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aaa i ae eo ee cap 908s Capituto 9 Fi-tRAGAO RApPIDA DESCENDENTE E FLuIDIFICAGAO 9.1 INTRODUGAO Afiltragao consiste na remogao de particulas suspensas e coloidais e de microrganismos presentes na agua que escoa através de um meio poroso. Em geral, a filtragao é o proceso final de remogao de impurezas realizado ‘em uma estacao de tratamento de agua e, portanto, principal responsavel pela producao de agua com qualidade condizente com o padrdo de potabilidade. Apés certo tempo de funcionamento, ha necessidade da lavagem do filtro, geralmente realizada por meio da introdugao de agua no sentido ascensional com velocidade relativamente alta para promover a fluidificago parcial do mela granular com liberago das impurezas. A descric&o quantitativa da filragdo envolve formulagdes matematicas dos mecanismos responsavels pela retencao de particulas no meio granular. Tais modelos tém sido aplicados com pouco sucesso na previséio do comportamento da fitragdo, razio pela qual, até o presente, é necesséria a combinagao da teoria com os resultados de pesquisas para 0 projeto e operagao dos filtros de uma estagao, 9.2 FittRAcAo com AcAo DE PROFUNDIDADE E DE AcAo SUPERFICIAL Aremogao de particulas com tamanho em tomo de 1 um, em meios granulares com vazios intergranulares, de dimensées proximas de 500 jim, intrigou os pesquisadores durante muito tempo. Acreditava-se que o filtro funcionasse como um coador, porém, se fosse considerada somente a ago fisica de coar, seria impossivel explicar a remogdo de particulas menores que os vazios intergranulares que normalmente acontece na ftragao. Sera visto posteriormente que hé diversas ages por meio das quais as particulas sao retidas no meio fitrante. Na fltagdo répida descendente, com ago de profundidade, as impurezas so retidas ao longo do meio filtrante, em contraposigao a de ago superficial, em que a retencao ¢ significativa apenas no topo de meio fitrante. Nas Figuras 9.1 e 9.2 stio mostrados resultados de operagao de dois fitros plloto, um deles contendo areia no uniform (tamanho dos gros = 0,71 a 1,68 mm; tamanho efetivo = 0,8 mm tamanho do gro correspondente & passagem de 10% do material, em peso na curva de distribuigao granulamétrica; coeficiente de desuniformidade = 1,6 —relagao entre o tamanho do gréo correspondente & passagem de 60% do material granular, em peso, ¢ o tamanho referente & passagem de 10%; espessura da camada fitrante = 0,85 m), funcionando com taxa de filracao igual a 180 m'iméd e recebendo agua coagulada com sulfato de aluminio no mecanismo de adsor¢ao/neutralizagao de cargas; o outro filtro possuia meio fitrante constituido de areia praticamente uniforme (tamanho dos gros = 0,84 a 1,41 mm; tamanho efetivo = 1,0 mm; coeficiente de desuniformidade = 1,20; espessura da camada filrante = 1,2 m), funcionou com taxa de filtrago igual a 400 m°iméd e recebeu agua decantada como afluente. No eixo das ordenadas tem-se a perda de carga no meio filrante e no eixo das abcissas, a espessura da camada filtrante. Tém-se, nessas figuras, curvas de perda de carga ao longo da espessura da camada filtrante para diferentes tempos de operacao (Di Bernardo & Prezotti, 1991), Em ambas as figuras s40 mostradas as curvas que representam o caminhamento da frente de impurezas a0 longo do meio fitrante, obtidas da seguinte forma: para cada curva de perda de carga correspondente a um tempo de funcionamento é tragada uma reta paralela aquela referente ao inicio de operagao (quando nao ha retengao de impurezas) até 0 ponto em que o paralelismo deixa de ocorrer; uma vez identificados estes pontos nas diversas curvas de perda de carga para os diferentes tempos de funcionamento, estes so unidos, dando origem & curva de caminhamento da frente de impurezas, que pode ser uma ferramenta muito util para a andlise da fitragao, E evidente que, na Figura 9.1, a retengao de impurezas ocorreu, praticamente, no inicio da camada filtrante (cerca de 0,15 m), enquanto na Figura 9.2 a penetragao de impurezas atingiu profundidade de cerca de 0,8 m. Pode-se dizer que no primeiro caso a retengao superficial foi significativa, caracterizando a filtrago com ago superficial, enquanto no segundo caso a filtagdo se deu com aco de profundidade, No caso da Figura 9,1, pode- se deduzir que a ago fisica de coar foi o mecanismo de filtrago dominante, embora outros fendmenos pudessem ter influldo, como a floculaco intensa que ocorre no meio granular, j4 que o afluente era a agua coagulada. No caso da Figura 9.2, a aco fisica de coar deixa de ser importante, sendo outros os mecanismos responsaveis pela retengao das impurezas no meio fitrante * a soca aaa i - eo ee cap 908s 514 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 Taxa de rapt: 160 ina Mao are ria a uforme oss Frente de imurecas oO a2 oa ae oe Espessura do melo fltrante (rm) Figura 91 Fitrago com agdo superticialsignficativa (arela nao unforme) “Taxa de fitrag30: 180 m/mid Mev fitrante: aria praticamente uniforme Perda de carga no meio fitante (n) ° 02 oe 08 08 10 12 Espessura do melo fitante (m) Figura 92 __Fitragie com aga de profundidade (areia uniforme) A filtragéio com aco de profundidade pode ser entendida como o resultado de uma sucesséo de estagios relativos & colmatagao das subcamadas que compdem o meio filtrante (ver esquema da Figura 9.3). A primeira subcamada (subcamada 1) retém particulas até o momento em que as forcas de cisalhamento, em razéo do escoamento, superam as forgas que mantém as particulas aderidas aos grdos do meio fitrante, arrastando-as para a subcamada subsequente (subcamada 2); nesse instante, pode-se assumir que a quantidade de particulas no efluente da subcamada 1 iguala a quantidade de particulas presentes no afluente, ou seja, acorre a saturagdo da subcamada 1, resultando na maxima diferenga de niveis de agua entre os piezémetros localizados acima e abalxo da subcamada 1. Na realidade, outras subcamadas situadas abaixo da subcamada 1 estavam retendo particulas, aaa i ae eo ee Cap.9 Filtragao Rapida Descendente e Fluidificacao 515 durante o periodo de tempo em que acorria sua saturagéio, porém, sto pequenas as quantidades retidas em cada uma delas (maior na subcamada 2). Em seguida, a subcamada 2 passa a reter maior quantidade de particulas, al& instante em que também ocorre sua saturagao, e assim por diante, até que todas as subcamadas sejam saturadas, Asaturagéo de cada subcamada pode ser acompanhada por meio de coleta de amostras ao longo do meio filtrante 0u visualizacao do nivel de agua em cada piezometro; a partir do instante em que a diferenga de leitura piezométrica entre dois piezémetros (correspondentes a uma subcamada qualquer) no muda com o tempo de fltrago, significa que aquela subcamada encontra-se saturada, ou seja, dal em diante, a quantidade de particulas que sai é igual & quantidade que entra. A perda de carga em qualquer subcamada é igual & diferenca entre os niveis de Agua nos piezémetros situados acima e abaixo da mesma Nivel de agua + Perda de carga a subeamiada ‘AFLUENTE, hb UL 2 Subcamada 1 eI Subcamada 2 ag sie Subcamada 3 aig Subcamada 4 ‘Subcamada final mannii EFLUENTE Figura 8.3 Esquema de um iro com piezdmetras instalados enive subeamadas do meio fitrante Afiltragao rapida de agua coagulada, floculada ou decantada (ou flotada) deve preferivelmente ser realizada com a¢ao de profundidade, pois poderao resultar carreiras de filtragao curtas, com baixa produgao efetiva de 4qua, se a filtrag4o ocorrer, predominantemente, com agao superficial. 9.3 MEcANIsmos DA FILTRAGAO 9.3.1 Consiperagoes INICIAIs Os mecanismos responsaveis pela remogao de particulas durante a filtagdo com ago de profundidade s4o complexos @ influenciados principalmente por caracteristicas fisicas e quimicas das particulas, da agua e do meio fitrante, da taxa de filtrago e do método de operago dos filros. Considera-se a filtrago como resultado da ago de trés mecanismos distintos: transporte, aderéncia e desprendimento. Os mecanismos de transporte s4o responsaveis por conduzir as particulas suspensas para as proximidades da superficie dos coletores (graos de antracito, areia ou outro material granular), podendo permanecer aderidas a estes por meio de forcas superficiais, que resistem as forcas de cisalhamento resultantes das caracteristicas do escoamento ao longo do meio filtrante, Quando tais forcas superam as forcas de aderéncia, tem-se 0 desprendimento. Se a taxa de fitracao (vazdo afluente dividida pela rea do filtro em planta) ou velocidade de aproximagao permanecer constante, V~ (ver Figura 9.3), a velocidade de escoamento nos poros, denominada velocidade intersticial, aumenta em fungao das particulas retidas, causando o arrastamento das particulas para subcamadas inferiores do meio filtrante até aparecerem na agua filtrada, ocasionando 0 fendmeno conhecide como transpasse (ver Figura 9.4). cap 908s si van00s 202 aaa i - eo ee cap 908s 516 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 Na Figura 9.4 so mostradas duas situagSes extremas: em uma delas, o efluente apresenta-se com turbidez baixa, porém, é alta a taxa de crescimento de perda de carga, causando o encerramento da carreira de filtragao (situagao A); na outra, a taxa de crescimento é baixa, no entanto, ocorre o transpasse, ou seja, o aumento continuo da turbidez a partir de um certo tempo de funcionamento da fltrago (situagao B). Quando hé o transpasse, significa, que foi ultrapassada a capacidade do meio fitrante em reter impurezas, ocasionando, também, aumento do nlimero de organismos no efluente, Como conseqiléncia, ha dois efeitos negativos que podem comprometer a desinfecgao final: elevagao da turbidez (e do numero de particulas) e incremento do numero de organismos. A situagao ideal é aquela em que o inicio do transpasse e a perda de carga limite no meio filtrante ocorrem simultaneamente. Com a variagéo das caracteristicas do afluente ou das condigées de operacao da fitragao, pode ocorrer qualquer uma das situagdes mostradas na Figura 9.4, devendo-se atentar para o fato de que, por seguranga, a filtragdo deve sempre funcionar sem que seja observado o transpasse, ou, em caso extremo, a carreira de filragdo deve ser encerrada quando se inicia o transpasse, No caso da Figura 9.4, o parametro de qualidade considerado foi a turbidez, porém, poderia ser a cor aparente, o ntimero de particulas, o nlimero de microrganismos, etc. Valorie ee A 8 8 3 Valor snte | vebrime tg Tempo de funcionamento Figura 9.4 Representagao esquematica do funcionamento de fis, Para entender 0 fendmeno da filtragao & importante relacionar as dimens6es relativas das particulas (diametro d.), do coletor (diametro d,) e dos poros (0,07 20,1 vezes d,) ¢ as distancias nas quais os mecanismos de aderéncia. aluam. Os fitros removem particulas coloidais com tamanho de 0,01 a 10 um em meio filtrante constituido de graos, de areia de tamanho da ordem de 500 jum, cujas dimensdes dos poros variam de 35 a 60 jim, sendo a distancia de interago para ocorrer aderéncia freqlientemente menor que 1 um. Essas dimensées indicam que, na filragao de gua, aretengdo pela ago fisica de coar 6 pouco significativa, pois as particulas se movem em poros que geralmente 's40 100 a 1.000 vezes maiores do que elas. Entdo, para serem removidas, as particulas necessitam ser transportadas das linhas de correntes até as proximidades dos coletores. Na Figura 9.5 encontram-se ilustrados os mecanismos de transporte e de aderéncia (Amirtharajah, 1988). A medida que as particulas so removidas nos coletores, tendem a se acumular sobre eles numa diversidade de configuracdes geométricas. As configurag6es esto relacionadas nao somente aos coletores, mas também as particulas previamente removidas, que passam a atuar como coletores adicionais. Algumas configuragées comuns ‘em meios granulares so envoltérias esféricas no topo dos grdos e estruturas tubulares dentro dos poros, representadas na Figura 9.5, aaa i ae eo ee Cap.9 Filtragao Rapida Descendente ¢ Fluidificacao 517 Particula Transporte Aderéncia “—~ Desprencimento Linhas de corrente Figura 95 llustragdo simplificada dos mecanismos de transporte, aderéncia @ desprendimenta durante a fitragao 9.3.2 Mecanismos DE TRANSPORTE (Os mecanismos de transporte descritos por Ives (1975a), mostrados esquematicamente na Figura 9,6, s0 08 seguintes: impacto inercial, interceptago, sedimentagdo, difusdo e ago hidrodinamica, Popo op of oe \ \ \ \ NQ\E@O Impacto Intercoplagdo Sedimentagdo———fusdo| gio insreal nicracindmica| Figura 9.6 __llustraglo dos mecanismos de transporte na firagao, a) Impacto inercial Durante o escoamento, as linhas de corrente divergem nas proximidades dos graos do meio fitrante, mas as particulas com quantidade de movimento suficiente para manter suas trajetérias atingem os coletores. Quanto maiores a velocidade de aproximaco, Veo, o tamanho e a massa especifica das particulas e quanto menores a viscosidade da agua e 0 tamanho dos graos, mais eficiente ¢ esse mecanismo de transporte, que é importante para a filtragao de ar, mas pouco significativo na fitragao de agua, quando se consideram as velocidades de aproximagao, 0 tamanho efetivo do meio fitrante ¢ o tamanho e a massa especifica das particulas geralmente presentes na agua a ser fltrada numa estagéo de tratamento de agua (Ives, 1975a). b) Ago hidrodinamica ‘Aremogéo de particulas com tamanho relativamente grande (~10 um) tem sido atribulda a ago hidrodinamica. Acompreensao desse mecanismo de transporte é facilitada quando se considera o escoamento com gradiente de velocidade constante. Uma particula suspensa na agua, nessas condicées, estaré submetida a velocidades cap 908s s” van00s 202 aaa i - eo ee cap 908s 518 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 tangenciais diferentes na dirego perpendicular ao escoamento, conforme pode ser notado na Figura ®.7.Adiferenca entre as velocidades nos pontos Ae B tende a fazer com que a particula gire, produzindo uma diferenga de pressdo na direcdo perpendicular 4 do escoamento e dando origem a uma forga que conduz a particula para a regido de menor velocidade. Apesar de na filtragéo no haver as mesmas condigdes descritas, o fendmeno & andlogo e pode explicar a remocao de particulas relativamente grandes. Nao ha um tratamento quantitative completo do mecanismo de ago hidrodinamica, o qual esta relacionado ao tamanho, forma e massa espectfica da particula e as condicées do escoamento (Ives, 1975 a). Linhas de corente ftir Figura 9.7 _ Ago da tensao de cisalhamento uniforme em uma particula durante a ftragao, ©) Interceptagao Em geral, 0 regime de escoamento na filtragao resulta laminar e, mesmo com o meio fltrante apresentando grau elevado de colmatagao, as particulas se mover ao longo das linhas de corrente. As particulas, com massa especifica proxima a da agua, serao removidas da suspensao quando, em relagdo a superficie dos coletores, as linhas de corrente estiverem a uma distancia inferior a metade do tamanho delas. Esse mecanismo torna-se mais eficiente a medida que aumenta o tamanho das particulas e diminui o tamanho dos coletores. Em estudos anteriores, da fitraco, a interceptagao era considerada um mecanismo de transporte independente, mas, em pesquisas mais recentes, tem sido incorporada como condicao limite resultante da difusdo e da sedimentagao, 4) Difusso Em fungo do movimento browniano, particulas relativamente pequenas apresentam movimento erratico quando suspensas em meio liquido. A difusdo é um mecanismo de transporte que resulta desse movimento provocado pelo bombardeio das particulas pelas moléculas de agua. A intensidade do fenémeno é proporcional ao aumento da energia termodinamica da 4gua e a diminuigéo da sua viscosidade, e inversamente proporcional ao tamanho das particulas. Os trabalhos de ives (1966a, b e c, 1967, 1975a) e de Yao et al. (1971) mostraram que esse mecanismo é importante para particulas menores que 1 um durante a fitrago, ©) Sedimentagae mecanismo de sedimentagao esta associado a velocidade de sedimentagao das particulas, que as leva a cruzar a linha de corrente e atingir 0 coletor. Para esse mecanismo, a massa especifica da particula e a temperatura dda agua desempenham papel importante. O mecanismo de sedimentacao pode ser compreendido pela visualizagao dos vazios intersticials como pequenas células de sedimentaco, ou os caminhos porosos como pequenos tubos de sedimentago. Esse mecanismo é mais importante para particulas maiores que 1 uum, geralmente entre 5 € 25 um, Ives (1976a) considerou que as particulas poderiam estar em regies dos vazios intergranulares onde a velocidade de escoamento é relativamente pequena em decorréncia do perfil de velocidade parabélico que ocorre no regime laminar. A velocidade tangencial, responsével pelo arrastamento da particula, decresce rapidamente a zero na superficie do coletor. Considerando a agua escoando com velocidade intersticial de 5 mm/s em torno de um coletor esférico de 0,5 mm de diametro, e uma particula de 10 um de aiametro (p, = 2.500 kg/m") em um local distante 20 um da superficie do mesmo e fazendo um Angulo de 10° com o eixo vertical que passa pelo centro do coletor, a componente tangencial resulta de aproximadamente 0,18 mm/s, pouco superior a velocidade de sedimentagao de 0.1 min/s, obtida com uso da equacao de Stokes para g = 9,8 mis’, v= 10° mils. 9.3.3 MEcANIsMos DE ADERENCIA Quando préximas a superticie dos graos (coletores) do meio filtante, as particulas sao capturadas e aderidas a estes por meio dos mecanismos de aderéncia, A eficiéncia da aderéncia entre as particulas transportadas e os gros depende, principalmente, das propriedades das superficies de ambos. As particulas tanto podem aderir diretamente as superficies dos graos como as particulas previamente retidas. Aimportancia das propriedades das aaa i ae eo ee Cap. 9 Filtragao Rapida Descendente e Fluidificagao 519 superfcies é evidenciada quando se considera a fitragao de urna suspensao de argia em meio fitrante constituido de areia, com velocidade de aproximagao da ordem de 1,5 mmis. A eficiéncia global de remogo & inferior a 20% quando nao se utiiza um coagulante, enquante com 0 uso de um sal de aluminio ou de ferro a efciéncia de remogao pode resutar superior a 90%. No primero caso tem-se uma quantidade elevada de particulas estaveis e, no segundo, as particulas, em sua maioria, estao neutraizadas, A aderéncia ¢ atribuida a duas categorias de fendmenos: interago entre as forgas eletrostaticas eas de van der Waals e interagao superficial de origem quimica. & preciso ter-se em mente as dimensdes envolvidas, como as das partculas, dos gr80s, dos vazios intergranulares e das distancias em que os mecanismos de aderéncia se tormam atuantes, como mencionadas anteriormente. Essas dimensdes indicam, claramente, o motivo de a ago fisica de cor ndo ter significado na fitragao com ago de profundidade, uma vez que as particulas se movem nos vazios que tom dimensées que chegama ser de 100 a 1,000 vezes o tamanho deles a) Interagao combinada das forcas elotrostaticas o as de van der Waals No Capitulo § foi discutida a interagao entre as forcas de repulsao e a de atracao de van der Waals, que se aplica a fitragao, pois os gros do meio fillrante apresentam carga superficial negativa quando submersos na égua. Para ilustrar 0 fenémeno, na Figura 9.8 s80 mostradas trés situagdes distintas para uma particula de argila: a) particula estabilizada; b) particula com carga positiva (reestabilizaco); c) particula com carga neutralizada (ponto isoelétrico). i i\ 4) room sit e <10°(um) @ 10°) of { a | al Reschante 4) : i i Panticula Cosigulo ‘OF No caso (a) existe barreira de energia entre a particula e os graos do meio filtrante, o que impede sua aderéncia. Porém, se for considerado que algumas argilas, como a caulinita, podem tanto ter regides positivas, como negativas quando o pH da suspensao é baixo, é de se esperar que algumas particulas sejam removidas da suspensdo. No caso (b) ha excesso de carga positiva e a barreira de energia é substitulda por um potencial positivo; a eficiéncia da aderéncia entre particulas e gros ¢ elevada no inicio da filtragao, porém, a medida que a superficie dos grdos se torna positiva, a eficiéncia diminui, ja que, assim como os graos do meio fitrante recobertos por particulas positivas, as particulas da suspensdo também apresentam carga positiva. Tal fendmeno é semelhante a reestabilizagao que pode ocorrer na coagulagao. No caso (c) as particulas estao neutralizadas, configurando a situagao ideal da fltragdo, especialmente quando a filtrago direta é a tecnologia de tratamento empregada b) Interagao quimica As forgas quimicas podem, em determinadas situages, sobrepujar as eletrostaticas. As ligagbes de hidrogénio, troca iénica @ adsorga0 mitua s&o as principais formas de ligag6es quimicas entre as particulas e a superficie dos gros. Na filtragao, a adsor¢do mutua é considerada a mais importante, pois nas particulas previamente retidas condos so a soca aaa i - eo ee 520 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 podem estar ligadas algumas espécies hidrolisadas de aluminio ou de ferro ou moléculas de polimeros que se encontram estendidas formando uma espécie de ponte quimica. A aplicagao de um sal de aluminio ou de ferro ou de um polimero catiénico na 4gua para lavagem, no final dessa operagdo, tem melhorado a qualidade da agua filtrada no inicio da fitrag4o, Essa melhoria, portanto, tem sido associada ao recobrimento dos gros por moléculas de especies hidrolisadas de aluminio ou de ferro e de polimeros, cujas cadeias se mantém estendidas, nas quais, as particulas da suspens4o podem ser adsorvidas, 9.4 CINETICA DA FILTRAGAO. 9.4.1 Consiveragdes INiciats Como visto anteriormente, a remogo de particulas durante a fitragéo resulta da ago conjunta dos mecanismos de transporte e aderéncia, Apés certo tempo de funcionamento e considerando constante a vazao afluente a um filtro, as particulas retidas nos vazios intergranulares causam a diminuigao destes, com consequente aumento da velocidade intersticial e das forcas de cisalhamento, responsaveis pelo desprendimento de particulas, Atualmente, feito global dos mecanismos de transporte e de aderéncia e do desprendimento de particulas previamente retidas Pode ser descrito por meio de duas tecrias distintas: ) teoria fenomenolégica; i) teoria das trajetorias, 9.4.2 Teoria FeNomENoLésica ‘Ateoria fenomenolégica foi desenvolvda para descrever as mudangas na concentrago ou massa de particulas durante a fitragao para condigSes estavel ou néo-estavel (steady-state ou non-steady-stato). Seja um elemento de Volume de um meio fitrante uniforme (gr8ios de mesmo tamanho), com rea em planta, ¢ altura AL, como mostrado na Figura 8.8, A variacdo da concentragao da suspensao é dada por -aC = (C,-C, e4 em que: C,; concentragéo do efluente do elemento de volume (vol/vol) C,: concentragso do afluente ao elemento de volume (vol/vol) Para escoamento com vazo constante Q, ¢ admitindo-se que o depésito especifico seja aumentado de Ao, ‘ap6s Um intervalo de tempo At, tem-se: + volume de particulas removidas da suspensdo: AC at Q, + volume de particulas acumuladas: Ao, ALA, Como 0 volume de particulas removidas da suspensao é igual ao de particulas retidas no meio fitrante, resulta AC At Q,= Aa, AL, A, 82 Rearranjando a equago 9.2, obtém-se, na forma diferencial, a seguinte equagdo: ac a Sv + Se a at =0 03 em que: 1, depésito especifico absoluto (volume de sélidos retidos por volume de meio filtante) V.2 velocidade de aproximagao (m/s) L:_espessura do meio fitrante (m) cap 908s 2 ano0s 2024 cap 908s Cap. 9 Filtragao Rapida Descendente e Fluidificagao 521 Aly Figura 99 Elemento de volume do melo fivante Proposta por Iwasaki, em 1937, a partir de seus estudos com filtras lentos, a equag&o 9.3 reflete a relacdo entre a variagao da concentrago de particulas com a profundidade e a variagao do depésito especifico absoluto com 0 tempo para a velocidade de aproximagao considerada. Muitas vezes, considera-se 0 depésito especifico efetivo, que leva em conta o liquido contido entre as particulas retidas, dado por: 4 Na equacdo 9.4, « € 0 depésito especifico efetivo e fi, oinverso do coeficiente de compactacao (f, > 1). Nessas condigdes, a porosidade local resulta as A combinagdo das equagdes 9.4 € 9. fonece ac 1 ao a BV 86 ou ® pv. % 97 Aequacéo 9.6 representa a variago da concentraco de particulas em {ungo da espessura do meio filtrante, indicando que essa taxa diminui a medida que o depésito especifico aumenta com o tempo de operacao. Combinando-se as equagées 9.5 e 9.3, tem-se: ac rr 98 aaa i - eo ee cap 908s 522 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 De acordo com a equac&o 9.8, a taxa de variagdo da concentragéo da suspensao em func da espessura do meio filtrante decresce & medida que a porosidade diminui com o tempo de funcionamento. Aequagéo 9.6 oa 9.7 pode ser empregada para prever a variagao de « com t somente quando for conhecida, a variagéo de C com L. ‘A equacao 9.3 pode ser obtida de outa forma, sendo o depésito especifico, «, dado em massa por volume, cujo desenvolvimento apresentado a seguir se deve a Amirtharajah (1988). O autor, a partir das condigdes es- tabelecidas ou nao estabelecidas (steady-stale ou non-steady-state) para o balango de massa num elemento de volume do meio filrante e assumindo que o coeficiente de dispersao é desprezivel, chegou a seguinte equagao geral para a remogo de particulas da suspensdo e retenco no elemento de volume do meio filtrante: ae ao ac ac HH t= dl Se = “Ve 99 em que: &: porosidade p,: massa especifica dos depésitos (kgim’) V.: Velocidade de aproximagao (m/s) ©: concentragao de particulas (kg/m) t tempo considerado (s) o: depésito especifico (kg/m’) z: diego do escoamento ac Otermol® — (s/p,)] SF da equacao 9.9 representa a massa de solidos na agua dentro dos vazios intergranulares, pois[e — (a/p,)] & 0 volume real nos vazios intergranulares por volume do meio filtrante e o representa a massa de sblidos depositados nos grdos por unidade de volume do meio fitrante. A equagao 9.9 pode ser transformada em aa v. © + 2 fe+ec- (ol, c] = 0 et x et (olp,) C] 9.10 Os termos (¢ C) ¢ (olp,) $80 pequenos ¢ de sinais opostos, padendo-se considerar [e C — (a/p,)C] = 0. Logo, resulta a equacdo 9,11 (semelhante @ equagao 9.3), na qual « & expresso em massa de depésitos por volume de melo fitrante, enquanto na equacdo 9.3, « expresso em volume de depésitos por volume de meio fitrante ac as By 4 Bio ont a at Ha muitos modelos matematicos propostos para descrever a variagao de C com L (ouz), 08 quais apresentam a seguinte forma geral: c “FL > F(C.6, parametros do modeto) 9.12 A primeira tentativa para determinar a fungao F foi feita em 1937 por Iwasaki, Com base em pesquisas realizadas com fro lento, em que a acdo fisica de coar é dominante, para taxa de filtagdo inferior a 12 m'/m*d, 0 autor propés a seguinte equagao’ ac -% -ac 9.13 aaa i ae eo ee Cap.9 Filtragao Rapida Descendente ¢ Fluidificagao 523 em que: Jy: coeficiente de filtragao (onr* ou mm’) © coefciente do filtro, Jay, representa a eficiéncia de uma subcamada qualquer na retengao de particulas Rearranjando a equacao 9.13, obtém-se, na forma de diferencas finitas, a seguinte equag&o: ae ote 9.15 Na equagao 9.15, C, eC, sao, respectivamente, as concentrag6es de particulas no efluente e no afluente da subcamada de espessira AL;_ para uma certa velocidade de apronimagde, € evidente na equagio 915 que, quanto menor a concentragao C,, maior sera a relaga0.C,/C, ©, conseqientemente, maior 0 coeficiente de fitragao 4, No inicio dafitragdo, isto 6, T= 0, a equagao 9.13 pode Ser integrada, resultando C= 6,0 9.16 Se o meio fitrante for uniforme, AL, sera igual & espessura total, petmanecendo constante 0 valor de i, em todo meio fitrante para t= 0, de modo que'a concentragao C varia com a espessura segundo uma curva exponencial, ‘como mostrado na Figura 9.10, Quando o mefo fltrante nao ¢ uniforme, AL, corresponde a cada subcamada entre peneiras consecutivas da série granulométrica. Admite-se, para fins praticos, que o material granular de cada subcamada seja uniforme, representado pelo tamanho correspondente amédia geométrica das aberturas das malhas das peneiras consideradas concantaeso| Espen u Figura 910 Variagéo da concentragdo de particulas ao longo da espessura de um meio fitrante uniferme no inicio da fitracdo. Na Figura 9.11 é mostrada a variagdo tebrica da concentrago de particulas C com o depésito especifico a0 longo da espessura de um meio filrante uniforme com 0 aumento do tempo de operacao de um filtro. Nessa figura, 0, é 0 depésito especifico de saturagao (Ives, 1975b). condos = a soca aaa i - eo ee 524 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 Figura 9.11 Varlagio tipica de Ce c com a espessura de um mele fitrante unfarme para diferentes tempos de operacio Nas Figuras 9.12 ¢ 9.13 tém-se os resultados de funcionamento de um fitro plloto para a taxa de ftragdo de 120 im*/méd, com meio fitrante constituide de antracit (gros com tamanho entre 0,59 141 mm) earela (ros com tamanho entre 0,42 1,19 mm), Nessas figuras, T/, representa a fracdoturbidez remanescerte, sendo Ta turbidez do afluente @ Ta turbidez da amostra coletada naquela profundidade e tempo considerados (Di Bemardo, 1977). Nota-se, nessas figuras, que a penetracao de impurezas ocorreu,principalmente, até o final da camada de antracito (50 cm de espessural, pois T/T, resultou aproximadamente constante na camada de areia, para qualquer tempo de operagao. 0 na. 5 fo 16 2 25 00d 40 45 9 65 G0 a5 7D Espossura do meio irants (em) Figura 912 _ Varlagio de T/T, com a eepessura do melo fivante para diferentes tempos de operagio, cap 908s we ano0s 2024 aaa i ae eo ee Cap.9 Filtragao Rapida Descendente e Fluidificacao 525 ‘Tempo de funcionamento rin.) Figura 913 Variagio de T/T, com o tempo de opera 0 nas dferentes.profunidadas do meio fitrante Como visto anteriormente, a filtragao pode ser entendida como uma quantidade de subcamadas que Progressiva e seqlencialmente vao exaurrindo sua capacidade de reten¢ao de particulas. As variagbes que ocorrem no interior de cada subcamada so muito complexas e dependem, principalmente, de sua espessura e do tempo de operacdo. A complexidade dessas variagdes pode ser facilmente demonstrada por meio de um exemplo numérico. ‘Seja uma suspenséio com concentragdo inicial de 1.000 unidades arbitrarias, escoando através de um meio granular constituldo de quatro subcamadas, de modo que a eficiéncia de cada uma delas seja de 70%. No inicio, quando t = 0, tém-se os resultados constantes da Tabela 10,1 (Ives, 1975b) Tabela 9.1 Remogo de partculas em um meio fitrante constituide de quatro subcamadas. Subeamada | Concentragao de particulas | Depdsito om cada subeamada ‘Afluente 1.000 — 1 300 700 2 0 210 3 a7 63 4 2 19 Com 0 decorrer do tempo, a subcamada 1 teré sua eficiéncia alterada em fungao das 700 unidades que passaram a ocupar seus vazios intergranulares, 0 mesmo ocorrendo com a subcamada 2 em virtude das 210 nidades e assim por diante. Além disso, cada subcamada remover proporg&o diferente em relagdo 4 suspenso afluente, o que se acentuard com o tempo. Por isso, a filtragao tem sido explicada por melo da retengao & desprendimento de particulas nas diferentes subcamadas, a partir do topo do meio filtrante, condos a a soca aaa i - eo ee cap 908s 526 Métodos e Técnicas de Tratamento de Agua Cap. 9 Como a, Ce 2, so fungao do tempo, é necesséria uma terceira equacao, além das equagdes 9.3 (ou 9.11) © 9.13 para conhecer a variagao de C em fung&o do tempo. Segundo Ives (1975b), a variagao do coeficiente do filro 2, pode ser expressa pela seguinte equagao geral 2, = hy [1 + oft — et ~ of)? ft — ae,]* a7 em que: a,b, ¢: coeficientes a serem determinados experimentalmente _Potosidade do meio filtrante limpo depésito especifico de saturagao (m'/m®) ‘A equagao 8.17 pode ser simplificada por substituigées apropriadas dos coeficientes a, b e c. Segundo Iwasaki (1937) e Ives (1975b), as relagbes entre A, € « S80 dadas por dy she Hae 9.18 9.19 No modelo proposto por Iwasaki (1937), ¢ evidente a predominancia da acao fisica de coar,jé que 0 coeficiente do filtro, 2,, aumenta continuamente com o e, consequentemente, com o tempo, o que, em geral, acontece nos filtros lentos e nos filtros rapidos com escoamento descendente e meio fitrante constituido de areia fina, porém, dificimente acontece na filtragéo rapida com ago de profundidade. Nos filtros répidos com ago de profundidade, 0 coeficiente do filtro, 2,, apresenta um valor inicial, 2,, depois aumenta até determinado tempo e em seguida diminui, conforme sugerido no modelo proposto por Ives (1975b) & visto na Figura 9.14 para duas subcamadas distintas de um meio filante para uma velocidade de filracdo de 120 m/m?d (Di Bemardo, 1977). Na Figura 9. 14a tem-se a subcamada de 15-20 cm de antracito e na Figura 8.14b, a subcamada de 55-60 cm de areia, ambos os materiais de mesma granulometria que deram origem as Figuras 9.12, © 9.13, Hé evidéncias experimentais indicando que, realmente, o comportamento de uma subcamada qualquer do ‘meio filtrante resulta semelhante ao apresentado na Figura 9.14 e que a fitrago ocorre progressivamente do inicio para o final do meio filtrante. one ove ona ava Cys 0008 +1820 eo _ __ a0 & 00e: — 8 E ao = 006 SN S008 \ 10000 . aoe aa000e" /* Io 0005 + 1820— oon fk 040-0 \ "obo 0002 (ote) (vate) @ ® on a dye 0.01 + 400: Figura 914 Variagio tipica do coeficiente do fitro (I) com © depdsito especitic (6) em fros com ago de profundiade, Do ponto de vista macroscépico, quando o depésito especifico, «, em qualquer subcamada iguala 0 depésito especifico de saturacéo, o,, o coeficiente ?,resulta igual a zero, ou seja, a concentragao de particulas no afluente, ,,iguala a concentragao de particulas do efluente, C,, Na realidade, A, pode no ser zero, com a subcamada retendo algumas particulas, mas, com 0 desprendimento, C, pode se igualar a C,, maior problema acerca da aplicabilidade do modelo de Ives (1975b) esta relacionado a concentragao, C, expressa em volume de particulas por volume da suspenséo, e ao depésito especifico, «, expresso em volume de particulas por volume de meio filrante. Em geral, mede-se ao longo do meio filrante, por meio da coleta de amostras, aaa i ae eo ee Cap.9 Filtragao Rapida Descendente e Fluidificagao 527 a turbidez ou o numero de particulas, sendo muito dificil avaliar a massa especifica dos sélidos retidos, mesmo apés a medigao do teor de sélidos suspensos nas amostras. Por isso, Adin & Rebhun (1974) propuseram um modelo matematico (equagao 9,20) baseado na acumulagao e no desprendimento em uma subcamiada qualquer, relacionando a concentragao de particulas com o depésito especifico, ambos expressos em massa por volume, o que resulta da adogao de coeficientes relativos 4 compactagao dos depositos nos vazios intergranulares. a0 Ky Ve C(,- 9) Ky od Fe” Ku Ve C(9,- 0) 9.20 K,. Coeficiente de acumulagao (m*/kg) K,e coeficiente decorrente do desprendimento (s~) capacidade teérica do filtro, ou seja, quantidade de material acumulado por unidade de volume do meio filrante, que esgotaria completamente a capacicade de fitragao (kg/m) [2 velocidade de aproximagao (m/s) C:_concentragao de particulas (kg/m’) depésito especifico em um instante qualquer (kg/m*) gradiente de perda de carga no meio fitrante (m/m) Na equagdo 9.20, 0 primeiro termo do segundo membro refere-se @ acumulagao de sélidos e 0 segundo, a0 desprendimento de sélidos retidos. Assumindo que V.,,= K, J, ogradiente hidrdulico pode ser substitulde na equago 9.20, sendo K, a condutividade hidraulica, que 6 dada por: Efetuando-se a coleta de amostras do afuente e do efluente de um meio fitrante uniforme em fungao do tempo de operagdo € medindo-se os valores de turbidez e de sélidos suspensos ou do nimero de particulas, é possivel prever a ocorréncia do transpasse utlizando-se as equagdes 9.3 (ou 9.11), 9.20 e 9.21, se forem conhecidos os parémetros K,., K, ea, Tal previséo poderia também ser efetuada para uma subcamada qualquer de um meio fitrante no uniforme em Uh fitro operando com velocidade de aproximao conhecida, Embora seja de Uso mais simples, o modelo proposto por Adin & Rebhun (1974) nao se fundamenta nos mecanismos de fitragao como o de Ives (1875, b). ‘A maior fraglidade da teoria fenomenolégica & a impossibilidade do uso dos modelos matemiaticos para prever © funcionamento dos fitros. Adicionalmente, no prové conhecimento dos mecanismos de deposicdo. 9.4.3 TEORIA DAS TRAJETORIAS ‘Segundo a teoria das trajetérias, o meio fitrante ¢ visto como uma reunido de coletores individuais e é possivel determinar a quantidade de particulas depositadas sobre os mesmos durante a passagem da suspensdo pelos vazios entre 0s mesmos. A andlise da filtragéo com base na teoria das trajetérias requer 0 conhecimento prévio de alguns parametros, tais como: geometria e tamanho dos coletores, caracteristicas do escoamento em toro dos coletores, natureza e magnitude das forcas atuantes nas particulas presentes na suspenséo e natureza da aderéncia. As eficiéncias de coleta, E,,, em funcao dos mecanismos de transporte de difusao, sedimentacao e interceptacao, sao dadas pelas seguintes expressdes: a) Difusdo 9.22 condos 2 a soca

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