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Introdugao: investigagado geotécnica A informagao solicitada nem sempre & a informagao necesséria. A informagéo necesséria nem sempre pode ser obtida. A informagéo obtida nem sempre & suficiente. A informacao suticiente nem sempre é economicamente viével, O reconhecimento das condigdes do subsolo constitui pré-requisito para projetos de fundagdes seguros ¢ econdmicos, No Brasil o custo envolvido na exe- cugio de sondagens de reconhecimento varia normalmente entre 0,2 ¢ 0,5% do custo total da obra, sendo as informagdes geotécnicas obtidas indispensiveis & previsio dos custos fixos associados a0 projeto ¢ sua solucio. Projetos geotéenicos de qualquer natureza sio normalmente executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem uma definicio satisfatoria da estratigrafia do subsolo ¢ uma estimativa realista das propriedades geomecinicas dos materiais envolvidos. Fstas informages sio necessérias em projetos de fun- dagdes, estabilidade de taludes, estruturas de contengio, dimensionamento de pavimentos, infra-estrutura hidtica, entre outros, Novos ¢ modetnos equipamentos de investigagio foram introduzidos nas tiltimas décadas visando ampliar 0 uso de diferentes tecnologias em diferen- tes condigées de subsolo. Esta publicagio tem por objetivo descrever apenas as técnicas jé implantadas no Brasil ¢ disponiveis para aplicagdes comerciais. Os ensaios de SPT, cone, piezocone, pressidmetro, palheta ¢ dilatémetro sio aborda- Capitulo 1 Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagoes Projetos seguros e econémicos pressupsem necessariamente 0 reconhecimento das condig6es do subsolo. Em obras correntes os métodos de investigagoes utilizam-se de ensaios de campo: - SPT - CPT = Pressiémetro - Palheta = Dilatémetro dos, suas vantagens limitagdes discutidas ¢ as metodologias basicas de interpreta- io apresentadas. Abordagens empiticas, analiticas e numéricas sio utilizadas para interpretar os resultados de ensaios, visando obtengAo de informagdes relacionadas a0 comportamento tensio-deformagio-resisténcia do solo. Um resumo das técnicas de ensaios de campo e suas aplicagdes, tais como as adotadas na pritica internacional, é apresentado na ‘Tabela 1.1. Referéncias sio feitas A determinagio do Angulo de atrito interno do solo @”, da resisténcia ao cisalhamento nfio-drenada S,, do coeficiente de variagio volumétrica m,, do médulo cisalhante G, do médulo de Young E, do coeficiente de permeabilidade k ¢ da razo de sobre- adensamento OCR. A simples observagao das informagdes contidas na tabela indica que a escolha do tipo de ensaio deve ser compativel com as caracteristicas do subsolo cas propriedades a serem medidas. Por exemplo, o SPT é particularmente adequado 4 prospecio de solos granulares ¢ & previsio de valores do Angulo de atrito interno, porém nfo seri utilizado com sucesso na previstio da resisténcia nfio-drenada de depésitos de argilas moles. Ensaios de palheta ¢ piezocones devem ser adotados para esta finalidade. Ensaios pressiométricos, de placa ¢ geofisicos so as técnicas mais adequadas na determinacio do médulo de deformabilidade dos solos, Estes aspectos sto de particular importéncia na concep¢io de um programa de investigagio geotécnica adequado a solugio de um problema espeeifico de fundagdes. Note-se ainda que campanhas de retirada de amostras indeformadas para realizagio de ensaios de labotatério, visando a determinagio de parimetros de resisténcia € deformabilidade, podem ser adotadas como procedimentos complementares as investigagdes de campo. © fluxograma apresentado na Figura 1.1 foi elaborado com 0 objetivo de orientar 0 engenheiro quanto 4 selegio do tipo de ensaio € identificagio das abordagens disponiveis para a interpretagio de ensaios de campo. Dada a natureza predominantemente investigativa da atividade geotéenica, alguns ensaios so realizados visando somente a identificagio da estratigrafia do subsolo ¢ dos materiais que compdem as diferentes camadas, Estas informages podem orientar 0 profissionais envolvidos na area de planejamento, como crescimento do tecido urbano, impacto ambiental decorrente da implanta aplicags: 0 industrial, entre outras . Por outro lado, a andlise dos resultados visando um projeto geotécnico especifico pode ser realizada segundo duas abordagens distintas: a) Métodos diretos — de natureza empirica ou semi-empirica, tém fundamentacio estatistiea, a partir das quais as medidas de ensaios sio correlacionadas diretamente a0 desempenho de obras geotécnicas. O SPT constitui o mais Capitulo | - Introdugao Tabela I. Aplicabilidade e uso de ensaios in situ (Lunne e outros, 1997) Identificagao Parametros Grupo Equipamento 5 solo Peril u @ S, D, m Cy K Gy oy OCR oe Dinamico cB coc ec Gs 6s Mecainico Bowe - c co 8B Gc - + © ce @ — Elétrico (CPT) Ae Ce ce oe co B Piezocone (CPTU) A A AB 8B AB B AB B B BC B Cc E Sismico(SCPTISCPTU) A A A 8 AB AB BAB A 8 8 8 8 Dilatémetro (OMT) BOA ce B ¢ B - 8B B B Cc Standard Penetration Test (SPT) A 8 - ¢ ¢€ B - +. ce co Resistividade Bo 8. 8B c AC Sa 6 6 & es c 8 Bcc oc 2 cone-pressidmetto (FOP) eae - Cao a Palheta B oc - aA : - Be 8 Ensaio de placa c DUG G5 6 0°96 8 Placa helicoidal coc 8 8 B68 ¢ cA CB - 6 Permeabilidade Cerner rn Ruptura hidraulica ee coc. eB - Sismico OG es os esa 65h oC Aplicablidade: A= alta; B = moderada; C = baixa; -= inexistento Legenda dos parametros: U = poro pressao in situ; ¢)” = Angulo de atrito efetivo; S, = resisténcia ao cisalhamento ndo-drenada; m, = coeficiente de variagao volumétrica; c, = Coeficiente de consolidagao; k = coeficiente de permeabilidade; D, = densidade relativa; G. = médulo cisalhante a pequenas deformagoes; ©, = tensao horizontal; OCR = raz4o de sobre-adensamento; G-€ = relagdo tensdo-deformagao, Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundacoes Ensaios in-situ ——— Identificagao_ Analise — ee métodos métodos: diretos indiretos > ‘eed doaubese interpretagdo| interpretagdo consigdes do drenagem empirca ou racional a sembempirica 7 numérica ————— areias. argilas cmara correlagao de com ensalos calibragao de referencia T mapa ate a cricol métodes vroniedades estatisticos geomecénicas itmpacto ambiental eomecanicas planejamento projeto projeto Figura I.1 Interpretagao de ensaios de campo conhecido exemplo brasileiro de uso de métodos diretos de previsio, tanto aplicado a estimativa de recalques quanto & capacidade de carga de fundagoes, b) Métodos indiretos — os resultados de ensaios sio aplicados & previsio de propriedades constitutivas de solos, possibilitando a adogio de conceitos ¢ formulagGes clissicas de Mecinica dos Solos como abordagem de projeto. Por cxemplo, nos ensaios de palheta ¢ pressiométricos sio assumidas algumas simplificagdes, passiveis de interpretagio analitica; a cravagio de um cone em depésitos argilosos pode ser interpretada através de abordagens numéricas (e.g, Baligh, 1986; Houlsby & Teh, 1988). A escolha da abordagem (direta ou indireta) depende da técnica de ensaio utilizada ¢ do tipo de solo investigado, normas especificas € cédigos, bem como Capitulo 1 - Introdugéo da experiencia regional. Em geral, o uso de uma abordagem semi-cmpitica, como no SPT, em detrimento de um método racional de anilise, é resultante das com- plexas condigdes de contorno decorrentes do processo de penetragio ¢ carrega- mento do ensaio. Cabe a0 engenheiro definir, para o atual estado do conhecimen- sta publicacio, recomen- da-se somente 0 uso de métodos consagrados, i.e. métodos de consenso de espe- to, qual 0 procedimento de anilise mais apropriado. N cialistas brasileiros ¢ internacionais, cujo detalhamento seré objeto dos proximos capitulos, 1.1 Programa de investigagao Em decorréncia da diversidade de equipamentos ¢ procedimentos disponi- veis no mercado brasileiro, estabelecer um plano racional de investigagio constitui 4 etapa critica de projeto. Conhecimento, experiéncia, normas ¢ priticas regionais devem ser considerados durante 0 processo de “julgamento geotéenico” de selecio dos critérios necessitios 4 solugio do problema, As recomendagies quanto as etapas que compdem um plano de investigagio racional sio listadas abaixo: a) Anteprojeto ~ Levantamento de escritério para reconhecimento geolégico/geotécnico da area ~ Sondagens geotécnicas esparsas para caracterizagio do subsolo, A programagio de sondagens deve satisfa rantam 0 reconhecimento das condigdes do subsolo. A Norma Brasileira NBR 8.036 et a exigéncias minimas que ga- regulamenta tais exigncias, apresentando recomendagdes quanto ao niimeto, loca- lizagao ¢ profundidade de sondagens de simples reconhecimento, Algumas consi- deragdes sio reproduzidas, buscando assegurar a tealizagao destes ensaios como ptocedimento minimo a ser adotado em projetos correntes. O néimero de sondagens € sua loc: lizagio em planta dependem do tipo da as do subsolo, devendo ser alocados de forma a tesolver técnica ¢ economicamente o problema em estudo. As sondagens estrutura ¢ das caracteristicas especiti Os parémetros geotécnicos de interesse encontram-se listados na Tabela 1.1. Sao varias as técnicas disponiveis para a determinagao desses pardmetros. O engenheiro deve escolher a técnica mais adequada as condigées de cada projeto. Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundacoes O programa de investigagdo deve considerar as etapas de anteprojeto e projeto elaborados a partir de um plano racional de ensaios. devem set, no minimo, de uma para cada 200 m: de area da projegio do edificio em planta, até 1.200 m* de area, Entre 1.200 m? ¢ 2.400 m® deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m? que excederem 1.200 m’, Acima de 2.400 m? o nimero de sondagens deve set fixado de acordo com a construgio, satisfazendo a0 mémero minimo d (a) duas sondagens para dea de projesio em planta do edificio até 200 m’, ¢ (b) trés para dtea entre 200 m? ¢ 400 m?. Lim casos de estudos de viabilidade ou de escolha do local, 0 niimero de sondagens deve ser fixado de forma que a distincia maxima entre elas seja de 100 m, com um minimo de trés sondagens. ‘A profundidade atingida nas sondagens deve assegurar 0 reconhecimento das caracteristicas do solo solicitado pelos elementos de fundagio, fixando-se como critério a profundidade onde o acréscimo de pressio no solo, devido as cargas aplicadas, for menor que 10% da pressfo geostitica, No caso de ocorréncia de rochas a pequena profundidade é desejavel que alguns furos cheguem 20 topo ro- choso, b) Projeto Um programa de investigagdes complementares pode ser necessitio durai tea fase de projeto ¢ também durante a execugio da obra. A realizagio de sonda- gens complementares é indispensivel para: = dirimir as diividas da investigacio pecliminar, realizada na fase de anteprojeto — caracterizar as propriedades do subsolo em fungio de particularidades da obra (materiais compreessiveis, fundagdes submetidas a grandes carregamentos, existéncia de obras de arte ete.). O nivel de abrangéncia do programa de investigagio deve ser definido em fungio das caracteristicas da superestrutura € das condigdes do subsolo. Nio é possivel o dimensionamento de obras geotécnicas de qualquer natureza sem a reali- zagio de um niimero minimo de sondagens. Na presenca de solos resistentes € estaveis nio ha necessidade de estudos geotéenicos mais elaborados, além das informagées rotineiras de ensaios SPT. Na ocorréncia de solos compressiveis, de baixa resistencia, a solugdo deve basear-se em informagdes de diferentes técnicas de ensaio, visando caracterizar de forma adequada e representativa o comportamento do solo. Capitulo I - Introdugéo 1.2 Coeficiente de seguranga . 7 . E imperativa a A adocio de fatores de seguranga € parte determinante de projetos geoténicos, « ,., adogao de fatores utilizados com 0 objetivo de compatibilizar os métodos de dimensionamento as i fe incertezas decorrentes das [a] hipsteses simplificadoras adotadas nos cileulos, [b] 4€ Seguranga para estimativas das cargas de projeto ¢ [c] previsdes de propriedades mecanicas do solo, ¢ompatibilizar os Os condicionantes associados a0 solo sio particularmente complexos na medida _métodos de em que este é um meio fortemente heterogéneo, cuja investigagio é realizada com — dimensionamento base nas informagées de um niimero limitado de sondagens. Assim sendo, um as incertezas programa de investigacao bem concebido, que tenha por conseqiiéncia a avaliagio precisa dos parimetros constitutivos do solo, pode resultar na otimizagio da relagio custo/beneficio da obra, © impacto econdmico pode set avaliado a partir da proposi¢io de Wright (1977), que condiciona a magnitude do fator de seguranga ao tipo de obra (magnitude do carrcgamento ¢ possibilidade de ocorréncia de inerentes ao Projeto. cargas maximas) e a0 grau de exploracio do subsolo (Tabela 1.2). A racionalidade da proposta consiste em reconhecer que quanto mais extenso 0 programa de investiga correspondente. , menores as incertezas de projeto c menot o fator de seguranga Tabela 1.2 Fator de Seguranca (Wright, 1977) Mode Morte imide msn Monumental 3,5 23 17 Permanente 28 19 15 Temporaria 23 47 14 Esta mesma filosofia € observada nas normas brasileitas, cujas reco mendagdes devem ser adotadas em projetos geotéenicos (NBR 6.484/80; NBR 6.497/83; NBR 8.036/83; NBR 6.12/96). Tome-se como exemplo a Norma Brasi- leira de Fundagdes (NBR 6.12/96). A previsio de parimetros de resisténcia do solo é obtida dividindo-se os valores caracteristicos do material pelos coeficientes de ponderacio da Tabela 1.3. Nota-se, novamente, que a magnitude dos coeficien- tes de ponderagio das resisténcias depende da fonte da informagio geotécnica. Ensaios de campo e suas aplicagées @ Engenharia de Fundacées Tabela 1.3 Coeficientes de ponderacao das resisténcias (NBR 6122/96) Parametro Insitu® —Laboratério__Correlagao” Tangente do Angulo de atrito interno 12 13 14 Coesio (estabilidade e empuxo de terra) 13 14 18 Coesto (capacidade de carga de fundagées) 14 18 16 ‘A= Ensalos CPT, Palheta, Prossiémetro; B = Ensaios SPT, Dilatémetro Reconhecendo a importincia técnica ¢ econdmica de programas geotécnicos de investigagio do subsolo, apresentam-se as principais técnicas existentes no Pats. 1.3 Referéncias Bibliograficas BARATA, RE. Propriedades da Mecanica dos Solos ~ Uma Introdugao ao Prajeto de Fundagées, Porto Alegre: Livros Técnicos ¢ Cientificos, 1984, BALIGH. “Undrained Deep Penetration, 1: Shear stresses”, in: Géotechnique, 36, 4, 471-485, 1986, HOULSBY, G.T. & TEH, C.L. “Analysis of the piczocone in clay”, in: Int. Symp. Penetration Testing, Rotterda: Balkema/De Ruiter, 1988. LUNNE, T; ROBERTSON, P. K. & POWELL, JJM. Cone Penetration Testing. Londres: Blackie Academic & Professional, 1997, NBR 6.484, Excecugdo de sondagens de simples reconbecimento dos solos (SPT). Associagio Brasileira de Normas Técnicas, 1980. NBR 6.497. Levantamento geotéenice. Associagio Brasileira de Normas Técnicas, 1983. NBR 8.036, Programario de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundagies de edificios, Associacio Brasileira de Notmas Técnicas, 1983. NBR 6.122. Projeto e execupao de fundagies. Associngao Bra 1996. ‘ira de Normas Técnicas, Capitulo 2 SPT (Standard Penetration Test) Nem 0 equipamento nem os procedimentos de escavacéo foram completamente padronizados em nivel internacional no ensaio SPT. As diferengas existentes podem ser parcialmente justificadas pelos desenvolvimento e investimentos de cada pais. Porém mais importante sdo as adaptagdes das técnicas de escavacao 4s diferentes condicées de subsolo. Ireland, Moretto @ Vargas, 1970 © Standard Penetration Test (SPT) é reconhecidamente a mais popular, rotincira ¢ cconémica ferramenta de investigacio em praticamente todo o mundo, permitindo uma indicagio da densidade de solos granulares, também aplicado & iddentificagao da consisténcia de solos coesivos e mesmo de rochas brandas. Métodos rotineitos de projeto de fundagdes diretas ¢ profundas usam sistematicamente os resultados de SPT, especialmente no Brasil CO ensaio SPT constitui-se em wma medida de resisténcia diniimica conjugada a.uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuragao ¢ realizada por tradagem € circulagio de gua utilizando-se um trépano de lavagem como ferramenta de escavagao, Amostras representativas do solo sio coletadas a cada metro de profundidade por meio de amosttador-padri procedimento de ensaio consiste na cravacio deste amostrador no fundo de uma ago (revestida ou no), usando um peso de 65,0 kg, caindo de uma altura de 750mm (ver ilustragao nas Figuras 2.1 € 2.2). O valor Novy necessitio para fazer 0 amosteador penetrar 300mm, apés uma cravagio inicial de 150mm. 10, de diimetro externo de 50mm. O esca 0 niimero de golpes Ensaios de campo e suas aplicacées 4 Engenharia de Fundagoes roldana furode 2172 amostrador Figura 2.1 Mlustragao do ensaio SPT (a) segao esquematica (b) Foto do amostrador bipartido ‘segio central, bipartida longitudinalmente massa total 68 kg As vantagens deste ensaio com relagio aos demais sio: simplicidade do equipamento, baixo custo c obtengio de um valor numérico de ensaio que pode ser relacionado com regras empiricas de projeto. Apesar das criticas vélidas que sio continuamente feitas a diversidade de procedimentos utilizados para a execugio do ensaio eA pouca racionalidade de alguns dos métodos de uso ¢ interpretasio, este é inda 0 processo dominante na pritica de Engenha- a de Fundagoes. relevan- Este capitulo apresenta os aspect tes 4 anilise do ensaio SPT c suas limitagées, i lux dos conhecimentos recentes, esclarecendo os usuiti- 08 dos cuidados envolvidos no uso ¢ interpretagio dos resultados do cnsaio, ¢ divulgando 0 conheci- mento sobre técnicas modernas. Figura 2.2. Amostrador-padrao “Raymond” (NBR 6.484/80) 10 Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) 2.1 Padrées de ensaio A normalizagao do ensaio SPT foi realizada em 1958 pela ASTM (Americam Society for Ti ting and Materials), sendo comum em todo 0 mundo o uso de procedimentos nao padronizados ¢ equipamentos diferentes do padrio internacional. Em diversos paises existem normas nacionais com caracteristicas variéveis ¢ um padsao internacional considerado como referéncia (International Reference Test Procedure - IRTP / ISSMPE). Na América do Sul a normalizagio notte-americana ASTM D 1,586-67 é utilizada com freqiiéneia, tendo o Brasil normalizacio propria, a NBR-6.484/1980. Chama-se a atengio aos cuidados neces: ios a um programa de integracio i (M nhecidamente difer cosul) na extrapolagio de experiéncias, quando as priticas regionais so reco- ntes: por exemplo no Uruguai nao é usual a execugio de SPT, na Argentina 0 padtio local é 0 uso do amostrador de “Moreto” (Moteto, 1963) Em 1988, Ranzini sugeriu procedimentos adicionais a0 ensaio, com a medi¢io de torque apds a execugio do SPT. A introdugio deste procedimento em servigos de sondagem e o estabclecimento de regras bisicas de interpretagao vem sendo objeto de estudos em Sio Paulo (e.g, Decourt ¢ Quaresma Filho, 1994). 2,2 Fatores determinantes na medida de SPT Existem diferentes técnicas de perfuracio, equipamentos e procedimentos de ensaio nos diferentes paises, resultantes de fatores locais ¢ grau de desenvolvi- mento tecnolégico do setor, 0 que resulta em desuniformidade de significado dos resultados obtidos. As principais diferencas se referem ao método de perfuragio, fluido estabilizante, didmetro do furo, mecanismo de levantamento ¢ liberagio de queda do martclo, rigide das hastes, geometria do amostradot e método de cravagio. Além desses fatores tem-se a influéncia marcante das caractetisticas e condigdes do solo nas medidas de SPT. Uma revisio completa sobre o atual estado do conhecimento pode ser encontrada em Skempton (1986) ¢ Clayton (1993) € consideragdes sobre a realidade sul-americana em Milititsky & Schnaid (1995). Na pritica de engenharia existe unanimi lade a respeito de questdes relati- vas a “ensaios bem ou malfeitos”, empresas idéneas (fraudes), ma pratica, vicios executivos, entre outros. Os itens a seguir tratam somente dos aspectos que influ- " No Brasil, 0 SPT deve seguir as recomendagées da Norma Brasileira NBR 6.484/80. Na América do Sul é usada com freqiiéncia a norma americana ASTM D1.586/67. As normas nacionais utilizam um padrao internacional adotado como referéncia - IRTP/ ISSMFE. 12 de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundagées enciam os resultados de ensaios realizados segundo recomendagdes de normas ¢ da boa pritica de engenharia, Seto indicados os fatores que explicam porque no mesmo local duas sondagens realizadas dentro da técnica recomendada podem resultar em valores desiguais, considerando-se por exemplo: técnica de escavasio, equipamento € procedimento de ensaio, Desses fatores certamente os relacionados com a técnit a de escavagio sio ar o método de estabilizagao: [a] perfuragao revestida ¢ no preenchida totalmente com gua; [b] uso de bentonita; [c] os mais importantes, podendo-se des revestimento cravado além do limite de cravacio; |d] ensaio executado dentro da regio revestida, Existem intimeras public Bes com o registro quantitative da variagio de desempenho do ensaio devido aos procedimentos utilizados, incluin- io (Sutherland, 1963; Begemann & De Leew, 1979; Skempton, 1986; Mallard, 1983), 0 que reforca a necessidade de utilizagio de procedimentos padroniz: do técnica de escava dos. ‘A questio da influéncia do equipamento relaciona-se com a energia transferida ao amostrador no proceso de cravagio, O trabalho basico no tépico foi apresentado por Schmertmann & Palacios (1979), seguido por extensa biblio- gral 1985; Skempton, 1986). A realidade brasileira pode ser aferida a partir do traba- Iho pionciro de Belincanta (1998). Pode-se descrever os seguintes aspectos de equipamento como influenciadores nos resultados: [a] martelo - pelos diferentes mecanismos de levantamento ¢ liberagio da queda, massa do martelo e uso de cepo de madeira no martelo; [b] hastes - peso e rigidez, compri- mento, perda de energia nos acoplamentos; [c] amostrador - integridade da sapata Kovacs & Salamone, 1982; Kovacs & Salomone, 1984; Seed ¢ outros, nergia transferida cortante, uso de v: na), A tendéncin moderna recomenda a medida de energia para cada pritica, sen- do a norma ASTM D 4,633-86 indicada para tal finalidade. vula, uso de revestimento phistico interno (pratica america- Além da influéncia do equipamento, deve-se reconhecer os efeitos das condigdes do solo na resisténcia penetragio. Quando o amostrador é impelido para dentro do solo, sua penetracio é resistida pelo atrito nas superficies externas € internas ¢ na base do amostrador. Como resultado, a massa de solo nas proximida- des do amostradot € afetada pela energia de choque do martelo transmitida através das hastes. O excesso de pressdes neutras gerado tera dissipagio decorrente da permeabilidade do material testado. Como 0 comportamento dos solos depende da trajetéria de tensdes e nivel de deformacao a que sio submetidos, teoricamente o ensaio de campo ideal de- veria impor um caminho de tensdes ¢ nivel de deformagées uniforme em toda a Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) massa envolvida no processo, complementado por condicio perfeitamente nio- drenada ou de total dissipagao da pressio neutra, Nem o SPT nem outros ensaios de campo satisfazem completamente a essas condigGes. Na rotina os engenheiros preferem scmpre utilizar os ensaios que funcionem em praticamente quaisquet condigées de subsolo ¢ que determinem indices ow indicadores ou informa es que nio podem ser obtidas de forma mais econdmica ou simples por outros pro- cessos. Apresenta-se na Tabela 2.1 uma compilagio de todos os fatores conhecidos que afetam a penetragao em solos granulares e seus efeitos. Tabela 2.1 Influéncia das propriedades de solos granulares na resisténcia a penetracao Fator Indice de Vazios Tamanho média da particula Coeficiente de uniformidade Pressao neutra Angulosidade das particulas Cimentagaio Nivel de tensdes Idade Influéncia Redugao do indice aumenta a resisténcia a penetracao ‘Aumento do tamanho médio aumenta resisténcia a penetragao ‘Solos uniformes apresentam menor resisténcia 4 penetracao Solos finos densos dilatam aumentando a resisténcia; solos finos muito fofos podem se liqefazer no ensaio Aumento da angulosidade aumenta a resisténcia a penetragio Aumenta a resisténcia ‘Aumento de tensao vertical ou horizontal aumenta a resisténcia ‘Aumento da idade do depésito aumenta a resisténcia Referéncias ‘Terzaghi & Peck (1987); Gibbs & Holtz (1957); Holubeck et al (1973), Marcusson et al (1977) ‘Schultze et al (1961); DIN 4.09% (1982); Skempton (1986) layton et al DIN 4094 ~ Parte 2 Terzaghi & Peck (1967); Bazaraa (1967); de Mello (1971); Rodin et al (1974); Clayton et al (1982) Holubec & D'Appolonia (1973); DIN 4,094 DIN 4094 ~ Parte 2 Zolkov et al (1965); de Mello (1971); Dikran (1983); Clayton et al (1985); Schnaid & Houlsby, (1994) ‘Skempton (1986); Barton et al, (1989); Jamiolkowski et al, (1988) Em solos coesivos a resisténcia A penctragio € reconhecidamente fungio da resisténcia nfo drenada, §,, Os fatores que controlam a resisténcia so a plasticidade, sensibilidade e fissuracio da argila, motivo pelo qual existem relagdes diferentes entre S, ¢ N na literatura, Além desses aspectos, deve-se levar em conta 13 Ensaios de campo e suas aplicacées 4 Engenharia de Fundagées 14 que a resistencia nao drenada nfo é uma propriedade do solo, pois depende da trajetoria de tensdes ¢ como conseqiiéncia, do ensaio utilizado para sua determina- sio. Em rochas brandas 0 SPT pode ser utilizado para a identificagio de propri- edade de mas téncia da rocha a de rochas brandas, sendo influenciada pela resi intacta, porosidade da rocha, espagamento, abertura e preenchimento das fissuras, além daqueles derivados do método de ensaio, especialmente a presenga de Agua no processo, 2.3 Corregdes de medidas de N,,,, Conhecid: resultados e nao estio relacionadas as caracteristicas do solo, é possivel avaliar as limitagdes do ensaio, causadas por fatores que influcnciam os as metodologias empregadas na aplicagio de valores de Noy, em problemas geotécnicos, Para esta finalidade, as abordagens modernas recomendam a correcio do valor medido de Ny, considerando o efeito da energia de cravagio € do nivel de tensées. Em primeiro lugar, deve-se considerar que a energia nominal transferida a0 amostrador, no processo de cravagio, ni é a energia de queda livre tedrica transmitida pelo martelo (c.g, Schmertmann & Palacios, 1979; Sced outros, 1985; Skempton, 1986). A cficiéncia do sistema é fungio das perdas por atrito ¢ da prépria dindmica de transmissio de energia do conjunto. No Brasil € comum © uso de sistemas manuais para a liberagio de queda do martelo que aplica uma cnergia da ordem de 70% da energin tedriea. Em comparagio, nos B.U.A. e Europa sistema é mecanizado e a energia liberada é de aproximadamente 60%. Atualmen- te, a pritica internacional sugere normalizar o niimero de golpes com base no padrio ameticano de N,,j assim, previamente a0 uso de uma correlagio formulada nos F.ULA. deve-se majorar o valor medido de N,,, obtido em uma sondagem brasileira em 10 a 20% (Velloso ¢ Lopes, 1996). Embora a pratica brasileira seja pautada pelas recomendagdes da norma NBR 6.484, que estabelece critétios rigidos quanto a procedimentos de perfura- gio ¢ ensaio, com a adogio de um tinico tipo de amostrador, no meio técnico existem variagdes regionais de procedimentos de sondagem: (a) uso (ou auséncia) de coxim ¢ cabega de bater; (b) acionamento com corda de sisal ou cabo de ago, com ¢ sem roldana ¢ (¢) variagio do tipo de martelo utilizado. A influéncia de alguns destes fatores, relacionados a pratica brasileira, foi quantificada por Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) Belincanta (1998) ¢ Belincanta ¢ outros (1984; 1994). Resultados tipicos de medida Je energia de cra entados nas Tabelas agio para distintos equipamentos sio apre 2.2.a2.4, As medidas de eficiéncia de energia dinimica referem-se 4 primeira onda de compressio incidente, para uma composigio-tipo de 14m de comprimento, Valores médios de eficigncia na faixa entee 65% ¢ 80% da energia tedrien foram monitorados com freqiiéncia, refore Jade de normalizagio das medidas ndo a nee de Nor previamente a sua aplicagio em correlages de natureza empitica. As informagdes produzidas por Belincanta (1998) servem como avaliag: Medi 6 grau de confiabilidade do ensaio, melhorando a > preliminar locais de energia devem tornar-se rotina na proxima década, aumentando turicia de uso de correlagdes, baseadas no SPT ¢ quantificando a influéncia de fatores determinantes interpretagio racional do ens: 0, como por exemplo a influé ia do comprimento da composigio. Tabela 2.2. Influéncia do tipo de martelo, para composicao de 14 m de comprimento, martelo com coxim de madeira e cabeca de bater de 3,6kg (apés Belincanta, 1998) Eficiéncia das energias Equipamento Ee ae Acionamento manual —_Acionamento com gatilho composicao “Tnedia n° —-Desvio médias? desvio % dados padrao % % dados _padréio % Martelo cilindrico com pino velha 69,4 178 3,59 75,5 195 2,95 guia, acionamento com corda nova 72,7 153 3,59 81,3 90 3,98 Martelo cilindrico com pino velha 63,2 45, 4,78 74,4 23 2,23 guia, acionamento com cabo nova 73,9 54 3,43 83,2 26 2,52 de ago Martelo cilindrico vazado, nova 66,5 50 3,74 74,2 39 5,30 acionamento com corda Tabela 2.3 Influéncia decorrente do uso de coxim, para composicao de 14 m de comprimento, martelo com pino guia e cabeca de bater de 3,6kg (apés Belincanta, 1998) Eficiéncia das energias ‘Sondagem Uso de ———— rates _____ coxim Acionamento manual Acionamento com gatilho média n° desvio média nm? desvio _ % —_dados _padréio % % __dados _padrao % Local 1 nao 728 tt 3,62 sim 710 104 3,56 Local 2 nao 71 9 4.54 sim 667 St 2,73 75,5 195 2,95 18 Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundagoes Tabela 2.4 Influéncia decorrente da massa da cabeca de bater, para composigao de 14 m de comprimento, martelo cilindrico com coxim de madeira (apés Belincanta, 1998) sondage cabega de Eficiéncia das energias ater Acionamento manual __Acionamento com gatilho (kg) media desvio. _média n° ——_desvio % —_dados _padiio% —-% —_-dados __padrfio % 12 75 13 2,04 Local 1 36 667 St 2,73 755 195 2,95 14,0 664 23 4,70 Sempre que os resultados de ensaio forem intrepretados visando & estimati- va de pariimetros de comportamento do solo, serio fornecidas recomendagdes especificas quanto & necessidade de corregao dos valores medidos de N,,,- A corrego para um valor de peneteacio de referéncia, normalizado com base no padrio americano de Nyy & 4 energia empregada ea energia de referencia, Assim: Jizada simplesmente através de uma relagio linear entre a Ny =, leo = (Nore x Energia Aplicada) / 0,60 (2.1) Por exemplo, um ensaio realizado no Brasil, segundo 2 Norma Brasileira, com acionamento manual do martelo, fornecendo uma medida de energia de 66% da energia teérica de queda livre, teria seu valor medido de penetragio de 20 golpes convertido em um valor de N,, = 22, ou seja Noy = (20x0,66) / 0,60 A corregio do valor medido de Ny, pata considerar 0 efeito das tensdes geostiticas én situ & pritica recomendivel para ensaios realizados em solos granu- lares. Reconhecendo que a resisténcia 4 penetrago aumenta linearmente com a profundidade (e portanto com a tensfo vertical efetiva, para uma dada densidade) € aumenta em fungio do quadrado da densidade relativa, para 0’, constante (Meyerhof, 1957), Skempton (1986) sugeriu a seguinte cortelagio: 6 N=D;(a+bC,—~ [2.2] ( ‘e 1007 sendo D, a densidade relativa a, b fatores dependentes do tipo do material ‘a_fator de correcio da resisténcia em funcio da histéria de tensdes ©’, tensiio vertical efetiva em kPa 16 Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) O valor de 0°, pode em geral ser estimado com razoavel grau de precisio. O valor de Cy é unitério para solos normalmente adensados, NA, ¢ aumenta com OCR, refletindo 0 aumento da tensio efetiva horizontal 0°, ¢ portanto das ten- ses efetivas médias (p’=1/3[0" +20" ]). Com base nesta abordagem, foram propos- tos os coeficientes de corregao de N, 2.3 ¢ expressos segundo: rw Fepresentados de forma grafica na Figura Ny = Noor Cy Cyc (2.3) _ 100 1 = wb é ce 2 s00}- 2 06 Soh 8 oa % sob © op * 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 o os 40 15 26 1918202530 38 40 Fator de corregBo Cy para areas Kal apy normalmente adensadas Figura 2.3 Fator de corregao de N,,, considerando 0 efeito do nivel de tensdes onde C,, representa a corregio devida 4 tensfo efetiva de sobrecarga ¢ Cy & Cor regio para a historia de tensdes (Liao e Withman, 1985; Jamiolkowski ¢ outros, 1985; Clayton, 1993). A justificativa do uso de C,, para converter o valor medido de No, em um valor de referéncia N,, adotado para uma tensio de 100 kPa (1 atmosfera), considerando-se 0 solo NA, é demonstrada fazendo-se uso da equa- Gio [2.2]: c, D(a +b) a/b+1 24) ” N. Di a, oy . , DilatbS*) (a/b +2) u 100 100 7 Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundagées Corregao do valor medido de Ney para tensoes efetivas atuantes e energia de cravagao é recomendével. Sua pratica, entretanto, ndo é disseminada no Brasil 18 Considere, por exemplo, uma ateia normalmente adensada, conforme dis- cutido reccntemente por Quare a € outros (1996). Admita, por simplicidade, auséncia do nivel d guia, peso especifico y,,, de 18 kN/m’, e os resultados de um ensaio em duas profundidades: a) Profundidade z = 2,0m e portanto 6’, = 36,0 kN/m? para N,,=5 tem-se (N,), = Cyx5 = 1,75 = 8,5 b) —-Profundidade z = 20,0m e portanto 0", = 360,0 KN/m* aN, = 16 tem-se (Ny) = TyXd = 0,5x5 = 8,0 Portanto, a arcia a 20m de profundidade apesar de registrar um valor de Ny, = 16 tem a com valor med mesma densidade relativa de uma areia a 2m de profundidade ido de Ny, = 5. Para solos pré-adensados, a desconsi 4o dos efeitos do nivel de tensdes acarreta a obtengio de valores de Dr ¢ 9” superiores aos valores t discutido por Schnaid e Milititsky (1995) ¢ apresentado na Figura 2.4. is, conforme 1004 a. 90 | 80 3 70 o aa 60. 5 E 20. 50. 5 40. 7 30. 35. 20 33: : 0° 2 4" 6 Noor Figura 2.4 Influéncia da histéria de tensdes nos parametros de resisténcia de areia (Schnaid e Milititsky, 1995) Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) 2.4 Aplicagdes dos resultados O ensaio SPT tem sido usado para intimeras aplicagdes, desde amostragem para identificagio dos diferentes horizontes, previsio da tensio admissivel de fundagdes diretas em solos granulares, até correlagdes com outras propriedades peotéenicas. As correlagdes de ori- gem empitica sio obtidas em geral jo 18 _20_Nspr em condigdes particulates ¢ espeef- ° ficas, com a expressa limitagio de 1 et uso por parte dos autores, mas aca- 2 =8 bam extrapoladas na pritica, muitas vezes de forma nio apropriada. Es Além disto, resultados de ensaios sf SPT tealizados em um mesmo local podem apresentar dispersio signifi 8 tiva, Um exemplo tipico de ensaios wy SPT realizados na regiio de Por- to Alegre, RS é apresentado na as gura 2.5, onde o ntimero de golpes ‘ Noyp € plotado contra a profundida- 3 mame de. A vatiacio observada nos perfis 3 € representativa da prépria variabi- £4 F minimo lidade das condigdes do subsolo, ™ § sendo necessirio avaliar para cada 7 ptojeto as implicagées da adogio de it perfis minimos ou médios de resis- a téncia, ‘ smédia de 4furos A primeira aplicacio atribui- Figura 2.5. Resultados tipicos de cao SPT consiste na simples deter--_ ensaios SPT em um local de projeto minagio do perfil de subsolo ¢ idlentificagio tactil-visual das diferen- tes camadas a partir do material recolhido no amostrador-padrio. A classifi ao do material € normalmente obtida combinando a deserigio do testemunho de ificagdo apresentado na Tabela 2.5, amplamente utilizado no Brasil e recomendado pela NBR 7.25/82, é baseado em medidas de resisténcia & penetragio sem qualquer sondagem com as medidas de resisténcia a penetragio. O sistema de clas 19 Ensaios de campo e suas aplicagées 4 Engenharia de Fundagées corregio quanto a energia de cravagdo ¢ nivel de tensdes. Alternativamente pode-se utilizar a proposta de Clayton (1993) apresentada na Tabela 2.6 Tabela 2.5 Classificagao de solos (NBR 7.250/82) indice de resisténcia & : Solo Designagao penetragao Areia e Silte arenoso <4 Fofa 58 Pouco compacta a18 Medianamente compacta 19-40 ‘Compacta >40 Muito compacta Argila e Silte argiloso <2 Muito mole 35 Mole 6-10 Média 11-19 Rija >19 Dura Tabela 2.6 Classificacao de solos e rochas (Clayton, 1993) indice de resisténcia . Material : 5 Designagéo a penetragao Areias (Ni)eo 0-3 Muito fofa 38 Fofa 8-25 Média 25-42 Densa 42-58 Muito densa Argilas Neo 0-4 Muito mote 48 Mole 8-15 Firme 15-30 Rija 30-60 Muito Rija >60 Dura Rochas Brandas Ne. 0-80 Muito brandas 80-200 Brandas >200 Moderadamente brandas Nota: N, — valorde Nser corrigido para uma tenséo de referéncia de 100 kPa Neo valor de N ger corrigide para 60% da energia teérica de queda livre (Ni)eo valor de Nspr corrigido para energia e nivel de tensées Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) A interpretagi obtida através de duas abordagens distintas (conforme discutide no Capitulo 1): 10 de resultados para fins de projetos geotécnicos pode ser a) Métodos indiretos: nesta abordagem os resultados do ensaio sio utili- zados na previsio de parimetros constitutivos, representativos do comportamento do solo, b) Métodos diretos: resultados de SPT sio aplicados dirctamente na previsio da capacidade de carga ou recalque de um elemento de fundagao, sem a necessidade de determinago de pariimetros intermediatios. 2.5 Métodos indiretos: estimativas de parametros geotécnicos OSPT pode ser utilizado na pritica de engenharia na obtencio de parimetros a serem adotados na anilise de problemas geotécnicos. Algumas indicagées do uso do SPT sio discutidas neste capitulo, sendo que uma revisio mais extensiva pode sor encontrada em Stroud (1989) ¢ Clayton (1993) para aprofundamento do tema. sempre desejavel comparar os valores de parimetros estimados empiricamente através das medidas de Ny, com aqueles obtidos através de outros ensaios (de campo ou laboratério), bem como verificar sua adequagio na faixa de variagio estimada pata as condigdcs do subsolo. a) Solos granulares Sabendo-se que 0 Neo mum cstabelecer cotrelagdes entre Ny, ¢ a densidade relativa D, ou Angulo de fornece uma medida de resisténcia, pratica co- atrito efetivo do solo 6. Algumas cortelagdes usuais adotadas na pritica de enge- nharia sio apresentadas abaixo ~ as proposigdes de Gibbs & Holtz (1957) Skempton (1986) sio usadas na estimativa de D, enquanto as proposigdes de de Mello (1971) € Bolton (1986) no sao aplicadas diretamente ao valor de Nery mas usadas para converter as estimativas de D, em @”. vw VS D, =| 3ibbs i 7 (cack =| Gibbs & Holtz (1957) [2.5] p,-(|—*_ ‘ =| 928, 227 Skempton (1986) 2.6) 21 Ensaios de campo e suas aplicacées & Engenharia de Fundacées 22. © para o fingulo de attito: (1,49 - D) tan o* 0,712 de Mello (1971) (2.7) 33 + (3[D,(10 - In p’) -1]) Bolton (1986) [2.8] Nestas equagdes 6”, ¢ p’ eN (N)z, ie. tecomenda-se cortigit a medida de resisténcia em fungao da energia de 7 io expressos em kN/m?, D, em decim © valor de @ pode ser ainda estimado graficamente através da proposi¢io de Peck, Hanson & Thornburn (1974) que resulta, em geral, em estimativa con- servadora pa projetos rotineiros (ver Figura 2.6a). Mitchell € outros (1978) mostram o efeito da pressio vertical efetiva na relagio @” x Nspy conforme apresen- tado na Figura 2.6b. O valor da penetragio deve ser corrigido em ambos os casos considerando os efeitos de energia, anteriormente a seu uso na obtengio do Angulo de atrito interno. mnto muito fois” média_denea_ densa 10 nT) 120 ‘0 2 120 2 2 10 H 420 5 © 8 100 0 5 coh 3 0 8 0 s 3 Ny “r 2 & 60 5 “ao Bw Ms 2° 3 2» ae | 5 30 2 30° | Ex 10 t 5 10 — 29——| ° or 28 30 2 Ba as 8 wD 080 100150025000 Angulo de ato interno, 4 Tens vertical efetva,« (KPa) (a) Peck, Hanson & Thornburn (1974) (b) Mitchell e outros (1978) Figura 2.6 Estimativa do angulo de atrito interno de solos granulares com base em ensaios SPT Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) Uma abordagem mais racional foi proposta por Stroud (1989) para a esti- mativa do médulo de clasticidade do solo, com a utilizagio de dados existentes na literatura para produzir uma relagio entre B/N,, ¢ 0 “grau de carregamento” 4/4, Figura 2.7). Nesta figura a resisténcia 4 penetragio foi cortigida para 60% da energia, mas nao foi corrigida para o nivel de tens6es pois o autor argumenta que tanto N como E ctescem com o aumento das tensdes efetivas médias an silt. Desta figura verifica-se que, com fator de seguranga a ruptura 3 nna capacidade de carga (q/qy,= 1/3), ‘4 uma relagio 7,5 = 1 (MPa) é razoivel A anilise dos casos utilizados por 2 Stroud mostra que, na pratica, a maioria das fundagdes apresenta fator de seguranca superior a 3 (resultando 4/Iu, 91 Ou menor no grifico). A sugestio para esta condicio, é que, no caso dos solos normalmente adensados, a relacio a ser adotada entre E/N, cresga para 1a 2 MPa c para arcias pré-adensadas é superior a 3, podendo chegar a valores entre 4¢ 6 MPa. 10 9 pié adensados p ‘@ nocmalmente adensades EMNeg (MNIm?) Utilizando os dados do traba- Iho de Burland & Burbidge (1985), a es a Clayton (1986) obteve as seguintes “ relagdes E/N, considerando faixas Figura 2.7 Razao entre E/N,,e taxa de de ocorséncias na média similares ig €@*Fegamento (Stroud, 1989) obtidas por Stroud (1989) Tabela 2.7 Valores de E/N,, para solos granulares (Clayton, 1986) E/Ne (MPa) i: ‘ Medi inferior Limite superior — 4 16-24 04-06 35-53 10 22-34 07-11 46-70 30 3,7-56 15-22 6,6 - 10,0 60 4,6-7,0 23-35 8,9- 13,5 Ensaios de campo e suas aplicacées a Engenharia de Fundacoes 24 b) Solos coesivos Mello (1971) apresentou coletinea de resultados da literatura sobre 8,/N com variagio entre 0,4 ¢ 20. Stroud (1989) utilizando dados de argilas pré-adensadas identifica a variagio de S,/N de 42 6. O universo abordado por Stroud compreende apenas argilas pré-adensadas nio sensiveis ¢ ensaios triaxiais de referencia para a obtengao de S,, realizados em amostras com difmetro de 100mm, ao passo que os valores da avaliagio de Mello compreendem solos argilosos sensiveis ¢ varias formas de obtengio da resisténcia nao drenada, resultando portanto em dispersio significativa Na experiéncia do autor e como recomendagio geral de projeto, as relagdes entre S, ¢ N no devem ser utilizadas para solos moles (N < 5) pela falta de representatividade dos valores de N medidos nos ensaios. A compressibilidade c rigidez dos solos coesivos é dependente nio apenas do nivel de deformago mas também da hist6ria de tensdes do solo, velocidade de los (poro- carregamento e de dissipagio do excesso de pressio da agua dos v pressio), No caso de argilas normalmente ou levemente pré-adensadas (solos moles) aprevistio de deformagdes da massa de solo sob carga depende fortemente do valor da pressio de pré-adensamento, Como 0 SPT nfo permite obter informagio confivel sobre este dado fundamental, no é recomendado utilizar 0 SPT para previstio de deformagdes em solos argilosos. No caso de solos pré-adensados, 0 médulo de Young no drenado (B,) ¢ 0 coeficiente de variagio volumétrica (m,) podem ser estimados para anteprojeto através das seguintes correlagdes (Stroud & Butler, 1975) m, = 450 N,, (m?/ MN) [2.9] B,/Ng = 1 (MPa) (2.10) Os dados coletados por Stroud mostra que a iiltima relagio é adequada para uma ampla gama de graus de carregamento q/q,,. Para relagdes abaixo de 0,1 a tigidez cresce, resultando em E/N, 6,3 a 10,4 (MPa) pat] Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) ¢) Rochas brandas Na pritica de engenharia utilizam-se valores de SPT para estimar a resi téncia A compressfo, aplicada em projetos de fundagdes apoiadas em rochas bran- das. A pequenas profundidades, a tensio de projeto depende da escala do problema em relagio ao sistema de descontinuidades da massa rochosa, sendo geralmente muito menor que a resisténcia da rocha intacta obtida em compressio simples. & 88s Na Figura 2.8, verifica-se que io apresentada para argilas: Su = 5 Ny, (kPa) pode ser utilizada para rochas brandas, sendo entretanto 8 muito conservadora para 0 caso de materiais com resisténcia 4 compres- sio simples maiores que 4 MPa, Nes- tes casos a resistencia 4 compressio poderd ser obtida pela relagio: Resisténcia 4 compressdo simples.c. (MNim®) 19 0B os 6,2 10N,, (kPa). na | 02 E relevante assinalar que, 10 20 40 6080100 200 400.600 além dos fatores ja apresentados com Neo influéncia no valor do ensaio ¢ das Figura 2.8 Correlagées entre caracterfsticas dos materiais, especial. _resisténcia 4 compressao simples e mente nas rochas brandas, é nec N,, (Stroud, 1989) rio exteapolar o valor de N, em geral interrompido na faixa de até 100 golpes e extrapolado para a penetracZo de 300mm definidora do padrio. Logo, 0 uso de SPT resultaré em pouca acuricia no valor estimado. A estimativa da compressibilidade € de validade discutivel, sem 2 devida comprovagio experimental local, pelos mesmos motivos apresentados. Valores propostos por Leach & Thompson (1979) resultantes de avaliagio do comporta- mento de estacas ficam na faixa: B/N, = 0,9 - 1,2 (MPa). Ensaios de campo e suas aplicagées 4 Engenharia de Fundagées Stroud (1989), incluindo mais casos reais, observou a relagio B/N, = 0,5 - 2,0 (MPa), sendo acima de 1 para fatores de seguranga 4 ruptura maiores que 3. A realizagio de provas de carga em placas € pritica sempre recomendivel para diminuir o grau de incerteza na determinagio do médulo em rochas brandas. 2.6 Métodos diretos de projeto Originalmente, os resultados de SPT eram do tipo aplicagio direta, nos quais sccalques ou tensio admissivel sio obtidos diretamente sem a necessidade de determinar parametros_ intermediérios (c.g, Terzaghi & Peck, 1967). Tal abor- dagem tom a desvantagem de nao permitir a avaliagio qualitativa dos resultados; a confiabilidade € funco do nimero de casos histéricos avaliados para o desen- volvimento do método, A grande vantagem é sua simplicidade de uso. O desenvolvimento dos métodos apresentados a seguir é anterior & pri ca de medida e corregao dos valores de Np, considerando os efeitos da energia de cravacio, Nenhuma rcferéncia é feita, portanto, 4 eventual corregio de N em Ny. leiros de céleulo de tensdes admissiveis ¢ capacidade de carga referem-se aos procedimentos de ensaio consagrados no Brasil ¢ devem em geral Os métodos bra estar associados a valores de energia na faixa entre N,, € Ny, a) Tensdes admissiveis Uma abordagem utilizada na rotina de projetos de fundagdes envolve a estimativa das tensdes admissiveis do terreno, cuja equagio é representada por: kN [2.12] (sn onde k depende do tipo de solo, da geometria do problema, da sensibilidade da estrutura a recalques, entre outros. Lista priitica deve ser vista com restrigdes, dado © cariter generalista e empirico adotado na estimativa de k . No entanto, é preocupacio do autor fornecer uma indicacio da magnitude das tensdes admissiveis para anteprojeto. Na Tabela 2.8 apresentam-se valores da magnitude das tensdes admissiveis 6.,,, do solo em fungio de Noy, para substratos granulares. Os dados apresentados representam valores minimos de tensio admissivel, estando sujcitos a Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) dispersdes significativas. As tensdes admissiveis para solos coesivos ‘abela 2.9. apresentadas na. Tabela 2.8 Correlacées entre N,,, e a tensdo admissivel de solos granulares (Milititsky & Schnaid, 1995) Descri¢ao Noor Provavel tensdo admissivel (kN/m?) (compacidade) L=0,75m* ——L=1,50m* 0m" Muito compacto >50 > 600 > 500 > 450 Compacto 30-60 300-600 250- 600 200 - 450, Med.Compacto 10-30 100-200 50 - 250 50-200 Pouco compacto 5-10 50-100 <50 <50 Foto <5 a estudar (Milititsky & Schn: (ens Nan Provavel tnsdo admissivel &Nin?) 75m * L=15m* L=3,0m* Dura »30 so0 40 400 Muito rija 15-30 250 - 500 200 - 450 150 ~ 400 Rija 8-15 125 - 250 100 - 200 75-150 Média 4-8 75-125 50-100 25-75 Mole 2-4 25-75 <50 - Muito mole <2 aestudar * Menor dimensio da fundagao b) Recalques em fundagdes diretas Sntendidas as limitagdes do ensaio de SPT € a impossibilidade de prever com precisio valores de compressibilidade dos solos, deve-se considerar ¢ tratar 0s métodos de previsio de recalques utilizando 0 SPT como procedimentos empfricos. Métodos estatisticos tais como os propostos por Shultze & Sherif (1973), Burland, Broms & de Mello (1977), Burland & Burbidge (1985) sio recomenda- dos para a previsio do limite superior ¢ do recalque médio de fundagdes superfi- ciais em depésitos arenosos. 27 Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagées Método SPT-Estatistico de Schultze & Sherif (1973) Utilizando correlugdes estatisticas entre recalques ¢ SPT, os autores de- senvolveram um método de estimativa de recalques, apresentado na Figura 2.10, com 08 seguintes elementos: comprimento, largura ¢ profundidade da fundagio, bem como espessura da camada granular, A combinagio dessas informagdes per- mite a obtencao do coeficiente §, utilizado posteriormente na equagio [2.13] para a obtengio do recalque da area carregada. sp = (2.13) NOx [1+ (044+D/B)] sendo s = coeficiente de recalque (em'/kgf) p= recalque (mm) N = valor médio de SPT io de contato (kgf/em’) D = profundidade da fundagio (m) B = largura da fundagio (m) 1. = comprimento da fundagio (m) = espessura da camada (m) Quando a espessura da camada considerada é menor que o dobro da largura da fea carregada, os autores sugerem a utilizagio de fatores de redugao (ver Figura 2.9). 10 4./B22 Coeficiente de recalque, s (mm/kPa) 10 Fatores de redugdo para ds/B<2 ue oN 28100 15 | O91 089 087 085 1.0 | 076 072 069 065 08 | 052 0,48 043 039 on 1 os 1 2 948 10 2030 80 Largura B (m) Figura 2.9 Método de Schultze & Sheriff (1973) Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) Método SPT-Estatistico de Burland, Brooms & de Mello (1977) Burland ¢ outros (1977) apresentaram em forma gréfica uma série considerivel de casos relatados na literatura, propondo limites superiores de recalques P.,,, para os solos compactos ¢ medianamente compactos, € uma sugestio de limite superior para a condigao fofa (Figura 2.10). Foi proposto pelos autores que, nos casos de projetos de rotina, a figura poderia ser utilizada para indicagao do recalque provivel pela adogao da metade do valor miximo. 1.05 limite superior - are‘as fofas (tentativa) = fra \ OG § mea - o 2 donee “a E 7 Te epaor soe mis ok Largura (rm) Figura 2.10 Método de Burland, Brooms e de Mello (1977) Exprimindo os limites superiores como fungio da largura da fundagio B(m), obtém-se as seguintes equagdes Pas = 4 (0,32 B%) arcias fofas 2.14] Pro = 4 (0,07 BY) arcias medianamente compactas [2.15] Pras, = 4 (0,035 B) arias compactas [2.16] Prrsrivr = 1/2 Pasig [2.17] sendo q expresso em kN/m? e p em mm. 29 Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagées Método de SPT-Estatistico de Burland & Burbidge (1985) Os autores compilaram registros de recalques em uma base de dados de mais de 100 casos de obras. © tratamento estatistico dos resultados permitiv definit um recalque médio em arcias normalmente adensadas: p=qB"l, [2.18] sendo recalque (mm) pressio média efetiva na fundagio (kN/m?) largura da fundagio (m) 0 (= 1,71/N"4) p q B 1 indice de compres Na obtengio do indice de compressio (Figura 2.11) é necessitio, em dois casos particulares, corrigir a medida de Nyy! i) silte arenoso, absixo do rel agua 15+ 0,5 (Neca ~ 15) para N>15 [2.19] cong eid ii) cascalho ou casealho e arcia = 1,25 N [2.20] orgs eto Pré-adensameto ou pré-carregamento da areia reduz significativamente a magnitude dos recalques observados, sendo que para casos nos quais a tensio vertical efetiva maxima 6’, nfo é excedida: p= 1/3q BI, [2.21] ‘A Figura 2.11 permite ainda determinar a profundidade de influéncia sob a fundagio, Z,, para casos nos quais N,,, é constante ou aumenta com a profun- didade. Nos casos em que Ne, como o menor valor entre 2B ou a distincia A camada rigida “incompressivel” abaixo da fundagio. A profundidade de influéncia d sor decresce com a profundidade, Z, deve ser adotado ¢ a camada que sera afeta- Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) da pelo catregamento aplicado pela sapata e cujas propriedades controlam 0 de- sempenho do elemento de fundasio. 100 Provavelfaixa de variagao 100 12ay/B°%).10 ——- Profundidade de Influéncia , z (m) +L Bemmetios 7 Graus de compressibilidade q weotw dv divimdale 4 So 1 re 1 10 100 1 10 100 SPT medio, RV Largura da rea carregada, B (m) Figura 2.11 Método de Burland & Burbidge (1985) Milititsky © outros (1982) apresentaram comparagdes entre resultado de previsdes ¢ recalques reais para 12 casos relatados na literatura (Figura 2.12). A dispersio de resultados € evidente; a razo entre recalques medidos recalques previstos varia entre 0,3 ¢ 2,0. A aplicagio de métodos estatisticos de previsio dircta de recalques mostrou desempenho pouco satisfatério para os casos analisa- dos, sendo portanto aconselhavel o uso de métodos de calculo mais refinados. Em depésitos argilosos, os recalques imediatos de fundagdes superficiais sio normalmente determinados a partir da aplicagio dos conceitos bisicos esta- belecidos pela Teoria da Blasticidade. O sucesso desse método depende da previsio adequada do médulo de elasticidade nfio-drenado, sendo possivel utilizar cortela- ges entre B, ¢ $, para uma avaliagao preliminar, conforme descrito nos itens anteriores. Para solos de baixa resisténcia 0 SPT nao é técnica recomendavel, 31 Ensaios de campo e suas aplicacées a Engenharia de Fundagées devendo-se utilizar outros ensaios na previsio de §,, Recalques a lon- = go prazo sio calculados pela apli- I cago da Teoria do Adensamento, 3 sendo para tanto necessitio o co- 2 nhecimento de propriedades obti 8 das preferencialmente em ensaios 3 de laboratério com amostras é indeformadas ou ensaios de ese spent | Piezocone (Capitulo 3) + Burland etal No caso de solos residuais oO 4 8 a2 T6820 — Enecessétio avaliar as condigdes de Recalques medidos (mm) drenagem do carregamento, O en- Figura 2.12 Previsao de recalques por §¢Pheiro deve definir se os métodos estatisticos (adaptado de — *ecalques resultantes da variagaio Milititsky e outros, 1982) de tenses serio ripidos, predomi- nantemente drenados ou lentos poradensamento. Nao existem for- mas expeditas para identificar a condigio de drenagem a ser adotada, sendo esta fungio da sucgio # situ, permeabilidade, geau de cimentagio, estrutura e historia de tensdes, entre outras. Em solos estruturados nfo saturados a pritica tem adotado métodos de correlagio estatistica desenvolvidos para depésitos sedimentares no cocsivos, pritica ainda no avaliada pelo reduzidissimo atimero de casos histéricos conhe- cidos. Para solos saturados com matriz argilosa a pritica é variada, incluindo © uso de ensaios de compressio confinada (adensamento) para determinagio de médulos, ©) Previsio de capacidade de carga A carga de ruptura de um elemento de fundagio pode ser determinada através de teoria clissica de capacidade de suporte, na qual, postulado um meca- nismo de ruptura, calcula-se a pressio iiltima utilizando os parimetros de resis- téncia ao cisalhamento do solo, Essa abordagem é amplamente utilizada para fun- dages superficiais (e.g, Terzaghi & Peck, 1967), onde o Angulo de atrito interno do solo é relacionado aos coeficientes de capacidade de carga N,N, eNy (ver Figura 2.6). Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) A teotia de capacidade de suporte aplicada a fundagdes profundas nao é, no catanto, empregada com freqiléncia na pratica brasileira, contrariamente A pritica inglesa. Sendo 0 valor de N, sensivel a @', um erro relativamente pequeno na estimativa de 6? representara' um erro significativo na estimativa de Ny Acres- centa-se a isto as dificuldades na estimativa de q” devidas aos efeitos da instalagio da estaca, Como alternativa a esse método, difundiu-se, no Brasil, a pritica de relacionar medidas de N,,. disetamente com a capacidade de carga de estacas (c.g. Aoki & Velloso, 1975; Decourt & Quaresma, 1978), também difundida in ternacionalmente (Poulos, 1989). Na experiéncia do autor, estes métodos constituem ferramentas valiosas 4 engenharia de fundagGes. fi importante reconhecer que sua ‘es especificas dos dos em seu estabelecimento. Dada a importincia deste validade € limitada A peatica construtiva regional e as condi casos histéricos wl procedimento na pritica brasileira de fundagdes, apresenta-se a seguit o detalhamento dos métodos de cilculo. No Capitulo 7 discute-se a validagio dos métodos através de um extenso nimero de relatos de casos. Método Estatistico de Aoki & Velloso (1975) Este método foi originalmente concebido a partir de correlagdes entre os resultados dos ensaios de penetragio estitica (cone) ¢ dindmica (SPT). A teoria para a estimativa da capacidade de carga de estacas é fundamentada no ensaio de penctragio estitica, porém, através da utilizagio do coeficiente K, torna-se pos- sivel utilizar os resultados de ensaios SPT (K é 0 coeficiente de conversio da resistencia da ponta do cone para N,,,.). O coeficiente 0 expressa a relagio entre as resistencias de ponta e lateral local do ensaio de penetragio estitica, segundo Vargas (1977). A seguinte expresso avalin a capacidade de carga dltima, ou de ruptura, da estacaz KN, KN, Qny = 4 —~ + PE——* AL [2.22] A 2 sendo: AL: espessura de cada camada de solo (tm) a: area de ponta da estaca Ny Nor PtSximo & ponta da estaca P: perimetro da estaca IN, Noor médio para cada AL A interpretagao do ensaio SPT é de natureza empirica. O uso dos resultados deve obedecer a critérios estabelecidos pelo projetista, normas, recomendagées de especialistas, experiéncia local e julgamento geotécnico. 33 Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagées Os cocficientes K ¢ &. sio variaveis dependentes do tipo de solo, assumindo diferentes valores segundo suas caracteristicas geanulométricas (originalmente obtidos a pattir de correlagdes com resultados de ensaios de cone). Os valores so apresen- tados na Tabela 2.10, Tabela 2.10 Valores atribuidos as varidveis K e a Tipo de solo K (MPa) o. (%) Areia 4,00 14 areia sittosa 0.80 2.0 areia sito-argilosa 0,70 24 areia argilosa 0.60 3.0 areia argilo-siltosa 0,50 28 silte 0.40 30 silte arenoso 055 22 silte areno-argiloso 045 28 silte argiloso 0,23 34 silte argilo-arenoso 0,25 30 Argila 0,20 60 argila arenosa 0.35 24 argila areno-sittosa 0.30 28 argila siltosa 0,22 40 argila silto-arenosa 0,33 3.0 Fl e F2 sio coeficientes de corregao das resisténcias de ponta e lateral, respectivamente, levando em conta diferentes comportamentos entre a estaca (pro- t6tipo) ¢ © cone estatico (modelo), cujos valores séo apresentados na Tabela 2.11. Para determinar a carga admissivel faz-se uso de um fator de seguranga global, sobre a carga de ruptura calculada como Quin mendages da Norma Brasileira NBR 6.122/96. , seguindo-se reco- Copitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) Tabela 2.11 Valores atribuidos as variaveis Fl e F2 Tipo de estaca FA F2 Franki 25 5 Metalica 4,75 35 Pré-moldada conereto 1,75 35 Escavada* 35 7,0 “Fe F2 segundo Velloso, Aokie Salamon (1978) Método Estatistico de Decourt & Quaresama (1978) Segundo os préprios autores, o método apresenta um processo expedito para a estimativa da capacidade de carga de ruptura baseado exelusivamente em resultados de ensaios SPT. Desenvolvido para estacas pré-moldadas de concreto, foi estendido posteriormente para outros tipos de estacas — escavadas em geral, Avexpres hélice continua ¢ injetada io proposta é a seguinte: [2.23] sendo K 0 coeficiente que relaciona a resisténcia de ponta com o valor N, em fungio do tipo de solo. Os valores determinados experimentalmente consideran- do os resultados de 41 provas de carga em estacas pré-moldadas de concreto sio mostradas na Tabela 2.12. Valores atribuidos aos coeficientes ot ¢ B, sugeridos para os diversos tipos de estacas sto apresentados nas Tabelas 2.13 ¢ 2.14 (Quaresma e outros, 1996). Tabela 2.12 Valores atribi jos a variavel K Tipo de solo K (kN/m?) Argilas 120 Siltes argilosos (Solos residuais) 200 Siltes arenosos (solos residuais) 250 Areias 400 35 Ensaios de campo e suas aplicagées 4 Engenharia de Fundacées Tabela 2.13 Valores atribuidos ao coeficiente 0. em fungao do tipo de estaca e do tipo de solo é Injetad a cravada ESeavada—-Escavada Hélice — Raiz _Injetadas (em geral) (com bentonita) Continua (alta pressao) Argilas 4,0+ 0,85 0,85 0,30 0,85" 1,0" Solos . . . Intermediérios. 10" 080 060 0,0" 0,60 10 Areias tor 0,50 0,50 0,30" 0,80" 1,0" + universo para 0 qual a correlacao original foi desenvolvida + valores apenas orientativos diante do reduzido numero de dados disponivels Tabela 2.14 Valores atribuidos ao coeficiente (3 em fungao do tipo de estaca e do tipo de solo Injetadas Solo/Estaca Cravada ESeavada—-Escavada Hélice — Raiz Inj ; (em geral) (com bentonita) Continua {alta pressio) Argilas 4,07 0,80 09° 1,0° 45° 3,0" Solos : : 7 oe ae 10 0,65 0,78 1,0 1.5) f Areias 1,0° 0,50 0,60" 1,0" 1,5" 3,0" + universo para o qual a correlagao original foi desenvolvida valores apenas orlentativos diante do reduzido numero de dados disponiveis Deve-se notar que na rotina denominada SP’ é possivel definir um va: lor de N equivalente, N,: (2.24) sendo T 0 torque medido em KNm. O valor de N,, pode ser utilizado, segundo Decourt (1991), de forma anéloga ao valor de N correspondente ao SPT tradicio- nal na estimativa da capacidade de carga de estac Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) Coeficientes determinados estatisticamente ¢ aplicados ao estabelecimento de um modelo sio afetados pelos procedimentos de ensaio (tipo de prova de carga), definicio de ruptura na prova de carga, procedimentos construtivos ¢ seus efeitos na propriedade e condigdes do subsolo, A utilizagio de métodos de estimativa de capacidade de carga estabelecidos em condigdes diferentes, como a transposi¢io para a América do Sul de métodos curopeus ou ameticanos baseados em SPT ou cone, devem ser validados localmente por provas de carga com resultados conclusives. Aspectos relevantes a serem considerados quando da aplicagio dos métodos de correlagio direta: a) Tipo de Estaca - a mobilizagio do atrito lateral no fuste da estaca é fangio do tipo de estaca ¢ método de instalagio. No Brasil, bem como em outros paises da América do Sul, sto raros os casos relatados na literatura de provas de carga instrumentadas, principalmente em estacas escavadas, que permitam inferir a distribui¢io do atrito ao longo do fuste da estaca. A adogio de coeficientes empiricos para caracterizar a influéncia do tipo de staca deve ser utilizada com preeaugio ¢ sempre que necessario validados através de provas de carga. b)Tipo de Solo - critérios subjetivos sio utilizados na descrigao do tipo de solo, que a seguir é correlacionado a coeficientes empiricos usados na previsio de s. Fatores importantes e determinantes do comporta- mento dos solos, como a histéria de tensdes, so desprezados neste tipo de capacidade de carga de estac: metodologia, ¢ certamente influem no desempenho. ©) Profundidade - valores de N, veis: densidade © nivel de tensé sor dependem da influéncia de duas varié- Um valor de Ny, = 10 obtido préximo & superficie corresponde a um solo cujo comportamento difere consideravelmente de outro com o mesmo Nyy, porém obtido a grande profundidade, Os métodos statis icos nao consideram diretamente a influéncia da profundidade, i.e. do nivel de tensdes. 4d) Penetragao da ponta da estaca na camada resistente - valores elevados, de Ny,; na camada onde a estaca se apoia, sem penetragio adequada, conduzem a valores inreais de resisténcia de ponta estimados. 37 Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundacées 2.7 Consideragées finais As principais conclusdes decorrentes do uso ¢ interpretacio do SPT sio listadas a seguir: 1) © ensaio de SPT constitui a investigacio mais utilizada na prética cor rente da geotecnia, especialmente em fundagdes, ¢ a tendéncia observada deve ser mantida no futuro préximo, devido 4 simplicidade, economia ¢ experiéncia acumulada. 2) O avango do conhecimento deve ser necessariamente incorporado A pritica de engenharia, Para tanto é mandatério o uso de metodologia © equipa- mentos padronizados, com a avaliagio da energia transmitida ao amostrados. 3) O treinamento de pessoal e a supervi constitui um desafio permanente, mesmo com 0 acréscimo de custo, para que os io durante a realizagio do ensaio resultados sejam representativos € confiaveis. 4) Uma vez atendidas as recomendagées anteriores, pode-se aplicar as metodologias apresentadas no presente trabalho para estimativa de parimetros de comportamento dos solos e previ das as limitagdes apresentadas. ‘io de desempenho de fundagdes, resguarda- 5) Do ponto de vista da pratica de engenharia de fundagdes, os valores médios de penctrago podem servir de indicagio qualitativa A previsio de proble- mas; por exemplo, Nooy veis sem necessidade de estudos geotéenicos mais claborados para a solugio de supetiores a 30 indicam em geral solos resistentes esti- casos correntes. Solos com Ny, inferiores a 5 slo compressiveis ¢ poucos resis- tentes, ¢ no devem ter a solugio produzida com base «inica nestes ensaios, mes- mo porque nesta faixa de variagio (0-5) os mesmos nfo so representativos. Capitulo 2 - SPT (Standard Penetration Test) 2.8 Referéncias bibliograficas AOKI, N. & VELLOSO, D.A. “An Approximate Method to Estimate the Bearing Capacity of Piles”, in: V Cong, Panamericano Mec. Solos e Eng, Fund., Buenos Aires, 1975. ASTM - D1586-58. Standard Method for Penetration Test and Split Barrel Sampling of Soils. Ametican Society for Testing and Materials, 1958. ASTM - D1586-67. Standard Method for Penetration Test and Split Barrel Sampling of Soils, American Society for Testing and Materials, 1974. ASTM - D4633-86. Standard Test Method for Stress Wave Energy Measurement for Dynamic Penetrometer Testing Systems. American Society for Testing and Materials, 1986. 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[Entretanto] a interpretagdo dos resultados é complexa e imprecisa, devido tanto ao comportamento do solo como as condigées de contorno do ensaio realizado. Poter Wroth, 1084 Os ensaios de cone ¢ piezocone, conhecidos pelas siglas CPT (Cone Penetration Test) © CPTU (Piezocone Penetration Test) respectivamente,vém se caracterizando internacionalmente como uma das mais importantes ferramentas de prospecsio geotécnica. Resultados de ensaios podem ser utilizados para determi- nagio estratigrafica de perfis de solos, determinagio de propriedades dos materiais prospectados, particularmente em depésitos de argilas moles, ¢ previsio da capacidade de carga de fundagdes, ‘As primeiras referéncias ao ensaio remontam 4 década de 1930 na Holanda (Barentsen, 1936; Boonstra, 1936), consolidando-se a partir da década de 1950 (c.g Begemann, 1963; 1965). Relatos detalhados do estado do conhecimento, _ _enfocando aspectos diversos da pritica de engenharia, podem ser encontrados em Mcigh (1987) Lunne ¢ outros (1997), além de conferéncias especificas dedicadas Ensaios de campo e suas aplicagdes @ Engenharia de Fundagoes a0 tema: ESOPT I e II - Conferéncias Européias de Ensaios de Penetragio; ISOPT 1 - Conferéncia Internacional de Ensaios de Penetragio; CPT? 95 - Conferéncia em Ensaios de Cone Penetrometria; ISC’ 98 — Simpésio Internacional de Caracteriz: 40 do Subsolo, No Brasil, 0 ensaio de cone é empregado desde o final da década de 1950; a experiéncia brasileira limitava-seporém a um nimero relativamente restrito de casos com a possivel excegio de projetos de plataformas maritimas para prospegio de petrdleo, Essa tendéncia foi revertida na década de 1990, observando-se um crescente interesse comercial pelo ensaio de cone, impulsionado por pesquisas desenvolvidas nas universidades brasileiras, conforme descrito por Rocha Filho Schnaid (1995) e Quaresma e outros (1996). Sic intimeros os exemplos de pes- quisas € relatos de casos que refletem a pritica brasileira (Rocha Filho ¢ Alencar, 1985; Soares ¢ outros, 1986; Danzinger e outros, 1989; Rocha Filho ¢ Sales, 1994; Almeida, 1996; Brugger ¢ outros, 1997; Coutinho & Oliveira, 1997; Danzinger e outros, 1997; Schnaid ¢ outros, 1997; Soares e outros, 1997). O principio do ensaio de cone é bastante simples, consistindo na eravagio no terreno de uma ponteira cénica (60" de apice) a uma velocidade constante de 20mm/s. A segio transversal do cone é normalmente de 10 cm’, podendo atingir 15 cm? para equipamentos mais robustos, de 1 to os procedimentos de ensaio j sio padronizados, ha diferengas entre equipa- ior capacidade de carga. Enquan- mentos, que podem ser classificados em trés categorias: (a) 0 cone mecénico, caracterizado pela medida na superficie, com a transferéncia mecanica pelas has- tes, dos esforcos necessirios para cravar a ponta cnica q, ¢ 0 atrito lateral f 5 (b) © cone elétrico, cujas_células de carga instrumentadas cletricamente permitem a medida de q, ¢ f, diretamente na ponteira; ¢ (©) 0 piezocone, que além das medidas elétricas de q,¢ f, , permite a continua monitoragdo das pressdes neutras 1 geradas dutante o proceso de cravagio, © equipamento de cravagio consiste de uma estrutura de reagio sobre a qual é montado um sistema de aplicagio de cargas. Si malmente utilizados para essa finalidade, sendo o pistio acionado por uma bom- ba hidraulica acoplada a um motor 4 combustio ou elétrico, Uma vilvula regula dora de vazio possibilita 0 controle preciso da velocidade de cravagio durante 0 temas hidraulicos so nor- ensaio. A penetragio é obtida através da eravacio continua de hastes de compri- mento de Im, seguida da retragio do pistio hidrtulico para posicionamento de nova haste. © conjunto pode ser montado sobre um caminhio, utilitério ou reboque, cuja capacidade varia entre 10 ¢ 20 toneladas (100 ¢ 200 kN). A reagio aos esfor- Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) 08 de cravagio é obtida pelo peso proprio do equipamento e/ou através de fixagio ao solo de hélices de ancoragem manual, Sistem: automaticos de aquisigio de dados sio usualmente empregados em ensaios de cone. Programas computacionais simples permitem o gerenciamento do processo de aquisigio e armazenamento das medidas in situ, através da interagio entre um conversor analégico/digital (“datalogger”) ¢ um computador. B reco- mendivel © uso de um gatilho autom vagio € 0 pistio hidraulico, fecha 0 circuito elétrico ao principio da cravagio ¢ desencadcia o inicio das leituras. Assim, nio ha interferéncia do operador na aqui- ico que, posicionado entre a haste de cra- sigio de dados de ensaio, Em conelusio, os principais atrativos do ensaio sao o registro continuo da detalhada da estratigrafia do subsolo, informagio essencial 4 composigao de custos de um projeto de funda- resistén ia A penetragio, fornecendo uma dese Ges, ¢ a climinagio de qualquer influéncia do operador nas medidas de ensaio Go fy ¥). 3.1 Padronizagaio As dificuldades inerentes 4 comparagio de resultados obtidos com diferen- tes equipamentos levaram & padronizagao dos ensaio pela ASTM (1979), ISSMFE (1977, 1989) ¢ ABNT MB-3.406 (1991). Recomendagdes quanto a terminologia, dimens6es, procedimentos, precisio de medidas e apresentagao de resultados sio estabelecidas nestas normas. Os métodos de anilise ¢ interpretagio de resultados apresentados neste capitulo referem-se unicamente a ensaios realizados segundo 0 padrio internacional. A velocidade de cravagio deve ser de 20mm/s # 5mm/s, 0 diimetro da luva de atrito deve ser igual ou maior que o didmetro do cone (sem exceder a 0,35mm), a ponteira deve ter Angulo de 60° ¢ rugosidade menor que 0,001mm, A geometria tipica de um cone é mostrada na Figura 3.1; uma foto dos principais componentes do equipamento é apresentada na Figura 3.2 para ilustrar 05 detalhes de montagem do conjunto. O piezocone desmontado permite visualizar 0 elemento poroso e o conjunto de células de carga referentes 4 ponta cOnica, luva de atrito ¢ transdutor de pres: mostradas na Figura 3.3. as de sistemas de cravat . Fotos ilustrat © ensaio de piezocone é hoje uma das mais importantes ferramentas de investigagao geotécnica. Seu uso & recomendado principalmente em depésitos de solos compressiveis e de baixa resisténcia. A precisao do equipamento possibilita estimativas realistas das propriedades do solo, justamente em condigées nas quais outras técnicas de ensaio mostram-se inadequadas, 45 Ensaios de campo e suas aplicacées a Engenharia de Fundagées fT aus essa wo cece L by ORS iY i NY WA tuva de avio | y My ae Mi NY espago entre wa | cease | Y hk ponta cdnica PER LL conector haste-cone vedagso | cabo olétrico célula de atrito AN incinometro N) cétula de medica [a2 ponteira pressio fitro células de carga anelde Dorracha transdutor de presséo (b) Figura 3.1 Mustracao da geometria tipica de um cone (a) Lunne e outros (1997) e (b) Ortigdo (1995) HK) ( O 9 Figura 3.2 Pri equipamento. 46 ipais compont yentes do Um aspecto importante do piezocone é a falta de consenso quanto a localizagfio do elemento filtrante para registro das poro-pres- sdes durante a cravacio (Robertson c outros, 1992; Chen outros, 19945 Danziger ¢ outros, 1996; Schnaid ¢ , 1996). A escolha de uma po- sigio em particular - ponta (u,), base (u,) ou luva (u,) do cone, depende- ri da aplicagiio dada as poro-pressdes outr registradas no ensaio. Sabe-se porém que as medidas de resisténcia 4 penctragio sio influenciadas pelo Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) ‘sistema de aqulsicgo de dados fa) (b) Figura 3.3 Sistemas de cravacao do cone (a) ilustragéo do reboque da COPPE/ RJ (Danzinger, 1998) e (b) operacao do reboque da UFRGS . efeito de poro-pressdes atuando em areas desiguais da geometria do cone (Figura 3.4), necessitando: para calcular a r Jamiolkowski ¢ outros, 198: conhecer as presses neutras medidas na base do cone, uy, encia rea 1 mobilizada no ensaio, q, (Campanella e outros, 1982; q,=9,+(1-a)u, B.1] sendo a= A,/A, O coi conforme ilustrado na Figura 3.4. iente a é facilmente determinado através de calibracio, Analogamente & corresio de q,, 0 atrito lateral pode ser corrigido segundo a expressio: 3.2) reas da base ¢ topo da luva de atrito, respectivamente ca lateral da luva de atrito a7 Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagoes Aaceitagéo do yg 100 , 3 ~ePiezocone A ie piezocone, em Bo | | piezocone 8 | nivel i —[ i Se Be 0 internacional, oy A || Re x i W os reside 5 40 principalmente no 3 potencial do A © i ‘ ° ensaio para ad 0 20 40 89 80 100 caracterizar 0 Pressdo aplicade @ agua (MPa) perfil do subsolo, identificando Figura 3.4 Correcées aplicadas as medidas de ensaios de piezocone inclusive camadas drenantes de Pequena FE fundamental observar a corregio da resisténcia de ponta em todos os espessura. ensaios onde hé monitoramento das poro-pressdcs durante a cravagio, especial- mente para a determinagio de propriedades de argilas moles (ver item 3.3). A corre: do attito lateral nao é, segundo a experiéncia do autor, utilizada na pra- tica de engenharia, até porque u, é raramente medido. Saturagao do piezocone Nio hi diferencas significativas nos procedimentos de ensaio utilizando CPT ¢ CPTU, exceto pelo procedimento necessirio a saturagio do piezocone. O Auido de saturacio pode ser agua deairada, Gleo de silicone ou dleo de glicerina (Robertson & Campanella, 89; Danzinger, 1990; Larson, 1992), havendo ainda experiéncias bem sucedidas com 0 uso de dleo mineral (Soares, 1997). O uso de igua pode acatretar dificuldades de manutengao da saturagio do elemento poro- do piezocone acima do nivel do lengol freatico. so durante a cravagi A saturagio do piezocone é obtida através da aplicagio de vicuo, em ci- mara de calibracio, onde se encontea a pedra porosa imersa no fluide por um petiodo de 2 a 3 horas, Respostas imediatas a aplicagSes de inerementos de ten- sdes na cimara indicam a compl 1 saturagio do sistema, Este proceso é usual- mente realizado em laboratorio previamente & execugio do ensaio, mantendo-se a pedra porosa em imersio até o momento da cravagao. 48. Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) 3.2 Resultados de ensaios Apresentam-se nesta segio resultados tipicos de ensaios de cone ¢ piezocone, com o objetivo de demonstrar as formas convencionais de apresentagio dos resultados ¢ familiarizar 0 Icitor com a interpretagio das informagées obtidas no ensaio. No caso do CPT, as grandezas medidas sfo a resisténcia de ponta q, e 0 atrito lateral f, sendo a razlo de atrito R, (= f,/q. 0 primeiro parimetro derivado do ensaio, utilizado para a classificagio dos solos. Valores de medidas continuas de qo £,€ R, sio plotados ao longo da profundidade na Figura 3.5, na qual apresenta- se o resultado tipico de um ensaio CPT. O ensaio foi realizado na costa de Floriandpolis (“nearshore”), para a consteugio do aterro hidratilico da Via Expres- da estratigeafia do depésito de forma a [a] sa Sul, objetivando a determina orientar o projeto quanto 4 cubagem de arcia disponivel para dragagem ¢ [b] localizar depésitos argilosos de intensa vida maritima, evitando sua perfuragio. a. tkPa fo [kPa] R16) © 10000 20000 0000 100 200 3002 4 6 8 1012 ta aria Site argiloso E é area Sie argioso Figura 3.5 Ensaio CPT tipico em solo sedimentar estratificado 49 Ensaios de campo e suas aplicagées é Engenharia de Fundagées Identifica-se no perfil uma estratigrafin bastante vatidvel com- posta de estratos de areia, argila € silte-argiloso. Note-se que as cama- das de areia sio identificadas por valores de q, relativamente clevados (10.220 MPa) combinados a valores de R, da ordem de 1%. As camadas de argila caracterizam-se por um pa- drio oposto, com baixos valores de Resistencia de cone g, (MPa) 4g, ¢ razbes de atrito acima de 5%. A re ee ; Razao de aio RF(%) classificagio do tipo de solo pode ser obtida através de procedimen- Figura 3.6 Abaco para classificagao do tos graficos que relacionam dircta- tipo de solo sedimentar (Robertson & mente q, x R, (Begemann; 1965; Campanella, 1983). Sanglerat, 1972; Shemertmaann, 1978; Douglas & Olsen, 1981), con forme ilustrado na Figura 3.6, No caso do piczocone, as informaga qualitativas do CPT sio complementadas através de medidas de poro-pressdcs geradas durante o proceso de cravagio, Neste caso utiliza-se um novo parimetro de classificagio dos solos, B, (= %) (4, Fw) B3] sendo u, a pressio hidrostatica ¢ Oy. a tensio vertical i situ. ‘As medidas continuas de resisténcia a0 longo da profundidade, associadas 4 extrema sensibilidade observada na monitoracio das poro-pressdes, possibilita a identificagio precisa de camadas de solos, podendo-se por exemplo detectar camadas drenantes delgadas de poucos centimetros de espessura. © exemplo tipico de um perfil de piezocone é apresentado na Figura 3.7, na qual as medidas continuas de q,, Ry, U,, ¥ € B, S40 plotadas ao longo da profun- didade. Identifica-se, com clareza, a existéncia de uma camada de argila mole de Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) aproximadamente 15 metros de espessura, caracterizada por ba ixos valores de 4, ¢ geracio significativa de excesso de poro-pressdes (u ~ qu € By ~ 1). A ocorrén- cin de uma lente de arcia de pequena espessura & profundidade de 5,5 m é detee- tada pelo aumento pontual de q,¢ Au=0. [kPa] 4, ¥, uol KPa] 100 2009 3000 4000 5000 200 400 600 500 1000020.406081012 2 6 10 TTT rr Profundidade {m} Figura 3.7 Resultado de um ensaio de piezocone na BRIO! em Santa Catarina Diversos autores apresentaram propostas de classificagao dos solos a partit de resultados de piezocone, estando algumas proposigdes consagradas na pritica de engenharia (Senneset & Janbu, 1984; Robertson ¢ outros, 1986). Conforme ilustrado na Figura 3.8, as metodologias de classificago sugerem relacionar q, x B, como indicativo do tipo de solo; as corrclagdes apresentadas sio em geral satisfatorias para a cla ficagio de solos sedimentares brasileiros (Quaresma e outros, 1996; Soares e outros, 1997), porém t temitica em solos residusis. ‘© foram ainda testadas de forma 5t Ensaios de campo e suas aplicacées a Engenharia de Fundagées a a ace Ginna 8) 154 Agia ia Soeeedsan Son duos oré-sdeneacoe) Pose = q Toeriwein aE ea os arainge 1005 See pd eis compacta 3 ote staPaus¢imte, 180) 3 4 2 Keiaie \ 3 neamedaramene [este agiamedia = oe este feo ‘Aagila mato 2 1 so hoe i . Ek of ea a i, Coefclente de poro-pressis, Ba (a) Senneset & Jambu (1984) - incluindo a experiéncia brasileira - 1000, ete 100] o, 0 expontncas | Basle sensiildods 1 1 ‘or 7 ‘0 3A (8) Zonal Comportamento.d sis 1 ‘Solo fino sensivel 2 Material orgénico 3 Agila 4 Agila sitesa—argita 5 Site argiloso ~ argila sitosa 6 _ Site arenoso silt argiloso ° Zona 7 8 9 10 1" os 12 ‘Comportamento do solo ‘Aveiasitosa —sille arenoso ‘Arvia ~ areia siltosa Accia| Areia grossa — areia Solo fine duro 42 _Areia—areia argilosa (cimentagao) {b) Robertson e outros (1986) - incluindo a experiéncia brasileira - Figura 3.8 Sistemas de classificacao das argilas ut pratica brasileira) ando dbacos q, x B, (incluindo a Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) 3.3 Métodos de interpretagao O estado de tensdes ¢ deformag: gerado ao redor de um cone durante a cravacio & bastante complexo ¢ a anilise destas condigdes de contorno sé sivel adotando-se hipéteses simplificadoras ou métodos semi-empiricos de inter- pretagio, A variedade de abordagens & consideravel, podendo ser assim distribu- idas + Método de equilibrio limite (Ferzaghi, 1943) + Método de Expansio de Cavidade (Wésic, 1977, Salgado € outros, 1996) * Método de Penetragio Continua (Battalglio ¢ outros, 1986) * Métodos Numéricos (Houlsby & Teh, 1988; Sandven, 1990; Whittle & Aubeny, 1993) * Método de Trajetéria de Deformagoes (Baligh, 1985; Houlsby & Teh, 1988) + Método Empiticos (De Ruiter, 1982; Lune ¢ outros, 1985; Aas ¢ outros, 1986) Sem intengio de revisar estas abordagens, procura-se apenas apresentar 0 métodos rotineiros de célculo adotados na previsio de parimetros geotécnicos. Para isto, identificam-se as potencialidades de uso do CPT e CPTU (Tabela 3.1) € 08 parimetros geotéenicos passiveis de obtengio (Fabela 3.2). As abordagens fr s © niio-coesivos qiientes na pratica de engenharia, para depésitos coesiv Tabela 3.1 Potencialidades do CPT e CPTU (Battaglio e outros, 1986) _____Investigagao PT cP Perfil do solo Alta Alta Estrutura do solo Baixa Moderada a alta Historia de tensdes Baixa Moderada a alta Variagao espacial das propriedades mecénicas Alta Alta Propriedades mecdnicas Moderada a alta Moderada a alta Caracteristicas de adensamento - Alta Condigées do nivel d’agua - Alta Potencial de liquefagéo Moderada Alta Economia no custo das investigagbes Alta Alta Ensaios de campo e suas aplicagées a Engenharia de Fundagées detalhadas nesta public a interpretagio de ensaios em depésitos de argilas moles, ocorréncia na qual o uso de ensaios SPT nao atende as necessida. des basicas de projeto. Tabela 3.2 Relacao dos parametros de solos derivados de ensaios de piezocone (Chen & Mayne, 1994) Parametros do Solo Referéncias Classificagao do solo Robertson (1990); Senneset & Janbu (1984) Estado de tensées jn situ (K,) Mitchell & Masood (1994) Angulo de atrito efetivo (¢') Senneset & Janbu (1984); Sandven (1990) Médulo cedométrico (D) Kulhawy & Mayne (1990) Médulo cisathante (Grox) Mayne & Rix (1993) Historia de tensbes (o}, OCR) Chen & Mayne (1994) Sensibilidade (S:) Robertson & Campanella (1988) Resisténcia ndo-drenada (S,) ‘Aas € outros (1988); Konrad & Law (1987) Condutividade hidréulica (kK) Robertson e outros (1992) Coeficiente de adensamento (C1) Baligh (1986); Houlsby & Teh (1988) Peso especffico aparente ¢y) Larsson & Mulabdic (1993) Intercepto de coestio efetiva (c}) Senneset e outros (1989) 3.4 Parametros geotécnicos em argilas Correlagdes usua na interpretag%io de ensaios de cone sio apresentadas a seguir, da estimativa da resisténcia ao cisalhamento s, médulo de deformabilidade e coeficiente de fio-drenada, historia de tens6 adensamento. 3.4.1 Resisténcia ao cisalhamento nao-drenada O ensaio de cone mede a resisténcia A penetragio no terreno € os resultados podem ser usados na estimativa da resisténcia 20 cisalhamento do solo. A resisté é determinada através das equacdes: Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) 3.4] ou Para depésitos argilosos, a estimativa do valor de N, (ow N,,, fatores de agio das teorias de capacidade de carga) pode ser obtida através da simples aplic: do método de trajetdria de deformagdes, No caso mais cquiltbrio-limite ou atra simples, relaciona-se a medida de re isténcia de ponta do cone q, (ou q) com a resisténcia nio drenada S, medida através de ensaios de Palheta (ver Capitulo 4), possibilitando a determinagao direta dos fatores de cone: ny, =@ ou 13.5] Um exemplo de obtengio de fator N, através da relacio entre ensaios de I he cS cone ¢ palheta é apresentado na F ‘igura 3.9, obtido em um programa de investiga- gio geotécnica no depésito de argilas ur moles da regiio da Grande Porto Ale- ed) ‘i gre, RS. Observa- ena figura uma dis- a medi- persio consideravel nos valores dos, que pode ser atribuida a fatores as- sociados & execugio do ensaio: veloci- 00 dade de pene o e amolgamento, vatiabilidade do solo: anisotropia de re- a sisténcia, indice de rigidex ¢ indice de plasticidade, segundo Lunne ¢ outros = (1976), Aas © outros (1986), Houlsby © %? (1988) © Schnaid e outros (1993). Nes- © te exemplo os valores de N,, variam en- 400 tre 8 € 16, podendo-se adotar um valor médio de 12, A previsio da resisténcia ao p 1 partir dos cisalhamento nao-drenad sou do empirismo 4 racionalidade Figura 3.9 Fator do cone N,, para trabalhos pionciros de Baligh (1986), a regido metropolitana de Porto aumentando o grau de confiabilidade Alegre 55 Ensaios de campo e suas aplicagées & Engenharia de Fundacées de N atribuido : determinagio de S,, Esta abordagem permite a determina segundo a expressio (Houlsby & Teh, 1988): ~18A [3.6] 1, Ng = Ny(U25+ 555) +2404, — sendo: N, = 4/3 [L+In(1.)] = pressio limite de cavidade indice de tigidex = G/S, Z(t)! 8,) = fator de adesio na face do cone (0 < o, < 1) 01, = fator de adesio no fuste do cone (0 4 104 7 T, T T T. T T T. T, om 6 UOC Indice de Plasticidade IP (%) (© - Eecancndvia(jertum & Simons, 1960) A. Ro Grande (Diae& Bastos, 1994) 1 “Lesle do Canad (Lerquel et al, 1988-0) $ = Porto ogre (Sehnaid, 1990) : SudoesteAsitca (Cov, 1970) cif (Coutino etal 1999) Bouts V- Rio Qutombo (SP)-drabe, 1995) @ ‘Agia mole do Rio de Janeiro (Almeida, 1986) WV. Rio Moj (SP)-(Arabe, 1935) Figura 3.15 Correlagao entre 9’ ¢ IP para argilas normalmente adensadas Capitulo 3 - Ensaios de Cone (CPT) e Piezocone (CPTU) A estimativa do coeficiente de empuxo em repouso de solos cocsivos, com base em resultados de CPTU, constitui uma abordagem atrativa para complemen- tar as informagdes obtidas a partir dos métodos tradicionais. A formulagio basica proposta por Kulhawy ¢ outros (1985) ¢ Mayne e Kulhawy (1990) é sugerida para esta finalidade: [3.15] Um exemplo de aplica apresentado na Figura 3.16, com- binado-se as previsées de CPTU (equasio 3.15) com téenie: sagradas: ensaios pressiométricos con- (wer Capitulo 5) ¢ ensaios triaxiais usando a formulagio de Mayne ¢ Kuthawy (1982). Embora os valo- res medidos e previstos de K, se- Profundidade (m) jam compariveis entre sie compa- tiveis com as caracteristicas do de- WE Pressimeto G) Eneaioe tinsnis- Mayne & Kulhavy (1982) 7} CTPU-Kuthany ott (1985) 0, sugere-se cautela no uso des: engenharia, dado tica de s cortelagdes na pi uu cardter Figura 3.16 Variagao de K, com a empirico. profundidade em Porto Alegre, RS 3.4.4 Médulo de deformabilidade © médulo de deformabilidade nao-drenado (médulo de Young, B,) é sensivel a fatores como histéria de tensdes, nivel de deformagdes cisalhantes, entre outros (e.g, Ladd € outros, 1977). Na medida em que a penetragio do cone € insensivel a esses fatores, as relagdes entre resistencia de ponta ¢ médulo de deformabilidade devem ser tratadas com prudéncia, merecendo as mesmas restrigdes ja descritas para o ensaio SPT. 63

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