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WBA0173_v1.

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Gestão Escolar, Políticas Públicas
e Legislação Educacional
Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional
Autora: Rosângela de Oliveira Pinto
Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e
Legislação Educacional. Valinhos, 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces
07
Estado-Sociedade-Educação
Unidade 2: Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da
48
União, dos Estados e dos Municípios
Unidade 3: As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na
89
Educação: FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Unidade 4: Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação
119
Básica: Objetivos, Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares

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Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional
Autora: Rosângela de Oliveira Pinto
Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e
Legislação Educacional. Valinhos, 2016.

Sumário
Unidade 5: As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do
149
Adolescente e Demais Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Unidade 6: Sistema Nacional de Educação 194
Unidade 7: Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade
223
Contemporânea
Unidade 8: Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira:
264
Conceitos de Qualidade na Gestão da Escola

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Apresentação da Disciplina

A gestão escolar na perspectiva A gestão escolar, desta forma, não deve


democrática é realizada pela participação negligenciar a importância do papel social
de todos os envolvidos com a Instituição da escola e dos processos relativos à
Educacional. Desta forma, conhecer a organização, cultura e gestão intrínsecos
importância e todos os aspectos envolvidos a ela. Discutir educação e gestão escolar
para uma gestão adequada é fundamental de forma consciente exige considerar as
a qualquer educador. relações de subordinação e dominação
Nesta disciplina, vamos estudar a gestão que existem em nossa sociedade, nas
escolar por meio das políticas públicas resistências, na vida e na luta cotidiana das
educacionais e da legislação brasileira, ou pessoas.
seja, como este projeto está delineado, A gestão da educação básica deve
consolidado e quais são as relações promover análises críticas das ações,
estabelecidas entre os documentos legais. programas e estratégias articuladas pelo
A Legislação e Política Educacional governo federal, buscando apreender os
brasileira são construídas e implementadas limites e as possibilidades à gestão das
num campo de contradições e conflitos, políticas, a lógica presente na proposição e
marcados pelo momento histórico, político, os limites interpostos à sua materialização
social e econômico.
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no âmbito dos sistemas de ensino uma transformação lenta com alterações
(DOURADO, 2007). culturais e educacionais presentes.
É fundamental, porém, promover O habitus funciona como uma força
atuação, transformação, dar voz aos conservadora no interior da ordem social.
que foram silenciados, e aprendizagens Nenhuma política estatal é apenas um
que proporcionem a percepção das presente. As condições históricas, sociais
contradições entre as relações de poder. e políticas são determinantes sobre as
Quero citar aqui a teoria do habitus de políticas e a legislação educacionais, e é
Pierre Bourdieu como uma importante por meio das mobilizações que alertam
contribuição para a compreensão das para os interesses das classes dominantes,
contradições, limites e ideologias presentes que identificamos, no decorrer da história,
nas ações sociais. Como Bourdieu afirma, transformações importantes.
o habitus é a interiorização das estruturas
sociais que os indivíduos fazem de forma
inconsciente durante toda a sua história de
vida. Portanto, alterar alguns pensamentos
e ações não é tão simples. Digo que é

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Figura 1 – Ilustração da definição da teoria
de habitus de Pierre Bourdieu
Estados e dos Municípios; as políticas de
investimento, distribuição e utilização
dos recursos públicos na educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE; a Organização
da Educação Nacional em níveis e
modalidades de ensino da Educação
Básica: objetivos, princípios, concepções
e diretrizes curriculares; as políticas de
ensino na atualidade: Lei nº 9.394/96;
Fonte: Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.
Estatuto da Criança e do Adolescente e
com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151. demais documentos que regulamentam
jpg>. Acesso em: 04 jun. 2016.
a Educação Básica; o Sistema Nacional de
Vamos estudar nesta disciplina: o histórico Educação; o Plano Nacional de Educação:
das políticas públicas educacionais e a perspectivas históricas e atuais da
legislação brasileira: interfaces Estado- sociedade contemporânea; e a gestão
Sociedade-Educação; os Princípios e escolar e as perspectivas de organização
Fins na/para Educação Nacional: deveres administrativa e financeira: conceitos de
e responsabilidades da União, dos qualidade na gestão da escola.

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Unidade 1
Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-
Sociedade-Educação

Objetivos

1. Compreender o histórico das políticas


educacionais e legislação brasileira
aplicada à educação.
2. Identificar as interfaces Estado-
Sociedade-Educação nas políticas e
legislação educacionais.
3. Construir um pensamento,
aprendizagem e atuação crítica,
consciente e transformadora sobre a
gestão educacional brasileira.

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Introdução

As políticas públicas educacionais e a os homens começam a se organizar em


legislação brasileira estão presentes sociedade, fazendo escolhas para viabilizar
no decorrer da história da educação a convivência em grupo. Desta forma,
brasileira. Segundo Saviani (2008), pode- podemos afirmar que a política existe
se considerar que o primeiro documento desde o início das primeiras civilizações. O
de política educacional que vigorou no significado clássico e moderno de política,
Brasil foram os “Regimentos” de D. João de acordo com Bobbio, deriva do adjetivo
III, editados em dezembro de 1548. Esses pólis (politikós), que significa tudo o que
“Regimentos” orientaram as ações do se refere à cidade e, consequentemente,
primeiro governador geral do Brasil, Tomé o que é urbano, civil, público e até mesmo
de Souza, e a obra educativa centrada sociável e social (BOBBIO, 2002).
na catequese iniciada pelos jesuítas, Ainda segundo Bobbio (2002), há uma
cumprindo um mandato delegado pelo rei tipologia moderna das formas de
de Portugal. poder, como poder econômico, poder
Quando se fala em políticas públicas ideológico e poder político, sendo que
educacionais, é necessário, primeiramente, este último seria aquele no qual se tem
compreender o que é a política. Segundo a exclusividade para o uso da força.
Giron (2008), a política nasce quando Entretanto, não é apenas o uso da força,
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mas sim seu monopólio, sua exclusividade, do Estado e do governo (considerado,
que tem o consentimento da sociedade por excelência, o produtor de políticas
organizada. A sua finalidade ou seu públicas). Ao contrário, os EUA não
fim não pode se resumir apenas em um estabelecem em seus estudos as relações
aspecto, pois os fins da política são tantos com as bases teóricas sobre o papel do
quantas forem as metas a que um grupo Estado, passando direto para a ênfase
organizado se propõe, segundo os tempos nos estudos sobre a ação dos governos. A
e as circunstâncias. Na visão de Bobbio, a disciplina de políticas públicas nasce como
política restringe-se à esfera do Estado, subárea da ciência política.
instituição esta responsável pela ordem
social.
Segundo Souza (2006), a política pública,
enquanto área de conhecimento e
disciplina acadêmica, nasce nos EUA,
rompendo ou pulando as etapas seguidas
pela tradição europeia de estudos e
pesquisas nessa área. A Europa teve como
foco as teorias explicativas sobre o papel
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Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública
como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da
valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências.
Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a
criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental
financiada por recursos públicos e considerada a precursora dos think
tanks. O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas
de sistema, engenheiros, sociólogos etc., influenciados pela teoria
dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia
ser conduzida como um jogo racional. A proposta de aplicação de
métodos científicos às formulações e às decisões do governo sobre
problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção
governamental, inclusive para a política social. (SOUZA, 2006, p. 23)
Portanto, é importante e necessário dizer que as relações políticas nunca são neutras, sempre
expressam concepções diferentes sobre a ideia de homem, mundo e sociedade. Assim, pode-se
afirmar que nas políticas estão presentes intenções, concepções e ideologias que acompanham
também o momento histórico e os interesses dos grupos.
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Compreender as interfaces Estado-Sociedade-Educação é outro ponto importante nesta
aula, para o estudo das políticas públicas educacionais e da legislação educacional brasileira.
Portanto, vamos compreender as diferenças entre Estado e Governo que, na maioria das vezes,
não são consideradas ou são compreendidas de forma equivocada.
O Estado é a estrutura composta por algumas instituições que possuem autoridade para
regular e organizar o funcionamento de uma sociedade. O Governo é o grupo ou indivíduo que
assume o controle do Estado por um determinado período.
O conceito de Estado e Governo pode ser complementado ainda com a definição de Höfling
(2001, p. 31):

11/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Link Para saber mais
Para saber mais sobre o Referencial Curricular
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
Nacional para a Educação Infantil, acesse o
pdf/livro01.pdf e http://portal.mec.gov.
artigo “O Referencial Curricular Nacional para a
br/par/195-secretarias-112877938/seb-
Educação Infantil no contexto das reformas”, de
educacao-basica-2007048997/12657-
Ana Beatriz Cerisara. Disponível em:
parametros-curriculares-nacionais-5o-a-
8o-series. <http://www.scielo.br/pdf/es/
v23n80/12935.pdf>.

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
rcnei_vol1.pdf>.

<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
resolucao_ceb_0199.pdf>

12/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
É possível considerar Estado como o conjunto de instituições
permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que
não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a
ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos
que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade
civil e outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando-
se a orientação política de um determinado governo que assume e
desempenha as funções de Estado por um determinado período.
Cada governo possui suas concepções, ideologias e intenções com relação à sociedade. O
Estado assume uma concepção de administração que é refletida em leis, projetos e ações, de
acordo com o governo que se encontra no controle.
Voltando às políticas públicas, são programas, ações e atividades realizadas pelo Estado, de
forma direta e indireta, com foco nos segmentos social, cultural, entre outros. As políticas
públicas consistem em elementos importantes para a configuração das políticas educacionais.
Elas possuem como diretrizes para a educação desde a configuração de concepções de
conceitos e controle dos recursos até a regulação de acessos, poderes e direitos.

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E, por fim, devem-se considerar também Para a compreensão da forma como as
as relações e diferenças entre o público políticas educacionais são conduzidas e
e o privado quando entramos no âmbito implantadas na esfera pública, uma das
das políticas públicas. De acordo com formas, segundo Santos (2012) é classificar
Santos (2012), público é tudo aquilo que as políticas educacionais em políticas de
não pertence a um indivíduo ou grupo Estado ou políticas de governo. Políticas de
em particular, mas, antes, é propriedade governo referem-se a planos, programas
de toda a coletividade. Vale ressaltar e ações elaborados e desenvolvidos
ainda que público não é somente o que para vigorar durante o mandato de um
pertence à esfera do Estado. Em alguns
determinado governo. Estas políticas,
casos, mesmo dentro da esfera privada,
muitas vezes, estão associadas a
são criados bens, serviços e espaços de
projetos eleitorais como instrumentos
ação política com um grande caráter
de propaganda política. As políticas de
público, como: associações de moradores,
organizações não governamentais, entre Estado são planos, programas e ações
outros. E, ainda segundo Santos (2012), que não se limitam a um determinado
o privado corresponde a tudo aquilo que governo. Essas políticas possuem objetivos
pertence de modo exclusivo (como uma a longo prazo. As políticas de Estado
propriedade) a um indivíduo ou grupo. iniciam sempre como políticas de governo,

14/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
porém, são incorporadas à estrutura do
Estado, ultrapassando as transições entre Para saber mais
governos. Portanto, quanto maior e melhor Vale a pena, neste momento, assistir ao vídeo
for a estabilidade política de um país, maior “Grandes nomes da ciência - Michel Foucault”,
o número de políticas de governo e maior o o qual aborda a teoria do filósofo francês Michel
número de políticas de Estado. Foucault e, portanto, o que o autor entende
Desta forma, podemos afirmar que as por relações de poder. Disponível em: <http://
políticas educacionais não devem ser globotv.globo.com/rede-globo/globo-
consideradas de forma isolada, nem deixar ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-
de considerar as relações de poder que michel-foucault-integra/1846618/>. Acesso
existem entre o público e o privado, mesmo em: 20 maio 2016.
que de forma muito sutil.
Vamos compreender melhor o histórico
das políticas educacionais e a legislação
brasileira: interfaces Estado-Sociedade-
Educação?

15/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
1 As Políticas Educacionais Bárbara Freitag, socióloga alemã, tornou-
Brasileiras e as interfaces se uma brasilianista e latino-amerecanista
na Alemanha. Apesar de ser socióloga
Estado-Sociedade-Educação
de graduação, sua formação intelectual
Segundo Giron (2008), a política perpassa a educação, a psicologia e a
educacional defendida por um sociologia. Sua tese de doutorado foi
determinado governo reflete como ele publicada no livro Escola, Estado e Sociedade,
entende o mundo e as relações que se que teve grande repercussão no país. É
estabelecem na sociedade. Ou seja, neste livro que Freitag apresenta a história
estão sempre ligadas ao projeto de poder da educação brasileira dividida em três
que a fundamenta. De acordo com cada períodos históricos, porém, correlacionados
momento histórico e interesses dos grupos com a economia brasileira. São eles: o
dominantes, existe uma concepção de período entre 1500 e 1930, abrangendo a
educação e um projeto educativo e de Colônia, o Império e a Primeira República,
sociedade que se pretende implantar. Está com uma economia agroexportadora;
ligada a um processo histórico e ideológico o período entre 1930 a 1960, com uma
acompanhando as transformações economia de substituição de importações;
ocorridas nos planos econômico, social, e o período a partir de 1960, com a
político e cultural. internacionalização do mercado interno.
16/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
As reformas educacionais no Brasil ocorreram mediante as crises nacionais e internacionais do
sistema capitalista.

A educação nos anos da ditadura militar sofreu o estrangulamento


interno da economia com altas taxas inflacionárias, com o endividamento
externo, com queda na qualidade de ensino motivada por baixos
salários e investimentos públicos, com grande índice de evasão escolar e
consequente crescimento da escola privada e com preferência ao ensino
profissionalizante em detrimento do ensino médio. A crise estrutural
do capital, que se abateu no conjunto das economias capitalistas, a
partir especialmente do início dos anos 70 (séc. XX), levou o capital a
desenvolver sua lógica destrutiva. (PIANA, 2009, p. 68)
As formas e a organização produtivas passam – com as crises das economias capitalistas
a partir da década de 1970 em todo o mundo – de um padrão taylorista e fordista para um
padrão flexível e desregulamentado, denominado Toyotismo.

17/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
No final da década de 1980, o capitalismo ressurge numa nova roupagem, com a globalização.
A globalização transcende aspectos econômicos e invade as dimensões políticas, sociais,
culturais e educacionais.

Se o início da década de 1980 foi marcado pelo tema da democracia, o da


década de 1990 é demarcado pela ideia de globalização, livre mercado,
competitividade, produtividade, reestruturação produtiva e reengenharia,
e “revolução tecnológica”. [...] No Brasil, após a década de 1990, a
globalização traz grandes mudanças na organização do trabalho e também
nas atribuições e responsabilidades do Estado. [...] a globalização afeta de
forma intensa o mundo laboral e tem repercussões importantíssimas sobre
questões sociais e educacionais. (PINTO, 2011, p. 24)
E a história segue, estamos cada vez mais globalizados, mais conectados com diferentes e
diversas culturas. Fala-se, hoje, em Multiculturalismo! O sistema capitalista, o Estado, os
governos, continuam criando suas regras e estratégias para que funcionem.

18/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
As políticas públicas educacionais são metáforas do ziguezague ou do pêndulo.
construídas, implementadas e, em muitos A metáfora do ziguezague indica o
casos, abandonadas de acordo com os sentido tortuoso, sinuoso das variações
períodos históricos, as necessidades e alterações sucessivas observadas
sociais, educacionais de cada momento, nas reformas; o movimento pendular
mas também de acordo com a ideologia mostra o vai e vem de dois temas que se
dominante e os interesses e prioridade dos alteram sequencialmente nas medidas
governos e do Estado. reformadoras da estrutura educacional
Saviani (2008) aponta, em seu artigo (SAVIANI, 2008).
intitulado Política educacional brasileira: Saviani (2008) aponta no texto duas
limites e perspectivas, uma característica tendências da educação brasileira. A
de destaque nas políticas educacionais primeira com relação à centralização e
brasileiras, observando a história da descentralização da educação. No decorrer
educação, que são as “descontinuidades” da história da educação brasileira, é
destas políticas. possível observar as reformas e propostas
Essas reformas, vistas em retrospectiva privilegiando mais a liberdade de ensino
de conjunto, descrevem um movimento e, em outros momentos, propostas e
que pode ser reconhecido pelas reformas que apresentam a necessidade de
19/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
regulamentação e controle do ensino. A segunda tendência apresentada por Saviani (2008) são
reformas e propostas sempre ligadas ao governo vigente e ao seu partido, procurando imprimir
a sua marca. Na mudança de governo e partido, o que estava em curso é desfeito e novas
propostas e reformas são desenvolvidas.

Para saber mais


Leia o artigo Política Educacional Brasileira: limites e perspectivas, de Demerval Saviani. O autor promove
uma discussão sobre política examinando o alcance das medidas educacionais tomadas pelo Estado
brasileiro. O autor considera a histórica resistência que as elites dirigentes opõem à manutenção da
educação pública e à descontinuidade, também histórica, das medidas educacionais acionadas pelo
Estado. A primeira limitação materializa-se na tradicional escassez dos recursos financeiros destinados
à educação; a segunda corporifica-se na sequência interminável de reformas, cada qual recomeçando da
estaca zero e prometendo a solução definitiva dos problemas que se vão perpetuando indefinidamente.

Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/


view/108>. Acesso em: 20 maio 2016.

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Essas descontinuidades exemplificam partir do projeto político adotado não só
bem como as políticas educacionais estão pelo Brasil, mas pela maioria dos países.
ligadas às relações de poder estabelecidas Portanto, compreender as políticas
por determinados grupos dominantes públicas educacionais é compreender as
de acordo com o momento histórico, propostas e ações do Estado para a área da
valorizando-se uma concepção de política educação e entender o contexto político,
de um determinado grupo apenas, econômico e social.
sem valorizar um projeto educacional
que respeite o todo e que promova a
emancipação dos indivíduos. Para saber mais
Não podemos deixar de mencionar Leia o artigo Políticas educacionais e
que a política educacional brasileira, desigualdades: à procura de novos significados,
principalmente a partir dos anos de 1980, de Miguel G. Arroyo. Ele destaca como as
sofre grandes influências de organismos políticas educacionais têm sido instigadas
internacionais – Banco Mundial (BM), pelas tentativas de corrigir as desigualdades.
Fundo Monetário Internacional (FMI), Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/
Banco Internacional de Reconstrução e v31n113/17.pdf>. Acesso em: 21 maio 2016.
Desenvolvimento (BIRD), entre outros – a
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Para obter maiores informações sobre
as políticas educacionais elaboradas
e implementadas pelo Ministério da
Educação (MEC) atualmente, acesse o site
indicado no item “LINK” a seguir. Link
No site indicado a seguir, que corresponde
à Secretaria de Educação Básica (SEB), você
encontrará, entre outras informações, os
programas e as ações do MEC para a Educação
Básica nacional.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/


secretaria-de-educacao-basica/programas-
e-acoes>. Acesso em: 20 maio 2016.

22/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Como exemplo destes programas e ações, temos:
Tabela 1 - Educação Básica -  Objetivo 0597

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Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes>. Acesso em: 05 maio 2016.

Por meio deste exemplo, é possível identificar um programa, com previsão de início (2015)
e previsão de conclusão (2030), que compõe uma política educacional que apresenta
como princípios: a equidade e a valorização da diversidade, os direitos humanos, a gestão
democrática do ensino público, a garantia de padrão de qualidade, a acessibilidade, a
igualdade de condições para o acesso e permanência do educando na escola.

24/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Fonte: Disponível em: <http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!edicao-113/qbk95>. Acesso em: 20 jun. 2016.

Portanto, cabe a nós, profissionais da educação, analisar: é um programa adequado? Quais


são as ações previstas? Como pretende alcançar suas metas até 2030? O programa e as ações
estão sendo implementados? Se sim, de que forma? Poderia ser melhor aplicado? Como? Além
de outras análises possíveis.

2. A Legislação educacional brasileira e as interfaces Estado-Sociedade-


Educação.

Como abordado na introdução desta aula, a primeira legislação brasileira direcionada à


educação data de 1548, com os “Regimentos” de D. João III.

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O termo legislação é a junção de dois termos: legis + lação, do latim.
Legis é genitivo de lex, latio, (+ lação) provem de um verbo latino fero,
ferre, tuli, latum. Lex / legis, quer dizer em português, respectivamente
lei da lei, assim legis quer dizer da lei. Em nossa língua, lação quer
dizer: ação de apresentação de algo, como também o movimento de
transportar algo para alguém. Legislação, pois quer dizer algo que foi
“dito” que foi “escrito” sob a forma de lei e que está se dando a conhecer
ao povo, inclusive para ser lido e inscrito em nosso convívio social. (CURY,
2012, [s.p.])
A legislação, portanto, se refere a regras declaradas e públicas, que regem a vida em sociedade,
de acordo com o governo e o Estado de cada momento histórico. Conhecer e compreender a
legislação brasileira é um ato de cidadania, direito que deve ser garantido a todos.
A legislação é a base para a elaboração das políticas públicas e, portanto, educacionais. A
política educacional brasileira possui dois eixos principais, que é a Constituição Federal e a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

26/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
A legislação educacional no Brasil,
de forma sistemática, é bem recente.
A primeira Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, nº 4.024, é de
1961; em seguida, as Leis nº 5.540/68 Link
e nº 5.692/71, que reformaram, Acesse e assista ao vídeo Jornal Nacional – Oitava
respectivamente, o ensino superior e o Constituição Brasileira entra em vigor (1988). A
ensino de 1º e 2º graus a partir de fontes reportagem é apresentada pelo Jornal Nacional,
primárias constituídas, fundamentalmente, da Rede Globo, em 5 de outubro de 1988, e faz
pelo Diário do Congresso Nacional uma retrospectiva das Constituições brasileiras
(OLIVEIRA, 2005). e o contexto político e social de cada momento
histórico até a atual Constituição Federal.
A segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases
Nacionais nº 9.394, de 1996, teve como Disponível em: <http://www.youtube.com/
base a atual Constituição Federal de 1988. watch?v=G1KfnfgTdeM>. Acesso em: 20 maio
2016.

27/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Magna, é o conjunto de normas para um
Link Estado. A Constituição Federal de 1988
foi discutida e promulgada no período de
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. redemocratização do país, após mais de
Estabelece as diretrizes e bases da educação duas décadas de ditadura militar.
nacional. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
Acesso em: 20 maio 2016.

A atual Constituição Federal, promulgada


em 1988, é considerada a 8ª Constituição
brasileira. As Constituições anteriores
foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946,
1967 e a emenda de 1969. No decorrer
da história brasileira, estas Constituições
percorreram regimes políticos mais
fechados e autoritários e, também,
regimes mais democráticos. A Constituição
Federal, também conhecida como Carta
28/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Para saber mais
Consulte o livro: FÁVERO, Osmar. A educação nas constituintes brasileiras 1823- 1988. Campinas:
Autores Associados, 2001.

O autor centra sua discussão sobre o processo de elaboração das constituições ao longo período da
história da educação brasileira – desde a primeira Constituinte Imperial de 1823 até a Assembleia
Nacional Constituinte de 1987-88. No decorrer do livro, você encontrará discussões importantes,
como: educação como direito de todos os cidadãos; responsabilidade da família e dever do Estado;
obrigatoriedade e gratuidade do ensino; liberdade do ensino; ensino público x ensino privado; ensino
religioso nas escolas públicas; centralização x descentralização; financiamento do ensino.

Durante a década de 1980, o Brasil vivenciou a travessia da ditadura militar à


redemocratização. De acordo com Frigotto e Ciavatta (2006), a questão democrática assume
centralidade nos debates e nas lutas em todos os âmbitos da sociedade ao longo dessa década.
Porém, logo no começo dos anos de 1990, é demarcado pela ideia de globalização, livre
mercado, competitividade, produtividade, reestruturação produtiva, reengenharia e “revolução
tecnológica”.

29/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
A educação é considerada na Constituição Federal de 1988 um setor do Estado, presente no
Capítulo III, na Seção I, intitulada “Da Educação”, através dos artigos 205 a 214. O artigo 205
aborda em seu texto a concepção de Educação.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (SANTOS, 2012).

A legislação educacional (Constituições brasileiras, decretos, resoluções,


pareceres, leis ordinárias e complementares, leis que aprovam os planos
nacional, estaduais e municipais de educação, entre outros), além dos
documentos que registram as atas, as emendas oferecidas em plenário,
os projetos originais, os projetos substitutivos, enfim, a sua elaboração
(Diários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Diários das
Assembleias Legislativas) constituem-se fontes históricas imprescindíveis
de pesquisa. (OLIVEIRA, 2005, p. 9)

30/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
São fontes históricas imprescindíveis para
compreensão das políticas educacionais
considerando os contextos econômico e
político que deram sustentação a estas Para saber mais
políticas. Compreender o movimento, as Leia o artigo O direito à educação na Constituição
contradições, os limites e as possibilidades Federal de 1988 e seu restabelecimento pelo
das políticas educacionais propostas e sistema de justiça, de Romualdo Portela de
implementadas no decorrer da história, Oliveira, no qual ele analisa a declaração do
enfim, olhar para a legislação e políticas direito à educação na CF/88, os mecanismos
educacionais com um olhar crítico, introdutórios para sua efetivação e a interação
percebendo as interfaces Estado- do sistema de justiça neste mister para
Sociedade-Educação. restabelecer tal direito negado pela ação ou
omissão do Poder Público. Disponível em:
<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/
files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf>. Acesso
em: 20 maio 2016.

31/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
É importante ressaltar que, olhando a
gestão educacional a nível macro, ou
seja, a nível nacional, de acordo com os
interesses da classe dominante, não há
omissão, nem descaso, há sim interesses
de um sistema político-econômico, que
concebe a educação que lhe é conveniente,
e o Estado, com governos que se sucedem,
executando as ações necessárias
(SANFELICE, 2016).

32/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Glossário
Organismos Internacionais: são organizações internacionais constituídas por meio de tratados
e acordos entre as principais nações do mundo que visam, através de orientações, incentivar
uma permanente cooperação entre os países.
Redemocratização: processo de recuperação da democracia.
Ideologia: o conceito adotado nesta disciplina possui como base a definição de Karl Marx e
Friedrich Engels, que se trata do conjunto de ideias que procura ocultar a sua própria origem
nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade.

33/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
?
Questão
para
reflexão

A gestão educacional, olhada a nível macro, encontra-


se inserida de que forma quando nos referimos às
políticas educacionais e à legislação brasileira?

34/307
Considerações Finais

• A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as


crianças de zero a cinco anos de idade.
• A partir de 2016 a educação infantil passou a ser obrigatória para as
crianças de quatro e cinco anos de idade.
• As DCNEI são balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua
realização, que orientam o planejamento, o desenvolvimento e avaliação da
educação infantil no Brasil.
• A experiência de educação infantil paulistana completou 80 anos em 2015
e considera a criança como ser social e histórico, produtora de cultura,
construtora de saberes e protagonista de seu aprendizado.

35/307
Referências

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set. 2016.
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Soc., Campinas, v. 28, n. 100, p. 921-946, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
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36/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
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HÖFLING, E. de M. Estado e Políticas (Públicas) sociais. Cadernos Cedes - Políticas Públicas e
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37/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
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/ Rosângela de Oliveira Pinto. - Campinas: PUC Campinas, 2011. 133p.
38/307 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação
Questão 1
1. Segundo Saviani (2008), qual é o primeiro documento de política
educacional que vigorou no Brasil?

a) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961.


b) Os “Regimentos” de D. João III, editados em dezembro de 1548.
c) A “Carta Magna”, publicada em dezembro de 1891.
d) A Lei nº 5540/68, que reforma o Ensino Superior no Brasil.
e) A Lei nº 5.692/71, que reforma o ensino de 1º e 2º graus no Brasil.

39/307
Questão 2
2. Como podemos definir as Políticas de Estado?

a) Planos, programas e ações elaborados e desenvolvidos para vigorar durante o mandato de


um determinado governo.
b) Políticas associadas a projetos eleitorais como instrumentos de propaganda política.
c) Planos, programas e ações que não se limitam a um determinado governo, possuem
objetivos a longo prazo.
d) Políticas que devem ser consideradas de forma isolada, sem nenhuma relação com o
público e o privado.
e) Políticas destinadas de modo exclusivo (como uma propriedade) a um indivíduo ou grupo.

40/307
Questão 3
3. Bárbara Freitag, socióloga, no seu livro (tese de doutorado) Escola,
Estado e Sociedade, apresenta a história da educação brasileira dividida
em três períodos históricos, correlacionados com a economia brasileira.
São eles:

a) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República,


com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia de
substituição de importações; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do
mercado interno.
b) O período entre 1500 e 1930, com uma economia de substituição de importações; o
período entre 1930 a 1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com
uma economia agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização
do mercado interno.
c) O período entre 1500 e 1930, com uma economia feudal; o período entre 1930 a
1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia
agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado
interno.
41/307
Questão 3

d) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República,


com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia
de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com um mercado global e
exportação de inovações tecnológicas.
e) e) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República,
com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia
com uma base política socialista; e o período a partir de 1960, com a internacionalização
do mercado interno.

42/307
Questão 4
4. A legislação educacional no Brasil, de forma sistemática, é bem
recente. Quais são as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira?

a) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.540, de 1961; as Leis nº


4.024/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996.
b) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº
5.692/68 e nº 5.540/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996.
c) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº
5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 12.593, de 1996.
d) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº
5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 13.005, de 1996.

43/307
Questão 4

e) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº


5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino
de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais no 9.394, de
1996.

44/307
Questão 5
5. A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é considerada a 8ª
Constituição Brasileira. Quais foram as Constituições anteriores?

a) Constituições de 1800, 1891, 1924, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1964.


b) Constituições de 1824, 1889, 1934, 1942, 1946, 1964 e a emenda de 1969.
c) Constituições de 1500, 1824, 1889, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969.
d) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969.
e) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1945, 1964, 1968 e a emenda de 1969.

45/307
Gabarito
1. Resposta: B. um determinado governo. Essas políticas
possuem objetivos a longo prazo. As
Segundo Saviani (2008), pode-se políticas de Estado iniciam sempre
considerar que o primeiro documento como políticas de governo, porém, são
de política educacional que vigorou no incorporadas à estrutura do Estado,
Brasil foram os “Regimentos” de D. João ultrapassando as transições entre
III, editados em dezembro de 1548. Esses governos.
“Regimentos” orientaram as ações do
primeiro governador geral do Brasil, Tomé 3. Resposta: A.
de Souza, e a obra educativa centrada
na catequese iniciada pelos jesuítas, Bárbara Freitag, socióloga, no seu
cumprindo um mandato delegado pelo rei livro (tese de doutorado) Escola, Estado
de Portugal. e Sociedade, apresenta a história da
educação brasileira dividida em três
2. Resposta: C. períodos históricos, correlacionados com
a economia brasileira. São eles: o período
As políticas de Estado são planos, entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia,
programas e ações que não se limitam a o Império e a Primeira República, com uma

46/307
Gabarito
economia agroexportadora; o período Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de
entre 1930 a 1960, com uma economia de 1996, teve como base a atual Constituição
substituição de importações; e o período a Federativa do Brasil de 1988.
partir de 1960, com a internacionalização
do mercado interno. 5. Resposta: D.

4. Resposta: E. A atual Constituição Federal, promulgada


em 1988, é considerada a 8ª Constituição
A legislação educacional no Brasil de forma Brasileira. As Constituições anteriores
sistemática é bem recente. A primeira Lei foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946,
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1967 e a emenda de 1969. No decorrer
nº 4.024 é de 1961; em seguida, as Leis nº da história brasileira, estas Constituições
5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, percorreram regimes políticos mais
respectivamente, o ensino superior e o fechados e autoritários e, também, regimes
ensino de 1º e 2º graus, a partir de fontes mais democráticos.
primárias constituídas, fundamentalmente,
pelo Diário do Congresso Nacional
(OLIVEIRA, 2005); e segunda e atual Lei de

47/307
Unidade 2
Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos
Estados e dos Municípios

Objetivos

1. Conhecer as principais legislações que


contemplam os princípios e fins para
a educação nacional e os deveres e
responsabilidades da União, Estados e
Municípios.
2. Compreender o contexto político,
econômico e social que as leis são
elaboradas a partir da Constituição de
1988.
3. Compreender quais modelos de gestão
educacional se delineiam neste contexto.
48/307
Introdução

Nas últimas décadas, presenciamos Políticas e leis que dizem promover a


transformações profundas, decorrentes equidade, mas que se dedicam a satisfazer
dos avanços tecnológicos, provocando singularidades e necessidades individuais;
uma reordenação das sociedades e suas que discursam transformação, mas
relações, e as formas de organização promovem a conservação de uma escola
no mundo do trabalho. Estas mudanças dual; que falam em educação integral,
impactaram as políticas educacionais mas promovem a divisão entre o saber e o
implementadas. fazer - arranjo produtivo para a reprodução
No Brasil, nas últimas décadas, o do capital; que buscam o consenso e o
movimento da sociedade foi em busca equilíbrio social por meio da criação de
da defesa da escola estatal gratuita, condições equitativas entre consumo e
laica, universal e de qualidade. Muitos produção, refutam as matrizes dialéticas
programas, nas últimas décadas, se e socialistas e “naturalizam” as relações
propõem a colocar em prática estes sociais (LUCENA; OMENA; LIMA, 2016).
propósitos. Porém, o que se percebe é uma Portanto, as leis e políticas educacionais
educação conveniente aos interesses da e a gestão educacional precisam ser
classe dominante de um sistema político- estudadas com um posicionamento
econômico capitalista. crítico, permitindo a todos os cidadãos
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,
49/307
dos Estados e dos Municípios
lutar por uma educação verdadeiramente legislação educacional brasileira atual
transformadora: gratuita, laica, universal e vem se delineando. Já estudamos que
de qualidade. a Constituição de 1988 foi elaborada
Vamos iniciar nosso estudo a partir da e promulgada em um período de
Constituição Federal de 1988, que possui, redemocratização do país após 20 anos de
no Capítulo III, na Seção I, o título “Da ditadura militar, mas que, após a década
Educação”, através dos artigos 205 a de 1990, mudanças profundas, sob o
214. O artigo 205 aborda em seu texto reflexo da globalização, alteraram este
a concepção de educação: “A educação, cenário social. A informatização e o avanço
direito de todos e dever do Estado e da tecnológico, o crescimento do mercado
família, será promovida e incentivada com informal pelos dispensados dos postos de
a colaboração da sociedade, visando ao trabalho que se modificou e o crescimento
pleno desenvolvimento da pessoa, seu de um Estado Mínimo passam a fazer parte
preparo para o exercício da cidadania e de uma nova realidade brasileira.
sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, Portanto, nesta aula, vamos compreender
1988) como os princípios e fins na/para educação
É a partir da concepção que consta na nacional se encontram nas principais leis
Constituição Federal de 1988 que a educacionais e quais são os deveres e as
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,
50/307
dos Estados e dos Municípios
responsabilidades da União, dos Estados e Figura 2 – Ilustração da Constituição Federal de 1988

dos Municípios. Vamos lá?

1 A Constituição Federal de
1988 e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional nº
9.394/96
Disponível em: <http://i2.istockimg.com/
A Constituição Federal de 1988 traz, file_thumbview_approve/13518044/5/stock-
photo-13518044-book-covered-with-brazilian-
em seu artigo 205, a concepção de flag-isolated.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016.
educação: “A educação, direito de
A Educação não é dever apenas do
todos e dever do Estado e da família,
Estado, mas também da família e da
será promovida e incentivada com a
sociedade. É possível identificar neste
colaboração da sociedade, visando ao
artigo a transferência de algumas
pleno desenvolvimento da pessoa, seu
responsabilidades e funções do Estado
preparo para o exercício da cidadania e
para a sociedade civil. Outro destaque
sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL,
importante é a qualificação para o
1988)
trabalho, que, a partir da década de 1990,
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,
51/307
dos Estados e dos Municípios
ganha grande importância, preparando os indivíduos para lidar com as novas competências
tecnológicas e um mundo globalizado.
O artigo 206, da Constituição, aborda os princípios da educação brasileira. Eles são:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II


- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade
do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos
profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos
de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006); VI - gestão democrática do ensino
público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso
salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988)
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,
52/307
dos Estados e dos Municípios
O artigo 208, da Constituição, aponta os deveres do Estado em relação à educação, que são:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda
Constitucional nº 59, de 2009); II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); III - atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV
- educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); V - acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta
de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988)

O artigo 211 estabelece as funções de cada ente federativo com relação ao sistema de ensino,
que são:

Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,


53/307
dos Estados e dos Municípios
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 2º Os Municípios
atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 3º Os Estados e
o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 4º Na organização de
seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do
ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009);
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988)

Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,


54/307
dos Estados e dos Municípios
Por fim, outro artigo importante a destacar a história da primeira Lei de Diretrizes e
nesta aula é o 214, que dispõe sobre a Bases da Educação Nacional.
criação de um Plano Nacional de Educação,
“de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação
Link
em regime de colaboração e definir CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www.
implementação.” (BRASIL, 1998) planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20
A Constituição de 1988 proporcionou
maio 2016.
muitos avanços para a educação brasileira
em relação às Constituições anteriores, A Lei nº 4.024, promulgada em 20 de
mas muitas discussões foram realizadas dezembro de 1961, foi sancionada no Brasil
após a sua promulgação e muitas emendas em 1961 após um longo e conflituoso
realizadas. É a partir do que a Constituição período e pouco antes do Golpe Militar. Em
estabelece, principalmente em seus artigos 1971, através da Lei nº 5.692, foi realizada
205 a 214, que a atual Lei de Diretrizes e a Reforma Educacional com foco nos 1º
Bases da Educação Nacional é elaborada. e 2º graus. E, em 1968, através da Lei nº
Antes de estudar a atual LDB, vamos rever 5.540, é realizada também a Reforma do
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,
55/307
dos Estados e dos Municípios
Ensino Superior. Ambas as leis marcaram a definição de educação adotada. A
as reformas educacionais no período da educação é entendida como os processos
Ditadura Militar. formativos que podem acontecer nas mais
Portanto, a segunda e atual Lei de variadas instâncias da sociedade: vida
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº familiar, convivência humana, no trabalho,
9.394 foi promulgada em 20 de dezembro nas instituições de ensino e pesquisa,
de 1996, distribuída em 9 títulos e 92 nos movimentos sociais e organizações
artigos. da sociedade civil e nas manifestações
culturais.
Segundo Santos (2012), no cenário da
política educacional brasileira, a LDB é Ainda neste título, a educação escolar
a maior de todas as políticas públicas é definida como o ensino que acontece
regulatórias, pois sua estrutura redefine nas instituições próprias destinadas aos
as relações, os acordos e os conflitos fins educacionais. E, por fim, a educação
que podem se desenrolar no âmbito da é compreendida com dois objetivos: a
educação brasileira. preparação para o mundo do trabalho e
para a prática social.
O primeiro título da Lei denomina-se
“Da Educação”, no qual é apresentada
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dos Estados e dos Municípios
O segundo título contém os dois artigos possível perceber uma concepção mais
que tratam dos princípios e fins da democrática de educação. É importante
educação nacional. Primeiramente, destacar que a garantia do padrão de
percebemos a semelhança com o que qualidade que percebemos presente nas
é apresentado também na CF/1988. A políticas educacionais após esta LDB ainda
educação não é apenas dever do Estado, causa muitas reflexões e polêmicas. Como
mas também da família, com a finalidade e quando podemos dizer que a qualidade
de desenvolvimento do educando e de ensino na educação escolar brasileira foi
seu preparo para a cidadania e para a de fato garantida?
qualificação para o trabalho. É possível perceber também que a
No segundo momento, descreve quais vinculação da educação escolar, mundo
são os princípios com os quais o ensino do trabalho e práticas sociais são citadas
brasileiro será ministrado, composto por novamente. Desta forma, de acordo com
11 incisos, também semelhante ao que a Brandão (2010), é possível afirmar que
Constituição Federal de 1988 aborda. a concepção de educação vigente nesta
Através dos princípios com os quais o LDB considera esta vinculação – educação
ensino no Brasil deve ser ministrado, é escolar, mundo do trabalho e práticas

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dos Estados e dos Municípios
sociais – como um dos pilares conceituais municípios, que deverão trabalhar em
que norteiam seus princípios, objetivos e regime de colaboração.
finalidades. O maior título da LDB é o quinto, composto
O terceiro título da LDB refere-se ao por cinco capítulos e 40 artigos. O título
direito, ao dever e às responsabilidades que trata dos níveis e das modalidades da
o Estado e a sociedade civil possuem com educação e ensino. Esta organização
relação à educação escolar. educacional em níveis e modalidades
É importante destacar neste título, de estudaremos mais adiante, de forma
acordo com Brandão (2010), que o poder detalhada.
público tem o dever de garantir vaga No sexto título, o tema abordado são os
a todas as crianças a partir dos 6 anos profissionais da educação e é composto
de idade, mas os pais têm o dever de por sete artigos. Estes artigos definem
matricular seus filhos menores. quem são os profissionais da educação
O quarto título trata da organização escolar básica, como deve acontecer a
da educação nacional. É composto por formação destes profissionais e, por fim,
13 artigos que abordam com ênfase como os sistemas de ensino promoverão a
as competências da União, estados e valorização dos profissionais da educação.

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dos Estados e dos Municípios
No sétimo título, são abordados os da educação indígena, da educação de
recursos financeiros para a educação jovens e adultos e da educação a distância.
brasileira. Este título é composto por E, por fim, o último título define as ações
10 artigos, que definem a origem dos legais com abrangência futura e, também,
recursos públicos destinados à educação; que a União deverá encaminhar, ao
quanto à União, aos estados e municípios, Congresso Nacional, o Plano Nacional de
devem destinar das receitas de seus Educação, com diretrizes e metas para os
impostos à educação; o que é considerado dez anos seguintes, em sintonia com a
manutenção e desenvolvimento do ensino; Declaração Mundial sobre Educação para
o custo mínimo por aluno para assegurar Todos. O primeiro PNE vigorou no período
um ensino de qualidade; e as regras para de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE
os recursos públicos serem dirigidos a só foi aprovado e passou a vigorar em 2014
escolas comunitárias, confessionais ou até 2024.
filantrópicas.
O PNE é compreendido como política
O penúltimo título, que se denomina pública e, resultante da luta da sociedade
“Disposições gerais”, dispõe sobre a civil, sua proposta é ser uma política de
regulamentação de questões específicas Estado. Infelizmente, durante a trajetória

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dos Estados e dos Municípios
de sua aprovação, muitos interesses Vamos resgatar um pouco o contexto
governamentais são absorvidos e, tanto o social, político e econômico para
primeiro plano como o segundo, resultam discutirmos as “orientações” que constam
em um acordo possível entre os projetos na Constituição Federal de 1988 e a Lei
em disputa no cenário da sociedade de Diretrizes e Bases da Educação nº
brasileira (DOURADO, 2006). 9.394/1996.
Resgatando o conceito do capitalismo,
Para saber mais sistema político-econômico presente
Assista ao vídeo Pedagogia Unesp – LDB Gestão
na maior parte dos países desde o seu
Democrática e Autonomia Pedagógica 2, produzido
surgimento, se refere à relação social que
pelo programa da Univesp, o qual apresenta os
pressupõe acumulação de capital.
principais aspectos da gestão democrática e O capitalismo é dividido em três grandes
autonomia pedagógica das escolas trazidos pela momentos históricos: o surgimento do
LDB. Disponível em: <http://www.youtube. capitalismo comercial com a decadência
com/watch?v=Zn_hRSknp-c>. Acesso em: 07 do sistema feudal; o capitalismo industrial
jun. 2016. que surge com a Revolução Industrial e
adquire suas características próprias;
e, o capitalismo pós-crise da década de
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1970, perdurando até os dias atuais, que passa a exigir deste sistema, para sua sobrevivência,
reformulações constantes.

As mudanças na educação brasileira após a segunda metade da década


de 1980 são marcadas pela efervescência política no país, por uma
crise do modelo econômico dos anos de ditadura, pela crescente
perda de legitimidade do Estado desenvolvimentista, pelo crescente
protagonismo da classe trabalhadora no cenário político nacional e pela
crise conjuntural da burguesia brasileira, fraturada por interesses distintos
entre suas várias frações, em especial entre as frações monopolista e não
monopolista, nacional e estrangeira, atingidas de modo distinto pelas
mudanças no processo de acumulação capitalista no âmbito mundial.
(NEVES; PRONKO, 2014, p. 131)
Neste contexto político-econômico-social é elaborada e aprovada a Constituição Federal de
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ao longo de sua tramitação no período
entre 1989 e 1996.

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Dentre muitas vitórias na Constituição de Esse contexto, que não é apenas
1988 e LDB de 1996, algumas derrotas nacional, mas mundial, guardando suas
também aconteceram. A LDB, quando especificidades históricas, provoca
foi aprovada, a classe trabalhadora já alterações substantivas nos padrões
tinha perdido espaço na disputa pela de intervenção estatal, redirecionando
hegemonia societal e educacional mecanismos de formas de gestão
para a burguesia. O marco legal da das políticas públicas e, portanto,
educação brasileira seguiu, na sua maior educacionais, em sintonia com os
parte, aos interesses e as diretrizes do organismos multilaterais.
Banco Mundial e do Fundo Monetário A gestão da educação, neste contexto,
Internacional (NEVES; PRONKO, 2014). passa a ser concebida para articular a
A educação tem como foco a formação escola pública com as novas determinações
para o trabalho a fim de desenvolver de mundialização dos mercados (SILVA,
conhecimentos e valores para suprir as 2006).
novas necessidades de produção e do A democracia é concebida como a
consumo mundialmente produzidos. participação dos cidadãos na gestão das
políticas públicas. A descentralização

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dos Estados e dos Municípios
da gestão das escolas públicas é incorporada às políticas educacionais. Conceitos como
autonomia, descentralização e equidade ganham destaque nos discursos dos governantes.
Porém, nas políticas educacionais elaboradas e implementadas, é possível identificar conceitos
de distribuição dos recursos mais escassos de acordo com as necessidades mais urgentes,
maior produtividade, distribuição das responsabilidades e uma descentralização e autonomia
com controle central (avaliações em larga escala e fiscalização).

Para saber mais


Reflita de forma crítica, levando em consideração as discussões que estamos fazendo nas disciplinas,
a partir do vídeo do Programa EDUCAÇÃO BRASILEIRA, com os professores ADRIANA BAUER, MARIA
CAROLINA RIBEIRO e ANA MARIA DOS SANTOS. Neste programa, você acompanha uma conversa sobre
os resultados do IDEB 2013 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As convidadas são a
pesquisadora Adriana Bauer (Fundação Carlos Chagas) e as educadoras Maria Carolina Jeronimo e Ana
Maria dos Santos, responsáveis pela gestão da escola Dr. Luís Arrobas Martins, a mais bem avaliada entre
as estaduais de São Paulo. A discussão se deu sobre o papel da avaliação, o que ela revela e como as
escolas lidam com a Prova Brasil, um dos componentes do Índice.

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Para saber mais
Os dados mostram um avanço do Brasil no ciclo I do Ensino Fundamental e estagnação no ciclo II e
Ensino Médio.

Disponível em: <http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-


bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html>. Acesso em: 07 jun. 2016.

2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes


Curriculares Nacionais (DCN)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são


elementos de normatização e precisam estar em harmonia com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação no 9.394, de 1996, e a Constituição Federal de 1988.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Básica representam políticas educacionais a partir das discussões que acontecem no final da
década de 1980 e questionavam a fragmentação do ensino. Porém, representam também as
diretrizes e os interesses dos Organismos Internacionais.
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dos Estados e dos Municípios
As Diretrizes Curriculares Nacionais Prisões; Educação Especial; Educação
são consideradas Leis, na forma de Indígena; Educação Quilombola; Educação
Resolução, e os Parâmetros Curriculares Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino
Nacionais considerados como referências Médio - Modalidade a Distância; Ensino
curriculares. Fundamental de Nove Anos – Ampliação.
As Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Básica são divididas
nos seus níveis de educação, sendo uma Link
DCN geral para a Educação Básica, uma Aproveite para aprofundar os seus conhecimentos
DCN específica para a Educação Infantil, visitando o site do Ministério da Educação –
uma DCN para o Ensino Fundamental e Diretrizes para a Educação Básica, no qual você
uma DCN para o Ensino Médio. Além da encontra todas as diretrizes, desde a primeira até
divisão por níveis de ensino, há também a atual, por nível e modalidade de ensino.
as DCN por modalidades da Educação
Disponível em: <http://portal.mec.
Básica. Atualmente, são: Educação das
gov.br/component/content/
Relações Étnico-Raciais; Educação de
article?id=12992:diretrizes-para-a-
Jovens e Adultos; Educação do Campo;
Educação Escolar para Populações em educacao-basica>. Acesso em: 22 maio 2016.
Situação de Itinerância; Educação nas
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dos Estados e dos Municípios
Os primeiros PCN publicados foram em 1997 e, de acordo com o documento introdutório,
trata-se de:

Uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais


sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade
educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas
escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo
curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência
político-executiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural
das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes
pedagógicas. (BRASIL, 1997, p. 13)
Os PCN estão divididos em: PCN para 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental; PCN para 5ª e
8ª séries do Ensino Fundamental; PCN para o Ensino Médio (PCNEM); e os Parâmetros para
a Educação Infantil. De forma geral, esses documentos estão organizados em uma parte
introdutória, os volumes destinados aos conteúdos específicos e os volumes destinados aos
temas transversais. As disciplinas comuns dos níveis escolares devem ser integradas a partir de

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dos Estados e dos Municípios
uma perspectiva interdisciplinar, na forma eles, outros referenciais foram e vem sendo
de temas transversais que perpassam os publicados e, atualmente, são encontrados
conteúdos das disciplinas. no Portal do Professor do Ministério da
Um fator importante a ser destacado Educação.
nesta política educacional é a lógica
internacional presente na proposta dos
PCN. A proposta de padronização curricular
Link
em todo o país está de acordo com a Aproveite para aprofundar os seus
proposta feita pela Unesco na Conferência conhecimentos conhecendo quais são os
Mundial de Educação para Todos, que parâmetros e referenciais vigentes para a
aconteceu em 1990, na Tailândia, que Educação Básica.
é a planificação educacional em todo o Disponível em: <http://portaldoprofessor.
mundo. mec.gov.br/linksCursosMateriais.
Apesar de o Ensino Fundamental ter html?categoria=23>. Acesso em: 22 maio
passado por reformulações ampliando para 2016.
9 anos a duração deste nível de ensino, os
PCN continuam em vigor, porém, junto a

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dos Estados e dos Municípios
Através das Diretrizes Curriculares
Nacionais e dos Parâmetros Curriculares
Nacionais para a Educação Básica,
conceitos e perspectivas importantes
são introduzidos na Educação Básica,
porém, muitas contradições ainda são
identificadas.
No contexto de uma gestão educacional
que se utiliza a descentralização e
autonomia (como distribuição de
responsabilidades), mascom um controle
central, os PCN e as DCN são meios
de garantir um controle. No caso dos
PCN, sem rumores sobre o processo de
descentralização e a autonomia, pois não
são obrigatórios, mas são referenciais a
serem seguidos.

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dos Estados e dos Municípios
Glossário
Parâmetros: referem-se a uma característica que possibilita comparar algo.
Diretrizes: referem-se a uma referência, um caminho, uma direção.
Interdisciplinar: refere-se à unificação do conhecimento, integração teórica e prática numa
perspectiva da totalidade.
Transdisciplinar: envolve valores, os olhares para a realidade e o pluralismo de ideias que
atravessam o currículo.

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dos Estados e dos Municípios
?
Questão
para
reflexão

Pensando na gestão de uma escola pública, como


gestores e demais educadores devem olhar para os
PCN e DCN direcionados à Educação Básica?

70/307
Considerações Finais (1/3)

• Nas últimas décadas, presenciamos transformações profundas,


decorrentes dos avanços tecnológicos, provocando uma
reordenação das sociedades e suas relações, e as formas de
organização no mundo do trabalho. Estas mudanças impactaram as
políticas educacionais implementadas.
• A Constituição de 1988 proporcionou muitos avanços para a
educação brasileira em relação às Constituições anteriores, mas
muitas discussões foram realizadas após a sua promulgação
e muitas emendas realizadas. É a partir do que a Constituição
estabelece, principalmente em seus artigos 205 a 214, que a atual
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é elaborada.
• O último título da LDB nº 9.394/96 define as ações legais com
abrangência futura e, também, que a União deverá encaminhar ao
Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes
e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração
71/307
Considerações Finais (2/3)

Mundial sobre Educação para Todos. O primeiro PNE vigorou no


período de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE só foi aprovado e
passou a vigorar em 2014 até 2023.
• O PNE é compreendido como política pública e, resultante da
luta da sociedade civil, sua proposta é ser uma política de Estado.
Infelizmente, durante a trajetória de sua aprovação, muitos
interesses governamentais são absorvidos e tanto o primeiro plano
como o segundo resultam em um acordo possível entre os projetos
em disputa no cenário da sociedade brasileira.
• Dentre muitas vitórias na Constituição de 1988 e LDB de 1996,
algumas derrotas também aconteceram. A LDB, quando foi
aprovada, a classe trabalhadora já tinha perdido espaço na disputa
pela hegemonia societal e educacional para a burguesia. O marco
legal da educação brasileira seguiu, na sua maior parte, os interesses
e as diretrizes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
72/307
Considerações Finais (3/3)

• A gestão da educação, neste contexto, passa a ser concebida


para articular a escola pública com as novas determinações de
mundialização dos mercados.
• Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Básica representam políticas
educacionais a partir das discussões que acontecem no final da
década de 1980 e questionavam a fragmentação do ensino. Porém,
representam também as diretrizes e os interesses dos Organismos
Internacionais.

73/307
Referências

BRANDÃO, C. da F. LDB passo a passo: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
9.394/96 comentada e interpretada, artigo por artigo. São Paulo: Avercamp, 2010.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1988. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 20 maio
2016.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 20
maio 2016.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.
Acesso em: 10 set. 2016.
BRASIL. Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.
pdf>. Acesso em: 10 set. 2016.

DELORS, J. (coord.). Educação: um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão


Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília: UNESCO, 2010.

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dos Estados e dos Municípios
DOURADO, L. F. Plano nacional de educação: avaliações e retomada do protagonismo da sociedade
civil organizada na luta pela educação. In: Políticas públicas e gestão da educação: polêmicas,
fundamentos e análises / Naura Syria Carapeto Ferreira (Organizadora) [et al.]. Brasília: Líber
Livro Editora, 2006.
LUCENA, Carlos; OMENA, Adriana; LIMA, Antônio Bosco de. Trabalho, Estado e Educação:
considerações. Uberlândia: Navegando Publicações, 2016.
MARTINS. A. M. Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino médio: avaliação de documentos.
Cadernos de Pesquisa, n. 109, p. 67-87, mar. 2000.
NEVES, L. M. W. PRONKO, M A. Formação para o trabalho: história e método. Mundialização do
trabalho, transição histórica e reformismo educacional/ José Claudinei Lombardi, Carlos Lucena,
Fabiane Santana Previtali (orgs.) [et al.]. Campinas, SP: Librum Editora, 2014.
OLIVEIRA, R. P. de. Da universalização do ensino fundamental ao desafio da qualidade: uma
análise histórica. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, p. 661-690, out. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300003&lng=pt&
nrm=iso>. Acesso em: 30 maio 2016.

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dos Estados e dos Municípios
SANTOS, P. S. M. B. dos. Guia prático da política educacional no Brasil: ações, planos, programas
e impactos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
SILVA, S. R. da. Gestão da educação nos anos 90: equidade e conservadorismo. In: Políticas
públicas e gestão da educação: polêmicas, fundamentos e análises / Naura Syria Carapeto
Ferreira (Organizadora) [et al.]. Brasília: Líber Livro Editora, 2006.

Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União,


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dos Estados e dos Municípios
Questão 1
1. A Constituição Federal de 1988 possui, no Capítulo III, Seção I, o título “Da
Educação”, através dos artigos 205 a 214. O artigo 205 aborda em seu texto a
concepção de educação. Qual é essa concepção?

a) A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada


estritamente pelo Governo Federal, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
b) A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
c) A educação, direito de todos e dever exclusivamente do Estado, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
d) A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para as artes, a filosofia e a teologia.

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Questão 1

e) A educação, direito de todos e dever da Igreja e da família, será promovida e incentivada


pelo Estado, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua religiosidade.

78/307
Questão 2
2. O artigo 206, da Constituição, aborda os princípios da educação
brasileira. O que podemos considerar como princípios que constam neste
artigo?

a) Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos


de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
das redes públicas; gestão centralizadora; piso salarial diferenciado por regiões para os
profissionais da educação escolar pública.
b) Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade; progressiva universalização do ensino médio gratuito; atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
c) Igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola; liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

79/307
Questão 2

d) Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um; oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando; atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio
de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
e) Igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola; limitar e supervisionar a
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; ideias
reguladas com parâmetros e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

80/307
Questão 3
3. O artigo 211, da Constituição de 1988, estabelece as funções de
cada ente federativo com relação ao sistema de ensino. Como estão
estabelecidas?

a) A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições


de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva
e supletiva aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios; os municípios atuarão
prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil; os estados e o Distrito
Federal atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio.
b) A União atuará prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil; os
municípios organizarão o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiarão as
instituições de ensino públicas federais e exercerão, em matéria educacional, função
redistributiva e supletiva aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios; os estados e o
Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio.
c) A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições
de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva
e supletiva aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios; os municípios atuarão
81/307
Questão 3

prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio; os estados e o Distrito Federal atuarão


prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil.
d) A União organizará o sistema federal de ensino apenas, sem nenhum dever com estados e
municípios; os municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação
Infantil; os estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e
Médio.
e) A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições
de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e
supletiva aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios; os municípios atuarão somente
nas creches e na Educação Infantil; os estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
no Ensino Fundamental e Médio.

82/307
Questão 4
4. O primeiro título da Lei denomina-se “Da Educação” e é apresentada a
definição de educação adotada. Qual é a definição?

a) A educação é entendida como os processos formativos que podem acontecer somente na


vida familiar e nas instituições de ensino e pesquisa.
b) A educação é entendida a partir dos princípios de liberdade e dos ideais de solidariedade
humana, para compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do
Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade.
c) A educação é entendida como formação necessária ao desenvolvimento do indivíduo nas
potencialidades como elemento de autorrealização, qualificação para o trabalho e preparo
para o exercício consciente da cidadania.
d) A educação é entendida com foco na pesquisa, no desenvolvimento das ciências, letras e
artes e na formação de profissionais.
e) A educação é entendida como os processos formativos que podem acontecer nas mais
variadas instâncias da sociedade: vida familiar, convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.
83/307
Questão 5
5. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação básica são divididas
nos seus níveis de educação, sendo uma DCN geral para a Educação
Básica, uma DCN específica para a Educação Infantil, uma DCN para o
Ensino Fundamental e uma DCN para o Ensino Médio. Além da divisão por
níveis de ensino, há também as DCN por modalidades da educação básica.
Atualmente, quais são?

a) Educação das Relações Étnico-Raciais; Educação de Jovens e Adultos; Educação da Terceira


Idade; Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância; Educação nas Prisões;
Educação Especial; Educação Indígena; Educação Quilombola; Educação Profissional de
Nível Técnico; EJA e Ensino Médio - Modalidade a Distância; Ensino Fundamental de Nove
Anos – Ampliação.
b) Educação das Relações Étnico-Raciais; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo;
Educação Escolar para Moradores de Rua; Educação Especial; Educação Indígena; Educação
Quilombola; Educação Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino Médio - Modalidade a
Distância; Ensino Fundamental de Nove Anos – Ampliação.

84/307
Questão 5

c) Educação das Relações Étnico-Raciais; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo;


Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância; Educação nas Prisões;
Educação Especial; Educação Indígena; Educação Quilombola; Educação Profissional de
Nível Técnico; EJA e Ensino Médio - Modalidade a Distância; Ensino Fundamental de Nove
Anos – Ampliação.
d) Educação das Relações Humanas; Educação de Jovens e Adultos; Educação Urbana;
Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância; Educação nas Prisões;
Educação Especial; Educação Indígena; Educação Quilombola; Educação Profissional de
Nível Técnico; EJA e Ensino Médio - Modalidade a Distância; Ensino Fundamental de Nove
Anos – Ampliação.
e) Educação do Trânsito; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo; Educação
Escolar para Desempregados; Educação nas Prisões; Educação Especial; Educação
Indígena; Educação Quilombola; Educação Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino Médio
- Modalidade a Distância; Ensino Fundamental de Nove Anos – Ampliação.

85/307
Gabarito
1. Resposta: B. 2. Resposta: C.

A Constituição Federal de 1988 possui, O artigo 206, da Constituição, aborda


no Capítulo III, Seção I, o título “Da os princípios da educação brasileira. Os
Educação”, através dos artigos 205 a princípios são:
214. O artigo 205 aborda em seu texto I - igualdade de condições para o acesso
a concepção de educação: “A educação, e permanência na escola; II - liberdade
direito de todos e dever do Estado e da de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
família, será promovida e incentivada com o pensamento, a arte e o saber; III -
a colaboração da sociedade, visando ao pluralismo de ideias e de concepções
pleno desenvolvimento da pessoa, seu pedagógicas, e coexistência de
preparo para o exercício da cidadania e instituições públicas e privadas de ensino;
sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, IV - gratuidade do ensino público em
1988). estabelecimentos oficiais; V - valorização
dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos
86/307
Gabarito
das redes públicas; (Redação dada pela de ensino públicas federais e exercerá, em
Emenda Constitucional nº 53, de 2006); matéria educacional, função redistributiva
VI - gestão democrática do ensino público, e supletiva aos estados, ao Distrito Federal
na forma da lei; VII - garantia de padrão de e aos municípios; os municípios atuarão
qualidade; VIII - piso salarial profissional prioritariamente no Ensino Fundamental e
nacional para os profissionais da educação na Educação Infantil; os estados e o Distrito
escolar pública, nos termos de lei federal. Federal atuarão prioritariamente no Ensino
(Incluído pela Emenda Constitucional nº Fundamental e Médio.
53, de 2006). (BRASIL, 1988)
4. Resposta: E.
3. Resposta: A.
A educação é entendida como os processos
O artigo 211, da Constituição de 1988, formativos que podem acontecer nas mais
estabelece as funções de cada ente variadas instâncias da sociedade: vida
federativo com relação ao sistema familiar, convivência humana, no trabalho,
de ensino da seguinte forma: a União nas instituições de ensino e pesquisa,
organizará o sistema federal de ensino e o nos movimentos sociais e organizações
dos Territórios, financiará as instituições da sociedade civil e nas manifestações
culturais.
87/307
Gabarito
5. Resposta: C. Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino
Médio - Modalidade a Distância; Ensino
As Diretrizes Curriculares Nacionais Fundamental de Nove Anos – Ampliação.
para a Educação Básica são divididas
nos seus níveis de educação, sendo uma
DCN geral para a Educação Básica, uma
DCN específica para a Educação Infantil,
uma DCN para o Ensino Fundamental e
uma DCN para o Ensino Médio. Além da
divisão por níveis de ensino, há também
as DCN por modalidades da Educação
Básica. Atualmente, são: Educação das
Relações Étnico-Raciais; Educação de
Jovens e Adultos; Educação do Campo;
Educação Escolar para Populações em
Situação de Itinerância; Educação nas
Prisões; Educação Especial; Educação
Indígena; Educação Quilombola; Educação

88/307
Unidade 3
As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE

Objetivos

1. Compreender o financiamento
da educação nacional após a
Constituição Federativa de 1988.
2. Reconhecer, por meio de análises
críticas, qual é a concepção de
política educacional, com foco na
gestão educacional, no contexto das
últimas três décadas.
3. Conhecer os principais fundos de
financiamento da Educação Básica no
Brasil atualmente e como eles atuam.
89/307
Introdução

Nesta aula, vamos estudar sobre o financiamento da educação básica no Brasil.


Primeiramente, é importante destacar que Financiamento e Gestão da Educação são políticas
indissociáveis ao longo da história da educação pública no Brasil. O financiamento da educação
brasileira começou a ser definido no Brasil Colonial, período em que foram destinadas
responsabilidades às províncias a fim de assumirem os encargos com a educação e a divisão de
responsabilidades (BARROS; MOREIRA, 2012).

Pinto destaca que a política para o financiamento da educação, no


decorrer da história compreendeu três períodos: a) de 1549 a 1759,
período que os Jesuítas tiveram exclusividade na educação pública e
assinalou-se um afastamento da Coroa em relação ao financiamento
da educação; b) da expulsão dos Jesuítas até o fim da República Velha
(1930) na qual ocorreu à busca de fontes autônomas para a educação e a
educação esteve por conta das dotações orçamentárias dos governos dos
Estados e das Câmaras Municipais; e, c) da Constituição Federal de 1934
até a atualidade, caracterizado pela vinculação de um percentual mínimo
de recursos tributários para a educação. (BARROS; MOREIRA, 2012, p. 195)
90/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Desta forma, é possível afirmar que o parte do conjunto de acordos e interesses
financiamento da escola pública inicia com Organismos Internacionais a partir da
à medida que existe a necessidade de década de 1990. O FUNDEF foi criado em
recursos para a educação acontecer e 1998 com o objetivo de corrigir a distorção
a gestão desses recursos, no sentido dos recursos aplicados à educação e tornar
de como e onde deve ser aplicado, a aplicação dos recursos mais justa em
paralelamente crescem juntos. todo o território nacional.
Atualmente, os fundos que regulam boa
parte dos recursos destinados à educação
básica são o Fundo de Manutenção e
Para saber mais
Assista ao vídeo FUNDEF (1/2). O programa
Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da discute o financiamento da educação através
Educação (FUNDEB) e o Fundo Nacional do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ensino Fundamental e de Valorização do
que correspondem a políticas públicas de Magistério. O FUNDEF vigorou até 2006.
caráter redistributivo. Disponível em: <https://www.youtube.com/
O FUNDEF e, depois, FUNDEB passam a watch?v=139kLRpToAI&list=PLF4A1F1FCA-
existir após a LDB nº 9.394/96. Fazem 490C22E>. Acesso em: 1º jul. 2016.

91/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
A LDB nº 9.394/96 traz em seu texto o TÍTULO VII, que aborda os recursos financeiros que são
destinados à educação brasileira. A origem destes recursos, segundo a LDB, é:

I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal


e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras
transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições
sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em
lei. (BRASIL, 1996)
Os destaques importantes a serem feitos sobre o financiamento da educação contidos na LDB
nº 9.394/96 atualizada são cinco, os quais apresento a seguir.
A União deve aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o Distrito Federal e
os municípios, vinte e cinco por cento na manutenção e desenvolvimento do ensino público
(BRASIL, 1996).
Como manutenção e desenvolvimento do ensino, as despesas realizadas devem se destinar
à(ao): I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais
da educação; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e
92/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
equipamentos necessários ao ensino; III a prestação de contas de recursos
– uso e manutenção de bens e serviços públicos, cumpre o disposto no art. 212, da
vinculados ao ensino; IV - levantamentos Constituição Federal; no art. 60, do Ato das
estatísticos, estudos e pesquisas visando Disposições Constitucionais Transitórias; e
precipuamente ao aprimoramento da na legislação concernente (BRASIL, 1996).
qualidade e à expansão do ensino; V - A União, em colaboração com os estados,
realização de atividades-meio necessárias o Distrito Federal e os municípios,
ao funcionamento dos sistemas de ensino; estabelecerá padrão mínimo de
VI - concessão de bolsas de estudo a oportunidades educacionais para o Ensino
alunos de escolas públicas e privadas; VII Fundamental, baseado no cálculo do custo
- amortização e custeio de operações de mínimo por aluno, capaz de assegurar
crédito destinadas a atender ao disposto ensino de qualidade. Para isso, o custo
nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de mínimo por aluno será calculado pela
material didático-escolar e manutenção de União ao final de cada ano, com validade
programas de transporte escolar (BRASIL, para o ano subsequente, considerando
1996). variações regionais no custo dos insumos e
A necessidade e obrigatoriedade de as diversas modalidades de ensino (BRASIL,
existir órgãos fiscalizadores, garantindo 1996).
93/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Os recursos públicos serão destinados às gestão democrática do ensino público e
escolas públicas, podendo ser dirigidos uma distribuição igualitária e justa dos
a escolas comunitárias, confessionais ou recursos públicos. As mudanças da política
filantrópicas que: I - comprovem finalidade de financiamento da educação básica
não-lucrativa e não distribuam resultados, mobilizaram novos sujeitos para o debate
dividendos, bonificações, participações ou sobre investimentos em educação, como os
parcela de seu patrimônio sob nenhuma sindicatos de trabalhadores da educação,
forma ou pretexto; II - apliquem seus as organizações não governamentais e,
excedentes financeiros em educação; III - certamente, são pauta das diferentes
assegurem a destinação de seu patrimônio associações de gestores educacionais.
a outra escola comunitária, filantrópica Uma discussão que aparece com os novos
ou confessional, ou ao Poder Público, no sujeitos na questão do financiamento da
caso de encerramento de suas atividades; educação nacional é a necessidade de
IV - prestem contas ao Poder Público dos ampliação dos recursos. Porém, o PNE
recursos recebidos (BRASIL, 1996). aprovado pela Lei nº 10.172/2001 teve a
Desde meados da década de 1980, os meta referente à ampliação de recursos
esforços dos movimentos pela educação vetada pelo governo da época, e este
buscam uma efetivação do princípio da veto nunca foi derrubado no Congresso
94/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Nacional. O que explica, em parte, o descentralização da gestão, com foco
veto àquela meta é a hegemonia de uma em responsabilização e, no caso do
concepção de política educacional, cujo financiamento da educação, ser eficiente
diagnóstico dos problemas educacionais no controle das despesas e investimentos
sustentava-se na tese de que estes com o que se tem.
problemas eram decorrentes da qualidade
dos gastos, e não da quantidade de
recursos. Concepção presente nas
políticas educacionais brasileiras
(GOUVEIA; SOUZA, 2010).
Uma discussão importante de ressaltar
nesta aula é a ênfase numa gestão com
vistas à superação das desigualdades
para manutenção da política de fundos.
Ou seja, novamente identificamos a

95/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Para saber mais
Assista ao vídeo da série EDUCAÇÃO BRASILEIRA 176 (Univesp), com os professores FRANCISCO
APARECIDO CORDÃO E MOZART NEVES RAMOS.

O Brasil avançou nos investimentos públicos em educação nos últimos anos, mas o gasto por aluno ainda
é um terço do que dispendem os países desenvolvidos, como Finlândia, Alemanha e Estados Unidos. A
informação é da OCDE, organização internacional responsável pelo relatório chamado Education at a
glance. Para falar sobre isso, o programa Educação Brasileira convidou os professores Francisco Aparecido
Cordão (Conselho Nacional de Educação) e Mozart Neves Ramos (Instituto Ayrton Senna).

Disponível em: <http://tvcultura.com.br/videos/34411_educacao-brasileira-176-francisco-


aparecido-cordao-e-mozart-neves-ramos.html>. Acesso em: 07 jun. 2016.

Vamos compreender melhor os fundos que regulam boa parte dos recursos destinados à
educação – o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE)?

96/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
1. Fundo de Manutenção e estabelecida para o período 2007-2020.
Desenvolvimento da Educação Sua implantação começou em 1º de janeiro
Básica e de Valorização dos de 2007 e foi plenamente concluída em
2009.
Profissionais da Educação
(FUNDEB)
Link
O Fundo de Manutenção e Aprofunde seus estudos consultando a Lei nº
Desenvolvimento da Educação iniciou com 11.494, de 20 de junho de 2007. Esta lei regulamenta
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
do Ensino Fundamental e de Valorização Educação Básica e de Valorização dos Profissionais
dos Profissionais da Educação (FUNDEF), da Educação. (FUNDEB).
que vigorou no período de 1998 a 2006.
Disponível em: <https://www.fnde.gov.
A partir da Emenda Constitucional nº
br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.
53/2006 e regulamentado pela Lei nº
php?acao=abrirAtoPublico&sgl_
11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007,
tipo=LEI&num_ato=00011494&seq_
ocorre a ampliação deste fundo, sendo
ato=000&vlr_ano=2007&sgl_orgao=NI>.
instituído o FUNDEB, que passa a atender
Acesso em: 07 jun. 2016.
toda a educação básica, com vigência
97/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
O FUNDEB atende a toda a educação básica. Segundo Santos (2012), o FUNDEB é um fundo
contábil, sendo que 80% dele é formado por receitas de impostos oriundas de estados e
municípios e destinados à educação. Os recursos que financiam o FUNDEB são compostos por
percentuais de transferências das seguintes receitas:

• 20% do Fundo de Participação dos Estados (FPE);

• 20% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM);


• 20% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);

• 20% do Imposto de desoneração sobre Produtos Industrializados


proporcional às exportações (IPlexp), Desoneração das Exportações (LC n.
87/96);

• 20% do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD);

• 20% do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (Ipva);

• 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devido aos municípios. (SANTOS,


2012, p. 66)
98/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Além dos recursos mencionados, as responsabilização civil, dos tribunais
dívidas e os juros sobre os impostos de contas (responsáveis por apurar
citados acima, a União, de acordo com irregularidades contábeis) e do Ministério
a Lei nº 11.494/2007, complementará Público (responsável pelo zelo à ordem
os recursos do fundo sempre que o valor jurídica, no que se refere à aplicação e ao
médio ponderado por aluno não alcançar o controle dos recursos do fundo) (SANTOS,
mínimo definido nacionalmente. 2012).
As despesas do FUNDEB devem ser
utilizadas com a remuneração do
magistério (60%) e com outras despesas de
manutenção da educação (40%).
O FUNDEB possui mecanismos de
acompanhamento e fiscalização através
dos conselhos do FUNDEB compostos por
membros indicados pelo Poder Executivo
dos respectivos entes federativos (estados
e municípios) baseados na política de

99/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Para saber mais
Leia o estudo: SALES, Luis Carlos; SOUZA, Antônia Melo de. O custo do aluno da Educação Infantil de
Teresina: Entre a realidade do Fundeb e o sonho do CAQi? Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 32,
n. 1, jan./mar. 2016.

Este artigo faz uma contextualização da política educacional brasileira, enfatizando as políticas de
fundo (FUNDEF e FUNDEB); apresenta histórico do processo de municipalização e o estudo do custo
aluno/ano da Educação Infantil em Teresina, em 2012. Por meio do método de ingredientes, calculou-
se o custo aluno/ano, estabelecendo-se um plano de coleta e envolvendo seis categorias relacionadas
aos custos diretos de funcionamento das pré-escolas. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
edur/v32n1/1982-6621-edur-32-01-00055.pdf>. Acesso em: 1º maio 2016.

É importante ressaltar algumas inconsistências do FUNDEB enquanto política educacional.


Primeiramente, a política de responsabilização ligada à descentralização da gestão educacional
e sociedade civil. Há um conselho para fiscalização do FUNDEB e os membros são indicados
pela autoridade do Poder Executivo local, e não por meio de processos eleitorais ou assembleias
com ampla participação popular. A legislação do FUNDEB estabelece todas as características

100/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
dos conselhos no que se refere à sua 2. Fundo Nacional de
composição, mas não há nenhuma Desenvolvimento da Educação
regulamentação à necessidade da
divulgação pública de sua composição ou O Fundo Nacional de Desenvolvimento da
de suas ações durante o mandato obtido Educação (FNDE) é uma autarquia federal
por seus representantes. Estes gargalhos criada pela Lei nº 5.537/1968 e alterada
acabam comprometendo a transparência pelo Decreto-Lei nº 872/1969. O FNDE é
com relação aos recursos e sua distribuição vinculado ao Ministério da Educação e tem
adequada e justa. como objetivo executar ações de apoio à
Será que o financiamento na educação educação básica e prestar auxílio financeiro
brasileira investe de fato nas melhorias, e técnico aos governos subnacionais.
visando a uma educação com projeto É, também, responsável pelo apoio e
a longo prazo para uma qualidade com financiamento de projetos de ensino e
foco na emancipação dos indivíduos, pesquisa, incluindo, além da educação
ou será que estamos discutindo uma básica, o Ensino Superior e o Ensino
educação compensatória, mínima, para a Técnico (FNDE, 2016).
manutenção dos meios de produção? O FNDE tornou-se o maior parceiro do
Estado brasileiro, visando alcançar a
101/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
melhoria e garantir uma educação de (transporte escolar), PNBE (biblioteca na
qualidade a todos, em especial à educação escola), PNLD (livro didático), Proinfância
básica da rede pública. (Programa nacional de reestruturação
Os diversos projetos e programas em e aquisição de equipamentos para rede
execução com financiamento do FNDE escolar pública de educação infantil) e
envolvem: Alimentação Escolar, Livro Proinfo (Programa Nacional de Tecnologia
Didático, Dinheiro Direto na Escola, Educacional).
Biblioteca da Escola, Transporte do Escolar,
Caminho da Escola, Reestruturação e
Aquisição de Equipamentos para a Rede Link
Escolar Pública de Educação Infantil. Acesse o site do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), o qual
Alguns programas em andamento que
contempla todas as informações referentes ao
podemos encontrar no site do FNDE são:
FNDE, como suas ações, programas, sistemas,
Brasil Carinhoso, Brasil Profissionalizado,
entre outros.
Caminho da Escola, PAR (plano de ações
articuladas), PDDE (dinheiro direto na Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/>.
escola), PNAE (alimentação escolar), PNATE Acesso em: 06 jun. 2016.

102/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
É importante ressaltar, com relação ao federal em apoiar o desenvolvimento de
FNDE, duas contradições: a sua estrutura escolas na zona rural nos estados, sob a
detalhada, complexa e bastante avançada forma de adesão e de contrapartida (CURY,
com relação aos dados informatizados e, 2007).
que por falta de treinamento e formação Em 1996, foi aprovada a Emenda
específica de muitos gestores, grande Constitucional nº 14/96, da Constituição
parte dos recursos são desperdiçados. Federativa de 1998, de onde deriva a Lei nº
E, como já foi colocado anteriormente, 9.424/96, que regulamenta o FUNDEF.
ainda há muitos gargalhos e ineficiência
na fiscalização e na transparência É por meio das estatísticas da educação
da prestação de contas dos gastos e em geral e, especialmente, no Ensino
investimentos. Fundamental, apresentando resultados
intoleráveis, o conhecimento de
A história do financiamento da educação um processo histórico-educacional
pelo Estado não é recente, desde o início do claramente seletivo e elitista e a política
século XX, pela via da União, comparece de de descontinuidade administrativa nas
modo pontual e precário em ordenamentos políticas educacionais dos governos, que
jurídicos negociados com os estados. É o acende, entre acadêmicos e profissionais,
caso, por exemplo, da iniciativa do governo
103/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
a consciência da importância da educação. da descentralização como forma
Portanto, a Constituição da República democrática de ação da sociedade civil,
de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da uma desconcentração das funções do
Educação Nacional de 1996 conferem Estado, especialmente na área social, para
relevância à educação, elevando-a à as organizações não-governamentais,
categoria de princípio e de direito social, o terceiro setor e as organizações da
articulando-a com a proteção à cidadania e sociedade civil de interesse público.
com a dignidade da pessoa humana, o que Por meio de metas centralizadas no
é o mínimo necessário (CURY, 2007). âmbito do Núcleo Estratégico do
A criação do FUNDEF representou um maior Estado e financiamento por contrato de
disciplinamento dos recursos vinculados gestão, desenvolveriam as funções que
e subvinculados, inclusive, para efeito de historicamente sempre estiveram na
destinação do financiamento. competência do Estado (GOUVEIA; SOUZA,
2010).
A reforma do aparelho de Estado mostrou,
por meio da gestão do fundo público
direcionada para o financiamento de
políticas de toda ordem, com a bandeira

104/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Glossário
Financiamento: refere-se ao provimento de recursos, fundos e receitas.
Autarquia: refere-se à autonomia sobre si mesmo.
Receitas: refere-se ao que é recebido, arrecadado, apurado.
Fundo contábil: é o patrimônio que uma pessoa ou entidade mantém destinado a uma
finalidade específica.

105/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
?
Questão
para
reflexão

O que o financiamento da educação significa, em


matéria de dever do Estado, em suas políticas públicas
para com a educação?

106/307
Considerações Finais (1/2)

• Atualmente, os fundos que regulam boa parte dos recursos destinados


à educação básica são o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB)
e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que
correspondem a políticas públicas de caráter redistributivo.
• O FUNDEF e, depois, FUNDEB passam a existir após a LDB nº 9.394/96.
Fazem parte do conjunto de acordos e interesses com Organismos
Internacionais a partir da década de 1990.
• De acordo com a LDB nº 9.394/96, em seu texto TÍTULO VII, a origem
dos recursos financeiros que são destinados à educação brasileira são:
I - receita de impostos próprios da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras
transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições
sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei.
107/307
Considerações Finais (2/2)
• O FUNDEB atende a toda a educação básica e 80% do fundo contábil é
formado por receitas de impostos oriundas de estados e municípios e
destinados à educação. Além destes recursos, as dívidas e os juros sobre
estes impostos e a complementação da União sempre que o valor médio
ponderado por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
• As despesas do FUNDEB devem ser utilizadas com a remuneração do
magistério (60%) e com outras despesas de manutenção da educação
(40%).
• O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma
autarquia federal, vinculada ao Ministério da Educação, e tem como
objetivo executar ações de apoio à educação básica e prestar auxílio
financeiro e técnico aos governos subnacionais. É, também, responsável
pelo apoio e financiamento de projetos de ensino e pesquisa, incluindo,
além da educação básica, Ensino Superior e o Ensino Técnico.
108/307
Referências

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
BARROS, F. P.; MOREIRA, J. A. da S. As políticas para o financiamento da educação básica pública
no Brasil: primeiras aproximações. Revista Percurso - NEMO Maringá, v. 4, n. 2, p. 193- 207, 2012
CURY, Carlos Roberto Jamil. Estado e políticas de financiamento em educação. Educ. Soc.,
Campinas, v. 28, n. 100, p. 831-855, out. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30
maio 2016.
FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Disponível em: <http://www.fnde.gov.
br/>. Acesso em: 10 set. 2016.

GOUVEIA, Andréa Barbosa; SOUZA, Ângelo Ricardo De. Perspectivas e desafios no debate sobre
financiamento e gestão da educação: da CONAE a um novo PNE. Educ. Soc., Campinas, v. 31,
n. 112, p. 789-807, set. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-73302010000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 maio 2016.

LUCENA, Carlos; OMENA, Adriana; LIMA, Antônio Bosco de. Trabalho, Estado e Educação:
considerações. Uberlândia: Navegando Publicações, 2016.

109/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
SANTOS, P. S. M. B. dos. Guia prático da política educacional no Brasil: ações, planos, programas
e impactos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
SUZART, Janilson Antonio da Silva. O impacto da desvinculação de receitas nos gastos com
educação da União: uma análise entre os anos de 1994 a 2012. Rev. Adm. Pública, Rio
de Janeiro, v. 49, n. 4, p. 869-888, ago. 2015. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122015000400869&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30
maio 2016.

110/307 Unidade 3 • As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação:
FUNDEB, FUNDEF e FNDE
Questão 1
1. A União deve aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o
Distrito Federal e os municípios, vinte e cinco por cento na manutenção e no
desenvolvimento do ensino público. Como manutenção e desenvolvimento
do ensino, as despesas realizadas devem se destinar à(ao):

a) Remuneração de todos os profissionais da administração; Livro Didático; Dinheiro Direto na


Escola; Biblioteca da Escola.
b) Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;
aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos
necessários ao ensino; uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino.
c) Fomentação de pesquisas educação e expansão da educação básica e ensino superior;
concessão de bolsas de estudo aos alunos melhor classificados para o ensino superior;
aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.
d) Reestruturação e aquisição de equipamentos para a rede escolar pública de Educação
Infantil; e investimento nos recursos tecnológicos de ponta.

111/307
Questão 1

e) Aperfeiçoamento dos auxiliares dos profissionais da educação; troca das instalações


e equipamentos de acordo com os avanços tecnológicos; uso e manutenção de bens e
serviços vinculados ao ensino.

112/307
Questão 2
2. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação iniciou com
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEF), que vigorou no
período de 1998 a 2006. A partir da Emenda Constitucional nº 53/2006, o
FNDEB é regulamentado por quais leis?

a) Regulamentado pela Lei nº 9.424/1996 e pelo Decreto nº 6.253/1996.


b) Regulamentado pela Lei nº 9.394/1996 e pelo Decreto nº 6.253/1996.
c) Regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007.
d) Regulamentado pela Lei nº 4.024/1996 e pelo Decreto nº 6.253/1996.
e) Regulamentado pela Lei nº 11.590/1996 e pelo Decreto nº 6.253/1996.

113/307
Questão 3
3. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma
autarquia federal criada por quais leis?

a) Lei nº 5.5540/1968 e alterada pelo Decreto-Lei nº 872/1969.


b) Lei nº 4.024/1961 e alterada pelo Decreto-Lei nº 872/1969.
c) Lei nº 5.537/1968 e alterada pelo Decreto-Lei nº 965/1972.
d) Lei nº 5.537/1968 e alterada pelo Decreto-Lei nº 872/1969.
e) Lei nº 5.692/1972 e alterada pelo Decreto-Lei nº 872/1975.

114/307
Questão 4
4. Os recursos do FNDE são aplicados na educação básica de que forma?

a) Para manutenção e desenvolvimento da educação básica e remuneração condigna dos


trabalhadores da educação, devendo ser instituídos no âmbito de competência de cada um
dos municípios da Federação.
b) Para executar ações de apoio à educação básica e prestar auxílio financeiro e técnico aos
governos subnacionais e responsável pelo apoio e financiamento de projetos de ensino e
pesquisa.
c) Exclusivamente, no pagamento dos professores.
d) Remuneração dos profissionais do magistério da educação e na remuneração dos
participantes do Conselho Escolar.
e) Como bolsa de estudo para o aluno da escola pública estadual e municipal.

115/307
Questão 5
5. Em 1996, é aprovada a Lei nº 9.424, instituindo o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério. Qual é a sigla deste Fundo?

a) FUNDEB.
b) FUNDEP.
c) FUNDEF.
d) FUNDEC.
e) FUNDAC.

116/307
Gabarito
1. Resposta: B. alunos de escolas públicas e privadas; VII
- amortização e custeio de operações de
Como manutenção e desenvolvimento crédito destinadas a atender ao disposto
do ensino, as despesas realizadas devem nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de
se destinar à(ao): I - remuneração e material didático-escolar e manutenção de
aperfeiçoamento do pessoal docente programas de transporte escolar.
e demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção 2. Resposta: C.
e conservação de instalações e
equipamentos necessários ao ensino; III O Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação iniciou com
– uso e manutenção de bens e serviços
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
vinculados ao ensino; IV - levantamentos
do Ensino Fundamental e de Valorização
estatísticos, estudos e pesquisas visando
dos Profissionais da Educação (FUNDEF),
precipuamente ao aprimoramento da
que vigorou no período de 1998 a 2006.
qualidade e à expansão do ensino; V - A partir da Emenda Constitucional nº
realização de atividades-meio necessárias 53/2006 e regulamentado pela Lei nº
ao funcionamento dos sistemas de ensino; 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007
VI - concessão de bolsas de estudo a ocorre a ampliação deste fundo, sendo

117/307
Gabarito
instituído o FUNDEB, que passa a atender de ensino e pesquisa, incluindo, além da
toda a educação básica, com vigência educação básica, o ensino superior e o
estabelecida para o período 2007-2020. ensino técnico.

3. Resposta: D. 5. Resposta: C.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Em 1996, é aprovada a Lei nº 9.424,
Educação (FNDE) é uma autarquia federal instituindo o Fundo de Manutenção e
criada pela Lei nº 5.537/1968 e alterada Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
pelo Decreto-Lei nº 872/1969. de Valorização do Magistério – FUNDEF.

4. Resposta: B.
O FNDE é vinculado ao Ministério da
Educação e tem como objetivo executar
ações de apoio à educação básica e prestar
auxílio financeiro e técnico aos governos
subnacionais. É, também, responsável
pelo apoio e financiamento de projetos
118/307
Unidade 4
Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica:
Objetivos, Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares

Objetivos

1. Compreender a organização da Educação Nacional


após a Constituição de 1988 e as principais
concepções embutidas.
2. Compreender as principais reformas realizadas na
educação básica, seus princípios e objetivos.
3. Adquirir condições de análise crítica sobre as reformas
educacionais a partir da década de 1990 e qual o
papel das diretrizes educacionais neste contexto.
4. Identificar e compreender quais são as principais
características da gestão educacional neste cenário e
quais são os pontos positivos e negativos.

119/307
Introdução
Vamos discutir nesta aula a Organização da Na Organização da Educação Nacional,
Educação Nacional a partir da Constituição em instâncias maiores, temos o Conselho
Federativa promulgada em 5 de outubro de Nacional de Educação (CNE), a Lei de
1988. A discussão será realizada de forma Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o
crítica e reflexiva, levando em consideração Plano Nacional de Educação (PNE).
os seus objetivos, princípios, concepções e
De acordo com o Ministério da
diretrizes curriculares.
Educação, o CNE tem por missão a busca
Vimos nas aulas anteriores que, a partir democrática de alternativas e mecanismos
de meados da década de 1980, com os institucionais que possibilitem, no
movimentos com foco na democratização âmbito de sua esfera de competência,
do país, mudanças significativas assegurar a participação da sociedade
acontecem nas esferas política, econômica, no desenvolvimento, aprimoramento e
social e cultural, mesmo deixando de consolidação da educação nacional de
considerar questões importantes para qualidade. As atribuições do Conselho
uma sociedade democrática de fato. são normativas, deliberativas e de
Essas transformações impactaram de assessoramento ao Ministro de Estado da
forma intensa a Organização da Educação Educação, no desempenho das funções
Nacional, indicando os rumos para onde o e atribuições do poder público federal
Estado deseja caminhar. em matéria de educação, cabendo-
120/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
lhe formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino, velar
pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no
aprimoramento da educação brasileira. Trata-se de um órgão de Estado e não de governo.
Deve, pois, como ocorre com os poderes Legislativo e Judiciário, gozar de autonomia financeira
e administrativa, não podendo ficar, como hoje ocorre, na dependência total do Executivo
(SAVIANI, 2010).
A LDB nº 9.394/1996 estabelece a Organização da Educação Nacional em seu texto da
seguinte forma:

O Titulo IV da LDB, denominado “Da Organização da Educação Nacional”, tem início


com a reprodução do caput do artigo 211 da Constituição Federal, que estipula como
tarefa da União, dos estados/Distrito Federal e dos municípios, a organização, em regime
de colaboração, dos seus sistemas de ensino (art. 8º). Em seguida, são definidas as
atribuições da União (art. 9º), dos estados e do Distrito Federal (art. 10), dos municípios
(art. 11), dos estabelecimentos de ensino (art. 12) e dos docentes (art. 13). Determina-
se também a abrangência dos sistemas de ensino federal (art. 16), estaduais, do Distrito
Federal (art. 17) e dos municípios (art. 18) e se conclui com a classificação das instituições
de ensino em públicas e privadas (art. 19) e a especificação das categorias em que se
enquadram as instituições privadas de ensino (art. 20). (SAVIANI, 2010, p. 774)
121/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
E, por fim, o Plano Nacional de Educação públicos em educação como proporção
(PNE), atualmente, aprovado na Lei nº do Produto Interno Bruto (PIB), que
13.005, de 25 de junho de 2014. Este assegure atendimento às necessidades
Plano possui como diretrizes: erradicação de expansão, com padrão de qualidade e
do analfabetismo; universalização equidade; valorização dos(as) profissionais
do atendimento escolar; superação da educação; promoção dos princípios
das desigualdades educacionais, com do respeito aos direitos humanos,
ênfase na promoção da cidadania e à diversidade e à sustentabilidade
na erradicação de todas as formas de socioambiental.
discriminação; melhoria da qualidade da
educação; formação para o trabalho e
para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta
a sociedade; promoção do princípio da
gestão democrática da educação pública;
promoção humanística, científica, cultural
e tecnológica do país; estabelecimento
de meta de aplicação de recursos

122/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
cidadãos, ao ensino primário de quatro
Para saber mais anos nos estados da Velha República, do
ensino primário obrigatório e gratuito na
Assista à entrevista no Programa EDUCAÇÃO
Constituição de 1934 à sua extensão para
BRASILEIRA 161, com DANIEL CARA,
oito anos em 1967, derrubando a barreira
coordenador-geral da Campanha Nacional pelo
dos exames de admissão, chegamos ao
Direito à Educação, convidado para comentar
direito público subjetivo e ao novo conceito
os avanços do Plano Nacional de Educação.
de educação básica expresso na LDB de
A entrevista foi de Tatiana Bertoni e Fábio
1996. (FÁVERO, 1996; CURY, 2000)
Eitelberg. Disponível em: <http://tvcultura.
com.br/videos/34751_educacao-brasileira- O conceito de “educação básica”, traduzido
161-daniel-cara.html>. Acesso em: 07 maio na LDB de 1996, expressa uma educação
2016. escolar de direito de todos e que contivesse
elementos comuns. De um lado, o combate
O Estado Democrático de Direito, expresso à desigualdade, à discriminação e à
na Constituição Federal de 1988, tem intolerância; de outro lado, o apontamento
atrás de si um longo caminho percorrido. da condução da educação escolar pelo
Da instrução própria das primeiras princípio, também novo, da gestão
letras no Império, reservada apenas aos democrática. Esses conceitos e concepções
123/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
estão sendo alcançados depois de duas e Adultos, a Educação Profissional e a
décadas da LDB de 1996. Educação Especial. E o título que se refere
Vamos estudar a Organização da Educação às Disposições Gerais contém dispositivos
Nacional com relação aos níveis e às relativos à Educação Indígena e à Educação
modalidades de ensino da Educação Básica a Distância.
e as diretrizes curriculares? Os capítulos da LDB estão organizados da
seguinte forma:
1. Níveis e Modalidades de • Capítulo I – Da composição dos
Educação e Ensino níveis escolares - composto por
apenas um artigo que descreve
A atual Lei de Diretrizes e Bases da
qual é a organização da educação
Educação Nacional estabelece como
escolar brasileira: Educação Básica,
níveis de educação e ensino: a Educação
formada pela Educação Infantil,
Básica - que compreende a Educação
Ensino Fundamental e Ensino Médio;
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino
e Educação Superior. A atual LDB
Médio - e o Ensino Superior. Quando
rompe com a estrutura anterior dos
trata das modalidades de educação e
níveis de ensino brasileiro, os quais
ensino, estabelece a Educação de Jovens
124/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
(de acordo com a Lei nº 5692/1971) ou continuada ou qualificação
se dividiam em pré-escolar, primeiro profissional; educação profissional
grau, segundo grau e ensino superior técnica de nível médio; educação
(SANTOS, 2012). profissional tecnológica de
• Capítulo II – Da educação básica – graduação e pós-graduação.
composto pelas seções denominadas: • Capítulo IV – Da educação superior
Disposições Gerais; Educação Infantil; – composto por 15 artigos, no quais
Ensino Fundamental; Ensino Médio; é importante destacar: a finalidade
Educação profissional técnica a nível do ensino superior; sua abrangência,
médio; e, por fim, a Educação de sendo os cursos sequenciais por
Jovens e Adultos. campo de saber, os cursos de
• Capítulo III – Da educação profissional graduação, os cursos de pós-
e tecnológica – composto por quatro graduação e de extensão; o processo
artigos, destacando-se o artigo de regulação do ensino superior; o
39, que trata da organização da tripé da educação superior: ensino,
educação profissional e tecnológica, pesquisa e extensão.
da seguinte forma: formação inicial

125/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
• Capítulo V – Da educação especial – composto por três artigos que, de acordo com
Santos (2012), ratifica uma opção político-teórica feita pelo Estado brasileiro para adotar
a perspectiva inclusiva como norma definidora de suas políticas públicas para esta
modalidade de ensino.
É fundamental ressaltar alguns pontos da LDB com relação à organização, pensando nos
conceitos, objetivos e princípios. A educação básica, assim como o adjetivo “comum”, é citada
muitas vezes na lei. O sentido do “comum” vai mais além de um “para todos”, reportando-se
a conhecimentos científicos, à igualdade, à democracia, à cidadania e aos direitos humanos
(TEIXEIRA, 1996).

O conceito de educação básica também incorporou a si, na legislação, a diferença


como direito. A educação básica, por ser um momento privilegiado em que a
igualdade cruza com a equidade, tomou a si a formalização legal do atendimento
a determinados grupos sociais, como as pessoas portadoras de necessidades
educacionais especiais, como os afrodescendentes, que devem ser sujeitos de uma
desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações, tanto pelo papel
socializador da escola quanto pelo seu papel de transmissão de conhecimentos
científicos, verazes e significativos. (CURY, 2008, p. 300)
126/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
A educação básica, porém, deve ser objeto verificadas por meio de avaliações em larga
de uma política educacional de igualdade escala e externas, sem caráter formativo,
concreta e que faça jus à educação como mas sim de punição e premiação. E,
o primeiro dos direitos sociais inscrito como pano de fundo, temos o caráter
na CF, como direito civil inalienável dos mercadológico ditando as regras de forma
direitos humanos e como direito político da clara, mas também sutis, para a direção da
cidadania (CURY, 2005). educação.
Infelizmente, o que é vivenciado na
educação básica nacional é um conjunto de
ações, de modo parcial ou pouco efetivo, Para saber mais
sob a ótica da mudança educacional, mas Acesse os Anais do Intercâmbio sobre relações
que, de maneira geral, não vão ao encontro públicas e privadas na educação: embates e
dos princípios que o discurso carrega. A desdobramentos para a democratização da
gestão educacional caminha na direção educação - Campinas – ago. 2012.
de um Estado Avaliador e Mínimo, ou seja, Disponível em: <http://www.gt5.ufpr.br/anais.
que delega as responsabilidades, com pdf>. Acesso em: 08 jun. 2016.
recursos mínimos, cobrando produtividade,
efetividade e metas a serem cumpridas,
127/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
2. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica estabelecem a base nacional


comum, responsável por orientar a organização, a articulação, o desenvolvimento e a avaliação
das propostas pedagógicas de todas as redes de ensino brasileiras.
Essas diretrizes vêm sendo atualizadas em função das modificações que aconteceram na
Educação Básica nas últimas duas décadas, como o Ensino Fundamental de nove anos e a
obrigatoriedade do ensino gratuito dos 4 aos 17 anos de idade.
As Diretrizes para a Educação Básica, atualmente, são:

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica - Resolução


CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - Resolução


CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009.

128/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Fundamental -
Resolução CNE/CEB nº 7, de 14 de dezembro de 2010 - Fixa Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - Resolução CNE/


CEB nº 2, de 30 de janeiro de 2012.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos -


Resolução CNE/CEB nº 4, de 27 de outubro de 2005.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-


Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana -
Resolução CNE/CP n.º 1, de 17 de junho de 2004.

• Diretrizes complementares para a Educação Básica do Campo - Resolução


CNE/CEB nº 2, de 28 de abril de 2008.

• Diretrizes para o atendimento de educação escolar para populações em


situação de itinerância - Resolução CNE/CEB nº 3, de 16 de maio de 2012.

129/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
• Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos
em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais -
Resolução CNE/CEB nº 2, de 19 de maio de 2010

• Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica -


Resolução CNE/CEB nº 2/2001, de 11 de setembro de 2001.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na


Educação Básica - Resolução CNE/CEB nº 5, de 22 de junho de 2012.

• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na


Educação Básica - Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012.

• Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional


- Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de dezembro de 2014.

• Diretrizes Operacionais Nacionais/Educação Básica, na modalidade


Educação a Distância - Resolução CNE/CEB nº 1, de 2 de fevereiro de
2016. (BRASIL, 2016)

130/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
As diretrizes curriculares nacionais, são muitos os desafios para alcançarmos
diferente dos Parâmetros Curriculares, indicadores sociais satisfatórios.
possuem obrigatoriedades para cada nível A introdução de procedimentos e
e modalidade da Educação Básica. São instrumentos mais democráticos de
documentos que devem estar alinhados gestão a partir da década de 1990 -
com a LDB nº 9.394/96 e, portanto, maior flexibilidade, descentralização e
contêm diretrizes que precisam ser desregulamentação – contribuiu para a
cumpridas. dispersão de experiências e modelos de
Após a Constituição de 1988 e LDB nº organização escolar e de descontinuidades
9.394/96, houve avanços com relação à de políticas nos âmbitos estaduais e
educação brasileira quando comparamos municipais. Mais uma vez as políticas são de
com o passado. Porém, nossos déficits governo e não de Estado (OLIVEIRA, 2011).
ainda são grandes. A população brasileira Quando se pensa no desenvolvimento
permanece vergonhosamente pouco de uma nação, não é possível agir de
escolarizada. Ainda possuímos altas taxas forma fragmentada, a cada governo
de analfabetismo absoluto e analfabetismo ou partido, desconsiderando todos
funcional. Mesmo com o crescimento da os déficits educacionais das gerações
taxa de escolarização da população, ainda
131/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
anteriores e pontos positivos que devem rede escolar, antes mesmo de serem
continuar ou serem melhorados. É suficientemente testadas (OLIVEIRA, 2011).
imprescindível considerar a articulação Não temos, atualmente, reformas
entre políticas educacionais e a dimensão educacionais mais eficientes. Na educação
social, contemplando os processos de básica, a precariedade revelada nos dados
crescimento e desenvolvimento econômico sobre os docentes, as escolas e redes
do país. públicas demandam políticas imediatas
Infelizmente, vivenciamos uma gestão que possam atuar sobre as condições
que privilegia os interesses individuais, do objetivas e tão bem conhecidas. Maior
mercado e de poder, ligado a partidos e investimento na Educação Básica também
governo, preocupados em imprimir uma é fundamental (OLIVEIRA, 2011).
marca de governo. Desta forma, o que
identificamos é um experimentalismo
pedagógico, resultante do entusiasmo
com propostas elaboradas sem bases
científicas, anunciadas como redentoras
dos problemas educacionais e assumidas
apressadamente para o conjunto da
132/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
Glossário
Normatização: é a ação de estabelecer novas normas para o regime de determinado local.
Hegemonia: o conceito adotado nesta disciplina tem como base a definição de Gramsci, na
qual a hegemonia se refere à prática articulatória de um povo sobre outros povos, ou seja, a
classe social dominante sobre os demais, tornando-se assim um Estado soberano.
Situação de Itinerância: refere-se a pessoas, grupos e povos que se deslocam constantemente.
Ex.: ciganos.

133/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
?
Questão
para
reflexão

Vivenciamos, de forma plena, atualmente, o Estado


Democrático de Direito, expresso na Constituição
Federal de 1988? Por quê?

134/307
Considerações Finais (1/3)

• Na Organização da Educação Nacional, em instâncias maiores, temos


o Conselho Nacional de Educação (CNE), a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE).
• O conceito de “educação básica”, traduzido na LDB de 1996, expressa
uma educação escolar de direito de todos e que contivesse elementos
comuns. De um lado, o combate à desigualdade, à discriminação e à
intolerância; de outro lado, o apontamento da condução da educação
escolar pelo princípio, também novo, da gestão democrática. Esses
conceitos e concepções estão sendo alcançados depois de duas décadas
da LDB de 1996.
• A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece como
níveis de educação e ensino: a Educação Básica - que compreende a
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio - e o Ensino
Superior. Quando trata das modalidades de educação e ensino, estabelece
a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional e a Educação
135/307
Considerações Finais (2/3)
Especial. E o título que se refere às Disposições Gerais contém dispositivos
relativos à Educação Indígena e à Educação a Distância.
• As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica estabelecem a
base nacional comum, responsável por orientar a organização, articulação,
o desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas de todas as
redes de ensino brasileiras.
• A gestão educacional caminha na direção de um Estado Avaliador e
Mínimo, ou seja, que delega as responsabilidades, com recursos mínimos,
cobrando produtividade, efetividade e metas a serem cumpridas,
verificadas por meio de avaliações em larga escala e externas, sem caráter
formativo, mas sim de punição e premiação. E, como pano de fundo, temos
o caráter mercadológico ditando as regras de forma clara, mas também
sutis, para a direção da educação.

136/307
Considerações Finais (3/3)
• O que identificamos é um experimentalismo pedagógico, resultante
do entusiasmo com propostas elaboradas sem bases científicas,
anunciadas como redentoras dos problemas educacionais e assumidas
apressadamente para o conjunto da rede escolar, antes mesmo de serem
suficientemente testadas (ANDRADE, 2011).

137/307
Referências

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Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
FÁVERO, O. (org.). A Educação nas constituintes brasileiras: 1823-1988. Campinas: Autores
Associados, 1996.
LIMA, A. B.; MARQUES, M. R. A.; SILVA, S. M. Reforma e qualidade da educação no Brasil. Revista
HISTEDBR Online, Campinas, n. Especial, p. 181-197, mai. 2009.
LOPES, E. M. T.; GREIVE, C.; FARIA FILHO, L. (orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte:
Autêntica, 2000, p.567-584.
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Das políticas de governo à política de estado: reflexões sobre a atual
agenda educacional Brasileira. Educ. Soc., Campinas, v. 32, n. 115, p. 323-337, jun. 2011. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302011000200005&lng=
pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 maio 2016.
SANTOS, P. S. M. B. dos. Guia prático da política educacional no Brasil: ações, planos, programas
e impactos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
SAVIANI, Demerval. Organização da educação nacional: sistema e conselho nacional de
educação, plano e fórum nacional de educação. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 769-
787, set. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302010000300007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29 maio 2016.

TEIXEIRA, A. Educação é um direito. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.


139/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
Questão 1
1. As Diretrizes Curriculares Nacionais foram fixadas pelo Conselho
Nacional de Educação em atendimento ao que está prescrito na LDB para
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, norteando os
currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação
básica comum. Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais são:

a) Normas obrigatórias que orientam as escolas na organização, articulação,


desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.
b) Referenciais curriculares elaborados pela União para garantir a qualidade da educação
básica.
c) Abrangem as orientações práticas de organização de conteúdos e formas de abordagem
das matérias com os alunos.
d) Correspondem à grade curricular a ser seguida pelas escolas públicas e particulares com a
definição da base nacional comum.
e) Definem a proposta pedagógica das escolas no que se refere ao reconhecimento da
identidade pessoal de alunos da unidade escolar.
140/307
Questão 2
2. O artigo 14, da LDB, estabelece que cada sistema de ensino tem
autonomia para a elaboração de normas próprias de gestão democrática.
Refletindo sobre a gestão escolar democrática, é correto afirmar que:

a) A escola elaborará e executará políticas e planos educacionais, em consonância com as


diretrizes e os planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as
dos seus municípios.
b) Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará
formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da
escolarização anterior.
c) A política nacional de educação, articulada aos diferentes níveis e sistemas, deverá
exercer a função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
educacionais.
d) Haverá autonomia na criação do seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo,
assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os
recursos disponíveis.

141/307
Questão 2

e) A escola promove a participação dos profissionais da educação nas análises e decisões


sobre as políticas educacionais, de forma crítica e consciente, incentivando-os a pensarem
também no projeto pedagógico da escola, assim como a comunidades escolar e local.

142/307
Questão 3
3. Qual é a Lei que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE), com
vigência no período de 2014 – 2024?

a) Lei nº 10.505, de 25 de janeiro de 2014.


b) Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.
c) Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996.
d) Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001.
e) Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2011.

143/307
Questão 4
4. Como estão organizados os capítulos da LDB?

a) Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior e Educação


Profissional.
b) Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior e Educação Especial.
c) Composição dos Níveis Escolares, Educação Básica, Educação Profissional e Tecnológica,
Educação Superior e Educação Especial.
d) Composição dos Níveis Escolares, Educação Infantil, Educação Básica, Educação Superior e
Educação Especial.
e) Composição dos Níveis Escolares, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e
Educação Especial.

144/307
Questão 5
5. Consta nos documentos oficiais que o processo de definição das
Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica faz parte de
um movimento de consolidação das políticas educacionais municipais,
que se articulam às politicas nacionais, com o intento de assegurar o
direito a todos os cidadãos e cidadãs a uma educação:

1. Pública.
2. Meritocrática.
3. Gratuita.
4. De qualidade social.
5. Moral.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

145/307
Questão 5

c) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 5.


d) São corretas apenas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5.

146/307
Gabarito
1. Resposta: A. 2. Resposta: E.

As Diretrizes Curriculares Nacionais Refletindo sobre a gestão escolar


foram fixadas pelo Conselho Nacional democrática, a escola promove a
de Educação em atendimento ao que participação dos profissionais da educação
está prescrito na LDB para a Educação nas análises e decisões sobre as políticas
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino educacionais, de forma crítica e consciente,
Médio, norteando os currículos e os seus incentivando-os a pensarem também no
conteúdos mínimos, de modo a assegurar projeto pedagógico da escola, assim como
a formação básica comum. Assim, as a comunidades escolar e local.
Diretrizes Curriculares Nacionais são
normas obrigatórias que orientam as 3. Resposta: B.
escolas na organização, articulação,
desenvolvimento e avaliação de suas Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.
propostas pedagógicas.

147/307
Gabarito
4. Resposta: C.

Composição dos Níveis Escolares,


Educação Básica, Educação Profissional e
Tecnológica, Educação Superior e Educação
Especial.

5. Resposta: B.
Consta nos documentos oficiais que
o processo de definição das Diretrizes
Curriculares Municipais para a Educação
Básica faz parte de um movimento de
consolidação das políticas educacionais
municipais, que se articulam às políticas
nacionais, com o intento de assegurar o
direito a todos os cidadãos e cidadãs a uma
educação pública, gratuita e de qualidade
social.
148/307
Unidade 5
As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente
e Demais Documentos que Regulamentam a Educação Básica

Objetivos

1. Compreender as políticas públicas educacionais


a partir da nova LDB nº 9.394/1996, seus
principais conceitos e meandros.
2. Conhecer o Estatuto da Criança e do
Adolescente neste contexto histórico, político e
social.
3. Compreender os conceitos principais contidos
no ECA.
4. Conhecer os documentos que regulamentam
as medidas socioeducativas e quais são as
principais intenções.

149/307
Introdução

Estamos estudando a Legislação brasileira, preparo para o exercício da cidadania


as políticas educacionais e a gestão e qualificação para o trabalho”. Os
educacional, após a reformulação de 1990, processos formativos, de acordo com
sendo uma educação de acesso a todo esta Lei, passam pela vida familiar,
cidadão, de qualidade, para uma inserção instituição de ensino, convivência
no mercado profissional e no mundo do familiar, trabalho, organização da
trabalho. Entretanto, muitas contradições sociedade civil, manifestações culturais
são percebidas nestas propostas. e movimentos sociais. E seus princípios
O Brasil ainda é carente com relação a de ensino possuem como base: o
uma educação participativa, democrática, pluralismo de ideias e concepções
conscientizadora, dialógica e autônoma. pedagógicas; a liberdade de aprender,
Vivenciamos ainda uma educação com ensinar, pesquisar e divulgar; o respeito
marcas profundas da exclusão social, à liberdade e tolerância; a igualdade de
econômica e cultural. acesso e permanência; a consideração à
diversidade étnica e racial; a coexistência
A educação nacional na LDB no. 9.394, de instituições públicas e privadas; a
de 1996, possui como finalidade “o gratuidade do ensino público; a gestão
pleno desenvolvimento do educando, democrática; a garantia de qualidade;

150/307 Unidade 5 • As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente e Demais
Documentos que Regulamentam a Educação Básica
a valorização dos profissionais da educação e experiência extraescolar; e a vinculação da
educação escolar, com o trabalho e as práticas sociais.

Fonte: Disponível em: <http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!edicao-117/z32rd>. Acesso em: 20 maio 2016.

E, para a gestão destas finalidades, princípios e intenções, as relações intergovernamentais, no


âmbito educacional, passaram por profundas modificações, com relação à hierarquização das
responsabilidades entre os entes federativos, onde a união, os estados e municípios passam a
organizar a educação nacional em regime de colaboração, sendo a união a coordenadora desta
organização.
Os conceitos de descentralização, autonomia, flexibilização, municipalização, mecanismos de
colaboração, relações cooperativas e democracia tornam-se cada vez mais fortes, a partir dos

151/307 Unidade 5 • As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente e Demais
Documentos que Regulamentam a Educação Básica
anos de 1990, com a transferência das redemocratização do país e da educação,
funções de administração e manutenção mas também por uma preocupação
da educação básica para o Estado e os mundial com os déficits educacionais
municípios. nos países em desenvolvimento, a partir
Desta forma, é necessário discutir as da década de 1990. Essa preocupação
reais intenções inerentes a esse processo. vem com um novo cenário do modo de
Estamos discutindo a democratização, produção e organização do sistema político
descentralização e empoderamento entre e econômico mundial e, portanto, com a
os demais entes federativos ou apenas a necessidade de adequação dos sujeitos aos
distribuição das responsabilidades entre os novos padrões e processos de trabalho.
estados e os seus municípios? Estas reformas educacionais brasileiras
estão imersas nos princípios e nas
1. Conceitos e Meandros pós diretrizes difundidos pelas agências
LDB nº 9.394/1996 internacionais - UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a
As reformas educacionais, a partir da Ciência e a Cultura), UNICEF (Fundo das
LBD nº 9.394, de 1996, estão compostas Nações Unidas para a Infância), PNUD
por lutas de classes em busca da (Programa das Nações Unidas para o
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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Desenvolvimento), Banco Mundial e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) – e por
meio dos encontros que congregaram a Conferência Mundial de Educação para Todos, em
março de 1990, em Jomtien, na Tailândia, da qual resultou, no Brasil, o “Plano Decenal de
Educação para Todos”, publicado em 1993. Pode ainda ser encontrada no livro coordenado por
Jacques Delors, “Educação: um tesouro a descobrir”, tornado público em 1996 e publicado no
Brasil, pela primeira vez, em 2001, que reúne depoimentos de pesquisadores/educadores de
várias partes do mundo (LIMA et al., 2009).

O Brasil só veio a sistematizar tais orientações depois da Conferencia Mundial


de Educação para Todos de 1993, na China, seguida da Conferência de Cúpula
de Nova Delhi, na Índia em 1993. O Brasil realizou sua Conferência Nacional de
Educação para Todos em 1994, em Brasília, entre 29 de agosto e 2 de setembro,
com a participação e organização do MEC (Ministério da Educação), da Undime
(União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação), do Consed (Conselho
Nacional dos Secretários de Educação) e da CNTE (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação), signatários do “Plano”, que, em nosso entendimento,
seria a gênese da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 e do nosso primeiro Plano
Nacional de Educação, promulgado em 2001. (LIMA et al., 2009, p. 2010)
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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Dentre as reformas educacionais Iniciando pela descentralização e
contidas na Lei de Diretrizes e Bases da municipalização, alguns estudos defendem
Educação Nacional nº 9.394, de 1996, que a descentralização como um processo
está a necessidade de uma nova forma de de reforma do Estado, composta por
administração que ultrapassasse o setor um conjunto de políticas públicas que
público e o setor privado, estabelecendo- transferem responsabilidades, recursos
se um sistema de parceria entre o Estado ou autoridade, mas também promovem
e a sociedade para o seu financiamento e dependência deste Estado. Estado aqui
controle. não como uma nação maior, mas como
Vamos focar, neste momento, em alguns grupos que detêm o poder. Falleti (2006, p.
conceitos adotados neste contexto, como a 61-62) apresenta três categorias sobre a
descentralização, autonomia, flexibilização, descentralização:
municipalização, mecanismos de
colaboração, relações cooperativas e
democracia.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
A descentralização administrativa que engloba o conjunto de políticas
que transferem a administração e a provisão dos serviços sociais
como educação, saúde, assistência social e moradia, aos governos
subnacionais. A descentralização administrativa que pode acarretar a
transferência de autoridade na tomada de decisões sobre essas políticas,
mas essa não é uma condição necessária [...]. A descentralização fiscal se
refere ao conjunto de políticas desenhadas para aumentar as receitas ou
a autonomia fiscal dos governos subnacionais.
A descentralização tem como uma de suas formas de manifestação a municipalização, que
consiste em transferir das instâncias centrais as atribuições e responsabilidades da gestão dos
serviços educacionais para as instâncias locais.
De acordo com Cunha (1991) e Azanha (1995), as discussões sobre municipalização precisam
considerar as condições sociais e políticas do Brasil e a complexidade do jogo político que cerca
o traçado de uma política educacional de dimensões tão amplas.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Infelizmente, a questão da municipalização conscientização, diminuindo as
acaba sendo uma estratégia da ideologia desigualdades sociais e promovendo o
dos grupos dominantes do poder, entre empoderamento dos indivíduos? Ou estão
eles os órgãos internacionais. Há uma sendo desenvolvidos para a desmobilização
transferência de autoridade, competências de movimentos reivindicatórios, a
e responsabilidades, porém, o poder ainda adequação ao mercado de trabalho
continua no âmbito central, intervindo nas competitivo que precisa de indivíduos
decisões finais, como podemos perceber com competências individualistas sem
por meio de um governo cada vez mais necessidade de consciência crítica e
avaliador e regulador. política?
Outros conceitos importantes de serem Os conceitos de flexibilização, colaboração
compreendidos são a autonomia, e autonomia têm sido traduzidos em ações
flexibilização, mecanismos de colaboração que transferem a responsabilidade para
e relações cooperativas. Será que estes os demais entes federativos e indivíduos
conceitos, presentes nas reformas com a regulação e vigilância do Estado.
educacionais e sociais a partir dos anos Segundo Frigotto e Ciavatta (2006), a
de 1990, estão sendo desenvolvidos no partir de 1990, ganha espaço o ideário
sentido de promoção da emancipação, da polivalência, da qualidade total, das
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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
competências, do cidadão produtivo e da na sociedade e na constituição das
empregabilidade. De acordo com Machado pessoas.
(2010), polivalência se refere ao trabalho A autonomia, de acordo com Fidalgo e
mais variado, apresenta caráter flexível, Oliveira (2007), está presente na reforma
obedece a uma racionalização de tipo educacional de forma concreta somente
pragmático, utilitarista e instrumental, como aumento da responsabilização do
que exige do trabalhador, principalmente, indivíduo no desenvolvimento de posturas
capacidades de abertura, de adaptação garantidoras da eficácia e da eficiência,
às mudanças e de lidar com situações e neste sentido a “democracia” se faz na
diferenciadas. base do cumprimento dos objetivos de
Desta forma, o que se percebe são produção estabelecidos pelo poder vigente.
termos utilizados no campo da educação, A democratização virou uma missão da
voltados para uma adaptação à lógica do escola do século XIX e várias tentativas
capital, apenas. Uma lógica que prioriza ocorreram durante o século, mas foi só no
a adaptabilidade à rapidez, flexibilidade e final deste que a democratização aparece
produtividade, sem nenhuma preocupação com maior ênfase na Constituição Federativa
com reflexões críticas sobre a hegemonia de 1988 e na LDB nº 9.394, de 1996.
da lógica do mercado e suas repercussões
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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Apesar do período de redemocratização do país na década de 1980, a Constituição e LDB são
aprovadas com uma influência forte das concepções liberais de educação que sustentam a
ideia de preparar indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões
individuais, desconsiderando as diferenças de classes e desigualdade de condições. A
concepção liberal inicia com a Escola Tradicional, mas, para garantir a hegemonia, a educação
tradicional se apresenta com outras roupagens e denominações no decorrer da história
sem abandonar práticas educativas e concepções, formas sociais e estruturas de consenso,
promovendo a manutenção da dominação, uma educação compensatória, mínima, para a
manutenção dos meios de produção.

Fonte: Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/traz_mais_uma/DEMOCRACIA.gif>. Acesso em: 29 jul. 2016.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Portanto, o que é possível identificar estamos formando analfabetos funcionais?
neste contexto, depois de duas décadas, Por que os resultados do Enem e dos
são mudanças significativas no mundo vestibulares mostram que nossos jovens
do trabalho, nas relações sociais e possuem dificuldades graves com relação à
educacionais, que não conseguem interpretação de textos?
modificar a desmontagem dos direitos Será que as leis e políticas educacionais
sociais dos trabalhadores; a propagação nas últimas duas últimas décadas estão
de um subjetivismo e de um individualismo ancoradas em uma referência racionalista?
exacerbados; os valores e interesses do
capital de forma exagerada; a permanência O racionalismo, na educação brasileira,
da pobreza e do desemprego estrutural; tornou-se mais evidente na década de
a predominância de políticas sociais 1970, através da corrente tecnicista
casuais, seletivas e compensatórias; uma inspirada na Teoria do Capital Humano e,
educação que não promove a emancipação na década de 1990, retorna numa corrente
dos indivíduos; uma educação que dá que se pode chamar de neotecnicismo,
acesso, mas que não consegue melhorar inspirado nos Círculos de Controle
as condições de permanência dos alunos e Qualidade (ARAÚJO; RODRIGUES,
durante os níveis educacionais. Por que 2010). A concepção racionalista busca

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
a decomposição das tarefas para uma Antes de dar continuidade ao que o ECA
maior objetivação e padronização trata, um breve contexto histórico se faz
de comportamentos considerados necessário. Não há registro, até o início do
competentes (PINTO, 2011). século XX, do desenvolvimento de políticas
sociais desenhadas pelo Estado brasileiro.
2. A Infância e Adolescência O que havia era mediado pela Igreja.
no Brasil pPor Meio do ECA e No período da República, de 1900 a 1930,
Demais Documentos uma das reivindicações era a proibição
do trabalho de menores de 14 anos e a
Neste contexto de redemocratização abolição do trabalho noturno de mulheres
do país, com a mobilização de diversos e de menores de 18 anos. Em 1923, foi
grupos, movimentos sociais e instituições, criado o Juizado de Menores e, em 1927,
são incluídos na Constituição Federal, foi promulgado o primeiro documento
promulgada em 1988, os artigos 227 e legal para a população menor de 18 anos:
228, que fazem referência aos direitos das o Código de Menores, Decreto nº 17.943 A,
crianças e dos jovens, dando base para a de 12 de outubro de 1927.
construção do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), promulgado em 1990.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Durante o Estado Novo, período de 1937 Assistência (LBA) – agência nacional de
a 1945, o campo social foi marcado assistência social criada por Dona Darcy
pela instalação do aparato executor das Vargas e voltada, primeiramente, ao
políticas sociais no país. O direito político atendimento de crianças órfãs da guerra
de indivíduos excluídos da sociedade, como e, mais tarde, expandiu seu atendimento;
as mulheres, foi reconhecido. a Casa do Pequeno Jornaleiro, programa
Porém, em 1942, período considerado de apoio a jovens de baixa renda,
especialmente autoritário do Estado Novo, baseado no trabalho informal e no
foi criado o Serviço de Assistência ao apoio assistencial e socioeducativo; a
Menor (SAM). Tratava-se de um órgão do Casa do Pequeno Lavrador, programa
Ministério da Justiça que funcionava como de assistência e aprendizagem rural
um equivalente ao sistema penitenciário para crianças e adolescentes filhos
para a população menor de idade. Sua de camponeses; a Casa do Pequeno
orientação era correcional-repressiva. Trabalhador, programa de capacitação e
encaminhamento ao trabalho de crianças
Este período é marcado por uma prática e adolescentes urbanos de baixa renda;
assistencialista através de alguns e a Casa das Meninas, um programa
programas, como: a Legião Brasileira de de apoio assistencial e socioeducativo

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
a adolescentes do sexo feminino com dos direitos sociais e instituição dos Atos
problemas de conduta (PROMENINO, Institucionais que permitiam punições,
2016). exclusões e marginalizações políticas.
Entre 1945 e 1964, aconteceu o O período dos governos militares foi
primeiro período de democratização no pautado, para a área da infância, por dois
país, marcado pela abertura política e documentos significativos e indicadores da
organização social. visão vigente: a Lei que criou a Fundação
Em 1950, foi instalado o primeiro escritório Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei
do UNICEF no Brasil, em João Pessoa, na nº 4.513, de 1º de dezembro de 1964),
Paraíba. O primeiro projeto realizado cujo objetivo era formular e implantar a
no Brasil destinou-se às iniciativas de Política Nacional do Bem-Estar do Menor,
proteção à saúde da criança e da gestante herdando do SAM o prédio e pessoal e, com
em alguns estados do Nordeste do país. isso, toda a sua cultura organizacional.
A FUNABEM propunha-se a ser a grande
Durante o Regime Militar, período de instituição de assistência à infância,
1964 a 1979, marcado por um regime cuja linha de ação tinha na internação,
autoritário, com restrições à liberdade tanto dos abandonados e carentes como
de opinião e expressão, recuos no campo dos infratores, seu principal foco; e o
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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Código de Menores de 79 (Lei nº 6.697, de 10 de outubro de 1979), o qual se constituiu em
uma revisão do Código de Menores de 27, não rompendo, no entanto, com sua linha principal
de arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à população infanto-juvenil. Esta lei
introduziu o conceito de “menor em situação irregular” (PROMENINO, 2016).
Ainda durante o período ditatorial, em meados da década de 1970, pesquisadores acadêmicos
interessaram-se em estudar a população em situação de risco, especificamente a situação da
criança de rua e o chamado delinquente juvenil. Esses trabalhos são considerados pioneiros
no tema, trazendo a problemática da infância e adolescência para dentro dos muros da
universidade para discutir políticas públicas e direitos humanos.

Para saber mais


Algumas pesquisas realizadas neste período:

1. “A criança, o adolescente, a cidade”: pesquisa realizada pelo CEBRAP - São Paulo, em 1974.

2. “Menino de rua: expectativas e valores de menores marginalizados em São Paulo”: pesquisa realizada
por Rosa Maria Fischer, em 1979.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Para saber mais
3. “Condições de reintegração psicossocial do delinquente juvenil: estudo de caso na Grande São
Paulo”: tese de mestrado de Virginia P. Hollaender, pela PUC/SP, em 1979.

4. “O Dilema do Decente Malandro”: tese de mestrado defendida por Maria Lucia Violante, em 1981,
publicado posteriormente pela editora Cortez.

É na década de 1980 que a abertura democrática volta a ser um sonho e luta da sociedade
civil. Em 1988, é promulgada a Constituição Federativa do Brasil, com discursos democráticos.
Para os movimentos sociais pela infância brasileira, a década de 1980 representou também
importantes e decisivas conquistas.
Como vimos no início deste título, é por meio dos artigos 227 e 228, da Constituição de 1988,
que são lançadas as bases do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A Comissão de
Redação do ECA teve representação de três grupos expressivos: movimentos da sociedade civil,
juristas (principalmente ligados ao Ministério Público) e técnicos de órgãos governamentais.
A promulgação do ECA acontece por meio da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, período com
diferentes lutas, inclusive de poder.
164/307 Unidade 5 • As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente e Demais
Documentos que Regulamentam a Educação Básica
O ECA, de forma geral, rompeu com uma A partir das prioridades estabelecidas na
tradicional forma de entender e realizar a Constituição de 1988, como a educação,
assistência à infância e juventude no Brasil, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer,
visando reduzir a exclusão social e garantir a segurança, a previdência social, a
a equidade no plano dos direitos. proteção à maternidade e a infância e
a assistência aos desamparados, o ECA
Para saber mais possui como princípio maior a proteção
integral da criança e do adolescente.
Leia o artigo “ECA do B - As crianças negras e A absoluta prioridade neste Estatuto
pobres do Brasil só são achadas por bala perdida está no dever, direitos, vida, saúde,
porque não sabem ler o verdadeiro Estatuto da alimentação, educação, esporte, lazer,
Criança e do Adolescente”, escrito por ELIANE profissionalização, cultura, dignidade,
BRUM e publicado em 28 de setembro de 2015. respeito, liberdade e convivência familiar
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elpais.com/brasil/2015/09/28/ depende de fins sociais, condição peculiar,
opinion/1443448187_784466.html>. Acesso direitos e deveres e o bem comum.
em: 1º jul. 2016.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
políticas e ações sólidas e comprometidas
Link com os direitos desta população.

Acesse o Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA deve ser olhado como um


documento enquanto um conjunto de
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ discursos-acontecimentos formado por
ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 10 jul. práticas políticas, sociais, econômicas e
2016. culturais que sustentam modos de pensar
a proteção de crianças e adolescentes no
Ainda nos dias atuais, depois de 26 anos Brasil (PIANA, 2009).
do Estatuto da Criança e do Adolescente,
devemos considerar todos os avanços A última legislação aprovada no Brasil
conquistados, mas também devemos na garantia dos direitos da população
compreender que a implementação infanto-juvenil foi o Parecer das
integral do ECA ainda representa um Diretrizes Nacionais para o atendimento
desafio para todos aqueles envolvidos e escolar de adolescentes e jovens em
comprometidos com a garantia dos direitos cumprimento de medidas socioeducativas,
da população infanto-juvenil. Ainda faltam homologado em 07 de outubro de 2015.
Este Parecer possui quatro premissas

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
para a consolidação de uma política medidas socioeducativas e, portanto, do
educacional no sistema socioeducativo: papel da escola no sistema de garantia de
garantia do direito à educação para direitos.
os adolescentes em cumprimento de
medidas socioeducativas e egressos;
reconhecimento de que a educação é parte
estruturante do sistema socioeducativo Link
e de que a aplicação e o sucesso de todas Acesse o Parecer das Diretrizes Nacionais para
as medidas socioeducativas dependem o atendimento escolar de adolescentes e jovens
de uma política educacional consolidada; em cumprimento de medidas socioeducativas.
reconhecimento da condição singular Disponível em: <http://portal.mec.
do estudante em cumprimento de gov.br/index.php?option=com_
medidas socioeducativas e, portanto, da docman&view=download&alias=25201-
necessidade de instrumentos de gestão parecer-cne-ceb008-15-pdf&category_
qualificados na garantia de seu direito à slug=outubro-2015-pdf&Itemid=30192>.
educação; reconhecimento da educação Acesso em: 10 jul. 2016.
de qualidade social como fator protetivo
de adolescentes em cumprimento de

167/307 Unidade 5 • As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente e Demais
Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Por isso mesmo esse debate do direito
da criança e do adolescente tem que
prosseguir, tendo como parâmetros os
ideais emancipatórios, por um lado, e
as configurações sociais, econômicas e Para saber mais
políticas atuais, por outro, reconhecendo
Leia o artigo “A escola e o adolescente em
os meandros e contradições existentes nas
conflito com a lei: desvelando as tramas de uma
propostas, intenções e implementação.
difícil relação”, de Eliseu de Oliveira Cunha,
da UFBA, e Maria Virgínia Machado Dazzani,
também da UFBA. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/edur/v32n1/1982-6621-
edur-32-01-00235.pdf>. Acesso em: 1º jul.
2016.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
Glossário
Educação para a cidadania: expressão que designa os processos educativos preocupados com
o desenvolvimento do espírito crítico, apreço pelos valores democráticos e desenvolvimento de
competências e atitudes de participação na comunidade (MARQUES, 2016).
Igualdade de oportunidades educacionais: termo que designa a adoção de um conjunto de
medidas de caráter pedagógico e social, cujo fim é oferecer a todas as crianças as mesmas
condições de ensino e as mesmas possibilidades de sucesso (MARQUES, 2016).
Taxa de distorção idade: em um sistema educacional seriado, existe uma adequação teórica
entre a série e a idade do aluno. Desta forma, todos os indivíduos que se encontram fora desta
faixa definida na LDB, por meio das informações recolhidas pelo MEC, encontram-se na taxa de
distorção idade.

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Documentos que Regulamentam a Educação Básica
?
Questão
para
reflexão

Com relação aos menores infratores que cumprem


medidas socioeducativas, qual deve ser o papel do
gestor educacional e da escola para o desenvolvimento
desses jovens enquanto cidadãos?

170/307
Considerações Finais (1/6)

• As reformas educacionais a partir da LBD nº 9.394, de 1996, estão


compostas por lutas de classes em busca da redemocratização do país e
da educação, mas também por uma preocupação mundial com os déficits
educacionais nos países em desenvolvimento, a partir da década de 1990.
• Dentre as reformas educacionais contidas na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional nº 9.394, de 1996, está a necessidade de uma
nova forma de administração que ultrapassasse o setor público e o setor
privado, estabelecendo-se um sistema de parceria entre o Estado e a
sociedade para o seu financiamento e controle.
• A descentralização tem como uma de suas formas de manifestação a
municipalização, que consiste em transferir das instâncias centrais as
atribuições e responsabilidades da gestão dos serviços educacionais para
as instâncias locais.

171/307
Considerações Finais (2/6)
• Infelizmente, a questão da municipalização acaba sendo uma estratégia
da ideologia dos grupos dominantes do poder, entre eles os órgãos
internacionais. Há uma transferência de autoridade, competências e
responsabilidades, porém, o poder ainda continua no âmbito central,
intervindo nas decisões finais, como podemos perceber por meio de um
governo cada vez mais avaliador e regulador.
• Os conceitos de flexibilização, colaboração e autonomia têm sido
traduzidos em ações que transferem a responsabilidade para os demais
entes federativos e indivíduos com a regulação e vigilância do Estado.
• Desta forma, o que se percebe são termos utilizados no campo da
educação, voltados para uma adaptação à lógica do capital, apenas.
Uma lógica que prioriza a adaptabilidade à rapidez, flexibilidade e
produtividade, sem nenhuma preocupação com reflexões críticas sobre a
hegemonia da lógica do mercado e suas repercussões na sociedade e na
constituição das pessoas.
172/307
Considerações Finais (3/6)
• A autonomia, de acordo com Fidalgo e Oliveira (2007), está presente
na reforma educacional de forma concreta somente como aumento
da responsabilização do indivíduo no desenvolvimento de posturas
garantidoras da eficácia e da eficiência, e neste sentido a “democracia” se
faz na base do cumprimento dos objetivos de produção estabelecidos pelo
poder vigente (FIDALGO; OLIVEIRA, 2007).
• Neste contexto de redemocratização do país, com a mobilização de
diversos grupos, movimentos sociais e instituições que é incluído na
Constituição Federal promulgada em 1988, os artigos 227 e 228, que
fazem referência aos direitos das crianças e dos jovens, dando base para
a construção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que foi
promulgado em 1990.
• A promulgação do ECA acontece por meio da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990, período com diferentes lutas, inclusive de poder.

173/307
Considerações Finais (4/6)
• O ECA, de forma geral, rompeu com uma tradicional forma de entender
e realizar a assistência à infância e juventude no Brasil, visando reduzir a
exclusão social e garantir a equidade no plano dos direitos.
• A partir das prioridades estabelecidas na Constituição de 1988, como
a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e a infância e a assistência
aos desamparados, o ECA possui como princípio maior a proteção integral
da criança e do adolescente. A absoluta prioridade neste Estatuto está
no dever, direitos, vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer,
profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência
familiar e comunitária. A interpretação do ECA depende de fins sociais,
condição peculiar, direitos e deveres e o bem comum.

174/307
Considerações Finais (5/6)
• O ECA deve ser olhado como um documento enquanto um conjunto
de discursos-acontecimentos formados por práticas políticas, sociais,
econômicas e culturais que sustentam modos de pensar a proteção de
crianças e adolescentes no Brasil (LEMOS, 2009).
• A última legislação aprovada no Brasil na garantia dos direitos da
população infanto-juvenil foi o Parecer das Diretrizes Nacionais para
o atendimento escolar de adolescentes e jovens em cumprimento de
medidas socioeducativas, homologado em 07 de outubro de 2015. Este
Parecer possui quatro premissas para a consolidação de uma política
educacional no sistema socioeducativo: garantia do direito à educação
para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas
e egressos; reconhecimento de que a educação é parte estruturante
do sistema socioeducativo e de que a aplicação e o sucesso de todas
as medidas socioeducativas dependem de uma política educacional
consolidada; reconhecimento da condição singular do estudante em
175/307
Considerações Finais (6/6)
cumprimento de medidas socioeducativas e, portanto, da necessidade de
instrumentos de gestão qualificados na garantia de seu direito à educação;
reconhecimento da educação de qualidade social como fator
protetivo de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas
e, portanto, do papel da escola no sistema de garantia de direitos.

176/307
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186/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
Questão 1
1. A educação nacional, de acordo com a LDB nº 9.394 de 1996, possui
como finalidade:

a) O desenvolvimento do educando para a vida familiar, convivência familiar e manifestações


culturais e movimentos sociais.
b) O desenvolvimento do educando para o pluralismo de ideias, a liberdade e a igualdade
plena entre todos.
c) O pleno desenvolvimento do educando, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho.
d) O pleno desenvolvimento do educando para compreender a origem da etnia e raça da
formação brasileira.
e) O pleno desenvolvimento do educando para sua profissionalização acima de qualquer
formação com relação à sua integralidade e relações sociais.

187/307
Questão 2
2. As reformas educacionais brasileiras, a partir da década de 1990, estão
imersas nos princípios e nas diretrizes difundidos por quem?

a) Pelo Ministério da Educação e Conselho Nacional de Educação.


b) Pelas agências internacionais e por meio dos encontros que congregaram a Conferência
Mundial de Educação para Todos, da qual resultou, no Brasil, o Plano Decenal de Educação
para Todos, publicado em 1993.
c) Pela sociedade civil brasileira, através das mobilizações organizadas pelas universidades
federais.
d) Pelo grupo dos países da América Latina, por meio dos encontros para discussão e busca
de soluções dos desafios e problemas educacionais deste grupo, desde 1990.
e) Pela Conferência Nacional de Educação (CONAE), que vem mobilizando a discussão sobre
educação na sociedade civil desde 1990.

188/307
Questão 3
3. O que é verdadeiro afirmar sobre o contexto histórico do Estatuto da
Criança e do Adolescente?

I. Não há registro, até o início do século XX, do desenvolvimento de políticas sociais


desenhadas pelo Estado brasileiro. O que havia era mediado pela igreja.
II. Em 1961, foi criado o Juizado de Menores e, em 1964, foi promulgado o primeiro
documento legal para a população menor de 18 anos: o Código de Menores, Decreto nº
17.943 A, de 12 de outubro de 1964.
III. Em 1942, período considerado especialmente autoritário do Estado Novo, foi criado o
Serviço de Assistência ao Menor (SAM).
Assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas corretas são I, II e III.
b) As afirmativas corretas são I e II.
c) As afirmativas corretas são II e III.
d) As afirmativas corretas são I e III.
e) Somente a afirmativa I está correta.
189/307
Questão 4
4. A promulgação do ECA aconteceu por meio da Lei nº 8.069 de qual ano?

a) 1968.
b) 1964.
c) 1988.
d) 1985.
e) 1990.

190/307
Questão 5
5. A partir das prioridades estabelecidas na Constituição de 1988, o ECA
possui como princípio maior:

a) A proteção integral da criança e do adolescente.


b) O direito à vida de toda e qualquer criança.
c) O direito à educação entre 7 e 14 anos de idade.
d) O empoderamento do capital cultural.
e) Estar sempre junto de sua família biológica.

191/307
Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: D.

A educação nacional, de acordo com a LDB Sobre o contexto histórico do Estatuto


nº 9.394 de 1996, possui como finalidade da Criança e do Adolescente, é correto
o pleno desenvolvimento do educando, afirmar que não há registro, até o início do
preparo para o exercício da cidadania e século XX, do desenvolvimento de políticas
qualificação para o trabalho. sociais desenhadas pelo Estado brasileiro.
O que havia era mediado pela igreja e, em
2. Resposta: B. 1942, período considerado especialmente
autoritário do Estado Novo, foi criado o
As reformas educacionais brasileiras, a Serviço de Assistência ao Menor (SAM).
partir da década de 1990, estão imersas
nos princípios e nas diretrizes difundidos 4. Resposta: E.
pelas agências internacionais e, por
meio dos encontros que congregaram A promulgação do ECA aconteceu por meio
a Conferência Mundial de Educação da Lei nº 8.069, de 1990.
para Todos, da qual resultou, no Brasil, o
“Plano Decenal de Educação para Todos”,
publicado em 1993.
192/307
Gabarito
5. Resposta: A.

A partir das prioridades estabelecidas na


Constituição de 1988, o ECA possui como
princípio maior a proteção integral da
criança e do adolescente.

193/307
Unidade 6
Sistema Nacional de Educação

Objetivos

1. Compreender o que é o Sistema


Nacional de Educação.
2. Conhecer o histórico do Sistema
Nacional de Educação.
3. Compreender de forma crítica qual a
discussão sobre o Sistema Nacional
de Educação atualmente.

194/307
Introdução

Quando abordamos o tema Sistema voltado para a realidade e necessidades


Nacional de Educação, não significa do desenvolvimento brasileiro no campo
nenhum assunto recente. Historicamente, educativo, mas os interesses das escolas
foi na década de 1930 que o Brasil particulares, capitaneados pela Igreja
formulou uma proposta de Sistema Católica, e guiando-se pelo temor do
Nacional de Educação, incorporada ao suposto monopólio estatal do ensino,
“Manifesto dos Pioneiros da Educação concorreram para afastar a preocupação
Nova”, de 1932, e à Constituição de 1934. com o Sistema Nacional de Educação.
Podemos dizer que esta foi a primeira A terceira oportunidade é mais recente
tentativa de se implantar um Sistema e acontece no período de elaboração
Nacional de Educação, porém, foi deixada da nova Lei de Diretrizes e Bases da
de lado com o Estado Novo. Educação Nacional, em decorrência da
Uma segunda tentativa de um atual Constituição Federal de 1988. Porém,
Sistema Nacional de Educação foi em novamente, interesses governamentais se
decorrência da Constituição Federal de sobressaíram e uma política educacional
1946. Integrantes do governo falam da de desresponsabilização da União com a
necessidade de criar condições para a manutenção da educação, porém, com o
construção de um sistema de ensino controle em suas mãos, por meio de um
195/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação
sistema nacional de avaliação do ensino intencional dos meios, com vistas a se
em todos os seus níveis e modalidades, atingir os fins educacionais preconizados
não deu espaço para a construção e em âmbito nacional, que se chama
implementação de um Sistema Nacional de “Sistema Nacional de Educação”.
Educação. Percebemos até o momento que, se um
Entretanto, quando falamos em um Sistema de Educação Nacional ainda
Sistema Nacional de Educação, estamos não foi implementado no país, isso se
nos referindo a qual concepção de deve a interesses divergentes entre
organização educacional? Nos estudos e governo, sociedade civil e estudiosos.
nas propostas dos defensores do Sistema Vamos compreender um pouco melhor a
Nacional de Educação, citando um deles, necessidade de um Sistema de Educação
Dermeval Saviani, a concepção de sistema Nacional?
não é unidade da identidade, uma unidade
monolítica, indiferenciada, mas unidade 1. O Sistema Nacional de
da diversidade, um todo que articula Educação na Elaboração da LDB
uma variedade de elementos que, ao se
integrarem ao todo, nem por isso perdem O título IV, da LDB nº 9.394/1996, “Da
a própria identidade. É a organização Organização da Educação Nacional”,
196/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação
tinha, no projeto original, a denominação Porém, a configuração da organização
“Do Sistema Nacional de Educação”. Essa da educação nacional não se esgota nas
expressão foi retirada na aprovação do denominações, mas sim nas intenções e
projeto na Câmara, não permanecendo olhar sobre o sistema nacional de ensino,
no texto da lei também. Parece um mero que se desdobra em políticas educacionais,
detalhe, mas há questões importantes programas de projetos que não são de
a serem pensadas e discutidas por esta Estado, e sim de governo, nos currículos
substituição de nomenclatura. que vem se desenhando. Para que o
A organização da educação nacional na sistema permaneça vivo e não degenere
LDB nº 9.394/1996 fica estabelecida por em simples estrutura, burocratizando-
meio dos Níveis e das Modalidades de se, é necessário manter continuamente,
Educação e Ensino: a Educação Básica (a em termos coletivos, a intencionalidade
Educação Infantil, o Ensino Fundamental, das ações, por meio do planejamento,
o Ensino Médio e a Educação de Jovens a fim de superar o espontaneísmo e
e Adultos); a Educação Profissional; a as improvisações, que são o oposto
Educação Superior; a Educação Especial; da educação sistematizada e de sua
e, nas Disposições Gerais, os dispositivos organização na forma de sistema (SAVIANI,
relativos à Educação Indígena e à Educação
2010).
a Distância.
197/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação
Para que o Sistema Nacional de Educação De acordo com Saviani (2010), na
seja elaborado e implementado de construção do Sistema Nacional de
fato, deve ser considerada uma tarefa Educação, deve-se ter como referência o
de toda a sociedade, na medida em regime de colaboração entre a União, os
que o Estado, como guardião do bem estados, o Distrito Federal e os municípios,
público, expressa, ou deveria expressar, conforme disposto na Constituição
os interesses de toda a sociedade, que Federal, porém, levando em consideração
deveria não apenas se sentir representada suas peculiaridades e suas competências
no Estado, mas vivenciá-lo como coisa sua específicas consolidadas pela tradição
(SAVIANI, 2010). Portanto, apenas diluir e confirmadas pelo arcabouço jurídico.
as responsabilidades educativas do poder Os estados poderão expedir legislação
público, para iniciativas de filantropia e complementar, adequando as normas gerais
de voluntariado, se configura como um a eventuais particularidades locais. Assim,
retrocesso para um Estado que assume a repartição das atribuições não implica
em sua Constituição que a escola deve a exclusão da participação dos entes, aos
ser pública universal, gratuita, leiga e quais não cabe a responsabilidade direta
obrigatória concebida como direito de pelo cumprimento daquela função, mas
todos e dever do Estado. participando e acompanhando todas as
decisões tomadas por meio dos colegiados.
198/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação
E, por fim, um Sistema Nacional de Educação precisa estar preocupado com a organização
curricular dos vários níveis e modalidades de ensino e seus conteúdos, que deve possuir como
referência a forma de organização da sociedade atual, assegurando sua plena compreensão
por parte dos educandos o acesso e empoderamento dos fundamentos e pressupostos das
ciências, sistema produtivo, tecnologias da informação e comunicação, o domínio técnico-
operativo dessas tecnologias, mas também a compreensão dos princípios científicos e dos
processos que as tornaram possíveis.

Fonte: Disponível em: <http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!edicao-116/dny0b>. Acesso em: 11 jun. 2016.

199/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação


2. O Sistema Nacional de
Educação na Elaboração da
CONAE

Após as três tentativas de se construir


Para saber mais
e implementar um Sistema Nacional Leia o artigo “CONAE: impactos e perspectivas”,
de Educação no Brasil, uma nova de Carlos Roberto Jamil Cury. O autor aborda que
oportunidade e tentativa é realizada em a CONAE e seus impactos sobre o Congresso e
2010, com a realização da Conferência os sistemas representam uma oportunidade rara
Nacional de Educação (CONAE). e histórica de o Brasil superar a pesada herança
do passado excludente e lançar políticas que
A CONAE é um espaço democrático nos ponham no caminho de uma verdadeira
aberto pelo Poder Público para que todos educação de qualidade. Disponível em:
possam participar do desenvolvimento da <http://www.pensaraeducacaoempauta.
educação nacional, como os estudantes, com/#!cury-28nov/c1e42>. Acesso em: 10
pais, profissionais da educação, gestores, ago. 2016.
agentes públicos e sociedade civil
organizada de modo geral.

200/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação


O tema da CONAE, que aconteceu em A partir de então tenta-se, por meio do
2010, foi “Construindo um Sistema Plano Nacional de Educação (2014-2024),
Nacional Articulado de Educação: Plano construir e implantar um Sistema que
Nacional de Educação, suas Diretrizes e articula todos os aspectos da educação
Estratégias de Ação”. Nesta conferência foi no país, com normas comuns válidas
assumida a forma equivocada de utilização para todo o território nacional e com
do termo Sistema Nacional de Educação procedimentos também comuns, visando
historicamente, ora como um conjunto assegurar educação com o mesmo padrão
de “coisas” (escolas, níveis ou etapas de de qualidade a toda a população do país
ensino, programas pontuais e específicos, (SAVIANI, 2010).
nível de administração pública etc.), ora É importante ressaltar, porém, que não
como uma forma de agrupar semelhanças, adianta entender o Sistema Nacional
cuja lógica funcionalista lhe dá sentido. de Educação como um grande guarda-
Ambas as formas não atendem ao princípio chuva com a mera função de abrigar 27
básico para a implantação de um sistema sistemas estaduais de ensino, incluindo
nacional articulado de educação (CONAE, o do Distrito Federal, supostamente
2016). autônomos entre si. Desta forma, o Sistema
Nacional de Educação se reduzirá a uma
201/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação
mera formalidade, mantendo-se, no
fundamental, o quadro de hoje, com todas
as contradições, desencontros, imprecisões
e improvisações que marcam a situação
atual, de fato avessa às exigências da
organização da educação na forma de um
sistema nacional (SAVIANI, 2010).
Ainda de acordo com Saviani (2008), os
limites ao sistema nacional se referem aos
obstáculos econômicos; aos obstáculos
políticos – descontinuidade nas políticas
educativas; aos obstáculos filosófico-
ideológicos; e aos obstáculos legais.

202/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação


Glossário
Controle: utilizado, de forma variada, por diversas perspectivas da teoria educacional crítica,
para se referir às formas e aos processos através das quais os grupos dominantes procuram
conter os grupos dominados. No contexto da teoria educacional crítica, é mais importante o
controle através da ideologia do que da repressão (SILVA, 2016).
Desigualdade: no contexto da sociologia crítica da educação, a condição na qual os diferentes
grupos sociais – definidos principalmente em termos de classes sociais – apropriam-se de
forma desproporcional dos recursos materiais e simbólicos a sociedade (SILVA, 2016).
Diversidade: em geral, utiliza-se o termo para advogar uma política de tolerância e respeito
às diferentes culturas. Ele tem, entretanto, pouca relevância teórica, sobretudo por seu
evidente essencialismo cultural, trazendo implícita a ideia de que a diversidade está dada,
que ela preexiste aos processos sociais pelos quais – numa outra perspectiva – ela foi, antes
de qualquer coisa, criada. Prefere-se, neste sentido, o conceito de “diferença”, por enfatizar o
processo social de produção da diferença e da identidade, em suas conexões, sobretudo, com
relações de poder e autoridade (SILVA, 2016).

203/307 Unidade 6 • Sistema Nacional de Educação


?
Questão
para
reflexão

Quais são os benefícios, de fato, do Sistema Nacional


de Educação para a organização e melhoria da
qualidade da educação brasileira?

204/307
Considerações Finais (1/4)

• Historicamente, é na década de 1930 que o Brasil formula uma proposta


de Sistema Nacional de Educação, incorporada ao “Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova”, de 1932, e à Constituição de 1934. Podemos
dizer que esta foi a primeira tentativa de se implantar um Sistema Nacional
de Educação, porém, deixada de lado com o Estado Novo.
• Uma segunda tentativa de um Sistema Nacional de Educação foi em
decorrência da Constituição Federal de 1946. Integrantes do governo
falam da necessidade de criar condições para a construção de um sistema
de ensino voltado para a realidade e as necessidades do desenvolvimento
brasileiro no campo educativo.
• A terceira oportunidade é mais recente e acontece no período de
elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
decorrência da atual Constituição Federal de 1988. Porém, novamente,
interesses governamentais se sobressaíram e uma política educacional de
desresponsabilização da União com a manutenção da educação, mas com
205/307
Considerações Finais (2/4)
o controle em suas mãos, por meio de um sistema nacional de avaliação
do ensino em todos os seus níveis e modalidades, não deu espaço para a
construção e implementação de um Sistema Nacional de Educação.
• O título IV, da LDB nº 9.394/1996, “Da Organização da Educação
Nacional”, tinha, no projeto original, a denominação “Do Sistema Nacional
de Educação”. Essa expressão foi retirada na aprovação do projeto na
Câmara, não permanecendo também no texto da lei. Parece um mero
detalhe, mas há questões importantes a serem pensadas e discutidas por
esta substituição de nomenclatura.
• Para que o Sistema Nacional de Educação seja elaborado e implementado
de fato, deve ser considerada uma tarefa de toda a sociedade, na medida em
que o Estado, como guardião do bem público, expressa, ou deveria expressar,
os interesses de toda a sociedade, que deveria não apenas se sentir
representada no Estado, mas vivenciá-lo como coisa sua (SAVIANI, 2010).

206/307
Considerações Finais (3/4)
• Após as três tentativas de se construir e implementar um Sistema Nacional
de Educação no Brasil, uma nova oportunidade e tentativa é realizada em
2010, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).
• O tema da CONAE que aconteceu em 2010 foi “Construindo um Sistema
Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas
Diretrizes e Estratégias de Ação”.
• A partir de então tenta-se, por meio do Plano Nacional de Educação (2014-
2024), construir e implantar um Sistema que articula todos os aspectos
da educação no país, com normas comuns válidas para todo o território
nacional e com procedimentos também comuns, visando assegurar
educação com o mesmo padrão de qualidade a toda a população do país
(SAVIANI, 2010).

207/307
Considerações Finais (4/4)
• Ainda de acordo com Saviani (2008), os limites ao sistema nacional
se referem aos obstáculos econômicos; aos obstáculos políticos –
descontinuidade nas políticas educativas; aos obstáculos filosófico-
ideológicos; e aos obstáculos legais.

208/307
Referências

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Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001.
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209/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
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DOURADO, Luiz Fernandes. Plano nacional de educação, conferência nacional de educação
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210/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
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DUARTE, Marisa Ribeiro Teixeira. Regulação sistêmica e política de financiamento da educação


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211/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
GOUVEIA, Andréa Barbosa; SOUZA, Ângelo Ricardo De. Perspectivas e desafios no debate sobre
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212/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
SAVIANI, D. ; Desafios da construção de um sistema nacional articulado de educação. Trabalho,
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SILVA, Tomaz Tadeu da. Teoria Cultural e Educação: um vocabulário crítico. Disponível em:
<http://www.ded.ufla.br/generoesexualidade-ei/imagens/glossario.pdf>. Acesso em: 10 set.
2016.

213/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
Questão 1
1. Quando abordamos o tema Sistema Nacional de Educação, não significa
nenhum assunto recente. Historicamente, quais são os períodos em que
houve tentativas de implantação de um Sistema Nacional de Educação?

I. Na década de 1930, que o Brasil formula uma proposta de Sistema Nacional de Educação,
incorporada ao “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, de 1932, e à Constituição de
1934. Podemos dizer que esta foi a primeira tentativa de se implantar um Sistema Nacional
de Educação.
II. Em decorrência da primeira LDB, de 1961. Integrantes do governo falam da necessidade
de criar condições para a construção de um sistema de ensino voltado para a realidade e
necessidades do desenvolvimento brasileiro no campo educativo.
III. Na elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em decorrência da
atual Constituição Federal de 1988.
Assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas corretas são I, II e III.
b) As afirmativas corretas são II e III.
214/307
Questão 1

c) As afirmativas corretas são I e II.


d) As afirmativas corretas são I e III.
e) Somente a afirmativa II está correta.

215/307
Questão 2
2. A organização da educação nacional na LDB nº 9.394/1996 fica
estabelecida por meio dos Níveis e das Modalidades de Educação e
Ensino. Qual afirmativa apresenta esta organização completa?

a) Educação Infantil; Educação Profissional; Educação Superior; Educação Indígena; Educação


a Distância.
b) Educação Básica; Educação Profissional; Educação Superior; Educação Especial; Educação
Indígena; Educação a Distância.
c) Ensino Fundamental; Educação Profissional; Educação Superior; Educação Especial;
Educação Indígena; Educação a Distância.
d) Ensino Médio; Educação Profissional; Educação Superior; Educação Especial; Educação
Indígena; Educação a Distância.
e) Educação de Jovens e Adultos; Educação Profissional; Educação Superior; Educação
Especial; Educação Indígena; Educação a Distância.

216/307
Questão 3
3. Para que o Sistema Nacional de Educação seja elaborado e
implementado de fato, alguns cuidados são necessários. Assinale
Verdadeiro (V) nas afirmativas verdadeiras e Falso (F) nas afirmativas
falsas:

( ) É uma tarefa de toda a sociedade, na medida em que o Estado, como guardião do bem
público, expressa, ou deveria expressar, os interesses de toda a sociedade, que deveria não
apenas se sentir representada no Estado, mas vivenciá-lo como coisa sua.
( ) É necessário ter como referência o regime de colaboração entre a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios, conforme disposto na Constituição Federal, sem levar em
consideração suas peculiaridades e suas competências específicas.
( ) Os estados deverão expedir legislação complementar, adequando as normas gerais a
eventuais particularidades locais.
( ) Precisa estar preocupado com a organização curricular dos vários níveis e modalidades
de ensino e seus conteúdos, que deve possuir como referência a forma de organização da
sociedade atual.

217/307
Questão 3

Qual é a sequência correta?


a) V – V – V – V.
b) V – F – V – V.
c) V – V – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – V – V – V.

218/307
Questão 4
4. Após as três tentativas de se construir e implementar um Sistema
Nacional de Educação no Brasil, uma nova oportunidade e tentativa é
realizada. Quando e por meio do quê?

a) Em 2010, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).


b) Em 2014, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).
c) Em 1990, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).
d) Em 1996, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).
e) Em 2001, com a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE).

219/307
Questão 5
5. Como podemos avaliar o Sistema Nacional de Educação durante suas
tentativas na história da educação?

a) Tentativas sem sucesso até o momento devido à falta de compreensão do que de fato
significa o Sistema Nacional de Educação.
b) Todas as tentativas foram implementadas, portanto, através de mera informalidade,
mantendo todas as contradições, desencontros, imprecisões e improvisações de cada
período.
c) Todas as tentativas foram implementadas, porém, com os obstáculos econômicos,
filosófico-ideológicos e legais.
d) Tentativas de muito sucesso até o momento, implementando de pouco em pouco o real
significado do Sistema Nacional de Educação.
e) A única tentativa de sucesso foi em 1930, quando o Brasil formula uma proposta de
Sistema Nacional de Educação, incorporada ao “Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova”, de 1932, e à Constituição de 1934.

220/307
Gabarito
1. Resposta: D. 2. Resposta: B.

Quando abordamos o tema Sistema A organização da educação nacional na


Nacional de Educação, não significa LDB nº 9.394/1996 fica estabelecida
nenhum assunto recente. Historicamente, por meio dos Níveis e das Modalidades
quais são os períodos em que houve de Educação e Ensino. A afirmativa que
tentativas de implantação de um Sistema apresenta esta organização completa é:
Nacional de Educação? Na década de 1930, Educação Básica; Educação Profissional;
que o Brasil formula uma proposta de Educação Superior; Educação Especial;
Sistema Nacional de Educação, incorporada Educação Indígena; Educação a Distância.
ao “Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova”, de 1932, e à Constituição de 1934. 3. Resposta: B.
Podemos dizer que esta foi a primeira
tentativa de se implantar um Sistema (V) É uma tarefa de toda a sociedade,
Nacional de Educação; e, na elaboração da na medida em que o Estado, como
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação guardião do bem público, expressa, ou
Nacional, em decorrência da atual deveria expressar, os interesses de toda
Constituição Federal de 1988. a sociedade, que deveria não apenas

221/307
Gabarito
se sentir representada no Estado, mas 4. Resposta: A.
vivenciá-lo como coisa sua.
Após as três tentativas de se construir
(F) É necessário ter como referência o
e implementar um Sistema Nacional
regime de colaboração entre a União, os
de Educação no Brasil, uma nova
estados, o Distrito Federal e os municípios,
oportunidade e tentativa é realizada em
conforme disposto na Constituição
2010, com a realização da Conferência
Federal, sem levar em consideração suas
Nacional de Educação (CONAE).
peculiaridades e suas competências
específicas.
5. Resposta: A.
(V) Os estados deverão expedir legislação
complementar, adequando as normas Como podemos avaliar o Sistema Nacional
gerais a eventuais particularidades locais. de Educação durante suas tentativas na
(V) Precisa estar preocupado com a história da educação? Tentativas sem
organização curricular dos vários níveis e sucesso até o momento devido à falta de
modalidades de ensino e seus conteúdos, compreensão do que de fato significa o
que deve possuir como referência a forma Sistema Nacional de Educação.
de organização da sociedade atual.

222/307
Unidade 7
Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea

Objetivos

1. Compreender o que é o Plano


Nacional de Educação.
2. Conhecer o histórico do Plano
Nacional de Educação.
3. Compreender de forma crítica como
foi a implementação do PNE 2001-
2010.
4. Conhecer quais são as metas do
PNE 2014-2024 e quais são as
perspectivas.

223/307
Introdução
Assim como o Sistema Nacional de Educação, quando falamos do Plano Nacional de Educação
(PNE) não estamos nos referindo a nenhuma ideia atual. Inclusive, o Sistema Nacional de
Educação e o Plano Nacional de Educação surgem no mesmo período histórico, justamente por
estarem presentes na mesma concepção de educação.
A íntima relação entre os conceitos de “Sistema Nacional de Educação” e “Plano Nacional de
Educação” se deve à concepção de sistema que resulta da atividade sistematizada e a ação
sistematizada, aquela que busca intencionalmente realizar determinadas finalidades, ou seja,
uma ação planejada.

[...] se o desenvolvimento do Sistema Educacional é condicionado pelo


Plano de Educação, no âmbito do qual se definem as metas e os recursos
com os quais o Sistema opera, a viabilidade do Plano de Educação
depende do Sistema Educacional, pois é nele e por ele que as metas
previstas poderão se tornar realidade. (SAVIANI, 2010, p. 782)
Historicamente, no Brasil, a origem da ideia de plano na educação surge em 1932, com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que, diagnosticando a educação no Brasil, detectou
a falta de unidade de plano e formulou um Plano de reconstrução educacional (SAVIANI, 2010).
224/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
O conceito de plano adotado no a elaboração de um plano de educação”,
“Manifesto” assume o sentido de que, por sua vez, se constituiria na base e
instrumento de introdução da no roteiro das providências de governo no
racionalidade científica no campo da âmbito educacional (SAVIANI, 2010).
educação, compreendendo que se pode Já a primeira Lei de Diretrizes e Bases da
ser tão científico no estudo e na resolução Educação Nacional, aprovada em 1961,
dos problemas educativos como nos da refere-se ao “plano de educação” apenas
engenharia e das finanças (MANIFESTO, como um instrumento de execução dos
2010). fundos dos ensinos primário, médio e
Logo em seguida, na Constituição de 1934, superior. Ou seja, um conceito bastante
estabeleceu-se que a União fixaria o Plano reduzido do que pode ser um Plano
Nacional de Educação a ser elaborado Nacional de Educação.
pelo Conselho Nacional de Educação. No No período da ditadura, o “plano de
período do Estado Novo (1937-1945), educação” é assumido pelos tecnocratas,
Capanema entendeu que “a promulgação com subordinação do Ministério da
de uma lei geral de ensino, ou seja, Educação (MEC) ao Ministério do
de um Código da Educação Nacional, Planejamento, onde o corpo dirigente e
apresentava-se como condição prévia para
225/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
técnico eram, em sua maioria, oriundos colaboração e definir diretrizes, objetivos,
de formação nas ciências econômicas. Ou metas e estratégias de implementação
seja, o plano de educação neste período para assegurar a manutenção e o
ganhou outra concepção, alinhado com desenvolvimento do ensino em seus
os Planos Nacionais de Desenvolvimento diversos níveis, etapas e modalidades, por
(PND), com a mesma denominação de meio de ações integradas dos poderes
Planos Setoriais de Educação e Cultura públicos das diferentes esferas federativas
(PSEC). que conduzam à(ao): I - erradicação do
analfabetismo; II - universalização do
1. O Plano Nacional de atendimento escolar; III - melhoria da
Educação 2001-2010 qualidade do ensino; IV - formação para
o trabalho; V - promoção humanística,
A Constituição Federal de 1988 aborda, científica e tecnológica do país; e VI -
em seu artigo 214, que a legislação estabelecimento de meta de aplicação
educacional deve estabelecer o Plano de recursos públicos em educação como
Nacional de Educação, de duração decenal, proporção do Produto Interno Bruto.
com o objetivo de articular o sistema (Incluído pela Emenda Constitucional nº
nacional de educação em regime de 59, de 2009) (BRASIL, 1988).

226/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação A aprovação de um Plano Nacional de
Nacional nº 9.394, de 1996, em Educação para os próximos dez anos,
consonância com a Constituição Federal porém, só aconteceu no início de 2001,
de 1988, aborda, em seu artigo 87, que com a Lei nº 10.172, de janeiro de 2001,
fica instituída a Década da Educação e com vários vetos, em especial, a emenda
que, em um ano a partir da publicação da que propunha o investimento de 10% do
Lei, deverá ser encaminhado ao Congresso Produto Interno Bruto em educação.
Nacional o Plano Nacional de Educação, Vamos conhecer e analisar as metas e os
com diretrizes e metas para os dez anos objetivos (de forma resumida) com relação
seguintes, em sintonia com a Declaração ao PNE (2001-2010)?
Mundial sobre Educação para Todos
(BRASIL, 1996).

227/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Tabela 2 – PNE 2001-2010

1. Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças de 7 a 14 anos,


assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a conclusão desse ensino. Essa prioridade
inclui o necessário esforço dos sistemas de ensino para que todas obtenham a formação mínima
para o exercício da cidadania e para o usufruto do patrimônio cultural da sociedade moderna. O
OBJETIVOS E METAS GERAIS

processo pedagógico deverá ser adequado às necessidades dos alunos e corresponder a um ensino
socialmente significativo. Prioridade de tempo integral para as crianças das camadas sociais mais
necessitadas.
2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que
não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa prioridade, considerando-se a
alfabetização de jovens e adultos como ponto de partida e parte intrínseca desse nível de ensino. A
alfabetização dessa população é entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básicos
da cultura letrada, das operações matemáticas elementares, da evolução histórica da sociedade
humana, da diversidade do espaço físico e político mundial e da constituição da sociedade
brasileira. Envolve, ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos e
deveres.

228/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
3. Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino - a educação infantil, o ensino médio e a
educação superior. Está prevista a extensão da escolaridade obrigatória para crianças de seis anos
de idade, quer na educação infantil, quer no ensino fundamental, e a gradual extensão do acesso ao
ensino médio para todos os jovens que completam o nível anterior, como também para os jovens e
adultos que não cursaram os níveis de ensino nas idades próprias. Para as demais séries e para os
OBJETIVOS E METAS GERAIS

outros níveis, são definidas metas de ampliação dos percentuais de atendimento da respectiva faixa
etária. A ampliação do atendimento, neste plano, significa maior acesso, ou seja, garantia crescente
de vagas e, simultaneamente, oportunidade de formação que corresponda às necessidades das
diferentes faixas etárias, assim como, nos níveis mais elevados, às necessidades da sociedade, no
que se refere a lideranças científicas e tecnológicas, artísticas e culturais, políticas e intelectuais,
empresariais e sindicais, além das demandas do mercado de trabalho. Faz parte dessa prioridade a
garantia de oportunidades de educação profissional complementar à educação básica, que conduza
ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva, integrada às diferentes formas
de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia.
4. Valorização dos profissionais da educação. Particular atenção deverá ser dada à formação inicial
e continuada, em especial dos professores. Faz parte dessa valorização a garantia das condições
adequadas de trabalho, entre elas o tempo para estudo e preparação das aulas, salário digno, com
piso salarial e carreira de magistério.

229/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
5. Desenvolvimento de sistemas de informação e de avaliação em todos os níveis e modalidades de
OBJETIVOS E METAS GERAIS ensino, inclusive educação profissional, contemplando também o aperfeiçoamento dos processos
de coleta e difusão dos dados, como instrumentos indispensáveis para a gestão do sistema
educacional e melhoria do ensino.
Este Plano Nacional de Educação define, por conseguinte: as diretrizes para a gestão e o
financiamento da educação; as diretrizes e metas para cada nível e modalidade de ensino e as
diretrizes e metas para a formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação,
nos próximos dez anos.

Tratando-se de metas gerais para o conjunto da Nação, será preciso, como desdobramento, adequação às
especificidades locais e definição de estratégias adequadas, à cada circunstância, elaboração de planos
estaduais e municipais.
Fonte: Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016.

O que é importante ressaltar sobre este Plano é que, primeiramente, pouco se avançou com
relação às metas propostas e necessidades da educação nacional.
Durante a vigência do PNE 2001/2010, o modelo político e econômico vigente não foi desfeito.

230/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
As carências históricas da educação 2. O Plano Nacional de Educação
brasileira ainda permanecem. Isso não 2014-2024
significa desconsiderar os avanços, porém,
considerar que ainda possuímos um Em 2010, o Plano Nacional de Educação
dualismo estrutural da educação brasileira, 2001-2010 perde sua vigência e inicia
condições de formação, trabalho e uma longa caminhada para aprovação do
remuneração inadequadas aos professores próximo PNE que, entre muitos debates,
e uma educação para a maioria da com defesa de interesses, só é aprovado
população que ainda deixa muito a desejar. em 2014 com vigência até 2024, por meio
Não dá para esquecer que a vigência do da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.
plano ocorreu em um período de crise A Conferência Nacional de Educação
estrutural do capital em nível global e (CONAE) – espaço democrático de
no alinhamento político nacional, com discussão e deliberação coletiva – foi
políticas de esvaziamento e retirada do organizada em 2010 e em 2014 para
Estado no fortalecimento dos serviços promover a discussão da educação escolar,
públicos básicos de educação, saúde, da Educação Infantil à Pós-Graduação,
moradia, saneamento básico etc. realizada em diferentes territórios e
espaços institucionais, nas escolas, nos
231/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
municípios, no Distrito Federal, nos estados e no país. É integrada por representantes das
secretarias do Ministério da Educação, da Câmara e do Senado, do Conselho Nacional de
Educação, das entidades dos dirigentes municipais, estaduais, e federais da educação e de
todas as entidades que atuam direta ou indiretamente na área da educação.
Em 2014, acontece a II Conferência Nacional de Educação (CONAE) com a temática central:
“O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação
Federativa e Regime de Colaboração”.

A Conae 2014 teve por objetivos específicos, definidos pelo Fórum Nacional de
Educação: 1. Acompanhar e avaliar as deliberações da Conferência Nacional
de Educação/2010, verificando seu impacto e procedendo às atualizações
necessárias para a elaboração da Política Nacional de Educação e 2. Avaliar
a tramitação e a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE) na
articulação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e no desenvolvimento das
políticas públicas educacionais. Para avançar na problematização e deliberação
dessa temática central foram aprovados sete eixos que compõem o documento
referência a saber: Eixo I – O Plano Nacional de Educação e o Sistema Nacional
de Educação: organização e regulação;
232/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Eixo II – Educação e Diversidade: justiça social, inclusão e direitos humanos;
Eixo III – Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura,
ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente; Eixo IV – Qualidade da Educação:
democratização do acesso, permanência, avaliação, condições de participação
e aprendizagem; Eixo V – Gestão Democrática, Participação Popular e Controle
Social; Eixo VI – Valorização dos Profissionais da Educação: formação,
remuneração, carreira e condições de trabalho; Eixo VII – Financiamento da
Educação: gestão, transparência e controle social dos recursos. (DOURADO,
2014, p. 4)
No movimento para um novo planejamento para a Educação Nacional, por meio do PNE
instituído na Constituição Federal de 1988, a CONAE vem contribuir com um importante papel
político ao problematizar temáticas importantes com diversas frentes ligadas à educação.
Problemáticas estas como um sistema nacional de educação que possibilite a ação articulada
entre os entes federados; a efetivação de planejamento sistemático, que, após avaliar o
conjunto de ações, programas e planos em desenvolvimento, contribua para o estabelecimento
de políticas de Estado; programas e ações que garantam organicidade entre as políticas
educacionais no país, envolvendo os diferentes órgãos de gestão educacional; e, ainda,

233/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
destacando a necessária mediação entre o Estado, demandas sociais e o setor produtivo, de
modo a se avançar na superação do cenário educacional, historicamente demarcado pela
fragmentação ou superposição de ações e programas, pela centralização das políticas de
organização e gestão da educação no país (DOURADO, 2014).
Vamos conhecer as 20 metas aprovadas no Plano Nacional de Educação com vigor de 2014 a
2024?
Tabela 3 – PNE 2014-2024

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014 – 2024


Meta 1 - Educação infantil Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para
as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta
de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo,
cinquenta por cento das crianças de até três anos até o final da
vigência deste PNE.
Meta 2 - Ensino fundamental Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a
população de seis a quatorze anos e garantir que pelo menos
noventa e cinco por cento dos alunos conclua essa etapa na idade
recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.

234/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Meta 3 - Ensino médio Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população
de quinze a dezessete anos e elevar, até o final do período de vigência
deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para oitenta e
cinco por cento.
Meta 4 - Educação especial Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superlotação, o acesso à educação básica e ao
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede
regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo,
de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.
Meta 5 - Alfabetização das Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do terceiro ano
crianças do ensino fundamental.
Meta 6 - Tempo integral Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, cinquenta por
cento das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, vinte e
cinco por cento dos(as) alunos(as) da educação básica.

235/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Meta 7 - Qualidade da educação Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e
básica/Ideb modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de
modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
Ideb EF iniciais EF finais EM
2015 5,2 4,7 4,3
2017 5,5 5,0 4,7
2019 5,7 5,2 5,0
2021 6,0 5,5 5,2
Meta 8 - Escolaridade média da Elevar a escolaridade média da população de dezoito a vinte e nove
população de 18 a 29 anos anos, de modo a alcançar, no mínimo, doze anos de estudo no último
ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de
menor escolaridade no país e dos vinte e cinco por cento mais pobres,
e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

236/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Meta 9 - Alfabetização da Elevar a taxa de alfabetização da população com quinze anos ou mais
população com 15 anos ou mais/ para noventa e três inteiros e cinco décimos por cento até 2015 e, até
Erradicação do analfabetismo o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e
absoluto reduzir em cinquenta por cento a taxa de analfabetismo funcional.
Meta 10 - Educação de jovens e Oferecer, no mínimo, vinte e cinco por cento das matrículas de
adultos, nos ensinos fundamental educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na
e médio, na forma integrada à forma integrada à educação profissional.
educação profissional
Meta 11 - Educação profissional Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível
técnica de nível médio médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos cinquenta
por cento da expansão no segmento público.
Meta 12 - Acesso à educação Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para cinquenta
superior por cento e a taxa líquida para trinta e três por cento da população
de dezoito a vinte e quatro anos, assegurada a qualidade da oferta e
expansão para, pelo menos, quarenta por cento das novas matrículas,
no segmento público.

237/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Meta 13 - Qualidade da educação Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de
superior/Titulação do corpo mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto
docente do sistema de educação superior para setenta e cinco por cento,
sendo, do total, no mínimo, trinta e cinco por cento doutores.
Meta 14 - Acesso à pós- Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação
graduação Stricto sensu/ stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de sessenta mil
Ampliação do número de mestres e vinte e cinco mil doutores.
titulados
Meta 15 - Formação dos Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o
profissionais da educação/ Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência deste
professores da educação básica PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de
com formação específica de nível que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de
superior (licenciatura na área de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as
conhecimento em que atuam) professoras da educação básica possuam formação específica de nível
superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em
que atuam.

238/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Meta 16 - Formação, em nível de Formar, em nível de pós-graduação, cinquenta por cento dos
pós-graduação, dos professores professores da educação básica, até o último ano de vigência deste
da educação básica / Formação PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica
continuada na área de atuação formação continuada em sua área de atuação, considerando as
necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.
Meta 17 - Equiparação, até o Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de
final de 2019, do rendimento educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao
médio dos profissionais do dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final
magistério das redes públicas de do sexto ano de vigência deste PNE.
educação básica ao dos demais
profissionais com escolaridade
equivalente.
Meta 18 - Planos de carreira para Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira
os profissionais da educação para os(as) profissionais da educação básica e superior pública
básica e superior pública de todos de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos(as)
os sistemas de ensino / Piso profissionais da educação básica pública, tomar como referência o
salarial nacional para profissionais piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos
da educação básica pública – do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
referenciada na Lei do Piso

239/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
19 Assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da
gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de
Gestão democrática da educação
mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no
âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
União para tanto.
20 Ampliar o investimento público em educação pública de forma a
atingir, no mínimo, o patamar de sete por cento do Produto Interno
Investimento público em
Bruto (PIB) do país no quinto ano de vigência desta lei e, no mínimo, o
educação pública
equivalente a dez por cento do PIB ao final do decênio.
Fonte: Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 10 ago. 2016.

240/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
Para saber mais Link
Para compreender melhor a educação integral no Para compreender melhor o IDEB, suas metas,
sistema público de ensino, observando a oferta, cálculos e fazer consultas diversas (por escola,
as ações e os desafios, podem ser consultados município, Distrito Federal, estado e Brasil),
os seguintes documentos: Manual Operacional acesse: <http://portal.inep.gov.br/web/
de Educação Integral; Série Mais Educação, portal-ideb/portal-ideb>. Acesso em: 1º jul.
Educação Integral; Caderno do Programa Mais 2016.
Educação: Passo a Passo; e Censo da Educação
Básica, os quais estão disponíveis no site do
De forma geral, alguns aspectos são
INEP (<http://portal.inep.gov.br>); no Decreto
importantes a serem destacados como um
nº 7.083, de 27 de janeiro de 2010 (<http://
diferencial do que se fez até o momento.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/decreto/d7083.htm>); e Portaria O investimento na educação é ousado,
Normativa Interministerial nº 17, de 24 de abril pois identificou-se que o investimento em
de 2007 (<http://portal.mec.gov.br/arquivos/ educação no Brasil ainda é insuficiente.
pdf/mais_educacao.pdf>). Existe um planejamento que não é somente
o investimento que precisa ser maior, sua
241/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
gestão também é ineficiente. A gestão e não somente de governo. Só assim, o
educacional brasileira ainda necessita planejamento para a Educação, por meio
de uma preparação melhor para que o do PNE, poderá ser implementado de forma
investimento seja mais inteligente. Porém, adequada e justa.
precisamos de mais fontes de recursos Como não falar da valorização do
para a educação. professor? A carreira do professor precisa
Não podemos somente pegar os dados ser mais atrativa, não só pelo salário
atuais e compará-los com outros países. É e o piso inicial, mas sim com foco na
preciso olhar todo o histórico da educação permanência, ou seja, um plano de carreira
brasileira. Tivemos muitos anos de que não se restrinja ao tempo de serviço,
defasagem no investimento da educação. um trabalho eficiente para alterar a cultura
Por isso, uma deficiência muito maior, de desvalorização do professor, para um
diferente do histórico de outros países. reconhecimento do profissional.
Assim, a meta de, até o final deste plano, Outra questão é a ampliação da exposição
chegar a investir 10% do PIB na educação. do aluno à educação. A escola integral
Outro aspecto fundamental é pensar a é considerada uma ação, porém, há um
educação como um plano de sociedade risco muito grande de se tornar apenas um

242/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
momento maior no espaço escolar se não
houver uma reformação e adequação de
uma educação escolar de forma integral
para que ela venha, de fato, contribuir de
forma significativa para a educação de
crianças e jovens.
Entretanto, até com a experiência do PNE,
que vigorou no período de 2001 a 2010,
o PNE sairá do papel? Há uma grande
esperança por parte de especialistas,
porém, considera-se a necessidade de
uma mobilização da sociedade para
acompanhamento e cobrança. Um ponto
positivo é o novo PNE ter apenas 20 metas
bem claras e objetivas, enquanto que o
PNE 2001-2010 teve por volta de 200
objetivos.

243/307 Unidade 7 • Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea
?
Questão
para
reflexão

Com relação às 20 metas estabelecidas no Plano


Nacional de Educação com vigência para 2014 – 2014,
qual é a avaliação que podemos fazer neste momento?
Será que o Brasil será capaz de cumprir todas elas em
sua integralidade? Por quê?

244/307
Considerações Finais (1/3)

• A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 1996, em


consonância com a Constituição Federal de 1988, aborda, em seu artigo
87, que fica instituída a Década da Educação e que, em um ano a partir da
publicação da Lei, deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional o Plano
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes,
em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos
(BRASIL, 1996).
• A aprovação de um Plano Nacional de Educação para os próximos dez
anos, porém, só aconteceu no início de 2001, com a Lei nº 10.172, de
janeiro de 2001, com vários vetos, em especial, a emenda que propunha o
investimento de 10% do Produto Interno Bruto em educação.
• O que é importante ressaltar sobre este Plano é que, primeiramente,
pouco se avançou com relação às metas propostas e às necessidades da
educação nacional.

245/307
Considerações Finais (2/3)
• Durante a vigência do PNE 2001/2010, o modelo político e econômico
vigente não foi desfeito. As carências históricas da educação brasileira
ainda permanecem. Isso não significa desconsiderar os avanços, porém,
considerar que ainda possuímos um dualismo estrutural da educação
brasileira, condições de formação, trabalho e remuneração inadequadas
aos professores e uma educação para a maioria da população que ainda
deixa muito a desejar.
• Em 2010, o Plano Nacional de Educação 2001-2010 perde sua vigência
e inicia uma longa caminhada para aprovação do próximo PNE que, entre
muitos debates, com defesa de interesses, só é aprovado em 2014 com
vigência até 2024, por meio da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.
• A Conferência Nacional de Educação (CONAE) - espaço democrático de
discussão e deliberação coletiva – foi organizada em 2010 e em 2014 para
promover a discussão da educação escolar, da Educação Infantil à Pós-

246/307
Considerações Finais (3/3)
Graduação, realizada em diferentes territórios e espaços institucionais,
nas escolas, nos municípios, no Distrito Federal, nos estados e no país. É
integrada por representantes das secretarias do Ministério da Educação,
da Câmara e do Senado, do Conselho Nacional de Educação, das entidades
dos dirigentes estaduais, municipais e federais da educação e de todas as
entidades que atuam direta ou indiretamente na área da educação.
• Até com a experiência do PNE, que vigorou no período de 2001 a 2010, o
PNE sairá do papel? Há uma grande esperança por parte de especialistas,
porém, considera-se a necessidade de uma mobilização da sociedade para
acompanhamento e cobrança. Um ponto positivo é o novo PNE ter apenas
20 metas bem claras e objetivas, enquanto que o PNE 2001-2010 teve por
volta de 200 objetivos.

247/307
Referências

ALVES, Wanderson Ferreira. Gestão escolar e o trabalho dos educadores: da estreiteza das
políticas à complexidade do trabalho humano. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 110, p. 17-34,
mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302010000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 ago 2016.

BONAMIGO, Carlos Antônio; CORREA, Carla Maria Aparecida. História da evolução básica
brasileira: uma avaliação do plano nacional de educação. PNE 2001-2010. Disponível em:
<http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/436/35>.
Acesso em: 11 set. 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 5 out. 1988.
BRASIL. Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE).
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
CUNHA, Eliseu De Oliveira. A escola e o adolescente em conflito com a lei: desvelando
as tramas de uma difícil relação. Educação em revista, Belo Horizonte, v. 32, n. 1, p.

248/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
235-259, jan./mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
46982016000100235&script=sci_abstract&tlng=pt>.

CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica como direito. Cadernos de pesquisa, v. 38,
n. 134, p. 293-303, maio/ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/
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_____. Estado e políticas de financiamento em educação. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100,
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br/pdf/es/v29n105/v29n105a12.pdf>. Acesso em: 11 set. 2016.

DOURADO. L. F. Plano Nacional de Educação, Conferência Nacional de Educação e a construção


do Sistema Nacional de Educação: dilemas e proposições. Jornal de políticas educacionais. N°
16 | julho-dezembro de 2014 | pp. 03–11

249/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
ENTREVISTA: A conferência nacional de educação (CONAE) e o plano nacional de educação
(PNE). Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 1031-1058, jul./set. 2010. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302010000300019>. Acesso em: 11
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www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4707.pdf.
LAPLANE, Adriana Lia Friszman; PRIETO, Rosângela Gavioli. Inclusão, diversidade e igualdade
na CONAE 2010: perspectivas para o novo Plano Nacional de Educação. Educ. Soc., Campinas, v.
31, n. 112, p. 919-938, set. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-73302010000300014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 ago. 2016.

LOMBARDI, José Claudinei; LUCENA Carlos; PREVITALI, Fabiane Santana. Mundialização


do trabalho transição histórica e reformismo educacional. Disponível em: <https://www.
passeidireto.com/arquivo/21367956/mundializacao-do-trabalho---transicao-historica-e-
reformismo-educacional>. Acesso em: 10 set. 2016.

SAVIANI, D. ; Educação: paixão e compromisso. Educação em Revista (UFMG) , Belo Horizonte-


MG, n.31, p. 43-59, 2000.
250/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
SAVIANI, D. ; Desafios da construção de um sistema nacional articulado de educação. Trabalho,
Educação e Saúde , v. 6, p. 213-231, 2008.
SAVIANI, Dermeval. Sistema Nacional de educação articulado ao plano nacional de educação.
Revista brasileira de educação v.15 n.44 maio/ ag.2010. Disponível em http://www.scielo.br/
pdf/rbedu/v15n44/v15n44a13.pdf.

251/307 Unidade 4 • Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos,
Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
Questão 1
1. Historicamente, no Brasil, quando surge a origem da ideia de plano na
educação?

a) Surge em 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que, diagnosticando
a educação no Brasil, detectou a falta de unidade de plano e formulou um Plano de
reconstrução educacional.
b) Surge em 1961, com a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, após
20 anos de tramitação com a ideia de “plano de educação” para melhoria da qualidade dos
ensinos primário, médio e superior.
c) Surge com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 1996, em
consonância com a Constituição Federal de 1988.
d) Surge com a reformulação da LDB nº 5.692/71, com a ideia de “plano nacional” para
reforma e melhoria do ensino primário.
e) Surge com a reformulação da LDB nº 5.540/68, com a ideia de “Plano nacional” para
reforma e melhoria do ensino superior.

252/307
Questão 2
2. A Constituição Federal de 1988 aborda, em seu artigo 214, que a
legislação educacional deve estabelecer o Plano nacional de educação,
de duração decenal, com quais objetivos?

a) Promover a fragmentação do sistema nacional de educação para uma gestão mais


eficiente e adequada, definindo diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis.
b) Articular o sistema nacional de educação para resolução de alguns temas específicos da
educação: erradicação do analfabetismo, formação para o trabalho e promoção da ciência
e tecnologia em todo o território nacional.
c) Articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes,
objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas.
d) Articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes,
objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o
desenvolvimento da educação infantil.
253/307
Questão 2

e) Articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes,


objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o
desenvolvimento da educação profissional nas modalidades de educação continuada, nível
médio e superior.

254/307
Questão 3
3. O que é correto afirmar como metas que estiveram presentes no
Plano Nacional de Educação, vigência 2001 - 2010? Assinale V para as
verdadeiras e F para as falsas.

( ) Assegurar que, em dois anos, todos os municípios tenham definido sua política para a
Educação Infantil, com base nas diretrizes nacionais, nas normas complementares estaduais e
nas sugestões dos referenciais curriculares nacionais.
( ) Regularizar o fluxo escolar reduzindo em 100%, em cinco anos, as taxas de repetência e
evasão, por meio de programas de aceleração da aprendizagem e de recuperação paralela ao
longo do curso, garantindo efetiva aprendizagem.
( ) Melhorar o aproveitamento dos alunos do Ensino Médio, de forma a atingir níveis
satisfatórios de desempenho definidos e avaliados pelo Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e pelos sistemas de
avaliação que venham a ser implantados nos estados.
( ) Generalizar, em dez anos, o atendimento dos alunos com necessidades especiais somente
na Educação Infantil, inclusive através de consórcios entre municípios, quando necessário,
provendo, nestes casos, o transporte escolar.
255/307
Questão 3

Assinale a sequência correta:


a) V – V – F – F.
b) V – F – V – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – V.
e) V – F – F – V.

256/307
Questão 4
4. O que é correto afirmar como metas que estão presentes no Plano
Nacional de Educação, vigência 2014 – 2024:

I. Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de seis a quatorze
anos e garantir que, pelo menos, setenta por cento dos alunos concluam essa etapa na
idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
II. Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, cinquenta por cento das escolas
públicas, de forma a atender, pelo menos, vinte e cinco por cento dos(as) alunos(as) da
educação básica.
III. Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do
corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para
setenta e cinco por cento, sendo, do total, no mínimo, trinta e cinco por cento doutores.
IV. Assegurar condições, no prazo de dez anos, para a efetivação da gestão democrática da
educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à
comunidade escolar, no âmbito das escolas púbicas, privadas, confessionais, prevendo
recursos e apoio técnico da União para tanto.

257/307
Questão 4

Assinale a sequência correta:


a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

258/307
Questão 5
5. Com relação à meta do investimento público em educação pública,
que consta no Plano Nacional de Educação 2014-2024, o que é correto
afirmar?

a) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo,


o patamar de cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no quinto ano de
vigência desta lei e, no mínimo, o equivalente a dez por cento do PIB ao final do decênio.
b) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o
patamar de oito por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no quinto ano de vigência
desta lei e, no mínimo, o equivalente a nove por cento do PIB ao final do decênio.
c) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o
patamar de dez por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no oitavo ano de vigência
desta lei.
d) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o
patamar de sete por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no quinto ano de vigência
desta lei e, no mínimo, o equivalente a dez por cento do PIB ao final do decênio.

259/307
Questão 5

e) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o


patamar de sete por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no segundo ano de
vigência desta lei e, no mínimo, o equivalente a dez por cento do PIB ao final do decênio.

260/307
Gabarito
1. Resposta: A. em regime de colaboração e definir
diretrizes, objetivos, metas e estratégias
Historicamente, no Brasil, surge a origem de implementação para assegurar a
da ideia de plano na educação em 1932, manutenção e o desenvolvimento do
com o Manifesto dos Pioneiros da Educação ensino em seus diversos níveis, etapas e
Nova, que, diagnosticando a educação no modalidades por meio de ações integradas
Brasil, detectou a falta de unidade de plano dos poderes públicos das diferentes esferas
e formulou um Plano de reconstrução federativas.
educacional.
3. Resposta: B.
2. Resposta: C.
(V) Assegurar que, em dois anos, todos
A Constituição Federal de 1988 aborda, os municípios tenham definido sua
em seu artigo 214, que a legislação política para a Educação Infantil, com
educacional deve estabelecer o plano base nas diretrizes nacionais, nas
nacional de educação, de duração normas complementares estaduais e nas
decenal, com os seguintes objetivos: sugestões dos referenciais curriculares
articular o sistema nacional de educação nacionais.

261/307
Gabarito
(F) Regularizar o fluxo escolar necessidades especiais somente na
reduzindo em 100%, em cinco anos, Educação Infantil, inclusive através de
as taxas de repetência e evasão, por consórcios entre municípios, quando
meio de programas de aceleração da necessário, provendo, nestes casos, o
aprendizagem e de recuperação paralela transporte escolar.
ao longo do curso, garantindo efetiva
aprendizagem. 4. Resposta: B.
(V) Melhorar o aproveitamento dos alunos
O que é correto afirmar como metas que
do Ensino Médio, de forma a atingir níveis
estão presentes no Plano Nacional de
satisfatórios de desempenho definidos
Educação, vigência 2014 - 2024?
e avaliados pelo Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), pelo II. Oferecer educação em tempo integral
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e em, no mínimo, cinquenta por cento das
pelos sistemas de avaliação que venham a escolas públicas, de forma a atender, pelo
ser implantados nos estados. menos, vinte e cinco por cento dos(as)
alunos(as) da educação básica.
(F) Generalizar, em dez anos, o
atendimento dos alunos com III. Elevar a qualidade da educação superior
e ampliar a proporção de mestres e
262/307
Gabarito
doutores do corpo docente em efetivo
exercício no conjunto do sistema de
educação superior para setenta e cinco por
cento, sendo, do total, no mínimo, trinta e
cinco por cento doutores.

5. Resposta: D.
Com relação à meta do investimento
público em educação pública que consta
no Plano Nacional de Educação 2014-
2024, o que é correto afirmar? Ampliar o
investimento público em educação pública
de forma a atingir, no mínimo, o patamar
de sete por cento do Produto Interno Bruto
(PIB) do país no quinto ano de vigência
desta lei e, no mínimo, o equivalente a dez
por cento do PIB ao final do decênio.

263/307
Unidade 8
Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de
Qualidade na Gestão da Escola

Objetivos

1. Reflexão sobre as relações que


envolvem a gestão escolar
2. Compreensão da gestão educacional
após a Lei de Diretrizes e Bases nº
9.394/1996.
3. Compreensão de forma crítica sobre
os princípios da Gestão Democrática
que são introduzidos na organização
e gestão da Educação Brasileira com
a Constituição Federal de 1988.

264/307
Introdução

A gestão é sempre um processo político,


pois é uma “atividade-meio da política”, Link
que lida diretamente com as relações de Assista a vídeos sobre os princípios gerais
poder “na medida em que poder se delega. da Administração Escolar e aprofunde seus
Isto significa que, intermediária ou não, conhecimentos.
ela age como sistema de poder” (SOUZA,
2012, p. 160). Disponível em: <https://www.youtube.com/
playlist?list=PLxI8Can9yAHcLBLJcGhpr-
Na medida em que a gestão escolar nu5nwzcj3YyS>. Acesso em: 1º jul. 2016.
está envolvida por sistemas de poder, é
importante alertar que não será nunca uma
gestão neutra, sem meandros e conflitos. Estudos, como o de Foucault, nos mostram
Portanto, na condução cotidiana da como instituições, assim como a Escola,
escola, as relações de poder precisam ser podem exercer o papel de controle e
consideradas. dominação. O controle e poder exercidos
na escola nem sempre são uma forma
explícita de dominação legítima.

265/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
[...] Face sempre presente, legítima, mas de percepção menos evidente,
assim obscura, o poder simbólico é ‘esse poder invisível o qual só pode
ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe
estão sujeitos ou mesmo que o exercem’. (BOURDIEU, 2004, p. 7-8)
O poder simbólico, de acordo com Bourdieu, pode ser identificado em vários contextos
escolares e educacionais, como: na relação dos professores com os familiares, no discurso
pedagógico, na presença do diretor, em si, na reunião do conselho de escola, no cotidiano
escolar, nas disputas por espaço, imposição de ideias e influência na definição dos rumos a
serem perseguidos pela instituição (SOUZA, 2012).
Observar o poder simbólico no cotidiano escolar e educacional é importante na medida em
que as relações sociais e de poder acabam impondo uma definição do mundo conforme seus
interesses. O poder simbólico surge como todo o poder que consegue impor significações e
impô-las como legítimas.
Todas as relações educativas e sociais são relações de comunicação. No discurso das classes
sociais dominantes, escutamos, com muita frequência, a igualdade de forma justa, apenas

266/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
oferecendo o mesmo a todos. E as Desta forma, é possível perceber como a
desigualdades sociais existentes entre as gestão educacional e, consequentemente,
classes populares, raças, gêneros, entre a gestão escolar precisam muito mais do
outros, não são levadas em consideração? que simplesmente possuir habilidades
Todos partem do mesmo ponto? Possuem para gerenciar pessoas e recursos
as mesmas oportunidades sociais? materiais e financeiros. Precisa conhecer e
apropriar-se de forma crítica das políticas
Para Bourdieu (1998), quando o sistema educacionais, a legislação e todos os
escolar, cobra de todos a mesma coisa, meandros que as envolvem.
sendo que nem todos possuem o
Para concluir, citando Marx e Engels (1998),
conhecimento cultural, este sistema
no Manifesto do Partido Comunista: “[…],
está executando o que ele denominou
para oprimir uma classe, é necessário
de violência simbólica, impondo o assegurar-lhe ao menos as condições
reconhecimento e a legitimidade de uma mínimas em que possa ir arrastando a sua
única forma de cultura, desconsiderando existência servil” (p. 19). Não podemos
e inferiorizando a cultura dos segmentos generalizar, caro aluno, mas não podemos
populares. fechar os olhos para a alienação que está
presente em vários setores e instituições,
inclusive a Educação e Escola.
267/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
1. Descentralização do sistema de
Para saber mais gestão da educação e sua necessária
integração.
Acesse os Anais do Intercâmbio relações
públicas e privadas na educação: embates e 2. Regulamentação e acompanhamento
desdobramentos para a democratização da da Educação por meio das
educação. 2012. Disponível em: <http://www. avaliações externas e indicadores,
gt5.ufpr.br/anais.pdf>. Acesso em: 08 jun. principalmente por meio dos
2016. números sobre a educação brasileira.
3. Financiamento da educação por meio
do FUNDEB e, em seguida, FUNDEF.
1. A Gestão a Partir da LDB nº
4. Determinação dos conteúdos
9.394, DE 1996
curriculares por meio dos
Vimos, durante a disciplina, as mudanças referenciais, parâmetros,
que a educação brasileira sofre a partir da diretrizes e propostas curriculares.
Constituição Federal de 1988 e da LDB nº Parametrização do processo de
9.394, de 1996, as quais influenciam de ensino e aprendizagem.
forma significativa a gestão educacional
brasileira.
268/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
5. Valorização do professor, com algumas poucas iniciativas como exigência de formação
inicial em nível superior, formação continuada e piso salarial.
6. Os sistemas informatizados para auxiliar na gestão educacional.
7. O Plano Nacional de Educação com duração decenal.

Para saber mais


Gestão Escolar Democrática - Prof. Vitor Henrique Paro.
Preâmbulo. O que é administração. Administração ou gestão? Racionalização do trabalho e coordenação.
A administração tipicamente capitalista. A escola é uma empresa? A lógica do capital e a lógica da
escola. Qual o objetivo da escola? Qual seu produto? O conceito de humano-histórico. A cultura como
produção humana. O conceito de educação. “Nossa escola não ensina.” A escola tradicional. Educar
e educar-se. Nossa escola é antipedagógica. A fúria “gestionária”. Direção coletiva. Os testes e sua
crítica. Conhecimento não se transmite. Divisão social do trabalho. Conceito de política. A ética da
administração escolar. O salário e o trabalho forçado. A exterioridade do objeto de trabalho de modo
geral. A peculiaridade do trabalho pedagógico. O diretor, um educador. A eleição de dirigentes. Não
faltam soluções, falta o problema.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs> Acesso em: 20 jul. 2016.

269/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
São pouco mais de 20 anos de LDB e o que mais investimentos, outras fontes de
identificamos atualmente? investimento na educação.
Quando olhamos para a descentralização Referenciais, parâmetros, diretrizes e
da gestão, como já discutimos durante propostas curriculares, muitas! Muitas
a disciplina, conseguimos identificar conquistas para o currículo da educação
muito mais a descentralização de brasileira! Porém, só parametrizar é a
responsabilidades sob o controle das solução? E os investimentos a longo
avaliações externas do que de fato prazo? Investimento de forma adequada
a descentralização da gestão com a na formação inicial e continuada dos
integração entre os entes federativos. profissionais da educação? Investimentos
Com relação à gestão escolar, mais na educação brasileira?
responsabilidades e desafios e pouco Quando falamos na gestão escolar,
apoio. muitas são as responsabilidades, inclusive
Com relação à criação dos fundos de financeiras e de prestação de contas.
desenvolvimento da educação básica, Sistemas informatizados cada vez mais
foi um grande avanço e conquista integrados e eficientes ajudam muito neste
para a educação, porém, faltam dia a dia. Muitos cursos e formação a estes

270/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
gestores também têm sido oferecidos Falamos muito dos reflexos do sistema
pelo governo. Essas ações são suficientes capitalista de forma negativa na educação.
para uma gestão escolar eficaz no atual É possível, então, promover educação
contexto? Ter profissionais valorizados, em um sistema capitalista, que visa ao
infraestrutura adequada, políticas públicas lucro – excedente do trabalho produzido
de sociedade, que promovam mudanças pelo trabalho, ou não detentor dos bens
significativas a curto, mas também médio e do capital? Acredito que são necessárias
longo prazo, não são também necessárias? algumas respostas antes: qual é o objetivo
O Plano Nacional de Educação 2014-2024 da escola? Qual é o produto educacional?
possui 20 metas para condições adequadas O que se produz na escola? Basta não ter
pensando em uma qualidade mínima da clareza do que é educação para fazer muito
educação brasileira. Mas as ações e os mal a este setor.
programas estão sendo implementados
em consonância com o Plano? Se fizermos 2. A Gestão Democrática
uma avaliação das metas até o momento,
Em 2018, a Constituição de 1988 completa
conseguimos visualizar este plano com as
30 anos. Foi na Constituição Federal que
20 metas cumpridas em 2014?
os princípios da Gestão Democrática são

271/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
introduzidos na organização e gestão da e uniformização da educação brasileira;
educação brasileira. entre outros.
A gestão democrática prevista na Especificamente com relação às
Constituição e, também, na LDB nº responsabilidades do estabelecimento
9.394, de 1996, ao longo destes anos, de ensino, ou seja, a gestão escolar,
com alterações e emendas, possui como são muitas: administrar o pessoal,
princípios: a formação e participação de os recursos materiais e financeiros;
Conselhos nas discussões e decisões; a elaboração e cumprimento do Projeto
participação da comunidade, familiares, Político Pedagógico da escola; assegurar
professores, alunos, profissionais da o cumprimento dos dias letivos; zelar
educação e demais envolvidos no dia a pelas questões pedagógicas com relação
dia do contexto educacional; a autonomia ao rendimento escolar e outros; manter
que a escola passa a ter nas decisões, uma articulação saudável e sustentável
metas e objetivos; a flexibilidade com com a comunidade; estar atento às
relação à organização de acordo com responsabilidades referentes ao ECA; entre
as peculiaridades locais; a autonomia muitas outras que não deixam o dia a dia
pedagógica, administrativa e financeira; as do gestor escolar nem um pouco tranquilo.
avaliações externas em busca de qualidade
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na Gestão da Escola
Quais são os desdobramentos desta gestão Na gestão do contexto escolar,
democrática ao longo de quase 30 anos? identificamos mais uma corrida para
Com relação à gestão da educação alcançar os indicadores de qualidade,
nacional, muitos avanços com relação a de formação cidadãos para a sociedade
sistemas e controles, mas ainda pouco capitalista e controle dos recursos, do
com relação à implementação de ações que de planejamento, de busca da sua
que, de fato, façam diferença na qualidade identidade, de mediação entre políticas,
da educação brasileira. Muitas políticas legislação e processo pedagógico/
compensatórias sem transformar as valorização dos profissionais, com o dever
condições; muitas prescrições para o de desenvolvimento do ser humano na
currículo e pouca implementação; as sua integralidade. As escolas, atualmente,
avaliações externas que influenciam de se veem obrigadas a formar alunos para
forma significativa a gestão educacional responder às avaliações externas para
em nível nacional, estadual, municipal e do números, apenas!
contexto escolar, porém, mais no sentido
da uniformização e parametrização do que
da cooperação, democracia, flexibilização e
autonomia.
273/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
Figura 3 - Metas

Fonte: Disponível em: <http://media.istockphoto.com/photos/business-success-picture-id478782611>. Acesso em: 20 ago. 2016.

É importante ressaltar que a responsabilidade e a concretização de uma escola pública de


qualidade para todos, nos diversos níveis de modalidades de ensino, e em todo território
nacional, são tarefas de todos os cidadãos, porém, os governos não podem descentralizar as
suas responsabilidades.

274/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
Para saber mais
Leia o artigo “A gestão democrática da educação
pública em pauta”, de Márcia Cristina Machado
Pasuch. A autora aborda a realização da II
Conferência Nacional da Educação (CONAE), que
veio reforçar a importância da organização e luta
da sociedade civil para a participação política na
defesa dos interesses públicos. Disponível em:
<http://www.pensaraeducacaoempauta.
com/#!marcia-28nov/c1pdt>. Acesso em: 10
jul. 2016.

275/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
Glossário
Poder: conceito central na Sociologia Crítica da Educação e na Teoria Educacional Crítica, é
concebido de forma diferente nas diferentes perspectivas críticas. Na teorização neomarxista,
o poder, na sociedade capitalista, está centralizado nas instituições do Estado, tendo um status
derivado relativamente das relações sociais de produção. Na teorização de Pierre Bourdieu,
o poder está relacionado à luta pelas diversas modalidades de capital (econômico, social,
cultural) nos diversos campos sociais. Nas análises pós-estruturalistas inspiradas em Foucault,
o poder é concebido como descentralizado, horizontal e difuso. (SILVA, 2016).
Violência Simbólica: na análise de Pierre Bourdieu, o ato pelo qual os grupos dominantes
impõem – como se fosse universal – sua cultura particular sobre os grupos dominados,
ocultando que na origem desta imposição está um ato de força, ou seja, de violência
propriamente dita. A escola, ao transmitir a cultura dominante, sem tornar explícito o processo
pelo qual a cultura dominante passa a ser definida como cultura, está envolvida numa ação de
violência simbólica (SILVA, 2016).

276/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
Glossário
Democratização do ensino: expressão que designa a universalização da frequência do ensino
através da generalização da oferta às necessidades de toda a população, independentemente
das origens sociais e culturais e do estatuto econômico e profissional. A democratização do
ensino é um instrumento essencial da igualdade de oportunidades (SILVA, 2016).

277/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
?
Questão
para
reflexão

Como promover uma gestão democrática na sociedade


capitalista atual?

278/307
Considerações Finais (1/5)

• Na medida em que a gestão escolar está envolvida por sistemas de poder, é


importante alertar que não será nunca uma gestão neutra, sem meandros
e conflitos. Portanto, na condução cotidiana da escola, as relações de
poder precisam ser consideradas.
• Observar o poder simbólico no cotidiano escolar e educacional é
importante na medida em que as relações sociais e de poder acabam
impondo uma definição do mundo conforme seus interesses. O poder
simbólico surge como todo o poder que consegue impor significações e
impô-las como legítimas.
• A gestão educacional e, consequentemente, a gestão escolar precisam
muito mais do que simplesmente possuir habilidades para gerenciar
pessoas e recursos materiais e financeiros. Precisa conhecer e apropriar-
se de forma crítica das políticas educacionais, a legislação e todos os
meandros que as envolvem.

279/307
Considerações Finais (2/5)
• Quando falamos na gestão escolar, muitas são as responsabilidades,
inclusive financeiras e de prestação de contas. Sistemas informatizados
cada vez mais integrados e eficientes, ajudam muito neste dia a dia. Muitos
cursos e formações a estes gestores também têm sido oferecidos pelo
governo. Essas ações são suficientes para uma gestão escolar eficaz no
atual contexto? Ter profissionais valorizados, infraestrutura adequada,
políticas públicas de sociedade, que promovam mudanças significativas a
curto, mas também médio e longo prazo, não são também necessários?
• O Plano Nacional de Educação 2014-2024 possui 20 metas para condições
adequadas pensando em uma qualidade mínima da educação brasileira.
Mas as ações e programas estão sendo implementados em consonância
com o Plano? Se fizermos uma avaliação das metas até o momento,
conseguimos visualizar este plano com as 20 metas cumpridas em 2014?

280/307
Considerações Finais (3/5)
• Falamos muito dos reflexos do sistema capitalista de forma negativa
na educação. É possível, então, promover educação em um sistema
capitalista, que visa ao lucro – excedente do trabalho produzido pelo
trabalho, ou não detentor dos bens do capital? Acredito que são
necessárias algumas respostas antes: qual é o objetivo da escola? Qual é o
produto educacional? O que se produz na escola? Basta não ter clareza do
que é educação para fazer muito mal a este setor.
• Em 2018, a Constituição Brasileira de 1988 completa 30 anos. Foi na
Constituição Federal que os princípios da Gestão Democrática são
introduzidos na organização e gestão da educação brasileira.
• A gestão democrática prevista na Constituição e, também, na LDB nº
9.394, de 1996 e, ao longo destes anos, com alterações e emendas, possui
como princípios: a formação e participação de Conselhos nas discussões
e decisões; a participação da comunidade, familiares, professores, alunos,
profissionais da educação e demais envolvidos no dia a dia do contexto
281/307
Considerações Finais (4/5)
educacional; a autonomia que a escola passa a ter nas decisões, metas
e objetivos; a flexibilidade com relação à organização de acordo com
as peculiaridades locais; a autonomia pedagógica, administrativa e
financeira; as avaliações externas em busca de qualidade e uniformização
da educação brasileira; entre outros.
• Especificamente com relação às responsabilidades do estabelecimento
de ensino, ou seja, a gestão escolar, são muitas: administrar o pessoal,
recursos materiais e financeiros; elaboração e cumprimento do Projeto
Político Pedagógico da escola; assegurar cumprimento dias letivos; zelar
pelas questões pedagógicas com relação ao rendimento escolar e outros;
manter uma articulação saudável e sustentável com a comunidade; estar
atento às responsabilidades referentes ao ECA; enfim, entre muitas outras
que não deixam o dia a dia do gestor escolar nem um pouco tranquilo.

282/307
Considerações Finais (5/5)
• Na gestão do contexto escolar, identificamos mais uma corrida para
alcançar os indicadores de qualidade, de formação cidadãos para a
sociedade capitalista e controle dos recursos, do que de planejamento,
de busca da sua identidade, de mediação entre políticas, legislação
e processo pedagógico/valorização dos profissionais, com o dever
de desenvolvimento do ser humano na sua integralidade. As escolas,
atualmente, se veem obrigadas a formar alunos para responder às
avaliações externas para números, apenas!

283/307
Referências

ALVES, Wanderson Ferreira. Gestão escolar e o trabalho dos educadores: da estreiteza das
políticas à complexidade do trabalho humano. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 110, p. 17-34,
mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
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BONAMIGO, Carlos Antônio; CORREA, Carla Maria Aparecida. História da evolução básica
brasileira: uma avaliação do plano nacional de educação. PNE 2001-2010. Disponível em:
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BOURDIEU, P. Contre-feux: propos pour servir à la résistance contre l’invasion neo-libérale.
Paris: Raisons d’Agir, 1998.
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284/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
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CUNHA, Eliseu De Oliveira. A escola e o adolescente em conflito com a lei: desvelando
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CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica como direito. Cadernos de pesquisa, v. 38,
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Soc., Campinas, v. 29, n. 105, p. 1.187-1.209, set./dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.
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285/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
_____. Sistema nacional de educação: desafio para uma educação igualitária e federativa. Educ.
Soc., Campinas, v. 29, n. 105, p. 1.187-1.209, set./dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.
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DOURADO, Luiz Fernandes. Plano nacional de educação, conferência nacional de educação


e a construção do sistema nacional de educação: dilemas e proposições. Jornal de políticas
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DUARTE, Marisa Ribeiro Teixeira. Regulação sistêmica e política de financiamento da educação


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ENTREVISTA: A conferência nacional de educação (CONAE) e o plano nacional de educação


(PNE). Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 1031-1058, jul./set. 2010. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302010000300019>. Acesso em: 11
set. 2016.
286/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
FERREIRA, Ana Lúcia. A escola e a rede de proteção de crianças e adolescentes. Rio de
Janeiro: Ministério da educação/Editora FIOCRUZ, 2010.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998
SILVA, Tomaz Tadeu. Teoria Cultural e Educação: um vocabulário crítico. Disponível em: <http://
www.ded.ufla.br/generoesexualidade-ei/imagens/glossario.pdf>. Acesso em: 11 set. 2016.

SOUZA, Ângelo Ricardo De. A natureza política da gestão escolar e as disputas pelo poder na
escola. Revista Brasileira de Educação v.17 n.49 jan-abr. 2012. Disponível em http://www.scielo.
br/pdf/rbedu/v17n49/a08v17n49.pdf.

287/307 Unidade 8 • Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade
na Gestão da Escola
Questão 1
1. O poder de violência simbólica só exerce sua função pedagógica
“quando são dadas as condições sociais de imposição e inculcação”
(BOURDIEU, 1975, p.22). A partir da citação de Bourdieu, qual postura do
gestor escolar não permite a violência simbólica?

a) O gestor escolar divulga os indicadores necessários de qualidade em todo o contexto


escolar e solicita que todos os atores trabalhem para alcançar os indicadores anuais.
b) O gestor escolar possui habilidades importantes para a administração de pessoas e dos
recursos financeiros e materiais, levando a escola a alcançar todas as metas estipuladas na
reunião de planejamento.
c) O gestor promove reuniões e discussões com todos os envolvidos no contexto escolar para
o repasse de todas as informações da Secretaria Municipal de Educação e as atualizações
das políticas educacionais.
d) A gestão educacional compreende o seu trabalho como um mediador, realiza seu trabalho
em conjunto com os colegiados, comunidade e atores da escola, promovendo uma gestão
democrática, colaborativa e participativa.

288/307
Questão 1

e) A gestão escolar está muito envolvida com o contexto escolar e atua com bastante
democracia, mas optou por apenas cumprir as exigências de repasses e informações, sem
maiores envolvimentos com polêmicas sobre a educação a nível nacional.

289/307
Questão 2
2. Quais são as mudanças que a educação brasileira sofre a partir da
Constituição Federal de 1988 e da LDB nº 9.394, de 1996, que influenciam
de forma significativa a gestão educacional brasileira?

I. Centralização do sistema de gestão da educação e sua necessária integração.


II. Regulamentação e acompanhamento da educação por meio das avaliações externas e
indicadores, principalmente por meio dos números sobre a educação brasileira.
III. Financiamento da educação por meio do FUNDEB e, em seguida, FUNDEF.
IV. Determinação dos conteúdos curriculares por meio dos referenciais, parâmetros, diretrizes
e propostas curriculares. Parametrização do processo de ensino e aprendizagem.
V. Valorização do professor, com iniciativas significativas na formação inicial em nível
superior, formação continuada e piso salarial.
VI. Os sistemas informatizados para auxiliar na gestão educacional.
VII. O Plano Nacional de Educação com duração decenal.

290/307
Questão 2

Quais afirmativas podem ser consideradas corretas?


a) Apenas as afirmativas II, III, IV, VI e VII estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I, III, V, VI e VII estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I, III, V e VII estão corretas.
d) Apenas as afirmativas II, IV e VI estão corretas.
e) Apenas as afirmativas III, IV, VI e VII estão corretas.

291/307
Questão 3
3. A gestão democrática prevista na Constituição e, também, na LDB
nº 9.394, de 1996, e, ao longo destes anos, com alterações e emendas,
possui como princípios:

I. A formação e participação de Conselhos nas discussões e decisões.


II. A participação da comunidade, familiares, professores, alunos, profissionais da educação e
demais envolvidos no dia a dia do contexto educacional.
III. A centralização das decisões, metas e objetivos.
IV. As avaliações externas em busca de qualidade e uniformização da educação brasileira.
Assinale a sequência correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
292/307
Questão 4
4. Quando os princípios da gestão democrática são introduzidos na
organização e gestão da educação brasileira?

a) Constituição brasileira de 18 de setembro de 1946.


b) Constituição brasileira de 10 de novembro de 1937.
c) Constituição da República Federativa do Brasil de 1967.
d) Constituição Federativa do Brasil de 1988.
e) Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 24 de fevereiro de 1891.

293/307
Questão 5
5. Qual é o papel dos Conselhos na gestão da educação?

a) A voz e o voto dos diferentes atores da escola, internos e externos, desde os diferentes
pontos de vista, deliberando sobre a construção e a gestão de seu projeto político-
pedagógico.
b) A participação direta e indireta na organização da gestão escolar, com foco apenas nas
deliberações para a escola.
c) Instrumento para tomada de decisões coletivas e expressando os interesses dos órgãos
controladores da educação.
d) A voz e o voto de todos os partidos políticos dentro do contexto escolar para deliberações
de infraestrutura e indicadores de qualidade educacional.
e) Grupo formado dentro do contexto escolar para acompanhar de forma focada e exclusiva o
desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico.

294/307
Gabarito
1. Resposta: D. e indicadores, principalmente por meio dos
números, sobre a educação brasileira.
O poder de violência simbólica só exerce
III. Financiamento da educação por meio do
sua função pedagógica “quando são
Fundeb e, em seguida, FUNDEF.
dadas as condições sociais de imposição
e inculcação” (BOURDIEU, 1975, p. 22). IV. Determinação dos conteúdos curriculares
A partir da citação de Bourdieu, qual por meio dos referenciais, parâmetros,
postura do gestor escolar não permite a diretrizes e propostas curriculares.
Parametrização do processo de ensino e
violência simbólica? A gestão educacional
aprendizagem.
compreende o seu trabalho como um
mediador, realiza seu trabalho em conjunto VI. Os sistemas informatizados para auxiliar
com os colegiados, comunidade e atores na gestão educacional.
da escola, promovendo uma gestão VII. O Plano Nacional de Educação com
democrática, colaborativa e participativa. duração decenal.

2. Resposta: A. 3. Resposta: D.
II. Regulamentação e acompanhamento da I. A formação e participação de Conselhos
educação por meio das avaliações externas nas discussões e decisões.
295/307
Gabarito
II. A participação da comunidade, sobre a construção e a gestão de seu
familiares, professores, alunos, projeto político-pedagógico.
profissionais da educação e demais
envolvidos no dia a dia do contexto
educacional.
IV. As avaliações externas em busca de
qualidade e uniformização da educação
brasileira.

4. Resposta: D.

Constituição Federativa do Brasil de 1988.

5. Resposta: A.

A voz e o voto dos diferentes atores da


escola, internos e externos, desde os
diferentes pontos de vista, deliberando

296/307

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