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A concepção filosófica da Verdade.

Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 2, Volume set., Série 05/09, 2011, p.01-04.

A verdade filosófica.
Em filosofia, uma designação tradicional de verdade diria que é aquilo que permanece
inalterável a quaisquer contingências, um conceito que não está em concordância com o
senso comum e que traz um problema.

O conceito tradicional de verdade, do ponto de vista do senso comum e da filosofia,


contraria o objetivo da filosofia, uma busca pelo que está oculto por trás das aparências,
tornando a verdade relativa e provisória.
Em outras palavras, a verdade espelha aquilo que é, o problema é encontrar a essência
do que as coisas são, adquirir a certeza incontestável sobre algo, o que geraria uma
atitude dogmática.
O grande problema é que a verdade não possui um significado único, tampouco estático
e definitivo, sendo influenciada por inúmeros fatores.
Destarte, a construção de um sistema filosófico configura uma verdade dogmática que
se contrapõem a outras verdades dogmáticas.
Neste sentido, em filosofia existem várias verdades, todas possíveis desde que exista a
ausência de contradições, já que somente elementos que se anulam mutuamente
poderiam invalidar a verdade.
Na filosofia e nas Ciências Humanas paradigmas coexistem e não se anulam.

Leibniz, Kant e Husserl.


A concepção de verdade foi objeto de estudo de diversos pensadores ao longo da
história da filosofia, mas três particularmente exerceram forte influência: Leibniz, Kant
e Husserl.

Para Leibniz seria necessário distinguir dois tipos de verdade: de um lado as verdades
de razão e de outro as verdades de fato.
As verdades de razão enunciam que uma coisa é, necessariamente e universalmente, não
podendo ser diferente do que é, tal como as ideias matemáticas, sendo inatas.
As verdades de fato, ao contrário, são aquelas que dependem da experiência,
expressando ideias obtidas através das sensações, percepção e memória, sendo,
portanto, empíricas.
A relação entre verdades de razão e de fato, julgadas pela racionalização das
informações, permite conhecer a realidade.
Já para Kant, a verdade surge a partir da relação entre juízos analíticos e sintéticos,
expressando o primeiro operações intelectuais e o segundo as estruturas ou fenômenos
analisados.
Em outras palavras, a realidade que conhecemos não corresponde aquilo que é, mas sim
ao que a razão interpreta.
Partindo do mesmo principio, Husserl criou a fenomenologia, uma ramo da filosofia
que estuda a leitura dos fenômenos pela razão, já que a realidade seria relativa e
subordinada à manifestação para consciência.
O entendimento sofreria influencia dos sentidos e da razão, além dos conhecimentos
previamente presentes na mente e do contexto.

Concluindo.
A teoria do conhecimento, através da epistemologia (ciência que estuda o discurso),
mesclada a discussão em torno do conceito de verdade, a partir do racionalismo, do
empirismo e do criticismo; fundou posturas que influenciaram a construção da ciência e
atitudes, maneiras de enxergar o mundo e agir.
A maneira de lidar com informações e tomar decisões, considerando especialmente os
critérios para solucionar problemas, acabaram sendo influenciados por três tendências
que dizem respeito à forma de conhecer e encarar a verdade:

1. Dogmatismo: Baseado no racionalismo de Descartes, afirma que o conhecimento


adquirido é seguro e universal, alguns inclusive inatos, conferindo certeza absoluta às
decisões.
2. Ceticismo: Oposta ao dogmatismo, originado a partir do empirismo, afirma que o
verdadeiro conhecimento é fornecido pelos sentidos e pela experiência, sendo
impossível construir uma verdade segura; portanto toda decisão é provisória e sujeita a
constantes reajustes.
3. Relativismo: Atitude filosófica originada a partir do criticismo kantiano, a qual
defende a idéia de que cada indivíduo possui uma verdade, um ponto de vista e uma
perspectiva, para qual as decisões só podem ser tomadas em conjunto, analisando os
diversos ângulos e pontos de vista.

Chegar à verdade pode ser mais complexo do que aparente, talvez mesmo impossível
dentro da limitada capacidade humana de racionalização.
Porém, o interessante é o caminho percorrido em busca da verdade, uma luz que pode
iluminar novas tentativas.

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