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Sistema-para deteccao do Uso abusivo-e dependéncia de substancias Psicoativas Encaminhamento, interven¢ao breve, Reinser¢ao social € Acompanhamento Médulo 7 RECURSOS DA COMUNIDADE E DA FAMILIA PARA CUIDADO E REDUCAO DE DANOS ASSOCIADOS AO USO DE DROGAS Sao Paulo 2018 (0 curso SUPERA (Sistema para deteccio do Uso abusivo e cepencéncia ce supstdncias Psicaativas: Encaminhamente, intervengao breve, Reinsergdo social f° Acompanramento) fo! ideaizaco © coordenado por Paulina do Carmo Arruda Vieira Quarte @ Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni e executado (12 primeiras fedigBes) por melo de uma parceria entre a UUniversicade Federal de So Pavlo (UNIFESP) a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD) e em sua 12a edigSo por melo de convénio tripartite entre a Universidade Virtual do Estado de S30 Paulo (UNIVESP), a UNIFESP e a Fundacio de Apolo & UNIFESP (FapUnitesp) (©2018 ~ Univesidace Federal de So Paulo (UNIFESP)/Unidade de Depenciéncia e Drogas {UDED); Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD). Univers (UNIFESP) Reitora: Soraya Soubhi Small Vice-Restor: Nelson Sass de Federal de Séo Paulo Fundaséo de Apoio & UNIFESP (FapUnifesp) Presidente: Jane Zyetter de Moraes Rua Diogo de Faria, 1087 j 201 ~ Vila {Clementine ~ CEP 04027-008 - So Paulo/SP Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas (SENAD) 10 Nacional de Polticas sobre Drogas: Humberto Viana Diretor ce ArtculagSo e Projetas: Gustave Camilo Baptista Universidade Virtual do Estado de Séo Paulo (UNIVESP) Presidente: Fernanda Gouveia (2078) & Rodolfo Azevedo (2019) Cchete de Gabinete: Kleber Dias (2018) © lias Drummond (2018) Diretora Académica Patricia Laceynski (2018) ‘e Simone Teles Martins Ramos (2018) ive Técnica de Desenvowvimento © Produco de Material Dittico Apolo: Associag Pesquisa (AFIP) Presidente: Sergio Tuc Rua Padre Machado, 1040 ~ Bosque da Sade ~ CEP 04127001 Sdo Paulo/S? Funde de Incentive & INFORMAGOES Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP) Unidad de Dependncia ce Drogas (UDED) da Discipina de Medicina e Sociologia do ‘Abuso de Drogas do Departamento de Psicobiologia. Rus Napoledo de Barros, 1038 = Vila Clementino/SP. CEP 04024-002 Universidade Virtual do Estado de Séo Paulo (UNIVESP) {Prof Almeida Prado, §32 - Prégio Térreo, Cio, Universitaria - Butant’ - S80 Paulo/SP. CEP 0508-80: Secretaria Nacional de Politcas sobre Drogas (SENAD) ianada dos Ministéros,BlocoT, Anexo I, 2° dar, sala 213 ~Bresfla/DF. CEP 70604-000 SUPERA EAD (138 Turma] ISBN: 978-85-62377-31-0 (on line): vB PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITOS AUTORAIS. COMERCIALIZAGAO PROIBIDA. Para inser fem sites ov adasao como material cdc de outros cursos solictar anuncia do coordenagie geral do curso na UNIFESP @ (da SENAD (médulos 1 2 7) ou ca UNIFESP © dda UNIVESP (Redugdo de Danos: conceltos Aticas). Material gratuito. Qualquer parte desta publcacéo pode ser reprodurica, desde que citade a forte Disponive em: http://www. supera.org br Contato: faleconosco@supera.org br EQUIPE EDITORIAL Supervisie Técnica e Cientifica Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte Maria Lucia Oliveira de Souza Farmigoni Coordenasée Geral - UNIFESP. Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni cera) Ana Regina Noto (Vice-Coordenadora) José Carlos Femandes Galduréz (Vice Coorenador) EQUIPES TECNICAS Revisio de Conteddo Diretoria de Articuiagdo @ Projetos (SENAD) Coordenagio Geral de Pesquisa e Formagto (SENAD) Keith Machado Soares (AIP/FapUnifesp) Yone Gongalves Moura (AFI) Desenvolvimento da Tecnol Educasdo a Distancia Fabriclo Landi de Moraes (FapUnifesp) Projeto Gréfico Original Sikia Cabral (Unifess} Diagramagéo e Design Marcia Omori (AFIP/Fapunitesp) Revisio Ortogrifica e Gramatical na (Fapunitesp) iade Tatlana Médulo 7 [recurso eletronico]: recursos ca comunidade ¢ da familia para cvidado & redugio de danos associados a0 uso de drogas / Organizaglo de Maria Luca Olvera de Souza Formigoni. Pauina do Carmo Arruda Viera Duarte ~- Sfo Paul : Univers dace Federal ce Sao Paulo {UNIFESP) Virtual do Estado de S80 Paulo (UNIVESP) . Secretar a Nacional de Polltcas sobre Drogas (SENAD) , 2018. -- 158 p. (Coleco SUPERA) Ped. Unwersidede 1. Transtornos Relacionados 20 Uso de Substncias. 2. CapacitagSo Profssion. 3. Educagio a Dstdnaa. |. Formigon, Maria Lucia Olivera de Souza fora} I. Duarte, Paulina do Carmo Arruda Vier (org) il. Titulo, cov 610 Biiotecdria Daianay Seoni de Oiveira - CRB 8/7469 4 CAPITULO 2 A participacao da familia na prevengao e no tratamento de dependéncia de alcool e outras drogas: Co Y=) of=) ooh Y=] kee o\sH@0)N) No (= Eroy Aparecida da Silva (eR NW ee Re eee beer Re er eed Ke ee ge ae a Ree PCVA (Org) Médulo 7 [recurso eletrénico]: Recursos da comunidade e da familia Pe a ene eee ee ee gD eRe Meee et ce ee AON Meee ate] do Estado de So Paulo (UNIVESP), Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas CaO ee eee a RENEE] Peer TOPICOS O que éa “familia"? 32 O papel dos pais e dos cnjuges na prevengao e no tratamento de pessoas com problemas associados ao uso de drogas 34 Vulnerabilidades: desequilibrios entre fatores de risco e protecdo na familia 36 Aimportancia da familia no tratamento da dependéncia 40 Bibliografia 44 Sobre a autora 47 ETIVOS O objetivo deste Capitulo é definir o conceito de familia e compreender sua participagdo, tanto na prevengo quanto no tratamento da dependéncia de alcool e outras drogas. Nota dos Organizadores: Aiguns conceitos expressos neste capitulo podem ser diferentes dos que voc® viu em Médulos anteriores, 0 objetivo destes capituos & apresentar a filsofiae proposta dos profissionais que atuam com diferentes tipos de abordagem. 0 conhecimento dos concetos basicos dessa diferentes modalidades ¢ importante para que vocé tenha elementos para decidir seo seu paciente tem um perfil que provavelmente se adequard, ou ndo, a determinadas modalidades terapeuticas we 4 O gue é€ a “Tami wry la ¢ A familia é um sistema composto de dinamicas variéveis que se modificam a0 longo do ciclo de vida, além disso é referéncia basica na formago de uma pessoa. Em seu interior, ocorrem as primeiras experiéncias de vinculos, valores, regras, (des)afetos, por isso tem sido objeto de estudo de varias dreas do conhecimento. No entanto, a familia tem passado por varias mudangas ao longo do tempo, deixande de ser considerade apenas pelo modo tradicional de pais e filhos convivendo em um mesmo espaco Na familia as pessoas desempenham “papéis familiares”, isto é, existem “lugares” no seu interior que cada pessoa ocupa, E necessario um sistema familiar para que esses papéis possam ser “postos em pratica” e sirvam de referéncia na construgao de modelos de identificagao e socializag3o de uma pessoa. Isso ocorre com a formacao de uma familia composta tanto pelos cénjuges e depois na relag3o destes com os filhos e © contexto so- cial, come entre pessoas reunidas por vinculos de afetivos amparadas por redes de apoios extensas (OAKLANDER, 1980; ARAUJO, 1999; FONSECA, 2005, OLIVEIRA, 2008 . Veja algumas definigdes de familia: ‘A familia é um sistema semiaberto, com regras, costumes e crengas, em constante troca com 0 meio social. Assim, a familia transforma e é transformada pelo ambiente, Isto é 0 que acontece com um membro da familia afeta a todos os demais; assim como 0 que ocorre na familia influencia todos ot seus membros.” (MINUCHIN, 1997; ANDOLFI; ANGELO, 1988) SUPERA | Sista para detegin do Uso abusivoe dependéncia de substncas Picoata ve, Rensero sociale Acompantamento SAIBA MAIS Sistema: elementos de um todo, que se inter-relacionam, funcionando de ma- neiraintegrada, No existe hoje, no Brasil, um modelo tinico e gerade familia, ‘A familia é wm organismo vivo com kes priprias de funcionamento,” (BKTESON, 1976); “Familia é um grapo de pessoas que convivem sob 0 mesmo teto, desempenhando suma série de papéis relacionados aos process de aprendizagens, integrando aspectos emocionais, cognitivos, sociais ¢ culturais”. (KALINA, 1991) ‘A familia brasileira enfrenta atualmente um processo de transformagées em seu modelo de organizaao nuclear tradicional (pai, mae e filhos vivendo sob o mesmo teto). A inserco da mulher no mercado de trabalho, a ampliacdo do papel paterno, para além das tarefas de provedor, e 0 fato de existirem mulheres sozinhas cuidando da familia S80 alguns dos intimeros aspectos que tém contribu‘do para essas mudangas. As modifica- s6es, pelas quais passam as familias, estdo diretamente relacionadas as da sociedade. as mudangas provocaram muitos desafios: lidar com as ansiedades e temores frente a violéncia urbana, o desemprego, a sobrecarga de trabalho, a globalizaco, as doengas sexualmente transmissiveis, a violéncia doméstica e 0 abuso de drogas licitas e ilicitas. E importante considerar que as familias da atualidade apresentam diferentes formas nas suas configuracées: familias nucleares (pais e filhos convivendo juntos; familias monoparentais (filhos convivendo com um dos genitores apenas); familias homoafetivas, familias reconstituidas, etc (SILVA, 2001, PEDROSA, 2004, SILVA,2011) SUPERA | Sistema para detegn do Uso abusivo e dependéncia de substircas Picoatvas:Encaminhameto, interven bev, Rensero sociale Acompanharento LEMBRE-SE [Ni se esquoga de que as stratégias de prevengio de problemas associados a0 uso de drogas em relagio 20 papel da familia devem estar vinculadas a outras ages conjuntas da escola e da comunidade como um todo, EC CR ite aC Ce cla ec aces de crengas sobre satide, tanto a pr een ET dos pais e dos conjuges na prevengao e no trata mento de pessoas com problemas associados ao uso de droga que é PREVENCAO? E grande o numero de estudos sobre a prevengdo ao uso abusive de drogas. Mas afinal, Alguns utilizam como base os niveis classicos de prevengao: priméria, secundaria e terciaria, Recentemente, a prevengo tem sido vista como um continuum, de um tipo mais geral para um mais espectfico: oo Prevengéo Prevengdo Prevengéo Universal Seletiva Indicada — SUPERA| Sistema para detego do Uso abusivo e dependéncia de substincasPicoata Reinserio sociale Acompantamento 1m Prevengo Universal: é dirigida & populace em geral (comunidade nacional ‘ou local). 0 trabalho é feito por mensagens e programas cujos objetivos so prevenir ou retardar 0 uso nacivo de alcool, tabaco e outras drogas; m Prevengao Seletiva: é dirigida a sudgrupos especificos, ou seja, populago de risco de uso de dlcool e outras drogas, como: filhos de dependentes, adolescentes em conflito com a lei, jovens que abandonaram a escola etc.; & Prevencao Indicada: E dirigida a individuos com comportamentos de risco associados ao seu uso de substncias psicoativas, considerando 0 nivel de risco individual. Neste caso pode ser de longa duraco e visando 0 desenvolvimento de competéncias. A importancia do envolvimento do sistema familiar nas préticas preventivas em relago ao uso de alcool e outras drogas tem sido destacada desde a década de 60. A familia deve ser orientada, mo- tivada e informada para participar deste continuum de prevencao nos varios locais: comunidade, escola, centros de satide etc. (NIDA, 2002) Caplan (1964), enfatizou pioneiramente que a pratica preventiva é a estratégia mais adequada para evitar © consumo problematico de substancias psicoativas entre jovens, e ressaltou que isso ndo se- ria possivel sem o envolvimento dos pais. Nas déca- das de 80 e 90, houve aumento do uso de dlcool e outras drogas licitas e ilicitas, por adolescentes, em todo 0 mundo. Programas preventivos envolvendo familia, escola e comunidade passa ram a ser encorajados. Em todo o mundo, uma das principais barreiras as préticas pre- ventivas, em relacdo ao abuso de dlcool e outras drogas, 6 a dificuldade de abordagem ea participag3o das familias nos programas (PATTERSON, 1982.0MS, 1989; GALZUROZ; NOTO; CARLINI et al, 2002; NIDA, 2002; CANOLETTI; SOARES, 2004/2005). 0 que se observa na pratica € que, na maioria das vezes, 2 familia fica fora dos programas de prevengio relacionados ao uso de 4icool e outras drogas em muitos paises, inclusive no Brasil (BORDIN, 2004; OLIVEIRA, 2001) SUPERA | Sistema para detegn do Uso abusivoe dependéncia desubstincas Picoatas:Encaminhamento, interven bev, Rensero sociale Acompanharento Alguns objetivos basicos dos programas de prevencao: Um programa de prevencio, envolvendo a familia, deve ser claro nos seus objetivos e voltado para as necessidades reais da populac3o, levando em considerago os contextos nos quais as familias estéo inseridas; m= Conhecer a cultura familiar, sua linguagem, crengas e normas também & importante na construg3o de um programa de prevenc3o. 1m Considerar tanto as diferentes configuragées familiares (ndo apenas as das familias nucleares ou seja pais e filhos vivendo juntos), como as relagdes de afeto e comunicag3o presentes entre as pessoas. Alguns estudos mostram que os programas de prevengo ao uso de alcool e ou tras drogas envolvendo a familia enfrentam um conflito que deve ser considerado: por um lado, a familia é a base para educacdo e satide preventiva, mas por outro lado varios am- bientes familiares, dependendo de suas dindmicas podem desencadear vulnerabilidades de varias naturezas, predisponde seus membros ao uso abusive de alcool e outras drogas. Ou seja, a familia pode ser tanto um fator de proteg3o quanto de risco para 0 uso/abuso de substancias psicotrépicas (SZAPOCZINIK; PEREZ, 1996, OLIVEIRA, 2001; SILVA, 2011). Vulnerabdilidades: desequilibros entre fatores de risco e protecdo na familie RCo) faa lala E is, inst

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