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SS Encontros e Desencontros
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ENSAIO
Gender, Feminism and Social Work: Approximations and Conflicts in the History of the Profession
Abstract: This article looks at the growing needs found in situations that involve the issue of gender in the common intervention of social
workers. It discusses the gap between social work and feminist studies, by sketching a historic parallel between the trajectories of the
two fields. It criticizes the submission of the profession to andro-centric theories that exercise power and control in the production of
knowledge. It suggests that feminist theories and gender studies provide significant theoretical and methodological support for social
work. The paper questions “how to guarantee equality while respecting differences,” and points to the principal critical areas that
impede the development of women and mark gender inequality. It concludes that the adoption of a gender perspective in theoretical
mediations allows a new look at reality, based on women and with women, revolutionizing the order of power and submission.
Key words: Social Work, feminist studies, gender relations.
pela Igreja em programas ligados à refilantropização Serviço Social, uma vez que surgem para questionar
da assistência? Como está sendo o reconhecimento e todas as formas de dominação, expor novas áreas de
a valorização desta força de trabalho, o piso salarial conflitos sociais (extrapolando os conflitos de clas-
em comparação aos demais técnicos nas equipes se), que requerem formas próprias de análises das
interdisciplinares? relações, da construção social da diferença sexual,
Ainda em relação à institucionalização, pergun- da sexualidade, da reprodução, da discriminação no
tamos: qual o papel da Associação Brasileira de En- trabalho e, sobretudo da cultura, aqui pensada como
sino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), na “práticas que produzem sentido”. A grande angústia
formação dos profissionais? Que efeitos de saber e da maioria das(os) estudantes nos campos de está-
poder possui esta instituição sobre o Serviço Soci- gio é “como compreender e interpretar as demandas
al? O que explica que durante anos seguidos, a trazidas pelos sujeitos somente com base nos pres-
mesma figura masculina3 é convidada a pronunciar supostos da teoria marxiana”. Como analisar, por
as conferências de abertura, na mesma linha de exemplo, a situação de uma criança que sofre abuso
pensamento, nos encontros e congressos da cate- sexual se a base da formação teórica deste estudan-
goria? A academia também se configura como uma te foi centrada predominantemente na teoria
instituição, onde se estabelecem relações hierárqui- marxiana? Como responder questões que necessi-
cas, de poder e de dominação e pode constituir-se tam diferentes dimensões de análises em suas medi-
em centro de produção de um saber hegemônico. ações teóricas, quais sejam: explicar o valor diferen-
O que significa definir diretrizes curriculares ciado atribuído ao trabalho dos homens versus o tra-
embasadas em uma perspectiva para todas as es- balho das mulheres; entender por que o trabalho do-
colas em nível nacional? Os conceitos estão ligados méstico e os relativos aos cuidados de doentes, ido-
às referências impostas pelas instituições, ou deve- sos, crianças, não são remunerados, muito menos
riam ser construídos através das mediações que valorizados; por que ocorre violência contra as mu-
ocorrem no cotidiano a partir dos contextos lheres e as meninas? Onde e como se produz essa
socioeconômicos e culturais de cada região? violência? As verdades dos nossos sujeitos de inter-
Uma terceira e última crítica é dirigida ao “dis- venção, dos nossos entrevistados, muitas vezes são
curso técnico” utilizado nas escolas e cursos de for- diferentes das nossas. Uma verdade não está pré-
mação em Serviço Social. Em uma categoria como definida, ela faz parte de um contingente contextual
“questão social” entendida que deve ser mediado por di-
como “contradição entre ca- ferentes concepções teóricas
pital e trabalho”, definida pela ... o movimento feminista é um que perpassam as questões de
ABEPSS como “o objeto” do movimento sociocultural, que classe, de gênero, de raça/
Serviço Social, ou seja, como etnia, que por sua vez se fun-
“discurso técnico”, o que o luta por justiça e equidade nas damentam em múltiplos tipos
reducionismo desta categoria de saberes.
não deixa ver? Até que pon- relações entre homens e Procuro demonstrar que
to o discurso sobre emanci- as fronteiras de gênero, da
pação política proposto pelo mulheres e, sobretudo, luta mesma forma que as de clas-
marxismo conseguiu superar se se entrelaçam para servir
o trabalho de cunho assis- para garantir os direitos a uma grande variedade de
tencialista demandado pelas funções e análises políticas,
instituições que contratam humanos, principalmente o das econômicas, sociais e cultu-
profissionais de Serviço So- mulheres em função do alto rais. Os estudos de gênero
cial? Da mesma forma que nos convidam a olhar e a pen-
há uma divisão do trabalho, nível de violência e sar de maneira diferente so-
também há uma divisão bre nossa condição histórica
linguística, uma hierarquia do discriminação que padecem. e sobre a origem das desi-
discurso; a apropriação de um gualdades sociais. Convidam-
discurso é a apropriação de nos a extrapolar fronteiras,
uma política da verdade que, por sua vez, marginali- sermos flexíveis, deixar-nos mover, captar o cotidia-
za outras e gera exclusão! Existe uma única verdade no e a realidade das pessoas atendidas nos espaços
para o Serviço Social? institucionais: um cotidiano inserido em nucleamentos
Com esses questionamentos, assumindo uma pos- da esfera da vida, para além da produção. Ou seja,
tura de intelectual engajada em um compromisso éti- além do trabalho as pessoas têm casa, família, estão
co e político junto à profissão, sugiro que as teorias envolvidas em relações de afeto, relações de poder
feministas e os estudos de gênero constituam-se em ou de violência, são discriminadas, possuem necessi-
um aporte teórico-metodológico significativo para o dades, desejos!
cientistas, políticos, escritores, poetas, varões res- perspectiva relacional entre homens e mulheres, de
peitados em todo o tempo e lugar, têm desenvolvi- forma equitativa e justa.
do um pensamento excludente e práticas socia-
lizadoras repressivas da liberdade das mulheres,
para poder sujeitá-las aos seus princípios divinos, Entendendo o desencontro entre feminismo
biológicos irremovíveis. e Serviço Social
vista sobre a família, e os papéis atribuídos aos ho- da Violência (DEAM), em São Paulo. A atuação
mens e as mulheres nas sociedades modernas, cons- dos movimentos feministas foi fundamental para
tituía o discurso convencional5. garantir, na Constituição Brasileira de 1988, os di-
A década de 1960 traz contribuições significati- reitos das mulheres. Sob o slogan: “Constituinte sem
vas para o feminismo: chegam ao Brasil obras como: a participação das mulheres é constituinte pela me-
O segundo Sexo, publicado por Simone de Beauvoir, tade”, grupos de mulheres em todo o Brasil, reali-
em 1949, na França, e A Mística Feminina, publica- zaram passeatas, colheram assinaturas em abaixo-
do por Betty Friedman, em 1963, nos Estados Uni- assinados que foram enviados para os parlamenta-
dos. Surge o movimento hippie e a pílula anticon- res em Brasília, exigindo direitos na nova Constitui-
cepcional; os primeiros núcleos de estudos feminis- ção (PINTO, 2003).
tas surgem nessa época. Em 1964, tem início a dita- Em 1990, surge na academia a categoria gênero
dura militar no Brasil, várias mulheres são presas e consolidando os “estudos de gênero” em substitui-
torturadas e as esposas ou companheiras de presos ção a “estudos feministas” ou “da condição femini-
políticos criam o Movimento pela Anistia. Em 1969, na”. Aproximando-se dos movimentos feministas, a
a socióloga Heleieth Saffioti, considerada uma das partir de 1990, o Serviço Social passa a aderir às
grandes precursoras dos estudos sobre a condição lutas das chamadas minorias, inserindo-se nas ques-
feminina no Brasil, publica A mulher na sociedade tões relacionadas à violência contra mulheres, discri-
de classes. Em 1975 é proclamado o Ano Interna- minação étnica, racial e cultural, homofobia e outras.
cional da Mulher e a ONU estabelece o dia 8 de O ano de 1993 é palco de uma grande conquista
março como o Dia Internacional da Mulher. para a categoria profissional com a promulgação da
Ainda na década de 1960, o Serviço Social inicia Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) – Lei n.
um movimento de reconceituação da profissão em 8.742/93 – que organizou a Assistência Social no Brasil
toda a América Latina; é introduzida a perspectiva e instituiu o Conselho Nacional de Assistência Social
marxiana nos cursos, busca-se trabalhar numa pers- (CNAS). No mesmo ano, é aprovado o novo Código
pectiva de Serviço Social comprometido com as clas- de Ética do Assistente Social, reafirmando os princí-
ses trabalhadoras; a partir de 1964, a perspectiva pios fundamentais da atuação profissional em defesa
crítica adotada pelo Serviço Social com o processo da equidade, da justiça social e dos direitos humanos.
de reconceituação passa a ser alvo de repressão pelo Também em 1993, a ABEPSS define as diretrizes
golpe militar e ocorre uma fiscalização nos currícu- curriculares para os cursos de Serviço Social, defi-
los e conteúdos ministrados nas escolas. Nessa épo- nindo “a questão social” como o objeto da profissão,
ca, ainda no regime militar, a questão social foi en- em todo o território nacional.
frentada pelo binômio “repressão” e “assistência”; Em meados da década de 1990, surgem núcle-
no período em que se processou a chamada “abertu- os de estudos e pesquisas sobre as temáticas de
ra política”, ou seja, a partir de 1980, profissionais do gênero, violência e outros em todo o Brasil, e a
Serviço Social, inseridos na militância política e hon- partir de 2000 são propostos eixos específicos que
rando o compromisso com a classe trabalhadora, contemplam a temática de gênero articulada ao
passam a atuar como assessores de diferentes movi- Serviço Social nos encontros da categoria, Con-
mentos sociais. gresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBASS)
Em 1980, inaugura-se o debate da ética no Servi- e Encontro Nacional de Pesquisa em Serviço So-
ço Social, assume-se claramente no Código de Ética cial (ENPESS).
Profissional, aprovado em 1986, a ideia de “compro- Em 2003, é criada a Secretaria Especial de Políti-
misso com a classe trabalhadora”; a partir de 1980, cas para Mulheres, com status de Ministério, com a
profissionais de Serviço Social desenvolvem projetos finalidade de propor e executar políticas públicas que
de extensão junto a comunidades de periferia seguin- levem em conta a igualdade de gênero; em agosto de
do os pressupostos teórico-metodológicos da teolo- 2006, fruto de uma longa caminhada de grupos femi-
gia da libertação: “opção pelos oprimidos”, e se inse- nistas organizados ao longo de todo o país, é promul-
rem nos trabalhos ligados às chamadas “Comunida- gada a Lei n. 11.340 – Lei Maria da Penha, que dis-
des Eclesiais de Base”. Algumas profissionais de põe sobre o enfrentamento à violência doméstica e
Serviço Social, de forma isolada, integram movimen- familiar contra as mulheres.
tos feministas. Constatamos que ao longo da história houve mais
A década de 1980 é marcada por eventos signi- desencontros do que encontros entre o Serviço Soci-
ficativos decorrentes das lutas e reivindicações dos al e as questões de gênero. A partir dessa trajetória,
movimentos feministas: em 1980, é criado em São como recuperar esse descompasso, ou seja, como
Paulo o SOS Mulher; em 1983 são criados os Con- promover um encontro com a articulação desses dois
selhos Estaduais e Municipais de Direitos da Mu- enfoques? Como vislumbrar possibilidades de apro-
lher e dois anos depois surge a primeira Delegacia ximação teórica e propostas de intervenção no coti-
Especializada de Atendimento a Mulheres Vítimas diano de nossas práticas?
a) “a persistente e crescente carga de pobreza obtenção dos bens materiais e simbólicos necessári-
que recai sobre as mulheres” – as mulheres os para o seu desenvolvimento pessoal.
constituem-se nas principais usuárias dos Pro- É preciso destacar que a incorporação do debate
gramas de Assistência Social; 30% de famíli- sobre a equidade de gênero nas políticas públicas, no
as no Brasil são chefiadas por mulheres; Brasil, é resultado de um longo processo social e po-
b) “a desigualdade de acesso a serviços de saú- lítico de participação, sustentado em grande medida
de e educação” – os índices de morte mater- pela visibilidade e legitimidade que os movimentos
na ainda são grandes no Brasil; os direitos feministas têm alcançado nos últimos 20 anos. Tam-
reprodutivos não são respeitados, o aborto ain- bém, pela produção de conhecimento sobre a temática
da é considerado crime e, em caso de gravi- das relações de gênero, e pela resistência das mu-
dez indesejada, a responsabilidade é atribuída lheres no cenário político e social como sujeitos soci-
somente às mulheres; um grande número de ais, cujas demandas questionam a estrutura de poder
adolescentes deixa de estudar porque e a organização da vida cotidiana baseada na domi-
engravidam; nação masculina. Assim, colocam no centro dos de-
c) “a violência contra as mulheres e crianças” – bates o tipo de democracia em exercício, lutando para
física, psicológica, sexual, patrimonial; a secu- afirmar a democracia de gênero como estratégia de
lar “dominação masculina” ainda admite a su- empoderamento não só político, mas também
perioridade do homem que se acham no direi- socioeconômico e cultural das mulheres.
to de exercer poder sobre o corpo das mulhe-
res e meninas (geralmente filhas);
d) “a desigualdade no acesso às políticas e estru- Considerações para debate
turas econômicas” – criar oportunidades para
as mulheres participarem dos mecanismos de Retomando a proposta colocada no início deste
planejamento e gestão de programas que con- ensaio, reitero a necessidade de estabelecermos uma
templem a equidade de gênero; relação entre o processo histórico de institucionalização
e) “a desigualdade entre homens e mulheres no do Serviço Social com os saberes que constituíram a
que diz respeito à distribuição do poder e to- nossa profissão e as relações de dominação, questio-
mada de decisões” – garantir a paridade em nando os “modos de subjetivação” a que ficam
relação à ocupação de cargos políticos e re- submetidas(os) um grande número de profissionais.
presentativos; Ciente de que as questões problematizadas neste
f) “os insuficientes mecanismos de promoção da ensaio apontam elementos para um profícuo debate,
condição da mulher” – inserir a transversali- proponho que as mulheres que constituem a maioria
dade de gênero nas políticas públicas, garantir das profissionais de Serviço Social, e também os co-
eixos que venham ao encontro das necessida- legas homens, aproximem-se das contribuições dos
des básicas das mulheres e de suas famílias; estudos de gênero, e que no cotidiano das práticas
capacitá-las para exercer uma ocupação re- possam incorporar reflexões teóricas que iluminem
munerada e possibilitar seu empoderamento; as demandas que surgem no exercício profissional.
g) “o insuficiente uso dos meios de comunicação As principais correntes do feminismo tem se ca-
de massas para promover a contribuição posi- racterizado como ativismo político e reflexão aca-
tiva da mulher à sociedade”. dêmica, com o objetivo de denunciar a apropriação
As políticas e as ações afirmativas para mulheres de um discurso como única verdade e as hierarqui-
são, atualmente, as medidas mais concretas para as no espaço acadêmico. O feminismo tem despon-
garantir a equidade de gênero. Os princípios éticos tado na cena política como um dever/denúncia: há
das ações afirmativas devem concentrar-se na com- uma crescente percepção, por parte do movimento
pensação, na reparação, na equidade e na justiça. A de mulheres (conferências mundiais) sobre a ne-
equidade de gênero se refere à distribuição justa de cessidade de transcender o modelo industrial orien-
direitos, oportunidades, recursos, responsabilidades, tado para o consumo, exigir respeito ao corpo das
tarefas entre os gêneros respeitando as diferenças mulheres, descriminalizar o aborto, acabar com a
entre homens e mulheres. Pressupõe, ainda, ações impunidade em relação aos altos índices de violên-
para dotar as mulheres dos instrumentos, recursos e cia e com a homofobia; reivindicar responsabilida-
mecanismos necessários para participar e deixá-las de por parte dos meios de comunicação ao difundi-
preparadas para exercer cargos, propor e participar rem imagens que denigrem a mulher como objeto
das decisões que lhe dizem respeito. sexual, entre outras.
Equidade, para Lagarde (1996, p. 216), consiste O feminismo tem se imposto como uma “estra-
em que as mulheres sejam educadas e tratadas como tégia de resistência”, reinventando as mulheres,
seres humanos com direito à integralidade de seu reinventando “uma fala”, um saber submetido, cons-
corpo e de sua pessoa, ao respeito, aos cuidados e à tituindo comunidades de debate, garantindo o direi-
to de questionar, desconstruindo os papéis impostos CONWAY, J. K.; BOURQUE, S. C.; SCOTT, J. El concepto
pela sociedade. Nesse sentido, para a filósofa Ana de género. In: LAMAS, M. (Comp.). El género – la
Maria Martinez de Escalera7, “Feminismo Estraté- construcción cultural de la diferencia sexual. Programa
gico” implica em um “labor” filosófico uma vez que Universitario de Estudios de Género. Universidad
“ser” e “saber” não podem separar-se. A partir da Autónoma de México: México, 2003. p. 21-33.
concepção de “Feminismo Estratégico” da autora,
entende-se como necessário que as(os) assistentes DIAS, M. O. da S. Novas subjetividades na pesquisa
sociais se reconheçam como sujeitos históricos, com histórica feminista: uma hermenêutica das diferenças.
capacidade para utilizar ferramentas que Revista de Estudos Feministas, Rio de Janeiro, CIEC/ECO/
deslegitimem uma visão estabelecida de realidade UFRJ, v. 2, n. 2, 1994.
social, descronstruindo o sujeitamento da profissão
ao longo da história e constatando que o Serviço FOUCAULT, M. Crítica y Aufklärung [“Qu’est-ce que la
Social no Brasil tem passado por sucessivas crises Critique?”]. Tradução de Jorge Dávila. Revista de Filosofia,
de identidade, justamente porque o discurso impos- Universidad de Los Andes (ULA), Mérida, Venezuela, v. 8,
to pela academia não condiz com as práticas do 1995.
cotidiano que envolvem incessantemente dimensões
da vida que vão além da classe. O “Feminismo Es- ______. A história da sexualidade 1 – A vontade de saber.
tratégico” nos instiga a perguntar: como “trabalha- Rio de Janeiro: Graal, 1997.
dores sociais”, que técnicas podemos utilizar para
saber o que fazem, o que pensam e o que desejam LAGARDE, M. Género y feminismo – desarrollo humano
os sujeitos de nossas práticas? Como podemos re- y democracia. Madrid: Horas & Horas, 1996.
produzir suas experiências contadas em discursos
“não colonizados”? Que estratégias de resistência LAMAS, M. (Comp.). El género – la construcción cultural
podemos utilizar para “dessujeitar-nos” da domina- de la diferencia sexual. Programa Universitario de Estudios
ção masculina? de Género, Universidad Autónoma de México, México,
Concordamos com Corine D’Souza quando afir- 2008.
ma que “o feminismo é para as ciências sociais um
deslocamento de paradigma, e para os movimentos LENGERMANN, P. M.; NIEBRUGGE-BRANTLEY, J. Teoria
sociais uma ruptura. Ele traz para o mundo novos feminista contemporânea. In: RITZER, G. Teoria
significados, novas esperanças” (D’Souza, 1986, apud sociológica contemporânea. Madri: Mcgraw-Hill, 1993,
Oliveira, 1992, p.135). p. 353 - 409.
É possível concluir que, para dessujeitar-se do
pensamento dominante que fez parte da historia da OLIVEIRA, R. Memórias do planeta fêmea. Estudos
profissão, o Serviço Social deve aproximar-se dos Feministas, Rio de Janeiro, UFRJ, v. 0, n. 0, 1992. p. 131-
estudos feministas para realizar uma crítica a partir 142.
de seu submetimento, a uma verdade, a uma lingua-
gem, a um discurso, a uma história colonizada. É ne- PINTO, C. R. J. Uma história do feminismo no Brasil. São
cessário inventar, reinventar uma nova forma de pro- Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003. (Coleção História
duzir conhecimento em Serviço Social a partir da afir- do Povo Brasileiro).
mação da nossa identidade e a partir das demandas
que surgem no cotidiano de nossas práticas que con- RODRIGUEZ, M. E. S. Hijas de la igualdad, herederas de
figuram a transversalidade de gênero! injusticias. Madri: Narcea, 2008.