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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO RURAL

JAIME ARMANDO MACHAVA

Regiões Agro-ecológicas de Moçambique “Região Norte”

Beira

2023
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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO RURAL

JAIME ARMANDO MACHAVA

Regiões Agro-ecológicas de Moçambique “Região Norte”

Trabalho de pesquisa submetido ao Curso de


Gestão Ambiental e desenvolvimento
comunitário, na disciplina de Estudos de
Recursos Pedológicos, como requisito para
obtenção do grau académico de Licenciatura
em Gestão Ambiental e desenvolvimento
comunitário.

Docente:

Dr. Mário Silva Uacane

Beira

2023
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Índice

Introdução...................................................................................................................................2

Agroecologia...............................................................................................................................3

A Regionalização agroecológica.................................................................................................4

Principais características da agroecologia..................................................................................6

Critérios da regionalização agroecológica..................................................................................7

Principais regiões agroecológicas da Região Norte....................................................................8

A Região de média altitude da Zambézia, Nampula, Tete, Niassa e Cabo Delgado (R7)..........8

A Região Litoral de Zambézia, Nampula, e Cabo Delgado (R8)...............................................9

A Região interior do norte de Cabo Delgado (R9)...................................................................10

A Região de alta altitude da Zambézia, Niassa, Angónia e Manica (R10)...............................10

Os desafios e boas práticas para a conservação dos recursos naturais.....................................11

Conclusão..................................................................................................................................12

Referências bibliográficas.........................................................................................................13
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Introdução
A agroecologia, por sua vez, é uma ciência que busca integrar os princípios ecológicos com a
agricultura, promovendo sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes. Ela enfatiza a
utilização de práticas que respeitam os processos naturais, preservam a biodiversidade,
promovem a saúde dos solos e a conservação dos recursos hídricos.

Nesse contexto, a regionalização agroecológica desempenha um papel fundamental na gestão


sustentável dos recursos naturais. Ela permite identificar as características únicas de cada
região e direcionar as práticas agrícolas de acordo com essas particularidades, levando em
consideração a proteção do meio ambiente, a sustentabilidade econômica e a melhoria da
qualidade de vida das comunidades rurais.

A zona ou região agroecológica é definida como sendo uma região agropecuária homogénea
em termos de clima, relevo e solos e que apresenta sistemas de produção semelhantes.

A zona agroecológica apresenta características naturais específicas que a torna distinta das
outras para o desenvolvimento de certas actividades agropecuárias, cuja exploração em outros
locais é difícil. Em seguida, faz-se uma caracterização das 10 zonas agroecológicas proposta
pelo IIAM (1994).
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Agroecologia
Uma das origens da agroecologia como prática, ocorreu em 1970 na América Latina
(HERNÁNDEZ XOLOCOTZI, 1977). Por volta da década de 1990, o uso da palavra
“agroecologia” surgiu para reconhecer o conjunto de práticas agrícolas que visavam o
desenvolvimento de uma agricultura mais “sustentável” e “amiga do ambiente” (WEZEL et
al., 2009).

Alguma das práticas citadas por Wezel et al., (2009), foram as práticas como a conservação
de recursos naturais, gestão adaptada a fertilidade do solo e conservação da
agrobiodiversidade, sendo estas, as bases práticas para os diferentes movimentos
agroecológicos.

A vulgarização do uso da expressão agroecologia tem levado muitas pessoas a confundir


Agroecologia com um tipo de agricultura, o que significa um reducionismo com respeito à
pontecialidade que possui o enfoque agroecológico para o desenho de agriculturas
sustentáveis e novas estratégias do desenvolvimento rural. Por esta razão, é importante
reafirmar os conceitos de Agroecologia como matriz disciplinar ou como uma nova ciência
multidisciplinar, do campo do “pensamento complexo”, o que determina a existência de
diversas bases conceituais, quando se busca definir o que é a Agroecologia.

Como afirma Guzmán Casado et al., (2000), a “Agroecologia é um enfoque científico que
reúne vários campos do conhecimento, incorporando reflexões teóricas e avanços científicos
de distintas disciplinas”. Deste modo, desde uma perspectiva mais agronômica a
Agroecologia poderia ser definida como sendo a “aplicação dos princípios e conceitos da
Ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis.

Entretanto, tanto Altieri como Gliessman, que são seguramente os dois ícones da pesquisa e
do ensino neste campo de conhecimento, ampliam seus conceitos de Agroecologia, fugindo
da estreiteza do pensamento cartesiano, ao proporem a incorporação de aspectos
socioculturais e econômicos. Por exemplo, segundo Altieri (1989): a Agroecologia é uma
ciência que fornece os princípios ecológicos básicos para estudar, desenhar e manejar
agroecossitemas produtivos, que conservem os recursos naturais, que sejam culturalmente
apropriados, socialmente justos e economicamente viáveis.
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De igual forma, de acordo com Hecht (1989) a Agroecologia representa uma forma de
abordar a agricultura que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, aos problemas
sociais e à sustentabilidade ecológica do sistema de produção.

A Regionalização agroecológica
A regionalização agroecológica é um conceito fundamental para a promoção da agricultura
sustentável e da segurança alimentar. Ela reconhece que os diferentes ecossistemas possuem
características únicas, como clima, solo, relevo e biodiversidade, que influenciam diretamente
a produção agrícola (CAPORAL; COSTABEBER, 2004).

Ao considerar a regionalização agroecológica, os agricultores e os planejadores agrícolas


levam em conta as especificidades de cada região, adaptando as práticas agrícolas às
condições locais. Isso resulta em sistemas agrícolas mais resilientes, eficientes e em harmonia
com o meio ambiente (GLIESSMAN, 2000).

Segundo Arrignon (1987), a importância da regionalização agroecológica pode ser vista em


vários aspectos:

Conservação dos recursos naturais: Ao levar em consideração as características locais, é


possível implementar práticas agrícolas que ajudem a preservar os recursos naturais, como a
água e o solo. Por exemplo, em áreas com escassez de água, técnicas de irrigação mais
eficientes podem ser adotadas. Além disso, a escolha adequada de culturas e sistemas de
rotação de culturas pode contribuir para a saúde do solo.

Proteção da biodiversidade: Cada região possui uma diversidade de espécies de plantas,


animais e microrganismos específica. A regionalização agroecológica considera essa
diversidade e busca maneiras de promover a coexistência entre a agricultura e a
biodiversidade. A proteção dos habitats naturais e a promoção de práticas agrícolas que não
prejudiquem os ecossistemas são fundamentais para a conservação da biodiversidade.

Adaptação às mudanças climáticas: As mudanças climáticas representam um desafio


significativo para a agricultura. A regionalização agroecológica permite que os agricultores
identifiquem as melhores práticas e culturas adaptadas às condições climáticas de suas
regiões. Isso inclui a seleção de variedades de culturas resistentes a estresses térmicos, secas
6

ou inundações, bem como a implementação de estratégias de conservação de água e manejo


adequado dos solos.

Segurança alimentar e soberania: A regionalização agroecológica fortalece a segurança


alimentar e a soberania dos países, permitindo que produzam uma diversidade de alimentos
em quantidade suficiente para atender às necessidades da população local. A diversificação
das culturas e a promoção da agricultura familiar são estratégias importantes nesse contexto,
reduzindo a dependência de monoculturas e de sistemas agroindustriais.

Promoção do desenvolvimento local: Ao considerar as especificidades regionais, a


regionalização agroecológica promove o desenvolvimento local e a economia rural. Ela
incentiva a valorização dos saberes tradicionais, o intercâmbio de conhecimentos entre os
agricultores e a promoção de cadeias produtivas mais curtas, com maior participação dos
agricultores familiares.

Principais características da agroecologia


A agroecologia é uma abordagem que busca integrar os princípios ecológicos, sociais e
econômicos na agricultura. Ela se baseia na compreensão dos sistemas agrícolas como parte
integrante dos ecossistemas naturais, buscando promover a sustentabilidade, a diversidade e a
resiliência dos sistemas de produção de alimentos (GLIESSMAN, 2000).

As principais características da agroecologia incluem:

Sustentabilidade: A agroecologia busca promover práticas agrícolas sustentáveis que sejam


ambientalmente amigáveis, minimizando o uso de recursos não renováveis, reduzindo a
dependência de insumos químicos e promovendo a conservação dos ecossistemas.

Diversidade: A agroecologia valoriza a diversidade biológica e promove a utilização de


sistemas agrícolas diversificados, como a agrofloresta, rotação de culturas, consórcios e
criação de animais integrada, visando aumentar a resiliência dos sistemas de produção.

Ciclos biológicos: A agroecologia busca utilizar os ciclos naturais, como a ciclagem de


nutrientes e a regulação de pragas, como forma de manejo dos sistemas agrícolas, em vez de
depender excessivamente de insumos externos.
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Participação social: A agroecologia enfatiza a participação ativa das comunidades locais,


incluindo agricultores, consumidores e outros atores sociais, no planejamento, implementação
e tomada de decisões relacionadas à produção de alimentos.

Promoção da saúde e segurança alimentar: A agroecologia busca promover a produção de


alimentos saudáveis e nutritivos, livre de agrotóxicos e substâncias prejudiciais à saúde
humana, bem como fortalecer a segurança alimentar local.

Valorização do conhecimento local: A agroecologia reconhece o conhecimento e a


experiência dos agricultores tradicionais e indígenas, valorizando suas práticas e tecnologias
adaptadas às condições locais.

Equidade social: A agroecologia busca promover a justiça social e a equidade no meio rural,
valorizando a agricultura familiar, apoiando a soberania alimentar das comunidades e
combatendo as desigualdades sociais.

Essas características estão interligadas e refletem a abordagem holística da agroecologia, que


busca integrar a agricultura com os princípios ecológicos, sociais, culturais e econômicos em
busca de sistemas de produção de alimentos mais sustentáveis e resilientes

Critérios da regionalização agroecológica


Os critérios da regionalização agroecológica podem variar de acordo com as características
específicas de cada região e os objetivos pretendidos. No entanto, existem alguns critérios
comumente considerados na elaboração de estratégias de regionalização agroecológica. Aqui
estão alguns exemplos:

Características climáticas: O clima é um fator fundamental a ser considerado na


regionalização agroecológica. As condições climáticas, como temperatura, precipitação,
regime de chuvas e variações sazonais, influenciam a escolha das culturas, o manejo da água e
outras práticas agrícolas adequadas a cada região.

Tipos de solo: As propriedades do solo, como textura, drenagem, fertilidade e capacidade de


retenção de água, são critérios importantes na regionalização agroecológica. Cada tipo de solo
pode requerer práticas específicas de manejo, como adubação orgânica, conservação do solo e
técnicas de manejo da fertilidade.
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Biodiversidade local: A regionalização agroecológica considera a biodiversidade presente em


cada região. Isso envolve a identificação e a preservação de espécies nativas, a proteção de
habitats naturais e a promoção de práticas agrícolas que incentivem a diversidade de plantas e
animais.

Culturas e sistemas de produção tradicionais: Valorizar e respeitar os sistemas de produção


agrícola tradicionais e as culturas locais é um critério importante na regionalização
agroecológica. Isso envolve reconhecer e promover práticas agrícolas adaptadas às condições
locais, assim como resgatar e preservar variedades de culturas tradicionais.

Condições socioeconômicas: As características socioeconômicas dos agricultores e


comunidades locais são levadas em consideração na regionalização agroecológica. Isso inclui
aspectos como o acesso a recursos, a infraestrutura rural, as formas de organização
comunitária e as demandas e necessidades específicas das comunidades rurais.

Indicadores de sustentabilidade: A regionalização agroecológica também pode levar em conta


indicadores de sustentabilidade, como a eficiência no uso de recursos, a minimização do
impacto ambiental, a segurança alimentar, a justiça social e a viabilidade econômica.

Principais regiões agroecológicas da Região Norte


A zona ou região agroecológicas é definida como sendo uma região agropecuária homogénea
em termos de clima, relevo e solos e que apresenta sistemas de produção semelhantes. A zona
agroecológica apresenta características naturais específicas que a torna distinta das outras para
o desenvolvimento de certas actividades agropecuárias, cuja exploração em outros locais é
difícil.

São zonas agroecológicas as áreas com características naturais especificas e que as tornam
particulares para o desenvolvimento de certas actividades agropecuárias. Elas são usadas
como meio para definição de politicas e estratégias de desenvolvimento do sector
agropecuário do pais e de outros programas de desenvolvimento rural. O Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) apresenta dez zonas ou regiões agroecológicas
(Figura 1).
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A Região de média altitude da Zambézia, Nampula, Tete, Niassa e Cabo


Delgado (R7)
É a mais extensa das regiões e compreende as áreas com altitude
média das Províncias da Zambézia (Alto Molocué, Lugela, Ile, Gilé e Namarroi), Nampula (
Murrupula, Nampula-Rapale, Ribaué, Lalaua, Mecuburi e Muecate), Tete (Moatize e Chiuta)
Cabo Delgado (Namuno, Balamae Montepuez) e Niassa (Mecanhelas,Cuamba, Maúa,
Majune, Mecula, Marrupa, Mavago, Lago, N’gauma, Metarica, Nipepe e Muembe). Ocupa
uma área de 234.236 km2;

A precipitação média anual e evapotranspiração potencial variam entre 100 e 1400 mm;
algumas zonas desta Região possuem temperaturas mais altas (acima de 25ºC) e outras
moderadamente quentes (entre 20 e 25 ºC). A textura dos solos é variável e consistente com a
topografia.

As culturas de maior importância são o milho, a mandioca, o algodão, o amendoim, a mapira,


o cajueiro, a bananeira e feijões. O milho e a mandioca são culturas principais, aparecendo
geralmente consociadas com feijões. O arroz e batata-doce são produzidass nas zonas baixas.
As culturas alimentares mais convenientes em termos de rentabilidade e contribuição
alimentar são o arroz, mandioca e milho, contudo a difusão do arroz é bastante limitada pela
disponibilidade de regadios. As culturas de rendimento mais comuns são o algodão, o milho e
a mandioca, seguidas de amendoim. Na parte mais ocidental da Região a castanha de cajú é
uma cultura muito importante como fonte de alimento e receitas familiares; a criação de
cabritos e galinhas é outra actividade importante na Região.

Em quase toda a região há um grande potencial para produção de algodão, a qual tem sido
praticada desde várias décadas. Com os actuais rendimentos agronómicos e preços do algodão
parece que esta não é uma cultura economicamente viável. Nesta zona o tabaco afigura-se
como uma cultura de rendimento promissora. Esta Região possui um alto potencial humano e
agro- ecológico.

A Região Litoral de Zambézia, Nampula, e Cabo Delgado (R8) 


A Zona Agroecológica 8 compreende a costa litoral que se estende desde Pebane, na
Província da Zambézia até Quionga, na Província de Cabo Delgado.
10

Compreende os distritos de Moma, Mogovolas, Angoche, Mongincual, Meconta, Monapo,


Mossuril, Erati, Nacala-Velha, Nacala-Porto, Ilha de Moçambique e Memba (Província de
Nampula), Chiúre, Acuabe, Mecufi, Pemba-Metuge, Quissanga, Meluco, Macomia,
Muidumbe, Mocímboa da Praia Nangade e Palma (Província de Cabo Delgado) e Pebane
(Província da Zambézia). Ocupa uma área de 87,556 km2;

A precipitação média anual varia entre 800 e 1200 mm e a evapotranspiração varia entre
1400mm e 1600 mm; os solos em geral são arenosos, sendo pesados nas zonas mais baixas. O
sistema de produção é caracterizado pela produção de mexoeira e mandioca; em geral a
mandioca encontra consociada com amendoim e feijões. Nas zonas baixas o arroz é cultivado
para auto-consumo familiar. A castanha de cajú e fonte importante de receitas familiares.

A criação de cabritos e galinhas é uma actividade importante na Região. Outras estratégias de


sobrevivência utilizadas pelas famílias consistem no aproveitamento de recursos florestais
(produção de carvão, corte de lenha, bambú e capim para cobertura de casas).

Constrangimentos: falta de serviços sociais básicos, baixo nível de emprego, baixa fertilidade
dos solos, grande pressão da população sobre o meio ambiente, rico de doença de Newcastle
nas galinhas e risco de infestação de mosca tse-tse.

A Região interior do norte de Cabo Delgado (R9)


É a mais pequena e compreende o planalto de Mueda e parte do distrito de Macomia. Ocupa
uma área de aproximadamente 14 150 km2.

A precipitação média anual é de 1000-1200 mm e a correspondente evapotranspiração


potencial varia entre 1200 e 1400 mm. As chuvas são concentradas entre Dezembro e Março e
são geralmente regulares; os solos são variáveis, ocorrendo os solos pesados nas zonas mais
baixas.

O milho é a cultura dominante e cultivada em consociação com amendoim feijões e mapira,


por causa desta consociação os rendimentos de milho na segunda época são mais altos em
comparação co m a primeira época. O arroz, bananas e cana doce são produzidos nas zonas
baixas do planalto. A castanha de cajú é uma cultura de rendimento importante região. Os
principais constrangimentos: alto risco de mosca tsé-tse, rico de Newcastle, baixa fertilidade
11

dos solos, grande pressão da população sobre o meio, falta de sistemas de distribuição de água
e falta de serviços de específicos de investigação.

A Região de alta altitude da Zambézia, Niassa, Angónia e Manica (R10)


Encontra-se dispersa nas Regiões Norte e Central de Moçambique e compreende as regiões
com altitudes acima dos 1000 metros, nomeadamente os planaltos de Lichinga, na Província
de Niassa, Angónia, Machanga Marávia e Tsangano, na Província de Tete, Gurué e Milange,
na Província da Zambézia e Serra Choa e Espungabera, na Província de Manica. Ocupa uma
área de 65,414 km2.

A precipitação média anual excede 1200mm e a temperatura média do ar durante o período


varia entre 15 e 22.5 ºC; os solos são em geral ferrasolos com textura pesada. Nesta Região o
milho é cultura dominante, e possui um grande potencial de produção nesta Região; o milho e
os feijões constituem culturas alimentares principais; as culturas principais de rendimento são
os feijões e batata.

A terra é intensivamente usada. Após a colheita de batata uma segunda sementeira de feijões
tem lugar. Durante a época fresca nos vales é plantado banana vegetais batata, milho e batata
doce, basicamente para auto consumo. Há produção de pequena escala significante de gado
bovino e uma produção extensiva de suínos no distrito de Angónia.

Figura 1ː zonas Agroecológicas de


Moçambique
12

Fonte: IIAM, MASA/Moçambique, apud Anuário de Estatísticas agrária 2015.

Os desafios e boas práticas para a conservação dos recursos naturais


Desafios para a conservação dos recursos naturais:

Desmatamento e perda de habitat: A expansão da agricultura, especialmente o desmatamento


para abrir áreas agrícolas, pode levar à perda de habitat e redução da biodiversidade.

Esgotamento do solo: A agricultura intensiva, sem práticas de manejo adequadas, pode levar
ao esgotamento do solo, resultando em perda de fertilidade e degradação. Uso insustentável
da água: A gestão inadequada dos recursos hídricos, como o uso excessivo de irrigação ou a
poluição da água, pode levar à escassez de água e à degradação dos ecossistemas aquáticos.

Uso excessivo de agroquímicos: A aplicação indiscriminada de agroquímicos, como


pesticidas e fertilizantes químicos, pode resultar em poluição do solo, da água e na redução da
biodiversidade.

Boas práticas para a conservação dos recursos naturais:

Agroecologia e sistemas agroflorestais: A adoção de práticas agroecológicas, como


agrofloresta e sistemas agroflorestais, promove a conservação da biodiversidade, a melhoria
da fertilidade do solo e a proteção dos recursos hídricos.

Manejo integrado de pragas e doenças: A implementação de técnicas de controle biológico,


rotação de culturas e monitoramento constante das pragas e doenças reduz a dependência de
agroquímicos e minimiza os impactos negativos no ambiente.

Conservação do solo: A implementação de técnicas de conservação do solo, como a cobertura


vegetal, a construção de terraços e a prática de rotação de culturas, reduz a erosão e melhora a
estrutura e fertilidade do solo.
13

Uso eficiente da água: A adoção de técnicas de manejo da água, como sistemas de irrigação
eficientes, coleta de água da chuva e uso de práticas de retenção de água, ajuda a conservar e
utilizar de forma sustentável os recursos hídricos.

Participação comunitária e capacitação: O envolvimento ativo das comunidades locais,


juntamente com a capacitação e treinamento em práticas agrícolas sustentáveis, fortalece a
conservação dos recursos naturais e promove a sustentabilidade agrícola.

Conclusão
A regionalização agroecológica desempenha um papel fundamental na gestão sustentável dos
recursos naturais, promovendo a adaptação das práticas agrícolas às características específicas
de cada região. Ao classificar as regiões com base em critérios como clima, solo, vegetação e
relevo, é possível identificar as potencialidades e limitações de cada área, orientando as
decisões relacionadas ao uso da terra, conservação dos recursos naturais e promoção da
agricultura sustentável

A conservação dos recursos naturais em regiões agroecológicas enfrenta desafios


significativos, como desmatamento, erosão do solo, escassez de água e uso excessivo de
agroquímicos. No entanto, existem diversas boas práticas que podem ser adotadas para
enfrentar esses desafios, como o uso de técnicas agroecológicas, manejo integrado de pragas,
conservação do solo, uso eficiente da água e envolvimento comunitário.

É importante ressaltar que as práticas e iniciativas devem ser adaptadas às características e


necessidades específicas de cada região, levando em consideração os conhecimentos
tradicionais e a participação ativa das comunidades locais. A conservação dos recursos
naturais e a promoção da agricultura sustentável requerem esforços conjuntos de agricultores,
pesquisadores, instituições governamentais, organizações da sociedade civil e consumidores
conscientes.
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