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Universidade Estadual de Santa Cruz

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação


Programa Institucional de Iniciação Científica

RELATÓRIO DO EXPERIMENTO 1

Gota de Milikan

Alunos: Marco A. O. Lima e Matheus S. Queiroz


Professor: Luna
Disciplina: CET XXX - Laboratório de Física Moderna
Turma: P01 - Física Bacharelado
Data da entrega: 17 de julho de 2023

Ilhéus, 2023.
Sumário
1 Resumo 2

2 Introdução 2
2.1 Gota de Milikan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

3 Materiais 6

4 Métodos 7

5 Resultados esperados e dicussão 8

6 Conclusões 10

7 Referências 11

1
1 Resumo
O presente documento tem como objetivo discutir sobre o experimento da gota de
Milikan. Esse experimento teve como objetivo principal determinar a do elétron. O docu-
mento se inicia então com uma discussão geral sobre a base teórica do experimento. Em
seguida, no procedimento experimenta, explicou-se sobre o aparato intrumental, monta-
gem e execução desse. Então, em seguida, são apresentados os resultados esperados e a
discussão desses, seguido das referências utilizadas.

2 Introdução
O experimento da gota de óleo de Milikan foi uma série de experimentos realizados
por Robert A. Milikan e Harvey Fletcher entre 1909 e 1911 para medir a carga elétrica
elementar de um elétron. O experimento envolveu a observação de minúsculas gotículas
carregadas de óleo entre dois eletrodos de metal (Capacitores). Aplicando um campo
elétrico, as gotas poderiam ser equilibradas contra a força da gravidade, permitindo que
a carga de cada gota fosse calculada.
Esse estudo foi muito significativo porque forneceu a primeira medição precisa da carga
do elétron, por volta de 1, 6.10−19 coulombs. Além disso, confirmou que a carga elétrica é
quantizada, ou seja, que ela só pode assumir valores discretos que são múltiplos da carga
do elétron. O experimento foi um dos mais importantes da história da física e rendeu a
Milikan o Prêmio Nobel de Física em 1923.
De forma resumida, Robert Millikan borrifou gotas de óleo com um frasco de perfume,
denominado de atomizador, e as observou cair dentro de um reservatório, com duas placas
de metal (capacitor de placas paralelas), separadas por uma distância d e dois orifícios na
parede externa, um para o emissor de raios X ionizar as gotas e outro para visualizar a
dinâmica das partículas entre o capacitor (Figura 1). Ao analisar a dinâmica individual de
cada uma das gotas, determinou seu peso aparente quando atinge a velocidade terminal.
Depois disso, ligou um campo elétrico que aplica uma força nas partículas de sentido
contrário a gravitacional até neutralizar a força da gravidade, uma vez que essas duas
forças se igualam, obtendo-se a carga da gota. Depois de realizar mais de 1.000 tentativas
desse experimento, Millikan encontrou o maior fator comum de todas as cargas das gotas.
Como cada carga é um múltiplo da menor carga, a carga de um elétron, o maior fator

2
Figura 1: Esquema instrumental do experimento da gota de Milikam.

comum é a carga de um elétron.

2.1 Gota de Milikan

Para encontrar a carga de uma gota de oléo em queda livre no ar, primeiro, é necessário
analisar a dinâmica dessa, como pode ser observado no diagrama de forças da Figura 2.

Figura 2: Esquema das forças atuantes em uma gotícula de óleo, em três situações distin-
tas: A – em queda livre (E ⃗ = 0), B – com campo elétrico anti-paralelo ao gravitacional
(E⃗+ || − ⃗g ), e C – com campo elétrico paralelo ao gravitacional (E⃗− ||⃗g ).

A partir da Figura 2, percebe-se que a gota, aproximada para uma partícula esférica,
sofre influência de 4 forças:

3
1. Força gravitacional:
4π 3
F⃗g = m⃗g = a ρ⃗g (1)
3
Onde m é a massa da gota, a o raio e ρ a densidade.

2. O arrasto é determinado pela lei de Stokes:

F⃗S = −6πaη⃗v (2)

Com v sendo a velocidade terminal da partícula e η a viscosidade do ar.

3. Força de empuxo:
4π 3
F⃗h = a σ⃗g (3)
3
Sendo σ a densidade do ar.

4. A força elétrica:
F⃗E = −q E
⃗ (4)

No caso vigente, E
⃗ é o campo gerado pelas placas paralelas, lembrando que pode

ser no mesmo sentido ou contrário a Fg . Sendo conhecido que a intensidade do


campo gerado por um capacitor de placas paralelas é dado por E = V
s
, com s sendo
a ditância entre as placas. Além disso, considerando que a carga da gota resulta
apenas de elétrons, q = ne, o que é razoável assumir, pois a gota/partícula está
ionizada.

Como as gotas no ar, sob a ação de uma força constante, alcançam uma velocidade
terminal muito rapidamente, podemos fazer v = dt , medindo o tempo e a distância relaci-
onado ao movimento da partícula em cada um dos cenários descritos na Figura 1. Dessa
forma, é possível obter, para cada uma das situações , a partir da segunda lei de Newton,
as seguintes relações:

I. Para queda livre (Situação A):

4π 3 4π
−F⃗g − F⃗h = F⃗S → − a (ρ − σ)g = 6πaηv0 → − a3 (ρ − σ)g = 6πaηd(t0 )−1 (5)
3 3

4
II. Para E
⃗ anti-paralelo (Situação B):

4π 3
E⃗+ − F⃗g − F⃗h = F⃗S → qE − a (ρ − σ)g = 6πaηv1 (6)
3

Como a dinâmica do sistema ocorre para q = nE, ou seja, temos n elétrons, então:

   
V 4π 3 1
ne − a (ρ − σ)g = 6πaηd n (7)
s 3 t+

Valendo destacar que tn+ se refere ao tempo durante o movimento em que o campo
está no sentido contrário de F⃗g e a potência de n leva em conta o tempo para cada
elétron na partícula ionizada.

III. Para E⃗− paralelo (Situação C), analogamente a eq. (7):


   
V 4π 1
⃗ + F⃗g − F⃗h = F⃗S → −ne
E − 3
a (ρ − σ)g = 6πaηd n (8)
s 3 t−

É importante apontar que, por convenção, o t assume valores negativos quando a


gota desloca-se para baixo, apenas para manter a igualdade dos sinais em ambos
os lados da equação, não estando a relacionado a nenhum conceito físico de tempo
negativo.

Dito isso, como será medido o tempo, é possível isolá-lo em cada uma das situações
para uma melhor análise:

I. Queda livre:
1 2 a2 (ρ − σ)g
= −B ; B= (9)
t0 9 ηd

II. Para campo antiparalelo (E+ ):

1 Ve
= An − B ; A= (10)
tn+ 6sπaηd

III. Para campo paralelo (E− ):

1 Ve
= −An − B ; A= (11)
tn+ 6sπaηd

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Logo, através de uma análise gráfica de tn+ ×n é possível visualizar a relação linear e que

apenas valores inteiros de n aparecem, demonstrando que a gota possui apenas valores
múltiplos inteiros da de um maior múltiplo comum, e. Dessa forma, demonstrando a
quantização e valor da carga do elétron.

3 Materiais
• Duas placas paralelas de latão com espessura de 6,35 mm e diâmetro de 50,8 mm.
Uma delas deve ter um pequeno orifício;

• Tubo de acrílico e três espaçadores de cerâmica de 4,7 mm;

• Invólucro cilíndrico de latão com conexões elétricas e com duas janelas;

• Lâmpada de 17 W e lentes condensadoras para iluminação;

• Microscópio com escala (Cenco 7925) para visualização e medições;

• Pulverizador

• Fonte de alimentação de 500 V DC;

• Interruptor;

• Resistor de 50 MΩ;

• Filtro absorvedor de calor;

• Micrômetro;

• Cronômetro;

• Óleo com ρ = 0, 883 ± 0, 003g/cm3 ;

• Fonte radioativa;

• Multímetro digital

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Figura 3: Esquema do aparato instrumental do experimento da gota de Milikan

4 Métodos
O aparato instrumental pode ser visualizado nas Figuras 1 e, mais especificamente, 3.
As placas paralelas são colocadas dentro de um cilindro de acrílico que é suportado
pelas cerâmicas, então esse conjunto é posto no envólucro cilíndrico de latão. Para medir
as distâncias entre as placas, é um utilizado um micrômetro, onde é inserido um fio na
abertura da placa superior como orientação para melhor medida.
Para carregar as placas é utilizado a fonte de alimentação e o controlador de polaridade
para alternar o campo, quando necessário. Além disso, as cargas remanescentes nas placas
são desviadas para um resistor quando o controlador é ligado. Não obstante, para evitar
correntes de convexão no interior do aparato intrumental, é conectado o filtro absorvedor
de calor. Vale ressaltar que as placas devem ser colocadas paralelas ao campo gravitacional
do local, para que as situações da Figura 2 sejam válidas, mitigando erros. Já para a
ionização das partículas, é colocado a fonte radioativa em uma das janelas do envólucro.
Dessa forma, o óleo é introduzido no atomizador por meio de uma seringa hipodérmica.
e o óleo é pulverizado no local anterior a placa superior em forma de uma borrifada fina,
sendo essa placa a que contém um pequeno furo, para a entrada das gotas. As gotículas
de óleo são iluminadas por um feixe de luz de uma lâmpada e seu movimento é observado
através de um microscópio, ambos aparelhos introduzidos nas duas janelas do invólucro.
Também é importante alinhar o foco e campo de visão do microscópio e da lâmpada com
o auxílio do fio, a lâmpada deve ser ajustada tal que o ponto focal esteja a frente ou

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anterior ao fio.
A parir disso, o tempo é medido de acordo com o deslocamento da partícula, medido
na escala miccroscópica. Deve-se evitar vibrações para a gota não sair do campo de visão
do microscópio, que pode ser causado também pelo movimento browniano. Além disso, o
foco do microscópio não deve ser alterado durante a observação da gota. Também ao focar
em apenas uma gota, é possível ajustar o campo elétrico para que remover as restantes,
melhorando a observação. É importante ressaltar que as medições devem ser do menor
tempo possível, visto que a massa da gota se altera devido evaporação.
Também é importante realizar medidas de diferentes cargas da mesma gota o quanto
for possível, após realizar por volta de 4 medidas com a mesma carga, é possível utilizar
a fonte radioativa para alterar a carga da gotícula, levando-a próxima a placa positiva e
fazendo o processo de ionização com o campo desligado.
A voltagem aplicada deve ser checada com um multímetro e a calibração do micros-
cópio deve ser checada antes e depois das medições, valendo o mesmo para a pressão e
temperatura para a correção da Lei de Stokes (eq. 2).
Um fato importante é que a viscosidade deve ser alterada quando o diâmetro da gota
é comparável ao caminho livre médio dessa no meio. Então η deve ser alterado para:

 −1
b
η(T ) = η0 (T ) 1 + (12)
aP
Onde η0 é a viscosidade em função da temperatura, b = 6, 17 × 10−6 , P a pressão em
centímetros de mercúrio e a o raio da gota (por volta de 10−6 m). Para a análisar, é
conveniente calcular o valor de a0 com η = η0 através da eq. (11), a partir disso, computar
o valor para a viscosidade com eq. (12) e, consequentemente, obter um valor mais acurado
para a.

5 Resultados esperados e dicussão


Devido a limitação instrumental, não foi possível realizar o experimento no laboratório.
No entanto, foi possível obter alguns dados de referência a partir do livro fornecido pelo
professor. Então a partir dos dados da Figura 4. Sendo d = 7, 63 × 10−4 m, T = 25ºC,
P = 76, 01 cmHg, ρ′ = (ρ − σ) = 882 kg/m3 , V = 500 V e s = 4, 71 × 10−3 m sendo os
parâmetros para a obtenção dos seguintes dados.

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Figura 4: Dados de medidas da dinâmica de duas gotas. Fonte:

A partir dos valores médios de t0 é possível obter o valore para o raio da gota, usando
a eq. 12 para η e, a parir dos valores para B. Além disso, é possível encontrar os valores de
A que satisfazem as eq. (10) e (11), visto que, a única variável restante (nessas equações)
a determinar é a carga do elétron é possível obter exatamente o que foi colocado como
objetivo no experimento.
Utilizando os valores médios de A para cada uma das gotas analizadas, obtemos os
seguintes valores:
A1 = −0, 1526 ± 0, 0046 s−1 B1 = 0, 0346 ± 0, 0009 s−1
|e| = (1, 52 ± 0, 05 × 10−19 C
A2 = −0, 1419 ± 0, 0042 s−1 B2 = 0, 0401 ± 0, 0010 s−1
|e| = (1, 55 ± 0, 05 × 10−19 C
Além disso, na Tabela 1, é possível perceber um erro relativo muito pequeno dos
valores de carga calculados em relação ao valor aceito atualmente (|e| = (1, 602×10−19 C).
Demonstrando, assim, a eficácia do experimento de Milikan.

9
Tabela 1: Erro relativo dos valores calculados para carga dos elétrons

Erro relativo (%)


e1 e2
5,12 3,25

6 Conclusões
A partir do estudo sobre o experimento da gota de Milikan, foi possível perceber a
importância desse para a evolução científica e construção da base da física moderna, de-
monstrando a quantização do elétron e valor de sua carga. Apesar da impossibilidade
realizar o experimento, a compreensão da metodologia experimental, dos aparatos instru-
mentais, assim como do tratamento e discussão dos dados, cumpriram o papel de assimila-
ção desses procedimentos pelos docentes, forneceu um entendimento sobre o experimento
e sua importância na história da ciência. Além disso, a partir dos dados fornecidos na
literatura de referência, foi possível perceber como o procedimento experimental vigente
fornece valores similares ao aceito atualmente, como visualizado na Tabela 1.

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7 Referências
HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J., Fundamentos da Física, Ed. LTC, 10ª
edição (2010)

AEGERTER, M. A. et al., Experimento de Milikan, IFSC-USP, 2013

MELISSINOS, Adrian C., Experiments in Modern Physics, Academic Press Inc., 1968.

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