Você está na página 1de 6

SEMETINHAS DE ESPERANÇA DA INCLUSÃO SOCIAL

Para Beno Selhorst


(responsável pelo projeto que deu origem ao Sementinha)
“Uma sementinha brota, cresce e produz frutos, basicamente pela força própria
que carrega em si, e pelo meio externo que está inserida. As mulheres do
grupo sementinha carrega em si suas histórias de resistência, de luta pela
sobrevivência, de entrega cotidiana, para que elas mesmas, suas famílias e
seu meio circundante – as classes populares – consigam sobreviver à
espoliação ininterrupta a que estão submetidas. O Sementinha, embora
carregando o “vício” de ter sido fundado por assessores externos, conseguiu
impor sua própria lógica. Progressivamente foi assumindo a condução de sua
própria história, assimilando apenas o que julgava aproveitável da colaboração
dos técnicos externos, reforçando e aperfeiçoando seu saber e suas práticas já
sedimentadas e caminhando, às vezes, por meios de paradas silêncios, outras,
por meios de gritos e arrancadas... O que me impressiona nesse grupo
enquanto mulheres e cidadãos é a consciência de que seu serviço e atuação
organizada não é indiferente para a história das lutas populares para mais
saúde e melhor vida. “(Guia do bem-estar. CEPE- SDE- ENSP-FIOCRUZ-
1998).

Entre diversas comunidades que hoje fazem parte do Complexo de Favelas da


Penha, o Caracol tinha as sementinhas Matilde, Neusa e Maria de Lourdes que
iniciaram neste projeto junto com O Padre Beno, responsável da Pastoral, que
fundou em 1987 o grupo “Sementinha Serviços Comunitários.”

O morro do Caracol teve uma história de inclusão social com padre Carlos,
padre Beno e a freira Natalia ...levando a evangelização morro acima.
movimento que umas senhoras da comunidade já faziam e através delas o
padre e a freia subiam o morro. (Francis)

Felix:
O trabalho pastoral teve início com a vinda da Freira Natália e alguns
seminaristas, vindo de Taubaté através dos padres Carlos e Beno, com apoio
da pastoral de favelas da igreja do Bom Jesus foi muito interessante no Caracol
teve o grupo da parte baixa do Caracol e o grupo da parte alta onde a igreja fez
uma capela próximo do Sivuca chamada Igreja da Pedra, uma pena… hoje é
uma creche.
Lembrança da dona Francisca Tavares Lima (9... anos)

Eu, me lembro dessas pessoas era a Matilde a Neide,


a Neusa, a Lurdes ah! Deixa-me ver, lá da Chatuba era dona Mariazé, Lurdinha
da Merendiba eu sei só destas que eu me lembro que eu conhecia, tinha outras
pessoas, mas eu não lembro mais só sei quem inventou o grupo a sementinha
da horta que fazia os remédios, sabonete, xarope foi o Beno que Inventou de
fazer a horta, aí ele arrumou as mulheres para fazer o trabalho das
sementinhas, onde tinha um curso no Posto XI aonde elas iam para lá estudar
com os médicos para fazer os remédios.
Hercules: Parabéns! dona Francisca a senhora tem boa memória!
Lourdes :
O grupo sementinha tinha uma horta de ervas medicinais que ficava na rua
Santa Luzia, onde o padre Beno morava. Tinha várias mulheres que se reunião
para fazer xarope, até hoje tem algumas que ainda fazem, mais não tem mais a
casa e nem a horta. O grupo acabou. Mas era muito bom esse grupo, elas
também eram agentes de saúde que faziam curativos nas pessoas em casa.
Lá não tinha costura isso já e outro grupo.
Maria Jose da Costa
Eu acho o Sementinha bom, praticamente vi ele nascer. Eu já precisei da
Neuza e Matilde. Eu e minha filha fomos atropeladas por um carro, ficamos
dois meses e meio precisando dos serviços das agentes. Então fui muito bem
atendida. Durante dois meses e meio tive um tratamento melhor do que feito
por um médico ou por farmácia. Toda semana verifico a pressão. A Neuza me
dá um alerta quando sobe muito e manda eu procurar um médico. Pobre não
aguenta ficar pagando farmacêutico para tirar pontos ou tomar injeção. O
hospital Getúlio Vargas está sempre em greve, a gente nem pode ir lá tomar lá
tomar uma injeção. Antes de aparecer o Sementinha, aqui na comunidade não
tinha serviço.( https://www.victorvincentvalla.com.br/wp-content/uploads/Guia-
do-Bem-Estar.pdf ).

EM 29/07/2004 A SEMENTINHA FOI NOTÍCIA EM UM JORNAL ONLINE

Mulheres usam ervas contra doenças


Com flores, folhas e cascas de árvore elas preparam xaropes, tinturas e chás
que aliviam as mais diversas doenças. Há 19 anos, um grupo de mulheres do
Complexo do Caricó, na Penha (Zona Norte carioca), vem realizando um
trabalho de saúde e de resgate da sabedoria popular. O projeto Sementinha
leva receitas simples e de baixo custo aos moradores de favelas na região.
Nas duas hortas cultivadas por elas, há cerca de 45 variedades de plantas
usadas para muitos fins. "A gente se reúne para trabalhar as ervas e fazer
diversos produtos. Vendemos para quem precisa pelo preço de R$ 2, só para
ajudar a pagar o custo de alguns materiais", conta Antônia Salustiano da
Costa, de 62 anos, moradora do Parque Proletário. Parte da produção do grupo
é distribuída entre outras 48 comunidades através da Associação de
Moradores do Morro do Caracol.

O grupo começou a se reunir em encontros promovidos pela Pastoral das


Favelas da Penha, em 1985. "Naquela época não tinha tantos médicos e era a
gente que socorria e orientava as pessoas, tirava pressão, receitava e
cadastrava as casas que tinham pessoas acamadas", lembra Maria Catarina,
62, outra moradora do Parque Proletário.

As receitas de medicina popular à base de ervas já eram usadas por elas como
tratamentos alternativos e mais baratos. Para juntar o conhecimento de todas e
viabilizar um trabalho coletivo, uma casa para sediar as reuniões foi construída
em um terreno doado pelo padre Beno Selhorst, o responsável pela fundação
do projeto junto à pastoral. Logo surgiram as hortas comunitárias - uma no
Parque Proletário, ao lado da sede do grupo, e outra na Merendiba.

"Começamos a plantar as ervas que a gente conhecia da roça. Como lá não


tinha médico, era com as plantas que o povo se tratava", conta Antônia, que
mora a algumas casas da horta principal e é responsável por sua manutenção
diária. "Esta sabedoria quem nos passou foram nossas avós e bisavós, na
época em que as parteiras faziam os partos e aprendiam seu ofício com a
curiosidade", lembra Creusa da Costa Veríssimo, 76 anos, a integrante mais
velha do grupo, moradora da Merendiba. Nascida em Campina Grande, na
Paraíba, ela mudou-se para o Rio de Janeiro aos 21 anos. Casada, criou seus
três filhos, neto e três bisnetos com os chás e xaropes que usava na sua terra
natal.

Treinadas pela equipe da pastoral para atuarem como agentes de saúde da


comunidade, de casa em casa, elas passaram a transmitir noções de higiene,
cuidados pessoais, aplicar injeções, fazer curativos e distribuir receitas. "A
gente encontrava alguém doente nas casas e encaminhava para o médico. Era
aí que a pessoa piorava, porque o remédio era muito caro e quase ninguém
podia fazer os tratamentos", conta Creusa, que tem sempre uma receita para
dar. Ao longo dos anos elas se tornaram referência na comunidade. “Volta e
meia aparecem algum menino machucado lá em casa dizendo: ‘Tia, tem
aquele remédio que dói?", diz Catarina, referindo-se ao "santo merthiolate
caseiro", uma tintura de cascas de aroeira e de caju, em álcool de cereais.
Os resultados positivos do trabalho são comprovados até mesmo pelos
profissionais de saúde da região. "O efeito expectorante dos xaropes feitos
pelo Sementinha é excepcional. É um trabalho formidável que aproveita os
recursos disponíveis e acessíveis a todos", opina Dr. Maurício de Oliveira
Ferreira, médico do Programa Saúde da Família que atende no posto de saúde
do Grotão, no próprio Complexo. Acompanhando o projeto há 15 anos, a
educadora de terapias naturais Carla Moura ressalta a confiança que a
comunidade deposita no grupo: "Elas conhecem a comunidade como ninguém
porque vão em cada casa, fazem curativos, aplicam injeções e até levam para
hospital em caso de urgência. São muito respeitadas por todos".

Encontro de gerações

Da formação inicial do grupo de 13 mulheres permanecem apenas quatro. As


pioneiras são imigrantes de Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Norte e do
interior do Rio de Janeiro. Hoje, o Sementinha é formado também por cinco
representantes da segunda geração do trabalho. "Nasci e me criei na
comunidade e estou no projeto há 15 anos", conta Maria de Lourdes dos
Santos Gomes, 38, moradora do Morro do Caracol e filha de Neusa Dias dos
Santos, uma das integrantes iniciais.

De tanto recorrer às vizinhas para saber o melhor jeito de tratar uma dor de
barriga ou um resfriado nos filhos, Solange José Raimundo de Abreu, 40,
moradora do Caracol, juntou-se ao grupo. "Estava sempre tocando na casa
delas e comecei a me interessar em plantar as ervas também", conta. Sempre
que algum de seus quatro filhos fica doente, ela aplica uma receita caseira e o
resultado, segundo ela, é imediato. "Meu marido achava que esse negócio de
chazinho não adiantava nada. Mandava dar remédio de farmácia. Mas com o
tempo, começou a ver que funcionava e mudou de opinião, até porque é bem
mais barato", empolga-se a mais nova integrante do grupo.

Já Maria de Lourdes começou a se engajar no Sementinha como professora


das turmas de alfabetização para adultos que funcionava na sede. Atualmente,
cerca de 25 crianças têm aulas no local, com idades entre 3 e 5 anos. "Criamos
atividades diárias para movimentar a sede e evitar que fosse ocupada
indevidamente. E isso integrou ainda mais a comunidade com o projeto",
afirma. Ela se tornou agente de saúde, começou a estudar enfermagem e
coordena o grupo há três anos.

"No começo era bem diferente. Tinha muito lixo, ratos e disseminação de
doenças. Tivemos que trabalhar duro para conseguir melhorar a situação",
conta Neusa, 57, que mora no Caracol há mais de 30 anos. Mesmo com a
melhoria no acesso à água tratada, o aumento dos postos de saúde e a
pavimentação de algumas ruas da comunidade, ainda há muito trabalho a
fazer. "A doença mais grave que encontramos é a fome. É também a mais
difícil de erradicar", constata Creusa.
... Depoisde 13 anos colecionando receitas, elas conseguiram reunir em um
livro com recomendações de chás, banhos e rezas orientadas pelo CEPEL -
Centro de Estudos e Pesquisas da Leopoldina, uma ONG que apoia projetos
comunitários da região. O Guia do bem-estar. A função do guia é difundir as
receitas e estimular a formação de grupos semelhantes em outros locais.

"Enquanto tivermos saúde pretendemos continuar o trabalho em prol da


comunidade", afirma Catarina. E enquanto a ajuda financeira não chega, elas
continuam plantando as sementes da solidariedade e promovendo a melhoria
nas condições de vida de sua vizinhança.
https://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/comunidade/gd290704a.htm

VOCÊ ENCONTRA AS RECEITA DA SEMENTINHA EM:


GUIA DO BEM-ESTAR – SEMENTINHA UM TRABALHO DE ESPERANÇA
“... o guia resgata aspectos da história e da cultura de um grupo de mulheres –
Sementinha – que na solidariedade depositaram um sentido para suas vidas”
Parceria Escola Nacional de Saúde Pública – Fiocruz/CEPEL
https://www.victorvincentvalla.com.br/wp-content/uploads/Guia-do-Bem-
Estar.pdf
Francis
OFICINA DE COSTURA- MORRO DO CARACOL
Esta parte na inclusão se deu por conta de ajudar umas mães que não tinham
com quem deixar seus filhos e através de uma oficina de costura liderada pela
saudosa Zélia, que participou junto com outras mulheres das reuniões na
diocese para a liberação de máquinas e matérias de costuras. Tinha um nome
esse movimento. infelizmente não lembro. Lourdes pergunta a sua mãe se ela
lembra desse fato. Para enriquecer esse tema. muitas mães participaram e as
peças eram vendidas em uma feira realizada na igreja Bom Jesus da Penha.
Todo trabalho feito era sob a coordenação dessa igreja.

Algumas mulheres Membros da oficina de costura. Zelia, Laura, Irene Tania


Rosangela e a dona Matilde, muito querida ...bem lembrada...trabalhou sim no
grupo da igreja junto com ela minha mãe dona Francisca Dona Neuza dona
Luiza essa morava na parte mais em cima do Caracol. Zélia tinha
outras ...senhoras ativas responsável em trazer o Bom Jesus para o morro
queria muito que mais pessoas contasse sobre essa passagem linda das
nossas guerreiras.

A parte da inclusão se deu por conta de ajudar umas mães que não tinham
com quem deixar seus filhos e através de uma oficina de costura liderada pela
saudosa Zélia.
Esta participou junto com outras de reuniões junto a diocese para a liberação
de máquinas e matérias de costuras. Tinha um nome esse movimento.
infelizmente não lembro. Lourdes pergunta a sua mãe se ela lembra desse fato.
Para enriquecer esse tema. muitas mães participaram e as peças eram
vendidas em uma feira realizada na igreja Bom Jesus da Penha. Todo trabalho
feito era sob a coordenação dessa igreja

Você também pode gostar