Accu-Chek Active, o monitor de glicose o mais
rápido
Em apenas 5 segundos, o monitor portátil Accu-Chek Active, desenvolvido
pela Roche Diagnostics, disponibiliza resultados precisos e análise detalhada
de nível de glicose no sangue. Accu-Check Activ é ideal para quem tem
diabetes e possui uma vida ativa, dinâmica e tem a necessidade de otimizar o
seu tempo.
Com apenas 2 microlitros de sangue – equivalente a uma pequena gota, o
Accu-Chek Active disponibiliza resultados precisos. O monitor possui
memória para o armazenamento de 200 resultados com data e hora, assim
como a média dos valores dos últimos 7 e 14 dias.
Os resultados armazenados na memória do monitor podem ser transferidos
facilmente para um computador através do interface por infravermelho.
Com design atraente, leve, discreto e tamanho ideal de bolso, o Accu-
Chek Active não se assemelha a um dispositivo médico e sim a mais um
aparelho eletrônica utilizado no dia-a-dia. Accu-Chek Active também é muito
fácil de usar: com uma função de liga e desliga automática, basta inserir a tira
de teste, colocar a amostra de sangue e aguardar o resultado.
Accu-Chek Active foi desenvolvido pela Roche Diagnostics, divisão
responsável pela fabricação de equipamento inovadores, produtos e serviços
para pacientes, médicos, hospitais e laboratórios.
106 Produtos e novidades - Diabetes Clínica 02 (2002)
Day by Diet comercializa uma linha de doces de confeitaria para quem não
pode ou não quer consumir açúcar. Sua variada linha de produtos inclui bolos,
tortas, doces, docinhos, cocadas, pé de moleque, leite condensado,
marshmallow e muitos outros produtos com muito sabor, poucas calorias e a
mais absoluta garantia de qualidade em produtos sem açúcar. Todas as
especialidades de Day by Diet podem se encontrar na ANAD.
Produtos e novidades - Diabetes Clínica 02 (2002) 107
A Doceira Ofner, há 50 anos na grande São Paulo, oferece agora uma linha
de doces e sorvetes sem adição de açucares, que foram substituídos por polioís,
maltodextrinas, concentrados protéicos de leite e também adicionados de fibras
solúveis. O “blend” de edulcorantes usados é de última geração (sucralose e
Acessulfame K). Assim o sabor dos produtos se torna tão bom quanto os seus
tradicionais similares normais e sem resíduos indesejáveis no palato. Esses
produtos também são reduzidos em calorias e benéficos ao sistema digestivo
por conter fibras solúveis prebióticas (3% de inulina).
O Mousse de Chocolate, a Cheese Cake, a Tortinha de Morango, a
Torta de Chocolate, e o Ecler de Chocolate têm redução de calorias
entre 30 e 43%, sendo os Sorvetes de Creme, Morango e Chocolate
reduzidos em calorias de 43 a 49%. Encontram-se nas lojas a
informação nutricional e composição de cada produto. Já o Chocolate
Dietético, em forma de ovo de páscoa ou tabletinhos, tem como
substituo do açúcar o maltitol e com edulcorante a sucralose.
108 Diabetes Clínica 02 (2002)
Wahid ST , Nag S, Bilous RW, Marshall Cobertura vacinal contra gripe e pneumococo em pacientes com
SM, Robinsin AC, Diabet Med diabetes no Reino Unido
2001;18:599-603
Objetivos: Documentar a cobertura vacinal contra gripe e contra o
pneumococo em pacientes portadores de diabetes atendidos por serviços
secundários na Região Norte do Reino Unido e investigar os fatores que
influenciam a adesão à vacinação.
Métodos: Portadores de diabetes atendidos pelo pronto-socorro em
Middlesbrough, Gateshead e Newcastle foram questionados de outubro de
1999 até março de 2000. Médicos questionaram sobre o status da vacinação
contra gripe e pneumococo utilizando um questionário padrão. Os dados
coletados incluem idade, ano em que foi diagnosticado o diabetes, duração
do diabetes, tipo de diabetes e a presença de alguma outra indicação
reconhecida para vacinação.
Resultados: 268 pacientes, 42% (113/268) com diabetes tipo 1, 34% (91/
268) com doença cardíaca isquêmica, 10% (26/268) com doença pulmonar
crônica (CPD) e 10% (27/268) com doença renal crônica, foram questionados.
35% (93/268) dos pacientes receberam a vacina contra gripe e pneumocócica,
24% (64/268) receberam apenas a vacina contra gripe, e nenhum paciente
recebeu somente a vacina pneumocócica. A maioria dos pacientes vacinados
recebeu a indicação sobre a vacinação contra gripe e contra pneumococo do seu
clínico geral (90% (142/157) e 87% (81/93), respectivamente). Um grande
número de pacientes não-vacinados não estavam cientes da necessidade da
vacinação contra a gripe e contra pneumococo (69% (76/175) e 91% (159/
175), respectivamente). Utilizando regressão lógica múltipla, nota-se um
aumento da cobertura vacinal em pacientes com doença pulmonar crônica, contra
gripe – odds ratio (OR) = 1,99 – 95% IC (1,07-14,12) ou pneumococo (OR =
3,77 – IC 1,69-21,76). Além disso, a cada ano acrescido na idade, a probabilidade
de receber a vacina contra a gripe aumenta em 22% (OR = 1,22 – IC 1,09-1,67)
e em 29% (OR= 1,29 (IC 1,07-1,72) para vacina pneumocócica.
Conclusões: As taxas de vacinação nesses pacientes diabéticos são
insatisfatórias. Os profissionais dos serviços secundários de saúde podem
aumentar essas taxas promovendo a discussão sobre o assunto durante as
consultas.
Continuação < 0,01) do que o grupo controle. Mais participantes do grupo experimental do
que no grupo controle, significativamente, realizaram os objetivos do
tratamento para o colesterol total no pós-teste (P < 0,05).
Conclusões: Os adultos idosos portadores de diabetes precisam de educação
adicional para realizar o controle metabólico. Educação nutricional pode
melhorar o controle metabólico nesta coorte. A melhora dos resultados
metabólicos diminui a morbidade e mortalidade associadas ao diabetes.
Faria NA, Rieiro F, Lerario DD, Efeitos da sibutramina no tratamento da obesidade em pacientes
Kohlmann N, Ferreira SR, Zanella MT, com hipertensão arterial
Arq Bras Cardiol 2002;78(2):176-80,
fevereiro de 2002 Objetivo: Avaliar os efeitos da diminuição de peso com sibutramina 10 mg
ou placebo sobre a pressão arterial de 24 horas (monitorização ambulatória
da pressão sanguínea), a massa ventricular esquerda, e o tratamento
antihipertensivo em 86 pacientes obesos e hipertensos durante 6 meses.
Métodos: Os pacientes efetuaram ecocardiografia, monitorização da pressão
sanguínea ambulatória e medições do níveis de enzimas hepáticas antes e
depois de tratamento com sibutramina ou placebo.
Resultados: O grupo usando sibutramina apresentou maior perda de peso
do que o grupo placebo (6,7% versus 2,5%; p < 0,001), aumenta o da frequência
cardíaca (78,3 ± 7,3 para 82 ± 7,9 bpm; p = 0,02), e diminuição do índice de
massa ventricular esquerda/altura (105 ± 29,3 versus 96,6 ± 28,58 g/m; p =
0,002). Ambos os grupos mostraram aumentos semelhantes dos níveis de
fosfatase alcalina e ajustes comparáveis no tratamento antihipertensivo.
Todavia, a pressão sanguínea não foi alterada.
Conclusão: O uso da sibutramina foi responsável pela perda de peso e
diminuição da massa ventricular esquerda em pacientes obesos e hipertensos
,sem interferência com a pressão sanguínea ou com o tratamento
antihipertensivo.
Rob M. van Dam et al., Department of Gordura e carne na dieta em relação com o risco de
Nutrition, Harvard School of Public diabetes tipo 2 em homens
Health, Boston, Massachusetts,
Diabetes Care 25:417-424, Objetivo: Investigar a relação do risco de diabetes tipo 2 com a gordura e
março de 2002 carne na alimentação
Desenho e métodos: Foram prospectivamente acompanhados 42.504
participantes homens do Health Professionals Follow-Up Study, idade 40-75
anos, livres de diabetes diagnosticado, doença cardiovascular e câncer em
1986. A dieta foi avaliada por questionário de frequência de alimentos e
atualizado em 1990 e 1994. Durante os 12 anos de seguimento, foram
diagnosticados 1321 casos de diabetes tipo 2.
Resultados: Ingestão de gordura total (RR multivariate para quintiles
extremos 1.27, IC 1,04–1,55, P = 0,02) e gordura saturada (1,34, 1,09–1,66,
P = 0,01) foi associada com risco maior de diabetes tipo 2. Todavia, essas
associações desapareceram após ajuste para IMC (gordura total RR 0,97, IC
114 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002)
Continuação 0,79–1,18; gordura saturada 0,97, 0,79–1,20). Ingestão de ácido oléico, trans-
fat, gordura de longa cadeia n-3 e ácido alpha-linolénico não foi associada
com risco de diabetes após ajuste. Ácido linoléico foi associado com risco
menor de diabetes em homens com menos de 65 anos (RR 0,74, IC 0,60–
0,92, P = 0,01) e em homens com IMC <25 kg/m2 (0,53, 0,33–0,85, P =
0,006), mas não em homens idosos ou obesos. O consumo freqüente de carne
processada foi associado com risco maior de diabetes tipo 2 (RR 1,46, IC
1,14–1,86 para ≥ 5/semana vs. <1/mês, P <0,0001).
Conclusões: Consumo de gordura total e saturada foi associado com risco
maior de diabetes tipo 2, mas essas associações não são independentes do
IMC. Consumo freqüente de carne processada pode também aumentar o
risco de diabetes tipo 2.
Kirsten A. McAuley et al., Department Alterações intensivas do estilo de vida são necessárias para
of Human Nutrition, Otago University, melhorar a sensibilidade à insulina
Dunedin, New Zealand Diabetes Care
25, março de 2002 Objetivo: O tamanho da alteração do estilo de vida para melhorar a
sensibilidade à insulina não foi estabelecido. O estudo compara o efeito sobre
a sensibilidade à insulina, das recomendações atuais dietéticas e de atividade
física com intervenção especial em indivíduos normoglicêmicos e resistentes
à insulina.
Desenho e métodos: 77 homens e mulheres com glicemia normal
(determinada por clamp euglicêmico insulínico) e resistência à insulina foram
randomizados para grupo controle, com 1 e 2 programas combinados de dietas
e exercícios. Um grupo foi baseado em recomendações atuais e outro em
programa mais intensivo de dieta e exercício. A sensibilidade à insulina foi
medida por clamp insulínico euglicêmico, composição corporal foi avaliada
por absorciometria de raio X, e fitness aeróbico e antropométrico foi avaliado
antes e após o período de 4 meses da intervenção. Os dados de ingestão
alimentar de 4 dias foram coletados e foram medidos glicose de jejum, insulina
e lípides.
Resultados: Só o grupo com tratamento intensivo mostrou uma melhora
significativa na sensibilidade à insulina (aumento de 23% P = 0,006 vs. 9%
no outro grupo, P = 0,23). Isso foi associado a um aumento significativo do
fitness aeróbico (aumento de 11% no grupo intensivo P = 0,02 vs. 1% no
outro grupo, P = 0,94), e uma ingestão maior de fibras, mas sem diferença no
total reportado de gorduras saturadas.
Conclusões: As recomendações clínicas dietéticas e de atividade física,
mesmo quando rigorosamente implantadas, não aumentaram
significativamente a sensibilidade à insulina; todavia, um programa mais
intensivo alcança esse objetivo. O aumento do fitness aeróbico parece ser a
maior diferença entre os dois grupos, apesar de que a perda de peso e a
composição da dieta tinham também um papel importante na determinação
da sensibilidade à insulina.
Barbara Parker et al., Diabetes Care Efeito de uma dieta por perda de peso rica em proteínas e
25:425-430, março de 2002 gorduras mono-insaturadas sobre o controle glicêmico e os níveis
de lípides em diabetes tipo 2
Continuação de perda de peso e restrição energética, foi eficiente para preservar a massa
magra e melhorar a sensibilidade à insulina em indivíduos obesos, mas não
foi testado em indivíduos portadores de diabetes tipo 2. Comparamos a dieta
protéica (28% proteínas, 42% CHO, 28% gordura [8% ácidos graxos saturados,
12% ácidos graxos monoinsaturados, 5% ácidos graxo poli-insaturados]) com
a dieta de carboidratos (16% proteínas, 55% CHO, 26% gordura [8% ácidos
graxos saturados 11% ácidos graxos monoinsaturados, 5% ácidos graxo poli-
insaturados]) em 54 homens e mulheres obesos portadores de diabetes tipo 2
durante um período de 8 semanas de restrição energética (1,600 kcal) e 4
semanas de balanço energético. Composição corporal foi determinada por
absorciometria de raio X nas semanas 0 e 12.
Resultados: O objetivo de perda de peso de 5,2 ± 1,8 kg foi atingido
independentemente da composição da dieta. Todavia, mulheres com dieta
protéica perderam significativamente mais gordura total (5,3 vs. 2,8 kg, P =
0,009) e abdominal (1,3 vs. 0,7 kg, P = 0,006), quando comparadas a mulheres
com dieta de carboidratos, embora que, em homens, não foi observada a
diferença na perda de gordura entre as dietas (3,9 vs. 5,1 kg). A massa magra
total diminuiu em todos os pacientes independentemente da composição da
dieta. A diminuição do LDL-colesterol foi significativamente maior na dieta
rica em proteínas (5,7%) do que na dieta rica em carboidratos (2,7%) (P < 0,01).
Conclusões: Ambos os modelos dietéticos resultaram em melhora do perfil
de risco de doença cardiovascular como consequência da perda de peso.
Todavia, as maiores diminuições em gordura total e abdominal em mulheres
e maior diminuição do LDL colesterol nos dois sexos com a dieta protéica,
sugerem que essa dieta é uma escolha válida para a diminuição do risco de
doença cardiovascular em portadores de diabetes tipo 2.
Lindblad U et al., Skaraborg Institute, NEPI Antidiabetes Study (NANSY): relações dose-efeito a curto
Skovde, Sweden Department of prazo da glimepirida em indivíduos com tolerância a glicose
Community Medicine, Lund University, diminuída
Malmo, Sweden The NEPI Foundation,
Malmo and Stockholm, Sweden Objetivo: NANSY é um estudo sueco randomizado, controlado por placebo,
Diabetes Obes Metab 2001;3(6):443- com 2x1112 participantes, homens e mulheres, com tolerância à glicose
51, dezembro de 2001 diminuída (IFG), cujo objetivo é de avaliar se o desenvolvimento do diabetes
tipo 2 pode ser reyardado por adição de sulfoniluréias na dieta e aumento de
atividade física. O estudo piloto foi efetuado para determinar a dose certa de
glimepirida em NANSY.
Métodos: Em ensaio duplo-cego 25 indivíduos IFG foram randomizados
para receber doses únicas e tratamento de um semana com 0 (placebo) 0,5,
1,0 ou 2,0 mg de glimepirida uma vez por dia. A dose certa foi avaliada pela
dosagem da glicose sanguínea durante teste de tolerância oral a glicose 75g
(OGTT), comparando glicose sanguínea de jejum, e a área sob a curva de
glicose (AUC), e pelo controle dos eventos hipoglicêmicos.
Resultados: Com doses únicas, existe uma relação clara dose-resposta para
a redução em AUC, com diferença estatisticamente significativa entre só
placebo (média 1981, IC 95% 1883-2078) e 2 mg glimepirida (média 1763,
95% CI 1665-1861). Todavia, após uma semana de tratamento, as únicas
diferenças significativas foram entre placebo (média 1934, 95% CI 1856-
2012) e 1 mg glimepirida (média 1714, 95% CI 1637-1792). Da mesma
maneira, as únicas diferenças estatísticas na glicose sanguínea de jejum no
dia 7 foram entre placebo (5,87 mmol/l, 95% CI 5.68-6,05 mmol/l) e 1 mg
glimepirida (5,42 mmol/l, 95% CI 5,21-5,62 mmol/l). A hipoglicemia química
foi comum, mas os sintomas de hipoglicemia foram raros e semelhantes entre
as doses ativas, e facilmente controlados pelos pacientes.
Conclusões: A curva dose-efeito do sulfoniluréia é regular por causa da
regulação dos receptores de sulfoniluréias durante a exposição crônica. O
achado pode ser também um fenômeno de ressalto, secundário a hipoglicemia
anterior. A dose certa determinada pelo estudo foi e 1 mg de glimepirida.
118 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002)
Hermann LS et al., The Swedish Melhora glicêmica a longo prazo após adição de metformina à
Network for Pharmacoepidemiology, insulina em pacientes diabéticos tipo 2 obesos tratados por
Malmo, Sweden Department of Internal insulina
Medicine, Helsingborg, Sweden,
Diabetes Obes Metab 2001;3(6): Objetivo: Avaliar o efeito da adição de metformina à insulina em diabéticos
428-34, dezembro de 2001 tipo 2.
Métodos: Pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso tratados por
insulina pelo menos durante 1 ano, e com controle glicêmico inadequado HbA1c
> nível superior de referência + 2%), foram randomizados para participar em
estudo duplo-cego controlado por placebo. 37 pacientes foram tratados durante
12 meses por metformina (850 mg/dia) ou placebo em mais do que a insulina
usual, que foi estabilizada durante um período inicial de 3 meses.
Resultados: 2 pacientes abandonaram o estudo durante o período inicial.
Não existiam diferenças entre o grupo metformina (n = 16) e o grupo placebo
(n = 19) no início. Vários pacientes receberam aplicações múltiplas de insulina.
O controle metabólico melhorou com acréscimo de metformina. Alteração
média de HbA1c no início mostrou diferença altamente significativa entre os
grupos nos meses 3, 6, 9 e 12. Alteração média a 12 meses foi de -1,1 ± 0,7%
vs. + 0,3 ± 0,8% (p < 0,001) para HbA1c e -1,4 ± 2,1 mmol/l vs. + 0,6 ± 2,2
mmol/l (p = 0,025) para glicose plasmática de jejum. LDL-colesterol diminuiu
um pouco em 6 meses, mas não em 12 meses. Nenhuma alteração foi observada
na dose de insulina, pressão sanguínea, peso corporal, triglicérides, colesterol
total e HDL-colesterol, fibrinogênio, peptídeo C. A combinação de tratamento
foi bem tolerada, com os mesmos efeitos adversos de que no tratamento de
insulina, mas com um número maior de pacientes com diarréia.
Conclusão: Adição de metformina à insulina induziu e manteve uma
diminuição clinicamente significativa e consistente a longo prazo da
hiperglicemia em pacientes diabéticos obesos tratados por insulina.
Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122
Diabetes 119
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Professora Associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Resumo
Uma alimentação saudável é aquela planejada com alimentos de todos os tipos, de procedência conhecida, preparados de forma a preservar o valor
nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos devem ser qualitativa e quantitativamente adequados, consumidos em refeições/dia, visando a
satisfação das necessidades nutricionais e a promoção de uma vida saudável. O Ministério da Saúde - Anvisa - estabeleceu por meio das
Resoluções RDC 39 e 40 uma pirâmide de 2500kcal para subsidiar as informações nutricionais com valores de porções. Comparando-se com a
pirâmide de Philippi, que serviu de base para o desenvolvimento da pirâmide da Anvisa, constatou-se coincidência de porções e quilocalorias
(grupos do leite e leguminosas) e para os demais foram observados valores mais rígidos para atender a política de prevenção das doenças crônicas
não transmissíveis e obesidade. A pirâmide alimentar demonstrou ser uma ferramenta importante, não só para orientação nutricional como
também na definição da política de rotulagem de alimentos.
Palavras – chave: pirâmide alimentar, guia alimentar, rótulos de alimentos, grupos de alimentos, alimentação saudável.
Abstract
A healthy diet is planned with all kinds of food from good sources and prepared in a way to preserve the nutritional values and the sensorial
aspects. Food must be quantitative and qualitative suitable, consumed in meal/day, viewing to satisfy the nutritional necessities and to promote
a healthy way of life. The Ministry of Health - Anvisa - established with the Resolutions RDC 39 and 40, a pyramid of 2500 kcal to provide
the nutritional information with the values of each serving. Comparing with Philippi’s pyramid which was the basis to develop ANVISA’s
pyramid, it was verified a coincidence of servings and energy (groups of milk and beans). It was also verified harder values in order to attend the
policy of non- transmissible chronic disease and obesity’s prevention. The food pyramid showed to be an important tool, not only for nutritional
instruction, but also defining food labeling through a specific law.
Key –words: food pyramid, food guide, food labeling, food groups, healthy diet.
Endereço para correspondência: Av. Doutor Arnaldo, 715 – 01246-904 São Paulo – SP
Tel: (11)3066- 7705, E-mail: philippi@usp.br
PB Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122
(Anvisa). Para os grupos dos cereais, legumes e verduras, Tabela III - Informação nutricional de 125g (porção) de arroz
frutas, carnes e ovos e óleos foram estabelecidos de forma branco cozido (uma colher de sopa = 25g).
diferente, de acordo com os objetivos da Anvisa no tocante Valor Calórico 160 kcal 6%
Carboidratos 36g 10%
a prevenção no desenvolvimento do sobrepeso e das Proteínas 3g 6%
doenças crônicas não transmissíveis. Gorduras Totais 0g 0%
Ferro 1 mg 7%
Tabela I - Comparação entre a pirâmide Philippi et al. Sódio 0 mg 0%
e Anvisa, com relação aos grupos e porções de alimentos. * Quando for declarado
Pirâmide Philippi e col Pirâmide ANVISA Fonte: United States Department of Agriculture - USDA[9]
1600, 2200, 2800 kcal 2500 kcal
Cereais* 5 a 9 porções/dia 8 porções/dia
1 porção 150 kcal 150 kcal Conclusão
Legumes e Verduras 4 a 5 porções/dia 3 porções/dia
1 porção 15 kcal 15 kcal Os guias alimentares permitem:
Frutas 3 a 5 porções/dia 3 porções/dia • Planejar uma dieta saudável e culturalmente
1 porção 35 kcal 70 kcal aceitável, de acordo com a alimentação habitual;
Leite** 3 porções/dia 3 porções/dia • Corrigir os hábitos alimentares indesejáveis e reforçar
1 porção 120 kcal 120 kcal os desejáveis para a manutenção da saúde;
Carnes e ovos 1 porção/dia 2 porções/dia • Orientar o consumidor quanto a seleção de uma dieta
1 porção 120 kcal 130 kcal saudável de acordo com os recursos econômicos
Leguminosas*** 1 porção/dia 1 porção/dia disponíveis e quanto a leitura dos rótulos dos alimentos.
1 porção 55 kcal 55 kcal
Óleos 1-2 porções/dia 2 porções/dia O guia alimentar expresso por meio da pirâmide
1 porção 73 kcal 120 kcal alimentar é uma ferramenta para orientação nutricional
Açúcar 1-2 porções/dia 1-2 porções/dia individual e institucional que, foi utilizado para a definição
1 porção 110 kcal 80 kcal e implementação da política pública estabelecida pela
*Cereais ou Grupo do Arroz; **Leite ou Grupo do Leite, Queijo, Anvisa para os rótulos dos alimentos, visando um padrão
Iogurte; *** Leguminosas ou Grupo dos Feijões. saudável de alimentação.
Ao se tomar como exemplo o arroz branco cozido, de 1. Philippi ST. Guia alimentar para o ano 2000. In: Angelis RC.
acordo com a rotulagem completa (tabela II) e simpli- Fome oculta: impacto para a população do Brasil. São Paulo:
Atheneu; 1999. p.160-76.
ficada (tabela III), os valores ficariam assim expressos: 2. Philippi ST. Hábitos Alimentares. Boletim Técnico 1. São
Arroz branco cozido (Valor de referência-125g) Paulo, Ed Centro de Estudos SILUS, 1992.
3. National Research Council [NRC]. Recommended Dietary
• Medida caseira (grama) - colher de sopa Allowances. 10th ed. Washington, (D.C): National Academy
• Peso médio por medida caseira em (gramas)- 25 g Press; 1989.
•Formas de apresentação das medidas caseiras. No 4. Institute of medicine. Dietary Reference Intakes [DRI] for
rótulo: 5 colheres de sopa. calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D and fluoride.
Washington, (D.C): National Academy Press; 1997. p. 432.
Tabela II - Informação nutricional de 125g de arroz branco 5. Philippi ST, Ribeiro LC, Latterza AR, Cruz ATR. Pirâmide
cozido (uma colher de sopa = 25g). Quantidade por porção alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev
em %VD (valores diários de referência). Nutr1999; 12: 65-80.
6. Philippi ST, Szarfarc SC, Latterza AR. Virtual Nutri (software)
Valor Calórico 160 kcal 6% versão 1.0 for Windows. Departamento de Nutrição da
Carboidratos 36g 10% Faculdade de Saúde Pública/USP. São Paulo, 1996.
Proteínas 3g 6% 7. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC 39,
Gorduras Totais 0g 0% de 21.03.2001: Tabela de valores de referência para porções de
Gorduras Saturadas 0g 0% alimentos e bebidas embalados para fins de rotulagem
Colesterol 0 mg 0% nutricional Disponível em www.ANVISA.gov.br/legis/resol/
Fibra alimentar 0g 0% 3901rdc.htm
Cálcio quantidade não significativa 0% 8. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC 40,
Ferro 1 mg 7% de 21.03.2001: Rotulagem nutricional obrigatória de alimentos e
Sódio 0 mg 0% bebidas embalados. Disponível em: www.ANVISA.gov.br/legis/
Outros minerais* mg ou mg resol/40_01rdc.htm
Vitaminas * mg ou mg 9. Composition of Food. United States Department of
* Quando for declarado Agriculture [USDA]. 8th Washington, (D.C): U. S. Government
Fonte: United States Department of Agriculture – USDA[9] Printing Office; 1963.
Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128
Diabetes 123
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
REVISÃO
*Mestranda em Nutrição Humana (Instituto de Nutrição, Universidade Federal do Rio de Janeiro – IN/UFRJ), Grupo de Pesquisa em Vitamina A
do IN/UFRJ, **Doutora em Ciências da Saúde Pública (FIOCRUZ). Departamento de Nutrição e Dietética, Grupo de Pesquisa em Vitamina A -
GPVA/IN/UFRJ, ***Doutoranda em Ciências da Saúde Pública (FIOCRUZ), Departamento de Nutrição e Dietética. GPVA/IN/UFRJ
Resumo
Várias observações sugerem que poderia haver uma associação entre hipovitaminose A e diabetes mellitus, dois importantes problemas de saúde
pública do mundo atual. A informação acerca do estado de vitamina A dos pacientes diabéticos é muito escassa e pouco consistente. Pacientes
com diabetes mellitus tipo 1 apresentariam baixos níveis de retinol circulante, de RBP (Retinol Binding Protein) e de TTR (transtiretina), e altos
níveis de retinol hepático, sugerindo uma deficiência no transporte da vitamina. Em indivíduos diabéticos tipo 2, os trabalhos são mais escassos
e contraditórios. Isto sugere a necessidade de dar mais atenção a estudos que permitam identificar possíveis distúrbios do metabolismo da
vitamina A no diabetes mellitus.
Palavras-chave: Vitamina A, retinol, diabetes mellitus
Abstract
Some observations have suggested a possible association between hypovitaminosis A and diabetes mellitus, two important public health
problems which potential interaction deserves further attention. There are few studies on the vitamin A status of diabetic patients. Most of the
observations in diabetes mellitus type I have found low levels of circulating retinol, retinol binding protein and transthyretin, while a high level
of liver vitamin A, suggesting an impairment in the mobilization of the vitamin. The results in diabetic type 2 patients are more rare and highly
contradictory. This suggests that there is a need for further research to identify possible disorders of vitamin A metabolism in diabetes mellitus.
Key-words: Vitamin A, retinol, diabetes mellitus
relacionado com a hidrólise dietética inicial, que se dá no concentrações de retinol (p = 0,05) e menor razão
intestino. Já o BSDREH possui uma atividade altamente vitamina A/colesterol (p = 0,02) frente às do grupo
específica nas células estreladas hepáticas, responsáveis controle. Além disso, foram verificadas relações entre
pelo estoque de vitamina A, logo, parecendo ser mais as variáveis retinol, RBP e indicadores aterogênicos
importante para as hidrólises posteriores ao estoque e à (RBP-LDLc c/ HDLc (p = 0,05); RBP-(VLDL + LDL)
liberação de vitamina A para os tecidos do que o c/ HDLc (p = 0,02). Crianças com HbA1c (hemoglobina
mecanismo dependente de sais biliares [34]. A estrutura glicosilada) > 8% demonstraram aumento dos indicadores
hepática e as funções biliares são freqüentemente aterogênicos e menores razões de vitamina A/colesterol
associadas ao diabetes. Ratos diabéticos possuem e vitamina A/triglicerídeos, do que as de bom controle
alterações signi-ficativas do fluxo biliar e das secreções glicêmico, o que sugere que um pobre controle glicêmico
biliares de bile, colesterol, fosfolipídeos, sódio, potássio, implica em maior risco aterogênico e de “deficiência
cloreto e bicarbonato. Logo, é possível que uma relativa” de vitamina A do que um bom controle do
modificação no metabolismo de sais biliares induzido pelo diabetes e uma suplementação desta vitamina poderia
diabetes possa estar contribuindo para um prejuízo na reduzir ou prevenir este risco aterogênico [20].
hidrólise de vitamina A [35]. Pacientes com pobre controle glicêmico possuem
Já Tuitoek et al. [24] concluiram ser improvável uma mais riscos de desenvolver doenças cardiovasculares,
diminuição da hidrólise hepática dos ésteres de retinil, já devido a prejuízos na atividade anti-oxidante [4º].
que os animais diabéticos deste estudo exibiram níveis Níveis plasmáticos das vitamina A, C, E e beta-
aumentados de retinol livre. Este aumento, acompanhado caroteno foram relacionados de forma significativa à
de níveis circulatórios diminuídos, vai de encontro aos doenças cardiovasculares [41].
achados que propõem um prejuízo na mobilização Estes dados são de grande importância, na medida
hepática de vitamina A, possivelmente devido à uma que o diabetes mellitus representa a sexta causa mais
síntese inadequada de RBP, que é freqüentemente freqüente dos diagnósticos primários de internação
observada em pacientes diabéticos [6,8,9]. hospitalar, contribuindo de forma significativa (30% a
É bem descrito na literatura que o diabetes está 50%) para outras causas como cardiopatia isquêmica,
associado ao aumento da excreção urinária de RBP insuficiência cardíaca, colecistopatias, acidente vascular
[1,29,25]. Relatos apontam para uma excreção urinária cerebral e hipertensão arterial [18]. Além disso, pacientes
de RBP aumentada em pacientes diabéticos tipo 1, e diabéticos representam cerca de 30% dos pacientes que
que não está relacionada simplesmente aos níveis de internam em Unidades Coronarianas Intensivas com dor
glicose sanguínea, mas reflexo de disfunção glomerular precordial. Logo, é de extrema relevância a elucidação
e tubular [29]. Em outro estudo, esta tendência foi vista da associação da vitamina A em outros etapas do
tanto em diabéticos tipo 1 quanto tipo 2 [36]. metabolismo sobretudo em indivíduos diabéticos.
Um estudo mediu a absorção intestinal de glicose e a Um pobre controle glicêmico pode ter como
atividade das amilases intestinal e pancreática em animais conseqüência clínica à cegueira, o que justifica o diabetes
com hipovitaminose A, diabéticos e com as duas mellitus se constituir na principal causa de retinopatias e
condições. Foi administrada uma dieta deficiente de cegueira adquirida [42]. A vitamina A exerce um papel
vitamina A aos animais, o que causou uma significativa essencial na visão, e sua deficiência também pode levar à
redução na digestão e absorção intestinal. Por outro lado, cegueira. Embora os mecanismos que levam a esta
a digestão e a absorção foram aumentadas nos diabéticos. conseqüência sejam diferentes nestas duas patologias, é
As duas condições juntas causaram diminuição destas razoável supor que uma superposição da carência de
funções absortiva e digestiva. Os achados sugeriram que vitamina A com o diabetes mellitus, possa vir a contribuir
a inibição da digestão e absorção observadas, quando para um agravamento desta complicação. Por outro lado, a
havia os estados combinados de diabetes mellitus e retinopatia, precipitada pelo diabetes, talvez possa intensificar
hipovitaminose A, possivelmente foi devida à dieta a presença da deficiência de vitamina A [22,14]. Logo, é
deficiente de vitamina A [37]. importante que o metabolismo da vitamina A seja mais bem
Alguns trabalhos também têm sugerido uma alteração esclarecido, para se obter um melhor entendimento da
na taxa de conversão de carotenóides à retinol em relação entre o diabetes e o metabolismo da vitamina A.
pacientes diabéticos [6,38]. Níveis diminuídos de retinol
sérico e níveis elevados de carotenóides foram Vitamina A e sua relação com o diabetes mellitus tipo 2
encontrados em diabéticos tipo 1 [39], tendo como A maioria dos trabalhos envolvendo diabetes mellitus
possíveis causas alterações do trato gastrointestinal e vitamina A estão relacionados ao tipo 1. Quanto ao
observadas nestes pacientes ou à alteração na conversão tipo 2, os trabalhos são mais escassos e controversos.
de carotenóides à retinol [38]. Grande parte delas aponta níveis elevados de retinol
Baena et al. [20] observaram concentrações de RBP nestes pacientes, porém outros possuem resultados
em crianças diabéticas tipo 1 maiores (p = 0,05), menores diferentes e contraditórios.
Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 127
Um estudo com pacientes idosos com diabetes mellitus indivíduos diabéticos com normoglicemia [53-55]. Além
tipo 2 encontrou concentrações plasmáticas signifi- disso, turnover protéico aumentado tem sido associado a
cativamente menores de retinol e carotenóides, quando pobre controle glicêmico em diabéticos tipo 2, o que explica
comparados com os de controle, e esta redução foi os altos níveis de RBP em pacientes com hiperglicemia.
independente das variáveis sexo, ingestão dietética e perfil A hiperglicemia pode estar promovendo a secreção de
lipídico [43]. Abahusain et al. [30] encontraram níveis de insulina nas células β com função parcial. A insulina
retinol normais, porém, concentrações de beta-caroteno exógena também pareceu aumentar a síntese de RBP.
significativamente menores (p = 0,02) nos diabéticos tipo A RBP foi bem menos saturada com retinol nos
2 quando comparados ao grupo controle. Também foram diabéticos tipo 2. Esperava-se RBP baixo devido à
encontradas concentrações de RBP sérica e urinária hiperzincúria, comum em diabético, e a deficiência de zinco
significativamente maiores nestes pacientes. Além disso, diminui a síntese e a liberação de RBP para a circulação.
observou-se uma correlação negativa entre glicose de jejum Concluiu-se que a hiperinsulinemia pode ser um fator de
e concentração sérica de β-caroteno [30]. Ao avaliar a proteção em termos de assegurar níveis plasmáticos de
capacidade total de anti-oxidantes plasmáticos em RBP e transporte de retinol para os tecidos alvo [46].
diabéticos tipo 2, Ceriello et al. [44] encontram níveis
significativamente reduzidos de vitamina A. Wako et al. Conclusão
[45] também encontraram níveis diminuídos de retinol em
diabéticos tipo 2, porém níveis elevados de éster de retinil, A hipovitaminose A e o diabetes mellitus figuram como
sugerindo um aumento dos estoques hepáticos de vitamina problemas de grande magnitude a nível de saúde pública,
A. Entretanto, outros estudos apontam níveis plasmáticos porém poucos estudos têm se preocupado em avaliar a
elevados de vitamina A em indivíduos com tipo 2 [46-48]. associação entre estas duas patologias. Logo, estudos
Tendo em vista que muitos pacientes diabéticos tipo 2 devem ser desenvolvidos abordando as duas situações
possuem dislipidemias associadas, outro estudo apontou conjuntamente, a fim de elucidar as interfaces entre o me-
que uma medicação para diminuir lipídeos depletaram tabolismo da vitamina A e as alterações metabólicas do
significativamente os níveis de retinol. Além disso, diabetes mellitus, e que possam subsidiar a assistência ao pa-
encontraram uma alta razão retinol/RBP, o que implica ciente diabético bem como melhorar sua qualidade de vida.
num excesso de retinol livre, possivelmente existindo em
diabéticos tipo 2 e que um metabolismo alternativo de Referências
retinol parece existir [49].
Salonen et al. [50], associou altos níveis séricos de 1. Oliveira JEP, Milech A, Franco LT. The Cooperative Group
α-tocoferol a riscos diminuídos de diabetes mellitus tipo 2. for the study of diabetes prevalence in Rio de Janeiro, Brazil.
Diabetes Care 1996; 19: 663 – 666.
Outro estudo associou altas concentrações de α-tocoferol 2. Ministério da Saúde. Manual de Diabetes 1993. Brasília: MS.
e β-caroteno a um diminuição do risco de 3. Dutra de Oliveira JE, Carvalho da Cunha SF, Marchini JS. In:
desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, apesar da A Desnutrição dos Pobres e dos Ricos. Dados sobre
associação com o β-caroteno ter sido mais fraca [51]. Alimentação no Brasil. São Paulo: Ed. Sarvier; 1996. p. 123.
4. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus: Guia básico para
Além disso, deve-se ressaltar que o diabetes mellitus diagnóstico e tratamento.Brasília: MS; 1996.
não controlado pode levar a uma série de patologias 5. Orchard TJ, Dorman JS, Laporte RE, Ferreu RE, Drash AL.
secundárias, como as doenças cardiovasculares [41,52], Host and environmental interactions in Diabetes mellitus. J
onde a vitamina A atua contra o processo de aterogênese, Chron Dis 1986; 39(12):979–99.
tanto como antioxidante, inibindo a oxidação do colesterol 6. Basu TK, Tze WJ, Leichter J. Serum vitamin A and retinol-
binding protein inpatients with insulin-dependent diabetes
associado a lipoproteína de baixa densidade (LDL– mellitus. Am J Clin Nutr 1989; 0:329–31.
colesterol), reduzindo assim a formação de células 7. Gerster H. Vitamin A – Functions, dietary requirements and
espumosas, quanto pelo possível papel na proteção da Safety in Humans. Internat. J Vit Nutr Res 1997;67:71–90.
integridade endotelial. 8. Krempf M, Ranganathan S, Ritz P, Morin M, Charbonnel B.
Plasma Vitamin A and E in Type 1 (Insulin – Dependent) and
Já Basualdo et al. [46] encontraram níveis elevados Type 2 (Non-Insulin-Dependent) Adult Diabetic patients.
de RBP em diabéticos tipo 2 e sugeriram que o estado Internat. J Vit Nutr Res 1991;61:38-42.
de insulino-resistência não inibe a síntese protéica 9. Martinoli L, Di Felice M, Seghieri G, Cuiti M, De Giorgio
hepática. A RBP foi encontrada em níveis elevados nos LA, Fazzini A, Gori R, Anichini R, Franconi F. Plasma retinol
diabéticos tipo 2, indicando que a insulina poderia estar and a- tocopherol concentrations in insulin-dependent diabetes
mellitus: Their relationship to microvascular complications.
exercendo um maior efeito na síntese de RBP, do que de Internat. J Vit Nutr Res 1993;63: 87–92.
albumina e TTR, já que a RBP possui uma meia-vida de 10. Ramalho RA. Análise do estado nutricional de vitamina A em
112 horas e a albumina e a TTR de 14 a 20 dias e 2 a 3 portadores de cardiopatias - Relato de casos. In: Anais do III
dias, respectivamente. O efeito anabólico da insulina no Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e
Nutrição 1993. pg.19-28.
metabolismo protéico vai de encontro aos achados da 11. Taylor R, Agius L. The biochemistry of diabetes. Biochem J
literatura que reportam metabolismo protéico normal em
128 Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128
ARTIGO ORIGINAL
*Psicólogas, especialistas em Psicologia Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo
Trata-se de um trabalho realizado com 69 grupos de sala de espera no Ambulatório de Diabetes e Metabologia do Hospital Universitário Pedro
Ernesto (HUPE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no período de março 1997 a março 1998. Os pacientes e seus familiares
eram convidados a participar de grupos informativos e de suporte psicológico enquanto aguardavam as consultas. Participaram psicólogas,
médicos endocrinologistas, nutricionistas e enfermeiras. Os grupos eram semanais, com duração de 60 a 90 minutos e atenderam um total de 693
pacientes e seus acompanhantes, nos 12 meses de seu funcionamento. As tabelas e gráficos apontaram para o perfil das pessoas atendidas e os
assuntos mais discutidos. O grupo de sala de espera otimiza o tempo de espera pela consulta e transforma-o em espaço de reflexão sobre o
processo saúde-doença.
Palavras-chave: Diabetes mellitus, grupos, grupos de sala de espera, psicologia, equipe multidisciplinar.
Abstract
This study was done with 69 waiting-room groups at the Pedro Ernesto University Hospital (HUPE) Diabetes and Metabology Ambulatory
at Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) from March 1997 to March 1998. The patients and their families were invited to participate
in informative and support groups while they were awaiting their appointments. Psychologists, endocrinologist, nutritionists and nurses
participated. The groups got together once a week, taking from 60-90 minutes and reunited 693 people during its 12 months. The tables and
graphs showed people’s profile and the most discussed topics. The waiting-room group optimizes the waiting-time and changes it into time for
reflection about the health-illness-process.
Key-words: Diabetes mellitus, groups, waiting-room-group, psychology, multidisciplinary staff.
Endereço para correspondência: Miriam Burd, Rua Bolívar, 23/501, Copacabana, 22061-020, Rio de Janeiro RJ.
Tel: (21) 22366521, E-mail: miriamburd@aol.com, Márcia Rebelo Maia, Rua Pinheiro da Cunha, 85/202,
Tijuca 20530-360, Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 22087582, E-mail: rebelomaia@domain.com.br
130 Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134
1 Consulta-conjunta: Termo criado por Júlio de Mello Filho para designar o atendimento ao paciente, ao mesmo tempo, do médico e do profissional psi.
132 Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134
principalmente, pela brevidade do grupo. A linguagem A tabela a seguir corresponde aos assuntos discutidos,
utilizada era a mais próxima possível dos participantes e a quantidade de vezes que foram discutidos nos grupos e
não havia o caráter sigiloso dos assuntos tratados, pelo a sua porcentagem. A população deste grupo era
fato dos grupos serem realizados sem privacidade na sala composta por pacientes DM1 (crianças, adolescentes,
de espera, num espaço aberto e onde várias pessoas gestantes e adultos jovens), seus acompanhantes e alguns
estavam circulando. pacientes DM2 (embora este não fosse o dia, quarta-
feira, de suas consultas, sempre havia algum paciente
Resultados que buscava atendimento extra).
médicos, por se tratar de um hospital escola, sempre há espaço são faladas, pelo clima de descontração, por
o “luto” pela perda deste médico e pela expectativa de confiança nos terapeutas e pelas propriedades das
como será o próximo. intervenções. Segundo Maia [9], “os pacientes se
Nos grupos com pacientes DM2 os temas mais despertam para a percepção da doença e descobrem
discutidos foram: Insulina (10%), complicações (11%), suas feridas narcísicas com a mesma”.
dieta (13%) e tratamento (14%). Percebemos que todos
estes assuntos, na verdade, são referentes ao tratamento Referências
do diabetes, e, se somados, totalizam 48% dos assuntos
discutidos. 1. Zimerman DE. Fundamentos Teóricos. In: Zimerman DE,
Nos grupos com pacientes DM1 os temas mais Osório LC et al. Como Trabalhamos com Grupos. Porto
Alegre: Artes Médicas;1997. p.23-31.
discutidos foram: Complicações (12%), dieta (16%) e 2. Freud S. Psicologia de Grupo e Análise do Ego (1921). Obras
tratamento (18%), que também são divisões do Completas. Edição Standard, Vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago;
tratamento, e juntos totalizam 46% dos assuntos 1987. p.89-169.
discutidos. 3. Pichon-Riviere E. O Processo Grupal. São Paulo: Martins
A diferença entre os dois tipos de tratamento é Fontes;1982.
4. Bion WP. Experiências com Grupos: Os Fundamentos da
insignificante e demonstra que o tratamento é uma Psicoterapia de Grupo. Rio de Janeiro: Imago; 1970. p.185.
questão muito importante para o paciente diabético e que 5. Yalon ID. Vinogradov S. Manual de Psicoterapia de Grupo.
nunca está totalmente discutido, explicado ou assumido. Porto Alegre: Artes Médicas;1992. p.16-39.
Devendo, então, à equipe estar atenta a esta fonte de 6. Campos EP. Grupos de Suporte. In. Mello Filho J et.al.,
conhecimento da população atendida para melhor assistir Grupo e Corpo: Psicoterapia com Pacientes Somáticos. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. p.117-130.
às suas demandas. 7. Mello Filho J. O Ser e o Viver: uma visão da obra de
Winnicott. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989. p.270.
Conclusões 8. Burd M. Graça L. As Abordagens Grupais no Diabetes. In.
Mello Filho, J. Grupo e Corpo: Psicoterapia com Pacientes
Os grupos de sala de espera são realizados num espaço Somáticos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. p. 213-232.
9. Maia MR. Grupos de Sala de Espera Com Pacientes
de tempo percebido pelos pacientes como perdido e num Diabéticos. Monografia de Conclusão de Curso de
espaço físico não adequado a grupos. Mas é neste Especialização em Psicologia Médica pela Faculdade de
ambiente, aparentemente desfavorável, que as Ciências Médicas da Universidade do Rio de Janeiro RJ,
transferências são mais positivas propiciando o holding 1999.(Footnotes)
ao paciente e seus familiares (pela equipe e pela
instituição); diminuem a angústia pela espera e incentivam
a reflexão crítica sobre sua relação com o diabetes.
Após esta exposição podemos afirmar que o grupo de
sala de espera trata-se de um tipo de atendimento eficaz,
na media em que, de acordo com os seus objetivos,
sensibilizam e despertam os pacientes para os aspectos
psicológicos que envolvem o seu adoecimento, além de
atingir um grande número de pessoas.
A maior dificuldade no trabalho com grupos de sala
de espera é o caráter inesperado de cada grupo, por ser
realizado em um espaço aberto, sem privacidade, com
características informais e que a todo o momento estão
sujeitos a interrupções. Contudo, cabe ressaltar, que estas
características é que conferem ao grupo de sala de
espera o seu caráter singular.
O fato dos grupos não terem o caráter sigiloso é uma
das vantagens deste tipo de grupo, pois, assim, os
coordenadores podem dar continuidade, de forma eficaz
e específica às demandas iniciadas no grupo.
Concluindo, os grupos de sala de espera, que
aparentemente são vistos como de apoio e superficiais,
são grupos terapêuticos de grande importância que podem
nos mostrar que refletindo sobre a doença, e os vários
aspectos do tratamento e pela catarse, os pacientes dizem
coisas que dificilmente seriam expressas, mas que naquele
Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138
Diabetes 135
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
Professora do Curso de Medicina – Escola Superior em Ciências da Saúde (Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Distrito
Federal), Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, (Representante no Brasil), Consultora do Ministério da Saúde, (Plano de
Reorganização da Assistência ao Diabetes e Hipertensão Arterial)
Tabela I – O impacto econômico do Pé Diabético Holanda, que contou com a participação de representantes
de organizações internacionais. Várias revisões pelo
Custos: úlcera e amputação Seguimento
corpo editorial foram efetuadas, após discussão e análises
Primária* = US$ 7.000,00 Nível menor = US$ 43.000,00** do GTIPD para a confecção da versão final, a qual foi
Úlcera com amputação = US$ 24.000,00 selada após aprovação escrita por todos os membros do
Duração da hospitalização: Grupo de Trabalho.
30-40 dias1, 60-90 dias2 Nível maior = US$ 63.000**
Há três textos, com destinações aos gestores de saúde,
* sem evolução para amputação; ** dados da Suécia;
1 – média mundial, 2 – média no Centro de Pé Diabético do DF aos profissionais de saúde em geral e aos especialistas
Pé Diabético: um desafio para os gestores de sistemas
O documento intitulado Consenso Internacional sobre de saúde, Consenso Internacional sobre a Abordagem e
Pé Diabético apresenta-se, portanto, como uma proposta a Prevenção do Pé Diabético, As Diretrizes Práticas na
aglutinadora, que foi desenhada em 1996, na Inglaterra, Abordagem e Prevenção do Pé Diabético. O Consenso
após a Conferência de Malvern e desenvolvida por 45 contém 15 seções, inclusive um capítulo especial sobre
especialistas independentes (médicos generalistas, visão regional, contemplado com informações da Índia,
diabetologistas, enfermeiros, podiatras, quiropodistas, Brasil [12,13], Austrália e África do Sul. Vale salientar
ortopedistas, cirurgiões gerais e vasculares, representando que, a pedido do corpo editorial, uma das lâminas do
todos os continentes), que formaram o denominado Grupo Álbum Seriado “Vamos Pegar no Pé” [14] foi colocada
Internacional de Trabalho sobre Pé Diabético (GTIPD). em destaque, como exemplo de orientações de cuidados
O principal objetivo do trabalho elaborado pelo GTIPD é com os pés para os pacientes diabéticos. Evidentemente
a provisão de diretrizes para a abordagem e a prevenção que o conteúdo e as recomendações devem ser adequados
que reduzirão o impacto da doença do Pé Diabético, por e implementados segundo a realidade local. Para a
meio do cuidado da saúde com qualidade, levando-se em tradução brasileira, algumas particularidades foram
consideração os custos e os princípios da medicina, detalhadas em notas de rodapé, particularmente naquelas
baseada em evidência e com o aval de especialistas, com contingências destinadas especificamente a podiatras e
referência às estratégias de diagnóstico, terapia e ou quiropodistas, uma vez que não se dispõe desses
prevenção. As principais razões para a confecção de profissionais especializados em nosso país [15].
documento internacional estão listadas no quadro 1.
Apoio de organizações internacionais e nacionais à
Quadro 1 – Razões para um documento consensual sobre Pé implementação
Diabético
• Diferentes estratégias entre países e em um mesmo país Entidades como a Federação Internacional de Diabetes
• Padrão uniforme de tratamento inexistente (International Diabetes Federation – IDF), e
• Documentos disponíveis: conteúdo inconsistente e não Organização Mundial de Saúde (World Health
representativo
• Ausência de diretrizes destinadas aos gestores de saúde Organization – WHO), estão dando suporte à
implementação das Diretrizes Práticas, além da
O processo consensual Associação Americana de Diabetes (ADA – American
Diabetes Association) e Associação Européia para o
As informações utilizadas para a confecção do Estudo do Diabetes (EASD – European Association
documento resultam de um amplo trabalho de pesquisa, for the Study of Diabetes), constituindo um importante
baseado em evidências e opiniões de renomados e valioso endosso institucional e científico para a
especialistas independentes, de diferentes áreas e com implementação das Diretrizes Práticas, visando o
vasta experiência nos cuidados com pacientes com diagnóstico precoce dos pacientes em maior risco de
problemas nos pés. As bases dos textos estão ulceração, tratamento adequado e prevenção.
apresentadas no quadro 2. Em nosso país, a Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD), a Área Técnica de Diabetes e Hipertensão
Quadro 2 – Base do processo consensual Arterial do Ministério da Saúde, e a Coordenação do
• Análises de Cochrane Projeto Salvando o Pé Diabético da Secretaria de Estado
• Pesquisa da literatura de Saúde do Distrito Federal constituem o tripé básico
• Documentos consensuais preexistentes para a distribuição, divulgação e implementação dessas
• Opinião de especialistas ações. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS)
e a Federação Nacional de Associações de Diabéticos
Houve, inicialmente, seleção de tópicos, objetivos e (FENAD) também fazem parte desse conjunto de
capítulos de especialistas que constituíram os textos instituições cujo respaldo é fundamental para o alcance
primários, seguindo-se uma revisão do corpo editorial e das metas.
uma análise crítica completa do GTIPD em reunião na
Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 137
Figura 2 – Mapa de Ambulatórios de Pé Diabético (1992/2000) parecem não estar atrelados à busca da reabilitação [16].
Desse modo, amplia-se o trabalho iniciado pelo Projeto
Salvando o Pé Diabético [17], cujo trabalho de sensibilização
facilitará o alcance do grande desafio: levar a todos os
lugares do nosso país, um melhor conhecimento para a
abordagem do Pé Diabético. O desafio de salvar, cada
vez mais, pés de pacientes diabéticos de desfechos
mutilantes e devastadores, está, portanto, lançado.
Referências
ATUALIZAÇÃO
realizar ações para aumentar a cobertura vacinal entre que este índice seja insatisfatório, principalmente devido
os indivíduos de maior risco. à falta de informação e de incentivo à vacinação.
• Verificar a intenção de adesão da campanha de 2001.
Adesão à Campanha – Vacinação Pneumocócica
Resultados
A adesão à vacinação pneumocócica durante a
Perfil do Idoso Campanha de 2000 mostra índices de apenas 11% na
população maior de 60 anos de idade.
Segundo os dados desta pesquisa, 55% do total de Considerando os indivíduos com fatores de risco, para
entrevistados avaliam que sua saúde é boa, sendo que os quais a vacina é distribuída nos postos de saúde, não só
63% costuma freqüentar serviço médico regularmente. durante a Campanha de Vacinação do Idoso, mas ao longo
14% dos entrevistados referem ser portadores de de todo o ano, o índice de adesão chegou a apenas 27%.
diabetes. Considerando que a incidência de diabetes tende Dentre os diabéticos, a cobertura atingiu 32%; entre
a aumentar com a idade, este dado condiz com a realidade cardiopatas, 27% e entre pneumopatas, 32%.
brasileira, onde se estima que em média 10% da população Outro dado importante revelado por esta pesquisa é
geral seja portadora da patologia. É importante ressaltar que apenas 29% dos idosos com fatores de risco, para
que muitas vezes considera-se que, para cada caso de os quais a vacinação está disponível gratuitamente nos
diabetes diagnosticado, há ainda um caso sem diagnóstico, postos de saúde, sabem disso. Isso indica um grande
o que eleva a estimativa de portadores a índices trabalho a ser realizado pelos profissionais de saúde, a
significativos. fim de aumentar a cobertura vacinal contra o pneumo-
Entre os demais fatores de risco, como cardiopatias e coco, incentivando seus pacientes a receberem a vacina.
pneumopatias, a pesquisa indicou uma referência dentre
os entrevistados de 26% e 9% respectivamente. Motivos para adesão
Considerando os 3 fatores de risco (diabetes,
cardiopatias e pneumopatias), chega-se a 49% dos Um dos dados mais relevantes nesta pesquisa foi o
maiores de 60 anos com pelo menos 1 fator de risco. fator que motivou o idoso a receber a vacinação,
especialmente levando em consideração que a vacina
Adesão à Campanha – Vacinação contra a Gripe era oferecida gratuitamente, e todos apresentavam
indicação precisa para vacinação contra gripe, em função
Segundo esta pesquisa, 64% dos idosos aderiram à da idade e ainda quase metade apresentava outro fator
Campanha de 2000, sendo este índice de 70% entre os de risco, como doença crônica. Segundo a pesquisa, 14%
maiores de 70 anos e de 52% entre os indivíduos de 61 a dos idosos apresentavam diabetes, 26% problemas
65 anos. É importante ressaltar que a taxa total de adesão cardíacos e 9% problemas pulmonares.
calculada pela pesquisa (64%) é idêntica ao dado Ainda assim, entre os que aderiram, os 3 principais
administrativo da Secretaria de Estado da Saúde de São incentivadores foram TV (32%); iniciativa própria (31%) e
Paulo, o que comprova a representatividade da amostra incentivo dos familiares (20%), que somados correspondem
e a fidedignidade dos dados. a 83% do total. A indicação dos médicos foi responsável
Os índices gerais da Campanha de Vacinação do por apenas 12%, enquanto o incentivo dos postos de saúde,
Idoso são considerados muito bons, sendo a Campanha somente 2%. Esses dados são ilustrados na fig. 1.
de Vacinação contra Gripe do Brasil uma das maiores 63% dos idosos vão regularmente ao médico e a posição
do gênero em todo o mundo. do profissional, neste caso, foi de não tocar no assunto (45%),
Uma informação importante e ao mesmo tempo recomendar a vacinação (14%), insistir na recomendação
alarmante é que o fato de ter plano de saúde ou visitar (2%) e desaconselhar a administração da vacina (1%).
regularmente o médico não influenciou este índice. Especificamente junto ao grupo de portadores de
Considerando as Campanhas de 1999 e 2000, observa- diabetes, a pesquisa revela que 85% vai regularmente
se que, entre a totalidade das pessoas com mais de 60 ao médico, e 61% dos médicos que atendem aos
anos, 44% aderiu a ambas as campanhas, 20% são novos portadores de diabetes não tocou no assunto, 17%
adeptos, 30% são resistentes e 6% abandonaram a recomendou a vacinação contra a gripe, 4% dos médicos
Campanha. Portanto, o total de adesão é de 64% da insistiu e 3% desaconselhou (fig. 2).
população com mais de 60 anos. Esses dados indicam a necessidade de trabalhar o
Entre o grupo de portadores de diabetes, o grau de conceito de vacinação contra gripe entre os médicos e
adesão à vacinação contra gripe foi de 69%, o que deve demais profissionais da saúde. Constata-se que a maior
ser considerado alto. Por outro lado, não há estimativa parte do público-alvo da pesquisa vai regularmente ao
da adesão à vacinação entre indivíduos com diabetes médico, e essas pessoas são mais susceptíveis às doenças
menores de 60 anos de idade. Apesar disso, imagina-se de base (diabetes, hipertensão, enfisema, problemas
Aranda CMSS et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 141
Fig. 1- Principais motivos que incentivaram a adesão à (84% no grupo de diabéticos). Em linhas gerais, 92% dos
Campanha de vacinação do Idoso 2000. entrevistados consideram que o efeito da vacina contra a
gripe foi positivo. Destes, 58% consideram efeito positivo
porque não tiveram gripe, 14% porque não tiveram reação
e 12% acham que o organismo ficou mais resistente.
Com relação ao perfil de tolerabilidade da vacina, 90%
não relataram reações à vacina, os 10% que apontaram
reações logo após a vacinação indicaram, principalmente,
dor no corpo e braço dolorido. Os índices de reações
adversas conferem com os obtidos em trabalhos nacionais
e internacionais, e confirmam o excelente perfil de
segurança da vacina contra gripe[1,2,7,8].
É interessante notar, que 39% declaram que tiveram
“gripe” após a vacinação. Esse dado merece uma
avaliação, pois aqui se percebe que, de maneira geral, a
população não distingue gripe e resfriado. Caracterizada
por sintomas como febre, calafrios, tosse, espirros, dores
cardíacos, etc.) e as mais indicadas para tomar a vacina. de cabeça e dores no corpo, a gripe tem início súbito e se
Além disso, os benefícios da vacinação contra a gripe e propaga com rapidez, ameaçando o bem-estar da pessoa
da vacinação pneumocócica são consagrados na acometida. Diferentemente do resfriado, que também
literatura científica mundial e a própria OMS recomenda, apresenta sintomas respiratórios, porém de forma mais
expressamente, essas vacinas para pessoas acima de 60 branda e de curta duração, a gripe traz conseqüências
anos, como modo de preservar a qualidade de vida[1,2,6]. clínicas danosas ao organismo e interfere diretamente
É necessária conscientização para gerar uma mudança na rotina de vida das pessoas.
de atitude, a fim de assegurar a redução da morbi- Entre os relatos dos sintomas de gripe são apontados
mortalidade associada a doenças que podem ser um grande número de sintomas inespecíficos, sendo os
efetivamente prevenidas pela imunização. mais mencionados tosse, coriza e dores de cabeça. Isso
demonstra que a população em geral costuma generalizar
Efeitos da vacinação e denominar “gripe” qualquer tipo de manifestação, seja
ela de origem alérgica, viral ou até mesmo o quadro
Segundo os resultados obtidos, a população está prodrômico de uma infecção bacteriana. Apenas cerca
convencida da importância da vacinação contra gripe. de 7% reportaram febre, a principal característica da
Dentre os entrevistados, 95% dizem que o governo deve gripe e apenas 1-2% apresentaram febre e mais um
continuar a fazer a campanha de vacinação contra a gripe, sintoma como mialgia e/ou prostração. Portanto, avalia-
87% tem a informação de que a gripe pode ser uma doença se que a pessoa vacinada relaciona qualquer problema
grave em idosos, mesmo índice do que o do grupo de do trato respiratório com a gripe, o que não é correto
diabéticos, e 74% acreditam que a vacina evitará a doença uma vez que a gripe é devida única e exclusivamente à
infecção pelo vírus influenza e a vacina estimula uma
Fig. 2 - Comportamento dos médicos que atendem a resposta imune especifica contra este agente.
portadores de diabetes – apenas 17% indicou a vacinação
contra gripe.
Aproveitando as oportunidades para vacinação
Lembrando mais uma vez que o portador de diabetes Ações dirigidas aos profissionais da saúde são
é um indivíduo que apresenta maior risco de complicações necessárias, para garantir a manutenção das altas taxas
em decorrência de infecções, é necessário o incentivo de cobertura vacinal que o Brasil vem observando em
para a devida manutenção do calendário de vacinação, suas Campanhas de Vacinação dos Idosos nos últimos
com a aplicação dos reforços periódicos das vacinas, anos, e para a redução ainda maior da morbi-mortalidade
como é o caso das vacinas contra tétano e contra difteria. associada a infecções por agentes como o vírus influenza
e o pneumococo.
Ações realizadas para a Campanha de 2001 Quando comparadas a dados internacionais de países
desenvolvidos, as coberturas vacinais brasileiras contra
Os resultados dessa pesquisa de opinião foram gripe e contra o pneumococo entre os indivíduos maiores
apresentados aos Coordenadores da Campanha de de 60 anos podem ser consideradas satisfatórias [3,5].
Vacinação no Estado de São Paulo e foram levados em No entanto, ainda há muito trabalho a ser desenvolvido
consideração para a organização da Campanha do ano para que portadores de fatores de risco, como é o caso
2001, sendo duas as principais ações realizadas: de pessoas com diabetes, estejam devidamente imuniza-
• Conscientização dos provedores de saúde em relação dos e mantenham-se protegidos para evitar complicações,
à importância da vacinação para a população maior de reduzir o risco de óbito e melhorar a qualidade de vida.
60 anos de idade; Por exemplo, os dados do Reino Unido sobre fatores
• Informação, por meio da mídia (televisão, rádio e que incentivam a vacinação de diabéticos mostram que
mídia impressa) e de apresentações a respeito dos 90% dos pacientes buscaram a vacinação contra gripe,
benefícios proporcionados pela vacinação e dos possíveis em função da indicação do clínico geral [5]. Em contraste,
eventos adversos associados à vacina. no Brasil, 61% dos médicos que atendem a portadores de
A Campanha de 2001, originalmente programada para diabetes não tocou no assunto da imunização; apenas 17%
ocorrer entre 23 de abril e 4 de maio, foi estendida até o recomendou a vacinação e ainda 3% a desaconselharam.
dia 18 de maio em diversos municípios. Como resultado Não apenas os médicos, mas todos os profissionais
dessa Campanha, foram vacinados 2.241.059 indivíduos envolvidos com o tratamento e o acompanhamento de
maiores de 60 anos no Estado de São Paulo, o que portadores de diabetes, e mesmo os familiares, devem
corresponde a uma cobertura vacinal de 74,4%. 478 estar devidamente informados sobre as atuais
cidades ultrapassaram a cobertura de 70%. recomendações para vacinação. É imprescindível que o
O aumento do número total de doses aplicadas e da profissional da saúde assuma seu papel de educador e
cobertura vacinal atingida, ficou evidente nas 24 regiões exerça sua principal vocação que é preservar vidas,
do Estado, e também aumentou o número de municípios indicando as vacinas e incentivando seus pacientes a
com cobertura vacinal acima de 70%. manterem-se devidamente imunizados.
No Brasil, mais de 10,7 milhões de pessoas acima de
60 anos de idade foram vacinadas no ano de 2001, o que Referências
corresponde a uma cobertura vacinal de 82,1%.
1. CDC. Prevention and Control of Influenza: recommendations
Conclusões of the Advisory Committee on Immunization Practices
(ACIP). MMWR 2001; 50(RR-4).
2. CDC. Prevention of Pneumococcal Disease: recommendations
Os dados apresentados por essa pesquisa são muito of the Advisory Committee on Immunization Practices
importantes para o entendimento dos fatores que afetam (ACIP). MMWR 1997; 46(RR-8).
a Campanha de Vacinação dos Idosos, para a 3. CDC. Influenza and Pneumococcal Vaccination Rates Among
identificação do perfil do público-alvo da Campanha e Persons with Diabetes Mellitus – United States, 1997.
MMWR 1999; 48(42):961-7.
para o conhecimento da opinião da população a respeito 4. CDC. Diabetes Projects. Diabetes and Flu/Pneumococal
dessa importante iniciativa de saúde pública. Campaign. Diabetes Public Health Resource 2001. http://
Com base nas informações aqui reveladas, é possível www.cdc.gov/diabetes/projects/aboutcampaign.htm
identificar as reais necessidades de informação tanto por 5. Wahid ST, et al. Audit of influenza and pneumococcal
parte da classe médica quanto por parte da população, vaccination uptake in diabetic patients attending secondary
care in the Northern Region. Diabet. Med. 2001; 18:599-603.
além da realização de ações que visem à conscientização 6. World Health Organization (WHO). Weekly epidemiological
sobre a importância da vacinação contra gripe e record 2002; 35(75): 281-8.
antipneumocócica, além do aumento da cobertura vacinal 7. Toniolo-Neto et al. Safety of Simultaneous Pneumococcal and
contra essas enfermidades. Influenza Vaccination in Elderly Patients in Brazil. Drugs and
A maior conscientização da sociedade e também da Aging 1999; 15(Suppl1):43-45.
8. Spila-Alegiani, et al. Reactogenicity in the elderly of nine
classe médica sobre a importância da prevenção, commercial influenza vaccines: results from the Italian SVEVA
possibilita uma mudança de atitude a fim de garantir a study. Vaccine 1999; 17:1898-1904.
melhoria da qualidade de vida da população.
Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146
Diabetes 143
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
Nas últimas 3 décadas um número substancial de estudos plasmática em jejum de ~30 mg/dl (1,7 mmol/l). Uma
experimentais e estudos clínicos correlacionaram importante preocupação emanando do UGDP foi a
diretamente a hiperglicemia com o desenvolvimento de observação que o composto de sulfoniluréia (tolbutamida)
complicações diabéticas [1]. Alguns destes estudos e biguanida (fenformina), usado para reduzir a
também demonstraram que o tratamento que diminui a hiperglicemia, foi associado com a mortalidade
glicose sangüínea reduz o risco de retinopatia, nefropatia, cardiovascular aumentada. Persisti desde a publicação dos
e neuropatia diabéticas. São notáveis os resultados do dados do UGDP em 1970, que a suspeita de redução da
DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) [2] glicose com agentes orais em pacientes com diabetes tipo
e a pesquisa semelhante porém menor, Stockholm 2 pode ser na verdade, ser prejudicial. O segundo estudo
Diabetes Intervention Study [3]. Estes estudos [5], controle no diabetes tipo 2 é conduzido em 110
mostraram que a redução da glicose sangüínea retarda o indivíduos japoneses magros e mostrou que injeções
início e lentifica a progressão das complicações múltiplas de insulina proporciona melhor controle glicêmico
microvasculares do diabetes tipo 1. As reduções de risco (HbA1c = 7,1%), em comparação com tratamento
para vários resultados variaram de 35 a 75%. Análises convencional (HbA1c = 9,4%), e reduz significativamente
secundárias nestes estudos mostraram fortes relações entre as complicações microvasculares do diabetes. A extensão
os riscos de desenvolver complicações e a exposição da redução de risco neste estudo japonês foi semelhante
glicêmica ao longo do tempo. Mais ainda, não havia um àquela do DCCT, sustentando assim a hipótese de que o
limiar de glicose discernível, i.e., havia uma redução controle glicêmico é importante em ambos os tipos de
contínua nas complicações quando os níveis glicêmicos se diabetes. O terceiro estudo no diabetes tipo 2 foi um estudo
aproximavam do limite normal. O controle glicêmico piloto que randomizou 153 homens para tratamento
melhorado foi também associado com a redução de eventos intensivo ou convencional [6]. Este estudo foi maior e mais
cardíacos no DCCT, mas a diferença não foi longo já relaizado em pacientes com diabetes tipo 2 [7-
estatisticamente significativa. Talvez, isto tenha ocorrido 10]. O UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes
porque a população estudada era de adultos jovens e por Study) recrutou 5102 pacientes com diagnóstico recente
isso o índice de eventos era muito baixo. Vários dos estudos de diabetes tipo 2 em 23 centros na Inglaterra, entre 1977
observacionais também apoiam uma correlação entre e 1991. Os pacientes foram acompanhados por uma média
controle glicêmico e complicações diabéticas nos pacientes de 10 anos para determinar: 1) Se o uso intensivo do
com diabetes tipo 2, mas até agora, houve apenas 3 estudos tratamento farmacológico para reduzir os níveis de glicose
controlados randomizados tentando testar o benefício da sangüínea resultaria em benefícios clínicos (i.e.,
redução da glicose sangüínea na incidência de complicações cardiovasculares e microvasculares
complicações. O primeiro destes estudos foi o UGDP reduzidas) e 2) Se o uso das várias sulfoniluréias, da
(University Group Diabetes Program), que não mostrou biguanida metformina, ou da insulina têm vantagens ou
benefício do controle glicêmico em pacientes diabéticos desvantagens terapêuticas específicas. Além disso, os
tipo 2 de início recente [4]. Porém, no UGDP, havia pacientes com diabetes tipo 2, que também eram
somente 200 indivíduos em cada grupo de tratamento, hipertensos, foram randomizados para controle da pressão
HbA1c não estava disponível como um método confiável arterial “estrito” ou “menos estrita”, para averiguar os bene-
para medição de glicemia crônica, e a diferença no controle fícios da redução da pressão arterial e para verificar se o uso
glicêmico entre o grupo mais intensivamente tratado e os do inibidor da ECA (captopril) ou β-bloqueador (atenolol)
outros grupos de tratamento foi somente o de glicose oferece vantagens ou desvantagens terapêuticas particulares.
144 Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146
O esquema do UKPDS foi explícito e direcionado por 2 - Com o que contribuiu o UKPDS para nosso
protocolos pré-específicados com randomização entendimento da biologia das complicações
apropriada dos pacientes. Os testes clínicos e de diabéticas?
laboratório foram realizados por metodologias aceitas, e
todos os eventos de avaliação foram documentados Os resultados do UKPDS confirmam e prolongam a
satisfatoriamente. O grande número de pacientes e sua evidência anterior, sustentando a hipótese de que a
heterogeneidade demonstraram que os resultados se hiperglicemia e suas seqüelas são causas importantes
aplicariam à população americana de homens e mulheres nas complicações microvasculares do diabetes. O
com diabetes tipo 2. O UKPDS foi originalmente gradiente de risco no UKPDS para eventos micro-
esquematizado como um estudo clínico randomizado vasculares tardios foi semelhante ao visto no DCCT para
diretamente comparando os efeitos de um “programa de eventos micro-vasculares precoces. Isto indica que a
tratamento intensivo” com quatro monoterapias presença da hiperglicemia é um estado tóxico, ocorra
farmacológicas, versus um grupo de dieta controle, nas ele cedo ou tarde na vida, independente da causa
complicações cardiovasculares e microvasculares do subjacente. O UKPDS também demonstrou através de
diabetes tipo 2. As três principais monoterapias originais análise epidemiológica, que os eventos cardiovasculares
para a quais todos os pacientes foram randomizados foram consistentemente associados com hiperglicemia
foram clorpropamida, gliburida e insulina. No subgrupo de forma semelhante à relação entre as complicações
de indivíduos acima do peso, a metformina como microvasculares e hiperglicemia. Apesar disso, o UKPDS
monoterapia foi comparada com o grupo controle e com não provou definitivamente que o tratamento intensivo,
os outros três agentes farmacológicos. A primeira e que diminuiu os níveis de glicose sangüínea reduza o risco
principal questão do estudo foi se a redução da glicose de complicações cardiovasculares, em comparação com
sangüínea seria benéfica. Portanto, o objetivo do o tratamento convencional. Assim, o papel da
tratamento em todos os grupos de farmacoterapia hiperglicemia nas complicações cardiovasculares ainda
intensiva foi um nível de glicose plasmática em jejum não está claro.
(GPJ) < 6,0 mmol/l (108 mg/dl), e o objetivo do tratamento
no grupo controle dieta convencional foi um nível de FPG 3 - Qual o nível de controle da glicose e da
<15 mmol/l (270 mg/dl). Porém, tornou-se aparente que pressão arterial que os resultados do UKPDS
nenhuma das monoterapias farmacológicas foi capaz de sugerem que deva ser atingido nos pacientes
manter o objetivo do tratamento intensivo, e por isso a com diabetes tipo 2?
separação glicêmica adequada do grupo controle pode
estar comprometida. Assim, a combinação de tratamento Os níveis medianos de HbA1c alcançados tanto no
foi usada, misturando insulina e metformina com grupo tratado convencionalmente (7,9%) como no grupo
sulfoniluréias, com o cruzamento de pacientes em grupos tratado intensivamente (7,0%) são mais baixos do que a
de tratamento farmacológicos alternados. A principal atual mediana de HbA1c nos pacientes diabéticos tipo 2
comparação final de “intenção de tratamento” foi entre nos EUA (~8,5-9,0). Estas diferenças refletem o fato
tratamento intensivo, que agora incluiu todos os pacientes que os pacientes foram incluídos no UKPDS na ocasião
originalmente designados para insulina e sulfoniluréias, e do diagnóstico, enquanto que os níveis de HbA1c
o tratamento convencional, que incluiu todos os pacientes usualmente encontrados na população geral refletem o
originalmente randomizados para tratamento com dieta. diabetes de duração variável. Uma redução significativa
Deve ser também observado que o grupo dieta poderia nas complicações foi alcançada com tratamento intensivo,
igualmente não ser mantido puro. Quando os pacientes que diminuiu os níveis de HbA1c para uma média de
deste grupo excediam um nível GPJ de 15 mmol/l (270 7,0% em 10 anos, quando comparada com tratamento
mg/dl), eram também tratados com os mesmos agentes convencional que alcançou HbA1c médio de 7,9%. Além
farmacológicos usados nos outros grupos. Basicamente, disso, nas análises epidemiológicas, não houve evidência
80% dos pacientes no grupo dieta necessitaram um ou de qualquer limiar glicêmico acima de um nível de HbA1c
mais dos mesmos agentes farmacológicos, para o qual normal de 6,2%. Portanto, os resultados do UKPDS
este grupo serviria de controle. Assim, todos os efeitos indicam que o tratamento do diabetes tipo 2 inclua
de cada grupo de tratamento farmacológico foram esforços agressivos para diminuir os níveis de glicose
confundidos por cruzamento, tornando difícil discernir para o mais próximo do normal. Os resultados do estudo
efeitos de medicamentos específicos. A principal análise da pressão arterial no UKPDS também indicam que o
do UKPDS é idêntica à análise realizada no DCCT. Em tratamento agressivo, mesmo da hipertensão leve a
Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 145
moderada, é benéfico. A pressão arterial deve ser mantida intensivo com metformina, tiveram redução de risco de
abaixo de 130/85 mmHg. eventos combinados de avaliação relacionados com
diabetes, óbitos relacionados com diabetes, óbitos de todas
4 - Quais são os riscos de um controle agressivo as causas, e infarto do miocárdio em comparação com
da glicose ou da pressão arterial? os pacientes tratados convencionalmente. Estes riscos
foram significativamente reduzidos em aproximadamente
No UKPDS, nos níveis glicêmicos alcançados, uma um terço (P < 0,0023-0,017). O benefício sobre a doença
pequena fração de pacientes tiveram um episódio maior cardiovascular está em contraste com a insuficiência do
de hipoglicemia independentemente do tratamento tratamento de insulina ou sulfoniluréias, em reduzir
farmacológico usado, e um paciente faleceu de eventos cardiovasculares quando comparado com
hipoglicemia entre os 27.000 pacientes-anos de tratamento pacientes obesos tratados convencionalmente. Esta
intensivo. Assim, o risco de hipoglicemia não deve diferença entre os medicamentos pode possivelmente
desencorajar o objetivo de alcançar níveis de HbA1c relacionar- se com a ausência de ganho de peso com
próximas do normal. O estudo UGDP levantou metformina e/ou algum efeito benéfico da metformina
preocupações de que o tratamento com sulfoniluréias na síndrome de resistência à insulina. Surpreen-
pode aumentar a ocorrência de eventos cardiovasculares dentemente, nenhuma diminuição significativa nas
ou óbito. Porém, o UKPDS não encontrou aumento nos complicações microvasculares foi observada com
índices de infarto do miocárdio ou óbitos relacionados tratamento intensivo com metformina ou com tratamento
com diabetes, quando os participantes tratados intensivo insulina/sulfoniluréia combinadas nos indivíduos
intensivamente com sulfoniluréias foram comparados com obesos. Esta inconsistência, ao lado dos cruzamentos de
aqueles tratados convencionalmente. Alguns, mas não medicamentos entre os grupos de tratamento e dos
todos os estudos observacionais anteriores sugeriram que números menores de pacientes nos subgrupos, cria
os níveis de insulina no plasma podem estar associados incerteza com relação ao efeito benéfico como um todo
com risco aumentado de doença cardiovascular. Porém, da metformina nos pacientes obesos. Mais tarde no
o UKPDS não mostrou aumento nos eventos estudo, 537 pacientes obesos e com peso normal
cardiovasculares ou na mortalidade em pacientes originalmente distribuídos para o tratamento com
designados para o tratamento com insulina. sulfoniluréia, que não conseguiram manter a glicose
sangüínea na faixa de objetivo designado, foram
5 - Que diferenças foram observadas entre as distribuídos aleatoriamente para continuar o tratamento
várias formas de tratamento intensivo? com sulfoniluréia isolada ou associada à metformina.
Neste sub-estudo, uma análise de intenção de tratamento
No estudo principal, não houve diferenças mostrou que o grupo alocado para tratamento com
significativas com relação a complicações diabéticas ou metformina/sulfoniluréia combinados, teve um aumento
eventos cardiovasculares adversos entre os tratamentos de 96% nos óbitos relacionados com diabetes (P < 0,039)
com insulina e com sulfoniluréias. O valor desta conclusão e um aumento de 60% nos óbitos por todas as causas (P
é de alguma forma atenuado pela freqüência com que os <0,041), em comparação com os pacientes distribuídos
cruzamentos e adições de medicamentos ocorreram, com para continuar as doses máximas das sulfoniluréias
o propósito de alcançar os objetivos de controle da glicose isoladamente. Porém, para manter o nível FPG < 15
sangüínea. Nenhum aumento de eventos cardiovasculares mmol/l (270 mg/dl) e os pacientes assintomáticos, a
ou óbito foi observado com insulina ou sulfoniluréias - metformina foi administrada em 25% dos pacientes
apesar do fato de que ambos os agentes induziram maior inicialmente randomizados para receber apenas
ganho de peso e maiores níveis de insulina no plasma do sulfoniluréia. Adicionalmente, a falta de um controle com
que no grupo convencional. Esta observação fornece uma placebo e a impossibilidade de empregar esquema cego
reafirmação adicional de que a insulina não pode ser neste sub-estudo também põem em dúvida a avaliação
considerada culpada pelos eventos ateroscleróticos e que destes efeitos prejudiciais.
as sulfoniluréias não podem ser responsabilizadas por
toxicidade cardiovascular letal. 7 - Quais foram os efeitos no controle da pressão
arterial?
6 - Quais foram o papel e o resultado do
tratamento com metformina no UKPDS? “O controle estrito da pressão arterial”, como
alcançado no UKPDS, reduziu significativamente os
O esquema UKPDS inicial incluiu o tratamento de riscos de todos os eventos cardiovasculares e
pacientes obesos com metformina, assim como com microvasculares, com reduções de risco variando de 24
outros tratamentos intensivos e tratamento convencional. a 56%. Uma redução de 21% observada no infarto do
Os pacientes inicialmente distribuídos para o tratamento miocárdio não foi significativa (P = 0,13). O tipo e número
146 Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146
de efeitos adversos visto com “controle de pressão 9 - Os resultados do UKPDS são alcançáveis para
arterial rígido” (média 144/82 mmHg) ou “controle de a maioria dos pacientes com diabetes?
pressão arterial menos rígido” (média 154/87 mmHg) não
foram diferentes daqueles geralmente relatados na Na teoria e na prática a resposta é sim. Apesar do
literatura. O UKPDS também comparou o tratamento UKPDS ter sido um ensaio clínico, os pacientes foram
antihipertensivo com um inibidor da ECA com β- incluídos e tratados em uma ampla variedade de clínicas da
bloqueador. Ambos os medicamentos foram quase igual- comunidade. Os profissionais conduziram o estudo,
mente eficazes na redução da pressão arterial, se bem direcionando o tratamento para o diabetes, mas o programa
que os pacientes com b-bloqueadores tiveram um controle não foi extraordinariamente sofisticado. Os pacientes
da pressão arterial um pouco melhor (uma melhora de 1 incluídos no UKPDS iniciaram com um nível de HbA1c de
mmHg sistólica e 2 mmHg diastólica). Nenhum 9,1%. O grupo de tratamento convencional alcançou em 10
medicamento foi superior ao outro em qualquer evento anos um nível de HbA1c de 7,9%, e o grupo tratado
medido, incluindo óbitos relacionados com o diabetes, intensivamente com agentes redutores da glicose alcançaram
infarto do miocárdio, e todos os critérios de avaliação um nível de HbA1c de 7,0%. Talvez a parte mais importante
microvasculares. Também não houve diferenças que levou ao sucesso terapêutico foi a persistência.
significativas na microalbuminúria ou proteinúria. Porém,
por causa da baixa prevalência de nefropatia na população Referências
estudada, não está claro se houve eventos suficientes
para observar um efeito preventivo de qualquer dos 1- Genuth S. A case for blood glucose control, Adv Int Med
medicamentos na progressão da nefropatia. Concluímos 40:573-623, 1995.
2- Diabetes Control and Complications Trial Research Group.The
que ambos os medicamentos usados para reduzir a effects of intensive treatment of diabetes on the development
hipertensão são igualmente eficazes e seguros, e and progression of long-term complications in insulin-
ambos podem ser usados com grande benefício para dependent diabetes mellitus, N Engl J Med, 329:977-986,
tratar hipertensão não complicada em pacientes com 1993.
diabetes tipo 2. 3- Reichard P, Nillsson BY, Rosenqvist V. The effect of long-term
intensified insulin treatment on the development of
microvascular complications of diabetes mellitus, N Engl J
8 - O controle rigoroso é contra-indicado em Med 329:304-309, 1993.
qualquer grupo de pacientes diabéticos tipo 2? 4- University Group Diabetes Program. A study of the effects of
hypoglycemic agents on vascular complications in patients
Os pacientes com diabetes tipo 2 são geralmente with adult-onset diabetes, Diabetes 19 (suppl 2):747-830,
1970.
diagnosticados na idade quando aumenta a probabilidade 5- Ohkubo Y, Kishikawa H, Araki E, Miyata T, Isami S,
de ter condições de comorbidade. Comorbidades Motoyoshi S, Kojima Y, Furuyoshi N, Shishiri M. Intensive
concorrentes tais como hipertensão e dislipidemia, podem insulin therapy prevents the progression of diabetes
levar os pacientes e médicos a enfatizar o tratamento de microvascular complications in Japanese patients with non-
um problema com relação ao outro. Na maioria dos casos, insulin- dependent diabetes mellitus: a randomized
prospective 6-year study, Diabetes Res Clin Pract 28:103-
porém, isto pode não ocorrer. Os resultados do UKPDS 117, 1995.
pelo menos sustentam a premissa de que atenção igual 6- Abraira C, Colwell J, Nuttal F, Sawin CT, Henderson W,
para diabetes e hipertensão pode ser conseguida. Comstock JP, Emanuele NV, Levin SR, Pacold I, Lee HS.
Pacientes diabéticos tipo 2 mais idosos têm expectativa Cardiovascular events and correlates in the Veterans Affairs
de vida mais curta a partir do diagnóstico do diabetes, Diabetes Feasibility Trial: Veterans Affairs Cooperative Study
on Glycemic Control and Complications in Type II Diabetes,
em virtude de suas idades e do risco ou presença de Arch Intern Med 157:181-188, 1997.
doença cardiovascular. Assim, os benefícios do controle 7- UK Prospective Diabetes Study Group. Intensive blood-
glicêmico que são percebidos com o tempo, podem ser pressure control with sulphonylureas or insulin compared
contrabalançados por ocorrência mais precoce de with conventional treatment and risk of complications in
eventos adversos de outras doenças. Mas considerando patients with type 2 diabetes (UKPDS 33), Lancet 352:837-
853, 1998.
que os pacientes no UKPDS entraram no estudo com 8- UK Prospective Diabetes Study Group. Effect of intensive
uma idade equivalente à média de idade do diagnóstico blood-glucose control with metformin on complications in
nos EUA, o tratamento vigoroso para prevenir as overweight patients with type 2 diabetes (UKPDS 34),
complicações do diabetes a partir do diagnóstico é Lancet 352:854-865, 1998.
claramente garantido pelos resultados do UKPDS. Além 9- UK Prospective Diabetes Study Group. Tight blood pressure
control and risk of macrovascular and microvascular
disso, o UKPDS confirmou que uma proporção complications in type 2 diabetes (UKPDS 38), BMJ 317:703-
substancial de pacientes recém-diagnosticados (~50%), 713, 1998.
já tiveram alguma evidência precoce de complicações 10- UK Prospective Diabetes Study Group. Efficacy of atenolol
diabéticas, e esse achado justifica um ímpeto ainda maior and captopril in reducing risk of both macrovascular and
para uma intervenção agressiva. microvascular complications in type 2 diabetes (UKPDS 39),
BMJ 317:713-720, 1998.
FICHA PRÁTICA
Diabetes Clínica 12
Rastreamento e identificação do Pé Diabético
A partir desse número, uma série de adendos adaptados do Consenso Internacional sobre Pé
Diabético e do Projeto Salvando o Pé Diabético, estarão disponibilizados para o uso profissional
dos leitores de Diabetes Clínica. Essa iniciativa coaduna-se com a proposta de divulgar estratégias
que possam contribuir para o rastreamento, avaliação, tratamento e prevenção do Pé Diabético
em nosso país. Os três temas destacados são: fatores de risco para a identificação do paciente em
maior risco de ulceração, a ficha de rastreamento, classificação e freqüência de seguimento segundo
o risco detectado (Prof. Dra. Hermelinda Pedrosa).
Screening do pé em risco
o Deformidade / proeminência óssea
o Úlcera
o Neuropatia
- Insensibilidade ao monofilamento Qualquer item presente:
- Insensibilidade ao diapasão
- Insensibilidade ao chumaço de algodão
o Pressão anormal, calo √ indica pé em risco
o Perda de mobilidade articular
o Pulsação no pé
(ulceração)
- Pulso tibial posterior ausente
- Pulso pedioso dorsal ausente √ exige uma intervenção
o Palidez à elevação, rubor postural
o Outros
- Úlcera prévia, amputação
o Calçado inadequado
EM DIABETES
7ª EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E ALIMENTOS PARA PORTADORES DE DIABETES
26, 27 e 28 de julho de 2002
Local: Fundação Álvares Penteado (FECAP), Av. Liberdade, 532 São Paulo SP
Informações: ANAD
Tel (11) 5572-6559/ 5549-6704
E-mail: anad@anad.org.br
Site: www.anad.org.br
Site congresso: www.anad.org.br/congres7.htm
Endereço: Rua Eça de Queiroz, 198 Vila Mariana, 04011-031 São Paulo SP
Os trabalhos de temas livres visam, acima de tudo, Não serão aceitos resumos via fax ou correio.
proporcionar aos profissionais de todas as Os resumos deverão ser enviados impre-
especialidades a oportunidade de apresentar sua terivelmente até a data limite de 30/05/2002.
contribuição na área de Diabetes mellitus. A elaboração e organização do tema livre deverão
Os temas livres deverão ser enviados à secretaria seguir o modelo contido no site do congresso
da ANAD sob a forma de resumo e serão www.anad.org.br/congres7.htm
selecionados para apresentação oral. Serão permitidos até 10 autores por trabalho.
Os temas livres deverão ser enviados por e-mail O primeiro autor deverá necessariamente estar
(anad@anad.org.br). inscrito no congresso.
Diabetes Clínica 02 (2001) 149
Calendário de Eventos
MAIO DE 2002 6 e 7 de julho
4th International Congress Diabetes in Ásia
3 a 5 de maio Hotel Hilton, Colombo, Sri Lanka
XVIo Encontro de Angiologia e Cirurgia Vascular de Rio de Janeiro Tel: 94 1 872951 Fax: 872952
Centro de Convenções do Colégio Brasileiro de Cirurgiões E-mail: dast@zitnet.lk
Informações: Trasso Comunicação e Assessoria
Tel: (21) 2521-6905 6 e 7 de julho
trasso@easyline.com.br 1o Encontro de podologia e atualização em Pé Diabético do
Hospital Brigadeiro
23 a 27 de maio Centro de Estudos do Hosp. Brigadeiro, São Paulo SP
17th Annual Southern Regional Conference on Diabetes Mellitus Av Brigadeiro Luiz Antônio, 2651
Boca Raton Resort and Club, Boca raton, Florida Tel: (11) 287-4042/287-3638
Informações: www.diabetes.org
26 a 28 de julho
30 de maio a 2 de junho 7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes
Xo Encontro Brasileiro de Tireóide 7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de
Centro de Convenções de Ribeirão Preto – SP diabetes
Informações: Oxford Assessoria em Eventos Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP
Tel: (16) 627-6326 Informações: ANAD (11) 5572-6559
E-mail: Oxford@oxfordeventos.com.br Fax: (11) 5549-6704
www.anad.org.br/congres7.htm
JUNHO DE 2002 E-mail: anad@anad.org.br
12 a 15 de junho
6th International Symposium on Global Risk of Coronary Heart AGOSTO DE 2002
Disease and Stroke 7 a 11 de agosto
Florence, Itália 29th Annual Meeting e Educational Program American Association
www.lorenzinifoundation.org of Diabetes Educators
Tel/Fax: +39 02 2900 7018 Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania
14 a 18 de junho Tel: (312) 424-2426
62th Annual Scientific Sessions American Diabetes Association www.aadenet.org/annual.htm
San Francisco, Califórnia 16 a 17 de agosto
Informações: +1 800 232 3472 5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de
E-mail: meetings@diabetes.org / www.diabetes.org Rio de Janeiro
19 a 22 de junho Colégio Brasileiro de Cirurgiões
ENDO 2000: LXXXIV Reunião Anual Informações: (21) 2531-3313
Moscono Center, São Francisco, Califórnia 18 a 23 de agosto
Informações: Beverly Glover, Endocrine Society XIXo International Congress of the Transplantation Society
www.endo-society.org Buenos Aires, Argentina
Tel: +1 301 941 0220 Tel: 54 11 4381 1777
Fax: +1 301 941 0259 Fax: 54 11 4382 6703
27 a 29 de junho E-mail: info@transplantation2002.com
ENDORECIFE 2002 24 a 29 de agosto
Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE 9th International Congress on Obesity
Tel/Fax: (081) 3423-1300 Hotel Transamérica, São Paulo, SP
www.jz.com.br Informações: www.abeso.org.br
E-mail: latache@assessor-pe.com.br Tel: (11) 3079-2298
28 a 29 de junho Fax: (11) 3079-4232
IIo Congresso Catarinense de Endocrinologia e Metabologia 30 a 31 de agosto
Associação Catarinense de Medicina, SBEM-SC 9th International Congress on Obesity
Tel: (48)231-0326 Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic
www.acm.org.br/sbem-sc Syndrome
Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ
JULHO DE 2002 Informações (21) 2286-2846
www.jz.com.br
3 a 6 de julho
2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em Diabetes
Mellitus SAREDIA 2002 SETEMBRO DE 2002
Centro de convenciones de Guanajuato, México 1 a 5 de setembro
Informações: Dr Jacinto Lang 38th Annual Meeting European Association for the Study of
E-mail: jlangp@infomed.sld.cu Diabetes
150 Diabetes Clínica 02 (2001)
Índice
(vol. 6 nº 3 - 2002) 153~228
EDITORIAL
O mais completo evento em diabetes, 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes,
Fadlo Fraige Filho ........................................................................................................................................... 155
PRODUTOS E NOVIDADES
NovoRapid (NovoNordisk), Glucovance (Merck), Ketchup Light, Mostarda Light
e Refresco (Lowçucar), Coberturas Diet (Blend) ............................................................................................ 179
ARTIGO ORIGINAI
Avaliação da capacidade de médico não oftalmologista detectar alterações oculares causadas
pelo diabetes com oftalmoscópio direto, A.P.S. Rodrigues, M.E. Farah,
S. Mitne, A.A.B.M. Carneiro, J.P.D.N. Cardoso, P.H. Morales ..................................................................... 201
ATUALIZAÇÃO
Prevenção com órteses plantares e calçados especiais para pés de alto risco – diabético,
José Marcelo Carvalho, José Antonio Carvalho, ............................................................................................ 205
Esforços para imunização contra a gripe e contra o pneumococo devem continuar durante o inverno,
João Toniolo Neto ............................................................................................................................................. 208
American Diabetes Association Ano 2002: Dislipidemia em adultos com diabetes .................................... 213
Recomendações da International Diabetes Federation: Posição sobre as complicações do diabetes .......... 217
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúr-
bios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o
conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas.
Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de
reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à
diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira
rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
Editorial
Continuação para a resistência à insulina. A evidência mostra que o aumento da citocina tem
um papel na fisiopatologia e anormalidades metabólicas associadas ao diabetes.
Periodontite é uma infecção duas vezes mais prevalente em diabéticos do que
em não-diabéticos. Porphyromonas gingivalis, um dos micro-organismos
responsável por esta infecção, pode invadir as células endoteliais e é um sinal
poderoso para a ativação dos monócitos e dos macrófagos. Quando instalado
no diabético, esta infecção crônica complica o controle do diabetes e aumenta a
ocorrência e severidade das complicações micro e macrovasculares. Ao contrario
do tratamento das infecções agudas, as modalidades do tratamento das infecções
crônicas são ainda discutidas. Evidências indicam que o tratamento mecânico
da infecção sub-gengival não resulta em eliminação completa da infecção
periodontal e, conseqüentemente, não tem efeito sobre o controle diabético
medido pela hemoglobina glicosilada. Do outro lado, o emprego de antibióticos
sistêmicos associados ao debridamento mecânico, resulta em diminuição de P.
gingivalis em níveis não detectáveis, numa redução concomitante da
hemoglobina glicosilada, independentemente do efeito hipoglicêmico das drogas
antidiabéticas ou da insulina. O tratamento da infecção periodontal crônica é
essencial no paciente diabético. Avaliação do status infeccioso do paciente
diabético é fundamental para tomar decisões apropriadas de tratamento.
Greenfield JR et al., J Clin Endocrinol Resistência à insulina, gordura intra-abdominal, fatores de risco
Metab 2002;87(3):1036-1040, março cardiovasculares e androgênios em jovens mulheres saudáveis
de 2002 diabéticas tipo 1
Paresh Dandona et al., Journal of Insulina pode ajudar na prevenção da trombose vascular
Clinical Endocrinology and
Metabolism, março de 2002 Insulina pode interferir na cascata de reações responsáveis da formação de
coágulo e agregação plaquetária em acidentes cardíacos. Pode ainda ajudar a
prevenir a formação de coágulo e desenvolvimento de placa em pessoas com
risco de acidente cardíaco ou cerebrovascular. Os autores acharam que uma infusão
de insulina e glicose suprime um fator que regula os genes de duas proteínas pro-
inflamatórias eu promove a coagulação e a formação de coágulo em tecido
muscular liso dos vasos sanguíneos. “Demonstramos pela primeira vez que insulina
tem um efeito anti-inflamatório significativo sobre as paredes dos vasos sanguíneos
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) 159
Continuação e agora temos a relação entre insulina e os mecanismos que reduzem os fatores de
coagulação”, segundo Paresh Dandona, principal autor do estudo.
Esses achados sugerem que insulina tem o potencial para prevenir a
trombose que é responsável pelo acidente cardíaco e cerebrovascular. Pode
também ser útil para tratar as pessoas desde a prevenção da coagulação até a
dissolução dos coágulos.
Esses resultados se acrescentam aos resultados do estudo Diabetes and
Insulin-Glucose Infusion in Acute Myocardial Infarction (DIGAMI), realizado
em Stockholm, Suécia, que mostrou que os pacientes diabéticos que sofreram
um ataque cardíaco e que receberam uma pequena dose de insulina e glicose,
melhoravam mais do que os pacientes que não receberam essa infusão.
L. Bokemark et al., Diabet Med 2002; Associação entre insulina, pro-peptídeos de insulina e
19(2): 144-151, fevereiro de 2002 aterosclerose subclínica
Níveis de pro-insulina plasmática de jejum, peptídeo-C e insulina RIA são
associados com a espessura da intima e média das artérias carótidas em homens
saudáveis de 58 anos. Essas associações são independentes de muitos fatores
de risco convencionais para aterosclerose, mas não são independentes do IMC,
segundo este estudo que incluiu 391 homens do Atherosclerosis and Insulin
Resistance study (AIR).
Medições da espessura da intima e média foram realizadas na artéria carótida
comum e no bulbo carotídeo por ultrasonografia. Níveis de insulina plasmática
de jejum e RIA, insulina específica (intacta), peptídeo-C, pró-insulina e
segmentos 32,33 de pró-insulina foram determinados.
A análise univariante mostrou que as concentrações plasmáticas de insulina
cross-reacting, insulina específica, pró-insulina, segmentos de pró-insulina
32,33, peptídeo-C, foram todos relacionados à espessura da íntima-média,
após ajuste para tabagismo, apoB, pressão sanguínea e triglicérides. Nenhuma
dessas associações permaneceu independente após ajuste para IMC.
Miric A., Lim M., Kahn B., Rozenthal Morbidade peri-operatória após artroplastia total do joelho em
T., Bombick D., Sculco T.P J Knee Surg pacientes obesos
2002;15(2):77-83, abril de 2002
Para estudar a relação entre peso do paciente e morbidade peri-operatória,
foram revisadas 512 artroplastias totais do joelho realizadas em 406 pacientes.
Foram registradas altura do paciente, peso, histórico médico, tempo de
hospitalização, reabilitação (em casa ou centro de reabilitação) e todas as
complicações. Altura e peso foram utilizados para calcular o IMC de cada
paciente. Exame de dados dos pacientes classificados por IMC estabeleceu
correlações positivas entre IMC e histórico cardíaco (p = 0,02), diabetes
mellitus (P = 0,006, hospitalização pós-operatória > 7 dias (P = 0,03), estadia
em centro de reabilitação (P = 0,02), além do risco de complicação pós-
operatória (P = 0,004). Análise estatística posterior mostrou que as maiores
diferenças nos dados dos pacientes, existem entre pacientes com IMC > 35 e
pacientes com IMC d” 35. Pacientes com IMC maior (> 35) tinham taxas
significativamente mais elevadas de complicações cardíacas (56% versus 33%,
P = 0,0001) e diabetes mellitus (10,5% versus 4,1%, P = 0,03) do que os
pacientes com IMC menor. Apesar de não exister diferença significativa nas
taxas de complicações específicas entre os 2 grupos, os pacientes do grupo
mais obeso experimentaram mais complicação única (38% versus 25%, P =
0,002) ou complicações múltiplas (9,3% versus 6,2%, P = 0,03) do que os
pacientes do grupo com IMC menor.
160 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002)
Easthope S.E, Jarvis B. Drugs Candesartan cilexetil: atualização de seu uso na hipertensão
2002;62(8):1253-87, maio de 2002 essencial
Candesartan cilexetil é convertido em candesartan, antagonista do receptor
da angiotensina 2, durante absorção no sistema digestivo. A ligação seletiva e
competitiva de candesartan com o receptor de angiotensina 2 tipo 1 (AT(1)
previne a ligação da angiotensina 2, mediador chave do sistema renina-
angiotensina. Diminuições significativas da pressão sanguínea sistólica e
diastólica foram obtidas com uma dose diária de 2 a 32 mg/dia em pacientes
portadores de hipertensão leve a moderada. Em estudos randomizados,
candesartan cilexetil 8 para 16 mg/dia foi pelo menos tão eficiente, quanto
dosagens terapêuticas de losartan ou outros antagonistas de receptor de
angiotensina 2. Em dosagem maior do que 32 mg/dia, candesartan cilexetil
demonstrou maior eficácia antihipertensiva do que losartan 50 ou 100 mg/
dia. Em estudos comparativos, candesartan cilexetil demonstrou eficácia
antihipertensiva semelhante ou maior quando comparado com enalapril,
hidroclorotiazida ou eficácia equivalente quando comparado com amlodipina.
A eficácia de candesartan cilexetil não é alterada por idade. A droga produz
diminuições significativas da pressão sanguínea em pacientes negros ou em
pacientes portadores de hipertensão severa. Estão em andamento estudos
clínicos de longo prazo, para avaliar os efeitos do tratamento com candesartan
cilexetil sobre a morbi-mortalidade cardiovascular. Regressão da hipertrofia
ventricular esquerda foi observada com candesartan cilexetil em pacientes
hipertensos. Além disso, a droga tem efeitos favoráveis sobre a função renal
em pacientes hipertensos portadores ou não de diabetes mellitus. A resistência
vascular renal e a excreção de albumina diminuíram após tratamento com
candesartan cilexetil. A homeostase da glicose e o metabolismo lipídico não
foram alterados pelo tratamento em pacientes portadores de diabetes tipo 2.
Candesartan cilexetil é bem tolerado e não é associado à tosse, efeito adverso
comum do tratamento inibidor da enzima de conversão da angiotensina. Uma
análise de estudos clínicos mostrou que o perfil de tolerabilidade de candesartan
cilexetil não é significativamente diferente do placebo. Eventos adversos não
são relacionados à dose e são geralmente de gravidade leve a moderada.
162 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002)
Saukkonen T et al. Acta Paediatr Doença celíaca em crianças e adolescentes diabéticos tipo 1
2002;91(3):297-302, maio de 2002
O objetivo deste estudo foi de avaliar se a doença celíaca afeta o crescimento,
o controle glicêmico, e o bem estar geral de crianças e adolescentes diabéticos
tipo 1. 18 indivíduoas receberam o diagnóstico de doença celíaca após
rastreamento. Foram analisados sintomas gastrintestinais, alteração no
crescimento e níveis de hemoglobina glicosilada (HbA1c), assim como o bem
estar antes e após o diagnóstico de doença celíaca. Foram observados em um
paciente, sintomas gastrintestinais e deterioração do crescimento anterior ao
diagnóstico de doença celíaca. Retrospectivamente, muitos pacientes
reportaram sintomas gastrintestinais de intensidade leve, resolvidos com dieta
livre de glúten. A introdução de uma dieta livre de glúten não tem um efeito
positivo sobre o controle glicêmico, mas foi associada com aumento do peso
(de 4,3 ± 18,1 to 8,2 ± 15,4% DP de população média, p = 0,02). Este
aumento de peso foi inversamente correlato com alteração em HbA1c (r = -
0,574, p = 0,02).
Conclusão: A doença celíaca é raramente associada a sintomas de mal
absorção em crianças e adolescentes diabéticos tipo 1. A introdução de
uma dieta livre de glúten pode ser associada ao excesso de ganho de peso.
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) 163
Wong T.Y., Klein R. Curr Opin Êmbolos arteriolares retinais: epidemiologia e risco de acidente
Ophthalmol 2002;13(3):142-6, vascular cerebral
junho de 2002
Êmbolos arteriolares retinais podem ser encontrados em aproximadamente
1% dos adultos de mais de 40 anos. A frequência dos êmbolos retinais aumenta
com a idade e são mais comuns em homens de que em mulheres. Êmbolos
bilaterais são raros, mas êmbolos múltiplos são encontrados em um olho único
em um terço dos casos. Êmbolos retinais são associados com a presença de
placa arterial carótida, hipertensão, tabagismo, e, possivelmente, diabetes.
Existem poucos estudos no que se refere ao risco de acidente vascular cerebral
associado com êmbolos retinais. Dados disponíveis sugerem que êmbolos
retinais em pessoas assintomáticas são associados com risco maior de acidente
vascular cerebral e mortalidade por AVC, independentemente dos fatores de
riscos convencionais. Esses pacientes devem beneficiar de uma avaliação
cuidadosa para estabelecer o risco. Precisa ser determinado se é necessário
realizar exames de rotina, tipo ultra-som de carótida ou outras imagens
vasculares.
Bradshaw B. J Pediatr Endocrinol O papel da família nos cuidados do diabetes tipo 2 em crianças
Metab 2002;15 Suppl 1:547-5, de minorias
abril de 2002.
Este estudo comparou 2 grupos de crianças afro-americanas: grupo 1 (7
crianças), com controle familiar direto, onde um familiar participa ativamente
no tratamento do diabetes; e grupo 2 (5 crianças), sem controle direto de
familiar, participando de maneira inconsistente e ocasional no manejo do
tratamento. A hemoglobina glicosilada (HbA1c) foi medida no início e 1 ano
depois, por cromatografia líquida de alta performance. Resultados do estudo
indicam que a supervisão direta de crianças portadoras de diabetes tem um
efeito positivo sobre o controle glicêmico, resultando numa diminuição
estatisticamente significativa da HbA1c, quando comparados com o grupo de
crianças pouco controladas. Apesar de que muitos adolescentes reclamam
uma maior autonomia ou de pressões culturais, para assumir maiores
responsabilidades pessoais durante os anos de adolescência, o envolvimento
continuo da família no manejo do diabetes de pacientes adolescentes é
fortemente recomendado para obter bons resultados terapêuticos.
166 Diabetes Clínica 03 (2002)
O Diabetes na Imprensa
Pesquisadores americanos revelam: tecnologia engorda
12 de março de 2002 Cientistas britânicos deram um passo para obter o controle terapêutico da
fome ao anunciar que isolaram um hormônio na corrente sanguínea que regula
o consumo de alimentos. O “hormônio da fome’’ foi batizado de grhelin,
palavra hindi (língua falada no norte da Índia) que significa crescimento, por
Alison Wren e Steve Bloom, pesquisadores do Imperial College e do
Hammersmith Hospital, em Londres. A maioria dos mecanismos de controle
do apetite reside no cérebro, o que dificulta o tratamento da obesidade e da
desnutrição. Segundo Alison Wren, a existência de um “hormônio da fome’’
- até então só detectado em animais - significa que ele pode ser o alvo de
medicamentos específicos. “As vantagens de uma terapia com remédios desse
tipo vão além dos casos de obesidade e permitem que também a perda perigosa
de apetite, como nos casos de câncer, sejam tratados’’, escreveu Steve Bloom.
“Nesses casos, os suplementos alimentares contendo o “hormônio da fome’’
ajudariam o paciente a se alimentar’’.
Há algum tempo, os pesquisadores sabiam que o hormônio encontrado na
circulação sanguínea estimulava o apetite em camundongos de laboratório.
Com a descoberta, constataram agora que o mesmo hormônio é responsável
pelo apetite excessivo de alguns indivíduos, que ingerem um terço a mais de
comida do que os outros.
Para comprovar a teoria, a dupla de cientistas promoveu um estudo com
cinco homens e quatro mulheres. Parte do grupo recebeu uma dose de grhelin
e o restante, placebo, e a todos foi dito que podiam comer o quanto quisessem.
Na semana seguinte, os que receberam o hormônio ganharam placebo, e vice-
versa. Os resultados revelaram que os voluntários que receberam o hormônio
consumiam em média 28% mais calorias do que os outros.
‘’Estávamos tentando imitar os níveis do hormônio da fome após um jejum
noturno e podemos ter exagerado um pouco’’, disse Wren, acrescentando que
outros estudos também mostraram diferenças significativas no consumo de
alimentos com doses menores de grhelin. Outros cientistas, no entanto,
manifestaram cautela em relação à eficácia de um possível tratamento para a
obesidade baseado na descoberta. Alguns lembraram o entusiasmo há alguns
anos com a leptina. Esta proteína, produzida pelas células de gordura, atua no
cérebro e regula o mecanismo que faz os indivíduos engordarem. A leptina
chegou a ser conhecida como o hormônio da obesidade, mesmo sem ter se
mostrado eficaz para curá-la.
Continuação cura de 100%. Comparada com tetraciclina, a eritromicina tem eficácia maior
em pacientes com lesões nas axilas e virilhas, além de eficácia semelhante
para as infecções interdigitais. Bálsamo de Whitfield tem uma eficácia
semelhante à eritromicina nas lesões axilares e virilhas, e é mais eficaz nas
áreas interdigitais, além de ser comparável com bálsamo de fusidato sódico
2% para o tratamento de todas estas áreas. Os efeitos adversos e interações
potenciais precisam ser avaliados.
Ristic S., Bates P.C., Martin J.M., Aceitabilidade da caneta de insulina reutilizável Humapen Ergo
Llewelyn J.A. Curr Med Res Opin por pacientes diabéticos tipo 1 e 2
2002;18(2):68-71, maio de 2002
Uma caneta de insulina reutilizável (Humapen Ergo) foi testada para
aceitabilidade do paciente e segurança em dois estudos multinacionais,
envolvendo 230 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (27%) ou tipo 2(73%).
Antes dos estudos, todos os pacientes utilizaram outros modelos de canetas
de insulina. Durante os estudos de 5-7 semanas, a aceitabilidade de Humapen
Ergo foi avaliada por questionário enviado a cada paciente. Humapen Ergo
foi considerado fácil/muito fácil no que se refere à aprendizagem de uso (97%),
e fácil/muito fácil para uso. As características de Humapen Ergo foram
consideradas mais fácil/muito mais fácil quando comparadas com modelos
anteriormente utilizados; fácil de corrigir a dose (estudo 1/estudo 2: 89%/
93%), fácil de ler o número da dose (77%/61 %), fácil de traçar a cartuxa
(54%/68%). No final dos estudos, a maioria dos pacientes (60%/69%) declarou
que continuaram a usar Humapen Ergo. E a recomendaram a outros pacientes,
mesmo quando são satisfeitos com outras canetas utilizadas. Profissionais de
saúde avaliaram Humapen Ergo, seguindo os mesmos critérios dos pacientes,
e confirmaram que recomendaram Humapen Ergo por não gastar insulina
(80%) e pela leitura fácil das doses (74%). Humapen Ergo foi bem aceito por
pacientes e profissionais e é uma ferramenta importante para combater o trauma
e inconveniência associados à auto-injeção de insulina.
Ratner RE et al. Diabetes Technol Terapia complementar com o análogo da amilina, pramlintide,
Ther 2002;4(1):51-61, maio de 2002 melhora o peso e o controle glicêmico em pacientes diabéticos
tipo 2 tratados com insulina
O objetivo deste estudo foi de avaliar o efeito da substituição da amilina
do almoço, por pramlintide sobre o controle de peso da glicemia, a longo
prazo, em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Este estudo de 52 semanas,
randomizado, controlado por placebo, multicêntrico, duplo-cego, em 538
pacientes diabéticos tipo 2 tratados por insulina, comparou a eficácia e
segurança de doses de 30, 75 ou 150 microgr de pramlintide, análogo sintético
do hormônio da célula β amilina, com placebo quando administrado por via
subcutânea 3 vezes ao dia com as principais refeições. A terapia com
pramlintide foi responsável por uma diminuição de 0,9% e 1,0%, do início
até a 13ª semana, nos grupos com dose de 75 e 150 microg., o que foi
significativo quando comparado com placebo (p = 0,0004 e p = 0,0002,
respectivamente). No grupo 150 microg, foi observada uma diminuição de
HbA1c de 0,6% do início até a 52ª semana (p = 0,0068 comparado ao placebo).
A maior diminuição em HbA1c com pramlintide foi obtida sem aumentos no
uso da insulina ou hipoglicemia severa, e foi acompanhada por uma diminuição
significativa (p < 0,05) do peso corporal em todos os grupos. Três vezes mais
pacientes do grupo 150 microg do que no grupo placebo, conseguiram
diminuição de HbA1c e do peso corporal do início até a 52ª semana (48%
versus 16%). O efeito adverso mais comum reportado com pramlintide foi a
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) 175
Continuação náusea, geralmente leve a moderada, e que sumiu pouco tempo depois do
início do tratamento. Os resultados deste estudo confirmam a segurança e
eficácia da pramlintide administrada 3 vezes ao dia com as principais refeições,
em conjunto com a terapia insulínica, para melhorar o controle do peso e da
glicemia, a longo prazo, em pacientes portadores de diabetes tipo 2.
David E. Cummings et al., N Engl J Níveis de ghrelin ligados à regulação do peso corporal
Med 2002;346:1623-1630,1662-1663,
maio de 2002 O hormônio recentemente identificado ghrelin é associado com a regulação,
a longo prazo, do peso corporal e poderia ser um novo objetivo para o tratamento
da obesidade. Neste estudo, foram observados os níveis de 24 horas de ghrelin
em 13 pacientes obesos, antes e após um programa de perda de peso de 6 meses.
Foram avaliados os níveis de insulina, leptina e sensibilidade à insulina. Os
níveis de ghrelin foram também obtidos em 5 pacientes obesos tratados por
cirurgia gástrica, 5 pacientes obesos controle e 10 indivíduos saudáveis controle.
Os níveis endógenos de ghrelin aumentam antes de cada refeição e diminuem
após a refeição, o que é consistente com o papel do ghrelin como mediador da
fome durante a refeição. Em pacientes que perderam peso com dieta de baixa
176 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002)
Continuação caloria, foi observado um aumento na produção de ghrelin, o que sugere que a
produção de ghrelin é também mediada pelo peso corporal. Dentre os pacientes
obesos, uma perda de peso de 17,4% induzida por dieta foi associada com um
aumento em 24% da área sob a curva do perfil de ghrelin de 24 horas (p =
0,006). A perda de peso, após cirurgia gástrica, foi associada com uma supressão
profunda de ghrelin e ausência de oscilações dos níveis de ghrelin durante as
refeições, o que sugere que alguma coisa no processo da cirurgia exclui a maioria
das células produtoras de ghrelin, que tem um contato direto com os nutrientes
enterais, tornando as células não produtivas.
Comparados com controles saudáveis, pacientes que perderam peso por
cirurgia gástrica, apresentam uma diminuição em 77% da área sob a curva de
24 horas do perfil de ghrelin, apesar desses pacientes terem uma perda de
peso de 36% (p < 0,001). Quando comparados com controles obesos, a área
sob a curva do perfil de ghrelin foi reduzido em 72% (p = 0,01).
Esses dados sugerem que antagonistas do ghrelin podem ser estudados para o
tratamento da obesidade. Mas, segundo a equipe, “até que esses antagonistas sejam
disponíveis, a cirurgia gástrica é um tratamento importante da obesidade severa. O
sucesso desta cirurgia pode resultar não só da restrição física do órgão digestivo,
mas também da supressão, induzida pela cirurgia, da capacidade do estômago,
agindo como uma glândula endócrina, de falar diretamente com o cérebro”.
Laurie Barclay et al, Digestive Disease Novas esperanças para a obesidade mórbida
Week Annual Meeting,
20 de maio de 2002. Um estudo apresentado no congresso, sugere que a cirurgia bariátrica é tão
segura em adolescentes como em adultos. Outro estudo indica que a balão
intra-gástrico pode ajudar para melhorar os resultados ou evidenciar a
necessidade da cirurgia em pacientes que não podem seguir o tratamento ou
os conselhos dietéticos.
De 32 adolescentes que foram tratados por cirurgia bariátrica em um período
de 20 anos, 3 receberam gastroplastia, 16 bypass gástrico, 3 bypass gástrico
distal e 10 bypass gástrico log-limb. Não ocorreu morte ou esvaziamentos
pós-operatórios. Complicações precoces incluíram 1 êmbolo pulmonar, 1
infecção severa, 4 pequenos problemas de ferimentos, 3 estenoses do estomago
que foram dilatadas por endoscopia, e 4 úlceras marginas que foram tratados
por supressão da acidez. Complicações tardias incluíram 1 obstrução do
intestino, 4 hérnias na incisão, e uma morte súbita 6 meses após a cirurgia. 2
pacientes precisaram uma nova cirurgia, 1 para desnutrição e 1 para perda de
pesa inadequada.
1 ano após tratamento cirúrgico, a maioria das comorbidades foram
resolvidas, na exceção de 2 casos de hipertensão, 2 casos de refluxo
gastresofágico e 7 doenças degenerativa articular. A melhora da imagem
corporal facilitou o casamento em 8 pacientes, a graduação em 5 e os resultados
escolares em 2.
Segundo os autores, a cirurgia bariátrica em adolescentes é segura e
associada com perda significativa de peso, correção das comorbidades, melhora
da imagem e socialização.
No segundo estudo de Feryal Ilkova et al., Istambul, Turquia, 17 pacientes,
idade 20-67 anos, receberam inserção endoscópica de um balão intra-gástrico.
Em 2 pacientes a perda de peso foi suficiente para autorizar a remoção do
balão após 3 meses, e, em outros pacientes, em 6 meses. Não foram observadas
complicações. O IMC médio diminui de 42,3 antes da cirurgia, para 33,81
após remoção do balão (P < 0,0001). O balão intra-gástrico é seguro e eficaz
como método não-invasivo de tratamento da obesidade mórbida e pode ser
indicado para pacientes que não respondem à dieta de tratamento médico.
178 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002)
Petri S. Mattila et al, Diabetes Care Asma é inversamente associada ao risco de diabetes tipo 1
2002;25:865-868, maio de 2002
A predisposição a sintomas atópicos após exposição a antígenos inalados
pode proteger as crianças contra diabetes tipo 1. Os autores deste estudo
avaliaram a frequência da asma e atopia em 306 pacientes com diabetes na
infância, seus 506 irmãos não diabéticos e 406 controles.
Quando as crianças diabéticas são comparadas com controles, os pesquisadores
observaram uma associação inversa entre o risco de diabetes e asma (odds ratio =
0,49) e alergia a poeira de animal (odds ratio = 0,67). O risco era também inverso,
em grau menor, com alergia a pólen (odds ratio = 0,74).
Quando as crianças diabéticas foram comparadas com os irmãos não
diabéticos, o risco de diabetes foi inversamente associado com asma (odds
ratio = 0,54), mas não com alergia a poeira de animal (odds ratio = 0,99) ou
pólen (odds ratio = 0,88).
Isso sugere que os probandos e seus parentes não afetados, dividem um
patrimônio genético e/ou de meio ambiente que reduz o risco de
desenvolvimento de alergia a poeira de animal.
Marreiro D., Fisberg M., Cozzolino Status da Zinco nutritional em crianças e adolescentes obesos
S.M. Biol Trace Elem Res 2002 Estudos em animais e humanos mostraram que o metabolismo do zinco
May;86(2):107-22. (Zn) é alterado na obesidade. Este estudo avalia o status do Zn nutricional em
crianças e adolescentes obesas pela determinação de parâmetros e análises
bioquímicas de dietas. A pesquisa foi realizada em um grupo de crianças e
adolescentes obesos (n = 23) comparado com grupo controle (n = 21), com
idade entre 7 e 14 anos. A composição corporal foi avaliada por IMC,
impedância elétrica, e medidas de dobra de pele. Status de zinco nutricional
foi avaliado por determinação de Zn no plasma, eritrócito, urina de 24 horas,
por epectriofotometria atômica de absorção (lambda = 213.9 nm). As dietas
consumidas por ambos os grupos tinham concentrações marginais de zinco.
As concentrações de zinco no plasma e eritrócitos foram significativamente
menores no grupo obeso. A excreção urinária de zinco foi significativamente
maior no mesmo grupo. Os resultados permitiram concluir que o status do
zinco nutricional é alterado em indivíduos obesos.
Diabetes Clínica 03 (2002) 179
Produtos e novidades
Novo Nordisk lança NovoRapid (insulina aspart), novo análogo
da insulina de ação ultra-rápida
Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil anuncia o lançamento de NovoRapid
(Insulina Aspart), novo análogo de insulina de ação ultra-rápida. Desde o dia
1o de junho de 2002, o novo medicamento pode ser encontrado nas principais
farmácias, lojas especializadas em produtos para diabetes, nas associações de
pacientes, e em todos os pontos de referência para a venda de insulina.
NovoRapid é um análogo de insulina humana obtido por tecnologia de
engenharia molecular. Através dessa técnica é feita uma modificação na
molécula da insulina com a troca de um aminoácido, de modo que a mesma é
rapidamente absorvida após injeção subcutânea. A insulina humana de ação
rápida (insulina regular) demora 30 minutos para iniciar a sua a
ação, enquanto para NovoRapid este tempo é de apenas 10
minutos. Isso permite que a aplicação seja feita imediatamente
antes ou após as refeições. Este é um benefício especialmente
importante para crianças, idosos ou adultos com hábitos
alimentares variáveis. Com NovoRapid, os pacientes terão mais
liberdade e segurança em seu tratamento. Outra vantagem de
NovoRapid é que estudos com até 3 anos mostraram que aqueles
que fizeram controle com essa nova insulina tiveram risco 72%
menor de apresentar hipoglicemia noturna grave, quando
comparados aos pacientes que usaram insulina humana regular.
Isso é explicado porque essa nova molécula tem ação mais rápida
e duração de efeito menor e, portanto, à noite, quando o paciente
está dormindo ela não diminui excessivamente a glicose no
sangue. NovoRapid é comer-cializado no Brasil em caixas com
5 cartuchos de 3,0 ml para uso nos sistemas de aplicação de
insulina - Innovo e Novopen 3 – podendo ser usado também nas
bombas de insulina.
180 Produtos e novidades - Diabetes Clínica 03 (2002)
Winkler et al., Diabetes Res Clin Pract Sistema do tumor necrosis factor na resistência à insulina em
2002;56(2):93-99, maio de 2002 diabetes gestacional
William C. Knowler et al., Diabetes Redução na incidência do diabetes tipo 2 após intervenção sobre
prevention Program Research Group, o estilo de vida ou metformina
New England Journal of Medicine,
2002;346(6):393-403, Introdução: Diabetes tipo 2 afeta aproximadamente 8% dos adultos dos
fevereiro de 2002 Estados Unidos. Alguns fatores de risco – concentrações elevadas de glicose
plasmática de jejum ou após teste de carga em glicose, sobrepeso, estilo de
vida sedentário – são potencialmente reversíveis. A hipótese é que a alteração
desses fatores com programa de intervenção no estilo de vida ou administração
de metformina, poderia prevenir ou adiar o desenvolvimento do diabetes.
Métodos: 3.234 indivíduos não diabéticos com concentrações de glicose
de jejum ou após teste de carga elevada foram randomizados para receber
placebo, metformina (850 mg duas vezes/dia) ou programa de alteração do
188 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002)
McSorley P.T., Bell P.M., Jacobsen Morbidade e mortalidade cardiovascular em pacientes diabéticos
L.V., Kristensen A., Lindholm A. Clin tratados com losartan: estudo comparativo com atenolol
Ther 2002;24(4):530-9, abril de 2002
Introdução: A mais conveniente droga para diminuir o risco de doença
cardiovascular em pacientes com hipertensão e diabetes é ainda mal definida.
Comparamos os efeitos de losartan e atenolol sobre a morbidade e mortalidade
em pacientes diabéticos.
Métodos: Como parte do estudo LIFE, os participantes deste estudo duplo-
cego, randomizado, com grupo paralelo – 1195 pacientes com diabetes,
hipertensão, sintomas de hipertrofia ventricular esquerda (LVH) no ECG –
receberam um tratamento com losartan ou atenolol. A idade média dos
pacientes era de 67 anos (DP 7 anos) e apresentavam uma pressão sanguínea
média de 177/96 mmHg (14/10), após período de placebo. Acompanhamos
os pacientes aproximadamente durante 4 anos (média 4-7 anos). Utilizamos a
análise regressiva de Cox, com o escore de risco de Framingham, como linha
base e os sintomas de LVH no eletrocardiograma, para comparar os efeitos
das drogas sobre a morbidade e mortalidade cardiovascular (morte
cardiovascular, acidente cerebrovascular, infarto do miocárdio).
Resultados: A pressão sanguínea média diminuiu para 146/79 mmHg (17/
11) no grupo losartan e para 148/79 mmHg (19/11) no grupo atenolol. Os
eventos ocorreram em 103 pacientes tratados por losartan (n = 586) e 139
pacientes tratados por atenolol (n = 609), com risco relativo 0,76 (IC 95%
0,58-0,98; p= -0,031). 38 e 61 pacientes dos grupos losartan e atenolol,
respectivamente, morreram de doença cardiovascular; 0,63 (0,42-0,95 p =
0,028). A mortalidade para todas as causas foi de 63 e 104 nos grupos losartan
e atenolol, respectivamente (0,61 (0,45-0,84), p = 0,002).
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) 191
Continuação Conclusão: Losartan foi mais efetivo do que atenolol para diminuir a
morbidade e mortalidade cardiovascular, bem como a mortalidade para
todas as causas em pacientes com hipertensão, diabetes e LVH. Losartan
parece ter outros benefícios, além da redução da pressão sanguínea.
Lars H Lindholm et al., Lancet 2002; Insulina aspart bifásica duas vezes ao dia vs. Insulina humana
359: 1004-10, março de 2002 bifásica 30; estudo duplo-cego cruzado em adultos diabéticos tipo 2
Augustin A.J., Dick H.B., Koch F., Correlação do controle sanguíneo da glicose com metabólitos
Schmidt-Erfurth U. Eur J Ophthalmol oxidátivos em plasma e corpo vítreo em pacientes diabéticos
2002;12(2):94-101, abril de 2002
Objetivo: No diabetes, hiperglicemia e outros mecanismos causam a
produção de metabólitos oxidativos, que podem melhorar a produção de fatores
de crescimento e aumentar a atividade proliferativa. O controle estrito da
glicose sanguínea diminui a progressão da melhor retinopatia que do controle
padrão. Este estudo observou pacientes portadores de retinopatia diabética
para evidência de metabólitos oxidativos no plasma e no corpo vítreo,
correlacionando estes resultados com o controle da glicose sanguínea.
Métodos: O estudo incluiu 136 pacientes portadores de retinopatia diabética
proliferativa. Eles foram agrupados de acordo com o valor da hemoglobina
glicosilada dos últimos 9-12 meses. Pacientes com valores d” 10% (média.7%;
n = 64) foram considerados estritamente controlados, os com valores > 10%
192 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002)
Heck A.M., Calis K.A., McDuffie J.R., Efeitos gastrintestinais adicionais com uso concomitante de
Carobene S.E., Yanovski J.A. Ann olestra e orlistat
Pharmacother 2002;36(6):1003-5,
junho de 2002 Objetivo: Caso de efeitos gastrintestinais adicionais e significativos com
uso concomitante de orlistat e lanche contendo olestra (óleo de substituição,
sem gordura).
Resumo do caso: Uma adolescente de 16 anos, afro-americana, portadora
de diabetes tipo 2, hipercolesterolemia e hipertensão, participou de um estudo
piloto para testar a segurança e eficácia de orlistat. Após duas semanas de
tratamento, a paciente chegou na clínica com sintomas de fezes gordurosas,
flatulência, dor abdominal e incontinência fecal. Após exame clínico,
constatou-se que ela consumia aproximadamente e diariamente 100 gramas
de batatas chips contendo olestra. A paciente eliminou olestra da dieta e voltou
para a clínica, com uma diminuição significativa dos efeitos gastrintestinais,
sem parar o tratamento com orlistat.
Discussão: Este é o primeiro caso publicado descrevendo efeitos
gastrintestinais após o uso concorrente de orlistat e olestra. Educação sobre
os efeitos gastrintestinais adicionais severos é importante para prevenir a
descontinuação prematura e desnecessária da terapia com orlistat. Atenção
para esta interação potencial é especialmente importante para pacientes que
desenvolvem doenças, nas quais os sintomas gastrintestinais podem resultar
em complicações significativas.
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) 195
Holcombe J.H., Zalani S., Arora V.K., Comparação da insulina lispro com insulina humana regular
Mast C.J. Clin Ther 2002;24(4):629- para o tratamento do diabetes tipo 1 em adolescentes
38, abril de 2002
Introdução: Apesar de ter sido mostrado que a insulina lispro (insulina
LP) aumenta o controle da glicose sanguínea pós-prandial e diminui os
episódios de hipoglicemia em pacientes adultos diabéticos tipo 1, existem
poucos estudos clínicos sobre o seu uso em adolescentes.
Objetivo: Este estudo comparou os efeitos da insulina LP com os da insulina
regular humana (insulina R), sobre o controle da glicose sanguínea pós-prandial
e hipoglicemia em adolescentes diabéticos.
Métodos: Neste estudo cruzado, aberto, adolescentes de 9-18 anos que
atingiram o estádio II de puberdade de Tanner, foram randomizados para
receber Inulina LP imediatamente antes refeições ou insulina R 30 a 45 minutos
antes das refeições, em adição à insulina diária de ação intermediária. Após 4
meses, os pacientes receberam tratamento alternado. Perfis da glicose
sanguínea, taxa de hipoglicemia e HbA1c foram medidos no início e no final.
Resultados: 488 adolescentes participaram do estudo em 53 centros de
investigação em 15 países; 463 foram randomizados para o tratamento (228
insulina LP, 235 insulina R), e 457 completaram o estudo. Insulina LP
administrada antes do café da manhã resultou em níveis de glicose sanguínea
196 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002)
Zuhri-Yafi M.I., Brosnan P.G., Hardin Tratamento do diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes
D.S. J Pediatr Endocrinol Metab
2002;15 Suppl 1:541-6, abril de 2002 Objetivo: Estudar as possíveis modalidades de tratamento de diabetes tipo
2 em crianças e adolescentes.
Desenho: Revisão dos dossiês médicos de 25 crianças e adolescentes
diabéticos tipo 2, comparando tratamentos e resultados. Os tratamentos mais
comuns foram insulina combinada com agente oral (metformina) ou
metformina em tratamento único. Foram avaliados HbA1c, peso corporal e
dose de insulina.
Pacientes: Era de 8 a 15 anos a idade dos pacientes no período do
diagnóstico. A razão mulher/homen era de 1,3;1. 60% dos pacientes eram
hispânicos. Todos os IMC estavam a cima do 85o percentil para idade e sexo.
92% dos pacientes eram portadores de acanthosis nigricans.
Resultados: Insulina era o tratamento único em 18 pacientes (72%), com
adição de metformina e supressão da insulina no retorno à euglicemia. Só 5
desses 18 pacientes, que começaram o tratamento de insulina, foram
completamente desmamados para a metformina em monoterapia e 3 desses
pacientes necessitaram o retorno ao tratamento de insulina, em razão da
inadequação do controle. Metformina não permitiu uma diminuição da dose
de insulina no grupo de tratamento conjugado. Metformina foi usada como
monoterapia em 7 pacientes (28%), mas 3 deles requereram mais tarde um
segundo agente hipoglicemiante oral. A alteração média em HbA1c no período
de estudo foi de -2,9% em pacientes com insulina em tratamento único, -
2,3% para os pacientes com insulina + metformina, e -4,4% em pacientes
com metformina em tratamento único. HbA1c aumenta após 2 anos de
tratamento. Poucos pacientes persistiram na perda de peso.
Conclusão: Metformina mostra ser um remédio eficiente para o tratamento
do diabetes tipo 2 em crianças, mas não parece ser uma monoterapia
suficiente a longo prazo, em nosso protocolo, pois necessita euglicemia
para interromper o tratamento insulínico. As estratégias de manejo do estilo
de vida para crianças portadores de diabetes tipo 2 será provavelmente tão
complexas quanto a dos adultos.
198 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002)
David E. Kelley et al. Diabetes Care Eficácia clínica de orlistat em pacientes diabéticos tipo 2 obesos
25:1033-1041, 2002, maio de 2002 ou com sobrepeso, tratados por insulina – Estudo controlado
randomizado de 1 ano
Harold E. Lebovitz et al. Diabetes Care Avaliação da função hepática em pacientes diabéticos tipo 2
25:815-821, maio de 2002 durante estudos clínicos – Evidência da ausência de disfunção
hepática com rosiglitazona
Mehmood A. Khan et al. Diabetes Care Efeito da metformina em crianças diabéticas tipo 2 – Estudo
25:708-711, maio de 2002 randomizado controlado
Objetivo: Metformina é o agente antidiabético oral mais prescrito nos EUA
para adultos diabéticos tipo 2. A incidência do diabetes tipo 2 em crianças
tem aumentado drasticamente nos últimos 10 anos, mas a metformina nunca
foi formalmente estudada em crianças portadores de diabetes tipo 2.
Desenho e métodos: Esse estudo avaliou a segurança e eficácia da
metformina nas doses de 1000 mg 2 vezes/dia em 82 indivíduos, idade 10-16
anos, durante 16 semanas em estudo randomizado, duplo-cego e controlado
por placebo, de setembro de 1998 até novembro de 1999. Indivíduos portadores
de diabetes tipo 2, apresentaram os seguintes dados iniciais: níveis de glicose
plasmática de jejum (FGP) 7,0 and 13,3 mmol/l ( 126 e 240 mg/dl), HbA1c
7,0%, peptídeo-C estimulado 0,5 nmol/l ( 1,5 ng/ml), e IMC >50º percentil
para idade.
Resultados: A metformina melhorou significativamente o controle
glicêmico. Na última consulta duplo-cega, a alteração média ajustada da FGP
foi de -2,4 mmol/l (-42,9 mg/dl) para metformina, comparada com +1,2 mmol/
l (+21,4 mg/dl) para placebo (P < 0,001). Valores médias de HbA1c, ajustados
a partir dos níveis iniciais, foram também significativamente menores para
metformina comparada com placebo (7,5 vs. 8,6%, respectivamente; P <
0,001). Metformina não mostrou um impacto negativo sobre o peso corporal
ou o perfil lipídico. Eventos adversos foram semelhantes aos apresentados
por adultos tratados por metformina.
Conclusão: Metformina é segura e eficaz para o tratamento do diabetes
tipo 2 e em crianças.
200 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002)
Kenneth Lee Jones et al. Diabetes Care Comparação prospectivo, randomizado dos efeitos metabólicos
25:89-94, janeiro de 2002 de pioglitazona ou rosiglitazona em pacientes diabéticos tipo 2
anteriormente tratados por troglitazona
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
*Residente de oftalmologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, **Professor Adjunto do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP – Escola
Paulista de Medicina, ***Pesquisador Associado da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, Trabalho realizado durante o “Mutirão do Olho Diabético”,
no Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, São Paulo -SP
Introdução
Figura 2
Endereço para correspondência: Paulo Henrique Morales, Av. Paulista, 688/ 11a/ cj 14. Cep: 01310-100 - São Paulo, SP
202 Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204
Mas este exame é realizado apenas Tabela II: Capacidade do médico não oftamologista diferenciar RD não proliferativa e
por oftalmologistas. Clínicos, proliferativa por meio da oftalmoscopia diretas
endocrinologistas e outras espe-
cialidades que têm maior contato Oftalmologista (FOI)* Exame de olho de fundo
com os pacientes diabéticos não Residente Normal RNP RP Total
estão aptos a realizá-lo. (FOD)** leve moderada grave muito grave
O objetivo deste trabalho é Normal 31 4 4 1 0 1 41
avaliar a capacidade do médico RDNP 8 3 5 4 1 4 25
não oftalmologista detectar RDP 2 0 0 0 2 2 6
alterações oculares causadas pelo Total 41 7 9 5 3 7 72
diabetes, utilizando a oftalmos- * FOI- fundoscopia indireta / **FOD - fundoscopia direta
copia direta (Fig. 2) como um Teste de concordância Kappa, Coeficiente de concordância Kw = 0.385
primeiro exame de triagem. Z crítico= 3.625, p< 0.001 / Teste de McNemar X2 = 0.154
Métodos
Para avaliação de concordância entre os exames
O projeto “Olho Diabético”, iniciado em 1998, pelo realizados pelo médico residente e oftalmologista
Instituto da Visão da UNIFESP – Escola Paulista de treinado, em cada estádio da doença, foi utilizado o teste
Medicina, conta com pacientes diabéticos, que Kappa. A sistematicidade de discordância foi testada pelo
comparecem espontaneamente para o exame preventivo Qui-quadrado (X 2 } e McNemar. Sensibilidade e
da cegueira causada pela diabetes. Todos os pacientes especificidade foi calculada para cada estádio da doença,
preenchem uma ficha de identificação e respondem a usando o exame de oftalmologista treinado como padrão-
um questionário com as seguintes perguntas: quanto ouro.
tempo do diagnóstico de diabetes, medicação em uso, se
já foram submetidos a exame de fundo de olho com Resultados
dilatação pupilar e se a resposta for positiva, data do
último exame.Após isso, as suas pupilas são dilatadas Os dados descritivos referentes a sexo, idade,
com tropicamide 1% (Mydriacyl). medicação em uso e tempo de diagnóstico de diabetes,
Para o presente trabalho, 3 médicos do primeiro ano da encontram-se na Tabela I.
residência de oftalmologia, cursando o segundo mês do
curso, tiveram treinamento para realizar a oftalmoscopia
direta por um mês de antecedência. Utilizando Tabela I: Tabela descritiva dos pacientes avaliados
oftalmoscópio direto (Welch Allyn), examinaram e Número de pacientes (%)
classificaram a retinopatia diabética dos pacientes em 3 Sexo Feminino 34 (47,22)
categorias: normais, retinopatia diabética (RD) não Masculino 38 (52,77)
proliferativa e retinopatia diabética proliferativa. Cada
paciente era examinado por apenas um residente. Idade 0 – 25 anos 3 (4,16)
Retinopatia diabética não proliferativa foi definida 26 – 50 anos 11 (15,27)
>51 anos 42 (58,33)
pela presença de microaneurismas, hemorragias
Não disponível 16 (22,22)
intrarretinianas, exsudatos duros, manchas algodonosas
ou alterações da microvasculatura intra-retiniana Medicação Via oralInsulina 51 (70,83)
(IRMA). Retinopatia diabética proliferativa foi definida Dieta/Não usa medicação 16 (22,22)
pela presença de neovascularização, hemorragia vítrea 1 - 5 anos6 – 10 anos 14 (19.44)
ou proliferação fibrosa [9].
Sem conhecimento dos resultados do primeiro exame, 1 – 5 anos 22 (30.55)
um oftalmologista classificava a retinopatia diabética 6 – 10 anos 22 (30.55)
através da oftalmoscopia indireta (oftalmoscopio indireto 11 – 15 anos 10 (13,88)
Topcon). 16 – 20 anos 10 (13,88)
Foram examinados, aleatoriamente, 144 olhos de 72 21 – 25 anos 2 (2,77)
pacientes de um total de 830 pacientes, sendo que 40 >526 anos 1 (1,38)
pacientes (55,5%) nunca haviam realizado este tipo de Não disponível 5 (6,94)
exame e 25 pacientes (34,7%) haviam realizado em
período menor que 2 anos. A análise dos resultados foi Os achados oculares foram classificados como normais
baseada no olho com retinopatia mais avançada, quando (41 olhos) e como retinopatia (31 olhos) no exame
apresentava diagnóstico diferente nos 2 olhos. realizado pelo retinólogo. O resultado dos residentes
Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 203
fator importante para uma avaliação adequada do pólo for diabetics: the importance of physician-ophthalmologist
posterior [19]. Principalmente quando existe a collaboration in the prevention of blindness. Singapore Med J
1990; 31:26-9.
necessidade de se avaliar o comprometimento ocular 6. Burns-Cox CJ, Hart JC. Screening of diabetics for retinopathy
causado por uma doença sistêmica, que podem levar à by ophthalmic opticians. BMJ 1985; 290:1052-4
cegueira. No estudo de Griffith et al., os pacientes 7. Williams R, Nussey S, Humphry R, Thompson G. Assessment
submetidos à oftalmoscopia direta também tiveram suas of non-mydriatic fundus photography in detection of diabetic
pupilas dilatadas. Médicos não oftalmologistas raramente retinopathy. BMJ 1986; 293:1140-2.
dilatam pupila dos pacientes antes da fundoscopia, 8. Buxton MJ, Sculpher MJ, Ferguson BA, Humphreys JE,
Altman JF, Spiegelhalter DJ et al. Screening for treatable
mesmo quando os pacientes apresentam um alto risco diabetic retinopathy: comparison of different methods.
de retinopatia, sendo a principal razão para isso, o medo Diabetic Med 1991; 8:3781-7.
de precipitar um glaucoma agudo de ângulo fechado [20]. 9. LeeVS, Kingsley RM, Lee ET, Lu M, Russell D, Asal NR,
Mas vários estudos demonstram que o potencial risco Bradford RH Jr, Wilkinson CP. The diagnosis of diabetic
de desenvolver uma crise de glaucoma agudo é muito retinopathy. Ophthalmoscopy versus fundus photography.
Ophythalmology 1993 Oct; 100(10):1504-12.
baixo. E quando ocorrem, estão relacionados ao uso de 10. Klein R, Klein BEK, Moss SE, DeMets DL: The validity of a
colírio contendo fenilefrina. O benefício de um exame survey question to study diabetic retinopathy. Am J Epidemiol
sob midríase é muito maior [20]. 124:104-110, 1986
O exame de oftalmoscopia direta realizado por médico 11. Klein R. Eye-Care delivery for people with diabetes: Diabetes
não oftalmologista não se mostrou adequado para o Care 1994; 17(6):614-5
12. Brechner RJ, Cowie CC, Howie LJ, Herman WH, Will JC,
estadiamento da doença. Também não foi eficiente na Harris, MI: Ophthalmic examination among adults with
detecção de retinopatia diabética em campanhas. Mas diagnosed diabetes mellitus. JAMA 270:1714-1718, 1993
tem seu valor no uso diário por médicos não 13. Witkin SR, Klein R: Ophthalmologic care for persons with
oftalmologista, habilitados a realizar este exame, para o diabetes. JAMA 251:2534-2537,1984.
encaminhamento ao oftalmologista especializado, assim 14. Klein BEK, Davis MD, Segal P, et al. Diabetic retinopathy;
assessment of severity and progression. Ophthalmology 1984;
que qualquer alteração da retinopatia diabética for
91:10-7.
encontrada. 15. Palmberg P, Smith M, Waltman S, et al. The natural history of
retinopathy in insulin-dependent juveline-onset diabetes.
Ophthalmology 1981; 88:613-8.
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between ophthalmoscopy and fundus photography in
1. Gross JL, Nehme M. Detecção e tratamento das complicações determining severity of diabetic retinopathy. Ophthalmology
crônicas de diabetes mellitus: Consenso da Sociedade 1985; 92(1):62-7.
Brasileira de Diabetes e Conselho Brasileiro de Oftalmologia. 17. Retinopathy Working Party. A protocol for screening diabetic
Rev Assoc Med Bras 1999 Jul-Sep;45(3):279-84. retinopathy in Europe. Diabetic Med 1991; 8:26-7
2. Malerbi AD, Franco JL. Multicenter study of the prevalence of 18. Griffith SP, Freeman WL, Shaw CJ, Mitchell WH, Olden CR,
Diabetes Mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Figgs LD, Kinyoun JL, Underwood DL, Will JC. Screening for
brazilian population aged 30-69 yr. Diabetes Care 1992, diabetic retinopathy in a clinical setting: a comparison of direct
15(11): 1509-1515 ophthalmoscopy by primary care physicians with fundus
3. American College of Physicians, American Diabetes photography. J Fam Pract. 1993 Jul; 37(1):49-56.
Association, and American Academy of Ophthalmology. 19. Klein R, Klein BEK, Hubbard LD, Meuer SM, Brothers RJ.
Screening guidelines for diabetic retinopathy. Ann Intern Med Diabetic retinopathy as detected using, a non-mydriatic camera
1992; 116:683-5. and standard fundus camera. Ophthalmology 1985;92:485-91.
4. Baker SB, Vallbona C, Campbell JV, Hamill MB, Goetz B, 20. Herman WH: Public health strategies: program development,
West MS. Diabetic eye disease detection by primary-care implementation, and evaluation. Inc Proc 8th Annual Centers
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5. Chew SF, Hart PM, Ang BC, Lima AS. Ophthalmic screening Centers for Diagnoses Control, 1985.
Carvalho JM et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207
Diabetes 205
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
Introdução
O diabetes mellitus é uma doença crônica que afeta apropriados e instruções relacionadas aos cuidados dos
cerca de 16 milhões de pessoas nos Estados Unidos. pés, pode-se evitar qualquer ferimento nos pés.
Todos os dias são diagnosticados 2.200 novos casos com Na utilização das órteses plantares e calçados
uma estimativa de 780.000 novos casos por ano. especiais para diabéticos, é necessário ter o cuidado com
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a equalização das forças, das pressões nas diversas
espera-se que os casos de diabetes dobre nos próximos regiões dos pés e na interface ideal entre o piso e o pé,
25 anos de 135 milhões para perto de 300 milhões. para que os tecidos dos pés não sofram estresse de
O fato da incidência do diabetes estar aumentando e compressão e força de cisalhamento, que é de
de que 15% dos diabéticos desenvolvem úlceras fundamental importância para a prevenção das patologias
plantares, realça a necessidade de implementar nos pés diabéticos.
estratégias profiláticas e terapêuticas, principalmente com Devido a estes fatores internos e externos, devemos
órteses plantares e calçados especiais. ter conhecimento da matéria prima e dos modelos utiliza-
As ulcerações nos pés com seqüelas, como feridas dos na confecção das palmilhas e dos calçados especiais,
crônicas que não cicatrizam, as osteomielites e visando estabilidade, segurança, conforto, anatomia e
amputações, constituem uma das complicações na higiene aos pés diabéticos.
qualidade de vida dessas pessoas. Sabemos que em todo o mundo, a matéria prima utilizada
A maioria dessas lesões são acometidas pelas forças para a confecção das órteses plantares, são os materiais
geradas durante a marcha, como, por exemplo, as úlceras termomoldáveis em polietileno (Plastazote), com diferentes
na primeira articulação metatarsofalangiana, articulação densidades. A palmilha deverá ter contato total para
fundamental na marcha para a fase de impulso. Todos distribuir as pressões e diminuir as forças de cizalhamento
os pacientes diabéticos precisam ser educados para a uniformemente na região plantar. Este material possui
escolha dos calçados corretos e palmilhas para cada células fechadas que não absorvem calor e umidade, sendo
categoria de risco. Com o uso adequado desses calçados então: atóxicas, laváveis e anti-alérgicas, o que é necessário
Endereço para correspondência: José Antonio Carvalho, Av. Benjamin Constant, 475,
13010-140 Campinas SP, Tel: (19)3236 7093/7094
206 Carvalho JM et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207
nestes pés. As órteses plantares devem ser reavaliadas A principal recomendação clínica da American
periodicamente com especialistas, para sofrer reajustes a Diabetes Council on Foot Care são; os cuidados
fim de aliviar regiões com hiperpressões localizadas e profiláticos com os pés e identificar fatores de risco
realinha-lás para evitar compensações posturais. biomecânico.
Em relação aos calçados especiais, devemos nos Os profissionais da saúde já estão dando a devida
preocupar com a forma (hiperprofundo), material importância ao tratamento preventivo e terapêutico com
específico, forração interna (sem costura) e os solados as órteses plantares e os calçados especiais. Isto porque
oscilantes ou basculantes. Tudo vai depender da os estudos têm demostrado a importância da prescrição
classificação de risco em que o pé irá se encontrar. como prevenção tanto da recorrência da úlcera quanto
Existem calçados especiais para aquelas pessoas que da amputação.
possuem a patologia, mas não apresentam riscos nos pés, Em resumo, podemos enfatizar que o pé de alto risco
ou seja, sem lesões nos pés. - diabético necessita de uma abordagem interdisciplinar,
As órteses plantares e sandálias são indicadas para educação dos usuários e familiares, e que a prevenção é
uso pós-cirúrgico (uso temporário). Já as sandálias com o melhor caminho para a diminuição desses índices
“salto falso”, que reduzem as forças diretas e de alarmantes.
cizalhamento com solados basculantes, para o uso na Instruções básicas aos pacientes diabéticos:
fase de cicatrização. E os calçados hiperprofundos para 1. Não fumar
o uso preventivo e terapêutico.
2. Lavar e Inspecionar diariamente os pés
Quanto aos pés com deformidades fixas, é necessário
realizar um molde de gesso para a confecção das 3. Não andar descalço
palmilhas e dos calçados especiais. 4. Inspecionar diariamente o interior dos calçados
O objetivo das órteses plantares e dos calçados são: 5. Não deixar o pé de “molho” na água quente
· conforto e segurança 6. Não usar meias com remendas ou com costuras
· aliviar as áreas de excessiva pressão plantar 7. Não usar calçados sem meias
· reduzir o impacto 8. Cortar as unhas seguindo seus contornos
· reduzir o estresse de cisalhamento (orientação com seu médico ou podólogo especializado)
· estabilização e sustentação das deformidades 9. Usar calçados confortáveis (hiperprofundo)
· limitar os movimentos indesejáveis 10. Procurar os profissionais da saúde especializados
Úlcera plantar
Úlcera plantar
ATUALIZAÇÃO
Professor adjunto da disciplina de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
Apesar de freqüentemente apresentar a imagem de A melhor época para vacinação contra a gripe é
uma doença benigna, a gripe é uma doença grave que durante os meses de outono, no Brasil entre os meses de
mata milhares de pessoas todos os anos. Estima-se que março e maio. No entanto, segundo recente
10% a 20% da população mundial apresente pelo menos recomendação do CDC, os esforços para vacinação
um episódio de gripe anualmente. As epidemias de gripe devem continuar durante todo o inverno [1]. Para
durante o inverno são responsáveis por cerca de 20.000 aumentar a cobertura vacinal e o uso da vacina contra
mortes por ano nos EUA [1]. influenza, principalmente entre as pessoas que
Por ser o método primário e mais efetivo de prevenção apresentam maior risco e também entre os profissionais
contra a influenza e suas conseqüências, a vacinação de saúde, a vacinação deve prosseguir durante toda a
anual é recomendada oficialmente pelo Ministério da estação de influenza (inverno), enquanto houver
Saúde Brasileiro e pelo Centro de Controle de Doenças disponibilidade da vacina [1].
dos EUA (CDC) para todos os indivíduos que apresentem
maior risco de complicações em decorrência da infecção Sobre a imunização contra o pneumococo
(como portadores de diabetes, pneumopatias crônicas,
doenças cardiovasculares, infecção pelo HIV, entre O Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é
outros) e também para seus familiares e outros contatos responsável por doenças invasivas (entre as quais
que possam lhes transmitir a doença [1,2]. A vacinação pneumonias, meningites, otites, sinusites, bacteriemia) e
também é recomendada para os profissionais da área de mortes, principalmente em crianças, adultos com doença
saúde, devido ao risco de transmissão da infecção a seus crônica e idosos no mundo inteiro [3]. Outro fator
pacientes [1]. Além disso, qualquer pessoa maior de 6 agravante das infecções pneumocócicas é a resistência da
meses de idade pode se beneficiar da vacinação, bactéria aos antibióticos, o que a torna ainda mais perigosa
reduzindo o risco de infecção [1]. e de difícil combate. Assim, o pneumococo provoca mais
Endereço para correspondência: Rua Helena, 218, cj. 96 – 9º andar – Vila Olímpia, 04552-050 –
São Paulo SP, Tel: (11) 3842-5144
Toniolo Neto J/ Diabetes Clínica 03 (2002) 208~209 209
ATUALIZAÇÃO
O diabético e o vinho
Membro do Conselho Diretor da Associação Uruguaia de Diabéticos, vice-presidente da Comissão Técnica da Associação Uruguaia de Diabetes, membro do
Sindicato Médico do Uruguai, membro da Direção do Centro de Assistência do Sindicato Médico, assessor médico do governo departamental de Montevidéu
Pode um diabético beber vinho? Sim, ele pode. Mas A uva é formada por água em 80%, taninos em
consideramos importante que o indivíduo portador de aproximadamente 3%, materiais minerais (2 a 3%),
diabetes seja educado e bem informado sobre este assunto, colorantes, flavonóides, antocianos, matérias pépticas,
de tal maneira que ele tenha a maior liberdade de decisão etc, mais açucares, ácidos orgânicos livres, ácidos
e que ela seja tomada de forma cuidadosa e inteligente. orgânicos combinados, tudo o que se transforma no
É evidente que a bebida alcoólica faz parte da nossa processo de fermentação, sendo a principal
cultura e que seu consumo é um meio de socialização. O transformação a do açúcar em álcool com liberação de
paciente diabético deve ter um mínimo de conhecimentos gás carbônico.
sobre o vinho para poder responder às seguintes perguntas: Praticam-se dois tipos de fermentações alcoólicas, a
dos vinhos tintos por maceração (o grão de uva inteiro)
· O que é o vinho? durante todo o processo de fermentação, ou seja, até o
· Quais são as suas qualidades? consumo total do açúcar da uva, e a dos vinhos brancos
sem maceração, onde não se usa a casca e a fermentação
· O que é um vinho ecológico? é feita só com o suco da uva. Isso é a grande diferença
· Que ação ele tem sobre o diabético? entre as qualidades que apresentam todos os vinhos
tintos, que utilizam toda a riqueza da casca da uva e os
O que é o vinho? vinhos brancos, que fermentam sem a casca e sementes.
Posteriormente o vinho continua o seu processo de
O vinho é um líquido que se obtém do suco da uva, e, transformações naturais, através de leveduras secundárias
por efeitos de sua fermentação natural, transforma o e bactérias, onde se transformam o ácido málico da uva
açúcar desta fruta em álcool e outros componentes, por em ácido láctico (fermentação maloláctica) que contribui
ação das leveduras próprias da uva. à estabilidade dos vinhos, harmonizando aromas e sabores.
Endereço para correspondência: Jorge Vásquez Netto, Br. José Battle y Ordoñez 2223 Apto.
803, Montevidéu, Uruguai, Tel: +59 82- 487-1415
Vasquez Netto J / Diabetes Clínica 03 (2002) 210~212 211
Rural do Uruguai. Existe ainda um informe do LATU, Afinal devemos recordar que o álcool pode esconder
onde certificá-se que os vinhos ecológicos não contém a os sintomas de hipoglicemia. Por isto é importante que
presença de frutose, glicose e sacarose, e por essa razão, um familiar conheça bem a condição do indivíduo
podem ser consumidos por pacientes diabéticos. portador de diabetes, especialmente quando ele participa
Existem 5 variedades de vinhos ecológicos: 3 de festas. Em caso de algum problema, é sempre
variedades de vinhos tintos (Malbec, Merlot e Pinot aconselhável fazer uma glicemia em urgência e agir em
Noir), uma variedade de vinho branco da uva Arribola consequência.
de origem francesa e uma variedade de vinho rosado da
uva Muscat de Hamburgo. Conclusões
Qual é a ação do vinho sobre o indivíduo portador O álcool faz parte de nossa cultura e não é proibido
de diabetes? para o paciente diabético, salvo contra-indicação
expressa. Deve se evitar os vinhos com alto teor de
Da mesma forma que existem hormônios e açucares e é preferível o consumo de vinhos ecológicos.
medicamentos que favorecem a hiperglicemia (glucagon, Recordamos que o vinho é uma bebida completa,
catecolaminas, glucocorticóides, diuréticos tiazídicos, diferenciada, variada, renovada, gratificante e pessoal.
etc), existem outros que são responsáveis por Sua historia, sua cultura e relação com o prazer
hipoglicemias (insulina, sulfoniluréias, álcool, etc). Por gastronômico são parte da humanidade e é velha como o
isso é muito importante que o diabético seja informado mundo.
sobre o assunto.
A ingestão de álcool inibe a neoglicogênese, mas não Bibliografia
a glicogênese, pois a hipoglicemia aparece quando os
depósitos de glicogênio são reduzidos, em consequência Barona de Infnate, Luzardo Alvarez A. Sociedad y Salud, 1ª
da falta de aporte de alimentos. Portanto, um indivíduo edição, Formas precisas Ed, Cali, Colômbia, 1991.
Bonifazio JL, Torres J. Diabetes. Libreria Média Editorial ,
portador de diabetes deve manter um registro cuidadoso Montevidéu, Uruguay, 1980.
de seus níveis de glicemia. É necessária uma atenção Farreras-Rozman, medicina Interna, Harcourt, Madrid, Espanha,
especial não só à quantidade ingerida, mas, sobretudo, à 2000.
qualidade da bebida. Existem vinhos com conteúdo Feria de Campanelle S. Estúdio de prevalência em diabetes, revista
elevado de açucares que não só provocam hiperglicemia, de la associación de diabéticos del Uruguay, nov 2001.
García de los Rios M. Diabetes mellitus. Clasificación y
como também aumentam o nível de triglicérides. Essas diagnóstico. 1º curso internationalde Diabetes mellitus,
duas complicações podem afetar a saúde e devem ser Universidad de la República, Facultad de medicina,
evitados. Por isso é inconveniente o consumo de vinhos Montevidéu, Uruguay, 1982
doces, e é aconselhado o consumo moderado de vinhos Goldschmidt de Arribeltz L. Importância de la activitad física em
certificados, de boa qualidade como os ecológicos, sendo el diabético, 1º curso international de Diabetes mellitus,
Universidad de la República, Facultad de medicina,
importante sempre comer alguma coisa antes e durante Montevidéu, Uruguay, 1982.
o consumo de vinho. Nunca se pode beber vinho com o Goldschmidt de Arribeltz L. Tratamiento de la diabetes, Revista
estomago vazio. Devemos também considerar que muitas Sala de Espera;1(9), Montevidéu, Uruguay
vezes o diabético ingere álcool em festas, o que implica Goldschmidt de Arribeltz L. Las Nuevas insulinas, revista de la
um aumento do gasto energético e do consumo de glicose, associación de diabéticos del Uruguay, nov 2001.
Goodman and Gilman, Bases de Farmacologia y terapêutica,
e por isso devera ingerir uma quantidade suficiente de Pergamon presse. 1996
carboidratos antes, durante e depois da atividade. Grau JM, Guardiã J, Net A. Medicina interna fundamental,
As recomendações da American Diabetes Association, Springer, Verlag Ibérica, Barcelona, Espanha, 1998
sobre o tema Diabetes e álcool, são as seguintes: Lorenzo JA, Pignataro F, Maldonado A. Diabetes y drogas. 1º
1 – Se não existe contra-indicações do fato de outras curso international de Diabetes mellitus, Universidad de la
República, Facultad de medicina, Montevidéu, Uruguay, 1982.
doenças e se existe um bom controle metabólico, Maggiolo J. Importância Del control metabólico de la diabetes
recomenda-se seguir de acordo com a população em mellitus. 1º curso international de Diabetes mellitus,
geral. Universidad de la República, Facultad de medicina,
2 – Nenhuma comida deve ser omitida do plano de Montevidéu, Uruguay, 1982.
alimentação em razão das calorias que o álcool pode
trazer, pois poderia precipitar a hipoglicemia.
Recomenda-se que se o álcool faz parte da alimentação
diária, as calorias trazidas pela bebida devem substituir
as calorias gordurosas.
3 – O consumo de álcool deve ser evitado em caso de
gravidez e em pacientes com histórico de abuso de álcool.
American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216
Diabetes 213
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
Prevalência da dislipidemia no diabetes tipo 2 foram reportados em indivíduos com diabetes tipo 2, e
os resultados, de certa forma, contraditórios. No Multiple
O padrão mais comum da dislipidemia em pacientes Risk Factor Intervention Trial (MRFIT), o colesterol
diabéticos tipo 2 é a elevação dos triglicérides e a total, bem como o tabagismo e a pressão arterial, indicam
diminuição do colesterol HDL. Em geral a concentração o desenvolvimento de doença cardiovascular em
de colesterol LDL em pacientes diabéticos tipo 2 não é indivíduos diabéticos e não diabéticos, sugerindo que os
diferente à dos indivíduos não diabéticos. Os pacientes fatores de risco podem ser indicadores nos dois grupos.
diabéticos podem apresentar níveis elevados de colesterol Em um estudo finlandês, o aumento nos níveis dos
não-HDL (LDL e VLDL). Entretanto, os pacientes triglicérides e a diminuição nos níveis de colesterol HDL
diabéticos tipo 2 apresentam uma preponderância de (nem o colesterol LDL nem o colesterol não-HDL)
partículas de LDL menores e mais densas, mesmo se a indicaram DAC em indivíduos com diabetes tipo 2 bem
concentração absoluta de colesterol LDL não esteja definido. Entretanto, após ajuste para colesterol HDL,
elevada de forma significativa. Finalmente, o nível médio nem os triglicérides, nem os VLDL, prognosticaram a
de triglicérides em pacientes diabéticos tipo 2 é < 200 DAC. Em estudos de observação, o HDL pode ser o
mg/dl (2,30 mmol/l) e 85-95% dos pacientes apresentam melhor indicador de DAC em indivíduos com diabetes
níveis de triglicérides inferiores a 400 mg/dl (4,5 mmol/l). tipo 2, seguido pelo colesterol total e pelos triglicérides.
Como em indivíduos não diabéticos, os níveis lipídicos
podem ser afetados por fatores não relacionados à glicemia Estudos clínicos da redução de lipídios em
ou resistência à insulina, como por exemplo, a doença pacientes diabéticos
renal, o hipotireoidismo e a ocorrência freqüente de
distúrbios das lipoproteínas geneticamente determinados. Não foi realizado nenhum estudo clínico sobre os
Estes distúrbios genéticos podem contribuir para a efeitos dos hipolipemiantes na DAC, especificamente
hipertrigliceridemia severa observada em alguns pacientes em indivíduos diabéticos. Entretanto, vários estudos
com diabetes. Além disso, o consumo do álcool e clínicos incluíram um pequeno número de adultos com
estrogênio podem contribuir também para a diabetes tipo 2. No Scandinavian Simvastatin Survival
hipertrigliceridemia. Study, a simvastatina (inibidor da HMG CoA-redutase)
reduziu de forma significativa a incidência de DAC e a
Lipoproteínas como fatores de risco para a doença mortalidade total em indivíduos diabéticos com colesterol
arterial coronariana (DAC) LDL elevado e com DAC. No Cholesterol and Recurrent
Events (CARE), a pravastatina reduziu de forma
Relativamente poucos estudos prospectivos sobre significativa a incidência de DAC em indivíduos
lípides e lipoproteínas como prognosticadores de DAC, diabéticos com níveis médios de LDL e com DAC clínica
214 American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216
anterior. No Helsinski Heart Study, o genfibrozila alterações. O colesterol LDL pode diminuir
(derivado do ácido fíbrico) foi associado à redução de modestamente (em até 10-15%), alcan-çando um controle
DAC em indivíduos diabéticos sem incidência anterior glicêmico ideal. Com um melhor controle glicêmico pode-
de DAC (embora este resultado não tenha sido se também diminuir os níveis de triglicérides e alterar
estatisticamente significativo). No Veterans Affairs High favorávelmente na composição do LDL.
Density Intervention Trial (VA-HIT), genfibrozila foi
associado com diminuição em 24% dos eventos Objetivos do tratamento das lipoproteínas
cardiovasculares em pacientes diabéticos com doença
cardíaca pré-existente. As categorias de risco de DAC, de acordo com os
níveis de lipoproteína nos pacientes diabéticos tipo 2,
Modificação das lipoproteínas através da terapia são apresentadas na tabela 1. Devido as freqüentes
nutricional e da atividade física alterações no controle glicêmico em pacientes diabéticos
e seus efeitos nos níveis de lipoproteínas, os níveis de
A perda de peso e o aumento da atividade física levará LDL, HDL e colesterol total, bem como os níveis de
à redução dos triglicérides e ao aumento dos níveis de triglicérides, devem ser medidos anualmente em
colesterol HDL e também à modesta redução do pacientes adultos. Se os valores caírem a níveis de risco
colesterol LDL. Os pacientes diabéticos que estão acima mais baixo, a avaliação deve ser realizada a cada 2 anos.
do peso devem ser orientados para um tratamento Em crianças diabéticas, a avaliação das lipoproteínas
nutricional e aumento da atividade física. A quantidade deve ser considerada após os 2 anos de idade.
de gordura saturada na refeição deve ser reduzida. A
American Diabetes Association sugere um aumento nos Tabela 1 – Categoria de risco baseada nos níveis de
carboidratos ou gorduras monosaturadas para compensar lipoproteína em adultos com diabetes
a redução da gordura saturada. Alguns estudos (mas não
Risco Colesterol LDL Colesterol HDL Triglicérides
todos) sugerem que uma dieta com alto teor de gordura
monoinsaturada pode apresentar melhores efeitos
Alto >130 < 35 > 400
metabólicos, ao contrário de uma dieta com alto teor de
carboidratos. Limítrofe 100-129 35-45 200-399
A terapia nutricional reduz, em geral, 15-25 mg/dl do Baixo < 100 > 45 < 200
colesterol LDL (0,40-0,65 mmol/l). Desta forma, se o
colesterol LDL está 25 mg/dl (0,65 mmol/l) acima da Os dados são apresentados em miligramas por decilitro. Para as
mulheres, os valores de colesterol HDL devem ser aumentados em
meta, o médico pode adotar um tratamento farmacológico 10 mg/dl.
aliado a uma terapia comportamental, para pacientes com
alto risco (como pacientes diabéticos com infarto do Os níveis ideais de colesterol LDL para adultos com
miocárdio anterior e/ou outros fatores de risco de DAC). diabetes são de < 100 mg/dl (2,60 mmol/l), os de
Em outros pacientes, as intervenções no comportamento colesterol HDL são > 45 mg/dl (1,15 mmol/l) e os níveis
podem ser avaliadas em intervalos de seis semanas, com desejáveis de triglicérides são < 150 mg/dl (1,70 mmol/
avaliação do tratamento farmacológico entre 3 e 6 meses. l). Em mulheres que, pelo menos quando não diabéticas,
tendem a apresentar níveis de colesterol HDL mais altos
Modificação das lipoproteínas pelos agentes que os homens, é desejável que apresentem níveis de
hipoglicemiantes colesterol HDL superiores a 45 mg/dl [1,15 mmol/l].
Entretanto, é muito difícil elevar os níveis de colesterol
A melhora da glicemia geralmente reduz os níveis de HDL com medicamentos em pacientes diabéticos, uma
triglicérides. Em geral, os agentes hipoglicemiantes não vez que o agente mais eficaz na elevação do colesterol
alteram ou apresentam apenas um efeito modesto na HDL é o ácido nicotínico, que é relativamente contra-
elevação dos níveis de
HDL. Entretanto, a Tabela 2 – Decisões de tratamento baseadas no nível de colesterol LDL em adultos com diabetes
composição do HDL
pode mudar num sentido Terapia nutricional Tratamento medicamentoso
considerado antia- Nível inicial Meta do LD Nivel inicial Meta do LDL
terogênico. As tia-
Com CAD, DVC ou DVP ≥ 100 < 100 ≥ 100 < 100
zolidinedionas podem
aumentar os níveis de Sem CAD, DVC e DVP ≥ 100 <100 ≥ 130* < 100
HDL e LDL, mas não é Os dados são apresentados em miligramas por decilitro. *Para pacientes com LDLentre 100 e 129 mg/
conhecido o efeito a dl, várias estratégias de tratamento são possíveis, como terapia nutricional mais agressiva e tratamento
longo prazo dessas com estatinasdevem ser aumentados em 10 mg/dl.
American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 215
especialmente com genfibrozila ou fenofibrato, foi normal). Sua composição de lipoproteínas pode ser
associada a um aumento do risco de miosite, embora o anormal, mas os efeitos destas anormalidades em relação
risco de miosite clínica (em oposição aos níveis elevados à DAC são desconhecidos. Existem relativamente poucos
de fosfocinase de creatinina) pareça menor. A associação dados de observações sobre as lipoproteínas e a DAC, e
de estatinas com ácido nicotínico é extremamente eficaz não existem estudos clínicos relacionando as
na modificação da dislipidemia diabética (com os maiores lipoproteínas à DAC. Os pacientes diabéticos tipo 1, que
aumentos nos níveis de colesterol HDL), mas a apresentam níveis de colesterol LDL acima das metas
combinação pode agravar de forma significativa a recomendadas para pacientes diabéticos tipo 2 (tabela
hiperglicemia. Assim, esta associação deve ser usada com 2), devem ser submetidos a um tratamento eficaz. Para a
bastante cuidado: empregue doses baixas de ácido redução da DAC, a melhora do controle glicêmico pode
nicotínico (£ 2 g de ácido nicotínico por dia) com controle ser mais importante para os pacientes diabéticos tipo 1
freqüente dos níveis de glicose. do que para o do tipo 2.
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
Prevalência das complicações crônicas do diabetes má adaptação do paciente ao tratamento prescrito é ainda
o maior obstáculo para o controle do diabetes e a
Indivíduos portadores de diabetes tipo 1 ou 2 são prevenção de suas complicações agudas e crônicas.
susceptíveis de complicações crônicas do diabetes. Existe A literatura identifica 4 fatores associados como boas
uma relação linear entre a duração do diabetes e as ferramentas de auto-cuidado:
complicações crônicas. Existe também uma relação linear · Características dos pacientes
entre a idade e o desenvolvimento de complicações
crônicas: o risco é maior no paciente mais velho. · Características da relação paciente-médico e sistema
Após 15 anos de diabetes, mais de 90% dos diabéticos de saúde
tipo 1 e 55-85% dos portadores do tipo 2, têm uma forma · Ausência de stress ligado à doença
qualquer de retinopatia diabética. Dentre os portadores · Características da rede e do contexto social.
de diabetes tipo 2, 21% tinham uma retinopatia na época
do diagnóstico. Características dos pacientes
30-40% dos pacientes diabéticos tipo 1 e 20-30% do
tipo 2, desenvolvem uma nefropatia diabética após 30 Caracteres pessoais, estilo de vida com problemas
anos de duração da doença. Quase 70% dos pacientes específicos ou stress, crenças pessoais, compreensão da
diabéticos apresentam um grau de lesão nervosa doença e estilo de aprendizagem, são indicadores dos
periférica, dos quais 25% têm sintomas suficientes para comportamentos de auto-cuidados em indivíduos
interferir nas atividades diárias. A neuropatia é presente portadores de doenças crônicas como o diabetes. Crenças
em 12% dos pacientes no momento do diagnóstico. sobre a saúde dos indivíduos e suas percepções da terapia
As taxas de mortalidade por doença arterial do diabetes podem facilitar ou inibir a adaptação ao
coronariana em pacientes diabéticos, são duas a três vezes tratamento e ao controle glicêmico. O desenvolvimento
maiores em homens e mulheres diabéticos, quando de ferramentas eficientes melhoram os auto-cuidados e o
comparados com populações não diabéticas. Para as controle metabólico, permitindo uma maior auto-estima
doenças vasculares cerebrais, os diabéticos apresentam e melhor eficácia no tratamento do diabetes. Estudos
também taxas de mortalidade 3 a 5 vezes maiores do demonstraram que a realização de mudanças em
que a população não diabética. comportamentos múltiplos, para diminuir o risco de
Os diabéticos têm um risco de amputação 15 vezes complicações em doenças, exige um nível elevado de cog-
maior do que os não-diabéticos, em razão da neuropatia nição, bem como a vontade de alterar o comportamento.
periférica e /ou da doença vascular.
Características da relação paciente-médico e
Papel da educação na prevenção das complicações sistema de saúde
diabéticas
Vários estudos documentam a importância das
A importância do papel da educação em diabetes no ferramentas de comunicação dos médicos e a sua
manejo do diabetes foi descrita pelo Dr EP Joslin a partir interação com os pacientes, como fatores determinantes
de 1920. Apesar de que inúmeros estudos mostraram da adaptação e satisfação com o tratamento. Os pacientes
melhoras do controle glicêmico com a educação em aderem muito mais ao tratamento quando o médico
diabetes, continua a prevalência das complicações. Uma fornece explicações claras e comentários positivos.
explicação possível: existe um gap entre o que os pacientes
diabéticos deveriam fazer para cuidar da sua doença e Ausência de stress ligado à doença
prevenir as complicações, comparado com o que eles
fazem realmente. Ultrapassar este gap pode ajudar Os indivíduos portadores de diabetes de grupos
entender que a educação em diabetes vai mais longe de socialmente e culturalmente desfavorecidos, tendo menos
que melhorar a informação e o auto-cuidado físico. acessos aos recursos de saúde, têm uma maior incidência
de complicações diabéticas e da taxa de mortalidade. Isso
Magnitude dos problemas de educação em diabetes resulta, em parte, da menor aceitação nas classes baixas, do
comportamento de prevenção e de manutenção da saúde.
O diabetes é uma doença crônica com graves Um exemplo é o tabagismo. A complacência do paciente
complicações, pela qual os indivíduos são responsáveis depende da sua cooperação e da compreensão da doença.
por 95% de seus próprios cuidados. Assim, é importante
que eles adquiram o conhecimento sobre as ferramentas Características da rede e do contexto social
de auto-cuidado para as decisões diárias A complexidade
no manejo do diabetes e sua integração na vida diária, O suporte social ou os obstáculos sociais ao
explicam a dificuldade da adaptação ao tratamento. A tratamento, têm profundos efeitos sobre a prevenção das
Recomendações da International Diabetes Federation / Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 219
complicações da doença. O UKPDS e outros estudos com pacientes diabéticos. E deve ser enfatizada a
demonstraram que pacientes diabéticos, que têm um bom necessidade de seguir os modelos de cuidados.
controle de pressão sanguínea, apresentam menores taxas Diminuições da taxa de amputação entre 44 e 85% foram
de mortalidade (42% para acidente vascular cerebral e reportadas, após melhora devido à educação em cuidados
14% para doença arterial coronariana). No mesmo do pé.
estudo, foi indicado que o manejo multidisciplinar da
hipertensão é fortemente recomendado, porque resulta
· Colaboração do sistema público de saúde e
estratégias comunitárias, são outras estratégias utilizadas
no melhor controle da pressão sanguínea do que em
para a promoção da saúde na detecção precoce do
outros modelos.
diabetes e complicações. Difusão da informação deve
· Complicações agudas do diabetes podem ameaçar a incluir prevalência, fatores de risco, prevenção, detecção
vida, como a alteração do estado mental, a perda da precoce e modelos de tratamento.
consciência e, possivelmente, a morte. Prevenção,
conhecimento dos sintomas e modelos de ação, são Detecção precoce
tópicos importantes para ensinar em programas de
educação após diagnóstico. Familiares devem ser
incluídos no programa de educação.
· Todos os indivíduos portadores de diabetes tipo 1
após puberdade ou 5 anos pós diagnóstico, e todos os
· A eficiência da educação em diabetes deve ser portadores de diabetes tipo 2, devem ser informados
periodicamente reavaliada e revisada. sobre a necessidade de um programa de rastreamento
· Educação em diabetes deve ser um processo anual das complicações diabéticas.
estruturado e continuo. A revisão deve ocorrer em · Todas as mulheres portadoras de diabetes em idade
intervalos periódicos e novos resultados de pesquisas de gravidez, devem ser informadas do programa de
devem ser mostrados aos indivíduos portadores de rastreamento das complicações diabéticas antes da
diabetes. Vários estudos demonstram os benefícios a gravidez.
curto prazo da educação em diabetes. Entretanto, poucos
estudos foram realizados para observar a eficiência da Manejo das complicações
educação para manter um bom controle metabólico a
longo prazo. Tankova observou uma diminuição do
controle metabólico nos pacientes após um ano de
· Na presença de complicações, os pacientes devem
receber tratamento e educação apropriados. Após o
educação. Em estudo de acompanhamento de 6 anos de
tratamento e educação de 6 meses em 32 pacientes
106 pacientes diabéticos tipo 1, o controle glicêmico se
portadores de diabetes tipo 2 e doença cardíaca isquêmica
deteriorou após 3 anos de educação. Outro estudo sobre
crônica, o número de fatores de risco cardíaco diminuiu,
a avaliação da educação em diabetes após 3 anos,
a qualidade de vida e o controle metabólico melhoraram,
observou uma taxa de declínio entre 2 e 2,5 anos. Baseada
e HbA1c diminuiu de 11% para 8%.
nestes achados, a reeducação é absolutamente necessária
para manter os efeitos benéficos da educação e deve ser · Programas de reabilitação devem ser propostos aos
realizada em intervalos de 2 anos. pacientes debilitados pelas complicações do diabetes.
· Os cuidados do diabetes com programa familiar pode Conclusão
ajudar na adaptação ao tratamento. Entender o contexto
familiar de cuidados, crenças e organização ajudará Com a evidência dos estudos do DCCT e UKPDS sobre
bastante para melhorar os resultados nas intervenções a possível prevenção das complicações crônicas do
com o paciente e na família. diabetes, a educação em diabetes tem um papel muito
· Bons relacionamentos paciente-médico são importante para a prevenção e o manejo das complicações.
essenciais para melhorar a complacência ao tratamento Na ausência de programa de educação, as complicações
e o controle metabólico dos pacientes diabéticos. do diabetes não podem ser prevenidas. Realizar um
· Educação para atualizar os cuidados e o manejo do controle glicêmico ideal é um processo complexo,
diabetes deve estar disponível para os profissionais de envolvendo treinamento em auto-cuidados em diabetes,
saúde. Tópicos de discussão devem incluir prevenção, onde o doente é o primeiro quem decide e a equipe de
detecção precoce e manejo das complicações diabéticas, profissionais em saúde fornece suporte e recomendações
estratégias de mudanças das práticas atuais, ciência do apropriadas. Com melhor conhecimento da ciência do
comportamento e conhecimentos dos fatores culturais. comportamento e compreensão dos fatores culturais da
educação em diabetes, teremos melhores ferramentas para
· Recomendações e modelos de cuidados devem estar atingir nosso principal objetivo – melhorar a qualidade de
disponíveis para todos os profissionais que trabalham vida dos indivíduos portadores de diabetes.
Diabetes Clínica 03 (2002) 221
EM DIABETES
7ª EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E ALIMENTOS PARA PORTADORES DE DIABETES
26, 27 e 28 de julho de 2002
Local: Fundação Álvares Penteado (FECAP), Av. Liberdade, 532 São Paulo SP
Informações: ANAD
Tel (11) 5572-6559/ 5549-6704
E-mail: anad@anad.org.br
Site: www.anad.org.br
Site congresso: www.anad.org.br/congres7.htm
Endereço: Rua Eça de Queiroz, 198 Vila Mariana, 04011-031 São Paulo SP
Os trabalhos de temas livres visam, acima de tudo, Não serão aceitos resumos via fax ou correio.
proporcionar aos profissionais de todas as Os resumos deverão ser enviados impre-
especialidades a oportunidade de apresentar sua terivelmente até a data limite de 30/05/2002.
contribuição na área de Diabetes mellitus. A elaboração e organização do tema livre deverão
Os temas livres deverão ser enviados à secretaria da seguir o modelo contido no site do congresso
ANAD sob a forma de resumo e serão selecionados www.anad.org.br/congres7.htm
para apresentação oral. Serão permitidos até 10 autores por trabalho.
Os temas livres deverão ser enviados por e-mail O primeiro autor deverá necessariamente estar
(anad@anad.org.br). inscrito no congresso.
Diabetes Clínica 03 (2002) 225
Calendário de Eventos
JUNHO DE 2002 16 a 18 de agosto
VIIIo Encontro gaúcho de diabetes
19 a 22 de junho AMRIGS, Porto Alegre
ENDO 2000: LXXXIV Reunião Anual Presidente: prof. Dr. Balduino Tschiedel
Moscono Center, São Francisco, Califórnia Informações: (51) 3330 1134
www.endo-society.org
Tel: +1 301 941 0220 18 a 23 de agosto
XIXo International Congress of the Transplantation Society
27 a 29 de junho Buenos Aires, Argentina
ENDORECIFE 2002 Tel: 54 11 4381 1777
Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE Fax: 54 11 4382 6703
Tel/Fax: (081) 3423-1300 E-mail: info@transplantation2002.com
www.jz.com.br / E-mail: latache@assessor-pe.com.br
24 a 29 de agosto
28 a 29 de junho 9th International Congress on Obesity
IIo Congresso Catarinense de Endocrinologia e Metabologia Hotel Transamérica, São Paulo, SP
Associação Catarinense de Medicina, SBEM-SC Informações: www.abeso.org.br
Tel: (48)231-0326 Tel: (11) 3079-2298
www.acm.org.br/sbem-sc Fax: (11) 3079-4232
24 a 29 de agosto
JULHO DE 2002 12th Annual Scientific Meeting of the Diabetic Neuropathy Study
3 a 6 de julho Group of the EASD (NEURODIAB)
2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em Diabetes Balatonfüred, Lake Balaton, Hungria
Mellitus SAREDIA 2002 Tel:+49-211-33821
Centro de convenciones de Guanajuato, México E-mail: dan.ziegler@ddfi.uni-duesseldorf.de
Informações: Dr Jacinto Lang Website: www.neurodiab.org
E-mail: jlangp@infomed.sld.cu 30 a 31 de agosto
6 e 7 de julho 9th International Congress on Obesity
4th International Congress Diabetes in Ásia Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic
Hotel Hilton, Colombo, Sri Lanka Syndrome
Tel: 94 1 872951 Fax: 872952 Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ
E-mail: dast@zitnet.lk Informações (21) 2286-2846
6 e 7 de julho www.jz.com.br
1o Encontro de podologia e atualização em Pé Diabético do
Hospital Brigadeiro SETEMBRO DE 2002
Centro de Estudos do Hosp. Brigadeiro, São Paulo SP 1 a 5 de setembro
Av Brigadeiro Luiz Antônio, 2651 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes
Tel: (11) 287-4042/287-3638 EASD 2002
26 a 28 de julho Budapest, Hungria
7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706,
7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de 1365 Budapest 5 - Hungria
diabetes Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582
Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP E-mail: easd2002@congress.blavo.hu
Informações: ANAD (11) 5572-6559 7 a 11 de setembro
Fax: (11) 5549-6704 5th International Congress of Neuroendocrinology
www.anad.org.br/congres7.htm Bristol, Reino Unido
E-mail: anad@anad.org.br Tel: +44 (0) 1454 642-211
www.bioscientifica.com/icn2002.htm
AGOSTO DE 2002 17 a 21 de setembro
7 a 11 de agosto 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium
29th Annual Meeting e Educational Program American Association Westin Copley Place, Boston, Massachusetts
of Diabetes Educators Informações: The American Society of Bariatric Physicians
Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania Tel: (303) 770 2526
Tel: (312) 424-2426 Fax: (303) 779 4834
www.aadenet.org/annual.htm E-mail: bariatric@asbp.org / www.asbp.org
16 a 17 de agosto 18 a 21 de setembro
5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes Meeting
Rio de Janeiro Graz, Austria
Colégio Brasileiro de Cirurgiões Informações: Prof. Dr. Martin Borkenstein,
Informações: (21) 2531-3313 Tel: +43-316-385-2610
226 Diabetes Clínica 03 (2002)
A revista Diabetes Clínica é uma publicação com relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico,
periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse
divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao e atualidade interessem a publicação na revista.
Diabetes. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos
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Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também
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como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com
surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem
autores já aceitem estas condições. observações, resultados iniciais de estudos em curso, e
A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na
(Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical revista, com condições de argumentação mais extensa que na
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pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas,
com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho
completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito,
International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), itálico, sobre-escrito, etc.
www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e
Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser
da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo editados em Power Point, Excel, etc
eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências
entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que bibliográficas.
será notificado ao autor.
O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou 5. Resumos
retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos
nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do
conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros
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1. Editorial
Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou 6. Correspondência
por um de seus membros. Esta seção publicará correspondência recebida, sem que
Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 necessariamente haja relação com artigos publicados, porém
em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times relacionados à linha editorial da revista.
Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, Caso estejam relacionados a artigos anteriormente
itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes
que dez referências. de se publicar a carta.
Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as
2. Artigos originais especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas
Serão considerados para publicação, aqueles não publicados ou figuras.
anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que
versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e
tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL
Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas,
formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 1. Normas gerais
12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em
itálico, sobre-escrito, etc. processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de
Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times
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(formatos .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power- 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para
Point, Excel, etc. cada tabela junto à mesma.
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bibliográficas. as especificações anteriores.
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texto. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo,
introdução, material e métodos, resultados, discussão,
3. Revisão conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela
Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave
228
Normas de publicação Diabetes Clínica
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utilizado e outros programas e sistemas.
Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras
2. Página de apresentação iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor
A primeira página do artigo apresentará as seguintes do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em
informações: grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora,
- Título em português e inglês. ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e
- Nome completo dos autores, com a qualificação curricular final, ponto.
e títulos acadêmicos.
- Local de trabalho dos autores. Exemplo:
- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o
respectivo endereço, telefone e E-mail. 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor.
- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.
para paginação. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78.
- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe,
aparelhos, etc. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es),
letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto.
3. Autoria Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação
Todas as pessoas consignadas como autores devem ter seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de
participado do trabalho o suficiente para assumir a dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar
responsabilidade pública do seu conteúdo. maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados
O crédito como autor se baseará unicamente nas de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of
contribuições essenciais que são: a) a concepção e Journals Indexed in Index Medicus”.
desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a
redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante Exemplo:
de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression
que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente and localization of urokinase-type plasminogen activator
as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.
obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a
participação como autor. A supervisão geral do grupo de 6- Agradecimentos
pesquisa também não é suficiente. Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio
financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou
4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do
Na segunda página deverá conter um resumo (com no artigo, antes as referências, em uma secção especial.
máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200
palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:
O conteúdo do resumo deve conter as seguintes
informações: Jean-Louis Peytavin
- Objetivos do estudo. Atlantica Editora
- Procedimentos básicos empregados (amostragem, Rua Conde Lages, 27 - Glória
metodologia, análise). 20241-080 Rio de Janeiro RJ
- Descobertas principais do estudo (dados concretos e Tel: (21) 2221 4164
estatísticos). E-mail: jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior
novidade.
Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-
chave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para
tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de
cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings –
MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que
não figurem no MeSH, os termos atuais).
Diabetes Clínica
Diabetes Clínica 03 (2002) 229
Índice
(vol. 6 nº 4 - 2002) 229~304
EDITORIAL
Diabetes Mellitus: o impacto do presente e as promessas do futuro
Fadlo Fraige Filho ........................................................................................................................................... 231
PRODUTOS E NOVIDADES
Gelatinas Stevia Plus, Pó para preparo de leito condensado light, Pó para preparo
de bolo light (Lowçucar), A1cNow (Metrika), Precision Link (Abbott) ...................................................... 259
ARTIGO ORIGINAIS
A importância do atendimento odontológico de pacientes submetidos a transplantes de órgãos
Alexandre Fraige .............................................................................................................................................. 269
ATUALIZAÇÃO
Recomendações da International Diabetes Federation: Posição sobre alimentação e nutrição ................... 286
FICHA PRÁTICA
O pé diabético. .................................................................................................................................................. 293
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúr-
bios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o
conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas.
Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de
reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à
diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira
rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
Editorial
Continuação Em abril deste ano, cerca de 160 países se reuniram com a Organização
Mundial de Saúde, para discutirem um grave problema, que é o envelhecimento
da população do planeta, pois no ano de 2050, mantendo-se as atuais projeções,
teremos triplicado o número de idosos, que passarão dos 600 milhões atuais
para 2 bilhões. No Brasil a situação será pior ainda, pois teremos triplicado o
número de idosos, passando dos atuais 5,1% para 14,5%.
O reconhecimento de tamanha importância, nos leva a uma corrida nas
pesquisas científicas, para desenvolvimento de novos medicamentos orais,
novas insulinas e a novos meios de aplicá-las. Assim, num futuro breve teremos
insulina inaladas, líquidas de absorção oral, insulinas em comprimidos, através
de tecnologia de proteção e modificação molecular, sistemas compactos,
como pequenas bombas implantáveis na pele ou no sub-cutâneo e adesivos
de liberação pré-programada.
Revolução nos aparelhos de medição de glicemia capilar, alternando os
locais de punção, saindo da ponta dos dedos para outros locais menos sensíveis,
sistemas automáticos à vácuo, glicosimetros acoplados a microcomputadores
tipo Palm, darão enormes possibilidades e infinitas informações, tão
necessárias para a integração de medicamentos, insulinas, tabelas e
constituições de alimentos, gastos energéticos através de exercício físico,
construções de gráficos de comportamento metabólico e inúmeras outras
funções na “palma da sua mão”. Por enquanto, o revolucionário Glucowatch
inicia suas vendas nos EUA.
Para os diabéticos tipo 1 em fase terminal de vida, acometidos da
insuficiência renal fase final, os transplantes de pâncreas e rins tem salvado
vidas e devolvendo os pacientes a quase uma vida normal.
Saindo dos laboratórios e passando para a prática clínica, os transplantes
de ilhotas do pâncreas iniciam-se com um futuro promissor, face à facilidade
dos implantes e por ser um procedimento menos invasivo, porém com grande
dificuldade técnica laboratorial e de custos.
Inicia-se pesquisas das células-troncos ou stem cells, que, sem dúvida
alguma, serão no futuro as substitutas das células β destruídas ou defeituosas
nos pacientes com diabetes. As primeiras pesquisas feitas em macacos foram
comunicadas recentemente no congresso da Endocrine Society (Sociedade
Americana de Endocrinologia), em junho deste ano.
A terapêutica genética, ainda num futuro indeterminado, será a resolução
do diabetes e de muitas outras doenças genéticas.
Se, de um lado, milhões de pessoas se tornarão diabéticas, a corrida científica
e de pesquisa estará minimizando o impacto desta temível doença. E, sem
dúvida alguma, estaremos caminhando para o seu controle, na busca definitiva
do ideal de todos que é a sua cura.
Diabetes Clínica 04 (2002) 233
Continuação do nível basal, p < 0,05) e CRP (70% do basal, p < 0,05). No início FMD era
3,4 ± 1,2% e aumentou significativamente para 8,6 ± 1,9% (p < 0,05) na
semana 6. A vasodilatação endotelial independente induzido por nitroglicerina
também aumentou de 11,8 ± 1,4% no início para 16,7 ± 2,3% na semana 6 (p
< 0,05). Concluímos que a rosiglitazona exerce um efeito antiinflamatório ao
nível celular, molecular e plasmático. RSG também melhora a reatividade
vascular. Esses achados poderiam ter implicações sobre o mecanismo da
aterogênese a longo prazo em pacientes tratados por RSG.
Heart Protection Study, Clinical Trial Heart Protection Study: estudo controlado por placebo em 20.536
Service Unit and Epidemiological pacientes com risco elevado usando sinvastatina
Studies Unit, Radcliffe Infirmary,
Oxford, Lancet 2002; 360: 7-22, Introdução: Concentrações sanguíneas menores de LDL-colesterol são
6 de julho 2002 associadas, em populações ocidentais, com risco reduzido de doença
cardiovascular. Nessas populações, a diminuição do LDL-colesterol pode
diminuir o desenvolvimento de doenças vasculares, independentemente das
concentrações iniciais de colesterol.
Métodos: 20.536 adultos ingleses (idade 40-80 anos) portadores de doença
coronariana, outra doença arterial obstrutiva ou diabetes, foram randomizados
para receber 40 mg/dia de sinvastatina (complacência média: 85%) ou placebo
(uso médio de estatina fora do estudo: 17%). Foram analisadas as primeiras
ocorrências de eventos particulares e comparados todos os participantes
recebendo sinvastatina ou placebo. Essas comparações avaliam os efeitos de
aproximadamente dois terços dos participantes (85% menos 17%) tratado
com estatina durante o período programado de 5 anos. Os eventos registrados
foram mortalidade e eventos vasculares fatais e não-fatais, com avaliações
secundárias de câncer e outra morbidade maior.
Resultados: A mortalidade para qualquer causa foi significativamente
diminuída (1328 [12,9%] mortes entre os 10.269 tratados por sinvastatina
vs. 1507 [14,7%] entre os 10 267 tratados por placebo; p = 0,0003), devido
a uma diminuição altamente significativa da taxa de morte por doença
coronariana (587 [5,7%] vs. 707 [6,9%]; p = 0,0005), uma diminuição
significativa das outras mortes por causa vascular (194 [1,9%] vs. 230
[2,2%]; p = 0,07), e uma diminuição não-significativa das mortes de origem
não vascular (547 [5,3%] vs. 570 [5,6%]; p = 0,4). Foi observada uma
diminuição altamente significativa de 25% da taxa de infarto do miocárdio
não-fatal ou morte coronariana (898 [8,7%] vs 1212 [11,8%]; p < 0,0001), e
de acidente vascular cerebral fatal ou não-fatal (444 [4,3%] vs 585 [5,7%];
p < 0,0001), e de revascularização coronariana ou não-coronariana (939
[9,1%] vs 1205 [11,7%]; p < 0,0001). Para a primeira ocorrência de qualquer
um desses eventos vasculares, foi observada uma diminuição de 24% (SE
3; 95% IC 19-28) da taxa de evento (2033 [19,8%] vs. 2585 [25,2%]
indivíduos afetados; p < 0,0001). Durante o primeiro ano, a diminuição de
eventos vasculares não foi significativa, mas se tornou altamente significativa
durante os anos seguintes. A diminuição proporcional da taxa de evento foi
semelhante (e significativa) em cada subcategoria de participante estudada,
incluso: os sem doença coronariana diagnosticada que apresentavam doença
cérebro-vascular, que tinham uma doença arterial periférica, ou diabetes;
homens e, separadamente, mulheres; participantes com idade superior ou
não a 70 anos no início; e, também, participantes com nível de colesterol <
3,0 mmol/l (116 mg/dl), ou colesterol total < 5·0 mmol/l (193 mg/dl). Os
benefícios da sinvastatina se acrescentaram aos dos outros tratamentos
cardioprotetores. O risco anual de miopatia foi de 0,01%. Não foram
236 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002)
David Pettit et al, American Diabetes Comparação de análogo de insulina, insulina aspart e insulina
Association 62st Scientific Sessions, humana regular com tratamento sem insulina em diabetes
San Francisco, Califórnia, gestacional
14 a 18 de junho de 2002
Insulina é recomendada para mulheres portadores da diabetes gestacional
incapazes de realizar o controle metabólico com dieta. Os análogos da insulina
de ação rápida oferecem o potencial para melhorar o controle da glicose pós-
prandial, mas a superioridade dessas preparações sobre a insulina regular não
foi estabelecida na gravidez. Insulina aspart e humana regular foram
comparadas durantes testes de refeições padronizados em mulheres portadoras
de diabetes gestacional necessitando de insulina. 15 mulheres com diabetes
diagnosticado nas semanas 18-28 de gestação, sem controle metabólico
adequada com dieta em tratamento único, realizaram um teste em três primeiras
refeições. No primeiro dia, nenhuma insulina exógena foi usada. No segundo
dia, insulina aspart ou regular foi usada após randomização, e no terceiro dia,
a outra insulina foi usada. Insulina aspart foi administrada 5 minutos e a regular
30 minutos antes do início da refeição. Os testes, que consistiram em 20% da
ingestão calórica diária, incluíram 40% de carboidratos, 20% de proteínas e
40% de gordura. A glicose plasmática foi medida 30 e 0 minutos antes da
refeição e 15, 30, 60, 90, 120, 180 e 240 minutos após a refeição. O pico da
glicose pós-prandial (PPG), que era de 60 minutos nos três testes, foi
significativamente menor com aspart e regular, do que sem insulina. Ao
contrário, a área sob a curva (AUC) da glicose de 3 e 4 horas, foram
significativamente menores com aspart do que sem insulina, mas não foram
muito diferentes entre insulina regular e sem insulina.
Tipo de insulina PPG vs. sem PG vs. sem insulina AUC vs. sem
(mg/dl) 60 min insulina 3 e 4 horas (mg.h/dl) 3 horas insulina
Anoja S. Attele et al, Diabetes Efeitos antidiabéticos de extrato de Panax ginseng e identificação
2002;51(6):1851-1858, junho de 2002 de um componente efetivo
Nelly Pitteloud et al, 84th annual Resistência à insulina associada a níveis baixos de testosterona
meeting of the Endocrine Society, San em homens
Francisco, 21 de junho de 2002
Segundo este estudo, homens resistentes à insulina têm também níveis
reduzidos de testosterona. A diminuição de secreção de testosterona pode ser
a consequência de alterações no eixo hipotálamo-hipofisário-gonádico e de
diminuições em sex-hormone binding globulin (SHBG).
Os autores pesquisaram se existe uma relação dose-resposta entre o aumento
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) 239
Neville Drasdo et al, Lancet A hypoxia retinal à noite contribui para a retinopatia diabética
2002;359:2251-2253, junho de 2002 (É melhor dormir com as luzes acesas ?)
Doggrell SA. Expert Opin Metformina e estilo de vida previnem o diabetes tipo 2:
Pharmacother 2002;3(7):1011-3, intervenção sobre o estilo de vida tem o efeito maior
julho de 2002
Diabetes mellitus está ocorrendo em proporções epidêmicas em vários
países. Em razão da eficácia limitada da profilaxia por remédios das
complicações diabéticas após instalação da doença, parece mais apropriado
pesquisar os métodos de prevenir o aperecimento do diabetes. Um estudo
recente do Diabetes Prevention Programme Research Group investigou se as
alterações do estilo de vida ou a metformina, eram eficazes para atrasar o
surgimento do diabetes em indivíduos com tolerância à glicose diminuída.
Os objetivos da intervenção intensiva sobre o estilo de vida, eram o de obter
e manter uma diminuição de peso de 7%, através de uma dieta de baixa caloria,
pouca gordura e a promoção de uma atividade física de intensidade moderada,
tal como uma caminhada de pelo menos 150 minutos/semana. A eficiência
da intervenção sobre o estilo de vida foi um sucesso, mas diminuiu com o
tempo. A metformina é responsável por uma perda de peso significativa, mas
inferior à intervenção sobre o estilo de vida. As duas terapias diminuíram a
glicose de jejum de uma maneira semelhante. O programa de estilo de vida
diminuiu mais a HbA1c do que a metformina. Tanto a intervenção intensiva
no estilo de vida quanto a metformina, diminuíram a incidência do diabetes,
mas o programa de estilo de vida tem o efeito maior.
Celafisc, São Caetano do Sul, SP, Tendência secular: diminuição dramática da força muscular
programa Agita São Paulo,
julho de 2002 Uma das preocupações da área de ciências do esporte e promoção da saúde,
tem sido o comportamento das variáveis de aptidão física dos escolares ligada
à saúde, por exemplo: peso, altura, adiposidade corporal, força muscular dos
braços e pernas.
Em 2000, analisamos as variáveis antropométricas em três décadas 1980,
1990, 2000. Este tipo de estudo recebe o nome de tendência secular (TS), que
pode ser positiva, negativa ou nula. Os dados são de escolares adolescentes
residentes no município de Ilhabela-SP, região de baixo nível sócio-econômico.
Participaram desse estudo 496 adolescentes na faixa etária de 10 a 15 anos,
sendo 276 do sexo feminino (11,74 ± 4,39 anos) e 220 do sexo masculino
(11,77 ± 1,64 anos). Foram mensuradas as variáveis antropométricas de: peso
corporal (kg); estatura (cm) e adiposidade corporal através da soma de sete
dobras cutâneas (bíceps, tríceps, subescapular, suprailíaca, axilar média,
abdominal, panturrilha). As variáveis neuromotoras mensuradas foram as de:
dinamometria manual direita e impulsão vertical sem auxílio dos braços.
Encontramos uma TS positiva na adiposidade corporal (masculina: 33,6%),
negativa para força de membros superiores (masculino: -35,5% e feminino: -
28,9%) e nula para a força de membros inferiores (masculina: 7,6% e feminino:
2,9%) e potência aeróbica (masculino: -6,9% e feminino: -5,3%)
Observamos que, com o passar dos anos a população adolescente está cada
vez mais gordinha e com uma diminuição dramática da força muscular. Esses
dados sugerem que uma intervenção no comportamento sedentário é
fundamental durante a fase da adolescência, para promover um melhor índice
de aptidão física, evitando o aumento da adiposidade corporal, melhorando
os níveis de força e potência aeróbica.
Diabetes Clínica 04 (2002) 243
O Diabetes na Imprensa
A pílula da voracidade
JAHH=
Por que é tão difícil emagrecer na adolescência?
3 de julho de 2002 Aquela ‘barriguinha’ que aparece na adolescência pode ir muito além da
vaidade. Quem tem de 10 a 20 anos e vive brigando com a balança pode estar
com a saúde ameaçada. Diabetes, excesso de açúcar no sangue e colesterol
alto. Atenção! Isso não é mais ‘doença de velho’. Elas atacam cada vez mais
cedo. E é bom tomar cuidado, 25% dos adolescentes brasileiros estão acima
do peso. Mas, se emagrecer é fácil, difícil é manter o peso. O pediatra de
244 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2002)
Continuação As pessoas estão cada vez mais sedentárias e os hábitos alimentares mudaram
muito”, disse o pediatra. Quem pensa em ficar magrinho para aproveitar a
praia no verão pode ficar tranquilo - há tratamento. Nada de remédios e
inibidores de apetite, o paciente deve passar por um programa de reeducação
alimentar. “O programa deve atingir a família também. Não adianta pedir
para o adolescente mudar os hábitos alimentares, se os pais continuam fazendo
tudo errado”. Diversos estudos já demonstraram que, quanto mais tempo se
passa vendo televisão ou diante do computador, mais chances têm de se tornar
obeso. “O tempo que é gasto com essas atividades, poderia ser usado em
atividades físicas. Antigamente, as crianças e adolescentes jogavam futebol
nas ruas, soltavam pipas, brincavam de queimada. Hoje, as atividades físicas
são agendadas, programadas pelos pais”, disse Fisberg. Atenção redobrada
para quem come assistindo à televisão ou diante do computador. Pesquisadores
americanos descobriram que cada refeição feita diante da TV aumenta de 38
a 73 minutos o tempo total diário diante do aparelho. “Ajudar as famílias a
restringir a freqüência com que as crianças comem assistindo à TV pode
auxiliar na redução do tempo que os filhos passam diante da televisão e na
diminuição da obesidade”, disse o coordenador da pesquisa. Quanto maior a
faixa etária, mais tempo é gasto em frente à TV. “No Brasil, os adolescentes
passam, em média, cinco ou seis horas por dia na frente do aparelho”, disse
Fisberg.
Malene Hollingdal et al, 62th Scientific A repaglinida aumenta a secreção de insulina na primeira fase e
Sessions, American Diabetes libera a insulina pulsátil de alta frequência em diabetes tipo 2
Association, San Francisco,
Califórnia, 14-18 de junho de 2002 A pulsatilidade da insulina basal de alta frequência e dependente da glicose
é perturbada em diabetes tipo 2. Este estudo foi realizado para entender a
influência possível de um secretagogo não-sulfoniluréia, a repaglinida, sobre
a pulsatilidade da insulina em diabetes tipo 2. Por isso, foram examinados 10
pacientes portadores de diabetes tipo 2 (idade 53,4 ± 8,9 anos, IMC 29,9 ±
3,7 kg/m2, HbA1c 7,0 ± 1,1%, média ± DP), em estudo controlado por placebo
e cruzado. Os participantes foram tratados com repaglinida (REP) 3-9 mg/dia
ou placebo durante 6 semanas, com dosagem ajustada semanalmente. No
final de cada período de tratamento a secreção da primeira fase da insulina
(15g de glicose endovenosa) foi medida. Secreção foi avaliada usando infusão
de bolo de glicose (6 mg/kg de peso corporal cada 10 minutos), por 60 minutos
durante (i) condições de linha base e (ii) 30 minutes após uma dose oral de
REP ou placebo 0,5 mg. Os resultados são dados como REP vs. placebo.
HbA1c apresenta uma tendência a diminuir (p = 0,075). AUCins durante a
primeira fase de teste de secreção de insulina aumentou durante repaglinida
(1578 ± 523 vs. 1139 ± 451 pM/l per 10 min, p < 0,05). Glicose produz uma
explosão de secreção de insulina com volume e amplitude aumentados durante
o tratamento de repaglinida (volume: 44,4 ± 6,0 vs. 31,4 ± 3,3 pmol.l-1pulso-
1, p < 0,05; amplitude 17,7 ± 2,4 vs. 12,6 ± 1,3 pmol.l-1min-1, p < 0,05),
Mohammed F. Saad et al, American Ragaglitazar melhora o perfil lipídico e o controle glicêmico em
Diabetes Association 62st Scientific diabetes tipo 2 hipertrigliceridemico
Sessions, San Francisco, Califórnia, 14
a 18 de junho de 2002 Ragaglitazar faz parte de uma nova classe de PPARg e a-agonistas, que
melhoram a sensibilidade à insulina e a dislipidemia diabética. Os efeitos
dose-resposta foram estudados em estudo de 12 semanas, duplo-cego, com
grupo paralelo, controlado por placebo em 177 pacientes hipertrigliceridemicos
(> 150 mg/dl), portadores de diabetes tipo 2 (idade 18-70 anos), randomizados
para receber ragaglitazar (0,1, 1, 4 ou 10 mg/dia), placebo, ou pioglitazona
(45 mg/dia). Os valores médios de início dos triglicérides (TG; média 244-
307 mg/dl) e glicose plasmática de jejum (FPG, média 170-216 mg/dl) foram
semelhantes para todos os grupos. A melhora do perfil lipídico de jejum
depende da dose.
Os perfis de segurança das doses de ragaglitazar 0,1 e 1 mg foram
semelhantes ao placebo. Nos grupos com doses mais elevadas ou pioglitazona,
foram encontrados efeitos adversos conhecidos dos agonistas de PPAR; edema,
ganho de peso e diminuições reversíveis dos números de eritrócitos e
leucócitos. Em resumo, ragaglitazar melhora significativamente o perfil
lipídico total e diminui significativamente a glicose sanguínea em pacientes
portadores de diabetes tipo 2.
252 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002)
0,1 mg 1 mg 4 mg 10 mg 45 mg
# pacientes 26 30 32 31 28
TG %∆ inicio -18 -45* -67* -56* -45*
HDL %∆ inicio 3 17* 28* 8 12
LDL %∆ inicio 10 -6 -14* -19* 11
CT %∆ inicio 3 -5 -17* -16* 0
FPG (mg/dl) %∆ inicio -32* -71* -97* -100* -66*
Ganho de peso (kg) 1 4* 7* 8* 3*
Eberhard Standl et al, American Eficácia e segurança a longo prazo da insulina detemir em
Diabetes Association 62st Scientific pacientes portadores de diabetes tipo 1
Sessions, San Francisco, Califórnia, 14
a 18 de junho de 2002 Insulina detemir é um análogo de insulina solúvel com Ph neutro e um
perfil de ação previsível. Este estudo comparou a segurança e eficácia da
insulina detemir e da insulina NPH em adultos portadores de diabetes tipo 1.
Este estudo foi multicêntrico, multinacional, aberto, com grupo paralelo,
randomizado, com duração de 12 meses. 288 pacientes participaram do estudo
(154 com insulina detemir e 134 com insulina NPH; 184 homens e 104
mulheres; idade 41,6 (12,9) anos). 252 pacientes (134 insulina detemir e 118
insulina NPH) completaram o período de 12 meses de tratamento. O controle
glicêmico foi testado por HbA1c, perfis de glicose e glicose plasmática de
jejum após 12 meses de tratamento. Valores de HbA1c de 7,9% e 7,8% foram
encontrados para insulina detemir e NPH, respectivamente. Insulina detemir
mostrou uma tendência por risco menor de hipoglicemia à noite (risco relativo
(detemir/NPH) = 0,71, p = 0,067). Perda de peso de 0,3 kg foi observada no
grupo insulina detemir, e um ganho de peso de 1,4 kg foi encontrado no grupo
NPH, resultando em uma diferença significativa e clinicamente relevante entre
os grupos após 12 meses de tratamento (1,7 kg, p = 0,002). A proporção de
pacientes com efeitos adversos sérios durante 12 meses foi menor no grupo
detemir (9,1% vs. 13,4%).
Em conclusão, insulina detemir e NPH forneceram controle glicêmico
semelhante e perfis de segurança comparáveis após um ano de tratamento. O
desenvolvimento favorável do peso e a tendência a menor risco de hipoglicemia
noturna no grupo detemir, indicam o potencial promissor desse novo análogo
de insulina.
Michelle A. Baron et al, American Nateglinida diminui efetivamente HbA1c através de reduções da
Diabetes Association 62st Scientific glicose pós-prandial em pacientes portadores de diabetes tipo 2
Sessions, San Francisco, Califórnia, 14
a 18 de junho de 2002 O agente insulinotrôpico de ação rápida nateglinida (NAT) diminui a glicose
pós-prandial (PPG), atenuando as excursões da glicose pós-prandial. Este
estudo avaliou a capacidade de 120 mg de NAT para reduzir a HbA1c, através
de reduções de PPG em prática de consultório. Pacientes tinham diabetes tipo
2 inadequadamente controlado (HbA1c 7,0 – 9,5) por dieta (grupo 1) ou
metformina (MET) (grupo 2). A dose de MET não foi alterada durante as 12
semanas do estudo. Os parâmetros demográficos e glicêmicos dos participantes
(n – 141) são listados na tabela.
254 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002)
Andrea Natali et al, American Diabetes Rosiglitazona melhora diretamente a função endotelial em
Association 62st Scientific Sessions, pacientes diabéticos tipo 2
San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de
junho de 2002 Já foi afirmado que as tiazolidinedionas diminuem a aterogênese, mas a
evidência in vivo, independentemente do controle glicêmico, está faltando. Em
3 centros, 93 pacientes diabéticos tipo 2 receberam tratamento com rosiglitazona
(R) (4 mg/dia) ou metformina (M) (500 mg/dia) vs. placebo (PL). Foram medidos
a função endotelial (resposta [por pletismografia] do fluxo sangüíneo no
antebraço a infusões intra-arteriais de acetilcolina [Ach] e nitroprussiato de
sódio [SNP]) e sensibilidade à insulina (clamp euglicêmico [6,0 mM] de insulina
[40mU/min/m2]) no início (após 4 semanas de testes e eliminação), e, de novo,
em 16 semanas, num estudo duplo-cego e randomizado. As características do
início (idade, sexo, IMC e HbA1c) foram semelhantes nos 74 participantes que
completaram o estudo (PL = 22, M = 28, R = 24); comparações dos efeitos do
tratamento foram ajustados segundo o centro e os valores de início. Em relação
à PL, R e M diminuíram a glicose de jejum de maneira semelhante (média ±
DP: -2,3 ± 0,5 e -2,3 ± 0,5 nM, p < 0,0001 para ambos) e HbA1c (-1,2 ± 0,3 e
-1,6 ± 0,3, p < 0,0001 para ambos). Respostas vasculares a Ach e SNP foram
semelhantes nos três grupos no início. As curvas dose-resposta de SNP não
foram afetadas pelos tratamentos. Em contrato, a inclinação da curva dose-
resposta de Ach (unidades = ∆fluxo sanguíneo % per log de µg/min/dl de Ach)
melhorou com R (de 276 ± 36 para 385 ± 48, p < 0,05) e não se alterou com M
(de 317 ± 34 para 324 ± 36) ou com PL (de 240 ± 42 para 217 ± 56). Em relação
a PL e M, R aumentou a inclinação da curva de dose-resposta de Ach em 185
unidades (IC 95%: 54/315, p < 0,01) e 85 unidades (IC 95%: 30/200, p = 0,15).
Relativamente ao início (PL = 18,9, MK = 18,9, R = 21,7 µmol/min/kg), a
sensibilidade à insulina aumentou com R (+3,9 ± 1,7 µmol/min/kg, p < 0,05),
mas não com M (-0,6 ± 1,7 µmol/min/kg) ou PL (-1,2 ± 1,7 µmol/min/kg). Em
relação a PL e M, R aumentou a sensibilidade à insulina em 6,1 (IC 95%: 2,0/
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) 255
Continuação 10,1) e 5,5 (IC 95%: 1,7/9,4) µmol/min/kg (p < 0,06 para ambos). As alterações
induzidas por tratamento na vasodilatação dependente do endotélio (Ach), foram
independentes das alterações no controle glicêmico ou na sensibilidade à insulina.
Concluímos que no diabetes tipo 2, o tratamento com rosiglitazona tem um
efeito direto (independente do controle glicêmico e da ação da insulina) e positivo
sobre a função endotelial.
Paolo Pozzilli et al, American Diabetes Farmacocinética de spray de insulina oral vs. insulina regular e
Association 62st Scientific Sessions, insulina lispro em diabetes tipo 1
San Francisco, Califórnia,
14 a 18 de junho de 2002 A formulação de insulina oral consiste em insulina administrada por spray
aerossol com sistema RapidMist, rapidamente absorvida pela mucosa bucal e
região do orofaringe. Neste estudo comparamos os perfis farmacocinéticos
da insulina regular, insulina lispro e spray de insulina em pacientes portadores
de diabetes tipo 1.
15 pacientes diabéticos participaram (4 tratados com insulina lispro e 11
com insulina regular no período das refeições), idade 21-51 anos (idade média
33,5 anos), com duração média de diabetes de 6 anos e controle das valores
de HbA1c adequado (< 7%). Os pacientes foram acompanhadas durantes 2
dias consecutivos, a partir de uma refeição padrão e durante as 4 horas
seguintes. No dia 1, os pacientes foram tratados com a insulina habitual (regular
ou lispro) e no dia 2 a insulina subcutânea foi substituída por dose equivalente
de insulina oral em spray. Amostras de sangue foram coletadas a cada 30
minutos, durante 2 horas, para obter um total de 7 amostras para cada dia.
Foram medidos glicose sanguínea, insulina e peptídeo C.
A farmacocinética da insulina oral foi semelhante à da lispro, atingindo o
pico plasmático 30 minutos após administração (23,6 ± 22,8 mU/ml vs. 26,7
± 19,2 mU/ml, respectivamente), e os níveis mais baixos em 240 minutos
(10,4 ± 4,9 mU/ml vs. 12,9 ± 7,0 mU/ml). Como esperado, insulina regular
atingiu o pico e o estado funcional entre 30 e 120 minutos (valor do pico 29,6
± 12,9 mU/ml). Níveis da glicose sanguínea diminuíram após administração
de insulina, qualquer seja o tipo de insulina usada.
O spray de insulina oral é absorvido através da mucosa bucal com uma
farmacocinética semelhante à da insulina lispro. O seu uso em pacientes diabé-
ticos devem seguir as mesmas indicações que da insulina de ação ultra rápida.
Continuação uma formulação de insulina aprovada e não alterada, sem o uso de processo
químico, iontoforese ou ultra-som. Estudos estão em andamento para
desenvolver um patch de 24 horas, para fornecer um sistema de administração
de insulina conveniente para a população diabética, sem agulha e sem dor.
Fátima Bosch et al, J Clin Invest Transferência de gene insulin-like growth factor-1 para células de
2002;109:1153-1163, maio de 2002 ilhotas de pâncreas reverte o diabetes tipo 1 em ratos
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Yoshinori Miyazaki et al, 62th Efeito da pioglitazona sobre o conteúdo de gordura do fígado e
Scientific Sessions, American Diabetes distribuição de gordura abdominal e sensibilidade à insulina em
Association, San Francisco, Califórnia, pacientes portadores de diabetes tipo 2
14-18 de junho de 2002
Os efeitos da pioglitazona (PIO) sobre a distribuição de gordura abdominal,
o conteúdo do fígado em gordura e a sensibilidade à insulina hepática e
periférica, foram examinados em 13 pacientes portadores de diabetes tipo 2
(M/F = 9/4, idade 52 ± 3 anos, IMC 29,0 ± 1,1 kg/m2), tratados com
sulfoniluréia ou dieta. Antes ou após o tratamento com PIO (45 mg/d) durante
16 semanas, a avaliação do diabetes tipo 2 incluiu: OGTT 75, clamp de insulina
euglicêmico (40 mU/m2.min) com 3H-glicose e medição da distribuição da
gordura abdominal, gordura hepática (espectroscopia próton), massa total de
gordura corporal (3H2O). PIO diminuiu a glicemia de jejum (179 ± 10 para
141 ± 10 mg/dl, p < 0,01), a glicose plasmática média durante OGTT (295 ±
13 para 233 ± 14 mg/dl, p < 0,01), HbA1c (8,6 ± 0,4 para 7,2 ± 0,5 mg/dl, p
< 0,01), sem alteração nos níveis de insulina. Antes do PIO, a gordura hepática
foi correlata positivamente com a supressão da produção de glicose endógena
(hepática) (sHGP) durante o clamp insulínico (r = 0,73, p < 0,01). A área de
gordura visceral (VF) (r = -0,70, p < 0,01) e a gordura subcutânea profunda (r
= -0,65, p < 0,05) foram inversamente correlatas à taxa da clearance metabólica
da glicose (MCR) durante o clamp insulínico. PIO melhorou sHGP (1,1 ± 0,1
para 0,6 ± 0,2 mg/kg FFM.min, p < 0,05), e a MCR estimulada por insulina
(3,5 ± 0,5 para 4,4 ± 0,4 ml/kg FFM.min, p < 0,05), apesar do aumento do
peso corporal e da massa adiposa (D = 3kg, p < 0,01). Após PIO, tanto a
gordura hepática (20 ± 4 para 13 ± 3%, p < 0,05) como a área de gordura
visceral (144 ± 13 para 131 ± 16 cm2, p < 0,05) diminuíram, embora a gordura
superficial (136 ± 24 para 155 ± 25 cm2) e subcutânea profunda (165 ± 23
para 187 ± 24 cm2) terem aumentado (ambos p < 0,01). Usando dados de PIO
pré/pós, a gordura subcutânea profunda (r = -0,41, p < 0,01) e área de gordura
visceral (r = -0,53, p < 0,01), foram correlatas com a MCR estimulada por
insulina. Após PIO, a diminuição da gordura hepática não foi correlata com a
melhora de sHGP durante o clamp insulínico.
Conclusão: Após PIO, uma alteração da distribuição de gordura, de
depósitos viscerais para subcutâneos foi associada com uma melhora da
sensibilidade à insulina e do controle glicêmico. Aumento da gordura
hepática é fortemente associada à resistência hepática à insulina antes PIO.
Após PIO, a gordura hepática diminuiu, mas a diminuição não foi correlata
com a melhora de sHGP. Tais fatores, adicionados à gordura hepática
diminuída, devem contribuir para a melhora de sHGP após PIO.
Matthias Hertz et al, 62th Scientific Pioglitazona melhora o controle glicêmico em pacientes
Sessions, American Diabetes portadores de diabetes tipo 2 nunca tratados com agentes
Association, San Francisco, Califórnia, hipoglicemiantes
14-18 de junho de 2002
Pioglitazona (PIO) diminui significativamente HbA1c em pacientes
portadores de diabetes tipo 2 e controle glicêmico inadequado (HbA1c > 9,8%).
Este efeito não foi avaliado em grandes grupos de pacientes com valores de
HbA1c inicial menor e controle glicêmico sub-ótimo. Este estudo de 16
semanas, multicêntrico (42 centros), randomizado, duplo-cego, controlado
por placebo, comparou o efeito do placebo (PBO) com PIO 30 ou 45 mg/dia
em pacientes diabéticos nunca tratados com remédios (N = 297) e controle
glicêmico sub-ótimo (HbA1c = 7,52 ± 0,93%, média ± DP). HbA1c e a glicose
plasmática de jejum foram medidas; valores iniciais e finais foram comparados.
As alterações (média ± DP) são reportadas na tabela.
Natalia N. Rudovitch et al, American Repaglinida melhora a secreção de insulina na primeira fase e a
Diabetes Association 62st Scientific sensibilidade à insulina em tratamento associado com
Sessions, San Francisco, Califórnia, metformina em diabetes tipo 2
14 a 18 de junho de 2002
Objetivos: O primeiro objetivo foi o de avaliar se repaglinida restaura/
melhora a resposta aguda da insulina à glicose (AIRgluc), assim como a segunda
fase de secreção de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 2. O
segundo objetivo foi o de avaliar o potencial hipoglicêmico da repaglinida
em clamp hiper e euglicêmico. Em terceiro lugar, avaliar os efeitos da
associação repaglinida e metformina sobre a sensibilidade à insulina.
Desenho e métodos: Estudo controlado por placebo, randomizado, cruzado,
aberto de 3 semanas em 11 pacientes portadores de diabetes tipo 2, que
receberam placebo ou repaglinida (1 mg antes as 3 principais refeições) em
associação com metformina (850 mg três vezes/dia). O AIRgluc e a segunda
fase de secreção da insulina foram determinadas por clamps hiperglicêmicos
(HC) (a 11,1 mmol/l). O índice da sensibilidade à insulina (ISI) e peptídeo-C,
Lois Jovanovic et al, American Controle glicêmico pós-prandial é semelhante com administração
Diabetes Association 62st Scientific pré-prandial ou pós-prandial de insulina aspart em diabetes tipo 1
Sessions, San Francisco, Califórnia,
14 a 18 de junho de 2002
Nas situações da vida real, a dose de insulina do período da refeição não
pode ser exatamente calculada antes do final do consumo da refeição ou é
completada quando quantidade exata de carboidratos ingerida é conhecida.
Neste estudo cruzado, aberto e randomizado, o controle glicêmico pós-prandial,
quando a dose de insulina aspart é calculada e administrada em pré-prandial
(baseada na quantidade antecipada de carboidratos devendo ser consumidos),
foi comparado ao controle glicêmico pós-prandial, quando a insulina é
administrada em pós-prandial (dose baseada no consumo real de carboidratos).
O grupo de estudo foi formado por 20 pacientes portadores de diabetes tipo 1,
relativamente bem controlados (HbA1c 7,3 ± 0,2%), usando uma terapia
intensiva de insulina. Os participantes receberam refeições sem limites
especificados. A resposta glicêmica (AUC -15-240min foi 23014 ± 1892 vs.
29535 ± 2315 mg/dl/min, p < 0,05; administração pré-refeição vs. pós-refeição,
respectivamente), foi aproximadamente 25% menor, quando a insulina aspart
foi administrada antes que 15-20 min após a refeição. Mas em todos os casos
o controle glicêmico foi adequado. Em ambas ocasiões, os participantes
selecionaram quantidades semelhantes de calorias (644 ± 64 vs. 627 ± 44
kcal, pré vs. pós), embora a quantidade de calorias realmente consumidas,
tenha sido aproximadamente 10% menor nos dias de administração da insulina,
15-20 minutos após a refeição (630 ± 64 vs. 577 ± 47 kcal, pré vs. pós). Um
fato semelhante foi notado com o consumo de carboidratos (selecionado 74 ±
8 vs 72 ± 7 g. realmente consumido 72 ± 8 vs 67 ± 7g; pré vs. pós,
respectivamente). O nível global de saciedade reportado antes e após o almoço,
foi semelhante em ambos os dias de estudo. A dose de insulina selecionada
também foi semelhante em ambos os dias de estudo (5,8 ± 0,6 vs 6,7 ± 0,8 U;
pré vs. pós, respectivamente). A glicemia pós-prandial < 50 mg/dl ocorreu
em 3 participantes (15%), após administração pré-refeição e em 4 (21%) nas
aplicações pós-prandiais de insulina aspart.
Conclusão: Os dados apresentados ilustram a flexibilidade da dosagem da
insulina aspart no período da refeição, em pacientes bem informados sobre
os princípios da terapia intensiva de insulina e os benefícios da aplicação
pós-prandial na situação da vida real.
Mark L Warren et al, American Experiência clínica com dosagem pós-prandial de Novolog 70/30
Diabetes Association 62st Scientific em pacientes idosos portadores de diabetes tipo 2
Sessions, San Francisco, Califórnia,
14 a 18 de junho de 2002 Conveniência da dosagem na refeição é uma das maiores vantagens de um
análogo de insulina e de sua formulação bifásica. Os análogos de ação rápida
têm sido usados em pós-prandial, em situações selecionadas com segurança e
eficácia aceitáveis. A segurança e eficácia da dosagem pós-prandial de Novolog
Mix 70/30 (formulação bifásica de insulina aspart contendo 30% de insulina
solúvel e 70% cristalizada em protamina), foram avaliadas neste estudo aberto,
cruzado, randomizado de 12 semanas. 91 paciente idosos (53 homens, idade
65 anos, média DP: 70,2 4,7 anos; IMC 32,0 4,5 kg/m2), portadores de diabetes
tipo 2 e previamente tratados com insulina misturada ou pré-misturada com
doses 70 U/dia. Foram tratados com aplicações pré-prandiais duas vezes/dia
de Novolog Mix 70/30, durante um período de 4 semanas. Os participantes
foram então randomizados para receber um tratamento de 4 semanas em pré
ou pós-prandial de Novolog Mix, 2 vezes/dia, e inversamente durante as 4
últimas semanas. O controle glicêmico global dos participantes ficou estável
durante o estudo (HbA1c 7,7% ± 1,1 vs. 7,6 ± 1,1% no início e a 12 semanas,
respectivamente). Administrações pré vs. pós-prandiais de Novolog Mix 70/
30, foram associadas às necessidades semelhantes de insulina diária e controle
glicêmico, como avaliado pelos testes auto-administrados de glicose (139 ±
43, 159 ± 66, 143 ± 59, 143 ± 60 mg/dl vs. 134 ± 35, 177 ± 61, 149 ± 65, 175
± 59 mg/dl; antes e 2 horas após café da manhã e antes e 2 horas após jantar
para pré vs. pós-prandiais aplicações, respectivamente). Os perfis de glicose
plasmático durante os testes de refeições também foram semelhantes (AUC0-
-1
240min 38,160 ± 15,288 vs. 43,680 ± 15,024 mg/dl/min , pré vs. pós-prandial,
respectivamente) no final de cada período de tratamento. Não foi notada
diferença no número de episódios hipoglicêmicos em todos os grupos de
tratamento (47 vs. 55 episódios durante período de tratamento pré vs. pós-
prandial).
Conclusão: Aplicações pós-prandiais de Novolog Mix 70/30 parecem ser
uma alternativa aceitável, quando comparadas com os horários padrões de
administração de insulina.
Continuação 761 vs. 3275 ± 554 per 300 microl de eritrócitos) e a autofosforilação dos
receptores de insulina (mosapride 3178 ± 444 vs 4043 ± 651 [p < 0,05], controle
3721 ± 729 vs. 3013 ± 511 receptor de insulina), bem como a utilização de
glicose (mosapride 4,92 ± 0,53 vs 5,88 ± 0,72 [ p < 0,05], controle 4,74 ± 0,65
vs. 4,70 ± 0,31 mg/kg.min). O tratamento com mosapride durante 8 semanas
diminuiu significativamente as concentrações de glicose de jejum (9,91 ±
0,34 vs. 8,51 ± 0,34 mmol/l, p < 0,05), insulina (53,2 ± 4,62 vs. 40,8 ± 5,52
pmol/l, p < 0,05) e HbA1c (8,61 ± 0,20% vs. 7,67 ± 0,19%, p < 0,01). A
analise por reverse transcriptase-polymerase chain reaction (RT-PCR)
demonstrou uma expressão específica dos receptores 5HT-4 no músculo, mas
não nos tecidos adiposos ou hepáticos.
Conclusão: Mosapride pode melhorar a ação da insulina no músculo e o
controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2.
ARTIGO ORIGINAL
Alexandre Fraige
Cirurgião Dentista do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da USP, São Paulo
Resumo
A evolução da odontologia, como ciência, evidencia-se nos dias de hoje por uma maior preocupação do cirurgião-dentista em relação à saúde
global do paciente, através da sua integração com a medicina e a clínica no atendimento e avaliação de patologias sistêmicas que manifestam-
se na cavidade oral. Este artigo visa dar uma introdução e visão geral ao acadêmico e ao cirurgião dentista, no que tange a pesquisa de
protocolos de atendimento integrado em pacientes submetidos a transplante de medula óssea e órgãos, seu entendimento e uso na terapêutica
odontológica.
Palavras-chave: Ciclosporina, transplante de medula óssea, transplante de órgãos, hiperplasia gengival, protocolo de atendimento,
imunossupressão.
Abstract
The evolution of the dentistry, as science, is evidenced in the present days by a larger concern of the dentist in relation to the patient’s global
health, through its integration with the medicine and the clinic in the attendance and evaluation of systemic pathology that show in the oral
cavity. This study seeks to give an introduction and general vision to the academic and the dentist in the role they play in the research of
integrated attendance protocol in patients submitted to bone marrow and organ transplants, its understanding and use in the odontologic
therapeutic.
Key-words: Ciclosporin, bone marrow transplant, organ transplant, gingival hyperplasia, attendance protocols, immunosuppression.
Endereço para correspondência: Dr. Alexandre Fraige, Rua Pedroso Alvarenga, 1255/cj83, Itaim, 04531-012 São Paulo SP, Tel: (11) 30796837,
E-mail: fraige@usp.br
Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 269
de maior investigação, Valentim et al. [7] descrevem a ciclosporina e prednisolona. Em transplante cardíaco,
maior prevalência da manifestação hiperplásica em as lesões mais freqüentes foram candidíase
indivíduos da faixa etária entre 5 e 17 anos, em pseudomembranosa em mucosa jugal e candidíase
detrimento de pacientes mais velhos, onde pondera que eritematosa em língua e palato, sendo o ensaio
fatores hormonais possam estar relacionados com esta imunohistoquimico da superfície epitelial da lesão de
maior prevalência. língua comprobatório da presença de EBV.
Segundo Douglas et al. [8], o cuidado odontológico a No caso de transplantes cardíacos, além da terapêutica
esses pacientes, deve abranger a erradicação total de imunossupressora, antifúngica e antiviral, a terapêutica
doenças orais ativas como requisito essencial pré- antibiótica e anticoagulante fazem-se presente visando
transplante. E quando o paciente apresenta uma boa saúde a não instalação de quadros de endocardite bacteriana e
oral e é capaz de manter a higiene bucal, são encorajados vasculopatias obstrutivas.
a permanecerem com os dentes. Entretanto, quando o
paciente apresenta extensa doença periodontal, elevado Proposição
índice de elementos cariados, lesões periapicais presentes
e mostraram-se pouco aderentes ao condicionamento Avaliação de abordagem e conduta no atendimento
odontológico pré-transplante, tem como indicação a odontológico de pacientes que se submeterão ao
exodontia total e restabelecimento protético total. transplante de órgãos, ressaltando a importância da
Seymour et al. [5] versam sobre as infecções orais de integração da especialidade odontológica na equipe
origem viral e/ou fúngica, especialmente a candidose médica de transplante.
orofaríngea, semelhante à apresentada por pacientes
imunossuprimidos pela manifestação do Imuno virus Discussão
humano (HIV).
Seymour et al. [5] também apresentam uma sinopse, O tratamento e condicionamento odontológico em
em que as lesões orais são subdivididas entre os tipos transplantes de órgãos deverá ser integrado em
de transplantes realizados e terapêutica protocolos de todos os transplantes de equipes médicas
imunossupressora sendo em transplante renal e hepático e cirúrgicas.
a prevalência de lesões leucoplásicas em bordo lateral Entende-se como protocolo as rotinas de avaliação clini-
de língua, com confirmação por biópsia, de presença ca e laboratorial, diagnóstico e tratamento de patologias
do EBV, sob terapêutica imunossupressora de concomitantes que possam estar presentes nos receptores.
Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 271
O gráfico acima que ilustra uma rotina na admissão e sua patologia de base possa apresentar, sempre em
condicionamento de paciente já selecionado para sintonia com equipe multidisciplinar.
transplante: Quanto a procedimentos, com atenção especial a
Ao ser admitido no centro hospitalar em que o protocolos de biossegurança em ambientes cirúrgicos, o
procedimento será realizado, o paciente com indicação C.D. é requisitado a retirar quaisquer focos infecciosos
de transplante passará por uma avaliação quanto à sua presentes na cavidade oral, bem como toda ou qualquer
saúde bucal, sendo o estado em que se encontra quando anormalidade que se apresente como interferência ao
do ato da avaliação, determinante da conduta terapêutica transplante em si.
a ser tomada. No caso de transplantes de órgão, este é feito quando
Para ilustrar a importância do condicionamento e existe a falência do órgão/orgãos, levando o paciente a
tratamento pré e pós-transplante, o gráfico mostra o uma situação de risco de vida e/ou complicações crônicas,
índice de sobrevida de pacientes transplantados de como em cardiopatias, nefropatias, hepatopatias e
medula óssea portadores e não portadores de infecção endocrinopatia.
herpética. O paciente, após achar doador compatível, é elegível
Levando em conta que existem manifestações orais para transplante e sofre o condicionamento odontológico.
mais agressivas que as de infecção herpética, o A ciclosporina em doses inferiores a 200 mg/dl não
prognóstico a médio e longo prazo de um paciente alcança níveis séricos desejáveis e suficientes para
portador de alguma patologia oral é reservado. promover seu efeito primário, e acima de 400 mg/dl já
Estes pacientes também podem evoluir, como começa a manifestar efeitos secundários indesejáveis.
manifestação secundária à terapia imunossupressora pré- Estes pacientes, segundo o protocolo geral, têm que
transplante, para complicações respiratórias como a passar por hemograma diário e biópsia semanal, para
pneumonia nosocomial que, através da xerostomia verificação de níveis séricos de ciclosporina e detectar
presente, associada a freqüentes hemorragias e queda do indícios de imuno rejeição.
pH bucal, levam à adesão de bacilos gram-negativos à Como conduta padrão, em caso de procedimento
mucosa oral e orofaringe, levando à uma colonização do odontológico invasivos, é preconizada a profilaxia
trato respiratório . antibiótica para endocardite bacteriana recomendada
Além disso, a instalação de infecções no período pós- pela American Heart Association, com exceção em
transplante é desfavorável, pois vai aumentar o período pacientes com doença renal terminal, pois tal conduta
pós-operatório do paciente, que se vê obrigado a pode ser danosa por favorecer proliferação fúngica e
submeter-se à terapia com antibióticos muito potentes, possível evolução para peritonite bacteriana, segundo
com efeitos colaterais exacerbados por sua Douglas et al. [8].
imunossupressão, tornando o prognóstico do transplante
sombrio, a médio e longo prazo. Protocolo para pacientes imunossuprimidos - Centro
A conduta para condicionamento pré-transplante de Atendimento a Pacientes Especiais – Faculdade
exige do C.D. (cirurgião-dentista) conhecimentos na de Odontologia da Universidade de São Paulo
área farmacológica e patologia sistêmica, para poder
adequar fármacos e seus efeitos adversos à terapia que Candidíase em focos isolados
o paciente está realizando, além das complicações que · Remoção mêcanica de placas.
272 Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273
· Água Bicarbonatada - 1 colher de chá dissolvida em Dose adulto: Ingerir 1g (2 cp) 2 horas antes da
1 copo de água, 5 vezes ao dia por 14 dias. Reavaliação intervenção.
após 7 dias. Depois de 06 horas, ingerir metade da dose (1 cp).
· Miconazol - Daktarin gel oral - 4 vezes ao dia, por Dose pediátrica: (Criança abaixo de 30 kg) 20mg/kg
14 dias. Uso tópico. Reavaliação após 7 dias. de peso, 2 horas antes da consulta
Candidíase em area envolvida > que 20% com Metade da dose, 6 horas após.
progressão rápida.
Conclusão
· Nistatina - Micostatin suspensão - bochechar e
engolir 5ml, 4 vezes ao dia por 7 dias.
Dos vários pontos de vistas emanados da bibliografia,
Candidíase com envolvimento extenso, chegado em
existem a unanimidade da necessidade do atendimento
pilares amidalianos.
odontológico pré e pós-transplante, o uso de terapia
· Itraconazol - Sporanox cápsulas 100mg - 1 cápsula farmacológica adequada para cada tipo de paciente e,
ao dia, logo após a refeição, até o desaparecimento da principalmente, uma intervenção enérgica do C.D. No
lesão. A dose pode ser elevada à 1 cápsula 2 vezes ao dia. tocante do controle da higiene bucal e no ato de debelar
Leucoplasia pilosa infecções presentes, melhorando o prognóstico global
· Não tratar cirurgicamente do paciente transplantado, que pela imunossupressão,
· Aciclovir - Zovirax comprimido 200mg - 2 terão patologias de origem viral bacteriana e fúngicas
comprimidos 4 vezes ao dia até que as lesões exacerbadas.
desapareçam. No tocante aos procedimentos, eles não diferem dos
· Solução de podofilina 25% - 2 vezes ao dia até que encontrados na prática diária, mas sim no ambiente em
as lesões desapareçam. que são feitos, que é o ambiente hospitalar ou
ambulatorial com um enérgico controle de bio-segurança.
Protocolo para prevenção de endocardite
bacteriana do Setor de Odontologia INCOR-SP Referências
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
*Terapeuta Ocupacional, Mestre em Educação Especial, ** Mestre em Educação Especial, Doutora em Educação, Profa. Departamento
de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos - SP.
Resumo
O presente estudo teve por objetivos conhecer as implicações do Diabetes Mellitus na vida de crianças e adolescentes e conseqüentemente as
necessidades especiais surgidas em decorrência da patologia. Para tanto, entrevistou médicos endocrinologistas e pediatra, mães de portadores
de diabetes e os próprios diabéticos. Este estudo permitiu-nos conhecer as maiores implicações dessa doença crônica, bem como conhecer as
sugestões dos participantes para a resolução da problemática levantada, para que, num segundo momento, pudéssemos intervir propondo um
programa de ensino - educação em saúde -, afim de que diabéticos e seus familiares se tornassem mais conscientes do quadro clínico e aptos
para mudarem a conduta, até então utilizada no tratamento médico.
Abstract
The objective of this research was to ivestigate the consequences of the Diabetes Mellitus in the life of the diabetic children and young person.
This study had the objective to discover wich aspects of the life of children and young patients of Diabetes Mellitus more damage by the
sickness and, consequently, the special needs appeared the diagnosis, which could be prevented, and their sugestions to change the situation.
Doctors, responsible for the diabetic treatement, diabetics persons and their mothers were interviewed in order to clarify these questions. This
study showed us the consequences of Diabetes Mellitus for children and young patients. Then, in other moment we’ll interview offering
apprenticeship and understanding about the Diabetes Mellitus, to change their conduct towards the medical treatment, looking for a better
quality of life to the patients.
Endereço para correspondência: Ana Claudia T. Barros Kovacs, Rua Helena, 218, cj. 96 – Vila
Olímpia, 04552-050 – São Paulo SP, Tel: (11) 3842-5144
274 Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280
M1 M2 M3 M4 M5
diabetes e aceitação da patologia, vivenciada pela maioria necessidade de pertencer a um grupo, tarefa, típica da
de seus pacientes, que relutam em assumir sua condição adolescência e extremamente necessária à busca de um
de diabético, quase sempre infringindo as regras impostas modelo para a formação da identidade.
pelo tratamento. Segundo M4, tal comportamento ocorre Ao se referirem a um trabalho multidisciplinar, tais
na tentativa de evitar situações desagradáveis como médicos salientaram a necessidade de prestar assistência
caçoada e discriminação no meio em que vivem. ao diabético e sua família, em vários aspectos de suas
Conseqüentemente, relutam em aceitar os limites vidas, proporcionando espaço para a aprendizagem e
impostos pelo regime de tratamento, desconsiderando compreensão do quadro clínico, configurado como um
os cuidados necessários para o bom controle do diabetes, programa educacional voltado ao diabético e seus
como nos informa M4 “eles tem dificuldade em aceitar familiares. Além disso, haveria uma oportunidade de
a condição e não conseguem viver de bem com a doença” troca de informações entre os participantes que vivenciam
Provavelmente, tal fato ocorra pela carência de a mesma problemática. Compreendendo o quadro clínico
informações recebidas pelo diabético e seus familiares. do diabetes, estariam mais próximos de exercerem os
Na opinião de M5, o sentimento de discriminação cuidados exigidos pelo tratamento médico, tornando-se
presente em tal população é um fator que prejudica o conscientes e ativos nesse processo, pois é por meio da
tratamento médico, pelo fato do portador ver-se obrigado educação que pode haver mudança de atitude
a práticas incomuns e desencadeadoras de sentimento [4,18,19,20].
de comiseração, tais como, injetar insulina em meio a Nota-se por meio das declarações de alguns
uma festa ou não poder alimentar-se ou ingerir bebidas participantes que, ao referirem-se à problemática da
como os colegas, restringindo, assim, suas atividades aceitação da patologia, e conseqüentemente, da
sociais. Nesse aspecto, verificamos opiniões realização dos cuidados necessários para controle do
concordantes entre M1, M2 e M5. diabetes, encontra-se implícito o prejuízo do aspecto
De acordo com M5, não aceitando o diabetes, falta a emocional, que não deixaria de ser ressaltado em um
conscientização necessária para uma melhor qualidade trabalho de equipe.
de vida, condição típica da adolescência. Segundo este Conforme a literatura específica da área, a prática dos
participante, normalmente, nessa fase de vida, ocorrem cuidados e medidas terapêuticas, está, em grande parte,
transgressões comuns às regras impostas pela sociedade; nas mãos do seu portador e, em proporção menor, nas
neste caso, a transgressão se dá na forma de desafiar mãos da família [5,18]. Esclarecidos em relação às
pais e médico, desrespeitando as prescrições: “ocorrem formas de melhor conviver com o diabetes, família e
crises na transição para a puberdade. Em festas eles diabético podem exercer normalmente suas atividades
sentem-se discriminados pelo uso da insulina, e a rotineiras, sejam elas sociais, laborais, acadêmicas e
utilizam como uma arma” (M5). outras.
Questionados a respeito da natureza do trabalho que Portanto, dos aspectos apontados pelos participantes,
deveria ser realizado com os pacientes, conforme podemos concluir que o desenvolvimento dos diabéticos
ilustrado na tabela I, notamos que dos cinco médicos provavelmente não sofrerá prejuízo, caso lhes sejam
respondentes, três deles (M1, M3 e M5) mencionaram o fornecidas oportunidades de participação em programas
trabalho multidisciplinar. M1 referiu-se à equipe educacionais. É essencial entender os princípios do
multidisciplinar composta por Médico, Terapeuta tratamento para aplicá-los no seu dia-a-dia, pois aquele
Ocupacional, Psicólogo e Nutricionista; o participante que conhece bem sua doença poderá controlá-la para
M3 referiu-se ao Médico, Enfermeira, Terapeuta viver melhor. Ao tratar-se de crianças diabéticas, tal
Ocupacional, Psicólogo e Nutricionista; M5 entende que educação deve ser dirigida também aos seus pais ou
a equipe deveria abranger os profissionais da Medicina, responsáveis pelos cuidados diários e sua patologia
Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Educação Física. [9,10,18].
Os outros dois participantes, M2 e M4 alertaram para a
necessidade de realização de um trabalho que priorizasse II- Participantes Mães
a conscientização e aceitação do diabético, como uma
das maneiras de conviver bem com a doença e realizar A respeito dos aspectos do desenvolvimento que, na
os cuidados necessários, mas não mencionaram quais opinião das mães sofreram algum prejuízo, a Mãe 1 relatou
profissionais estariam envolvidos em tal trabalho. O que todos foram prejudicados: “ela tem medo de passar
participante M5 discutiu a necessidade de proporcionar mal na escola, e a gente também, como em passeios, e até
aos diabéticos momentos de convivência mútua, pois, para ir ao sacolão da frente temos medo”. Tal declaração
assim, todos se sentiriam iguais, afastando, por alguns confirma o fato de que, mãe e criança evitam participar de
momentos, os sentimentos de inferioridade e diferença, atividades rotineiras restringindo, assim, seu convívio
já que essas atividades seriam realizadas por equipe social. A Mãe 2 mencionou a dificuldade em adequar a
multiprofissional. Isso reforçaria o sentimento e a dieta alimentar aos desejos do filho.
Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 277
A Mãe 3 relatou que, inicialmente, o aspecto social A Mãe 5 atentou para a problemática vivenciada por
sofreu prejuízo, já que sua filha foi discriminada pela crianças diabéticas carentes financeiramente, merecendo
escola (colegas e funcionários), que pensavam ser o mais atenção da sociedade e órgãos de saúde.
diabetes contagioso: “as crianças achavam que o Diante das declarações das participantes, evidencia-
diabetes pega...Ela passou mal na escola e fizeram ela se a necessidade de programas educacionais destinados
esperar lá fora até eu chegar”. ao diabético, familiares e sociedade, para melhor
A Mãe 4 declarou que sentiu prejudicado o aspecto exercerem os cuidados exigidos no tratamento médico,
emocional da filha, traduzido não só por rejeitar a bem como desmistificar alguns entendimentos, que
condição de diabética, mas também por tirar proveito de discriminam e excluem o portador da doença das
algumas situações, como ausentar-se mais da sala de aula atividades normalmente desempenhadas por seus pares
para urinar, geralmente sem necessidade: “...aproveitava não diabéticos.
do diabetes para ficar saindo da sala de aula”. A Mãe 5
sentiu necessidade apenas em adequar a dieta alimentar. Participantes crianças e adolescentes portadores de
As sugestões a respeito de trabalhos que pudessem Diabetes Mellitus tipo 1
melhorar a qualidade de vida do diabético, ocorreram
nos seguintes sentidos: Por meio dos relatos dos diabéticos, notamos que as
Mãe 1: necessidade de apoio financeiro, médico, alterações do cotidiano foram percebidas como sofridas,
emocional, “tudo em geral, apoio generalizado. Quando restringindo-se à ingestão de doces e aplicação diária de
falta algo em casa, prejudica a pessoa, ela não pode insulina. Outros, porém, declararam não perceber as
fazer nada por ser criança e ter problema”. Esta mãe restrições como necessárias em suas atividades sociais.
referiu-se aos 4 meses em que faltou energia em sua casa, Tal fato tende a ser encarado de melhor forma com o
por falta de pagamento, e que a criança mencionou desejo passar do tempo, ocorrendo superação do trauma da
de trabalhar para evitar tal situação, além da carência de doença e incorporação de tais cuidados à rotina diária.
alimentação, vestuário, e outros. Questionada a respeito de possível prejuízo em algum
Mães 2 e 3: relataram haver necessidade de maiores aspecto da vida em virtude do diabetes, Cr 1 notou
informações a respeito dos cuidados exigidos pelo quadro restrição de sua alimentação, atividade física e atividades
clínico. Mãe 2: “receber orientação”; Mãe 3: “a sociais: “não pode comer todo tipo de merenda
população tem que ser mais informada, e o próprio (referindo-se ao tempo em que freqüentava a escola),
diabético tem que ter muito mais informações, porque a não pode correr muito, só participo de algumas
maioria não tem....não tem aonde correr, aonde se brincadeiras....antes eu podia ir na casa de colegas fazer
apegar”. Tal relato aponta para a necessidade de maior a lição e brincar, e agora não posso porque minha mãe
divulgação do quadro clínico do diabetes e suas tem medo”. Cabe lembrar que tais proibições são
implicações, para não ocorrerem discriminações pela desnecessárias com destaque ao não correr, já que o
sociedade, além da carência de serviços direcionados para médico orienta a prática de atividade física, bem como o
tal clientela. A Mãe 3 acrescentou também que sente convívio com os colegas. A Cr 2 disse sentir muita
falta de maior oferta de produtos dietéticos na cidade, dificuldade em restringir a ingestão de doces, sorvetes,
além de preços mais acessíveis. A Mãe 4 relatou bolachas, como estava acostumado.
necessidade de apoio psicológico para a filha assumir a Ad 1 percebeu alteração no relacionamento com seus
condição de diabética e praticar os cuidados necessários. colegas, que a discriminaram inicialmente. O isolamento
278 Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280
ao qual se submete o doente crônico é esperado, uma quanto aos cuidados para com a patologia, uma vez que
vez que está tentando adaptar-se a nova condição de vida somente participando de “festas diet”é que ele exerceria
e tentando resgatar o respeito dos colegas, para não ser os cuidados necessários, hábito que não é colocado em
tratado de forma diferente [12,16]. prática em sua vida. Ad 1 declarou que: “em qualquer
Ad 2 também sentiu modificação no relacionamento lugar que eu vou, eu não conheço outra pessoa que tem
com os colegas, no sentido de se preocuparem mais em diabetes. Eu achava que teria que ter grupos de diabéticos,
adequar a alimentação às suas necessidades atualmente: para você se sentir como se todo mundo fosse igual e
“eles dão mais atenção, lembram de mim quando tem conversarem uns com os outros, como é a vida de um,
alguma festa” . A participante referiu-se à adequação da como é a vida do outro”. Tal participante enfatizou o
alimentação quando participa de festas com os colegas, sentimento de discriminação exercido pela sociedade, que
que se preocupam em oferecer alimentos dietéticos a ela. acarreta em sentimento de inferioridade por parte dos
A Ad 3 disse não ter sentido dificuldades, apenas adequou diabéticos, que não recebem o apoio de que necessitam.
sua dieta alimentar, o que parece não ter representado Ad 2, além de referir-se ao convívio com outros diabéticos,
sofrimentos. mencionou também: “dar mais assistência, por meio de
Solicitadas a sugerir trabalhos visando à melhor palestras, investindo mais, havendo discussão entre os
convivência com o diabetes, Cr 1 mencionou haver jovens” , relatando a necessidade de um programa
necessidade de maior controle sobre o diabetes: educacional capaz de desfazer suas dúvidas, quanto ao
“controlando o diabetes, aí fica normal”, fato que diabetes e assuntos relacionados à fase de vida em que se
implica sua conscientização, da família, e condições encontram, a adolescência. Ad 1 e Ad 2 acrescentaram
básicas para exercer tais cuidados (alimentação adequada, haver necessidade de maior assistência médica, referindo-
desde que existam meios para isso, disponibilidade de se a apoio médico e de serviços municipais, com promoção
insulina e informações gerais sobre cuidados com o de palestras para ampliar os conhecimentos não só de quem
diabetes para sentir-se melhor, evitando complicações). vivencia a doença mas também de demais pessoas
Cabe informar que a Cr 1, por depender da doação de interessadas.
insulina pelo posto de saúde, não encontra regularidade
quanto ao tipo fornecido: ora é bovina, ora humana, ora Conclusão
suína, prejudicando, assim, o controle da moléstia. Tal
atitude reflete a falta de consciência e de interesse pela Concluímos, por meio desta amostra, que existe
saúde por parte dos órgãos responsáveis, uma vez que, carência de programas educacionais dirigidos ao
conhecendo a necessidade de se manter o mesmo tipo diabético e seus familiares que, em conseqüência, têm
de insulina, oferecem outros, e posteriormente, em casos seu tratamento médico e qualidade de vida prejudicados,
de descompensações, recebem esse mesmo diabético implicando em diversas limitações desnecessárias,
com complicações agudas ou até mesmo crônicas. geradoras de angústias, preconceito e desigualdade.
Cr 2 relatou necessidade de participar de atividades Neste sentido, reforça-se a necessidade de programas
sociais não restritivas à alimentação e carência de convívio de prevenção primária, para diagnosticar casos novos,
entre diabéticos: “festas diet, projeto para os diabéticos, programas que tenham como alvo, não somente usuários
contato com outras crianças diabéticas”, o que foi de convênios particulares, mas também a maioria da
também relatado por Ad 1, 2 e 3. O relato da Cr 2, mais população dependente de serviços públicos (municipais
uma vez, reflete a falta de consciência e responsabilidade ou estaduais).
Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 279
Além da prevenção primária, sob responsabilidade do 8. Garcia RMR. Apresentação. Dr. Jornal em revista. Piracicaba/
município, há também a necessidade de prestar São Paulo, n. 18, março 2000.
9. Leavell HR, Clark EG. Medicina preventiva. São Paulo:
atendimento aos pacientes já diagnosticados, visando McGraw-Hill do Brasil, 1977.
prevenir o aparecimento das complicações crônicas do 10. Milech A. Aproveite ao máximo, com um mínimo de cuidados.
quadro clínico- prevenção secundária. Em um terceiro Jornal da Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo, out
momento, deve-se exercer a prevenção terciária, com 2000.
vistas a reabilitar fisicamente alguns diabéticos, que 11. Norwood JW, Inlander CB. Entendendo a Diabetes: para a
educação do paciente. São Paulo: Júlio Louzada Publicações,
necessitem e colocá-los novamente no mercado de 2000.
trabalho. 12. Oliveira AGC. Convivendo com a doença crônica da criança: a
Concluído, este estudo serviu de base para a experiência da família. Tese (Doutorado) Escola de
elaboração de um programa de ensino-educação em Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994,
saúde- a diabéticos e seus familiares, afim de melhor 141 f.
13. Piacentini MV. Diabetes: o impacto da notícia. Dr. Jornal em
informá-los sobre o quadro clínico, prognóstico do revista. Piracicaba/ São Paulo, n. 18, março 2000.
diabetes e medidas para melhorar sua qualidade de vida. 14. Santos RM. Impacto Psico-Emocional. 1999. Trabalho
Tal pesquisa será apresentada em outro momento. apresentado no 4o. Congresso Brasileiro Multiprofissional em
Diabetes, São Paulo, 3 e 4 de julho de 1999. Comunicação
Agradecimentos oral.
15. Zem SH. Caracterização da situação acadêmica de crianças
portadoras de doença crônica. Dissertação (Mestrado em
Agradecimentos à CAPES, que financiou este trabalho Educação Especial) Centro de Educação e Ciências Humanas,
durante 24 meses. Universidade Federal de São Carlos, 1992, 118 f.
16. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes.
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2. Baptista MEC. Fenomenologia do existir do diabético. Tese mellitus. <http://www.diabetes.org.br/Diabetes/
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Ribeirão Preto, 1992, 101 f. Educação é a melhor arma terapêutica. <http://
3. Barbosa JC. Compreendendo o ser doente renal crônico. www.diabetes.org.br/publicacoes/j23/j23mat5.html> Acesso
Dissertação (Mestrado em Assistência de Enfermagem) Escola em 16 out 2000.
de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 19. JORNAL DIA A DIA: Tudo para o diabético. Programas de
1993, 144f. prevenção. Prevenção. <http://www.diadia.com.br/
4. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diabetes. 2. ed. rev. 07prevencao.htm> Acesso em 21 out 2000.
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Piracicaba/ São Paulo, n. 18, março 2000. 09prevencao.htm> Acesso em 21 out 2000.
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Paulo: Sarvier, 1998. www.netcomp.com.br/anad/consenso.htm
280 Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Cristina Ardenghi*, Adroaldo Lunardelli**, Aline Andrea da Cunha**, Cristine dos Reis***,
Jarbas Rodrigues de Oliveira****
*Farmacêutica Bioquímica, especialista em Análises Clínicas, PUCRS, **Aluno do Curso de Graduação em Farmácia – Análises Clínicas, PUCRS,
***Aluno do Curso de Graduação em Farmácia – Farmácia Industrial, PUCRS, ****Professor Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Biofísica,
Faculdade de Biociências, PUCRS. Trabalho Desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Biofísica, Departamento de Ciências Fisiológicas Faculdade de
Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Dissertação de Especialização, Laboratório de Pesquisa em Biofísica
Resumo
Tendo em vista a importância da doença cardiovascular (DC) em indivíduos com Diabetes Mellitus (DM), selecionamos pacientes com diagnóstico
prévio de DM com diferentes graus de controle glicêmico, conforme valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c), e relacionamos com lipoproteína
(a) – Lp(a) –, colesterol total (CT) e a relação colesterol total/lipoproteína de alta densidade (CT/HDL). Os níveis de Lp(a) e CT não aumentaram
proporcionalmente à piora do controle glicêmico. No entanto a relação CT/HDL aumentou conforme se elevaram os níveis de HbA1c, com os
grupos 2 e 3 apresentando uma diferença significativa (p < 0,05) em relação ao grupo controle. Verificamos também que não houve correlação
entre a Lp(a) e a relação CT/HDL. Podemos concluir que a concentração sérica da Lp(a) não sofreu influência do controle glicêmico dos
pacientes diabéticos, não podendo ser associada, portanto, à alta incidência de DC em pacientes com DM. Ao contrário, a relação CT/HDL está
associada a um inadequado controle glicêmico e pode ser um alto indício para o desenvolvimento da DC em pacientes com DM.
Endereço para correspondência: Prof. Dr. Jarbas Rodrigues de Oliveira, PUCRS, Av. Ipiranga,
6681 – Pd. 12C/263 – 90619-900 Porto Alegre RS, Tel: +55 21 51 3320-3500, ramal 4147,
Fax: +55 21 51 33203568, E-mail: joliveira@pucrs.br
Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 281
Abstract
In view of the importance of the cardiovascular illness (DC) in individuals with Diabetes Mellitus (DM), we select patients with previous diagnosis
of DM with different degrees of glicemic control, as value of the glycosylated hemoglobin (HbA1c), and relate with lipoprotein (a) - Lp (a) -, total
cholesterol (CT) and the total/lipoprotein relation cholesterol of high density (CT/HDL). The levels of Lp (a) and CT had not increased proportionally
to the worsening of the glicemic control. However, the relation CT/HDL increased as had raised the levels of HbA1c, with groups 2 and 3
presenting a significant difference (p<0,05) in relation to the group have controlled. We also verify that it didn’t have correlation between the Lp(a)
and relation CT/HDL. We can conclude that the seric concentration of the Lp(a) did not suffer influence from the glicemic control of the diabetic
patients, not being able to be associated therefore, with the high incidence of DC in patients with DM. In contrast, relation CT/HDL is associated
with an inadequate glicemic control and can be one high indication for the development of the DC in patients with DM.
Fig. 1 - Concentração de Lp (a) nos diferentes grupos de Fig. 2 - Concentração de colesterol total nos diferentes grupos
distintos valores de HbA1c. de distintos valores de HbA1c.
Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 283
que o colesterol LDL está aumentado em pacientes Fig. 4 - Correlação entre a relação colesterol total/HDL
diabéticos quando comparados a um grupo de pacientes e a Lp(a).
não diabéticos. Em nosso estudo verificamos que nem o
colesterol total e nem a fração LDL aumentaram
significativamente em pacientes diabéticos, sendo
independente do controle glicêmico.
No estudo populacional americano Physician’s Health
Study, em que foram avaliados marcadores tradicionais
de risco cardiovascular e novos marcadores que predizem
o risco de um futuro infarto agudo do miocárdio (IAM),
foi relatado que, em uma escala de zero a 6,0, a Lp(a)
ficou com índice 1,0 quanto ao risco de um futuro IAM,
enquanto que a relação CT/HDL obteve índice
aproximadamente igual a 3,0.
Em nosso trabalho, ao analisarmos a relação CT/HDL
dos grupos diabéticos, verificamos que os grupos 2 e 3,
onde existe um pobre controle glicêmico, a relação CT/
HDL foi significativamente mais elevada que no grupo
controle. Baixos níveis de HDL são associados com um Fig. 5 - Concentração de colesterol HDL nos diferentes grupos
de distintos valores de HbA1c. Os grupos assinalados com *
aumento do risco de DC e os altos níveis de HDL são apresentam diferença estatisticamente significativa em relação
associados a uma proteção às DC. Mesmo em pacientes ao grupo controle (P < 0,05).
com CT inferior a 200mg/dl, existe uma inversa
associação entre HDL e o risco de DC [20].
Podemos concluir com este trabalho, que a
concentração sérica da Lp(a) não sofreu influência do
controle glicêmico nos pacientes diabéticos, não
podemos portanto, associá-la a alta incidência de DC
em pacientes com DM. Ao contrário, a relação CT/HDL
está associada a um inadequado controle glicêmico e
pode ser um alto indício para o desenvolvimento da DC
em pacientes diabéticos. A falta de valor preditivo da
Lp(a) para DC em pacientes com DM foi corroborado
pela baixa correlação entre o aumento da relação CT/
HDL com os níveis da Lp(a) sérica (Fig. 4).
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Indicações: como complemento da dieta para reduzir a taxa de glicose no sangue em pacientes portadores de diabetes melito do tipo 2.
Contra-indicações: hipersensibilidade ao medicamento, cetoacidose diabética ou cirrose. Doença intestinal inflamatória, ulceração do
cólon, obstrução intestinal parcial ou predisposição à obstrução intestinal. Doenças intestinais crônicas com disfunção da digestão ou da
absorção. Precauções: a glicose oral (dextrose), cuja absorção não é inibida por Glucobay®, deve ser usada no lugar da sacarose (açúcar
de cana) no tratamento de hipoglicemia leve ou moderada, quando associado a outros hipoglicemiantes orais e/ou insulina. GlucobayÒ
não deve ser administrado durante a gestação, uma vez que não há dados disponíveis sobre seu uso em mulheres grávidas. Também não
deve ser indicado a menores de 18 anos. Interação medicamentosa: certos medicamentos tendem a produzir hiperglicemia: tiazídicos
e outros diuréticos, corticosteróides, fenotiazinas, produtos tiroidianos e estrogênicos, anticoncepcionais orais, fenitoína, ácido nicotínico,
simpatomiméticos, bloqueadores dos canais de cálcio e isoniazida. Reações adversas: dores abdominais, diarréia e flatulência, que
apresentaram tendência à redução com o passar do tempo. Aumento das transaminases séricas que parece estar relacionado com a dose.
Posologia: a dosagem inicial recomendada é de 3 vezes 1 comprimido (50 mg) por dia, sempre com o 1º bocado das refeições. Entretanto,
para prevenir eventuais efeitos gastrintestinais, a dosagem inicial alternativa é 50 mg (um comprimido), no início do jantar, por via oral,
nas duas primeiras semanas . Nas semanas 3 e 4, aumentar a dose para 2 comprimidos por dia (no início do almoço e no início do jantar),
passando a 3 comprimidos ao dia a partir da 5ª semana (com a primeira porção das principais refeições – café da manhã, almoço e
jantar). A dosagem deve ser ajustada com base nos níveis de glicemia pós-prandial de uma hora e na tolerabilidade. A dose de manutenção
varia de 50 mg a 100 mg, 3 vezes ao dia. Apresentações: comprimidos orais com 50 mg e 100 mg em embalagens com 30 comprimidos.
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Atualização / Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288
Diabetes 285
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ATUALIZAÇÃO
de macronutrientes – carboidratos, proteínas e gordura Educação nutricional deve ser centralizada sobre as
– na dieta [4]. As controvérsias sobre a distribuição mais alterações do estilo de vida, considerando o tipo de
conveniente de macronutrientes para promover a diabetes, idade, refeições fora da casa, viagens e planos
euglicemia continuam nas recomendações nutricionais de refeições, consumo moderado de álcool e atividade
em todo o mundo [5]. A Diabetes Education Consu- física. Deve ser enfatizada a redução de peso, mas
ltative Section recomenda que todas as prescrições também o controle glicêmico e lipídico.
nutricionais sejam adaptadas às necessidades
comportamentais, emocionais e médicas do paciente. Os Nutrição e diabetes tipo 1
guidelines deverão ser constantemente adaptados para
respeitar as melhores evidências. Quando possível, o tratamento deve ser adaptado à
alimentação habitual de ao padrão de exercícios do
Planos de refeições indivíduo portador de diabetes. Comer para responder
ao tratamento de insulina não é recomendado.
O plano de refeição ideal para o portador de diabetes Após plano de refeições e ajuste dos alimentos e/ou
depende de vários fatores: insulina em resposta ao monitoramento da glicose
• Tipo de diabetes sanguínea, os resultados foram significativamente
• Estilo de vida associados à diminuição dos níveis de HbA1c durante o
• Presença de fatores de risco associados, inclusa a Diabetes Control and Complications Trial (DCCT [9].
obesidade Desde o DCCT e a maior disponibilidade de análogos
• Preferências pessoais de insulina em vários partes do mundo, as estratégias de
• Ausência/presença de complicações e objetivos do nutrição e educação para as pessoas portadoras de
tratamento nutricional. diabetes tipo 1 são mais flexíveis para melhor atender as
necessidades dos diabéticos que trabalham.
O papel do nutricionista é individualizar os Quando possível, a terapia insulínica deve ser
requerimentos nutricionais (energia, composição em integrada na alimentação e modelos de exercício
macronutrientes e micronutrientes, distribuição das habituais dos indivíduos portadores de diabetes [1].
refeições e lanches) e formular um guia dietético, Comer para evitar os picos de insulina não é
considerando as referências de cada indivíduo, recomendado. Quando disponível, o monitoramento
disponibilidade dos alimentos, necessidades do estilo de regular da glicose sanguínea é recomendada para ajudar
vida, inclusas as crenças alimentares [5]. Em países e a compreensão da relação entre alimento, tratamento e
áreas onde os nutricionistas não existem, os profissionais atividade; o monitoramento é um guia para o ajuste da
de saúde devem usar a informação disponível sobre insulina. Os modelos de manejo do diabetes variam em
nutrição e diabetes para desenvolver planos de refeições. função da idade dos indivíduos e devem ser adaptados a
cada estado da vida.
Nutrição e diabetes tipo 2
Estratégias e ferramentas educacionais
O diabetes mellitus tipo 2 representa 90% dos casos
de diabetes. Em alguns países, mais de que 80% dos O uso de planos pré-estabelecidos não é recomendado.
diabéticos são obesos [6]. Alcançar um peso corporal Os profissionais de saúde têm saber e ferramentas para
aceitável é o objetivo do manejo nutricional para a individualizar os planos. É recomendado que, após
maioria dessas pessoas. avaliação, um plano de refeições individualizado ou
As necessidades energéticas dos diabéticos são recomendações individualizadas sejam dados a cada
semelhantes às da população geral. Indivíduos com paciente. Na ausência de nutricionistas treinados,
sobrepeso devem aumentar o nível de atividade física recomendações gerais podem ser um início útil. Outras
e adaptar a ingestão energética para alcançar um peso técnicas de educação incluem o uso de modelos visuais
razoável. Os indivíduos com peso normal devem tentar para descrever e ensinar os conceitos básicos do
manter o peso [7]. Existem evidências para a redução equilíbrio alimentar, tamanho dos pratos, preparação e
de pesos em pessoas diabéticas com sobrepeso. compras em feiras ou supermercado.
Conseguir essa alteração comportamental é difícil, com
poucas evidências no que se refere ao sucesso das O papel da nutrição na prevenção do diabetes e no
estratégias [8]. É importante anotar que as melhoras manejo das complicações
metabólicas e glicêmicas são realizados, na maioria dos
casos, sem normalização do peso corporal. Objetivos A nutrição tem um papel importante no manejo de
modestos, mas razoáveis, podem produzir melhores várias complicações, especificamente a doença
resultados a longo prazo. cardiovascular, hipertensão e nefropatia. Os diabéticos
Atualização / Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288 287
têm níveis de colesterol e triglicérides mais elevados de com a pessoa portador de diabetes. A complexidade da
que a população geral [10]. Depósitos permanentes de informação e a velocidade do processo de educação são
gordura nas artérias coronarianas podem ser responsáveis determinadas pelos objetivos do paciente e de sua
de obstruções, resultando em diminuição de energia para capacidade [13].
o coração, o que pode causar ataque cardíaca. Já foi
demonstrado que o LDL-colesterol pode causar uma Conclusão
lesão endotelial inicial, contribuindo para o evento
aterosclerótico. Outros fatores contribuem, tais como Nutrição é um fator essencial do manejo de ambos os
hipertensão, tabagismo e talvez disfunção hormonal [11]. tipos de diabetes. A melhora da nutrição resulta em
A isquemia renal é responsável do aumento da menos complicações. Quando possível, os portadores de
produção de renina, que age sobre um substrato da renina diabetes devem ser avaliados por profissional treinado e
para produzir a angiotensina 1; esta é responsável da registrado. Quando os profissionais não são disponíveis,
produção de angiotensina 2, a qual age diretamente sobre as mensagens nutricionais devem ser consistentes e
o vaso sanguíneo (vasoconstrição). Também estimula a individualizadas às necessidades do paciente e
área glomerular do córtex adrenal, o qual na sua vez distribuídas através de material de educação escrito.
aumenta a pressão sanguinea.
Em indivíduos portadores de diabetes, a doença
macrovascular é responsável de 75% de todos os óbitos, Referências
principalmente após doença cardiovascular [12].
Estratégias de nutrição incluem diminuição de gordura, 1. American Diabetes Association. Nutrition recommendations
alteração do consumo de proteínas e aumento do and principles for people with diabetes mellitus. Diabetes
consumo de fibras. Care supplement 1998;21.
2. Nutrition Subcommittee of the British Diabetic Association ‘s
Professional Advisory Committee. British Diabetes
Comportamento e educação – psicologia da Association. Dietary recommendations for people with
alimentação diabetes in the 1990’s. Diabetic medicine 1992;9:189-202.
3. Canadian Diabetes Association. Guidelines for the nutritional
O fator psicológico associado ao diabetes é bem management of diabetes mellitus in the new millenium.
reconhecido pelos especialistas. O manejo do diabetes Canadian |Journal of Diabetes Care 1999;23(3):56-69
4. Yinik A, Wing R. The good, the bad and the ugly in diabetic
interfere no comportamento individual e as exigências diets. Endocrinology and Metabolism Clinics of North
comportamentais do diabetes invadem todos os aspectos America 1992;21(2).
da vida do portador de diabetes. Por isso, o manejo do 5. Thom S. Nutritional management of diabetes. Nursing Clinics
diabetes exige alterações comportamentais significativas. of North America 1003;28(1).
A extensão e a invasão do diabetes no comportamento 6. Holden R. Type II diabetes mellitus: a review of
alimentar pode ser pesado: todo que o diabético come pathophysiology and management. Beta release 1991;15(2).
7. Quinn S. Diabetes and diet – are we still learning ? medical
tem influência sobre o controle glicêmico. O manejo da Clinics of North America 1003;77(4).
nutrição deve cuidar de duas questões principais: os 8. Wing R. Behavioural treatment of obesity – Its application to
aspectos psicossociais da alimentação e o processo da type 2 diabetes. Diabetes Care 1993;16(1).
alteração comportamental. 9. Delananty L, \Halford B. The role of diet behaviors in
achieving improved glycaemic control in intensively treated
Estratégias educacionais patients in the Diabetes Control and Complications Trial.
Diabetes Care 1993;16(1).
10. Nikkila EA, Httunmen JK, Ehnholm C. Postheparin plasma
Alterar os modelos alimentares é melhor realizado lipoprotein lipase and hepatic lipase in diabetes mellitus.
usando etapas pequenas, simples e personalizadas, Relationship to plasma triglyceride metabolism. Diabetes
desenhadas para alcançar metas específicas. As 1977;26:11-21
necessidades dos indivíduos necessitam uma avaliação 11. Golstein IL, Brown MS. The low-density lipoprotein pathway
cuidadosa por profissional treinado. Uma vez os objetivos and its relation to atherosclerosis, Annual review of
Biochemistry 1977;46:897-930.
aceitados, é essencial que a intervenção seja efetuada de 12. Marble A. Diabetologia 1976;12:193.
maneira apropriada. A capacidade de entender, as 13. Meltzer et al. Clinical practice guidelines for the management
técnicas e o material de ensino devem ser considerados. of diabetes in Canadá. Canadian Medical Association Journal
A educação nutricional é um processo continuo, dividido 1998;8(suppl):159.
288 Diabetes Clínica 04 (2002)
Barjas Negri
290 Notícias das Associações - Diabetes Clínica 04 (2002)
Nesta Ficha Prática, serão enfocados a condução da avaliação clínica e o uso de alguns instrumentos
necessários ao screening do Pé em Risco enfatizando-se: 1) o diagnóstico da neuropatia diabética
periférica e da doença vascular periférica; além 2) da classificação clínica do pé em risco. As
informações são baseadas, como antecipado em Diabetes Clínica [1], na versão brasileira do
Consenso Internacional sobre Pé Diabético e suas Diretrizes Práticas [2] e alguns relatos recentes
(Prof. Dra. Hermelinda Pedrosa).
Endereço para correspondência: Profa Dra Hermelinda Cordeiro Pedrosa – Docente da Escola Superior em Ciências da Saúde, Fundação de
Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, SES/DF; Membro Representante no Brasil: Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético,
Centro de Investigação do Pé - SHLS 716 Centro Clínico Sul Torre II Salas 315/317 – Asa Sul – 79390-700 Brasília, DF,
Telefax: (61)345-5534, E-mail: pedrosahc@aol.com
FICHA PRÁTICA
Diabetes Clínica 13
293
Pé Diabético
Locais de teste
** ITB - pressão arterial sistólica do tornozelo dividida pela do braço, em posição supin, valores abaixo de 0.9 requerem avaliação
mais detalhada e acima de 1.15 pode indicar calcificação arrterial.
FICHA PRÁTICA
Diabetes Clínica 13
295
Pé Diabético
Referências:
1. Pedrosa HC. Por que um Consenso Internacional sobre Pé Diabético ? Diabetes Clínica
2002;6(2):135-138
2. Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso Internacional sobre Pé
Diabético. Pedrosa HC, Andrade AC (coord., trads.), SES/DF (ed.), 2001
3. Boulton SJM, Gries FA, Jervell JÁ. Guidelines for the diagnosis and outpatient
management of diabetic peripheral neuropathy. Diabetic Med 1998;15:508-514
4. Boulton AJM. The pathogenesis of diabetic foot problems: an overview. Diabetic Med
1996; 13 (suppl 1):S12-S16
5. Scott LV, Tesfaye S. Mensuração da neuropatia somática para a prática clínica e para os
estudos clínicos. Current Diabetes Reports Latin América 2002, 1:204-210
6. Abbot CA, Vileikyte L, Williamson S et al. Multicenter study of the incidence of and
predictive risk factors of diabetic neurophatic foot ulceration. Diabetes Care
1998;7:1071-1075
7. Armstrong DG, Lavery LA, Harkless LB. Who is at risk for diabetic ulceration ? Clin
Podiatr Med Surg 1998; 1:11-19
8. Kummar S, Fernando DJS, Veves A, Boulton AJM. Semmes-Weinstein monofilaments:
a simple, effective and inexpesnive screening device for identifying diabetic patients at
risk of foot ulceration. Diabets Res Clin Pract 1991;13:63-68
9. Second European Consensus Document on Chronic Critical Ischaemia. Eur J Vasc Surg
1992:6 (Suppl A)
10. Boyko EJ, Ahroni JH, Davignon D, Stensel V, Prigeen RL, Smith DG. Diagnostic
utility of the history an physical examination for peripheral vascular disease among
patients with diabetes mellitus. J Clin Epidemiol 1997;50(6):659-668
11. Apelqvist J, Castenfors J, Larsson J, Stentrom A, Agarth CD. Prognostic value of
systolic ankle and toe blood pressure levels in outcome of diabetic foot ulcer. Diabetes
Care 1989; 12:373-378
296 Diabetes Clínica 04 (2002)
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300 Diabetes Clínica 04 (2002)
Calendário de Eventos
JULHO DE 2002 SETEMBRO DE 2002
26 a 28 de julho 1 a 5 de setembro
7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes
7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de EASD 2002
diabetes Budapest, Hungria
Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706,
Informações: ANAD (11) 5572-6559 1365 Budapest 5 - Hungria
Fax: (11) 5549-6704 Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582
www.anad.org.br/congres7.htm E-mail: easd2002@congress.blavo.hu
E-mail: anad@anad.org.br 7 a 11 de setembro
5th International Congress of Neuroendocrinology
AGOSTO DE 2002 Bristol, Reino Unido
Tel: +44 (0) 1454 642-211
7 a 11 de agosto
www.bioscientifica.com/icn2002.htm
29th Annual Meeting e Educational Program American Association
of Diabetes Educators 17 a 21 de setembro
Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium
Tel: (312) 424-2426 Westin Copley Place, Boston, Massachusetts
www.aadenet.org/annual.htm Informações: The American Society of Bariatric Physicians
Tel: (303) 770 2526
16 a 17 de agosto
Fax: (303) 779 4834
5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de
E-mail: bariatric@asbp.org
Rio de Janeiro
www.asbp.org
Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Informações: (21) 2531-3313 18 a 21 de setembro
International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes Meeting
16 a 18 de agosto
Graz, Austria
VIIIo Encontro gaúcho de diabetes
Informações: Prof. Dr. Martin Borkenstein,
AMRIGS, Porto Alegre
Tel: +43-316-385-2610
Presidente: prof. Dr. Balduino Tschiedel
Fax: +43-316-385-3257
Informações: (51) 3330 1134
E-mail: martin.borkenstein@kfunigraz.ac.at
18 a 23 de agosto www.ispad2002graz.at/
XIXo International Congress of the Transplantation Society
20 a 22 de setembro
Buenos Aires, Argentina
MDRF-ADA PG Course
Tel: 54 11 4381 1777
Chennai, Índia
Fax: 54 11 4382 6703
mvdsc@vsnl.com.or
E-mail: info@transplantation2002.com
drmohan@giasmd01.vsnl.net.in
24 a 29 de agosto
21 a 25 de setembro
9th International Congress on Obesity
25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia
Hotel Transamérica, São Paulo, SP
Blue Tree Towers - Brasília - DF
Informações: www.abeso.org.br
Informações: SBEM
Tel: (11) 3079-2298
Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193
Fax: (11) 3079-4232
E-mail: sbem.rj@openlink.com.br
24 a 29 de agosto
26 a 29 de setembro
12th Annual Scientific Meeting of the Diabetic Neuropathy Study
IVo Expo – Qualidade de vida
Group of the EASD (NEURODIAB)
Centro de eventos São Luis,
Balatonfüred, Lake Balaton, Hungria
Rua Luiz Coelho, 340, São Paulo SP
Tel:+49-211-33821
Informações: (11) 3849-6438 ramal 24
E-mail: dan.ziegler@ddfi.uni-duesseldorf.de
Website: www.neurodiab.org
30 a 31 de agosto OUTUBRO DE 2002
9th International Congress on Obesity 2 a 5 de outubro
Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic VIIIo European Symposium on Metabolism
Syndrome The Metabolic Syndrome, Diabetes, Obesity and Hyperlipidemia
Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ Padova, Itália
Informações (21) 2286-2846 Tel: +39-049-8212154 or 8758166
www.jz.com.br gaetano.crepaldi@unipd.it
Diabetes Clínica 04 (2002) 301
Índice
(vol. 6 nº 5 - 2002) 305~384
EDITORIAL
Dia Mundial de Diabetes 2002: prevenção das complicações oculares
Fadlo Fraige Filho ............................................................................................................................................ 307
PRODUTOS E NOVIDADES
Pó para preparo de bolo light, sorvete light e pudim light (Lowçucar), Ez-Vac, Penfine (Disetronic),
Micromat II (Bio-Rad Laboratories) ................................................................................................................ 338
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúr-
bios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o
conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas.
Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de
reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à
diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira
rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
Editorial
Onde é celebrado?
Há um tema especial?
Como começou?
Em 1996, foi desenhado o logotipo definitivo e foi feito para marcar a data
com uma forte identificação global. O logotipo combina o equilíbrio e o
trabalho conjunto, além de estar baseado no conhecido símbolo do Yin e
Yang. Um cuidadoso equilíbrio entre insulina, medicação, alimentação e
exercício é essencial no tratamento.
Como se organiza?
Tema de 2002
Um evento mundial
Edwin Fineberg et al, Diabetes Care Dieta com proteína vegetal não é melhor do que com proteína
2002;25:1277-1282,1474-1476. animal para o diabetes tipo 2
Uma dieta que apresenta somente proteína de origem vegetal não tem
vantagem sob uma dieta que contém proteína animal, para indivíduos
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2002) 311
Continuação de músculo liso vascular, causou grande discussão sobre sua segurança, devido
ao risco do desenvolvimento de isquemia do miocárdio. Breves episódios de
isquemia cardíaca levam o coração a ficar mais resistente a eventos isquêmicos
subseqüentes. Este fenômeno é chamado “precondicionamento isquêmico”.
A ativação de canais de potássio ATP dependente mimetiza completamente
este fenômeno; além disso, o bloqueio destes canais com algum dos compostos
a base de sulfoniluréia aboliu este efeito protetor. Portanto, o conceito de
seletividade dos compostos de sulfoniluréia emergiu e a escolha da droga
deve ser baseada neste fato. Todo composto deve ser estudado individualmente
quanto a eficácia e segurança, em referência aos pontos relevantes para o
diabetes tipo 2, i.e. morbidade e mortalidade cardiovascular.
O Diabetes na Imprensa
JAHH=
Rio distribui de graça remédio que reduz colesterol
1 de agosto de 2002 A Prefeitura do Rio, desde agosto, está distribuindo gratuitamente, para
cerca de 11.900 pacientes da rede municipal de saúde, o medicamento
Sinvastatina, que reduz a taxa de colesterol. O remédio está sendo distribuído
em 118 unidades da Secretaria Municipal de Saúde, onde os pacientes com
doença cardiovascular estão cadastrados.
A distribuição atende aqueles que já sofreram infarto do miocárdio, acidente
vascular encefálico e os portadores de safena e de angina do peito. Além de
receber o medicamento, eles passam por uma avaliação clínica. De acordo
com a Secretaria, a Sinvastatina também será incluída no programa Remédio
em Casa. Atualmente, o programa dá assistência a hipertensos e diabéticos,
que se tratam nas unidades municipais e estão com a taxa de colesterol
controlada.
JAHH=
Faltam remédios para diabéticos em Natal
16 de agosto de 2002 O promotor de Saúde, Edevaldo Alves Barbosa, vai pedir a prisão do
secretário de Saúde do Município de Natal, Enildo Alves, se ele não
providenciar o suprimento de remédios, em especial para diabéticos, nos postos
da Prefeitura e em quantidade suficiente para atender a demanda de pacientes.
No primeiro semestre a Justiça julgou favorável liminar solicitada pelo
Ministério Público para o Município providenciar o fornecimento de insulina
e outros medicamentos nos postos de saúde. Edevaldo Barbosa constatou por
denúncias e em visitas aos postos que o secretário estava desrespeitando a
decisão liminar.
O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, Cícero Martins de Macedo Filho,
deu prazo de 72 horas para que Enildo Alves abasteça as farmácias dos 65
postos de saúde com medicamentos.
A multa diária pelo descumprimento da liminar é de R$ 5 mil, a ser cobrada
no final do processo contra o Município. O promotor disse que não vai abrir
mão da multa para que seu efeito sirva de exemplo para quem tentar
desrespeitar as determinações judiciais.
Na ação civil pública contra o Município o juiz da 4ª Vara da Fazenda
Pública deferiu o pedido do Ministério Público para punir a Secretaria de
Saúde com multa por descumprimento de liminar e relata haver indícios de
desobediência (ou prevaricação) por parte do secretário de Saúde que poderá
ser responsabilizado criminalmente por isso, determinando abertura de
inquérito policial.
Edevaldo Barbosa fez inspeções nos postos de saúde de Nova Natal, Potengi,
Pajuçara, África (na Redinha), Maternidade das Quintas, além das denúncias
da própria população sobre as unidades de Pirangi e Nova Descoberta. Foi
constatado que a Secretaria de Saúde do Município quando envia a insulina
para diabéticos, o faz sempre em menor quantidade que o solicitado. Em
outros casos, o abastecimento não é feito colocando em risco a vida dos
pacientes que procuram atendimento no sistema de saúde pública.
Na documentação apresentada pelo promotor ao juiz, ele dá exemplo de
um posto que pediu 300 frascos de insulina humana NPH-100 injetável de
10ml mas que a Secretaria só enviou 15. Há casos que o medicamento é
enviado mas falta seringa. A Secretaria, disse o promotor, sequer tem um
cadastro dos pacientes especiais de diabetes e hipertensos.
Continuação explicou que as doações de medicamentos de outros países exigem uma série
de documentos do importador. Segundo ela, nesse caso, o único que falta é o
alvará sanitário, que é expedido pela Vigilância Sanitária do Município (Covisa).
Ela avalia se o local onde o medicamento ficará armazenado é adequado para
preservar as propriedades e a qualidade do produto. “Realmente não sei porque
a Covisa ainda não expediu este documento”.
O Daonil é apenas um dos tipos de medicamentos que integra os cinco
pacotes, no total de 10 mil compridos, doados pelo Instituto Internacional
MEDOR, organização não governamental formada por médicos e com sede na
Alemanha. Além da diabetes, no lote há também remédios ginecológicos,
oftalmológicos e dermatológicos. Os produtos foram doados ao padre Tiago
Theisen, da paróquia Santa Maria Mãe, na zona norte.
Há 22 anos o sacerdote recebe essa doação. Essa foi a primeira vez que
aconteceu o problema com a Receita Federal. “Falta medicamento na Secretaria
Municipal de Saúde e, ao mesmo tempo, a lei brasileira impede de chegar
remédios do exterior”, lamentou o padre Tiago.
Ele se mostrou irritado com a apreensão dos remédios e disse que não
solicitará mais doações da entidade internacional. “Não peço mais remédio e
também não vou mais lutar para a liberação desses remédios.” O sacerdote
disse que se os produtos ainda forem liberados, poderão ser doados até mesmo
à Secretaria Municipal de Saúde. “Nos anos anteriores eu doei à universidade
e ao abrigo de idosos”, disse o padre.
Os segredos da obesidade
Continuação que dá o sinal de saciedade está com defeito, come-se além do necessário até
sentir que chega. Por mecanismos como esse, está em curso mais uma mudança
na compreensão da gordura. “Ela é um tecido inteligente, que produz dezenas
de substâncias”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern, presidente científico
do encontro de São Paulo. Outro hormônio associado ao apetite, a grelina
(fabricada no estômago para avisar o cérebro que é hora de comer) também
está envolvida nas sabotagens para impedir a perda de peso. Estudos mostram
que os ex-gorduchos apresentam duas a três vezes mais grelina do que as
pessoas que não fizeram dieta. Isso também não é bom, porque quantidades
maiores de grelina significam mais sensação de fome.
Há outras substâncias sendo esmiuçadas, entre elas a adiponectina e o
neuropeptídeo Y. “Elas nos ajudam a entender como é regulado o nosso
equilíbrio energético”, explica o endocrinologista Walmir Coutinho, um dos
organizadores do Simpósio Internacional em Obesidade, Hormônios e
Síndrome Metabólica, que aconteceu no Rio. Porém, o composto que mais
entusiasma os cientistas é o hormônio PYY3-36, fabricado no intestino após
as refeições. Em um estudo publicado em agosto na revista Nature,
pesquisadores injetaram a substância em voluntários e obtiveram resultados
impressionantes, como a redução de 35% do apetite durante 24 horas. “É
uma descoberta maravilhosa, mas ainda cumprirá várias etapas de testes até
trazer benefícios práticos”, pondera o médico Medeiros. Em busca de armas
mais eficazes, a ciência se debruça ainda sobre a genética. O canadense Claude
Bouchard, autoridade no assunto, sustenta que há alta probabilidade de que
pacientes com IMC superior a 33 tenham uma grande predisposição genética
para a obesidade. Até o momento, os especialistas não identificaram os genes
específicos para a doença, embora contabilizem 60 genes relacionados ao
mal.
326 Diabetes Clínica 05 (2002)
Jean-Louis Chiasson, Research Centre, Acarbose na prevenção do diabetes mellitus tipo 2: Resultados do
Centre Hospitalier de l’Université de estudo randomizado STOP-NIDDM
Montréal, Hôtel-Dieu, Department of
Medicine, University of Montreal, Introdução: O crescimento mundial do diabetes tipo 2, tornou a doença
Quebec, Canadá e The STOP-NIDDM, um grande problema de saúde pública. Nosso objetivo foi o de avaliar o efeito
Lancet 2002; 359: 2072-77, 15 de da acarbose para prevenir ou atrasar a conversão da intolerância à glicose
junho de 2002 (IGT) em diabetes tipo 2.
Métodos: Estudo multicêntrico, randomizado, controlado por placebo, no
qual os pacientes portadores de intolerância à glicose receberam acarbose
100 mg ou placebo 3 vezes ao dia. O primeiro prazo foi o desenvolvimento
de diabetes controlado por teste de tolerância oral à glicose (OGTT).
Resultados: 714 pacientes com IGT foram randomizados para receber
acarbose e 715 receberam placebo. 61 pacientes (4%) foram excluídos por
não apresentarem IGT ou dados de pós-randomização. 211 (31%) dos 682
pacientes do grupo acarbose e 130 (19%) dos 686 pacientes do grupo placebo,
interromperam o tratamento precocemente. 221 (32%) pacientes randomizados
por acarbose e 285 do grupo placebo desenvolveram diabetes.Acarbose
aumentou significativamente a reversão da intolerância à glicose para
tolerância normal à glicose (p < 0,0001). No final do estudo, o tratamento
com placebo durante 3 meses foi associado ao aumento da conversão da
intolerância à glicose em diabetes. Os efeitos adversos mais frequentes da
acarbose foram flatulência e diarréia.
Conclusão: Acarbose pode ser utilizada, como alternativa ou complemento
das alterações do estilo de vida, para prevenir o desenvolvimento do diabetes
tipo 2 em pacientes portadores de intolerância à glicose.
MS Kipnes et al, 38th Annual Meeting Eficácia e segurança do tratamento com sinvastatina em
of the European Association for the pacientes diabéticos tipo 2, tratados com tiazolidinedionas
Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de
2002, Budapest, Hungria Objetivos: A doença cardiovascular é a maior causa de morte entre os
pacientes portadores de diabetes tipo 2 (DM2). Com o objetivo mais agressivo
de diminuição do LDL-colesterol em pacientes diabéticos tipo 2, sugerido no
recente NCEP ATP III, o tratamento de inúmeros pacientes não está adaptado.
O tratamento com tiazolidinedionas melhora o controle glicêmico mas não
diminui as concentrações de LDL-colesterol. Avaliamos a eficácia e segurança
do tratamento com sinvastatina em pacientes diabéticos tipo 2 tratados com
tiazolidinedionas.
Continuação Material e métodos: Neste estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego,
controlado por placebo, paralelo, de 2 braços, pacientes diabéticos tipo 2 com
HbA1c ≤ 9,0% e LDL-C > 100 mg/dl (2,59 mmol/l), receberam rosiglitazona
ou pioglitazona (terapia complementar ou outro remédio antidiabético era
permitido) e foram classificados em função do tratamento e dose. Também
foram randomizados para sinvastatina 40 mg (n = 123) ou placebo (n = 130)
durante 24 semanas. Foram avaliados os efeitos da sinvastatina sobre LDL-C
e outros lípides.
Resultados: Sinvastatina foi responsável por uma diminuição significativa
(p < 0,001) dos níveis de LDL-C, quando comparada com placebo. Níveis
médios de LDL-C ficaram estáveis no grupo placebo, mas foram reduzidos
em 32% de 134 mg/dl (3,47 mmol/L) no início para 90 mg/dl (2,33 mmol/l)
na 24o semana, em pacientes tratados por sinvastatina. No que se refere ao
placebo, a sinvastatina foi responsável por diminuições significativas no
colesterol total, triglicérides, não-HDL-C e apoliprotéina B, e aumentos
significativos em HDL-C e apo A-I. O controle glicêmico (HbA1c), insulina
de jejum, creatinina quinase e níveis de transaminases hepáticas não foram
significativamente diferentes entre os 2 grupos.
Conclusão: Em pacientes diabéticos tratados por TZD em monoterapia ou
combinado com outro tratamento antidiabético, a sinvastatina 40 mg foi
bem tolerada e induziu melhoras significativas dos níveis plasmáticos de
LDL-C e outros parâmetros lipídicos. Entretanto, a sinvastatina é um
tratamento eficiente e bem tolerado da hiperlipidemia, quando usada em
combinação com TZD em pacientes portadores de diabetes tipo 2.
J. Herwig et al, 38thAnnual Meeting of Experiência com insulina glargina em crianças, jovens e
the European Association for the Study adolescentes diabéticos tipo 1: estudo prospectivo
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002,
Budapest, Hungria
Introdução e objetivos: Insulina glargina (Lantus) é um novo análogo de
insulina que fornece insulina basal durante 24 horas, sem pico pronunciado
de atividade. Estudos clínicos extensivos têm demonstrado a eficácia e
segurança da insulina glargina em adultos. Entretanto, existe menos experiência
de insulina glargina em pacientes pediátricos e, na Europa, a glargina ainda
não está aprovada para uso em pediatria. O objetivo desse estudo prospectivo,
foi observar o efeito da insulina glargina e da insulina NPH sobre o controle
metabólico e a qualidade de vida em pacientes pediátricos portadores de
diabetes tipo 1.
Material e métodos: Os pacientes (≥ 5 anos) receberam insulina prandial
(regular ou lispro), e insulina NPH uma, duas ou três vezes ao dia (62
pacientes), ou insulina glargina uma vez ao dia (67 pacientes), entre 6 horas
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) 329
Continuação da tarde e meia-noite. Pacientes dos grupos glargina e NPH foram tratados
durante 10,9 ± 8,6 e 11,7 ± 8,3 meses, respectivamente.
Resultados: Níveis de glicose aumentaram levemente nos grupos glargina
(linha base: 7,3 ± 1,0%, final: 7,7 ± 1,6%) e NPH (linha base: 7,6 ± 1,6%,
final: 7,9 ± 1,5%). A dosagem de insulina regular aumentou mais no grupo
NPH (linha base: 0,55 ± 0,26 IU/kg, final: 0,63 ± 0,19 IU/kg) do que no
grupo glargina (linha base: 0,61 ± 0,16 IU/kg, final: 0,62 ± 0,12 IU/kg). Existia
uma tendência para hipoglicemia sintomática menos importante no grupo
glargina, em comparação com NPH. A incidência da hipoglicemia severa foi
levemente menor no grupo glargina do que no grupo NPH (0,31 vs. 0,36
episódios/paciente/ano, respectivamente). A qualidade de vida percebida foi
melhor no grupo glargina. Nenhum dos pacientes, usando insulina glargina,
aceitaram voltar para as antigas preparações de insulina, porque preferiram
dormir e usar só uma aplicação.
Conclusões: Insulina glargina pode ser associada com menor risco de
hipoglicemia sintomática em pacientes pediátricos, notadamente a
hipoglicemia severa (grupo de adolescentes), e os pacientes preferiram a
insulina de longa ação glargina.
S. Shakuto et al, 38thAnnual Meeting of Efeito profilático da sulfoniluréia glimepirida sobre aterosclerose
the European Association for the Study
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002,
Budapest, Hungria Introdução e objetivos: A prevenção do desenvolvimento ou progressão
da aterosclerose é imperativo no tratamento de pacientes diabéticos. Esse
estudo examinou o efeito profilático potencial da glimepirida (Amaryl) sobre
a aterosclerose, em coelhos alimentados com colesterol, e investigou o
mecanismo de ação da glimepirida sobre a oxidação das células endoteliais
arteriais coronarianas mediada por LDL.
Material e métodos: Estudo 1 - Velhos coelhos de 10 semanas foram
randomizados em 4 grupos (8 por grupo, n = 32), e receberam uma dieta com
1% de colesterol durante 10 semanas. O grupo controle recebeu a dieta de
colesterol e os três outros grupos receberam glimepirida 0,1 mg/kg/dia,
glibenclamida 0,25 mg/kg/dia, ou gliclazida 4 mg/kg/dia. A dieta diária foi
restrita de 100g para todos os coelhos. Os níveis de lípides plasmáticos foram
medidos a cada 2 semanas. Após 10 semanas, aortas torácicas foram retiradas
e cobertas com óleo vermelho, e foi calculada a percentagem da superfície
com lesões. Foi realizada uma avaliação histológica das lesões óleo vermelha
positivas. Estudo 2 - Velhos coelhos de 12 semanas foram randomizados em
2 grupos; grupo controle (n=14) e grupo glimepirida 0,1 mg/kg (n=15). A
dieta foi semelhante à do primeiro estudo. Após 10 semanas, aortas torácicas
e fígados foram removidos e foram determinados os conteúdos em peróxidio
lipídico e lípides tissular. Estudo 3 - Células HCAE foram incubadas na
presença ou ausência de glimepirida, e foi avaliada a extensão da peroxidação
lipídica.
Resultados: Nos coelhos alimentados por colesterol do primeiro estudo,
foi observada uma acumulação de células ricas em lípides, nas áreas focais da
intima arterial. O tratamento com glimepirida determinou uma diminuição
significativa da percentagem observada das lesões ateroscleróticas óleo
vermelha positivas (controle: 57,5 ± 7,1% vs. glimepirida: 20,6 ± 4,8%, p <
0,01), sem alteração nos níveis de lípides plasmáticos. Resultados semelhantes
foram observados no estudo 2. Os resultados de glibenclamida e gliclazida
no primeiro estudo foram semelhantes aos do controle e um número
significativamente maior de lesões ateroscleróticos foi observada com glicazida
Continuação vs. glimepirida (p < 0,05). Foi observada uma diminuição significativa
nos conteúdos de lípides e peroxídios lipídicos nas aortas torácicas para
glimepirida (p < 0,001 vs. controle), sem alteração significativa no nível
de lípide hepático no estudo 2. Em contraste, glibenclamida e gliclazida
não conseguiram inibir a aterogênese. Em células HCAE, glimepirida (mas
não glibenclamida ou gliclazida) inibiu a modificação oxidativa do LDL,
dependendo da dosagem (IC50 = 8.8 x 10-7 M) sem citotoxicidade.
Conclusão: Estes achados sugerem que glimepirida pode prevenir o
desenvolvimento da aterogênese em um modelo aterosclerótico animal,
e que o mecanismo implicado pode ser a inibição da oxidação LDL
endotelial mediada células cell-mediated LDL oxidation.
C. Thivolet et al, 38thAnnual Meeting of Tratamento com misturas e insulina aspart bifásica melhora o
the European Association for the Study controle glicêmico em pacientes diabéticos
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002,
Budapest, Hungria Introdução e objetivos: Insulina aspart bifásica é uma mistura de
insulina aspart (IAsp) solúvel (de ação rápida) e de cristalizada em
protamina (ação intermediária). As formulações high-mix BIAsp 50 e
BIAsp 70 contêm 50 e 70% Iasp solúvel, respectivamente. Este estudo
investigou se a BIAsp 50 ou 70, comparadas com insulina humana
bifásica (BHI 30), melhoram o controle glicêmico em pacientes
portadores de diabetes.
Material e métodos: Um total de 657 pacientes portadores de diabetes
tipo 1 (184) ou tipo 2 (473), tratados com BIAsp três vezes ao dia (331)
ou BHI 30 duas vezes (326), foram incluídos nas análises de comparação.
As características demográficas no início (idade, sexo e IMC) e diabéticas
(duração do diabetes e HbA 1c ), foram comparáveis entre os grupos.
Pacientes do grupo BIAsp foram alocados para BIAsp, 50 quando seu
IMC era acima de 30 kg/m 2 ou para BIAsp 70 se era abaixo de 30 kg/m 2.
Para os dois tratamentos BIAsp, a dose diária total de insulina foi
aumentada em 10%, na dose diurna, e a BIAsp 30 foi permitida no jantar,
quando necessária. A eficácia foi avaliada por HbA 1c e parâmetros
derivados dos perfis da glicose sanguínea obtidos após 16 semanas de
tratamento.
Resultados: No grupo diabetes tipo 2, HbA1c foi menor com tratamento
BIAsp do que com BHI 30 (8,32 vs. 8,68%, p < 0,01). Isso foi confirmado
por achados de níveis menores de glicose sanguínea para BIAsp
comparada com BHI 30: glicose sanguínea média (9,05 vs. 10,0 mmol/
l, p < 0,01), média de aumento de glicose sanguínea prandial (1,52 vs.
3,21 mmol/l, p < 0,01). Também, os valores de glicose sanguínea
individual foram geralmente menores com BIAsp comparada com BHI
30, apesar de que a diferença estatisticamente significativa não foi
observada para os níveis pré-almoço e noturnos. Entretanto, o nível de
glicose sanguínea pré-café da manhã foi maior para BIAsp do que para
BHI 30 (em 1,21 mmol/l, p < 0,01), o que indica um melhor controle
noturno com BHI 30. No grupo tipo 1, menos parâmetros atingiram uma
diferença estatisticamente significativa, e o tratamento com BIAsp não
apareceu tão favorável quando comparado com BHI 30, do que no grupo
tipo 2. Para a população total, não foram observadas diferenças
significativas, no que se refere ao risco relativo de episódios
hipoglicêmicos entre BIAsp e BHI 30 (1,4, p = 0,57). Entretanto, o risco
relativo de episódios hipoglicêmicos menores foi de 1,56 (p < 0,01) para
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) 331
C. Weyer et al, 38thAnnual Meeting of Reposição de amilina durante refeição com pramlintide melhora
the European Association for the Study significativamente as excursões de glicose pós-prandial, quando
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, adicionada à insulina regular e insulina lispro em pacientes
Budapest, Hungria diabéticos tipo 1
C. Levetan et al, 38thAnnual Meeting of Pramlintide durante 4 semanas diminui as excursões da glicose
the European Association for the Study em pacientes diabéticos tipo 1, tratados intensivamente com
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, bombas de insulina
Budapest, Hungria
Introdução e objetivos: Excursões excessivas da glicose, incluindo picos
hiperglicêmicos e episódios de hipoglicemia, representam um problema maior
para pacientes portadores de diabetes tipo 1, mesmo para os intensivamente
tratados e com valores satisfatórios de HbA1c. Este estudo usou um sistema
de monitoração continua da glicose (Minimed), para avaliar o efeito da
pramlintide sobre as excursões da glicose em pacientes portadores de diabetes
tipo 1, intensivamente tratados com aplicação subcutânea continua de insulina.
Material e métodos: Neste estudo duplo cego, em dois centros, 24 pacientes
portadores de diabetes tipo 1 (42 ± 11 anos; HbA1c 8,2 ± 1,7%, média ± DP),
utilizando infusão continua de insulina subcutânea, receberam injeções pré-
prandiais de placebo (n = 6) ou 30 µg de pramlintide (n = 18) 3 vezes ao dia
durante 4 semanas. As doses de insulina pré-prandial foi inicialmente reduzida
de 10 para 20%. As concentrações da glicose intersticial foram medidas a
cada 5 minutos, durante 24 horas, utilizando a monitoração contínua da glicose
nas semanas 0 (início), 4 (tratamento) e 6 (pós-tratamento).
Resultados: No início, pacientes apresentaram excursões excessivas de
glicose, gastando em média 59% de um período de 24 horas, com valores da
glicose acima de 140 mg/dl, 13% abaixo de 80 mg/dl, e 28% com taxas
euglicêmicas (80 to 140 mg/dl). Após 4 semanas de pramlintide, o tempo
acima da euglicemia diminuiu para 48% e o tempo de euglicemia aumentou
de 32 para 37%. Essa alteração do intervalo hiperglicêmico para euglicemico,
ocorreu sem aumento significativo da hipoglicemia (15%), sem eventos
hipoglicêmicos severos, e com dose de insulina pré-prandial diminuídas em
aproximadamente 20%. Na semana 6 (pós-tratamento), o perfil da glicose de
24 horas voltou para os valores pré-tratamento.
Conclusão: Esses resultados indicam que, na estratégia para terapia intensiva
de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 1, a substituição da
amylin para pramlintide diminui as excursões excessivas da glicose, o que
pode ajudar o paciente atingir os objetivos de controle glicêmico.
P. Valensi et al, 38thAnnual Meeting of Efeito positivo do orlistat no controle de níveis de glicose
the European Association for the Study sanguínea em pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com
of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, sobrepeso
Budapest, Hungriá
Introdução e objetivos: A perda de peso é difícil de ser atingida e é
considerada como sendo de suma importância para a melhora dos níveis
sanguíneos de pacientes diabéticos tipo 2 (DM2) com sobrepeso. O objetivo
334 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002)
Continuação deste estudo foi determinar o uso do orlistat para ajudar a perda de peso e os
parâmetros glicêmicos em pacientes com pouco controle dos níveis sanguíneos
de glicose.
Material e métodos: Este estudo multicêntrico, duplo-cego, incluiu 193
pacientes com sobrepeso e obesos (18-65 anos; IMC 28-40kg/m²) com DM2
(HbA1c 7-9%). Os pacientes foram tratados com metformina, sulfoniluréias,
ou ambos, numa dose estável, durante pelo menos 3 meses, porém foram
insuficientemente equilibrados. Os pacientes foram randomizados para o
tratamento com orlistat (ORL) 120 mg (n = 97) ou placebo (PL; n = 96),
juntamente com uma dieta com redução calórica moderada por 6 meses. As
análises foram conduzidas na população ITT (modelo ANCOVA) e os
resultados apresentados como médias SEM.
Resultados: Os dois grupos de pacientes foram comparáveis na linha de
base em se tratando dos parâmetros principais de IMC (média=33,7 ± 3.4 kg/
m²) e HbA1c (média = 7,7 ± 0,8%). Aos seis meses, a perda de peso foi maior
no grupo ORL comparado ao grupo PL (-3,9 ± 3,4% vs –1,3 ± 2,6%, p <
0,0001). A melhora dos níveis de HbA1c também foi maior no grupo ORL (-
0,54 ± 0,10% vs. –0,18 ± 0,09%; p < 0,002). A redução de ³ 1% em HbA1c foi
atingida em 33% dos pacientes tratados com ORL versus 21% dos pacientes
tratados com PL (p = 0,023) e uma redução de ³ 1,5% também foi atingida em
pacientes tratados com ORL (19% vs 4%; p < 0,001). O nível de 6.5% de
HbA1c em plasma marcado foi atingido por 36% dos pacientes tratados com
ORL. A melhora dos níveis de glicemia de jejum foi maior no grupo tratado
com ORL comparado com PL (-1,39 ± 0,22 mmol/l vs. –0,50 ± 0,24 mmol/l,
p < 0,0001). A dose oral de medicamento anti-diabético foi significativamente
mais reduzida nos pacientes tratados com ORL (10,3%) do que no PL (1,2%;
p < 0,002). Pacientes que perderam mais do que 5% do seu peso inicial em 3
meses, constituíram um subgrupo de resposta precoce (n = 24). Este subgrupo
atingiu uma perda de peso de –8,6 ± 3,1% e uma melhora de HbA1c de –1,27
± 0,17% em 6 meses.
Conclusões: Estes resultados demonstram que a adição do orlistat à terapia
convencional, mas insuficientemente ativa com antidiabéticos orais,
promovem melhora significativa no controle sanguíneo de pacientes
diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso. Mais interessantemente, 25%
dos pacientes tratados com ORL responderam precocemente e seus níveis
médios de HbA1c foram reduzidos em 1,27%.
P. Home, European Insulin Glargine Estudo multicêntrico randomizado de insulina glargina versus
Study Group, Newcastle upon Tyne, insulina NPH em pacientes portadores de diabetes tipo 1
United Kingdom, 38thAnnual Meeting
of the European Association for the Introdução e objetivos: Insulina glargina (Lantus) é um novo análogo da
Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de insulina humana que imita a secreção normal de insulina basal. O objetivo
2002, Budapest, Hungria deste estudo foi comparar a insulina glargina com a insulina NPH, para
suplementação de insulina basal em adultos portadores de diabetes tipo 1.
Material e métodos: Neste estudo multicêntrico, randomizado, aberto, 585
pessoas com diabetes tipo 1 (idade 17-77 anos) foram randomizadas para
receber uma vez ao dia (na hora de dormir) insulina glargina (n = 292), ou
uma ou duas vezes por dia insulina NPH (n = 147 e n = 146, respectivamente)
por 28 semanas. Para aquelas pessoas randomizadas com insulina NPH, a
escolha do tratamento de uma ou duas vezes ao dia, foi feita para que elas
permanecessem em regime similar ao usado no pré-estudo. Todos os indivíduos
continuaram com insulina humana regular prandial como no pré-estudo.
Resultados: Características das linhas base foram similares entre os
Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) 335
Continuação indivíduos tratados com insulina glargina e insulina NPH. A média de idade
foi 39,2 anos, duração do diabetes 15,5 anos, e IMC 24,9 kg/m2. A linha base
para HbA1c foi 7,9 ± 1,2 e 8,0 ± 1,2%, e glicemia de jejum foi 9,3 ± 2,7 e 9,2
± 2,4 mmol/l (média ± DP) nos grupos de tratamento com insulina glargina e
insulina NPH, respectivamente. Não existiram diferenças significativas entre
os grupos de insulina glargina e insulina NPH na linha de base até o ponto
final na HbA1c (0,21 ± 0,05 e 0,10 ± 0,05%, respectivamente [média ± DP]).
A linha de base até o ponto final na glicemia de jejum também foi similar
entre os grupos tratados com insulina glargina e insulina NPH (–1,17 ± 0,12
e –0,89 ± 0,12 mmol/l). Entretanto, em pessoas que previamente tinham estado
em regime de insulina basal duas vezes ao dia, houve um decréscimo
clinicamente relevante da linha base até o ponto final na glicemia de jejum de
pacientes tratados com insulina glargina, comparado com os pacientes tratados
com insulina NPH (–1,42 ± 2,51 e –0,81 ± 1,92 mmol/l [média ± DP]). Não
houve diferença significativa entre os grupos tratados no que diz respeito ao
número de indivíduos relatando ≥ 1 episódio de hipoglicemia sintomática,
incluindo episódios severos e noturnos. Insulina glargina foi bem tolerada,
com uma taxa similar de lugares de injeção e eventos adversos sistêmicos
comparados à insulina NPH, e não houve diferença significativa entre os dois
grupos tratados com anticorpos para insulina.
Conclusão: Insulina glargina, administrada em uma dose única, subcutânea,
ao deitar, combinada à insulina humana regular prandial em pessoas
portadoras de diabetes tipo 1, promove um controle dos níveis glicêmicos
ao menos equivalente ao alcançado com insulina NPH com insulina
prandial, sem aumento do risco de hipoglicemia.
Diabetes Clínica 05 (2002) 337
Produtos e novidades
GIFR (mg/[min
x kg BW] 4,3 ± 2,1 5,5 ± 2,0 3,9 ± 1,7 4,3± 1,5 60,1 23,3 0,0002 0,022
HOMA IR 58,9 ± 63,4 36,4 ±21,0 56,4± 25,8 57,1 ± 31,8 -14,3 8,8 <0,001 0,001
AUC0-120
Glicose 17,0±3,7 15,3±2,9 17,1±4,0 18,0±2,7 -8,7 8,6 <0,001 <0,001
AUC0-120
Insulina 9,3 ± 5,9 5,2 ± 2,1 10,1 ± 5,5 9,7 ± 7,8 -37,4 -8,2 0,018 0,002
RR syst
(mm Hg) 141,9 ±11,8 135,2 ± 15,8 143,6 ± 17,5 140,6± 15,6 -4,4 -1,4 <0,001 0,275
RR diast
(mm Hg) 88,7 ± 8,2 80,8 ± 9,1 87,0 ±11,3 85,2 ± 10,0 -8,7 -1,4 0,001 0,016
Glicose
plasmatica de jejum
(mmol/l) 5,4 ± 0,8 5,1 ± 0,4 5,8 ± 0,7 5,7 ± 0,6 -4,1 -0,7 <0,001 0,002
Insulina
plasmática de jejum
(pmol/l) 90,2 ± 50,0 59,6 ± 32,0 87,2 ± 45,6 84,0 + 46,9 -25,9 -2,5 <0,001 0,004
peptídeo-C
plasmático de jejum
(nmol/l) 1,1 ± 0,4 0,9 ± 0,3 1,1 ± 0,5 1,1 ± 0,5 -11,3 5,0 0,002 0,036
A Bélanger, Exubera Phase III Study Eficácia e segurança de insulina humana (Exubera) comparada à
Group, Department of Medicine, insulina subcutânea em pacientes diabéticos tipo 2
University of Montreal, Montreal, PQ,
Canadá, 38th Annual Meeting of the Objetivos: Apesar dos benefícios provados ao longo prazo do controle
European Association for the Study of glicêmico realizado por insulina, o tratamento por insulina em diabetes tipo 2
Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, é muitas vezes atrasado, ou implantado inadequadamente, em pacientes
Budapest, Hungria apresentando níveis elevados de HbA1c. Este estudo investigou se um
tratamento por insulina, usando a liberação pulmonar de uma insulina em pó
seco de ação rápida (Exubera: INH), mais uma aplicação única de insulina
subcutânea de ação longa, pode fornecer um controle glicêmico semelhante
de um tratamento insulínico convencional em pacientes portadores de diabetes
tipo 2.
Material e métodos: Neste estudo multicêntrico de fase III, pacientes
diabéticos tipo 2 foram randomizados por tratamento de 6 meses, com seja,
INH antes das refeições mais uma dose ao deitar de Ultralente (INH; n =
149), ou 2 aplicações de insulina SC (regular/NPH insulina; n = 150). Doses
de INH foram liberadas em 1-2 inalações de 1 ou 3 mg antes das refeições. O
primeiro resultado pesquisado foi a alteração de HbA1c do início até o final
do estudo.
Resultados: HbA1c diminuiu igualmente nos 2 grupos (INH, -0,7%; SC, -
0,6%). A porcentagem de pacientes com HbA1c < 8% foi semelhante com
INH (76,2%) e SC (69,0%); melhora posterior no controle glicêmico (HbA1c
< 7,0%), foi observada significativamente mais em pacientes recebendo INH
(46,9%) do que SC (31,7%; IC: 1,24, 4,14]). A taxa global de hipoglicemia
(eventos/indivíduo-mês) foi um pouco menor no grupo INH (1,4) do que no
grupo SC (1,6), sem diferença significativa em eventos severos. Pacientes
tratados por INH desenvolveram anticorpos anti-insulínicos sem manifestações
clínicas relevantes. A frequência global e a natureza dos eventos adversos
foram comparáveis entre os grupos. A tosse foi encontrada com mais
frequência no grupo INH (21% vs 3%), tendo sido avaliada como leve a
moderada. Foi comparável (-0,015 L; IC: -0,063, 0,034) a diferença média
ajustada no volume expiratório em 1 segundo. A capacidade de difusão do
monóxido de carbono mostrou uma diferença (-0,808 ml/min/mmHg; IC: -
1.574, -0.043). A caracterização dessas alterações, incluído se uma diferença
dessa magnitude tem alguma significação clínica, estão em andamento. Os
pacientes declararam grandes melhoras na satisfação do tratamento com INH
quando comparado com SC (p < 0,0001).
Conclusão: Este estudo sugere que o tratamento com INH pode fornecer
uma terapia adequada para pacientes diabéticos tipo 2.
J. M. Young et al, 38thAnnual Meeting Eficácia a longo prazo e segurança de vardenafil em homens
of the European Association for the diabéticos portadores de disfunção erétil
Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de
2002, Budapest, Hungriá Introdução e objetivos: Determinar a eficiência a longo prazo de vardenafil
para o tratamento da disfunção erétil em homens portadores de diabetes mellitus,
num estudo de 3 meses.
Material e métodos: Estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego com
10 ou 20 mg de vardenafil via oral, administrado quando necessário. Os pacientes
eram portadores de diabetes tipo 1 ou 2 e de disfunção erétil desde pelo menos
6 meses. Após 3 meses de terapia duplo-cego, os pacientes tratados por placebo,
foram tratados por vardenafil 10 ou 20 mg durante 3 meses adicionais.
Os pacientes recebendo vardenafil 10 ou 20 mg na randomização, foram
tratados durante 6 meses. As medições de eficácia incluíram escores de ereção
e taxas de sucesso na duração da ereção, a partir de diários de pacientes e
questionário global de avaliação sobre a melhora das ereções. Foram notados,
eventos adversos e descontinuidade do tratamento.
Resultados: Um total de 340 homens continuaram o tratamento durante a
sua fase de extensão; 55 homens tratados por placebo, pois foram convertidos
para vardenafil 10 mg, 51 homens tratados por placebo convertidos para
vardenafil 20 mg. 118 e 116 pacientes continuaram o tratamento com 10 e 20
mg, respectivamente, durante 6 meses. Um total de 328 pacientes foram
validados para análise de segurança e eficácia. Após 6 meses, homens tratados
com 20 mg melhoraram os escores de ereção (de 10,9 para 12,0), comparados
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002)
aos 6,8 para 8,3, nos sujeitos tratados com 10 mg. Essas alterações foram
Continuação semelhantes para os pacientes anteriormente tratados por placebo ou por
vardenafil. Os homens anteriormente tratados por placebo, respondem
significativamente a vardenafil 10 ou 20 mg, com aumento da taxa de duração
da ereção durante o ato sexual. Os eventos adversos mais frequentes, em
pessoas tratadas durante 6 meses, foram a vasodilatação (11%) e a dor de
cabeça (10%), mas foram encontrados só durante os 3 primeiros meses, e
diminuíram bastante no período de extensão, com 3% para vasodilatação e
2% para dores de cabeça. Somente 9 pacientes pararam o tratamento por causa
dos eventos adversos, com 5 casos possivelmente ou provavelmente ligados
ao vardenafil.
Conclusão: Em homens diabéticos, vardenafil demonstrou eficácia e
segurança num período de tratamento de 6 meses, com 73% dos pacientes
relatando uma ereção melhorada com a dose de 20 mg.
Continuação Conclusão: Este estudo demonstrou que insulina glargina é tão eficaz como
a NPH para controlar a glicemia em pacientes diabéticos tipo 2, e menos
pacientes experimentaram episódios de hipoglicemia sintomática,
particularmente em episódios noturnos.
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
REVISÃO
Rosalina de Paula Ferreira Cunha*, Mirella Magalhães Tenório Brito*, Érica Maria Belo dos Prazeres*,
Nicodemos Teles de Pontes Filho**
*Acadêmicas do 6° período do Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
**Professor do Departamento de Patologia- CCS/UFPE, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA-UFPE),
mestre em Anatomia Patológica e doutorando em Nutrição
Resumo
Esse estudo teve como objetivo contribuir para o melhor conhecimento da neuropatia periférica diabética e do papel da plasticidade neural na
regeneração dos nervos afetados e/ou no brotamento colateral dos axônios vizinhos intactos, o que diminuiria os sintomas, promovendo a
recuperação funcional. A metodologia foi a revisão de literatura, referente aos mecanismos fisiopatológicos, que contribuem para o
desenvolvimento da neuropatia periférica diabética e sua principal conseqüência, o pé diabético, e os tratamentos mais recentes. Concluído o
estudo foi possível observar que novos medicamentos e terapias promovem a plasticidade neural, estimulando a regeneração nervosa e o
brotamento colateral. A fisioterapia é essencial para os pacientes diabéticos com neuropatia periférica, não apenas no tratamento, mas também
na prevenção de futuras complicações, ajudando a reduzir os sintomas e melhorando a circulação sangüínea para os pés, diminuindo o risco de
desenvolver o pé diabético, causa importante de muitas amputações e incapacidades funcionais.
Abstract
Aim of this study is to contribute for better knowledge of peripheral diabetic neuropathy and role of neural plasticity in affected nerves
regeneration and/or in the side sprouting of intacts neighbors axons, which would decrease symptoms, promoting the functional recovery. The
methodology was literature review, regarding to physiopathological mechanisms that contribute for peripheral diabetic neuropathy development
and its main consequence, the diabetic foot, and the more recent treatments. Concluded the study it was possible to observe that new medicines
and therapies promote the neural plasticity, stimulating the nervous regeneration and the side sprouting. The physical therapy is essential for
diabetic patients with peripheral neuropathy not only in the treatment, but also in prevention of future complications, helping to reduce symptoms
and improving blood circulation for the feet, which decrease the risk of developing diabetic foot, important cause of many amputations and
functional incapacities.
Key-words: Peripheral diabetic neuropathy, diabetic foot, neural plasticity and physical therapy.
Artigo recebido em 10 de abril de 2002; revisado em 10 de julho de 2002; aprovado em 30 de agosto de 2002.
Endereço para correspondência: Rosalina de Paula Ferreira Cunha, Rua Luís Guimarães, 296, Casa Forte, 52061-160, Recife-PE,
Tel: (81) 3441-2731, E-mail: rosalinacunha@hotmail.com.
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separou do corpo celular e proximalmente até o nodo de glioaxonal. Pode-se também observar lesões de axônios,
Ranvier acima da lesão. Está associada a uma nas quais é difícil saber se são conseqüências de lesões
degeneração do axônio e da bainha de mielina, sendo os das células de Schwann ou se traduzem a associação de
restos mielínicos fagocitados por macrófagos originados uma neuropatia axonal primitiva, com conseqüente
das células de Schwann. Recentemente, tem sido degeneração walleriana. Logo, não se tem como certo
sugerido que a degeneração walleriana seria a seqüela qual desses processos é primário ou secundário ao outro
de uma resposta inflamatória do sistema nervoso, ativada [1].
por uma lesão no axônio e mediada pela a produção de
citocinas pró-inflamatórias. As principais citocinas Patogênese
envolvidas seriam o fator de necrose tumoral alfa,
interleucina α-1 e interleucina β-1. Elas estimulariam Os mecanismos patogênicos que contribuem para o
irregularmente a proliferação de macrófagos, a remoção desenvolvimento da neuropatia periférica diabética
dos restos mielínicos, determinando a dor neuropática podem ser:
[1,2,3,4,9].
A regeneração se faz a partir do centro do axônio - Teoria metabólica do sorbitol–mio-inositol: A
afetado. É facilitada pela persistência de bainhas glicose é convertida em sorbitol nas células pela atividade
endoneurais e se segue de forma centrífuga, ficando a da enzima aldose reductase. Com a hiperglicemia
remielinização garantida pela proliferação das células provocada pelo diabetes, a quantidade de sorbitol
de Schwann, que ocorre no início da regeneração. Essas acumulada no interior da célula é grande. Esse acúmulo
células formam colunas que guiam o axônio em afeta a célula nervosa, pois diminui os níveis
regeneração para seu órgão-alvo. Durante este período, intracelulares de mio-inositol, limitando o metabolismo
elas fornecem material trófico (fator de crescimento intracelular. Por sua vez, a redução intracelular desta
neural). Depois da proliferação das células de Schwann, substância está associada à diminuição da atividade da
do coto proximal da fibra nervosa lesada, que está bomba de sódio e potássio, o que aumenta a concentração
conectada ao corpo celular, brota e cresce um de sódio e água no interior da célula. O acúmulo de sódio
prolongamento axonal por dentro do canal formado explica o bloqueio seletivo que ocorre no nodo de
pelas células de Schwann e bainha endoneural, até Ranvier, onde a atividade da bomba se concentra. O
encontrar seu órgão-alvo. Esse canal guia o axônio em edema localizado no nodo de Ranvier, provocado pelo
regeneração para que ele atinja o órgão-alvo correto. acúmulo de água e sódio intracelular, promove a
No caso de uma secção total de um nervo, as bainhas disjunção glioaxonal, uma das primeiras manifestações
endoneurais e outros envoltórios do nervo são lesados. da neuropatia diabética. Tudo isso influencia a velocidade
Nesse caso, o crescimento do axônio pode ocorrer ao de condução nervosa, tornando-a mais lenta [1].
longo de bainhas incorretas, inervando órgãos-alvos - Redução do fluxo sangüíneo endoneural e a isquemia
diferentes dos originais. Se o axônio afetado se do nervo: O espessamento da membrana basal capilar
degenerar por completo, inclusive o corpo celular, o provocado pela glicosilação de suas proteínas estruturais,
órgão-alvo privado de impulsos nervosos pode atrair as alterações da viscosidade sangüínea secundária à
ramificações colaterais dos axônios intactos vizinhos presença de proteínas glicosiladas circulantes, as
(brotamento colateral), para manter seu funcionamento agregações plaquetárias e a hiperplasia das células
através da reinervação. A remielinização pode ser endoteliais, resultam na oclusão do vaso causando a
prejudicada pela deposição de fibrina após lesão isquemia endoneural. A diminuição da tensão de
nervosa, pois ela atrapalha a síntese de proteínas oxigênio e do fluxo sangüíneo endoneural, lentifica a
mielínicas. Logo, a regulação da remoção da fibrina velocidade de condução nervosa [1].
pode ser um fator importante para remielinização, a qual - Glicosilação: O aumento da glicemia faz com que a
é um passo essencial para regeneração nervosa glicose se ligue às hemácias, modificando suas
funcional. As funções de condução da extremidade propriedades bioquímicas, conseqüentemente,
distal da fibra desaparecem alguns dias após a lesão do dificultando o fornecimento de oxigênio para as células,
nervo, reaparecendo com a regeneração e a velocidade às proteínas axonais de transporte, alterando a síntese da
de condução, inicialmente reduzida, e retorna bainha de mielina, às membranas celulares, interferindo
progressivamente ao seu valor inicial [1,2,3,4,8,10]. no funcionamento celular, às proteínas das paredes
Na neuropatia diabética ocorre o acometimento de vasculares, facilitando a aterosclerose pela diminuição
células de Schwann. O dano celular manifesta-se do efluxo de lipoproteínas, que se ligam às proteínas da
clinicamente pela lentificação das velocidades de matriz vascular, e a outras proteínas circulantes,
condução e, anatomicamente, por lesões de aumentando a viscosidade sangüínea [1].
desmielinização segmentar, de início no nodo de - Estresse oxidativo: Os radicais livres são produzidos
Ranvier, sendo caracterizada por uma disjunção pelo organismo como parte de sua defesa natural contra
348 Cunha RPF et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354
frio e dor está diminuída ou até ausente, ferimentos diapedese dessas células é prejudicada. Logo, nos
ou queimaduras podem não ser percebidos por longo diabéticos, as infecções se desenvolvem mais
período de tempo, se tornando focos de ulcerações e, rapidamente, pois a resposta imune está diminuída [1].
posteriormente, infecções. A desnervação de
estruturas dermais causada pela neuropatia autonômica Aproximadamente 40 a 60% de todas as amputações
pode levar a redução da sudorese, o que possibilita a não traumáticas dos membros inferiores são realizadas
formação de fissuras na pele seca, predispondo-a a em pacientes diabéticos [16]. Os fatores de risco para a
infecções. Na neuropatia periférica motora, há amputação decorrente do pé diabético são: ausência da
fraqueza muscular, perda do tônus nas coxas, pernas sensação protetora devido à neuropatia, insuficiência
e pés e atrofia dos músculos intrínsecos do pé, devido arterial, deformidades nos pés, neuropatia autonômica,
ao acometimento dos nervos motores, podendo levar limitação da mobilidade da articulação, obesidade,
ao desenvolvimento de deformidades nos pés, como cicatrização prejudicada, controle inadequado da
o joanete. Essas deformidades promovem áreas focais glicemia, história de úlcera no pé ou amputação anterior,
de alta pressão, geralmente nas proeminências ósseas, idade avançada, diabetes de longa duração e
que associada a perda sensitiva pode favorecer a suscetibilidade a infecções [15]. As amputações afetam
ulceração [1,2,15,16]. tanto a saúde física quanto a psicossocial do paciente
- Diminuição da circulação sangüínea: A diabético pela incapacidade funcional que elas podem
hiperglicemia lesa a parede dos vasos, acelerando o proporcionar. Muitas delas poderiam ser evitadas
processo de aterosclerose nas artérias das através de cuidados especiais com os pés, como
extremidades inferiores, levando à doença vascular observar se há cortes, bolhas, unhas encravadas,
periférica, que pode causar dormência e dor na perna manchas vermelhas ou “pé de atleta”. Além disso, usar
ao caminhar, pois reduz o suprimento sangüíneo para sapatos confortáveis e controlar a glicemia, a fim de
o membro inferior, diminuindo a entrega de oxigênio impedir a formação e progressão de ulcerações e
e nutrientes. A doença vascular periférica pode afetar infecções [1,22]. Se qualquer um desses problemas
o sistema circulatório arterial venoso ou linfático, ocorrer, deve-se ir, imediatamente, ao médico [1]. É
bloqueando e dificultando a circulação sangüínea, que importante a intervenção de uma equipe
resulta em perda significativa da função no membro multidisciplinar, formada por diabetologistas,
atingido. A doença vascular arterioesclerótica crônica enfermeiras, radiologistas, cirurgiões vasculares,
ou arteriosclerose obliterante é a doença vascular ortopedistas, protéticos, outras especialidades médicas,
periférica mais comumente associada ao diabetes nutricionistas e fisioterapeutas, para tratar os pacientes
mellitus. Progressivamente, forma-se uma placa de com síndrome do pé diabético e reduzir o número de
ateroma, cuja a circulação vai se deteriorando, devido amputações [16-21,23,24].
ao estreitamento, fibrose e oclusão das artérias,
geralmente nos membros inferiores. Um dos sintomas Tratamento da neuropatia periférica diabética
desta doença é a claudicação intermitente,
caracterizada por dor intensa no membro inferior, que Atualmente, novos medicamentos e terapias estão
ocorre com a atividade, mas que cede com o repouso, sendo desenvolvidos com a finalidade de diminuir os
sendo resultado da inadequada irrigação sangüínea aos sintomas da neuropatia, como a dor, prevenir as
músculos em exercício. Com o desenvolvimento da complicações e estimular a regeneração dos nervos
doença, o fluxo arterial pode ficar tão prejudicado que afetados e o brotamento colateral dos axônios vizinhos,
ocorre dor mesmo em repouso. Nos estágios mais promovendo a recuperação funcional do paciente.
avançados, a diminuição do fluxo sangüíneo pode O estudo “Controle e Complicações do Diabetes”
causar uma isquemia prolongada, resultando em (Diabetes Control and Complications Trial - DCCT ),
necrose e ulceração do tecido, que pode ser agravada realizado nos Estados Unidos e Canadá, no período de
por invasão de agentes infecciosos. Outra 1983 a 1993, mostrou que mantendo a glicemia o mais
conseqüência do baixo fluxo é a interferência no normal possível reduz em 60% o risco de desenvolver
processo de cicatrização, que por ser lento, e aumenta a neuropatia diabética. Logo, o primeiro passo para
o risco de infecções [1,14,15,16]. prevenir e diminuir os sintomas e a velocidade de
- Baixa resistência às infecções: Quando a glicemia progressão desta patologia, é controlar os níveis
está acima do normal, os leucócitos apresentam glicêmicos limitando, assim, o estrago que a
deficiências na capacidade de defender o organismo hiperglicemia pode causar aos nervos.
contra a invasão de bactérias e outros No tratamento da neuropatia pode-se utilizar
microorganismos. Devido à hipoxia, causada pela analgésicos, como aspirina e codeína, antiinflamatórios
diminuição do fluxo sangüíneo periférico e ao contendo ibuprofeno, pomadas analgésicas e drogas que
espessamento da membrana basal dos vasos, a atuam na condução nervosa [1].
350 Cunha RPF et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354
A atividade física regular ajuda no controle do diabetes pela diminuição da atividade nervosa fiquem mais fortes,
e melhora a saúde do paciente por: aumentar a as contraturas musculares podem ser reduzidas ou
sensibilidade da célula à insulina, logo uma menor prevenidas pelos exercícios de alongamento e técnicas
quantidade desse hormônio será necessária para que a de relaxamento [31,33].
glicose entre nas células (diminuindo a glicemia e, assim, Quando o paciente também possui doença vascular
pode reduzir a dose de insulina ou medicamentos orais); periférica, como a arteriosclerose obliterante, um
baixar a glicose no sangue porque os músculos a usam programa de exercícios, incluindo esteira ou bicicleta,
como energia; reduzir o risco de doença cardiovascular; irá aumentar a resistência para a marcha antes do
aumentar a capacidade cardiorespiratória; queimar surgimento da dor devido ao exercício (claudicação
calorias, o que ajuda no controle do peso; e elevar o ânimo intermitente). Os exercícios melhoram a eficácia de
e a auto-estima do paciente. Os exercícios devem ser utilização de oxigênio em músculos que estejam se
realizados regularmente, usando roupas, sapatos e meias exercitando, o que possibilita ao paciente caminhar
confortáveis. Deve-se fazer alongamento antes e depois distâncias maiores antes do início da dor. Logo, o
da atividade física. O programa de exercícios deve ser exercício leva à redução da claudicação, melhorando a
escolhido de acordo com a condição física do paciente. circulação sangüínea dos membros inferiores, o que
Deve-se testar a glicemia antes do exercício e fazer um também diminui o risco de desenvolver o pé diabético
lanche antes e depois da atividade física para evitar a [32].
hipoglicemia. E para prevenir a desidratação, é necessário A eletroterapia é uma das intervenções fisioterápicas
beber água antes, durante e após o exercício. Antes de que utiliza a aplicação de correntes elétricas de maneira
iniciar qualquer atividade física, faz-se necessário que o segura e eficaz, a fim de atingir resultados terapêuticos.
paciente vá ao médico, para que ele indique o tipo de A estimulação elétrica pode ser aplicada para aliviar a
exercício aeróbico (andar, andar de bicicleta ou nadar) dor através do TENS (estimulação nervosa elétrica
que pode ser feito e sua duração [25-29]. transcutânea), que é um aparelho que estimula as fibras
nervosas, através de eletrodos colocados sob a pele do
Tratamento fisioterápico paciente, com pequena quantidade de eletricidade e que,
por meio da teoria da comporta da dor e/ou a liberação
É a assistência e os serviços prestados pelo de opióides endógenos, promove a analgesia. Além
fisioterapeuta que combate e previne as deficiências, disso, o tratamento eletroterápico apresenta efeitos
limitações funcionais e as incapacidades por meio da bactericidas (eletrodo negativo sobre a ferida infectada)
elaboração, implementação e da modificação das e promove a cicatrização (eletrodo positivo sobre ela).
intervenções terapêuticas. Estas intervenções incluem, Logo, pode ser utilizado em úlceras infectadas, como
mas não se limitam, o exercício terapêutico; terapia as presentes no paciente com síndrome do pé diabético
manual; prescrição, fabricação e aplicação de dispositivos [34,35].
e equipamentos de assistência, de adaptação, de apoio e O ultra-som é um aparelho fisioterápico que emite
de proteção; técnicas para limpeza das vias aéreas; ondas ultra-sônicas, que promovem vários efeitos
emprego de agentes físicos e modalidades mecânicas e terapêuticos, como o aumento do fluxo sangüíneo,
eletroterapêuticas; além da educação dos pacientes para aumento da permeabilidade da membrana celular,
que alcancem a melhor qualidade de vida possível [30]. antiflogístico (pelo aumento das trocas metabólicas e
A fisioterapia é muito importante para os pacientes vasodilatação, uma maior quantidade de leucócitos,
diabéticos com neuropatia periférica, problemas anticorpos e eletrólitos chegam a área, melhorando a
circulatórios, fraqueza muscular, ulcerações e pé defesa), aumento do retorno venoso e linfático,
diabético, tanto no tratamento quanto na prevenção de facilitando a reabsorção de edemas e analgésico (pela
futuras complicações. O terapeuta estabelece um plano diminuição da excitabilidade das fibras nervosas
de tratamento de acordo com a necessidade de cada sensitivas, aumento da defesa, redução do edema e
paciente. Dentre as intervenções fisioterápicas que regeneração tecidual). Portanto, ele pode ser utilizado
podem ser realizadas no tratamento do paciente diabético nos pacientes diabéticos que necessitem desses efeitos
estão: reeducação postural, alongamento, exercícios [38].
terapêuticos, hidroterapia, treinamento de equilíbrio, O laser também é um aparelho aplicado na
exercícios com resistência e aeróbicos (esteiras e fisioterapia que emite ondas eletromagnéticas
bicicleta), eletroestimulação, ultra-som, laser, compostas por fótons que transportam energia. Assim,
treinamento do uso de próteses (na reeducação funcional quando se aplica raios laser no corpo humano, está
do paciente amputado), cuidados respiratórios, educação sendo introduzida naquela região uma certa quantidade
do paciente para o cuidado do pé diabético e programas de energia que irá produzir os efeitos terapêuticos. Dois
de exercícios para o paciente fazer em casa. Os exercícios tipos de laser de baixa potência são utilizados em
terapêuticos fazem com que os músculos enfraquecidos fisioterapia: laser de Hélio-Neônio (He-Ne) e laser de
Cunha RPF et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354 351
- Lamictal (lamotrigina): É uma droga usada para começar o tratamento, maior será a probabilidade de
tratar epilepsia que, em um estudo recente, foi revelada prevenir e tratar as complicações diabéticas. No entanto,
como redutora efetiva da dor da neuropatia diabética. poucos trabalhos ressaltam os benefícios que a
Quase metade dos pacientes da pesquisa tiveram redução fisioterapia pode proporcionar aos indivíduos com
de 50% da dor. Entretanto, estudos adicionais devem ser diabetes mellitus. Portanto, é necessário que pesquisas
realizados para estabelecer a dose mais efetiva de sejam realizadas com o objetivo de propor novos métodos
Lamictal, para aliviar a dor produzida pela neuropatia fisioterápicos capazes de promover a plasticidade neural,
diabética [46]. possibilitando, assim, a recuperação funcional do
- Estimulação da plasticidade neural: O sistema paciente portador de neuropatia periférica diabética.
nervoso apresenta a capacidade de se adaptar, recuperar
ou reorganizar funções alteradas por um processo Referências
patológico. Assim, quando é lesado pode, em alguns
casos, ter uma recuperação funcional eficiente. Essa 1. Vaisman M, Tendrich M. Diabetes Mellitus na prática clínica.
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Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
REVISÃO
*Professora
e Chefe da Disciplina de Embriologia Humana, Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), Marília SP, Laboratório Experimental de
Obstetrícia, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, **Laboratório Experimental de Obstetrícia,
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, ***Professora da Disciplina de Obstetrícia, Departamento de
Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP
Resumo
Os radicais livres (RL) são produzidos no organismo como produtos do metabolismo e como resultado da exposição à radiação e a alguns
poluentes ambientais. Pelo fato de serem altamente reativos, podem danificar componentes celulares e causar uma variedade de doenças. São
neutralizados no organismo por enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase) e antioxidantes derivados de
nutrientes como vitamina E, vitamina C, carotenos, flavonóides, glutationa e ácido úrico. Nos indivíduos saudáveis, existe delicado balanço
entre radicais livres e antioxidantes. Se houver desequilíbrio, a condição é denominada “estresse oxidativo”, situação em que são afetadas as
moléculas biológicas, incluindo lipídios, proteínas e carboidratos. Com aumento de RL, alguns tecidos podem ser mais susceptíveis que outros
à lesão, dependendo do equilíbrio existente entre a formação de RL e o sistema antioxidante. Estudos têm indicado danos oxidativos aumentados
e déficit no sistema antioxidante nos indivíduos portadores do diabetes mellitus tipo 1 e 2.
Abstract
The free radicals (FR) are produced in the organism as products of the metabolism and as a result of the exhibition to the radiation and some
environmental pollutant. For the fact of the FR are highly reagents, they can damage cellular components and to cause several diseases. They
are neutralized in the organism by antioxidant enzymes (superoxide dismutase, catalase and glutathione peroxidase) and derived antioxidants
of nutrients as vitamin A, vitamin C, carotenes, flavonoids, glutathione and uric acid. In healthy individuals, delicate balance exists between
free radicals and antioxidants. If there is unbalance, the condition is named “oxidative stress”, which affects biological molecules, including
lipids, proteins and carbohydrates. With increased FR, some tissues can be more susceptible than others to the lesion, depending on the existent
balance between the formation of FR and the antioxidant system. Studies have indicated increased oxidative damages and deficit in the
antioxidant system in the individuals with diabetes mellitus type 1 and 2.
Endereço para correspondência: Profa. Dra. Débora Cristina Damasceno, Disciplina de Embriologia Humana, Faculdade de Medicina de Marília
(FAMEMA), Av. Monte Carmelo, 800 – 17519-030 Marília SP, E-mail: decaito@bol.com.br
Damasceno DC et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 355~361 355
Alguns radicais como H2O2 e HO2, derivados do 1) Pela reação de Fenton, o peróxido de hidrogênio
metabolismo do O2, não apresentam elétron despareado se combina diretamente com o íon ferroso (Fe++ ), que
na última camada eletrônica. Portanto, não são se reduz a íon férrico (Fe +++ ), produzindo duas
considerados radicais livres, por isso muitos autores hidroxilas.
preferem o termo ERMO para as “espécies reativas
derivadas do metabolismo de oxigênio” [6, 7, 8]. Fe++ + O2 → Fe+++ + O-2
2 O-2 + 2H+ → O2 + H 2 O2
Principais ermo Fe++ + H2O2 → Fe+++ + OH- + OH
pois os elétrons isolados pareiam-se na sua última Está presente nos organismos aeróbios e, na sua ausência,
camada. Outro mecanismo de término ocorre na não há crescimento aeróbio. São descritos quatro tipos de
presença de antioxidantes, que neutraliza a ação do SOD: a) cobre, zinco superóxido dismutase (Cu, Zn-SOD),
oxigênio livre [3]. b) manganês-superóxido dismutase (Mn-SOD), c)
superóxido dismutase extracelular e d) ferro-superóxido
A peroxidação lipídica causa perda da seletividade dismutase (Fe-SOD). Todas as 4 enzimas possuem função
na troca iônica, com destruição das bombas de Na/K e de dismutar o radical superóxido [3]. As concentrações de
de Ca/Mg e conseqüente liberação do conteúdo de SOD variam de tecido para tecido: grandes quantidades
organelas (enzimas lisossomais), além da formação de existem no fígado, baço e rim e, pequenas quantidades, no
produtos citotóxicos, levando à morte celular [15, 16]. coração, músculo esquelético e cérebro [8].
Lesões deste tipo no endotélio dos capilares e vênulas,
resultam em aumento da permeabilidade, com B - Catalase
extravasamento de plasma ou mesmo de eritrócitos [17].
Cada ERMO, após ter alterado determinada cadeia A catalase é uma metaloproteína que catalisa a formação
lipídica, ataca a cadeia vizinha sem perder seu poder de água e oxigênio, a partir de peróxido de hidrogênio,
destruidor na cadeia anterior. formado pela ação da SOD [21].
glutationa peroxidase na aorta, artéria ilíaca e femural complicações diabéticas. Pacientes com diabetes podem
dos animais diabéticos. O aumento de catalase nos ser mais propenso ao estresse oxidativo, porque a
tecidos vasculares diabéticos, sugerem estresse oxidativo hiperglicemia depleta os antioxidantes naturais e facilita
aumentado devido à exposição crônica ao H2O2 in vivo. a produção de radicais livres. Diversas investigações
Isto mostra que, nos tecidos de animais diabéticos, as clínica e experimental têm sido realizadas, visando
enzimas antioxidantes têm sido encontradas aumentadas, estabelecer intervenções farmacológicas para diminuir
reduzidas ou inalteradas; comprovando que ocorrem ou prevenir as complicações diabéticas.
alterações consideráveis de um tecido para outro [26]. A ciência tem que caminhar muito nessas
Foi verificado que cérebros de ratos com diabetes, investigações. Isto porque os conhecimentos atuais
induzido por streptozotocin (STZ), após 72 horas, sugerem que: “ou a espécie humana encontra soluções
apresentaram níveis aumentados de SOD e de catalase, para deter esse processo ou será substituída por outra
mas nenhuma alteração na atividade de GPX. Por outro espécie mais resistente ao estresse oxidativo”.
lado, catalase aumentada, GPX reduzida e atividade de
SOD inalterada foi verificada um mês após a injeção de Referências
STZ. O tratamento com insulina reverteu estas alterações
em ambos os grupos de ratos. Por isso, se o diabetes 1. Bulkley GB. The role of oxygen free radicals in human disease
mellitus não for tratado, pode-se iniciar um processo processes. Surgery 1983;94:407-11.
2. Strand R. Oxidative stress: The war within. Available on website:
degenerativo e outras complicações no sistema nervoso [www.oxis.com /[06 nov. 2000]
central devido ao acúmulo de ERMO [27]. 3. Olszewer E, Flam S, Ellovich S. Radicais livres em cardiologia:
Diabetes mellitus é um importante fator de risco para Isquemia e Reperfusão. São Paulo: Tecnopress; 1997. p.11-37.
doenças cardiovasculares e a hiperglicemia tem sido cada 4. Del Maestro RF. An approach to free radicals in medicine and
vez mais reconhecida como um mediador de danos biology. Acta Phisiol Scand 1980;492:153-68.
5. Ferreira ALA, Matsubara LS. Radicais livres: conceitos, doenças
vasculares. Diabetes pode promover o desenvolvimento relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev Ass
da doença arterial, exacerbando ou acelerando a Med Bras 1997;43:61-68.
aterogênese e suas complicações [28]. A lipoproteína- 6. Halliwell B Reactive oxygen species and the central nervous
lipase e apolipoproteína E são susceptíveis candidatas system. J Neurochem 1992;59:1609-23.
envolvidas nos riscos vasculares diabéticos, porque suas 7. Cohen MV. Free radicals in ischemic and reperfusion myocardial
injury: is this time for clinical trials? Ann Intern Med
variantes podem produzir hipertrigliceridemia, um fator 1989;111:918-31.
de risco à aterosclerose no diabetes. Lipoproteínas são 8. Yamada T, Grisham MB. Role of neutrophil-derived oxidants in
pequenas partículas formadas no fígado que contêm the pathogenesis of intestinal inflammation. Klin Wochenschr
triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e proteínas. A 1991;69:988-94.
principal função das lipoproteínas consiste em transportar 9. Olszewer E. Radicais livres em medicina. São Paulo: Fundo
Editorial; 1995.
seus componentes lipídicos no sangue. Portanto, doenças 10. Halliwell B, Gutteridge JN. The importance of free radicals and
vasculares no diabetes é provavelmente o resultado de catalytic ions in human diseases. Mol Aspects Med 1985;8:89-
interações complexas entre o desarranjo metabólico, 193.
como hiperglicemia, mutações nos genes, que controlam 11. Halliwell B, Gutteridge JMC. Role of free radicals and catalytic
o metabolismo lipídico e os mecanismos de defesa metal ions in human disease: an overview. Methods Enzimol
1990;186:1-85.
antioxidante [29]. 12. Fridovich I. The biology of oxygen radicals. Science 1978; 201:
Outro estudo experimental, mostrou a glutationa tendo 875-80.
um papel fundamental na defesa celular contra radicais 13. Halliwell B, Gutteridge JMC. Oxygen toxicity, oxygen radicals
livres e outras espécies oxidantes. Ueno et al. [30], após transition metals and diseases. Biochem J 1984;219:1-14.
tratarem ratos com diabetes induzido por STZ com 14. Grisham MB. Myoglobin-catalyzed hydrogen peroxide
dependent arachidonic acid peroxidation . J Free Radic Biol Med
glutationa reduzida (GSH), puderam concluir que o 1985;1:227-32.
tratamento afetou beneficamente os animais, porque 15. Slater TF. Free radicals mechanism in tissue injury. Biochem J
preservou as funções neurais e renais, sugerindo que uma 1984;222:1-15.
dieta com GSH poderia reduzir as complicações 16. Hershko C. Mechanism of iron toxicity and its possible role in
diabéticas. red cell membrane damage. Semin Hematol 1989;26:277-85.
17. Del Maestro RF, Bjork J, Asfors KE. Increase in microvascular
permeability induced by enzymatically generated free radicals.
Considerações gerais Microvasc Res 1982;22:255-70.
18. Sies H. Strategies of antioxidant defense. Eur J Biochem
O estresse oxidativo ocorre quando não há um balanço 1993;215:213-19.
entre a produção de ERMO e a capacidade antioxidante. 19. Halliwell B, Aeschbach R, Loliger J et al. The characterization
of antioxidants. Food Chem Toxicol 1995;33:601-17.
Isto pode ocorrer devido à formação aumentada de 20. Krinsky NI. Mechanism of action of biological antioxidants. Proc
ERMO no corpo e/ou à perda de defesas antioxidantes Soc Exp Biol Med 1992;200:248-54.
normais. O estresse oxidativo tem sido associado às 21. Grace PA. Ischemia-reperfusion injury. Brit J Surg 1994;81:637-47.
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362 Lenz AM / Diabetes Clínica 05 (2002) 362~367
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Acadêmica de Enfermagem, do 8º semestre, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo - RS
Resumo
Esta monografia tem como objetivo: Analisar o grau de conhecimento da Síndrome Plurimetabólica dos pacientes atendidos em São Leopoldo,
no PIPAS (Programa Interdisciplinar de Promoção e Atenção à Saúde), na Associação de Diabéticos e Familiares de São Leopoldo e, em
Canoas, na Unidade Básica de Saúde Mathias Velho – Caçapava; analisar suas semelhanças e diferenças na metodologia de trabalho; comparar
o resultado da entrevista e dos níveis de pressão arterial e glicemia capilar medidos no momento da entrevista. Os dados foram analisados pelo
método estatístico e apresentados em forma de gráficos, comparando os resultados dos pacientes de São Leopoldo e de Canoas. Observou-se
que os indivíduos que possuem um acompanhamento interdisciplinar intensivo, mantêm suas patologias equilibradas, melhorando, assim, sua
qualidade de vida.
Abstract
The aim of this study was to analyze the degree of knowledge of the Plurimetabolic Syndrome, in patients taken care in São Leopoldo PIPAS
(Programa Interdisciplinar de Promoção e Atenção à Saúde) and in the Association of Diabetic and Familiar of São Leopoldo and in Canoas
UBS Old Mathias - Caçapava; to analyze its similarities and differences in the work methodology; to compare results of interview and levels of
measured arterial pressure and capillary glicemia at the moment of the interview. The data had been analyzed by statistical method and
presented in form of graphs, comparing the results of patients in São Leopoldo group and in Canoas group. It was observed that the individuals
with intensive interdisciplinar accompanment, keep its balanced pathology, thus improving its quality of life.
Endereço para correspondência: Amanda Mônica Lenz, Rua Liberdade, 1498, Igara 92020-240 Canoas - RS
Tel: (51) 477-2478, E-mail: 9810795@cirrus.unisinos.br.
362 Lenz AM / Diabetes Clínica 05 (2002) 362~367
Metodologia 2. Idade
Foi perguntada a idade e checado com a data de
O estudo compreendeu o método descritivo nascimento. A idade foi dividida em faixas etárias. O grupo
comparativo. Foi realizado nos municípios de São São Leopoldo teve a população mais idosa, atingindo um
Leopoldo e Canoas. O grupo São Leopoldo é composto total de 32% dos pacientes na faixa etária de 71 anos ou
pelo PIPAS (Programa Interdisciplinar de Promoção e mais. No grupo Canoas, a faixa etária predominante ficou
Atenção à Saúde) e pela Associação de Diabéticos e entre 51 a 60 anos, com 30%.
Familiares de São Leopoldo. O grupo Canoas é formado
pela Unidade Básica de Saúde Mathias Velho - Caçapava. 3. Sexo
A população compreendia pacientes com diagnóstico O sexo feminino foi predominante. No grupo São
de pelo menos uma das patologias que causam a Síndrome Leopoldo, apesar do predomínio feminino, houve apenas
Plurimetabólica. uma diferença de 8% entre os sexos. No grupo Canoas, o
A amostra foi de 100 pacientes, sendo 50 do grupo São sexo feminino obteve 72%.
Leopoldo e 50 do grupo Canoas. A coleta de dados
procedeu-se de uma entrevista estruturada, na qual foram 4. Escolaridade
coletados dados quantitativos e procedida medição de Ambos os grupos apresentaram 12% de analfabetos.
pressão arterial e de glicemia capilar pós-prandial.A Houve predomínio do 1º grau incompleto, sendo 68% no
análise dos dados foi dada pelo método estatístico. grupo São Leopoldo e 72% no grupo Canoas. O grupo
Cada entrevistado assinou um termo de consentimento São Leopoldo apresentou 8% dos pacientes com nível
informado, na qual compreendia informações sobre a superior.
pesquisa, assim como a garantia do anonimato e
possibilidade de desistência do entrevistado. Os resultados 5. Atividade física
foram construídos a partir da análise e discussão dos dados. Foram analisadas a regularidade e a orientação. Foi
considerada atividade regular, aquela realizada no mínimo
três vezes por semana, com no mínimo 30 minutos de
Resultados duração. O grupo São Leopoldo, 72% possuem orientação
e 54% praticam atividades regulares. O grupo Canoas,
A pesquisa teve algumas variáveis, como: patologias, 78% não possuem orientação e 60% não praticam
idade, sexo, grau de instrução, atividade física, eliminação atividades regulares.
urinária, hereditariedade, complicações, uso de medicação,
acompanhamento de saúde, IMC, glicemia capilar, pressão 6. Dieta
arterial e a importância da enfermagem. A partir destas Foi questionado quanto ao seguimento de dieta, se
análises, foi obtido os seguintes resultados: possuem orientações e o número de refeições diárias. O
1. Patologias
Foram questio-
nados sobre a presença
das patologias que
compreendem a Sín-
drome Plurimetabó-
lica.Teve como resul-
tado: No grupo São
Leopoldo , 16%dos
pacientes apresen-
taram diabetes melli-
tus tipo 2 e hipertensão
arterial. O grupo Ca-
noas apresentou 18%
dos pacientes com
hipertensão arterial e
sedentarismo
(gráfico 1).
Obs: h.a. =hipertensão arterial sed= sedentarismo om= obesidade mórbida diab = diabetes mellitus
364 Lenz AM / Diabetes Clínica 05 (2002) 362~367
7. Hereditariedade
Foi questionado
quanto à hereditarie-
dade das patologias da
Síndrome Plurimeta- 11. Índice de Massa Corpórea (IMC)
bólica, assim como das suas complicações. No grupo São No grupo São Leopoldo, 18% dos pacientes estavam
Leopoldo, 32% referiram ter casos de duas patologias. na faixa de 30 a 39 kg/m², o que representa o quadro de
No grupo Canoas, 32% referiram ter casos de três obesidade. E 2% apresentaram índice > 40 kg/m², o que
patologias. representa a obesidade mórbida. No grupo Canoas, 26%
estão na faixa de 30 a 39 kg/m², apresentando obesidade,
8. Complicações e 6% apresentando obesidade mórbida, quer dizer estão
O grupo São Leopoldo apresentou 20% de crise com IMC > 40 kg/m² (gráfico 3).
hipertensiva e 20% já tiveram mais de quatro
complicações. No grupo Canoas, houve o predomínio de 12. Níveis de glicemia capilar pós-prandiais
60% dos casos com crise hipertensiva e 14% apresentaram O grupo São Leopoldo apresentou: 36% dos seus
duas complicações. pacientes com glicemia entre 70 – 100 mg/dl, 10% entre
221 – 300 mg/dl e 6% com glicemia > 300 mg/dl. O
9. Uso de medicação grupo Canoas teve 40% dos pacientes apresentando
Foi considerado o uso de medicamento contínuo com glicemia na faixa de 101 – 140 mg/dl e 8% acima de 300
prescrição médica. No grupo São Leopoldo, 88% fazem mg/dl (gráfico 4).
uso de medicamento e o grupo Canoas, 96% usam
medicamento.
10. Acompanhamento de
saúde
O grupo São Leopoldo, 54%
dos pacientes são acompanhados
por médico, enfermeira e
nutricionista. No grupo Canoas,
88% dos pacientes afirmaram ter
acompanhamento somente do
médico. Um dado importante:
nenhum deles é acompanhado
por enfermeira (gráfico 2).
Lenz AM / Diabetes Clínica 05 (2002) 362~367 365
pacientes do grupo Canoas e somente em 20% no grupo tudo, a importância da consulta de enfermagem e do
São Leopoldo. Deveria haver uma melhor orientação profissional enfermeiro na área da saúde coletiva. Muita
sobre os fatores que elevam a pressão arterial, o uso coisa ainda pode ser feita, para melhorar a qualidade de
adequado da medicação, visto que todos os entrevistados vida da população e para termos melhores condições de
hipertensos fazem uso de medicação anti-hipertensiva. trabalho digno.
Conclusões Referências
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ
Resumo
O trabalho em equipe é desenvolvido para a organização de ações para a assistência aos servidores de uma universidade federal portadores de
diabetes mellitus. É descrita a ampliação para a atenção à saúde de sujeitos portadores de diabetes mellitus, para outros com hipertensão arterial
e obesidade, enfocando conceitos de doença crônica, auto-cuidado, equipe interdisciplinar e interdisciplinariedade. Sugere a abordagem, tanto
individual quanto grupal, voltada para os aspectos biológicos, sociais, culturais e psicossociais, enfocando a totalidade da situação de vida e
saúde e a participação ativa de todos os integrantes da equipe interdisciplinar e dos sujeitos naquelas ações, apontando conceitos teóricos de
doença crônica não transmissível, auto-cuidado, interdisciplinariedade e equipe interdisciplinar. O aumento progressivo dos atendimentos aos
servidores portadores de diabetes mellitus (DM) pelos profissionais da equipe, levou a uma diminuição das licenças médicas entre os anos de
1997 (50, 50%) e 1999 (sete 3,5%). No ano de 2000, as doenças associadas ao DM entre 55 servidores inscritos acusaram 54 (38,5%) casos de
doenças do aparelho circulatório e 8 casos (6,0%) de obesidade. Em 1999, foram atendidos 52 funcionários, e os dias de licença por DM
diminuíram para 1348 (redução de 16,49% em relação ao ano anterior). Em 2000, houve queda significativa (p < 0,01) para 763 dias de licença,
sendo atendidos regularmente 97 funcionários, passando o DM a ser a 8a causa de licença médica na universidade. Houve correlação inversa
(0,96) entre o número de pacientes atendidos no programa de DM da UFRJ e o número de dias de licença médica por DM (p < 0,01). Desse
modo, fez-se necessário ampliar a parceria já existente entre a unidade de ensino e a unidade pericial, para a educação em saúde de servidores
portadores dessas condições crônicas associadas em equipe interdisciplinar, obedecendo aos princípios e conceitos teóricos encarados como
um desafio e, ao mesmo tempo, uma necessidade e dificuldade enfrentada pelos profissionais que acreditam e perseguem este objetivo.
Abstract
The work in team is developed for organization action for the assistance to diabetic servers of a federal university. Attention to diabetic
patients, or hipertensive or obeses is described, focusing concepts of chronic illness, selfcare, interdisciplinar team and interdisciplinarity. This
work suggests individual or grupal approach, directed towards biological, social, cultural and psicossociais aspects, focusing the totality of the
Endereço para correspondência: Profª. Drª Rita Batista Santos, Escola de Enfermagem Anna Nery
Rua Afonso Cavalcanti, 275, Cidade Nova 20211-110 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21)2293-8048 ramal 118.
368 Santos RB / Diabetes Clínica 05 (2002) 368~373
life situation and health and active participation of all the integrant of interdisciplinar team and patients, being pointed theoretical concepts of
not transmissible chronic illness, selfcare, interdisciplinarity and interdisciplinar team. The gradual increase of care for diabetic people by the
professional team led to a reduction of medical licenses between years 1997 (50,5%) and 1999 (73,5%). On 2000, the illnesses associated to the
diabetes mellitus (DM) in 55 employees showed 54 (38,5%) cases of cardiovascular system illnesses and 8 cases (6,0%) of obesity. On 1999,
52 employees had been taken care, and the days of license for DM had diminished for 1348 (reduction of 16,49% in relation to the previous
year). On 2000 it had significant fall (p < 0,01) for 763 days of license, being regularly taken care of 97 employees, DM being the heighty
cause of medical license in the university. It had inverse correlation (0,96) between the number of patients in the DM program of the UFRJ and
the number of days of medical license for DM (p < 0,01). In this way, it was necessary to extend the existing partnership between the unit of
education and the skillful unit, for the education in health of theses employees with chronic conditions, associated in interdisciplinar team,
obeying the principles and faced theoretical concepts as a challenge and at the same time a necessity and difficulty faced for the professionals
who believe and pursue this objective.
Key-words: Team interdisicplinar team, selfcare, chronic illnesses.
possuindo um impacto social sério no que diz respeito à e objeto de estudo, incluindo aspectos de natureza
convivência do adulto moderno com os fatores de risco, biológica, intelectual, afetiva e estética. Isto inclui a
que potencializam sua magnitude traduzindo-se nas abordagem das diversas relações sociais (grupos, classe,
principais causas de óbito, como segue: 1) infarto agudo produção, socialização, práticas e relações no tempo e
do miocárdio representou a principal causa de óbito, espaço).
considerando-se os três dígitos do Código Internacional Configura-se num desafio para a compreensão e
de Doenças (CID), com taxa de mortalidade de 34,3 x explicitação da produção da existência e da prática social
10-5 habitantes; 2) a doença cerebrovascular aguda vêm relativa ao auto-cuidado dos sujeitos portadores,
concomitantemente com uma taxa de 34,3 x 10 -5 acentuando seu caráter dialético, de tecido de totalidade,
habitantes; 3) a insuficiência cardíaca, acompanha a como uma categoria concreta imperativa na construção
escala com taxa de 22,9 x 10-5 habitantes; 4) o DM se do conhecimento, explicitando suas múltiplas
configura como a quarta causa de óbitos com taxa de determinações e mediações históricas.
14,6 x 10-5 habitantes [1], registrando um aumento A interdisciplinariedade tem a ambição de transferir
contínuo como causa básica de óbito, causas estas métodos de uma disciplina à outra, não devendo ser
padronizadas por idade para todo o país, no período até confundida como uma simples justaposição passiva, não
então analisado, que foi de 1980 a 1994. interativa dos professores, profissionais, estudantes e
Camus [2] caracteriza uma doença crônica como a sujeitos portadores. Sua orientação e direção ultrapassam
manifestação ou presença de uma ou mais alterações as fronteiras disciplinares. Aprender a conhecer quer
patológicas não reversíveis, permanentes, com sinais e dizer respeito a ser capaz de estabelecer pontes entre os
sintomas, disfunção física e mental, que ocasionam diferentes saberes, entre esses saberes e suas significações
incapacidade residual, exigindo um controle periódico na vida cotidiana, entre esses saberes e as capacidades e
da saúde. potencialidades interiores. Ou seja, não é pela assimilação
O auto-cuidado dos portadores dessas condições de uma enorme massa de conhecimentos científicos que
crônicas associadas é expresso através de suas opiniões se tem acesso ao espírito científico, mas pela qualidade
e atitudes em relação à doença. Dessa forma, demonstram do que é ensinado. A hierarquia social arbitrária e
suas singularidades e representações. As suas visões de artificial é substituída pela cooperação e criatividade, a
mundo estão implícitas em todo o processo de construção competição pela igualdade de oportunidades, o tédio
dessa área de saber da saúde, desde a concepção do objeto causador da violência, do conflito, da desordem, da
de seu estudo, o sujeito e seu auto-cuidado, até o resultado abdicação moral e social, pela alegria da realização
da sua atuação e produção científica. pessoal. Em outras palavras, significa aprender a viver
Com efeito, o auto-cuidado é visto como uma junto, a conviver com normas compartilhadas e não
construção mais social do que biológica, porque recebe impostas, que levam o sujeito a tolerar as diferenças de
mais interferências de fatores ligados a convivência dos opinião, de cor de pele e de crenças, submeter-se às
sujeitos com o seu trabalho e seu meio ambiente social, exigências dos poderosos (profissionais), fingir escutar
que tanto modificam quanto podem ser transformados o outro, embora permanecendo convencido da justeza
em benefício das suas ações de auto-cuidado [3,4]. absoluta das próprias convicções. A interdisciplinariedade
A perspectiva teórica da interdisciplinariedade para é uma vocação do trabalho em equipe. É em primeiro lugar,
abordar o auto-cuidado e a educação dos sujeitos uma ação de transposição do saber posto na exterioridade
portadores de DM, é considerada aqui como a mais para as estruturas internas do indivíduo, constituindo o
adequada para dar conta das preocupações que conhecimento. É necessária para a mediação da
emergiram da prática da autora, junto aos sujeitos comunicação no trabalho de equipe, levando a compreensão,
portadores de DM, HAS e obesidade. construção e transposições sistemáticas, deslocamentos na
A interdisciplinariedade poder ser utilizada como realidade [6].
sinônimo de parceria. É objeto filosófico-científico
indispensável na abordagem do auto-cuidado do sujeito Metodologia
em trabalhos de equipe. Leva a uma reflexão sobre a
construção histórica daquele objeto, o auto-cuidado dos A ampliação de um projeto de pesquisa e extensão
sujeitos portadores, sua constituição e compreensão, de educação para o auto-cuidado de servidores
resultantes da tensão entre o sujeito pensante e as portadores de diabetes mellitus de uma universidade
condições objetivas em que está inserido [5]. pública, para atender a outros servidores portadores
Assim, a produção do conhecimento sobre o auto- de hipertensão arterial e de obesidade, com abordagem
cuidado está garantida, tendo em vista a exigência do tanto individual quanto grupal, voltada para os
trabalho em parceria. A interdisciplinariedade passa a aspectos biológicos, sociais, culturais e psicossociais,
ser uma necessidade para a produção e socialização enfocando a totalidade da situação de vida e saúde e a
daquele conhecimento, tendo o homem como seu sujeito participação ativa de todos os integrantes da equipe
370 Santos RB / Diabetes Clínica 05 (2002) 368~373
Tabela II – Número de licenças médicas e atendimentos, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID9), na DVST.
interdisciplinar e dos sujeitos naquelas ações, com a sujeitos conheçam seu transtorno e que conserve um
adoção de alguns conceitos (doença crônica não controle adequado de sua doença, sem deteriorar sua
transmissível, auto-cuidado, interdisciplinariedade, qualidade de vida.
equipe interdisciplinar). A educação individual ou a educação grupal podem
Neste contexto, a participação ativa e constante ser utilizadas, dependendo dos recursos disponíveis e
(através de sessões educativas planejadas a intervalos do número de sujeitos para ensinar. Para a abordagem
regulares) dos sujeitos, é condição sine qua non para individual indicam duas a três sessões educativas com
o tratamento eficaz, pois asseguram que os mesmos os profissionais da equipe.
conservem o nível básico de conhecimentos e se A educação de grupos alcança resultados
atualize conforme as mudanças e recomendações magníficos, em virtude da dinâmica das atividades de
clínicas. A adaptação dos sujeitos ao tratamento, é grupo. Além disso, as sessões educativas grupais
importante para que possam gozar de uma vida plena, permitem que temas de interesse dos sujeitos, que
sem restrições, nem detrimentos para a saúde, a curto muitas vezes fogem ao alcance dos profissionais,
e em longo prazo. O conhecimento profundo das venham à tona. Outro dado importante é a troca de
razões para empreender as modificações necessárias experiências entre os membros do grupo, tornando as
nas suas atividades diárias, facilitam o cumprimento situações de convivência com a doença menos
das exigências impostas pela condição que a doença monótonas e ameaçadoras.
traz ao estilo de vida e hábitos pessoais de cada um. A comunicação à distância, pode ser utilizada para
Outros aspectos importantes são o apoio, o estímulo sujeitos com ocupações que exigem afastamento
e a motivação, fatores necessários para facilitar o constante para vários pontos geográficos, através do
processo de aprendizagem e o cumprimento dos telefone.
objetivos da educação para a saúde desses sujeitos. Deve-se identificar, além do nível de conhecimento,
As estratégias educativas devem permitir que os idéias, condição social e econômica dos sujeitos. Para
Santos RB / Diabetes Clínica 05 (2002) 368~373 371
a avaliação inicial do processo educativo propõe-se o objetivo de estudar caso a caso os sujeitos em relação
levantamento dos seguintes aspectos: idade, grau de ao auto-cuidado.
instrução, ocupação, avaliação da visão, audição, O trabalho em equipe interdisciplinar deve
aceitação de colegas e companheiros, grau de fortalecer os componentes de promoção*, prevenção
aderência, estilo de vida, o trabalho, a atividade atual, e auto-cuidado da saúde na docência, ensino e
a avaliação individual da capacidade de aprendizagem assistência, bem como a investigação em saúde
e aceitação de mudanças no estilo de vida, estabelecer complementar a assistência oferecida nos serviços,
prioridades junto ao doente e seu responsável ou com a finalidade de alcançar uma atenção em saúde
acompanhante, estabelecer uma relação entre o doente melhor e mais eficiente, promovendo maior qualidade
e a equipe interdisciplinar, escutar preocupações, de vida aos sujeitos envolvidos.
frustrações e atitudes que podem interferir no processo
educativo (mitos, tabus, preconceitos e verdades,
como Aids), planejar mudanças, ajustes e adaptações Resultados
à sua condição pessoal e de saúde. Fatores emocionais,
como o nível de ansiedade e angústia, a participação O número total de licenças médicas e atendimentos
da família, o nível econômico, influenciam na na DVST, segundo dados do setor de registro se
capacidade de aprendizagem. distribui conforme tabela II.
A diferença entre a educação para o auto-cuidado e As doenças das glândulas endócrinas da nutrição e do
a educação do cliente, diz respeito aos objetivos, papel metabolismo ocuparam a nona posição nas causa de
desempenhado pelos profissionais da equipe licença médica (64, 2,6%) e a quarta no número de
interdisciplinar e pelo cliente, pela filosofia adotada atendimentos (98, 1,19%), no ano de 2000. Dentre elas
e aspectos econômicos/financeiros/logísticos [7]. destacou-se o DM com 37 (57,8%) licenças médicas e
Para o trabalho em equipe interdisciplinar sugere- obesidade com 7 (10,9%) licenças médicas.
se reuniões entre esta e os sujeitos para: A tabela II resume os diagnósticos e o número total
acompanhamento e avaliação das atividades de pacientes ou atendimentos na classe de sujeitos
desenvolvidas e com caráter educativo; reuniões observados.
administrativas para organização, supervisão e As doenças do aparelho circulatório foram a quarta
avaliação da coordenação das atividades e aspectos causa de licenças médicas (240) e a terceira posição no
logísticos e gerenciais; e reuniões clínicas, com o número de atendimentos (124), no ano de 2000. Dentre
CID 10 N %
Doenças do aparelho circulatório (I10-I11-I21-I25-I50-I64-I65-I80-I85) 54 38,5
Doenças dos olhos e anexos (H00-H59-E10.3+) 10 7,0
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E03-E07-E65-E66-E68) 8 6,0
Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool (F10-F10.2-F20-F41.1-F40.2) 8 6,0
Abuso de drogas sem dependência (305.1/1) 6 4,0
Doenças do aparelho digestivo (K00- K62.9-K74.3-K77-K80-K93-) 14 10,0
Doenças do aparelho respiratório (J10-J18-J32-J44) 4 2,8
Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A-41-A30-A26-L00) 4 3,5
Doenças do Sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00- M11- M50-M84.4-M86-M95.9-) 7 5,0
Doenças do aparelho geniturinário (N39.0-N48.4-N40-N07-E10.2+) 5 3,5
Diabetes mellitus (E10.5-210-E11.1-E11.4-E14-H28.0*) 5 3,5
Doenças do sistema nervoso (G20-G98.X) 4 2,8
Neoplasias (54.2) 5 3,5
Sintomas e sinais relativos a cognição, percepção do estado emocional e comportamental (R42) 1 0,7
Sintomas e sinais gerais (R51-R53) 1 0,7
Causas externas de morbidade e de mortalidade (V01-V09) 1 0,7
Traumatismo do abdome, do dorso, da coluna lombar e da pele (S31.1) 1 0,7
Doenças do Sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunidades (D65-D69) 1 0,7
TOTAL 216 100,0
*A promoção à saúde refere-se a ações conjugadas, utilizadas tanto na perspectiva objetiva quanto na perspectiva subjetiva, que visam a
melhoria das condições de vida e de saúde dos sujeitos. Já a prevenção refere-se ao conjunto de ações integralizadas que visam evitar a
doença e suas complicações [8].
372 Santos RB / Diabetes Clínica 05 (2002) 368~373
elas destaca-se a doença hipertensiva (cid i.10-i.11), com A humanização e melhoria da qualidade do
164 (69,5%) licenças médicas, seguida das varizes das atendimento nos serviços são outras metas ou finalidades
extremidades inferiores (cid i86.8), com 40 (17%) desses profissionais, que incomodados com as
licenças médicas, da flebite e tromboflebite (cid i.80), dificuldades, tanto de ordem pessoais quanto
com 36 (13,0%) licenças médicas e das varizes profissionais e institucionais, movimentam-se para sua
esofagianas com 1 (0,5%) licença médica. superação.
O aumento progressivo dos atendimentos dos Encorajar a busca de orientação, o desejo de melhorar
servidores portadores de diabetes mellitus (DM) pelos conhecimentos sobre os determinantes sociais da doença,
profissionais da equipe levou a uma diminuição das a auto-estima e autonomia, é fundamental nesse processo
licenças médicas entre os anos de 1997 (52, 50%) e 1999 de tomada de consciência sobre os direitos do sujeito à
(7, 3,5%) (ver tabela I). saúde.
No ano de 2000, as doenças associadas ao DM entre Somente quando o sujeito assumir suas
55 servidores inscritos, acusaram 54 (38,5%) casos de responsabilidades próprias em relação ao seu auto-
doenças do aparelho circulatório e 8 casos (6,0%) de cuidado na vida e no trabalho, a meta da equipe
obesidade. interdisciplinar se efetiva, alcançando uma nova realidade
Em 1999, foram atendidos 52 funcionários e os dias de saúde, apresentado a questão, seu prisma vivificado
de licença por DM diminuíram para 1348 (redução de no seu auto-cuidado, trabalho e saúde - mergulhando no
16,49% em relação ao ano anterior). mundo de significados e respeitando sua posição perante
Em 2000, houve queda significativa (p < 0,01) para tal fenômeno. A equipe interdisciplinar deve encorajar a
763 dias de licença, sendo atendidos regularmente 97 atitude autônoma do sujeito, apesar das resistências e
funcionários, passando o DM a ser a 8a causa de licença dificuldades pessoais e profissionais, tanto por parte
médica na universidade. destes quanto daqueles.
Houve correlação inversa (0,96) entre o número de
pacientes atendidos no programa de DM e o número de Referências
dias de licença médica por DM (p < 0,01).
Desse modo, estendeu-se os atendimentos para a 1. Lessa I. Doenças crônicas não transmissíveis. In: Lessa I. O
educação em saúde de servidores portadores dessas adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia
das doenças crônicas no Brasil. São Paulo: Hucitec/Abrasco.
condições crônicas associadas, desde abril de 2001. 1998. p. 29-42.
2. Camus L. Autocuidado de la salud en personas con problemas
Conclusão cronicos de salud. EPAS. 1999;número especial:94-108.
3. Caponi G. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, 1997;6(2):51-
Trabalhar em equipe interdisciplinar, obedecendo aos 56.
4. Canada. Health Promotion and Programs Branch, Health Canada.
princípios e conceitos teóricos de doença crônica não Supporting self-care: the contribution of nurses and physicians.
transmissível, é um desafio e ao mesmo tempo uma Minister of Public works and Government Services Canada, 1977,
necessidade e dificuldade enfrentada pelos profissionais 126 p.
que acreditam e perseguem este objetivo. Fica claro que 5. Jantsch AP, Bianchetti (org.). Interdisciplinariedade: para além
a metodologia sugerida, apesar de ser flexível e aberta, da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1995. 204 p.
6. Universidade do amanhã. Em busca de uma evolução
necessita de sistematização por critérios a serem transdisciplinar da universidade: Projeto CIRET-UNESCO –
definidos de acordo com cada realidade e situação Síntese do documento por Basarab Nicolescu – Presidente do
vivificada. CIRET. Salvador: META – Revista Holística Transdisciplinar,
Entretanto, é possível defini-la como uma estratégia 1999:55-66.
de pesquisa em serviço, pois a participação ativa de todos 7. Hill L, Smith N. Self Care Nursing: promotion of health.
Copyright© by PrenticeHall Inc., Englewood Cliffs. New Jersey.
os envolvidos, sem dúvida gerará a necessidade de 1990. 447 p.
investigação e estudos no seu desenrolar. 8. Oliveira EM de, Carneiro F, Stori R. Gênero, saúde e trabalho: a
dimensão oculta. São Paulo: Brasiliense, 1993. 46 p.
374 Passos AP et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 375~380
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Ana Paula Passos*, Jane Dullius**, Luiz Guilherme Porto***, Adriana Lofrano****
*Enfermeira e Professora de Educação Física do PROAFIDI, especialista em atividade física terapêutica, **Coordenadora do PROAFIDI, Professora
assistente de Educação Física na Universidade de Brasília, Doutoranda em Ciências da Saúde e Atividades Físicas Terapêuticas, **Professor especialista
em Treinamento Desportivo, Mestre em Ciências da Saúde, ****Médica especialista em endocrinologia e metabologia do Hospital Universitário de Brasília.
PROAFIDI: Programa Orientado de Atividades Físicas Para Diabéticos.
Resumo
O presente estudo demonstra o comportamento da glicose sangüínea em diabéticos tipo 2, que se submetem a execução de exercício físico
aeróbico com intensidade moderada, e de como esta resposta glicêmica aguda pode auxiliar no tratamento e controle da doença, sendo o
educador físico integrante da equipe multidisciplinar de atendimento do diabético, responsável pela orientação e acompanhamento da prática
benéfica e isenta de riscos. Pacientes do Hospital Universitário de Brasília foram submetidos a 20 sessões de atividade física aeróbica com
monitorização da glicemia capilar antes, durante e após a prática. Observou-se a diminuição do nível de glicose sangüínea durante a execução
do exercício, em resposta a maior utilização desse substrato neste período. A orientação do profissional de educação física permitiu que os
participantes realizassem a atividade com a intensidade necessária para obtenção de benefícios, sem alcançar níveis hipoglicêmicos.
Abstract
This study shows the blood glucose behavior in type 2 diabetics individuals which were submitted to mild intensity aerobic exercises and how
this glicemic response can affect in the diabetes treatment and its control, having the physical education professional, a member of the team, as
responsible for the orientation and good practice of the exercise with no risks. Patients of the University Hospital of Brasilia were submitted to
20 sessions of aerobic activities having their capillary glicemy fully monitorized during the exercise practice. It was observed a decrease of
blood glucose levels during the exercise due to the response to its utilization in that period. Because of good orientation of the physical
education professional the participants were able to get exercised at ideal intensity rate resulting in a beneficial physical performance without
getting at any hypoglycemia levels.
Endereço para correspondência: Ana Paula Passos, SRES quadra 8 bloco “M” casa 24, 70648-137 - Brasília DF, Tel: (61) 233 9395.
Passos AP et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 375~380 375
Indivíduo 2 - Mulher, 38 anos, DM há dois meses, esfigmomanômetro aneróide da marca Tycos, pelo
fazendo uso de medicação hipoglicemiante método auscultatório com uso de manguito padrão. A
(Glucoformim) e hipotensora (Bloprees). Apresentava FCmáx foi determinada pelo teste de esforço aplicado
hipertensão arterial leve. Ao teste de esforço, aptidão por cardiologista em laboratório e calculada a zona-alvo
cardiorespiratória muito fraca, FCmáx 173bpm, VO2 de treinamento para cada participante. As avaliações de
máx 21.22ml. Percentual de gordura de 40.5% e IMC composição corporal do início e do final do programa,
igual a 32.5, caracterizando obesidade. Realizado foram realizadas com os mesmos instrumentos
exercício aeróbio em bicicleta ergométrica com (adipômetro, trena metálica e balança) e pelo mesmo
intensidade de 50 a 60% da FCmáx. A sessão era observador (a pesquisadora). O cálculo do percentual de
realizada em 45 minutos: 10’ alongamento, 25’ gordura foi feito baseado na mensuração das dobras
ergometria e 10’ alongamento/ relaxamento. A pressão cutâneas, aplicando-se a fórmula de Brozek [8].
arterial foi verificada a cada cinco minutos para controle
da sobrecarga para o aparelho cardiovascular. Resultados
Para controle da FC foram utilizados dois
frequencímetros da marca Polar. A glicemia capilar foi Foi aplicada análise estatística sobre a evolução dos
avaliada com um glicosímetro da marca Advantage, e a valores das glicemias individuais de cada participante
pressão arterial foi aferida com a utilização de ao longo das sessões, assim como às variações
Tabela I-A: Valores individuais das glicemias ( mg/dl ) e variações percentuais registradas em cada sessão
INDIVIDUO I
Sessão Glicemia 1 Glicemia 2 Glicemia 3 Var%1 Var%2 Var%3
1 109 93 99 -14.68 6.45 -9.17
2 94 93 94 -1.06 1.08 0.00
3 132 79 89 -40.15 12.66 -32.58
4 88 71 88 -19.32 23.94 0.00
5 113 80 104 -29.20 30.00 -7.96
6 102 70 84 -31.37 20.00 -17.65
7 95 87 96 -8.42 10.34 1.05
8 128 83 89 -35.16 7.23 -30.47
9 113 86 100 -23.89 16.28 -11.50
10 96 88 94 -8.33 6.82 -2.08
11 106 71 86 -33.02 21.13 -18.87
12 106 81 86 -23.58 6.17 -18.87
13 81 74 62 -8.64 -16.22 -23.46
14 109 79 97 -27.52 22.78 -11.01
15 110 98 104 -10.91 6.12 -5.45
16 141 81 105 -42.55 29.63 -25.53
17 100 75 90 -25.00 20.00 -10.00
18 152 92 101 -39.47 9.78 -33.45
19 84 75 84 -10.71 12.00 0.00
20 106 70 80 -33.96 14.29 -24.53
Glicemia 1 = repouso; Glicemia 2 = 30 min.; Glicemia 3 = 60min.
Var%1=varaiação percentual entre o valor da glicemia 2 em relação à glicemia 1
Var%2=varaiação percentual entre o valor da glicemia 3 em relação à glicemia 2
Var%3=varaiação percentual entre o valor da glicemia 3 em relação à glicemia 1
***= valores não medidos por ausência da aluna na sessão.
Passos AP et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 375~380 377
percentuais entre os três momentos de medida. Para percentuais nos três momentos, encontram-se nas
esta análise, foi utilizada a estatística não pareada, em tabelas III-A e III-B.
função da distribuição anormal de alguns conjuntos de
dados de glicemia. Analisou-se comparativamente e de Discussão
forma pareada os valores nos três diferentes momentos:
repouso, meio e final da sessão, empregando-se análise O Programa de atividade física realizado conforme
de variância (teste de Kwskal – Wallis), com teste de a abordagem teórica citada, permitiu a verificação das
Student- Newman – Kwels, para individualizar as alterações dos níveis de glicose sangüínea, durante a
diferenças de grupo dois a dois [9,10]. Em todos os execução de uma atividade aeróbia em dois indivíduos
casos empregou-se nível de significância de 5%. diabéticos tipo 2. O aumento da utilização da glicose em
O valor absoluto das glicemias, bem como sua resposta ao exercício moderado ocasionando uma
variação percentual antes, durante e após cada sessão diminuição da glicemia, foi observado em todas as
de atividade física para os dois indivíduos estudados, sessões do programa. Conforme o esperado, a glicemia
estão ilustrados nas tabelas I-A e I-B. capilar, medida quando a intensidade do exercício
Os resultados da avaliação antropométrica realizada alcançava a zona-alvo de treinamento calculada para cada
antes de iniciar o programa e ao final do período deste indivíduo (glic 2), apresentou uma diminuição em relação
estudo estão na tabela II. ao nível inicial (glic 1), verificada antes de iniciar o
Finalmente, a análise estatística da evolução dos exercício. Ao final da sessão (glic 3), após o período de
valores das glicemias bem como as variações relaxamento, os níveis de glicose aumentavam
Tabela I-B: Valores individuais das glicemias ( mg/dl ) e variações percentuais registradas em cada sessão
INDIVIDUO I
Sessão Glicemia 1 Glicemia 2 Glicemia 3 Var%1 Var%2 Var%3
1 97 90 94 -7.22 4.44 -3.9
2 93 85 94 -8.60 10.59 1.08
3 *** *** *** *** *** ***
4 104 95 79 -8.65 -16.84 -24.04
5 0 *** *** *** *** ***
6 104 83 90 -20.19 8.43 -13.46
7 105 82 88 -21.90 7.32 -16.19
8 *** *** *** *** *** ***
9 80 98 90 22.5 -8.16 12.5
10 98 90 96 -8.16 6.67 -2.04
11 106 89 93 -16.04 4.49 -12.26
12 104 89 99 -14.42 11.24 -4.81
13 *** *** *** *** *** ***
14 98 86 90 -12.24 4.65 -8.16
15 *** *** *** *** *** ***
16 *** *** *** *** *** ***
17 93 91 93 -2.15 2.20 0.00
18 *** *** *** *** *** ***
19 115 100 101 -13.04 1.00 -12.17
20 *** *** *** *** *** ***
Glicemia 1 = repouso; Glicemia 2 = 30 min.; Glicemia 3 = 60min.
Var%1=varaiação percentual entre o valor da glicemia 2 em relação à glicemia 1
Var%2=varaiação percentual entre o valor da glicemia 3 em relação à glicemia 2
Var%3=varaiação percentual entre o valor da glicemia 3 em relação à glicemia 1
***= valores não medidos por ausência da aluna na sessão
378 Passos AP et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 375~380
discretamente mantendo-se, porém, dentro dos valores em relação aos níveis iniciais, antes de realizar a atividade
normais, mesmo quando o valor inicial (pré- exercício) física ( p < 0,05 para os dois indivíduos ). Isso ficou bem
caracterizava o aluno em condições de hiperglicemia. A evidenciado na resposta glicêmica do indivíduo 1, em
avaliação estatística do comportamento glicêmico que todas as variações foram estatisticamente
durante o exercício corroborou estes achados, conforme significativas. No caso 2, a redução da glicose 2 em
pode-se ver nas tabelas III-A e III-B. relação a glicose 1, também mostrou diferença estatística
O momento no qual a glicemia era medida durante a significativa. Entretanto, a menor diferença da variação
execução do exercício aeróbio, representava o período da glicemia durante o exercício em relação ao final da
de utilização de glicose e ácidos graxos livres na sessão ( glic 2 - glic 3 ), não apresentou significado
circulação, já utilizadas as reservas intramusculares de estatístico ( p > 0.05 ), podendo este fato ser atribuído
glicogênio durante a fase inicial do exercício. A maior ao menor condicionamento físico da aluna e, assim, a
necessidade de glicose sangüínea era balanceada com o menor duração da atividade.
aumento da produção hepática desse substrato. No Nos dois casos, pôde-se observar também uma
entanto, é possível que, caso a execução do exercício se pequena, porém significativa diminuição do IMC.
estendesse por um período mais longo, uma nova medida Acredita-se ser este um dos principais caminhos
da glicemia capilar demonstraria uma maior queda nesta favoráveis à prevenção de algumas das complicações da
concentração, podendo ocorrer hipoglicemia. A doença.
diminuição da glicemia durante o exercício é resultado Ressalta-se que, mesmo não fazendo parte do objetivo
da maior utilização periférica da glicose, em resposta ao principal do programa, os alunos tiveram a oportunidade
aumento a sensibilidade à insulina [11,12]. Esta resposta de serem alertados continuamente, quanto à importância
do organismo, esperada por até 48 horas após o exercício, da modificação do estilo de vida e à relevante atenção
foi observada no programa ao verificar que no término para as possíveis complicações da doença.
da sessão, os alunos tinham níveis glicêmicos diminuídos
Conclusão
Tabela III-A: Comparação entre os valores das glicemias individuais no repouso ( glic 1 ), com 30min. ( glic 2 ) e após 60min. do
início da sessão ( glic 3 ).
Indivíduo I
glic 1 Glic 2 Var% Glic 2 Glic 3 Var%2 glic 1 Glic 3 Var%3
N 20 20 20 20 20 20 20 20 20
Média 108 81,3 -23,3 81,3 91,6 13 108,2 91,6 -14,1
DP 18,3 8,5 12,4 8,5 10,2 10,7 18,3 10,2 11,5
Ext Sup 152 98 -1,1 98 105 30 152 105 1,1
Qtl Sup 113 87,5 -10,8 87,5 99,5 20,6 113 99,5 -3,8
Mediana 106 80,5 -24,4 80,5 92 12,3 106 92 -11,3
Qtl Inf 95,5 74,5 -33,5 74,5 86 6,6 95,5 86 -24
Ext Inf 81 70 -42,6 70 62 -16,2 81 62 -33,6
p* <0,05 <0,05 <0,05
*teste de Student-Newman-Keuls
glic=glicemia; var =variação
Tabela III-B: Comparação entre os valores das glicemias individuais no repouso ( glic 1 ), com 30min. ( glic 2 ) e após 60min. do
início da sessão ( glic 3 ).
Indivíduo I
glic 1 Glic 2 Var% Glic 2 Glic 3 Var%2 glic 1 Glic 3 Var%3
N 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Média 99,8 89,8 -9,2 89,8 92,3 3 99,8 92,3 -6,9
DP 8,8 5,6 11,4 5,6 5,7 8,1 8,8 5,7 9,6
Ext Sup 115 100 22,5 100 101 11,2 115 101 12,5
Qtl Sup 105 93 -7,7 93 95 7,9 104,5 95 -1
Mediana 101 89,5 -10,4 89,5 93 4,6 101 93 -6,5
Qtl Inf 95 85,5 -15,2 85,5 90 1,6 95 90 -12,9
Ext Inf 80 82 -21,9 82 79 -16,8 80 79 -24
p* <0,05 >0,05 <0,05
*teste de Student-Newman-Keuls
glic=glicemia; var =variação
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retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos
nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do
conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros
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1. Editorial
Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou 6. Correspondência
por um de seus membros. Esta seção publicará correspondência recebida, sem que
Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 necessariamente haja relação com artigos publicados, porém
em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times relacionados à linha editorial da revista.
Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, Caso estejam relacionados a artigos anteriormente
itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes
que dez referências. de se publicar a carta.
Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as
2. Artigos originais especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas
Serão considerados para publicação, aqueles não publicados ou figuras.
anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que
versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e
tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL
Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas,
formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 1. Normas gerais
12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em
itálico, sobre-escrito, etc. processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de
Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times
Excel/Word. Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações
Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.
(formatos .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power- 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para
Point, Excel, etc. cada tabela junto à mesma.
Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com
bibliográficas. as especificações anteriores.
Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas,
o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e
concisão da exposição, assim como a qualidade literária do desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.
texto. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo,
introdução, material e métodos, resultados, discussão,
3. Revisão conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela
Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave
382
Normas de publicação Diabetes Clínica
(key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de
de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings –
enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que
anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no não figurem no MeSH, os termos atuais).
disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir
informação dos arquivos, tais como o processador de texto 5. Referências
utilizado e outros programas e sistemas. As referências bibliográficas devem seguir o estilo
Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências
2. Página de apresentação bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos
A primeira página do artigo apresentará as seguintes entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem
informações: no texto, seguindo as seguintes normas:
- Título em português e inglês.
- Nome completo dos autores, com a qualificação curricular Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras
e títulos acadêmicos. iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor
- Local de trabalho dos autores. do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em
- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora,
respectivo endereço, telefone e E-mail. ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e
- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, final, ponto.
para paginação.
- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, Exemplo:
aparelhos, etc.
1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor.
3. Autoria Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.
Todas as pessoas consignadas como autores devem ter 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78.
participado do trabalho o suficiente para assumir a
responsabilidade pública do seu conteúdo. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es),
O crédito como autor se baseará unicamente nas letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto.
contribuições essenciais que são: a) a concepção e Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação
desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de
redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar
de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados
que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of
as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na Journals Indexed in Index Medicus”.
obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a
participação como autor. A supervisão geral do grupo de Exemplo:
pesquisa também não é suficiente. Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression
and localization of urokinase-type plasminogen activator
4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.
Na segunda página deverá conter um resumo (com no
máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 6- Agradecimentos
palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio
O conteúdo do resumo deve conter as seguintes financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou
informações: de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do
- Objetivos do estudo. artigo, antes as referências, em uma secção especial.
- Procedimentos básicos empregados (amostragem,
metodologia, análise). Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:
- Descobertas principais do estudo (dados concretos e
estatísticos). Jean-Louis Peytavin
- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior Atlantica Editora
novidade. Rua Conde Lages, 27 - Glória
Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras- 20241-080 Rio de Janeiro RJ
chave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para Tel: (21) 2221 4164
E-mail: jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
Errata
No artigo publicado no número 4 de Diabetes Clínica (julho/agosto de 2002, V6n4): Implicações do diabetes mellitus na vida de crianças e
adolescentes: a opinião dos médicos, mães e portadores, de Ana Claudia T. Barros Kovacs, Fátima Elisabeth Denari, foi impresso um
endereço errado dos autores. A correspondência deve ser enviado no endereço seguinte:
Ana Claudia T. B. Kovacs, Rua Dona Alexandrina, 1779/62, 13560-290 São Carlos - SP, E-mail: aclaudiakovacs@uol.com.br
Diabetes Clínica 05 (2002) 383
Calendário de Eventos
OUTUBRO DE 2002 Lyon, França
Informações: W.M. Wiersinga
10 a 12 de outubro Department of Endocrinology & Metabolism
25th International Symposium on Sports Sciences Academic Medical Center F5-171
Centro de Convenções Rebouças, São Paulo Meibergdreef 9
Informações: CELAFISCS 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands
(11) 4229 8980/4229-9643 Tel.: 31 20 566 6071
www.celafiscs.com.br Fax: 31 20 691 7682
w.m.wiersinga@amc.uva.nl
24 a 27 de outubro
EASD Islet Study Group 17 a 21 de abril
Joint Meeting of the EASD Islet Study Group and the Boston-Ithaca Vo Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia
Islet Club e matabologia
Sea Crest Ocean Front Resort Vo Cobrapem
North Falmouth, Massachusetts Mar Hotel, Recife, Pernaambuco
Informações: www.diabetes.org Presidente: Profa. Dra. Elcy Falcão
Informações: (81) 3423-1300
29 de outubro – 1 de novembro E-mail: andrealatache@assessor5-pe.com.br
VIo Cuban Congress on Immunology of Diabetes
Hotel Neptuno-Tritón, Havana, Cuba
Informações: Dr. Rolando Suárez Pérez MAIO DE 2003
National Institute of Endocrinology, Department of Immunology of
Diabetes 29 de maio a 1 de junho
Havana 10400 Cuba 12th European Congress on Obesity
Tel: +53-7-327275 Helsinki, Finland
Fax: +53-7-333417 Informações: Dr. Mikael Fogelholm
E-mail: diabetes@infomed.sld.cu / inen@infomed.sld.cu UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501
Tampere, Finland
Tel: + 358 3 2829 201
Fax: + 358 3 2829 559
DEZEMBRO DE 2002 E-mail: mikael.fogelholm@uta.fi
5 a 7 de dezembro
VIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia
Io Simpósio interdisciplinar de apoio nutricional para enfermeiros,
nutricionistas, psicólogos, professores de educação física e JUNHO DE 2003
fisioterapeutas 14 a 17 de junho
Othon Palace Hotel, em Salvador – BA 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association
Informações: ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) New Orleans, Louisiana
Tel: (17) 523 9732 e 523 3645 Informações: +1 800 232 3472
E-mail: abran.sp@ig.com.br E-mail: meetings@diabetes.org
www.diabetes.org
FEVEREIRO DE 2003
3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy AGOSTO DE 2003
Geneva, Switzerland 6 a 10 de agosto
Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes
Tel: 972 3 514 0014 Educators
E-mail: conventions@kenes.com Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah
Tel: (312) 424 2426
www.aadenet.org
MARÇO DE 2003
19 a 22 de março 24 a 29 de agosto
PPARs: From basic science to cclinical appplications 18th Internacional Diabetes Federation Congress
Firenze, Italiá Paris, França
Tel: +39 02 2900 6267 Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1
E-mail: ppars@lorenzinifoundation.org avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França
Tel : +33 1 4249 9697
www.idf.org
ABRIL DE 2003
26 a 30 de abril
6th European Congress of Endocrinology
Diabetes Clínica
Diabetes Clínica 03 (2002) 385
EDITORIAL
Ilotropina: Nova esperança na cura do diabetes
Fadlo Fraige Filho ................................................................................................................................................................ 387
PRODUTOS E NOVIDADES
Contagem de carboidratos (Ateneu), suspiro light, mousse light e Culinária sem açúcar (Lowçucar), Resource Diabetic
(Novartis), paçocas (Day by Diet e Mary), balas Ricola e chocolates Stella (Aurora), Diabetic Line (Gienne) ........... 412
ESTUDOS DE CASO
Aplicando um programa educacional em mães e crianças diabéticas,
frente à prática inadequada do tratamento médico, Ana Claudia T. Barros Kovacs ........................................................ 445
Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúr-
bios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o
conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas.
Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de
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diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira
rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes.
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387
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
Editorial
Edwin Fineberg et al, Diabetes Care Dieta com proteína vegetal não é melhor do que com proteína
2002;25:1277-1282,1474-1476. animal para o diabetes tipo 2
Uma dieta que apresenta somente proteína de origem vegetal não tem
vantagem sob uma dieta que contém proteína animal, para indivíduos
390 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 06 (2002)
Abdella NA, Med Princ Pract 2002;11 Controvérsias no tratamento de pacientes diabéticos com doença
Suppl 2:69-74. cardíaca coronariana
Existe uma epidemia global de diabetes tipo 2 e num futuro próximo ela
deverá estar associada a uma epidemia de doença cardiovascular. Com o risco
da população de diabéticos desenvolver doença cardiovascular, o tratamento
do diabetes passou a ter como alvo o controle glicêmico. Dois procedimentos
controversos no manejo de diabéticos com doença arterial coronariana (DAC)
são discutidos nesta revisão. Primeiramente, administração de insulina exógena
e o aumento do risco de doenças cardiovasculares e, em segundo lugar, o
efeito do tratamento com sulfoniluréia nos canais de potássio ATP dependente
e risco de isquêmia miocárdica. O consenso de opiniões é de que um alto
nível de insulina sérica circulante, não passa de um marcador do estado de
resistência à insulina e, portanto, não exerce um papel direto na patogênese
da arterioesclerose em pacientes diabéticos. Entretanto, em oposição a isto,
existem evidências para uma associação linear entre a piora do controle
glicêmico e o aumento do risco para doenças cardíacas coronarianas. Estudos
prospectivos no Reino Unido (United Kingdom Prospective Diabetes Study -
UKPDS), reportaram que um controle intenso da glicemia diminuiu o risco
de infarto do miocárdio em 16%. Os benefícios de um controle glicêmico
estreito confirmam o conceito teórico da hiperinsulinemia ser aterogênica.
Conhecimentos seguros sobre sulfoniluréias datam de 1970. O mecanismo
de ação das sulfoniluréias, através do fechamento de canais de potássio ATP
dependentes identificados nas células b pancreáticas, cardiomiócitos e células
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 06 (2002) 391
Continuação de músculo liso vascular, causou grande discussão sobre sua segurança, devido
ao risco do desenvolvimento de isquemia do miocárdio. Breves episódios de
isquemia cardíaca levam o coração a ficar mais resistente a eventos isquêmicos
subseqüentes. Este fenômeno é chamado “precondicionamento isquêmico”.
A ativação de canais de potássio ATP dependente mimetiza completamente
este fenômeno; além disso, o bloqueio destes canais com algum dos compostos
a base de sulfoniluréia aboliu este efeito protetor. Portanto, o conceito de
seletividade dos compostos de sulfoniluréia emergiu e a escolha da droga
deve ser baseada neste fato. Todo composto deve ser estudado individualmente
quanto a eficácia e segurança, em referência aos pontos relevantes para o
diabetes tipo 2, i.e. morbidade e mortalidade cardiovascular.
H. O. Steinberg et al, 38th European Comparação clínica entre um método novo, não invasivo e um
Association for the study of diabetes convencional invasivo de determinação de glicose durante clamp
(EASD) Annual Meeting, Budapest, hiper e hipoglicêmico em estudos de várias etapas
Hungria.
Glicose atual
Baixo Médio Alto
Baixo 115 2 5 94,2 %
Glicose computada Médio 0 153 5 96,8 %
Alto 3 0 145 98,0 %
(p < 0,001).
T. Koschinsky et al, 38th European Sítio alternativo de teste de glicose sangüínea está relacionado a
Association for the study of diabetes diferenças no fluxo sangüíneo no derme
(EASD) Annual Meeting, Budapest,
Hungria. Introdução e objetivos: A auto-monitorização da glicose sangüínea (GS),
por exemplo no antebraço, é uma alternativa atrativa e menos dolorosa do
que a realizada na ponta dos dedos. Mas, por razões desconhecidas, a GS do
antebraço está atrasando 34 minutos, quando comparado com a ponta dos
dedos, durante variações rápidas. As diferenças regionais da corrente sangüínea
podem contribuir para o aumento de tempo, e nós avaliamos corrente sanguínea
em diferentes sítios da pele relevantes, para auto-monitorização da GS durante
mudanças estáveis e rápidas dela. Adicionalmente, nós induzimos um aumento
no fluxo sangüíneo regional, através de fricção local e examinamos seus efeitos
nas diferenças de GS ocorridas durante sua rápida mudança.
Material e métodos: Foram avaliados 69 pacientes com diabetes mellitus
[homem: 49, idade: 18-64 (média:51), diabetes tipo 1/2: 29/40, duração do
diabetes: 2 sem - 48 anos (média: 10 anos), sem complicações microvasculares:
Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 06 (2002) 395
Continuação 27, retinopatias: 23, nefropatias: 18, neuropatias: 32]. O fluxo sangüíneo na
parte superior do derme (profundidade max. na pele: 2mm) foi medido com o
auxílio de um aparelho a laser laser-doppler imager (Moor Instruments, UK)
- 780 nm; 2 mW -, em sala de temperatura controlada (24,7 ± 0,2°C)
escaneando sucessivamente: pontas no segundo e quarto dedo, palma da mão,
antebraço antes e depois do procedimento de fricção e abdome. Em cada sítio
a média de fluxo foi calculada em Unidades-Perfusão (PU). Em 10 desses
pacientes, a GS capilar (Free Style Therasense) e fluxo sangüíneo foram
medidos paralelamente na ponta do dedo e antebraço, enquanto um aumento
rápido da GS (provocado por glicose oral) e um decréscimo (provocado por
insulina) foram induzidos por 3-4 horas. Foram fornecidos média ± DP.
Resultados: O fluxo no antebraço, antes da fricção (89 ± 27 PU), e abdome
(93 ± 20) foi de 4 a 6 vezes menor (p > 0,001) comparado com o fluxo na
ponta do dedo (508 ± 165) e na eminência tenar (389 ± 131). Não foi observada
nenhuma correlação significativa entre o fluxo regional e o tipo de diabetes,
duração ou presença de doença microvascular. A fricção aumenta o fluxo no
antebraço 1,8 vezes (p > 0,001) a 163 ± 75 PU. Esse aumento de fluxo induzido
resultou em decréscimo variável das diferenças de GS entre o antebraço e os
dedos durante as mudanças rápidas da GS. Essas mudanças rápidas não
afetaram o fluxo regional de forma relevante.
Conclusão: As diferenças regionais no fluxo sangüíneo no derme dos dedos
vs. antebraço ou abdome, são fatores biológicos relevantes e relativamente
estáveis para as diferenças da GS observadas, além das diminuições entre
as medidas feitas nos dedos e nos sítios alternativos.
R. M. Bergenstal et al, 38th European Uma avaliação de um sítio alternativo para monitorização de
Association for the study of diabetes glicose sanguínea - o impacto da atividade física e da preparação
(EASD) Annual Meeting, Budapest, do sítio
Hungria.
Introdução e objetivos: Um número cada vez maior de pacientes estão
realizando os testes em sítios alternativos para auto-monitorização da glicose
sangüínea, que é um componente essencial para o manejo intensivo do diabetes.
Este estudo avalia diferenças nas concentrações de glicose medidas com
amostras obtidas das pontas dos dedos, comparados com amostras do
antebraço, palma da mão e coxa, e avaliações do impacto da preparação do
sítio e de exercícios moderados nas diferentes concentrações de glicose
sangüínea medida.
Materiais e métodos: Este estudo incluiu 79 indivíduos (idade média 60
anos, IMC médio 31 kg/m2, 66% homens), portadores de diabetes tipo 2
(duração média 9 anos) que participaram de consulta clínica única, durante a
qual as concentrações de glicose sanguínea foram medidas com o uso de um
sistema de monitorização de glicose sangüínea, One Touch da LifeScan. Após
jejum de no mínimo 4 horas, as concentrações da glicose sangüínea do ponto
zero foram medidas duas vezes na ponta dos dedos, e uma vez na coxa, palma
da mão e cada antebraço. Subseqüentemente, duas amostras foram tiradas do
antebraço, com somente um dos sítios tendo sido preparado com vigorosa
fricção. Então, os indivíduos caminharam vigorosamente em esteira por 15
minutos, e a glicose sangüínea foi novamente medida em cada sítio. Testes
“t” variados foram realizados para comparar as concentrações de glicose
sangüínea entre os sítios a cada intervalo de tempo.
Resultados: Não houve diferença significativa em relação as concentrações
de glicose sangüínea nos sítios medidas a partir do ponto zero nas pontas
396 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 06 (2002)
Sítio Diferença
Tempo Referência Alternativo Média +/- DP (mg/dl) Valor de p %
Braço +7,5 ± 12,1 < 0,0001 +6,7%
Início Dedo Palma +6,0 ± 9,2 < 0,0001 +5,0%
Coxa +7,0 ± 16,7 0,0004 +6,5%
Braço +23,4 ± 20,1 < 0,0001 +19,7%
Pós-exercício Dedo Palma +8,7 ± 15,2 < 0,0001 +6,7%
Coxa +16,1 ± 22,4 < 0,0001 +15,2%
O Diabetes na Imprensa
Globo News Cientistas descobrem substância em tabaco associada ao
mal de Alzheimer
30 de outubro de 2002
Cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, dos Estados Unidos,
descobriram uma substância química no tabaco que pode ser parcialmente
responsável por doenças como o câncer, mal de Alzheimer e pelo
envelhecimento acelerado. A substância, chamada nornicotina, está
naturalmente presente no tabaco, mas também é produzida quando a nicotina
é processada no corpo. Os cientistas descobriram que a nornicotina reage
com outras proteínas no corpo, provocando danos em suas funções. Eles
observaram ainda que a substância também reage com o esteróides comumente
receitados, como a cortisona, fazendo com que não se tornem seguros para
uso. De acordo com os pesquisadores, a nornicotina se junta aos esteróides e
alguns tipos de aminoácidos na superfície das proteínas. Esses esteróides e
proteínas alterados podem, então, interagir com outros tipos de substâncias
químicas do corpo, para formar uma variedade de compostos conhecidos em
inglês como advanced glycation endproducts (AGEs), associados em outros
estudos a inúmeras doenças, como diabetes, câncer e Alzheimer.
“Esses AGEs não existem naturalmente no corpo. Nosso organismo não
está preparado para eles”, afirmou o pesquisador Tobin Dickerson. Durante
o estudo, os pesquisadores descobriram que os fumantes apresentavam um
maior nível de proteínas modificadas pela nornicotina e AGEs do que os não
fumantes. Eles acreditam que a substância permaneça no sangue por mais
tempo do que a nicotina, que rapidamente desaparece quando a pessoa pára
de fumar. Eles acreditam que isso também pode explicar por que o fumo é um
vício. O principal autor do estudo, o cientista Kim Janda, afirmou que as
AGEs pareciam aumentar o índice de mutações nas células do corpo,
aumentando o risco de câncer. Elas também pareciam estimular a formação
de placas de proteína no cérebro, fator associado ao mal de Alzheimer.
O Estado de São Paulo Estudo revela que café pode evitar diabetes
08 de novembro de 2002
Boa notícia para quem gosta de um cafezinho. A xícara de café que ajuda milhões
de pessoas a despertar de manhã – e outras tantas xícaras durante o dia –, pode
reduzir o risco de diabetes, segundo um estudo de pesquisadores holandeses. Os
componentes do café parecem ajudar o corpo a metabolizar o açúcar, reduzindo,
assim, o risco de diabetes. “Este é o primeiro estudo que aparece com a idéia de que
o café poderia realmente ser benéfico para o diabetes tipo 2”, declarou Rob van
Dam, do departamento de Nutrição e Saúde da Universidade holandesa de Vrije,
em Amsterdã. Tanto filtrado como na forma de capuccino, com leite ou expresso, o
café contém minerais como magnésio, potássio e outros micronutrientes, que trazem
benefícios para a saúde. Van Dam e sua equipe não sabem qual dos componentes
do café está envolvido ou como eles agem contra o diabetes, mas quando eles
compararam o consumo de café com o risco de diabetes tipo 2, descobriram que
quanto mais as pessoas bebiam, mais o risco diminuía.
Indivíduos que bebiam 7 ou mais xícaras de café por dia, eram 50% menos
sujeitos a desenvolveram a doença. Menos xícaras por dia tinham menor impacto.
“Para a maioria das pessoas não é ruim beber quantidades moderadas de café”,
disse van Dam. Mas afirmou também que a descoberta, que será divulgada no
jornal médico The Lancet, e precisa ser confirmada em outros estudos, não significa
que as pessoas devam beber grandes quantidades de café todo dia.
Diabetes Clínica 06 (2002) 403
LaCivita KA, Villarreal G. Curr Med Diferenças no desempenho lipídico em pacientes tratados com
Res Opin 2002;18(6):363-70. rosiglitazona seguido por pioglitazona
Continuação caíram 14% a baixo dos níveis do ponto zero na terapia com
pioglitazona – uma redução total de 24% (p = 0,02). Rosiglitazona foi
associada com aumento significativo do colesterol ligado a lipoproteína
de baixa densidade (LDL-C) - 35%, p < 0,001 vs. ponto zero, e aumento
significativo no colesterol total (22%, p < 0,001 vs. ponto zero). Quando
a terapia de pioglitazona substituiu a de roziglitazona, LDL-C caiu 25%
(p < 0,001), e colesterol total caiu 19% (p < 0,001 entre os dois
tratamentos). Os níveis de HDL-C não variaram significativamente
durante os tratamentos. Ambas as drogas foram seguras e bem toleradas.
Um paciente recebendo rosiglitazona e outro recebendo pioglitazona
desenvolveram edema, que foi solucionado sem a descontinuação do
tratamento. Os níveis de enzimas hepáticas e pressão sangüínea não foram
afetados neste grupo de pacientes. Como pacientes portadores de diabetes
estão sob risco de doença arterial coronariana, os médicos devem
considerar o efeito de cada agente nos níveis lipídicos, quando
escolherem uma tiazolidinediona específica.
D. Dunger et al, 38th European Insulina glargina promove controle glicêmico efetivo a longo
Association for the study of diabetes prazo em crianças e adolescentes portadores de diabetes tipo 1
(EASD) Annual Meeting, Budapest. Introdução e objetivos: O objetivo deste estudo foi promover
evidências para eficácia e segurança da insulina glargina (Lantus) a longo
prazo, em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1.
Materiais e métodos: Neste estudo multinacional, aberto, de extensão
não controlada, 143 crianças (57% masculinas, idade média 11,9 ± 2,5
anos, > 5 (entre 5–15) anos de idade, 31% pré-adolescentes) portadores
de diabetes tipo 1, foram tratadas com insulina glargina num estudo de
fase III anterior, recebendo dose única injetável de insulina glargina ao
deitar, e insulina regular humana antes das refeições, durante um período
de até 36 meses. Dados de eficácia a longo prazo e segurança estiveram
disponíveis para 129 e 143 pacientes, respectivamente.
Resultados: O nível do controle glicêmico (HbA 1c) estabelecido no
estudo anterior (ponto zero do estudo anterior 8,65%), foi mantido neste
estudo (no final 9%), embora a média tenha aumentado 0,35%. A insulina
glargina foi bem tolerada sem descobertas inesperadas em termo de
freqüência ou espectro de efeitos adversos. Foi de interesse particular a
redução na média de anticorpos para insulina glargina encontrados no
estudo anterior, que ficaram bem mais aparentes no estudo de extensão
(variação média –9,88% B/T). Eventos adversos severos, possivelmente
relacionados à medicação em estudo, apareceram em 8 pacientes (5,6%).
7 destes pacientes (4,9%), apresentaram hipoglicemia severa, que teve
freqüência menor do que no estudo anterior. Do ponto zero ao ponto
final, 44 pacientes tiveram número de anticorpos para E. coli aumentado;
nenhuma relação entre esses e outros efeitos adversos foi notada.
Hipoglicemia sintomática foi reportada em 14 pacientes (9,8%). Reações
no sítio de injeção foram reportadas em 10 paciente (7,0%). Em 2 deles,
as reações foram, possivelmente, relacionadas à medicação em estudo;
entretanto, as reações cessaram e a dose de insulina glargina foi
continuada e não modificada nos 10 pacientes.
Conclusão: Insulina glargina mantém controle glicêmico efetivo e é bem
tolerada durante exposição a longo prazo, em crianças e adolescentes
portadores de diabetes tipo 1.
406 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 06 (2002)
P. Modi et al, 38th European Spray de insulina oral (Oralin) para tratamento do diabetes tipo
Association for the study of diabetes 1 durante a refeição
(EASD) Annual Meeting, Budapest.
Introdução e objetivos: A melhora do controle da glicose no diabetes
mellitus é o maior desafio para quem necessita de injeções múltiplas diárias.
O RapidMist, um novo sistema de manejo do diabetes, que permite que a
insulina seja absorvida oralmente, pode promover melhora significativa no
controle da glicose pós-prandial sem injeção. Esse sistema é baseado numa
formulação aerosol líquida única (Oralin), que permite administrar diretamente
na boca uma dose de insulina precisa. O objetivo deste estudo foi avaliar a
eficácia do spray Oralin (20 puffs, sem NPH) em pacientes diabéticos tipo 1,
após refeição padrão na hora do café da manhã.
Materiais e métodos: Em estudo cruzado randomizado simples-cego, 30
pacientes diabéticos tipo 1 receberam spray de Oralin com sistema RapidMist
ou injeção s.c. (9 unidades), numa refeição de 360 kcal (Ensure líquido),
administrada imediatamente após 15 minutos.
Resultados: A tabela mostra glicose sérica e variações de insulina após a
dose de Oralin ou injeção s.c.
Conclusão: O spray de Oralin, na hora da refeição, controlou os níveis de
glicose de forma comparável à injeção s.c. de insulina. A ação do Oralin foi
mais rápida e atingiu pico (Tmax) em 30 min. O aumento das concentrações
de insulina no soro do grupo tratado com Oralin foi significativamente maior
comparado com injeção s.c.. A insulina absorvida oralmente (Oralin), provou
ser eficiente no controle da excursão de glicose, induzida por refeição em
diabéticos tipo 1.
L. Want et al, 38th European Tratamento com pranlintide por 4 semanas reduziu excursões de
Association for the study of diabetes glicose pós-prandial, glucagon e triglicerídeos em pacientes
(EASD) Annual Meeting. portadores de diabetes tipo 1, tratados intensivamente com
bombas de insulina
Continuação vista mais freqüentemente no grupo com INH (25% vs. 7%) e considerada
leve a moderada, diminuindo em incidência e prevalência durante o
período estudado. A diferença média de tratamento ajustado para o
volume expiratório forçado em 1 segundo (FEV 1) foi similar (-0,043 L;
IC: -0,088, 0,003). Entretanto, a capacidade de difusão de monóxido de
carbono mostrou diferença (-0,819 ml/min/mmHg; IC: -1,491, -0,147).
A caracterização dessas mudanças, incluindo se a diferença da magnitude
apresentou alguma significância clínica, está em andamento. Os
indivíduos tiveram grandes melhoras na satisfação do tratamento com
INH comparado a SC (p < 0,0001).
Conclusão: Este estudo sugere que INH pode promover uma terapia
valiosa para pacientes com diabetes tipo 1.
S. V. Edelman et al, 38th European Sensor de glicose contínua com implante subcutâneo de
Association for the study of diabetes longa duração em pacientes com diabetes tipo 1
(EASD) Annual Meeting, Budapest,
Hungria. Introdução e objetivos: A realidade clínica de se obter valores de
glicose em “tempo real” irá permitir que pacientes diabéticos atinjam
glicemia normal, enquanto evitam hipo e hiperglicemia severa.
Materiais e métodos: Um novo sensor, implantável, de longa duração,
que monitoriza continuamente a glicose e transmite por ondas de rádio
os dados para um receptor portátil, foi testado durante 7 meses em
humanos. O pequeno e cilíndrico sensor foi implantado no tecido
subcutâneo sob anestesia local. O sensor eletroquímico usou um sistema
de três eletrodos cobertos com membranas próprias. O estudo de duas
fases examinou 25 pacientes com diabetes tipo 1: 19 na fase 1 e mais 6
na fase 2, na qual incorporou melhoras no desenho. Estudos Glucose
Tracking Studies (GTS) foram realizados entre os dias 49 e 96, através
do fornecimento de uma taxa de glicose oral e da obtenção de amostras
sangüíneas a cada 10-15 minutos através do SMBG (TheraSense),
HemoCue, e YSI. Depois que os pacientes atingiram uma taxa de 250
mg/dl, foi auto-administrada insulina lispro para baixar os níveis de
glicose. Os dados do sensor foram comparados com métodos de
referência de medição de glicose, através de regressão linear e análise
Clarke Error Grid.
Resultados: 5 indivíduos da fase I e todos os 6 da fase II, foram
determinados a ter sensores clinicamente funcionais. A média de valores-
R foi 0,94, com variação de 0,80-0,99, e 100% dos pontos ficaram nas
regiões A e B do grid Clarke. Em vários momentos, pediu-se aos
pacientes que realizassem 4-10 testes SMBG diários e que anotassem
em um livro recordatório. Os sensores detectaram padrões que os métodos
SMBG não foram capazes de revelar. Adicionalmente, os valores de pico
detectados diariamente pelo sensor foram 50 a 100 mg/dl maiores que
os reportados pelo SMBG, pois o SMBG falhou em captar os pontos
maiores de excursão. Quando os níveis de glicose detectados pelos
sensores excederam 210 mg/dl, o tempo máximo de detecção usando
SMBG variou entre 1,5 e 4 horas. Em alguns casos, 5 horas ou mais
passaram sem detecção.
Conclusão: Estes resultados documentam a utilidade potencial de um
sensor contínuo de glicose implantável, para detectar padrões da
glicose e excursões em pacientes com diabetes.
410 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 06 (2002)
Vivian A. Fonseca et al, Diabetes Care Sildenafil (Viagra) pode melhorar a função endotelial em
2002;25:1336-1339. diabéticos tipo 2
Produtos e novidades
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414 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002)
K. Maedler et al, 38th European Produção de interleucina-1ββ em células β induzida por glicose
Association for the study of diabetes contribui para glicotoxicidade nas ilhotas pancreáticas humanas
(EASD) Annual Meeting, Budapest,
Hungria. Introdução e objetivos: No diabetes tipo 2, foi sugerido que a hiperglicemia
crônica pode deteriorar as células β pancreáticas, prejudicando a secreção de
insulina. A interleucina-1β (IL-1β) é uma citocina pró-inflamatória que age
durante o processo auto-imune do diabetes tipo 1. A IL-1β inibe a função da
célula β e promove apoptose induzida por Fas (Fas-triggered) em parte por
ativação do fator de transcrição NF-kappaB. Recentemente nós demonstramos
que um aumento nas concentrações de glicose também induz a expressão de
Fas e a apoptose de células β em ilhotas humanas. O objetivo do presente
estudo foi testar a hipótese de que a IL-1β pode mediar os efeitos deletérios
da glicose elevada nas células β em humanos.
Materiais e métodos: Cultura de ilhotas pancreáticas humanas foram
expostas por 4 dias em concentrações crescentes de glicose (5,5 a 33,3 mM)
e analisadas para apoptose e expressão de IL-1β. Secções de pâncreas humanos
obtidas de necropsia de rotina e pancreases de Psammomys obesus foram
expostas à IL-1β, através de imunohistoquímica e fluorescência em
hibridização “in sito”.
Resultados: A exposição in vitro das ilhotas de doadores de órgãos não
diabéticos a altos níveis de glicose, resultaram num aumento de 2,2 vezes da
IL-1β liberada na cultura de ilhotas a 33,3 mM em relação à glicose 5,5 mM
(p < 0,01), seguido por um aumento de 1,9 vezes na atividade do NF-kappaB
(p < 0,05), regulação do Fas, fragmentação do DNA (33,3 mM de glicose
induziram um aumento de 2,3 vezes nas células β, comparado à glicose a 5,5
mM; p < 0,001), e função diminuída da células b. O antagonista do receptor
de interleucina-1 IL-1Ra protegeu a cultura de células de ilhotas humanas
desses efeitos deletérios. As células β, propriamente ditas, foram identificadas
como fonte de glicose nas ilhotas induzida por IL-1β. In vivo, células β
produtoras de IL-1β foram observadas em secções pancreáticas de pacientes
diabéticos tipo 2, mas não nos indivíduos não diabéticos controle.
Similarmente, IL-1β foi induzido em células β do rato Psammomys obesus
durante o desenvolvimento do diabetes. O tratamento desses animais com
florizina normalizou a glicose plasmática e preveniu a expressão do IL-1β
em células β.
Conclusão: Essas descobertas implicam em um processo inflamatório da
patogênese da glicotoxicidade no diabetes tipo 2 e identifica a rota IL-1β/
NF-kappaB, como um alvo de preservação de massa de células β e da
função nessa condição.
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 06 (2002) 419
E. Brocco et al, 38th European Níveis baixos de HDL-colesterol mas não de triglicerídeos
Association for the study of diabetes elevados estão relacionados a espessamento da intima-media no
(EASD) Annual Meeting, Budapest. diabetes tipo 2 com diagnóstico recente
M. Sacco et al, 38th European Prevenção de eventos cardiovasculares com baixa dose de
Association for the study of diabetes aspirina e vitamina E nos pacientes diabéticos tipo 2: resultados
(EASD) Annual Meeting, Budapest, do estudo de PPP
Hungria.
Introdução e objetivos: O Primary Prevention Project (PPP) foi desenhado
para testar se o tratamento crônico com aspirina (um tablete de 100 mg com
revestimento entérico de aspirina por dia) e vitamina E (uma cápsula de 300
mg de a-tocoferol por dia), reduz a freqüência de eventos cardiovasculares
(CV) fatais e não fatais, em pacientes com um ou mais fatores de risco.
Objetivamos investigar a eficácia dessas estratégias em um subgrupo de
pacientes com diabetes tipo 2.
Materiais e métodos: O PPP é um estudo multicêntrico, randomizado,
aberto, envolvendo pacientes ambulatoriais e clínicos gerais por toda a Itália.
O ponto final de eficácia primária foi a taxa cumulativa de morte
cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e parada cardíaca não fatal.
Eventos totais CV também foram considerados, incluindo angina de peito,
TIA, doença arterial periférica e procedimentos de revascularização.
Resultados: Dos 4.784 pacientes recrutados, 1.031 sofriam de diabetes.
As características dos pacientes foram as seguintes: 534 (51,8%) mulheres,
idade média 64 anos (DP 8), 59,5% com 3 ou mais fatores de risco, 60,4%
tratados com agentes antihipertensivos e 73% com agentes orais ou insulina,
33% obesos. Após um acompanhamento médio de 3 anos, o uso da aspirina
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 06 (2002) 421
Continuação foi associado a uma pequena, mas não significativa redução no ponto final
primário (RR = 0,94; IC 95% 0,68-1,30) e eventos CV totais (RR = 0,93; IC
95% 0,76-1,15). Similarmente, a vitamina E não mostrou nenhum efeito
primário no ponto final (RR = 1,06; IC 95% 0,79-1,43) e eventos CV totais
(RR = 0,91; IC 95% 0,74-1,13). Por outro lado, nos indivíduos não diabéticos
a terapia antiplaquetária diminuiu significativamente a freqüência de qualquer
evento cardiovascular (RR = 0,59; IC 95% 0,37-0,94), enquanto a vitamina E
não mostrou nenhum efeito. Os resultados de uma análise multivariada
mostraram que em paciente diabéticos o risco de eventos cardiovasculares
aumentou significativamente com a idade (HR = 1,03; IC 95% 1,00-1,06),
história familiar de infarto do miocárdio (HR = 2,1; IC 95% 1,2-3,7), níveis
de HbA1c (HR = 1,11; IC 95% 1,00-1,22), história passada ou atual de
tabagismo (HR = 1,95; IC 95% 1,3-2,9) e valores de pressão arterial sistólica
(HR = 1,03; IC 95% 1,01-1,04). Em contra partida, o risco de CV foi
inversamente relacionado aos níveis de pressão sanguínea diastólica (HR =
0,96; IC 95% 0,93-0,98).
Conclusão: Em conclusão, enquanto os indivíduos não diabéticos tipo 2 a
terapia antiplaquetária diminuiu substancialmente o risco de eventos CV,
em pacientes diabéticos tal efeito não foi significativo, provavelmente
devido a uma maior probabilidadede risco de CV. Nossa pesquisa também
mostrou o papel preditivo do controle metabólico e o efeito da pressão
sangüínea no risco de eventos cardiocerebrovasculares. Além disso, o efeito
da pressão sangüínea foi significativo na população diabética, mas não em
indivíduos não diabéticos.
T. Østergård et al, 38th European Melhora da sensibilidade à insulina, mas sem relação entre a
Association for the study of diabetes mudança da capacidade física e da sensibilidade à insulina, após
(EASD) Annual Meeting, Budapest. 10 semanas de exercício aeróbico em parentes de primeiro grau
saudáveis de pacientes diabéticos tipo 2
G. Sartore et al, 38th European Ácidos graxos da dieta, lipoproteínas e resistência à insulina
Association for the study of diabetes
(EASD) Annual Meeting, Budapest, Introdução e objetivos: Os ácidos graxos consumidos na dieta estão
Hungria. associados com arteriosclerose independentemente do colesterol plasmático;
de fato entre populações com níveis de colesterol plasmático similares, aqueles
com dieta rica em ácidos graxos saturados têm uma alta incidência de doenças
cardiovasculares. Esta associação pode ser devido à um padrão aterogênico
da lipoproteína (que é um pequeno e denso LDL), ou a um aumento da
Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 06 (2002) 423
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Ana Elizabeth Pavin*, André Zacoupeguy Lage*, Livia Rocha*, Renata Cristina Gatti*, Rossana
Guinatto Seidenthal**, Marcela Jamus Rodrigues***, Roberto Guimarães Alfieri***, Valter Furlan****
* Endocrinologista Total Care Amil SP, **Enfermeira Total Care Amil SP,
***Cardiologista Total Care Amil SP, ****Coordenador Total Care Amil SP - Programa Amil de Excelência Médica -Total Care São Paulo SP
Resumo
Objetivo: Estratificação do risco de evento cardiovascular (ECV), através de dados obtidos na pré-consulta de enfermagem em pacientes
diabéticos tipo 2.
Metodologia: Levantamento dos dados obtidos na pré-consulta de pacientes diabéticos tipo 2, atendidos no Total Care, centro de referência
para tratamento de diabetes e cardiopatias no período de abril de 2001 a abril de 2002. Os dados incluíam: idade, sexo, índice de massa corpórea
(IMC), pressão arterial sistólica e diastólica (PAS e PAD), perfil lipídico, glicemia e tabagismo. Foi calculado o índice de Framinghan,
reconhecidamente preditor de eventos cardiovasculares nos próximos 10 anos.
Resultados: Foram analisados 679 prontuários. Desses, 112 (16,4%) relataram ECV prévio (angina: 7,1%; infarto: 33%; angioplastia: 13,3%;
revascularização miocárdica: 36,6%; AVC: 8,0% e outras: 0,8%). A M ± DP da idade, IMC, PAS, PAD, HDL, LDL, TG foi 60 ± 10anos; 31 ±
6,2 kg/m2; 144 ± 27,8 mmHg; 84,7 ± 14,6 mmHg; 39 ± 11,1 mg/dl; 114 ± 44 mg/dl e 250 ± 145 mg/dl, respectivamente. Tabagismo foi de
15,1%. 167 pacientes (24,5%) correspondiam à prevenção primária de baixo risco ECV (Framinghan < 10%). A M ± DP da idade, IMC, PAS,
PAD, HDL, LDL e TG foi: 40 ± 14,1 anos; 28.4 ± 7,4 kg/m2; 128,2 ± 22,3 mmHg; 82,9 ± 13,2 mmHg; 51,3 ± 14,6 mg/dl; 99,3 ± 35,1 mg/dl e
152 ± 97 mg/dl, respectivamente. Tabagismo foi referido por 16,1% dos pacientes. 207 pacientes (30,4%) correspondiam à prevenção primária
de risco ECV intermediário (10 a 20%). A M ± DP da idade, IMC, PAS, PAD, HDL, LDL e TG foi 56,2 ± 10 anos; 31,3 ± 6,9 kg/m2; 146,6 ±
24,2 mmHg; 88,9 ± 12,4 mmHg; 45,5 ± 13,7 mg/dl; 114,5 ± 34,5 mg/dl e 220,4 ± 118,1 mg/dl, respectivamente. Tabagismo estava presente em
10,5 %. Quanto à prevenção primária de alto risco CV (> 20%) tivemos 193 pacientes (28,4%) com média e desvio padrão para idade, IMC,
PAS, PAD, HDL, LDL e TG de 61,6 ± 8,6 anos; 30,3 ± 5,6 kg/m2; 160,4 ± 24,7 mmHg; 92,2 ± 16,2 mmHg; 39,3 ± 28 mg/dl; 131,9 ± 36,7mg/
dl e 279,4 ± 154,5 mg/dl, respectivamente. Tabagismo foi de 21,7%.
Endereço para correspondência: Ana Elizabeth Pavin (Total Care), Av. Nações Unidas,11541 cj 31/32- Brooklin Novo 04578-000
São Paulo SP, Tel: (11)5504 3001.
426 Pavin AE et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 425~428
Conclusão: A avaliação de parâmetros simples, que podem ser obtidos pela enfermagem antes da consulta, facilita o reconhecimento e a
estratificação quanto ao risco de ECV, fornecendo ferramentas mais adequadas para a condução do grande desafio, que é a prevenção da doença
cardiovascular no diabético.
Abstract
Objective: To stratify the cardiovascular event risk trough data collected during nurse staff pre consultation in type 2 diabetic patients in a
reference center.
Metodology: The data were collected of type 2 diabetic patients followed in the reference center for diabetic and cardiovacular affections (Total
Care) from April 2001 to April 2002. These data included:age, sex, body mass index (BMI), systolic and diastolic blood pressure (SBP, DBP),
lipid profile, capillary glucose and tabagism. The Framingham index were calculated, which is a well known predictor for cardiovascular
events for the next ten years.
Results: We analysed 679 files, among these 112 (16,4 %) had prior cardiovascular events (angina: 7,1%; heart attack: 33%; angioplastia:
13,3%; myocardial revascularization: 36,3%; stroke: 8,0% and others: 0,8%).The M ± DP for age, BMI, SBP, DBP, HDL, LDL, TG was 60 ±
10 years; 31 ± 6,2 kg/m2; 144 ± 27,8 mmHg; 84 ± 14,6 mmHg; 39 ± 11,1 mg/dl; 114 ± 44 mg/dl and 250±145 mg/dl, respectively. The incidence
of tabagism was 15,1%. A hundred and sixty seven patients (24,5%) correspond to primary prevention with low risk for cardiovascular events
(Framingham < 10%). The M ± DP for age, BMI, SBP, DBP, HDL, LDL, TG was 40 ± 14,1 years; 28,4 ± 7,4 kg/m2; 128,2 ± 22,3 mmHg; 82,9
± 13,2 mmHg; 51,3 ± 14,6 mg/dl; 99,3 ± 35,1 mg/dl; 152 ± 97 mg/dl, respectively. Tabagism was refered by 16,1% patients. Two hundred and
seven patients (30,4%) correspond to primary prevention with intermediate risk for cardiovascular events (Framingham 10% to 20%) .The M
± DP for age, BMI, SBP, DBP, HDL, LDL, TG was 56,2 ± 10 years; 31,3 ± 6,9 kg/m2; 146,6 ± 24,2 mmHg; 88,9 ± 12,4 mmHg; 45,5 ± 13,7 mg/
dl; 114,5 ± 34,5 mg/dl and 220 ± 118,1 mg/dl, respectively. Tabagism was accused in 10,5%. For primary prevention with high cardiovascular
risk (> 20%) , had 193 patients (28,4%) and the M ± DP for age, BMI, SBP, DBP, HDL, LDL,TG was 61,6 ± 8,6 years; 30,3 ± 5,6 kg/m2; 160,4
± 24,7 mmHg; 92,2 ± 16,2 mmHg; 39,3 ± 28 mg/dl; 279,4 ± 154,5 mg/dl, respectively. Tabagism rate was 21,7% in this group.
Conclusion: The evaluation of simple parameters, those can be obtained during nurse staff pre consultation facilitates the knowledge and the
stratification of the cardiovascular risk factors, giving tools for planning strategies in order to prevent cardiovascular diseases in diabetic
patients.
Diabetes mellitus tipo 2 é uma doença com alta 679 pacientes diabéticos, pela primeira vez
prevalência, com complicações graves e muitas vezes atendidos no período de abril de 2001 a abril de 2002,
fatais. As principais causas de mortalidade no diabetes foram submetidos a pré-consulta de enfermagem. A
mellitus tipo 2, são as complicações por eventos pré-consulta é realizada por auxiliar de enfermagem,
cardiovasculares – ECV [1,2,3]. Pacientes com diabetes devidamente treinado, que faz a aferição do peso,
apresentam 2 a 3 vezes mais eventos cardiovasculares altura, cálculo do índice de massa corpórea (IMC),
que indivíduos não diabéticos, e quando são realizadas pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD).
intervenções, como angioplastia ou a colocação de stent, O perfil lipídico e glicemia capilar é realizado através
tendem a apresentar um maior índice de reestenose [7]. do aparelho Colestech LDX. Com estes resultados,
Baseado nisto, o Total Care, um centro especializado em idade do paciente e pesquisa de tabagismo atual
diabetes e cardiopatias, desenvolveu um protocolo de obtém-se o índice de Framingham, reconhecido
estratificação do risco de ECV, através de dados obtidos preditor do risco de evento CV nos próximos 10 anos
na pré-consulta de enfermagem. [4,8].
Pavin AE et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 425~428 427
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Maria Goretti Pessoa de A. Burgos*, Geise Maria Silva Belo**, Silvia Alves da Silva ***,
Ana Cristina de Freitas e Silva***
*Nutricionista, especialista em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral-SBNPE, Doutoranda em Bases
Experimentais da Nutrição, Nutricionista do Ambulatório de Nutrição em Diabetes do Hospital das Clínicas (HC), Departamento de Nutrição/Universidade
Federal de Pernambuco (DN/UFPE), **Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica, mestranda em Bases Experimentais da Nutrição, Departamento de
Nutrição/Universidade Federal de Pernambuco (DN/UFPE), Nutricionista do Hospital da Restauração de Pernambuco,
***Acadêmicas do Curso de Graduação em Nutrição, Estagiárias do Ambulatório de Nutrição em Diabetes, Departamento de Nutrição/Universidade
Federal de Pernambuco (DN/UFPE)
Resumo
O objetivo do estudo foi traçar o perfil da TNE em diabéticos internados em hospital universitário. Trata-se de estudo retrospectivo, através de
coleta de dados em prontuários e protocolos do Serviço de Nutrição. A amostra foi constituída de 130 pacientes, >60 anos, com predominância
do sexo masculino. Dentre as patologias associadas ao diabetes, as neoplasias foram as mais prevalentes (17%). O tipo de dieta mais administrada
foi a industrializada reconstituída (64%), caracterizada como hipoglicídica, hiperprotéica, normolipídica, contendo fibras, com valor calórico
variando entre 1000-2000 kcal, proteínas entre 41-60g e volume por horário de 200ml. O período médio de TNE foi de 7 dias, com 22% de
óbitos pela doença de base, sendo mais utilizada na UTI (32%) e cirurgia geral (17%). A utilização da TNE em diabéticos foi de curto prazo,
com utilização predominante de dietas industrializadas reconstituídas, dentro das recomendações atuais da ADA 2000, conseguindo bons
resultados clínicos.
Endereço para correspondência: Profa Maria Goretti P. de A. Burgos, Av. Domingos Ferreira, 3121/101 Boa Viagem 51020-031 Recife PE,
Tel/Fax: (81) 33269228, E-mail: gburgos@hotlink.com.br
430 Burgos MGPA et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 429~434
Abstract
The aim of the study was to trace de profile of enteral nutrition therapy when applied to diabetic patients interned at the university hospital. The
study was carried out in retrospect and the data collected from dossiers and protocols of the Nutrition Department. The sample was of 130
patients, mainly male and over 60 years old. Amongst the most common pathologies associated to diabetes the most prevalent was cancers
(17%). The kind of diet most frequently administered was ou industrialized reconstituted (64%), characterized as low carbohydrate, high
protein, normal fat, containing fiber, with caloric levels of about 1000-2000 kcal, protein levels of around 41-60g and volume of around 200ml.
The average period of the enteral therapy was of 7 days for each patient, with 22% of deaths from the original disease, being that it was mainly
used at the Intensive Unit Care (32%) and General Surgery Unit (17%). The use of the enteral therapy in diabetic patients was short term and
predominantly it was used industrialized reconstituted diet, following up to date recommendations for diabetic patients (ADA, 2000), with
positive clinical results.
com cateter, menor chance de hiperglicemia, além de A amostra foi constituída de 130 pacientes diabéticos
ser mais fisiológica e favorecer o trofismo intestinal [10]. tipo 2 internados no HC/UFPE, correspondendo a 22%
Uma atenção deve ser dada a seleção de macronutrientes dos pacientas hospitalizados em uso de TNE no período,
administrados, visando otimizar a glicose sanguínea e o com idade superior a 60 anos, sendo 53% dos pacientes
perfil lipídico [11]. do sexo masculino.
O consenso entre a ADA e a Associação Européia As patologias associadas ao diabetes mais prevalentes
para Estudo do Diabetes (EASD), é que as dietas enterais foram as neoplasias (17%), a insuficiência renal (15%)
devem conter maior conteúdo de MUFA e fibras solúveis e as doenças neurológicas (9%), ilustradas na Tabela I.
para o controle da glicemia, com menor proporção de Porém, o maior percentual de pacientes não apresentou
ácidos graxo saturados e polinsaturados e moderação dos outras patologias associadas.
carboidratos, visando melhorar o perfil lipídico e reduzir O percentual das dietas enterais administradas durante
o uso de drogas [12,13]. Dentre as fórmulas disponíveis todo o período do estudo está ilustrado na figura I. Assim,
comercialmente, encontramos fibras de várias fontes, percebemos que as dietas padronizadas reconstituídas
sendo as mais indicadas a goma-guar, os corresponderam a 64%, dietas mistas (módulos +
frutooligossacarídeos e a pectina ou a mistura destas. O produtos de proteínas lácteas) corresponderam a 25% e
polissacarídeo de soja também é muito encontrado em as dietas modulares a 11%.
formulações enterais, embora o seu percentual de fibras
insolúveis seja elevado, com Hemicelulose entre 30-59% Fig. 1- Tipos de dietas administradas aos pacientes
e Celulose entre 10-16% [14]. diabéticos do HC/UFPE, quanto a composição de
Em diabéticos existem alterações qualitativas e nutrientes.
quantitativas no metabolismo dos lipídeos, que
contribuem para doenças cardíacas isquêmicas. Os
MUFA podem influenciar de forma benéfica o fator de
risco cardiovascular, podendo substituir as gorduras
saturadas, em detrimento aos ácidos graxos
polinsaturados e carboidratos [15].
Metodologia
Tabela I – Patologias associadas ao diabetes nos pacientes estudados. Fig. 2 - Total calórico das dietas administradas aos
Amputações de membros inferiores 3 2% pacientes diabéticos do HC/UFPE.
Insuficiência cardio-respiratória 3 2%
Hipertensão arterial sistêmica 3 2%
SIDA 3 2%
Transplante renal 5 4%
Insuficiência cardíaca 5 4%
Doença inflamatória intestinal 8 6%
Doença pulmonar obstrutiva crônica 9 7%
Doença hepática crônica 9 7%
Doenças neurológicas 12 10%
Insuficiência renal 21 16%
Neoplasias 22 17%
Sem patologia associada 27 21%
432 Burgos MGPA et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 429~434
Fig. 3 - Total de proteínas das dietas administradas aos Tabela II – Clínicas que administraram a TNE aos pacientes
diabéticos do HC/UFPE. diabéticos do HC/UFPE.
Ortopedia 4 3%
Neurologia 4 3%
Traumatologia 6 4,5%
Doenças infecciosas e parasitárias 6 4,5%
Nefrologia 6 4,5%
Clínica médica especializada 8 6,5%
Cirurgia vascular 14 11%
Clínica médica não especializada 21 16%
Cirurgia geral 22 17%
UTI 39 30%
influenciam no valor do índice glicêmico da fórmula aceitação das dietas enterais foi boa, com um período
dietética, evitando ou minimizando os picos médio de administração de 7 dias, conseguindo bons
hiperglicêmicos pós-prandiais e colaborando, desta resultados clínicos e reduzindo o tempo de permanência
forma, para o controle da glicemia [10]. Levando-se em hospitalar e o custo leito/dia.
consideração, que teores acima destes, poderão reduzir
a biodisponibilidade de nutrientes, tais como magnésio,
cálcio, ferro e zinco [14]. Conclusão
As dietas mais administradas, foram as
normocalóricas de 1000-2000 kcal/dia com teor protéico A utilização da TNE nos diabéticos estudados foi de
entre 41-60g e percentual lipídico em torno de 30% das curto prazo, com utilização predominante de dietas
calorias diárias totais. Entretanto, alguns autores industrializadas completas, dentro das recomendações
consideram que o controle metabólico será melhor com atuais da ADA, contribuindo, assim, para uma rápida
um percentual lipídico maior, com maior teor de ácidos recuperação e alta hospitalar.
graxos monoinsaturados e uma maior restrição de O sucesso da terapia nutricional enteral vai depender
carboidratos [4,13]. da situação catabólica do paciente, das condições
Estudos realizados com diabéticos utilizando metabólicas e das reservas disponíveis. Cabe ao
dietas enterais especiais, contendo 50% do total calórico nutricionista, o conhecimento fundamentado de cada
na forma de gorduras, principalmente ácidos graxos formulação enteral disponível para selecionar
monoinsaturados e alto teor de fibra, apresentaram adequadamente a melhor dieta para o seu paciente.
resultados de resposta glicêmica e insulinêmica menores
que com dietas ricas em proteínas [19,23]. Por outro lado,
outros pesquisadores referiram efeitos similares entre Referências
dietas ricas em lipídeos e as de formulação padrão [24].
Observando-se que o uso de dietas ricas em gorduras 1. Sanz París A Diabetes and nutrition. Nutr Hosp 2000;15(1):58-
para pacientes com gastroparesia, podem piorar os 68.
2. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso brasileiro sobre
sintomas [25]. diabetes: diagnóstico e classificação do diabetes mellitus e
Em relação ao tipo de sondas, as nasogástricas foram tratamento do diabetes mellitus tipo 2, 2002, http://
as mais prevalentes, o que possibilitou o uso de volumes www.diabetes.org.br/consenso/index.html.
maiores de dietas por horário de administração (200 a 3. Frans MJ. Terapia clínica nutricional no diabetes melito e
300ml), maior liberdade na escolha dos nutrientes e hipoglicemia de origem não diabética. In: Mahan LK, Escott-
stump S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10o ed. São
utilização de módulos de nutrientes, para atingir as Paulo: Roca 2002:718-53.
necessidades de alguns pacientes específicos. Sendo 4. Wright J. Total parenteral nutrition and enteral nutrition in
importante salientar, que a osmolaridade das dietas foi diabetes. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2000;3(1):5-10.
minimizada através da redução da velocidade de 5. Viggiano CE. Novas abordagens de terapias nutricionais em DM
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6. Lewis G. Advances in the study of lipids and diabetes 1999,
de infusão para a provisão contínua de nutrientes em http://www.diabetes.org/am99/AbstractSearch.asp
sondas nasoenterais, é recomendada como forma de 7. American Diabetes Association. Nutrition recommendations and
evitar os picos hiperglicêmicos [26]. No entanto, no principles for people with diabetes mellitus. Diabetes Care
grupo estudado, a única forma de administração das 2000;23(1):43-46
dietas foi o gravitacional intermitente, para as sondas 8. MacMahon MM, Rizza RA. Nutrtion support in hospitalized with
diabetes mellitus. Mayo Clin Proc 1996;71(6):589-94.
nasogástricas, nasoenterais e gastrostomias, não sendo 9. MacMahon MM, Hurley DL. Enteral nutrition and diabetes
observado intercorrências devido a este método de mellitus. In: Rombeau JL. Clinical nutrition, enteral and tube
administração. Fato explicado, provavelmente, pelo feeding. 3nd ed. Philadelphia: WB Saunders Company 1997:461-
pequeno número de pacientes fazendo uso de sonda em 75.
posição entérica, sendo a mesma utilizada apenas em 10. Silva MLT, Borges VC, Waitzberg DL. Insuficiência pancreática:
Diabetes Mellitus. In: Nutrição oral, enteral e parenteral na prática
casos especiais, como tumor gástrico, cirurgias do clínica. 3o ed. São Paulo, Editora Atheneu 2000:1229-41.
pâncreas e estômago, além de gastroparesia diabética 11. Coulston AM. Enteral nutrition in the patients with diabetes
[25,27]. mellitus. Curr Opin Clin Metab Care 2000;3(1):11-5.
A maior parte dos pacientes do estudo apresentavam 12. Borges DC, Dudha A. The dietian‘s perpective: nutrition care
patologias diversas associadas ao diabetes mellitus, que for patients with diabetes requiring support. Clinical Nutrition
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necessitavam de condutas específicas quanto a proporção 13. Furst P. Consensus statment. Clinical Nutrition 1998;17(2):63-
e qualidade dos nutrientes [28]. Durante toda a pesquisa, 65.
a dietoterapia foi realizada por profissional especializado, 14. Taper LJ, Milan RS, McCallister MS, Baven PE, Thye FW.
sendo cada paciente avaliado de forma individualizada, Mineral retention in young men cosuming soy-fiber-augmented
para se obter o melhor resultado em menor tempo. A liquid -formula diets. Am J Clin Nutr 1988;48:305-11.
434 Burgos MGPA et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 429~434
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Damasceno DC et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 435~439
Diabetes 435
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ARTIGO ORIGINAL
Débora Cristina Damasceno*, Gustavo Tadeu Volpato**, Marilza Vieira Cunha Rudge**
Ana Luisa Marques Traballi***, Cynthia Falbo da Silva***, Marisa de Oliveira***, Iracema de Mattos
Paranhos Calderon****
*Professora e Chefe da Disciplina de Embriologia Humana, Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), Marília SP, Laboratório Experimental de
Obstetrícia, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, **Laboratório Experimental de Obstetrícia,
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, *** Acadêmico do Curso de Medicina, Faculdade de Medicina de
Marília (FAMEMA), Marília, SP ***Professora da Disciplina de Obstetrícia, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de
Botucatu, UNESP
Resumo
Objetivo: Investigar se o extrato alcoólico das folhas de Bauhinia forficata (Pata-de-vaca), amplamente comercializado em farmácias de
produtos naturais com finalidade hipoglicemiante, realmente apresenta este efeito quando testado em animais de laboratório.
Material e método: Ratos Wistar receberam injeção intravenosa de uma droga b-citotóxica (streptozotocin – STZ), na dose de 40mg/kg de peso
corpóreo para obter o estado diabético. Os animais foram divididos aleatoriamente em 3 grupos: diabético-controle que recebeu v.o. (gavage),
água destilada (C, n = 8); diabéticos tratados com o extrato alcoólico da planta na dose de 6,3 mL/kg (DT1, n = 9) e 12,6 ml/kg de peso corporal
(DT2, n = 8).
Resultados e conclusão: Nas doses testadas, o extrato alcoólico de B. forficata não reduziu a fome excessiva, poliúria e a hiperglicemia, mas
reduziu a polidipsia dos animais. A ausência do efeito poderia ser atribuída à qualidade duvidosa do material botânico e porque os produtos
comercializados em farmácia de produtos naturais são, geralmente, desprovidos de controle de qualidade exigidos normalmente para os produtos
farmacêuticos. Sugere-se que outros fatores possam explicar a ausência desse efeito hipoglicemiante, dentre eles o período de tratamento
insuficiente para obtenção do resultado esperado, além do fato do extrato alcoólico de B. forficata ser benéfico para tratamento do diabetes
humano tipo 2. Mais estudos farmacológicos e químicos deveriam ser realizados, para evidenciar o mecanismo responsável pelo efeito
hipoglicêmico obtido popularmente.
Palavras-chave: Diabetes mellitus, bauhinia forficata, pata-de-vaca, planta medicinal, streptozotocin, rato.
Endereço para correspondência: Profa. Dra. Débora Cristina Damasceno, Disciplina de Embriologia Humana, Faculdade de Medicina de Marília
(FAMEMA), Av. Monte Carmelo, 800 – 17519-030 Marília SP, E-mail: decaito@bol.com.br
436 Damasceno DC et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 435~439
Abstract
Objective: To investigate if the alcoholic extract of the Bauhinia forficata (Paw-of-cow) leaves, widely purchased in drugstores, really present
hypoglycemic effect in rat. Material and methods: Diabetes was induced in Wistar rats using streptozotocin (40 mg/kg). Animals were randomly
divided in 3 groups: diabetic-control given orally (gavage) using distilled water (C, n = 8); diabetics treated with the alcoholic extract of the
plant in the dose of 6.3mL/kg (DT1, n = 9) and 12.6 mL/kg of corporal weight (DT2, n=8).
Results and conclusion: In the tested doses, the alcoholic B. forficata extract did not reduce the hyperfagia, polyuria and hyperglycemia, but it
reduced the polydipsia. The absence of extract effect could be attributed to the doubtful quality of the botanical material and due to unprovided
quality control of the products purchased in manipulation drugstore, which are usually demanded for the pharmaceutical products. It is suggested
that other factors may explain the absence of hypoglycemic effect, such as period of insufficient treatment to obtain of the expected result and
the fact of to be useful in the treatment of the human type 2 diabetes. Further pharmacological and chemical studies should be accomplished to
evidence the responsible mechanism by the hypoglycemic effect popularly obtained.
Key-words: Diabetes mellitus, bauhinia forficata, paw-of-cow, medicinal plant, streptozotocin, rat.
O uso de plantas para o tratamento do diabetes tem que acarreta como conseqüência o aparecimento do
sido largamente relatado pela medicina popular, mas estado diabético, característico ao diabetes tipo 1 [21].
alguns de seus efeitos benéficos não têm sido Outra hipótese seria que o período de tratamento (13
confirmados em animais de laboratório. No modelo dias), tenha sido insuficiente para causar alterações
experimental desenvolvido, as 2 doses do extrato metabólicas importantes ou para amenizar as
alcoólico de B. forficata, obtido comercialmente, não complicações ocasionadas pelo estado diabético.
apresentaram efeito hipoglicemiante. O tratamento com A validade das propriedades farmacológicas dos
o extrato da planta não controlou a fome e a micção extratos vegetais, depende estritamente das informações
excessivas dos animais. Apesar dos animais tratados com detalhadas e precisas sobre o material botânico
a maior dose, apresentarem diminuição no consumo de (identificação da espécie, lugar e época de coleta,
água, após o 8o dia de tratamento. A avaliação ponderal armazenamento e outros fatores). Estas informações,
dos ratos, foi utilizada como parâmetro indireto para geralmente, são omitidas no caso de material botânico
avaliação da toxicidade do extrato. Os ratos, comercializado, tornando os produtos desprovidos de
independente do tratamento, não apresentaram perda de controle de qualidade, normalmente exigido para os
peso corpóreo, sugerindo que o extrato não ocasionou produtos farmacêuticos [22].
toxicidade. Esses resultados negativos corroboram com O segundo aspecto refere-se à forma de preparação
os obtidos por nossa equipe, quando o extrato aquoso dos extratos. Inúmeros fatores físico-químicos, como
das folhas de Bauhinia forficata foi testado em ratas solubilidade, tipo de solvente, pH do meio, temperatura,
prenhes [12,13,14]. É possível que um dos fatores para luz e outros, podem influenciar muito as propriedades
explicar a ausência do efeito hipoglicêmico neste químicas e farmacológicas dos princípios ativos,
trabalho, esteja relacionado ao fato do extrato alcoólico presentes nos extratos vegetais, causando a perda destes
de B. forficata ser benéfico no tratamento do diabetes princípios [23].
humano tipo 2. Visto que o streptozotocin (STZ) é uma O terceiro aspecto refere-se à quantidade utilizada. A
droga beta (β)-citotóxica, utilizada experimentalmente, falta de efeitos poderia ser, também, devido à baixa
Fig. 1 - Peso corporal (A), glicemia (B), consumo de ração (C) e consumo de água (D) dos animais diabéticos-controle
(DC), diabéticos tratados com extrato alcoólico das folhas de Bauhinia forficata nas doses de 6,3 ml/kg (DT1) e 12,6 ml/
kg de peso corporal (DT2) (* p<0.05).
Damasceno DC et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 435~439 439
concentração dos princípios ativos presentes no extrato 7. Corrêa MP. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Ministério da
comercializado. Agricultura. IBDF 1984:375-378.
8. Almeida ER. Plantas Medicinais Brasileiras, Conhecimentos
Em função de todos os fatores envolvidos, os efeitos Populares e Científicos. São Paulo. Editora Hemus Ltda 1993.
biológicos produzidos por uma mesma espécie vegetal 9. Oliveira F, Saito ML. Alguns vegetais brasileiros empregados
podem ser diferentes, mostrando que somente a no tratamento da diabetes. Rev Bras Farmacogn 1986;1:58-68.
identificação botânica, não é suficiente para garantir a 10. Juliane C. Ação hipoglicemiante de unha-de-vaca. Rev Med
atividade medicinal de uma planta. A indicação do uso Pharm Chim Phys 1929;2:165-9.
11. Russo EMK, Reichelt AAJ, De-Sá JR. Clinical trial of Myrcia
de plantas medicinais para o tratamento do diabetes ou uniflora and Bauhinia forficata leaf extracts in normal and diabetic
outras patologias, não é para substituir produtos sintéticos patients. Braz J Med Biol Res 1990;23:11-20.
já registrados e comercializados. Seria um caminho para 12. Volpato GT, Damasceno DC, Calderon IMP, Rudge MVC. Estudo
aumentar a opção terapêutica, a fim de oferecer do extrato de Bauhinia forficata L. sobre o diabete em ratas
medicamentos equivalentes, talvez mais acessíveis, prenhes. Rev Bras Pl Med 1999;2:49-55.
13. Volpato GT. Repercussões maternas, reprodutivas e perinatais
visando ampliar sua ação, sempre obedecendo os do tratamento com o extrato aquoso de folhas de Bauhinia
preceitos éticos, que regem o emprego de substâncias forficata (pata-de-vaca) na prenhez de ratas não-diabéticas e
químicas na espécie humana [2]. diabéticas (Dissertação - Mestrado em Obstetrícia). Botucatu:
Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista – Unesp
Conclusão 2001:85.
14. Damasceno DC. Tratamento de ratas diabéticas prenhes com
extrato aquoso de Bauhinia forficata (pata-de-vaca):
O extrato alcoólico das folhas de B. forficata, obtido Repercussões materno-fetais (Tese – Doutorado em Obstetrícia).
comercialmente em farmácia de produtos naturais, não Botucatu: Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista
apresentou efeito hipoglicemiante nos ratos com diabetes – Unesp 2000:97.
induzido por streptozotocin, nas doses testadas. Porém 15. Calderon IMP. Modelo experimental em ratas para estudo do
binômio diabetes e gravidez. (Dissertação - Mestrado em Bases
diminuiu o consumo de água, sugerindo que a planta Gerais da Cirurgia Experimental). Botucatu: Faculdade de
talvez possa reduzir a sede excessiva. Portanto, é possível Medicina, Universidade Estadual Paulista – Unesp 1988:124.
que alguns tratamentos tradicionais para diabetes, possam 16. Damasceno DC, Volpato GT, Calderon IMP, Rudge MVC.
criar uma sensação de bem-estar sem, necessariamente, Oxidative stress and diabetes in pregnant rats. Anim Reprod Sci
reduzir a hiperglicemia. Sugere-se que diversos fatores 2002:235-44.
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possam explicar a ausência do efeito hipoglicemiante, Toxicologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan 1996:89-94.
dentre eles o período de tratamento insuficiente para 18. Berquó ES, Souza JMP, Gotlick SLD. Bioestatística. São Paulo:
obtenção do resultado esperado e o fato do extrato Editora Pedagógica Universitária 1981.
alcoólico de B. forficata ser benéfico no tratamento do 19. Krall PL. Manual do Diabete de Jolin. São Paulo. Livraria Roca
diabetes mellitus humano tipo 2. Mais estudos 1983:2-108.
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farmacológicos e químicos devem ser realizados, para conceitos e condutas para o Diabetes mellitus. São Paulo:
evidenciar o mecanismo responsável pelo efeito Sociedade Brasileira de Diabetes 1995:2079-101.
hipoglicemiante obtido popularmente. 21. Pitkin RM, Van Orden DE. Fetal effects of maternal
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440 Kawamura JY et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 440~444
Diabetes
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
REVISÃO
*Aluna de Mestrado da Área de Patologia Bucal da FOUSP, ** Professora Associada da Disciplina de Patologia Bucal da FOUSP
e Coordenadora do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da FOUSP (CAPE)
Resumo
A doença periodontal (DP) é considerada uma das complicações do diabetes mellitus. Sendo assim, diversos fatores relacionados ao diabetes
podem influenciar a progressão e agressividade da doença periodontal, tais como: tipo de diabetes, idade, duração do diabetes, controle
metabólico, microbiota periodontal, alterações vasculares, alteração no metabolismo do colágeno, relação com HLA e resposta inflamatória. A
proposta deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura a fim de mostrar a influência e importância do diabetes como fator modificador de
doença periodontal. Concluímos que a doença periodontal no paciente diabético é modificada pela idade, duração, controle metabólico, alterações
vasculares, alteração no metabolismo do colágeno e resposta inflamatória, sendo que o tipo de diabetes, HLA e microbiota periodontal não
parecem ter influencia significativa.
Abstract
Periodontal disease (PD) is considered one of the diabetes mellitus (DM) complications. So, many factors relationed to DM can influence the
progression and severity of PD, such as: type of diabetes, patient’s age, duration of diabetes, metabolic control, periodontal pathogens, vascular
changes, alteration in collagen metabolism, relation with HLA and inflammatory response. The purpose of this review was to show the
influence and importance of diabetes as modified factor of PD. We concluded that PD in diabetic patient is modified by patient’s age, duration
of diabetes, metabolic control, vascular changes, alteration in collagen metabolism and inflammatory response. However, type of diabetes,
HLA and periodontal pathogens do not have significative influence.
Endereço para correspondência: Juliana Yuri Kawamura, Rua Domingos Ricci, 18 apto 22, 09550-080 São Caetano do Sul SP, Tel: (11) 42212306.
Kawamura JY et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 440~444 441
periodontais do que aqueles com diabetes há menos de diabéticos. O grande problema é que a colagenase
10 anos, indicando que a duração da doença é um fator degrada a elastina e o colágeno teciduais e, portanto, leva
importante no desenvolvimento de DP [5,11,22,23,24]. o periodonto à destruição [37].
Outro fator importante é o acúmulo de AGEs
(produtos finais da glicolização avançada), que são Alterações vasculares
compostos derivados da glicose, formados em quadros
de hiperglicemia crônica, que se acumulam nos tecidos De acordo com vários autores, alterações capilares
e plasma de diabéticos, e parece afetar a migração e em arteríolas e vênulas são notadas no tecido gengival
atividade fagocitária de células mono e inflamado de pacientes diabéticos. Aumento na espessura
polimorfonucleares, resultando em estabelecimento de da membrana basal em até 4 vezes, fendas na membrana
maior quantidade de microbiota subgengival patogênica basal, inchaço do endotélio, lúmen vascular obliterado,
[12]. pobre diferenciação entre as membranas elásticas interna
e externa são alterações comumente relatadas. O grande
Controle metabólico problema é que estas alterações impedem a difusão de
oxigênio e eliminação de resíduos metabólicos,
Indivíduos inadequadamente controlados, apresentam resultando em desequilíbrio fisiológico e aumento na
maior perda de inserção e de osso alveolar do que agressividade da doença periodontal
indivíduos com diabetes bem controlado [11,25,26,28], [20,43,38,39,40,41,42].
tendo sido relatado suscetibilidade 4 vezes maior de
indivíduos diabéticos em desenvolver doença periodontal Associação com HLA
progressiva, quando comparados com indivíduos não
diabéticos [29]. Sendo assim, o estado de saúde A função do HLA, antígenos leucocitários humanos,
periodontal parece estar relacionado com o bom controle é formar complexos com peptídeos, para que os
metabólico do diabetes, indicando melhor resistência do receptores de antígenos de linfócitos T possam
tecido conjuntivo periodontal e osso alveolar, reduzindo reconhecê-los e desencadear uma resposta imunológica.
a incidência e severidade da DP [30]. Além disso, Cada indivíduo herda múltiplos genes que codificam para
pacientes com diabetes mal controlado têm níveis de proteínas HLA. Desta forma, indivíduos exibem
células plasmocitárias elevados, decréscimo na densidade diferenças na sua capacidade de resistir a doenças
de fibras colágenas, células endoteliais edemaciadas e infecciosas. Além dos alelos HLA desempenharem
proliferadas, ou seja, alterações celulares e de tecido algum papel na suscetibilidade do indivíduo a doenças
conjuntivo indicativas de catabolismo aumentado em infecciosas, como por exemplo a doença periodontal,
relação ao anabolismo [31]. vários distúrbios imunológicos, como o diabetes mellitus
do tipo 1, ocorrem com freqüência significativamente
Microbiota periodontal maior entre pessoas que possuem alelos HLA
particulares, do que em indivíduos que não exibem estes
Analisando os trabalhos que estudaram a microbiota alelos [44]. Todavia, estudos que examinaram a
periodontal em pacientes diabéticos, observa-se que não efetividade da resposta imunológica frente a
há um consenso entre os autores no que diz respeito a periodontopatógenos em pacientes diabéticos tipo 1, de
prevalência de periodontopatógenos nestes indivíduos, acordo com os alelos HLA presentes, não encontraram
demonstrando que a microbiota não é específica nos relação da baixa efetividade da resposta imunológica com
diabéticos. Os periodontopatógenos encontrados em cada o tipo de HLA presente [45,46].
pesquisa são muitas vezes distintos e não diferentes dos
encontrados em DP de pacientes não diabéticos [5,32,33]. Resposta inflamatória
taxa de fagocitose de macrófagos [6,7], aumento nos Localized agressive periodontitis in a patient with type 1 diabetes
níveis de IgG e IgA [13]. mellitus: a case report. J Periodontol 2001;72(9):1265-1270.
14. Firatli E. The relationship between clinical periodontal status an
Quando se analisa os níveis de mediadores pró- insulin-dependent diabetes mellitus. Result after 5 years. J
inflamatórios no fluido crevicular gengival (FCG) e Periodontol 1997;68(2):136-137.
secreção de monócitos, observa-se que os pacientes 15. Novaes ABJr, Silva MAP, Batista ELJr, Anjos BA, Pereira LA.
diabéticos apresentam uma resposta inflamatória Manifestations of Insulin-Dependent Diabetes Mellitus in the
exacerbada, quando comparados com pacientes não Periodontium of Young Brazilian Patients. A 10-Year Follow-
Up Study. J Periodontol 1994;68(4):328-329.
diabéticos, uma vez que estes indivíduos reagem com 16. Bacic M, Plancac D, Granic M. Cpitn assessment of periodontal
um alto grau de inflamação, para uma carga bacteriana disease in diabetic patients. J Periodontol 1988;59(12):816-822.
equivalente à encontrada em indivíduos não diabéticos 17. Soskolne WA. Epidemiological and clinical aspects of
[10]. periodontal diseases in diabetics. Ann Periodontol 1998;3(1):3-
12.
18. Alpagot T, Silverman S, Lundergan W, Bell C, Chambers DW.
Conclusão Crevicular fluid elastase levels in relation to periodontitis and
metabolic control of diabetes. J Periodontol Res 2001;36(6):169-
Frente a análise dos diversos trabalhos que relacionam 174.
o diabetes mellitus com a doença periodontal, podemos 19. Carboni AMG. Estudo comparativo das manifestações bucais
concluir que fatores como idade, duração, controle entre os pacientes diabéticos tipo 1 e os pacientes diabéticos tipo
2. 2001. 114 f. Tese (Mestrado em Patologia Bucal) – Faculdade
metabólico, alterações no metabolismo do colágeno, de Odontologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
alterações vasculares e a resposta inflamatória, 20. Yalda B, Offenbacher S, Collins JC. Diabetes as a modifier of
modificam o curso da doença periodontal nestes periodontal disease expression. Periodontology 2000,
pacientes. Já o tipo de diabetes, tipo de HLA e a 1994;6(10):37-49.
microbiota periodontal parecem não ter uma influência 21. Belting CM, Hiniker JJ, Dummett CO. Influence of diabetes
mellitus on the severity of periodontal disease. J Periodontol
significativa. 1964;35(11/12):476-480.
22. Glavind L, Lund B, Löe H. The relationship between periodontal
Referências state and diabetes duration, insulin dosage, and retinal changes.
J Periodontol 1968;39(6):341-347.
1. Taylor GW, Burt BA, Becker MP, Genco RJ, Shlossman M. 23. Hugoson A, Thortensson H, Falk H, Kuylenstierna J. Periodontal
Glycemic control and alveolar bone loss progression in type 2 conditions in insulin-dependent diabetics. J Clin Periodontol
diabetes. Ann Periodontol 1998; 3(1):30-39. 1989;16(4):215-223.
2. Rossi NJ, Rossi RC, Rossi RJr, Pugliesi NS. Manifestações bucais 24. Thortensson H, Hugoson A. Periodontal disease experience in
e atendimento odontológico ao paciente portador de diabetes adult long-duration insulin-dependent diabetics. J Clin
mellitus. Atualização Odontológica Brasileira 1985;2:1-4. Periodontol 1993;20(5):352-358.
3. Sonys Fazio & Fang. Avaliação e Tratamento do Paciente com 25. Tervonen T, Knuuttila M. Relation of diabetes control to
Endocrinopatia. Diabete Melito. Medicina Oral 1989;2:110-23. periodontal pocketing and alveolar bone level. Oral Surg Oral
4. Günhan M, Günhan Ö, Celasum B, Azal Ö, Bostanci H. Gingival Med Oral Pathol 1986;61(4):346-349.
Langerhans’ Cells in Type 1 Diabetes Mellitus. J Periodontol 26. Safkan-Seppällä B, Ainamo J. Periodontal conditions in insulin
1996;67(1):37-9. dependent diabetes mellitus. J Clin Periodontol 1992;19(1):24-
5. Nishimura F, Takahashi K, Kurihara M, Takashiba S, Murayama 29.
Y. Periodontal disease as a complication of diabetes mellitus. 27. Winter WE. Type I insulin-dependent diabetes mellitus: a model
Ann Periodontol 1998;3(1):20-29. for autoimmune polygenic disorders. Adv Dent Res
6. Inoue H, Shinohara M, Ohura K. The effect of leucocyte function 1996;10(1):81-87.
of streptozotocin- induced diabetes in naturally occuring gingivitis 28. Tervonen T, Karjalainen K, Knuuttila M, Huumonen S. Alveolar
rat. J Osaka Dent Univ 1997;31(12):47-54. bone loss in type 1 diabetic subjects. J Clin Periodontol
7. Iacopino AM. Diabetic periodontitis: possible lipid-induced 2000;27(8):567-571.
defect in tissue repair through alteration of macrophage phenotype 29. Galea H, Aganovic I, Aganovic M. The dental caries and
and function. Oral Dis 1995;1(4): 214-29. periodontal disease experience of patients with early-onset insulin
8. Löe H. The sixth complication of DM. Diabetes Care dependent diabetes. Int Dent J 1986;36(4):219.
1993;16(1):329-34. 30. Gensini GF, Modesti PA, Lopponi A, Collela A, Costagli G,
9. Stein SH, Hart TE, Hoffman WH, Hendrix CL, Gustke CJ, Monini M. Diabetic disease and periodontal disease. Diabetes
Watson SC. Interleukin-10 promotes anti-collagen antibody and periodontopathy. Minerva Stomatol 1992;41(9):391-399.
production in type 1 diabetic peripheral B lymphocytes. J 31. Seppällä B, Sorsa T, Ainamo J. Morphometric analysis of cellular
Periodont Res 1997;32(1):189-95. and vascular changes in gingival connective tissue in long-term
10. Salvi GE, Beck JD, Offenbacher S. PGE2, IL-1ß, and TNF- insulin-dependent diabetes. J Periodontol 1997;68(12):1237-
responses in diabetics as modifiers of periodontal disease 1245.
expression. Ann Periodontol 1998;3(1): 40-50. 32. Mandell RL, Dirienzo J, Kent R, Joshipura K, Haber J.
11. Oliver RC, Tervonen T. Diabetes – A risk factor for periodontitis Microbiology of healthy and diseased periodontal sites in poorly
in adults?. J Periodontol 1994;65(5):530-538. controlled insulin-dependent diabetics. J Periodontol
12. Grossi SG, Genco RJ. Periodontol disease and diabetes mellitus: 1992;63(4):274-279.
a two-way relationship. Ann Periodontol 1998;3(1):51-61. 33. Tervonen T, Oliver RC, Wolff LF, Bereuter J, Anderson LA,
13. Emingil G, Darcan S, Keskinoglu A, Kütükçüler N, Atilla G. Aeppli DM. Prevalence of periodontal pathogens with varying
metabolic control of diabetes mellitus. J Clin Periodontol
444 Kawamura JY et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 440~444
Clínica
Jornal Multidisciplinar do Diabetes
e das Patologias Associadas
ESTUDO DE CASO
Terapeuta ocupacional, mestre em educação especial, pesquisadora na Universidade Federal de São Carlos, SP - Trabalho apresentado no 7o Congresso
Brasileiro Multiprofissional em Diabetes Mellitus, julho de 2002, São Paulo - SP
Resumo
O presente estudo teve por objetivo, elaborar e aplicar um programa de ensino em duas mães e crianças diabéticas, que apresentaram carência
e/ou ausência de informações, a respeito do quadro clínico do diabetes mellitus, como fator prejudicial ao bom controle da moléstia, acarretando
a precipitação das complicações do diabetes. Os resultados do estudo, indicaram que os participantes tiveram seus conhecimentos ampliados,
estando, portanto, conscientizados e aptos a mudarem a conduta adotada até o presente momento no tratamento médico, visando uma melhor
qualidade de vida.
Abstract
This study had the objectives to elaborate and apply an educacional program to two diabetic mothers and kids who had few knowledge about
DM and consequently more chances to develop chronicle complications. The results of this study indicated that the participants had their
knowledge improved, changing their conduct towards the medical treatment, looking for a better quality of life.
Endereço para correspondência: Rua Dona Alexandrina, 1779/62, Centro 13560-290 São Carlos SP, Tel (16) 2705112, E-mail: aclaudiakovacs@uol.com.br
446 Kovacs ACTB / Diabetes Clínica 06 (2002) 445~451
Prevenir para limitar incapacidades pessoas já diagnosticadas como diabéticas e tem como
objetivos: procurar sua remissão quando possível;
O controle do diabetes somente é alcançado quando prevenir o aparecimento de complicações agudas e
há mudanças de comportamento e estilo de vida. Assim crônicas; retardar a progressão da doença [12].
sendo, o diabético precisa conhecer a doença e Quando o defeito e a invalidez se tiverem fixado, pode-
desenvolver habilidades necessárias no seu dia a dia, além se implantar a prevenção terciária através da reabilitação,
do seu compromisso pessoal, na realização dos seus auto- que tem por objetivo prevenir a incapacidade total,
cuidados adequados, que podem ser conseguidos através recolocando o indivíduo afetado em uma posição útil na
de programas educacionais. sociedade, com a máxima utilização de sua capacidade
O diabetes é, hoje em dia, um problema de saúde restante [6]. A prevenção terciária tem como objetivo
pública de grande importância, que exige a máxima prevenir as complicações crônicas do diabetes [7].
atenção para o estabelecimento de programas de Tendo em vista o papel fundamental que o portador
prevenção e controle. Para tanto, os conhecimentos de diabetes exerce sobre o controle da moléstia, a
atualizados a respeito dos aspectos genéticos, proposta de educação do diabético já havia sido alertada
fisiopatológicos e fatores ambientais, dirigem a uma em 1980, pois é de extrema importância que o paciente
intervenção preventiva [7]. entenda os princípios do tratamento para, assim, aplicá-
O diabetes mellitus vem sendo reconhecido los dia a dia, uma vez que o tratamento permanece em
como sério problema de saúde em quase todos os países, grande parte nas mãos do paciente, sendo que, em
uma vez que: é uma patologia que necessita de controle condições de igualdade, viverão mais aqueles que
metabólico por toda a vida; está freqüentemente conhecerem melhor sua doença, praticando os cuidados
associado ao surgimento de complicações agudas e necessários exigidos por ela [1].
crônicas, especialmente quando não é realizado Ao referir-se à criança diabética, os pais ou pessoas
tratamento adequado; tem elevada prevalência e atinge responsáveis por ela devem receber as instruções dos
todas as faixas etárias; modifica a qualidade e expectativa cuidados necessários, pois o futuro do diabetes tipo 1
de vida; pode levar a incapacidade física permanente por depende, em grande parte, de orientação e educação dos
amputação de membros inferiores e cegueira; é causa pais e da criança quanto à sua moléstia [1]. Desta forma,
freqüente de mortes prematuras em decorrência de “não é possível dissociar o controle adequado do
insuficiência renal, doenças cardio e cérebro-vasculares, diabetes mellitus da conscientização e educação dos
etc; afeta o sistema nervoso, causando neuropatias portadores da doença” [5].
periférica e autonômica; o diabetes gestacional é De modo a prevenir condições incapacitantes, que
responsável por alta morbidade e mortalidade materno- poderão levar à exclusão escolar e social, o objetivo mais
fetal [8,13]. importante da educação do diabético é o de faze-lo mudar
O quadro clínico do diabetes é considerado um dos a atitude internamente, tornando-o ativo no controle da
mais importantes problemas mundiais de saúde da doença [1]. Tal educação faz-se necessária, pois o
atualidade, em virtude do número de pessoas afetadas, controle do diabetes será prejudicado se o paciente não
pela incapacitação, mortalidade prematura, bem como for instruído sobre os princípios em que é fundamentado
dos custos elevados no seu controle e tratamento de suas o tratamento [2]. Assim sendo, “não basta apenas dar
complicações [12]. O diabetes mellitus vem assumindo comprimidos ou injetar insulina nos pacientes. É também
proporções bastante preocupantes, em função do número preciso educar o doente” [4]. Por meio dessa educação,
de pacientes, bem como da freqüência de complicações os diabéticos tornam-se livres e autônomos, uma vez que
graves que acometem tal população, quando o quadro conseguem administrar bem sua doença e, assim, essa
clínico não é tratado adequadamente [10]. educação consegue integrá-los na sociedade em que
Para tanto, são propostos alguns níveis de atenção em vivem, uma vez que a mesma constitui um dos pilares
saúde, a fim de reverter tal quadro, são eles: prevenção do tratamento do diabetes mellitus [3].
primária, secundária e terciária. A prevenção primária Certamente o diabetes requer do seu portador
detecta e atua sobre fatores ambientais, sócio-econômicos conhecimento e empenho pessoal para seu controle. O
e de suscetibilidade genética, estratégia destinada a diabético precisa entender os mecanismos da doença, as
pessoas que apresentam um maior risco à suscetibilidade condições que alteram a glicemia, as orientações
para o desenvolvimento do diabetes mellitus [7]. dietéticas, o perfil das ações terapêuticas das várias
Prevenção secundária, significa diagnóstico e insulinas, para que, assim, possa estar seguro e assumir
tratamento precoce, cuja principal finalidade consiste em o controle da doença. Com isso, a educação ao paciente
evitar recidivas em pacientes com episódios de remissões diabético torna-se vital para o controle da doença, pois é
e o avanço das enfermidades em pessoas que estão por meio de um processo contínuo e dinâmico que o
afetadas irreversivelmente [7]. Este nível de prevenção, diabético incorpora tais conhecimentos necessários à sua
constitui-se de um conjunto de medidas destinadas a sobrevivência. A educação ao diabético não se limita à
Kovacs ACTB / Diabetes Clínica 06 (2002) 445~451 447
leitura de cartilhas educativas, mas necessita do seu básicos de cada temática, conteúdos importantes no
empenho em aprender cada vez mais e, principalmente, tratamento diário do diabetes (anexo 1);
colocar em prática os conhecimentos adquiridos. - Gravação dos encontros em fitas magnéticas;
Por ser o diabetes uma doença crônica que - Elaboração de um programa de ensino (anexo 2)
acompanha o indivíduo por toda vida, é importante para o diabético e seu cuidador. Foram programados 7
ressaltar que a força de vontade, motivação pessoal e encontros (6 temáticos e 1 de revisão geral), com duração
disciplina são requisitos fundamentais para seu controle. média de 60 min, organizados semanalmente para as
A disposição do paciente e sua anuência ao tratamento díades mãe-filho, em grupo.
são mecanismos essenciais para se obter controle e
evitar complicações agudas. Tal processo é alcançado O programa de ensino foi planejado sob a forma de
por meio de ações educativas, que objetivam encontros-temáticos, contendo cada tema objetivos de
responsabilizar o paciente e sua família pelo tratamento, ensino específicos, extraídos dos dados obtidos de um
proporcionando-lhes espaço de aprendizagem sobre a estudo anterior, que salientaram a ausência ou
doença e seu controle. O trabalho educacional também insuficiência de informações a respeito do diabetes,
é fundamental para se atender às dificuldades de situação que pode comprometer o desenvolvimento
aceitação da doença e do tratamento, a fim de favorecer futuro. Essas informações correspondem à caracterização
a auto-aceitação e estimular a independência, para se da patologia, ao diagnóstico, ao prognóstico, ao
alcançar um controle metabólico adequado e, tratamento, formas de prevenção das complicações
consequentemente, uma melhor qualidade de vida ao agudas e crônicas e cuidados gerais sobre o diabetes.
diabético e sua família.
A partir dessas reflexões e de um estudo Aplicação do pós-teste
anterior, que apontou carência e insuficiência de
informações de portadores de diabetes e seus familiares, - Follow-up: Dois meses após o término da aplicação
prejudicando o bom controle da patologia, essa pesquisa do programa de ensino, foram reaplicados os pré-testes
proporcionou um espaço de esclarecimento dos de cada encontro, visando analisar a assimilação dos
principais aspectos do tratamento do diabetes mellitus, conteúdos abordados. Tais dados foram submetidos à
a fim de propiciar melhor qualidade de vida e melhor análise qualitativa, e a aplicação do follow-up ocorreu
prognóstico aos diabéticos. na casa dos participantes.
Procedimento para a coleta dos dados Unidade 2 - tratamento do diabetes parte 1: insulina
A coleta dos dados foi realizada da seguinte forma: O quadro I, apresenta as respostas dos participantes
- Aplicação dos pré-testes: os participantes da relacionadas aos fatores responsáveis pela necessidade de
pesquisa foram questionados a respeito de conteúdos aumento da dosagem de insulina no tratamento médico.
448 Kovacs ACTB / Diabetes Clínica 06 (2002) 445~451
Quadro III - Exercícios físicos indicados ao diabético. As respostas dos participantes foram:
a Mãe 1 forneceu a mesma resposta nos
Questão 2: Quais exercícios físicos são indicados/permitidos para o diabético? dois primeiros momentos: “não comer
Respondentes Pré-teste Pós-teste Follow up
doce e não exagerar no exercício”,
acrescentando no follow-up
Mãe 1 Mencionou Mencionou Mencionou
1 tipo 1 tipo 1 tipo
informações como: “fazer os exercícios
até as horas que precisar, não fazer a
Criança 1 Não soube Mencionou Mencionou
2 tipos 4 tipos mais, nem a menos e controlar a
alimentação”. A Cr 1 acrescentou
Mãe 2 Mencionou Mencionou Mencionou
3 tipos 3 tipos 4 tipos dados à sua resposta no pós-teste
dizendo: “saber o que come e fazer
Criança 2 Mencionou Mencionou Mencionou
1 tipo 5 tipos 4 tipos pouco exercício, só o de costume”,
completando-a no follow-up: “na
escola, os professores, funcionários e
colegas tem que estar sabendo que sou
mencionou apenas 1 no pré-teste e, também, no pós-teste. diabética, não deixar de tomar os lanches na hora certa,
Mas neste último, acrescentou informações quanto ao participar de todas as atividades recreativas, esportivas
ritmo do exercício: “correr, começar com calma e parar e escolares com moderação”.
devagar”. No follow—up, ela recordou-se de apenas um A Mãe 2 citou dois cuidados no pré-teste e 3 no
tipo: “correr”. Já a Cr 1, inicialmente não soube pós, que são: “não se machucar nas brincadeiras, não
responder à questão, mencionando posteriormente (pós- comer doce, não exceder nos exercícios”, recordando-
teste) 2 tipos: “... andar e nadar”. No follow-up, ela se, no entanto, no follow-up apenas: “deixar a
respondeu: “andar, pedalar, nadar, jogar basquete”. professora e mais pessoas avisadas que é diabético,
A Mãe 2 mencionou 3 tipos nos dois momentos, não exceder nos exercícios”. A Cr 2, por sua vez,
alterando um no pós-teste: “caminhada, natação e manteve a mesma resposta nos dois primeiros
aeróbica”. No follow-up, ela recordou-se de 4, que momentos dizendo: “não se machucar, não fazer muita
constituem-se em: “caminhada, andar de bicicleta, atividade física, não se alimentar incorretamente”,
declarando no follow-up: “não
cair, não se machucar, se
Quadro IV - Cuidados com o diabetes no ambiente escolar. alimentar, avisar colegas”.
Questão 1: Quais os cuidados que devem ser tomados na escola? Conclusões
Respondentes Pré-teste Pós-teste Follow up
O presente estudo tentou
Mãe 1 Mencionou Mencionou Mencionou esclarecer, por meio de
2 cuidados 2 cuidados 3 cuidados palestras referentes às
Criança 1 Mencionou Mencionou Mencionou temáticas que envolvem o
1 cuidado 2 cuidados 3 cuidados diabetes mellitus, que as
Mãe 2 Mencionou Mencionou Mencionou seqüelas decorrentes do mal
2 cuidados 3 cuidados 2 cuidados controle da patologia podem
Criança 2 Mencionou Mencionou Mencionou acarretar danos de várias
3 cuidados 3 cuidados 4 cuidados ordens à vida do diabético.
450 Kovacs ACTB / Diabetes Clínica 06 (2002) 445~451
Oferecer educação à diabéticos e seus cuidadores 8. Guia de Vigilância Epidemiológica. Diabetes. Diabetes Mellitus.
propiciou, também, que se formassem multiplicadores <http://www.fns.gov.br/pub/GVE/GVE0505A.htm> Acesso em
21 out 2000.
do conhecimento adquirido, já que eles possuem contato 9. Sociedade brasileira de diabetes. Diabetes. Proposta básica para
com outros diabéticos ou familiares dos mesmos, a assistência ao diabético no município. <http://
generalizando, assim, o conteúdo aprendido, uma vez www.diabetes.org.br/Diabetes/cart miolo.htm> Acesso em 16 out
que tal programa não pôde atender e beneficiar uma 2000.
parcela maior da população, que também sofre pela falta 10. Sociedade brasileira de diabetes. Diabetes. Detecção e tratamento
das complicações crônicas do Diabetes mellitus. <http://
ou insuficiência de informações a respeito do quadro www.diabetes.org.br/Diabetes/compcron.html> Acesso em 16
clínico do diabetes mellitus. out 2000.
Analisando os resultados deste estudo, notamos que, 11. Sociedade brasileira de diabetes. Diabetes. Educação é a melhor
em cada palestra, pelo menos um membro de cada díade arma terapêutica. <http://www.diabetes.org.br/publicacoes/j23/
atingiu as expectativas estimadas, demonstrando j23mat5.html> Acesso em 16 out 2000.
12. Associação Nacional de Assistência ao Diabético. Diabetes.
aquisição de conhecimentos necessários para a Consenso Brasileiro de Conceitos e Condutas para o Diabetes
conscientização de se realizar um tratamento médico Mellitus. <http://www.netcomp.com.br/anad/consenso.htm>
adequado. Acesso em 18 out 2000.
Conhecendo as formas de prevenir o aparecimento 13. Declaração das Américas sobre Diabetes. Diabetes. Preâmbulo
das complicações crônicas, o diabético e seus familiares, <http://www.nib.unicamp/saca-brasil/declaracao.htm> Acesso
em 21 out 2000.
poderão evitar situações perigosas e/ou danosas
causadoras de seqüelas, às vezes irreversíveis, que
colocarão o portador em condições de risco. Tais
ANEXO 1
condições, por sua vez, poderão acarretar outros como:
limitação, isolamento e afastamento das atividades Programa de Ensino
normais, como por exemplo ir à escola, trabalhar, passear O planejamento de ensino abordou os seguintes temas:
e praticar esportes. UNIDADE 1
Portanto, há necessidade das pessoas entenderem que ASPECTOS GERAIS DO DIABETES: Definições; Tipos de
a saúde deve ser uma prioridade e que o portador da diabetes; Tipo I: sinais e sintomas, fatores de risco, causas, estágios
doença, especialmente o doente crônico, pode interferir de desenvolvimento da doença, formas de diagnóstico, prevalência,
no seu próprio futuro, mudando o curso natural da etc.
doença, controlando-a e prevenindo as complicações UNIDADE 2
crônicas, o que só será possível se a essas pessoas TRATAMENTO DO DIABETES PARTE I: INSULINA: Definição;
(doentes crônicos), forem oferecidos programas de Função; Fatores que aumentam e diminuem a necessidade de insulina;
prevenção primária, que detectam novos casos e Locais e técnicas de aplicação; formas de armazenamento; Doses e
promovam a saúde; de prevenção secundária, que horários recomendados.
previnam o aparecimento de seqüelas, limitando uma UNIDADE 3
possível invalidez; e de prevenção terciária, que reabilite TRATAMENTO DO DIABETES PARTE II: DIETA: Papel da
a pessoa portadora de uma doença crônica. alimentação no controle do diabetes; Grupos alimentares essenciais;
Possíveis combinações alimentares.
Agradecimentos UNIDADE 4
À CAPES que financiou esta pesquisa por 24 meses. TRATAMENTO DO DIABETESPARTE III: ATIVIDADE FÍSICA:
Função da atividade física no controle do diabetes; Benefícios da
Referências prática regular de exercícios físicos; Cuidados que devem ser tomados
pelos diabéticos; Quantidade e horários apropriados para a aplicação
1. Anjos MN. Diabetes da criança ao adulto. 2. ed., Rio de Janeiro: da insulina;
Cultura Médica, 1980. UNIDADE 5
2. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diabetes 2. ed. rev. COMPLICAÇÕES AGUDAS - HIPOGLICEMIA E
Brasília: CODEG, 1994.
3. Chacra AR. Visão otimista sobre diabetes. Dr. Jornal em revista. HIPERGLICEMIA: Definição; Sinais e sintomas; Fatores
Piracicaba/ São Paulo 2000(18). desencadeantes; Medidas de prevenção; Tratamento.
4. Corrêa LG. Educação é a melhor arma terapêutica. Jornal da COMPLICAÇÕES CRÔNICAS:
Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo 2000(23). Órgãos comumente afetados;Formas de prevenção; Cuidados
5. Garcia RMR. Apresentação. Dr. Jornal em revista. Piracicaba/ especiais com os pés.
São Paulo 2000(18).
6. Leavell HR, Clark EG. Medicina preventiva. São Paulo: UNIDADE 6
McGraw-Hill do Brasil, 1977. CUIDADOS PARA COM O DIABETES NO AMBIENTE
7. Sociedad Andaluza de Medicina de Família e Comunitária. ESCOLAR: A importância do controle adequado (alimentação e
Prevenção Prevención <http://www.cica.es/aliens/samtyc/> atividade física); Prevenção da hipoglicemia; A importância da
Acesso em 16 nov 1999 . socialização; Prevenção e medidas de controle das complicações
Kovacs ACTB / Diabetes Clínica 06 (2002) 445~451 451
ESTUDO DE CASO
**Doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília, Professora Adjunto IV, Supervisora do Estágio em Psicologia da Saúde no curso de Psicologia da
Universidade Federal do Pará, Coordenadora do Projeto Comportamento e Saúde: integração de ensino, pesquisa e extensão em saúde e desenvolvimento
humano, **Aluna concluinte do curso de Formação de Psicólogo, Bolsista do PROINT/UFPA, Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza,
Universidade Federal do Pará
Resumo
Esta pesquisa procurou investigar, por meio de estudo de caso, os efeitos do uso de registros de auto-monitoração no seguimento de regras
nutricionais por uma paciente diabética obesa. Foram realizadas 26 entrevistas, sendo 19 gravadas em ambiente domiciliar e 7 em ambulatório,
com o objetivo de treinar a paciente em auto-monitoração de seu comportamento alimentar. A análise dos resultados foi feita a partir da
identificação de 3 categorias e 7 subcategorias, descritivas do comportamento alimentar da participante, referentes ao seguimento das regras
nutricionais. Observou-se aumento na freqüência de comportamentos de adesão à dieta, estabilidade na glicemia, estabilidade no peso e
instalação de atividade física leve. Os resultados são discutidos, considerando-se os custos e ganhos para a paciente na aderência ao tratamento
e a relevância do treino em auto-monitoração no seguimento de regras nutricionais.
Abstract
This research sought to investigate, by means of case study, the effects of the use of self-monitoring registers on the follow-up of nutritional
rules by an obese diabetic pacient. 26 interviews were carried out, having 19 of which been recorded at the patient’s home and 7 in the hospital,
aiming at the patient’s training on self-monitoring of her eating-wise behavior. The analysis of results was accomplished from the start point of
identification of 3 categories and 7 sub-categories, all descriptive of the participant’s eating-wise behavior, regarding the follow-up of nutritional
rules. It was observed an increase on the frequency of adherence behavior as to the diet, glicemy stabilization, weight stabilization and start-up
of light physical activities. The results are discussed taking into consideration the costs and gains for the patient who binds to the treatment and
the relevance of the training on self-monitoring as to the follow-up of nutritional rules.
Endereço para correspondência: Eleonora Arnaud Pereira Ferreira, BR316, km 2, Condomínio City Park, casa 5 Atalaia 67013-070 Belém Pará, Tel: (91)
235 3902 / 091 9986 8696, E-mail: eleonora@ufpa.br casseb4@yahoo.com.br
Ferreira EAP et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 452~459 453
Universitário Bettina Ferro de Souza, da Universidade aos dias do intervalo entre as entrevistas; a participante
Federal do Pará, na cidade de Belém. deveria marcar com um X as refeições realizadas, segundo
as orientações do serviço de nutrição.
Método
Procedimento
Participante
Foram realizadas 26 entrevistas gravadas em áudio,
Uma paciente do sexo feminino, 67 anos de idade, sendo 7 no ambulatório do hospital e 19 em ambiente
ensino fundamental incompleto, diagnóstico de DM domiciliar. As entrevistas realizadas no hospital tinham
tipo 2 há 10 anos, obesidade classe I, artrose, como objetivo a intervenção clínica, para investigação
proeminência óssea nas vértebras, fazendo uso de anti- de fatores psicológicos que pudessem estar
inflamatório hormonal e hipoglicemiante oral, inscrita influenciando o comportamento alimentar da paciente,
no Programa Multiprofissional de Atenção ao Portador bem como dificuldades em outras áreas de sua vida
de Diabetes do Hospital Universitário Bettina Ferro (social, financeira, afetiva, etc.). As entrevistas em
de Souza e apresentando dificuldades no seguimento ambiente domiciliar foram realizadas em dias alternados
das instruções fornecidas pelo Serviço de Nutrição. durante as fases 2 e 3, semanalmente durante a fase 4,
quinzenalmente no início da fase 5, e mensalmente no
Instrumentos utilizados final desta fase.
Fase 1: Seleção da participante – Nesta fase foi
(a) Roteiro de entrevista: Usado para coleta de dados realizada a entrevista com o Serviço de Nutrição para
sobre as características sócio-demográficas da apresentação dos objetivos do estudo e orientação sobre
paciente, seus conhecimentos em relação ao diabetes o encaminhamento da paciente ao Serviço de
e história de obesidade; Psicologia; análise do prontuário para verificação do
(b) Registro de auto-monitoração semanal da estado clínico; entrevista com a paciente no hospital
alimentação: Usado para verificação da linha de base seguindo o Roteiro de Entrevista e obtenção do
do comportamento alimentar da paciente. Protocolo consentimento informado da paciente para sua
composto por 6 colunas correspondentes a 6 dias de participação no estudo, de acordo com a Resolução 196,
uma semana, nas quais a participante deveria anotar CNS-1996.
os alimentos ingeridos em cada refeição/dia. O Fase 2: Identificação da linha de base de
primeiro registro era feito em parceria com a comportamentos de seguimento de regras pela
pesquisadora durante entrevista realizada no participante – Nesta fase foi verificada a linha de base
ambulatório; de comportamentos alimentares adequados da paciente,
(c) Registro diário da alimentação: Usado para treino por meio do Registro de Auto-monitoração Semanal
de auto-monitoração da alimentação pela participante. da Alimentação; solicitação da descrição das regras
Protocolo contendo colunas correspondentes ao nutricionais pela paciente para verificação do seu
horário da refeição, tipo de alimento e quantidade entendimento sobre as mesmas; instrução sobre o
ingerida, incluindo o registro da ingestão de alimentos preenchimento do Registro Diário da Alimentação e
entre as principais refeições; eram entregues à paciente sua posterior análise.
tantos protocolos quantos fossem os dias Fase 3: Treino de registro de comportamentos de
correspondentes aos intervalos entre as entrevistas; seguimento de regras nutricionais – Nesta fase foi
(d) Registro de planejamento diário da alimentação: realizada a análise do preenchimento do Registro Diário
Usado para planejar previamente a alimentação diária da Alimentação; a comparação do registro com a regra
da paciente. Protocolo contendo colunas para o nutricional; o planejamento das refeições com a
registro do planejamento das refeições do dia seguinte; paciente; a instrução sobre o preenchimento do Registro
coluna para o registro das refeições realizadas de Planejamento Diário da Alimentação.
incluindo a descrição de horário, qualidade e Fase 4: Treino no registro de auto-monitoração com
quantidade do alimento ingerido, e coluna para planejamento – Nesta fase foram realizados
avaliação da correspondência entre o planejado e o planejamentos das refeições diárias; comparação dos
executado, além do contexto em que as refeições registros com a regra nutricional; análise da execução
ocorreram. do planejamento; análise do contexto em que as
(e) Registro simples de manutenção das regras refeições eram realizadas e análise do Registro Diário
nutricionais: Usado para a paciente avaliar se estava da Alimentação, referente ao dia anterior à visita. Ao
seguindo as regras nutricionais e mantendo final desta fase foram fornecidas instruções sobre o
comportamentos alimentares adequados. Protocolo com preenchimento do Registro Simples de Manutenção das
colunas correspondendo às refeições/dia, em número igual Regras Nutricionais.
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Fase 5: Acompanhamento dos registros de auto- Serviço de Nutrição. Estes resultados indicam que na
monitoração com análise funcional dos resultados fase 2, ou de Linha de Base, a paciente descreveu as
alcançados – Nesta fase foi realizada a análise funcional regras nutricionais em discordância com as regras
do comportamento alimentar com a paciente, a partir fornecidas pelo Serviço de Nutrição, o que
do Registro Simples de Manutenção das Regras provavelmente contribuía para a emissão de
Nutricionais até alçar o critério mínimo de 50% das comportamentos alimentares inadequados, caracteri-
refeições diárias, realizadas segundo as regras zando seu comportamento como de não adesão à dieta.
nutricionais. Também era solicitado à paciente que A tabela II apresenta os resultados dos registros
preenchesse o Registro Diário da Alimentação, realizados durante a fase 20 (linha de Base) e a fase 3
referente ao dia anterior à visita para análise da (treino de registro). Foram identificadas três categorias
manutenção da adesão às regras. descritivas do comportamento alimentar da paciente:
Fase 6: Avaliação dos resultados alcançados – Nesta EA: refeições executadas com adesão; EN: refeições
fase foi realizada a entrevista final e análise funcional executadas sem adesão; NE: refeições não executadas.
com a paciente, sobre os resultados positivos obtidos Observa-se que na fase 2, o percentual de refeições
com a manutenção de comportamentos alimentares executadas com adesão (33,4%) foi inferior ao
adequados e com a generalização destes para outros percentual de refeições executadas sem adesão (40%).
comportamentos de adesão ao tratamento, apresentados Considerando-se que refeições não executadas
pela paciente. correspondem à condição de não seguimento das
instruções do tratamento, o índice de não adesão da
Resultados paciente, durante a linha de base, equivale a 66,6% das
refeições realizadas.
A tabela I mostra a comparação entre a descrição De acordo com os registros da paciente, durante a
das regras feita pela paciente e as regras fornecidas pelo linha de base, as refeições onde ocorriam maior adesão
Tabela I - Comparação entre as regras nutricionais fornecidas pela nutrição e a descrição destas pela paciente.
Quadro II - Relatos da paciente referentes ao planejamento e à execução de refeições, atividade física e uso de medicamento.
Relatos da paciente
Planejamento “A minha comida é assim: bem pouquinha; não gosto de me encharcar”...
das refeições “ Não, eu não planejo o que eu vou comer...”
“...É difícil, por que às vezes não tem nem o que comer, como que vai planejar?”
“...eu tenho comprado a comida um dia antes e vejo o que eu vou comer; isso quando dá né...”
“é, quando a gente planeja, as coisas saem direito; assim é com a alimentação”
“Agora esse lanche e essa ceia eu fico trocando; quando eu faço um, não faço outro; já é muita comida.”
Atividade Física “Lá em casa todas nós somos gordas. Eu já pesei 96 quilos”.
”Olha, eu até me sinto mais leve, eu fico menos cansada”.
”Já vou lá na padaria, que é no final da rua; devagar, mas não me sinto mal. Antes eu nem ía!”
”Levo o R. Pro colégio, volto, vou na feirinha comprar o almoço; tudo devagar por causa da coluna”.
Uso de “Eu tenho pavor que o meu diabetes chegue a trezentos e lá vai.... Deus me livre!!”
medicamento ”Eu já pedi, mas a médica disse que não vai mais me dar o remédio porque eu não preciso mais...”
”Eu tenho medo de ficar sem o remédio, mas a doutora disse: ‘a senhora não precisa porque a senhora se cuida’.
Aí eu tô sem o remédio”
adequadas, durante a fase de acompanhamento (fase 5), obteve ganhos para a sua saúde a partir da introdução
apesar de não ter apresentado aumento no fracionamento gradativa das regras, com a análise dos benefícios obtidos
de suas refeições diárias . com a melhora na adesão ao tratamento, de acordo com
No início do estudo, a rotina da paciente não permitia a linha de base que a paciente já apresentava [4,7]. A
o fracionamento das refeições, tal como prescrito pelo paciente aprendeu a reconhecer as contingências que
Serviço de Nutrição, visto que costumava acordar em favoreciam a emissão de comportamentos alimentares
horário próximo do almoço, optando por apenas fazer o inadequados e passou a reformulá-las, planejando
desjejum, suprimindo o lanche 1. Neste sentido, a refeições mais adequadas através de registros de auto-
paciente procurava adequar suas refeições aos horários monitoração.
da sua rotina e a execução de um lanche entre o desjejum O uso de procedimentos de auto-monitoração produz
e o almoço se tornaria mais prejudicial do que não fazê- benefícios, mas não é sinônimo de 100% de adesão, pois
lo, considerando o tempo menor que 3 horas entre as o paciente pode abandonar o tratamento, ou parte dele,
refeições. Entretanto, no final da fase 4, após o treino de em determinadas situações. No entanto, a literatura
registro com uso de análise funcional, a paciente passou mostra que a auto-monitoração favorece a adesão ao
a mudar seus hábitos, começando a executar o lanche 1 tratamento, permitindo que o paciente avalie os ganhos
de forma mais adequada, apresentando maior freqüência obtidos e retorne ao tratamento sempre que haja
na fase 5. Isto corrobora a necessidade de se avaliar as necessidade [1,5].
idiossincrasias de cada paciente para o estabelecimento O planejamento das refeições constitui-se uma parte
do tratamento, a fim de que este não se torne oneroso e importante na aplicação de procedimentos de auto-
dificulte a adesão do paciente, tal como proposto pela monitoração para adesão ao tratamento. Ao utilizar
literatura [1,10]. registros de auto-monitoração, a paciente pôde aprender
Os resultados confirmam a literatura, que destaca a sobre relações funcionais, tornando-se capaz de
importância da auto-monitoração na adesão ao tratamento identificar variáveis que estavam controlando seu
de doenças crônicas, considerando-se que a paciente comportamento de auto-cuidado, aumentando a
Ferreira EAP et al / Diabetes Clínica 06 (2002) 452~459 459
(key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de
de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings –
enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que
anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no não figurem no MeSH, os termos atuais).
disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir
informação dos arquivos, tais como o processador de texto 5. Referências
utilizado e outros programas e sistemas. As referências bibliográficas devem seguir o estilo
Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências
2. Página de apresentação bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos
A primeira página do artigo apresentará as seguintes entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem
informações: no texto, seguindo as seguintes normas:
- Título em português e inglês.
- Nome completo dos autores, com a qualificação curricular Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras
e títulos acadêmicos. iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor
- Local de trabalho dos autores. do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em
- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora,
respectivo endereço, telefone e E-mail. ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e
- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, final, ponto.
para paginação.
- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, Exemplo:
aparelhos, etc.
1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor.
3. Autoria Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.
Todas as pessoas consignadas como autores devem ter 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78.
participado do trabalho o suficiente para assumir a
responsabilidade pública do seu conteúdo. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es),
O crédito como autor se baseará unicamente nas letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto.
contribuições essenciais que são: a) a concepção e Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação
desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de
redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar
de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados
que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of
as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na Journals Indexed in Index Medicus”.
obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a
participação como autor. A supervisão geral do grupo de Exemplo:
pesquisa também não é suficiente. Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression
and localization of urokinase-type plasminogen activator
4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.
Na segunda página deverá conter um resumo (com no
máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 6- Agradecimentos
palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio
O conteúdo do resumo deve conter as seguintes financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou
informações: de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do
- Objetivos do estudo. artigo, antes as referências, em uma secção especial.
- Procedimentos básicos empregados (amostragem,
metodologia, análise). Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:
- Descobertas principais do estudo (dados concretos e
estatísticos). Jean-Louis Peytavin
- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior Atlantica Editora
novidade. Rua Conde Lages, 27 - Glória
Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras- 20241-080 Rio de Janeiro RJ
chave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para Tel: (21) 2221 4164
E-mail: jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
462 Diabetes Clínica 06 (2002)
Calendário de Eventos
FEVEREIRO DE 2003 JUNHO DE 2003
3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy 14 a 17 de junho
Geneva, Switzerland 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association
Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel New Orleans, Louisiana
Tel: 972 3 514 0014 Informações: +1 800 232 3472
E-mail: conventions@kenes.com E-mail: meetings@diabetes.org
www.diabetes.org
MARÇO DE 2003
19 a 22 de março AGOSTO DE 2003
PPARs: From basic science to cclinical appplications 6 a 10 de agosto
Firenze, Italiá 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes
Tel: +39 02 2900 6267 Educators
E-mail: ppars@lorenzinifoundation.org Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah
Tel: (312) 424 2426
www.aadenet.org
ABRIL DE 2003
26 a 30 de abril 24 a 29 de agosto
6th European Congress of Endocrinology 18th Internacional Diabetes Federation Congress
Lyon, França Paris, França
Informações: W.M. Wiersinga Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1
Department of Endocrinology & Metabolism avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França
Academic Medical Center F5-171 Tel : +33 1 4249 9697
Meibergdreef 9 www.idf.org
1105 AZ Amsterdam - The Netherlands
Tel.: 31 20 566 6071
Fax: 31 20 691 7682 SETEMBRODE 2004
w.m.wiersinga@amc.uva.nl
5 a 9 de setembro
40th Annual Meeting of th European Association for the Study of
17 a 21 de abril Diabetes
Vo Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia Munich, Alemanha
e matabologia
www.easd.org
Vo Cobrapem
Mar Hotel, Recife, Pernaambuco Informações: easd@uni-duesseldoorf.de
Presidente: Profa. Dra. Elcy Falcão
Informações: (81) 3423-1300
E-mail: andrealatache@assessor5-pe.com.br
MAIO DE 2003
14 a 18 de maio
12th annual meeting and clinical congress of the American
Association of Clinical Endocrinologists (AACE)
San Diego, California
informações: The AACE
E-mail: info@aace.com
Site: http://www.aace.com
29 de maio a 1 de junho
12th European Congress on Obesity
Helsinki, Finland
Informações: Dr. Mikael Fogelholm
UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501
Tampere, Finland
Tel: + 358 3 2829 201
Fax: + 358 3 2829 559
E-mail: mikael.fogelholm@uta.fi