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Resumos Direito Penal
Resumos Direito Penal
Direito Penal subjetivo - ius puniendi, deve ser compreendido como o direito de punir
do Estado.
Faculdade, poder que o Estado tem de definir quais os comportamentos humanos que
devem ser criminalizados, estabelecer os crimes, ameaçar os agentes que pratiquem
esses comportamentos com sanções e de aplicar sanções a quem viole as proibições
constantes nos crimes.
Sanção penal é a consequência dada ao infrator de uma norma penal, após o devido
processo legal. A pena como uma modalidade de sanção, tem como objetivo a
retribuição do injusto, a reeducação ou a ressocialização/reintegração da pessoa na
sociedade. Sanção penal é gênero, sendo suas espécies: a pena (aplicada para os
imputáveis) e a medida de segurança (aplicada aos inimputáveis). Isto é, uma sanção
prevista em texto de lei para ser aplicada a quem tenha praticado um crime tendo por
finalidade a proteção de bens jurídicos e a reintegração do infrator na sociedade.
A par da pena existem outras reações, outras consequências penais tais como as
medidas de segurança (aplicadas a inimputáveis em razão de anomalia psíquica), ou
seja, existem indivíduos que não são capazes de culpa, isto é, não têm capacidade de
culpa.
Com a aplicação das penas e das medidas de segurança pretende-se a proteção de bens
jurídicos e a reinserção do agente na sociedade, vide n.º 1, do art.º 40.º do CP, quando
estabelece as finalidades das penas e das medidas de segurança – “Proteção de bens
jurídicos e reintegração do agente na sociedade”.
A pena pode, em caso algum, ultrapassar a medida da culpa. Por sua vez a medida de
segurança (medidas aplicadas aos inimputáveis) só pode ser aplicada se for
proporcionada à gravidade do facto e à perigosidade do agente.
São três as finalidades que podem ser prosseguidas com os fins imediatos das penas:
1. Uma ideia de retribuição - As penas servem para retribuir o mal a quem
praticou o mal. Apresenta a ideia de que as penas são um mal que se impõe a
alguém, por esse alguém ter praticado um crime, uma ideia de castigo. Escolhe-
se uma pena que corresponde a determinado facto, deve ter correspondência com
a proporcionalidade na responsabilidade do agente.
2. Ideia de prevenção, Toda a pena serve finalidades de natureza preventiva, que
podem ser:
Uma prevenção Geral – A aplicação das penas pretende evitar que as
pessoas em geral não cometam crimes. O objetivo da pena é essencialmente
o objetivo de exercer uma influência na comunidade em geral. Revelar à
comunidade (ameaçar) que se cometer um crime fica sujeito a uma
determinada pena – pretendendo assim a prevenção da prática de crimes.
Prevenção Especial - Tem uma ideia também de prevenção, mas a
prevenção já não é a prevenção geral, mas sim a prevenção do individuo,
ou seja, que a pessoa que é condenada a uma pena e que a tenha de cumprir
uma pena, não volte ela própria a cometer um crime, tem-se aqui uma
finalidade de prevenção especial. Evitar a reincidência.
Deste modo podemos afirmar que a lei proíbe a aplicação analógica, impedindo que se
aplique a lei penal a situações não previstas, isto é, a situações omissas.
Por maioria de razão rege o princípio da retroatividade da lei penal mais favorável
quando o facto deixa de ser punível, daí o disposto no nº 2 do art.2º do CP. Quando a
lei, embora de conteúdo mais favorável, não descriminaliza aquela conduta, o nº 4 do
mesmo artigo declara que “é sempre aplicado o regime mais favorável ao agente”.
O princípio da culpabilidade, nulla pena sine culpa (não há crime sem culpa)
Segundo o qual toda a pena tem como suporte normativo uma culpa concreta. Conforme
o art.º 13.º do CP – Dolo e negligência, o art.º 40.º, nº 2 – Em caso algum a pena pode
ultrapassar a medida da culpa e o art.º 71.º. nº 1 – A determinação da medida da pena,
dentro dos limites definidos na lei é feita em função da culpa do agente.
O princípio da proporcionalidade
O princípio da subsidiariedade
Significa que só se deve recorrer ao direito penal, como instrumento de tutela de bens
jurídicos, quando os outros meios de intervenção menos gravosos se mostrem
insuficientes.
Esses artigos da parte geral são uma série de princípios ou de preceitos que são
normalmente utilizados para complementar esses artigos da parte especial
Num caso destes, nós vamos pegar, por exemplo, no art.º 131.º do CP, mas admitindo
que o crime não foi consumado, não foi acabado, não chegou à morte (que é o caso
“normal” e típico descrito no art.º 131.º) nós temos que ir à parte geral e, então integrar
a previsão do art.º 131.º, e alargar essa previsão , com a definição da parte geral, do
que seja a tentativa e alterar a estatuição com o artigo da parte geral que diz que a
pena de tentativa é inferior á do crime consumado com X anos.
Esta estrutura de uma previsão que define um crime de uma estatuição que define
uma pena é particularmente óbvia e imediata em relação aos artigos da parte especial.
Em relação à parte geral, esses artigos vivem numa função de pretender alargar,
delimitar ou pormenorizar aqueles artigos da parte especial que têm esse tipo de
estrutura característica.
Estas normas da parte geral do CP, são consideradas normas penais incompletas porque
são normas que só têm sentido com complemento ou declaração dos pressupostos, da
definição típica ou da consequência jurídica de uma norma penal completa.
Mas nem sempre as normas estão completas. Pode haver remissão para outra norma.
A norma que remete para outra norma é a chamada norma penal em branco.
Norma Penal em Branco quando uma norma penal remete aparte da concretização
da sua previsão para fontes normativas inferiores.
A Lei Penal em Branco é a norma que contém uma sanção para um pressuposto ou
um conjunto de pressupostos de punibilidade ou punição que não se encontram
expressos nessa lei, mas sim noutras de categoria hierárquica igual ou inferior à norma
penal em branco.
Concluindo: São aquelas que remetem para outras fontes normativas a definição dos
seus próprios pressupostos de aplicação, p.ex.: punem a posse de armas proibidas ou
violação das regras de construção, na medida em que remetem alguns elementos
constitutivos do crime para outras normas de valor hierarquicamente inferior-
regulamentos, prescrições das autoridades.
Crimes específicos - São os crimes que só podem ser cometidos pelo agente que revista
uma certa qualidade, nomeadamente qualquer dever jurídico ou qualquer situação
juridicamente definida. Pressupõem como autores dos crimes apenas as pessoas que
têm uma qualidade exigida pelo próprio tipo. EX: art.º 386.º - Conceito de
funcionário.
Dividem-se em:
Crimes específicos em sentido próprio - Quando o crime só pode ter lugar em razão
da qualidade que o agente preencha. A própria ilicitude do facto depende da verificação
dessa qualidade do agente. É um crime que só pode ser praticado por aquelas pessoas e
mais nenhumas. EX: Art.º 370.º - Prevaricação de advogado ou solicitador. Art.º
369.º Denegação de justiça.
Omissões impuras tem-se uma situação diferente. Aqui o agente é responsabilizado por
um determinado resultado que tem lugar não por sua ação, não porque ele tenha
diretamente adotado uma conduta típica descrita na lei, mas precisamente porque dá
origem a um resultado por uma inatividade sua, violando desta forma uma norma ou um
preceito de natureza proibitiva. É responsabilizado por um crime que pessoalmente o
obrigava a evitar a produção do resultado.
Concluindo: Enquanto os crimes de omissão pura são os que consistem diretamente, pelo
próprio tipo legal, na violação de um comando; são os denominados “crimes de mera
omissão”, ou seja, são aqueles que pressupõem uma conduta negativa, o “non facere”,
os crimes de omissão impura não consistem na violação direta de um comando legal,
mas sim no levar a cabo, por remissão, a um resultado previsto num tipo que está
desenhado em termos de ação. são aqueles em que há uma violação de um dever legal
de atuar, isto é, o agente não atua de acordo com a exigência legal de determinada
conduta.
Tem a vantagem de desdobrar o crime nos seus vários elementos. Esta definição opera
uma análise do crime: tipo, ilicitude e culpa. Tem a desvantagem – não acrescenta nada
quanto ao verdadeiro conteúdo do direito penal e seu objeto.
Assim: Sob esse ângulo, crime é constituído pelo facto típico e ilícito. Dessa maneira,
em primeiro lugar deve ser observada a tipicidade da conduta. A partir daí, é só
verificar se o autor foi ou não culpado pela sua prática. Para a existência da infração
penal, portanto, é preciso que o facto seja típico e ilícito e culposo.
A conduta, expressa de forma voluntária e consciente, será sempre, o ponto de partida
de toda a elaboração do direito criminal, expresso de forma ativa, de forma positiva,
atuando ou negativa, manifestada pela inatividade.
Podemos assim concluir que para que exista um crime, basta que haja um facto
típico e antijurídico. E para que se possa aplicar uma pena, é necessário que o facto,
além de típico e ilícito, seja também culpável.
Então, a ação típica, é aquela atuação humana que se subsume ao tipo normativo na
previsão dos elementos objetivos e subjetivos do tipo.
Elementos objetivos do tipo
Agente, “Quem” - Pessoa que adotou uma conduta típica descrita num
determinado tipo legal de crime e que empreende a realização típica.
Ação típica - A conduta. É um elemento objetivo do tipo legal que se encontra
descrita no tipo.
Resultado - O resultado corresponde ao elemento da tipicidade.
Relação da causalidade entre o comportamento e o evento – verifica-se se
um determinado resultado pode ser imputado a uma conduta do agente, se aquilo
que se verifica pode ser efetivamente considerado uma obra daquela atuação
típica do agente.
Pressupostos da punição
Ação e causalidade
O nexo de imputação é um elemento objetivo do tipo nos crimes matérias ou de
resultado, porque só nestes é que ocorre o resultado para imputar a uma conduta.
O art.º 131.º, do CP, não contém nenhum elemento escrito que determine a
obrigatoriedade de haver um resultado. Apenas tal é um evidente pressuposto, e é por
isso que se designa por elemento não escrito no tipo.
Mas é necessário ter ainda atenção ao preceituado no art.º 10.º, n.º 1, do CP, parte
final: “salvo se for outra a intenção da lei”.
Procurando concretizar tal salvaguarda, cremos que a mesma não se aplicará aos
crimes de execução livre nos quais o tipo legal se limita a descrever o resultado, a
mesma valoração criminal quer sejam cometidos por uma conduta ativa, quer por
uma conduta omissiva.
Daqui podemos concluir, de que nem todas as omissões de condutas suscetíveis de levar
à produção de um evento podem ser equiparadas à sua realização positiva ou ativa. Uma
omissão só será equiparada à ação quando a lei não contrariar essa equiparação.
O n.º 2, do art.º 10.º, do CP, também impõe uma limitação ou travão à equiparação
entre omissão e ação. Desdobra-se em duas exigências:
A distinção entre a ação e a omissão tem grande importância, sendo ainda maior,
perante forma de conduta equivocas.
Isto é, que se coloque numa posição de garante, sem, contudo, definir quando e em que
condições surge esse dever jurídico, se da lei, de um contrato etc.
Assim, para que possamos imputar o facto ao seu autor são necessárias 2 condições:
A liberdade de decisão – Que implica que o agente seja responsabilizado por ter
preferido a prática daquele facto ao controlo dos seus impulsos criminais, e prende-se
com as questões relacionadas com a imputabilidade, que é afastada em função da
idade e em razão de anomalia psíquica.
A decisão correta – o que pressupões que à liberdade de querer ande associada a
capacidade para os valores. A culpa pode assumir-se como dolo ou como negligência.
O tipo objetivo de ilícito dos crimes materiais negligentes é constituído por três
elementos:
Tem que estar sempre em causa um nexo de causalidade, ou seja, tem que existir um
nexo que conecte a conduta ao resultado agravante. Implica que “a conexão subjetiva
entre o agente e o resultado agravante” pode ser uma ligação em forma de negligência,
mas, também, em forma de dolo.
a) Nos termos do art.º 31.º/1, do CP, de onde resulta como causa genérica de
exclusão, pela ordem jurídica considerada na sua totalidade. No nº2 do mesmo
artigo, faz-se uma enumeração exemplificativa, dessas principais causas de
exclusão da ilicitude:
Legitima defesa, será, pois, a atuação de quem “usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem”. São necessários os requisitos da agressão
(atual e ilícita) e a defesa (necessidade e intenção defensiva). A defesa
tem, também, requisito da necessidade, ou seja, pois é necessário que
que se defenda um interesse jurídico do agredido;
Exercício de um direito, é integrado pelo “complexo de atos que o
titular do direito pratica para conseguir a satisfação de um interesse que
a lei tutela”. É necessária que a situação de perigo não tenha sido
voluntariamente criada pelo agente, que o interesse sacrificado seja
sensivelmente inferior ao interesse a preservar e que For
razoavelmente de impor ao lesado o sacrifício do seu interesse face á
natureza ou valor do interesse ameaçado;
Cumprimento de um dever imposto por lei ou ordem legítima da
autoridade, esta causa de exclusão da ilicitude existe quando o agente, por
estar vinculado ao cumprimento de um dever decorrente de norma jurídica ou
de ordem legitima de autoridade competente, pratica um facto que se ajusta ao
tipo descrito na lei. Quando assim é, o facto não é ilícito por se encontrar
justificado;
1. Por excesso de legítima defesa - Enquanto a legitima defesa afasta a ilicitude, o excesso
de legitima defesa atua no domínio da culpa a culpa.
No excesso de legitima defesa, verificam-se todos os pressupostos da legitima defesa,
designadamente a consciência dê que se está a ser agredido, etc., só que existe um
excesso dos meios.
A pessoa foi além do que parecia razoável para assegurar a defesa do bem que estava
em perigo, logo no art.º 33.º/1 refere que o comportamento é ilícito (fica excluída a
possibilidade de justificação, mas a pena pode ser especialmente atenuada).
2. Por estado de necessidade desculpante – A lei faz uma seleção, ou seja, só se verifica
quando o ato é praticado para afastar um perigo atual e não removível de outro modo,
que ameace a vida, a integridade física, a honra ou a liberdade do agente ou de terceiro.
A ação do agente deve ser em último recurso, é uma ação em estado de necessidade.
Deve existir um perigo atual – Tal como acontece no estado de necessidade justificante,
o perigo não pode ser abstrato, presumido. Tem que ser um perigo efetivo, não deve
haver outro meio para salvar o bem.
3. Por obediência indevida desculpante - Quando o ato resulta do cumprimento de uma
ordem por parte do funcionário, desconhecendo que esse cumprimento conduz à prática
de um crime. Não sendo isso evidente, porque sendo evidente, o erro que ele comete é
censurável, logo há culpa.
4. Erro sobre as circunstâncias do facto - Quando falamos em erro: não estamos numa
situação de ausência de conhecimento, mas sim de uma falsa realidade, um
conhecimento deformado, um conhecimento incorreto por erro sobre os elementos
de facto e de direito ou sobre proibições cujo conhecimento for indispensável para que
se possa tomar conhecimento da ilicitude do facto (art. 16.º).
Quando falte um dos elementos da estrutura do dolo este está automaticamente
afastado, porque se desde logo o agente desconhece determinada realidade, nunca a
poderia ter querido, logo não haverá dolo. Assim, as situações que desconhecemos ou
das quais temos um imperfeito conhecimento da realidade são situações de erro sobre
os elementos do facto típico. Art.º 16/1, do CP.
5. Falta de conhecimento da ilicitude não censurável - Por desconhecimento, não
censurável, de que o facto era ilícito (art. 17.º/1, CP
Os atos preparatórios são atos “equívocos, não concludentes, não são claros sobre a
finalidade da ação, mantendo-se dentro da esfera dos atos pessoais do sujeito ativo.
Segundo o art.º 21.º, do CP, esta regra de que a preparação de uma infração penal e os
actos em que se traduz. Em princípio, não devem ser puníveis como tais. Tal facto é
compreensível, uma vez que os actos preparatórios, não são descritos no tipo, só
justificando a sua punição quando estão em jogo bens jurídicos que sejam suporte à
natureza ou à própria compreensão de um Estado de Direito.
Tentativa acabada- Quando o agente realizou todo o processo de execução, mas não se
verificou o resultado, devido a circunstâncias estranhas à sua vontade.
Crime consumado, é o estádio último do inter criminis. É para ele que a lei
reserva, e sem restrições, a plenitude da censura penal, a menos que se
verifique, no caso, qualquer circunstância impeditiva da ilicitude ou da culpa.
Autoria:
Simples.
Comparticipada.
Cumplicidade.
Autor de um facto criminoso, olhando em sentido amplo, é aquele que lhe dá causa ou
domina o processo da sua realização. É a pessoa que domina, na medida em que
desencadeia esse processo, na medida em que intervêm diretamente na sua execução, na
medida em que pode a todo o momento, pôr termo ou suspender a execução do crime. É
aquele que tem o domínio consciente do facto orientado para uma certa finalidade.
Assim na coautoria o agente toma parte direta na execução do facto e fá-lo por uma
de duas maneiras:
a) Por acordo entre todos os comparticipantes – acordo este que pode ser expresso
ou tácito; sempre se exigirá uma consciência e vontade na colaboração na
realização de um tipo legal de crime (juntamente com outro ou outros, tem que
assumir um carácter bilateral.
b) Por participação direta na execução do facto juntamente com outro ou outros .
Ou seja, necessidade de um exercício conjunto no domínio do facto, uma
contribuição objetiva para a sua realização, pese embora, possa não fazer parte
da execução.
Crime unitário.
Na maioria dos casos o agente atua sozinho levando a cabo uma única ação criminosa.
Concurso de crimes.
O agente na sua conduta, não preenche apenas um único ou o mesmo tipo de ilícito,
mas mais do que um tipo e/ou o mesmo tipo mais do que uma vez.
Assim, para que possamos saber, se se cometeu um só ilícito criminal ou mais do que
um, socorremo-nos do art.º 30.º, n.º 1, estabelece as seguintes regras:
Crime continuado