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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ED-AIRR-10026-08.2021.5.03.0036

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10052642BF63F188D9.
Embargante: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT
Advogado: Dr. Marcel Rachid Siqueira Cançado
Advogado: Dr. Rafael Araújo Vieira
Embargado: ISRAEL DA SILVA CACADOR
Advogado: Dr. Murilo Vieira Brandão Filho
Advogado: Dr. Thiago Aarestrup Brandão
Advogada: Dra. Oldair de Assis Ferreira Júnior
Advogado: Dr. Geraldo Carvalho Goncalves

GMLC/ms/

DECISÃO

Trata-se de embargos de declaração opostos contra a decisão


monocrática que denegou seguimento ao agravo de instrumento interposto pela ora
embargante no tocante ao tema “cumulação do adicional de distribuição e coleta com o
adicional de periculosidade”.
A reclamada opõe os presentes embargos de declaração com
amparo nos artigos 897-A da CLT e 1.022 do CPC, apontando omissão e obscuridade
na decisão.
É o relatório.
DECIDO.
Conheço dos embargos de declaração, porque tempestivos e
regulares.
Constituem os fundamentos da decisão embargada:
Trata-se de agravo de instrumento contra a decisão do Tribunal
Regional do Trabalho da 3ª Região que denegou seguimento ao recurso de
revista.
Inexistem contrarrazões e contraminuta.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
nos termos do Regimento Interno do TST.
Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do apelo.
O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região denegou seguimento ao
recurso de revista, nos seguintes termos (fls. 1556/ 1557):

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“Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios /
Adicional / Adicional de Periculosidade.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios /
Adicional / Adicional de Risco.
Examinados os fundamentos do acórdão, constato que o
recurso, em seus temas e desdobramentos, não demonstra
divergência jurisprudencial válida e específica, nem contrariedade
com Súmula de jurisprudência uniforme do TST ou Súmula
Vinculante do STF, tampouco violação literal e direta de qualquer
dispositivo de lei federal e/ou da Constituição da República, como
exigem as alíneas ‘a’ e ‘c’ do art. 896 da CLT.
A tese adotada no acórdão recorrido, no sentido de que o
'Adicional de Atividade de Distribuição e/ou Coleta Externa -
AADC', instituído pela ECT, no Plano de Cargos e Salários de 2008,
é cumulável com o Adicional de Periculosidade, previsto no § 4º
do art. 193 da CLT, para empregados que desempenham a função
de carteiro motorizado (Função Motorizada 'M' e 'MV')', está de
acordo com a iterativa jurisprudência, fixada no julgamento do
Incidente de Recurso Repetitivo TST-IRR-1757-68.2015.5.06.0371,
rel. Min. Alberto Bresciani, 14/10/2021 - Tema 15, publicado em
03/12/2021, de forma a atrair a incidência do § 7º do art. 896 da
CLT e da Súmula nº 333 do TST.
No caso, não existem as ofensas constitucionais apontadas,
pois a análise da matéria suscitada no recurso não se exaure na
Constituição, exigindo que se interprete o conteúdo da legislação
infraconstitucional. Por isso, ainda que se considerasse a
possibilidade de ter havido violação ao texto constitucional, esta
seria meramente reflexa, o que não justifica o manejo do recurso
de revista, conforme reiteradas decisões da SBDI-I do TST.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista”.
Na minuta do agravo de instrumento, a parte agravante insiste no
processamento do recurso de revista quanto ao tema “EMPRESA BRASILEIRA
DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. CUMULAÇÃO DO ADICIONAL DE
DISTRIBUIÇÃO E COLETA COM O ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
DECISÃO REGIONAL EM CONSONÂNCIA COM A DIRETRIZ FIRMADA NO
INCIDENTE DE RECURSOS REPETITIVOS Nº 15”. Em síntese, aduz que o apelo
atende integralmente aos pressupostos legais de admissibilidade.
Na espécie, a parte agravante não apresenta argumentos capazes de
desconstituir os fundamentos da decisão denegatória, proferida na forma
prevista no §1º do art. 896 da CLT.
Isso porque o recurso de revista não logrou comprovar pressuposto
intrínseco de admissibilidade recursal, à luz das normas legais regentes (art.
896 da CLT).

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Assinale-se que o recurso de revista ostenta natureza extraordinária e
não constitui terceiro grau de jurisdição. Portanto, essa via não permite
cognição ampla, estando à admissibilidade restrita às hipóteses do art. 896 da
CLT, não configuradas na espécie, conforme devidamente assentado na
decisão agravada.
Deve, pois, ser confirmada a decisão agravada, por seus próprios e
jurídicos fundamentos.
Cumpre destacar que a adoção dos fundamentos constantes da decisão
agravada como expressa razão de decidir atende à exigência legal e
constitucional da motivação das decisões proferidas pelo Poder Judiciário
(fundamentos per relationem). O Supremo Tribunal Federal tem firme
jurisprudência no sentido de que “Reveste-se de plena legitimidade
jurídico-constitucional a utilização, pelo Poder Judiciário, da técnica da motivação
‘per relationem’, que se mostra compatível com o que dispõe o art. 93, IX, da
Constituição da República. A remissão feita pelo magistrado - referindo-se,
expressamente, aos fundamentos (de fato e/ou de direito) que deram suporte a
anterior decisão (ou, então, a pareceres do Ministério Público, ou, ainda, a
informações prestadas por órgão apontado como coator) - constitui meio apto a
promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação a que o juiz se
reportou como razão de decidir” (STF-RHC-120351-AgR/ES, Segunda Turma,
Relator Ministro Celso de Mello, DJe 18/05/2015).
No mesmo sentido, confiram-se os seguintes precedentes da Suprema
Corte: (...)
Destaco, ainda, entre muitos, o seguinte julgado desta Corte Superior:
(...)
Registre-se, por fim, que não há falar em incidência do § 3º do art. 1.021
do CPC/2015, pois esse dispositivo aplica-se aos agravos internos interpostos
a partir de 18/3/2016, data de vigência do referido diploma processual, e não
ao agravo de instrumento.
Ante o exposto, com fundamento no inciso X do art. 118 do Regimento
Interno do TST, denego seguimento ao agravo de instrumento.
A embargante sustenta a existência de omissão e obscuridade na
decisão embargada.
Afirma que a decisão, “ao se limitar a aplicar a tese fixada no
julgamento do, sem se debruçar expressamente sobre as violações legais e constitucionais
que envolvem a matéria, acabou por restar omissa, razão pela qual necessário sejam
sanados os vícios que serão demonstrados, em especial com fim de prequestionamento” (fl.
1623).
De outra parte, insurge-se contra a “análise da transcendência ter
sido realizada sobre requisitos de admissibilidade do recurso de revista interposto (artigo
896, §1º-A, I, II e III da CLT) e não quanto a matéria jurídica nele debatida (condenação ao

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pagamento de AADC a empregado readaptado)” (fl. 1624).
Sustenta, ainda, que “O AADC foi instituído por negociação coletiva
como adicional de risco para atividade de distribuição e/ou coleta em via pública, engloba
todos os riscos à integridade física aos quais o empregado está sujeito nesta atividade, e é,
portanto, mais abrangente do que o adicional de periculosidade para motociclistas previsto
no art. 193, § 4º, da CLT” e “A negociação pela qual foi instituído o AADC prevê a supressão
da parcela no caso da concessão legal de mecanismo de mesma natureza” (fl. 1632).
Requer o prequestionamento da matéria constitucional, a fim de
levá-la à apreciação do STF.
Pois bem.
Não há qualquer vício a ser sanado.
De plano, constata-se que a decisão embargada deixou
expressamente consignados os motivos porque o agravo de instrumento não mereceu
seguimento.
De fato, o Ministro Relator manteve o despacho regional "por
seus próprios e jurídicos fundamentos", ressaltando que “a parte agravante não apresenta
argumentos capazes de desconstituir os fundamentos da decisão denegatória, proferida na
forma prevista no §1º do art. 896 da CLT”.
Nesse contexto, restou fundamentado no despacho que negou
seguimento ao recurso de revista que “A tese adotada no acórdão recorrido, no sentido de
que o 'Adicional de Atividade de Distribuição e/ou Coleta Externa - AADC', instituído pela ECT,
no Plano de Cargos e Salários de 2008, é cumulável com o Adicional de Periculosidade,
previsto no § 4º do art. 193 da CLT, para empregados que desempenham a função de
carteiro motorizado (Função Motorizada 'M' e 'MV')', está de acordo com a iterativa
jurisprudência, fixada no julgamento do Incidente de Recurso Repetitivo
TST-IRR-1757-68.2015.5.06.0371, rel. Min. Alberto Bresciani, 14/10/2021 - Tema 15,
publicado em 03/12/2021, de forma a atrair a incidência do § 7º do art. 896 da CLT e da
Súmula nº 333 do TST”.
Assim, a fundamentação supratranscrita passou a integrar a
decisão objeto destes embargos.
Nessa esteira de raciocínio, a matéria dos autos não comporta
mais discussões, tendo em vista o julgamento proferido pelo SDI-1 desta Corte
Superior, nos autos do Processo nº IRR-1757-68.2015.5.06.0371, que fixou tese no
sentido de ser possível cumular o Adicional de Atividade de Distribuição e/ou Coleta
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Externa (AADC), instituído pela ECT no Plano de Cargos e Salários de 2008, com o
Adicional de Periculosidade previsto no § 4º do art. 193 da CLT.
Constata-se que as alegações apontadas pela ECT foram
exaustivamente debatidas no leading case apontado como razão de decidir.
Com efeito, é irrefragável que o direito à acumulação da parcela
foi examinado pela SDI-1 sob o enfoque dos dispositivos constitucionais pertinentes,
cujo enfrentamento ocorreu no bojo do julgamento do precedente de observância
obrigatória.
Desse modo, ao reconhecer que o acórdão regional está
consonância com a jurisprudência pacificada no âmbito desta Corte, foi mantida a
decisão que aplicou corretamente o teor da Súmula/TST nº 333 e do artigo 896, § 7º, da
CLT, como óbice ao acolhimento do apelo.
De outra parte, convém registrar que não foi aplicado o óbice da
ausência de transcendência no caso, sendo inócuas as alegações relativas à questão.
Vê-se, portanto, ter o Ministro Relator indicado de forma clara e
coerente os motivos que lhe formaram o convencimento e os fundamentos jurídicos de
sua decisão.
E nem se alegue que os presentes embargos objetivam apenas o
prequestionamento da matéria, porque a mera intenção de prequestionamento não é
hipótese ensejadora da interposição de embargos declaratórios, nos termos do artigo
1.022 do Código de Processo Civil.
A pretensão da embargante é a nítida e imprópria rediscussão
do decisum mediante indicação de erro de julgamento, o que não é admitido na via
estreita dos embargos de declaração, cujo manejo se encontra adstrito às hipóteses
elencadas no artigo 1.022 do CPC e 897-A da CLT.
Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.
Publique-se.
Brasília, 02 de maio de 2023.

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LIANA CHAIB
Ministra Relatora

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