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Gêneros textuais

Gêneros textuais estão relacionados às diversas formas de comunicação. Eles são usados
em nossas práticas sociais diárias e possuem estruturas e objetivos específicos.

Existe uma diversidade de gêneros textuais.

Gêneros textuais diversos são utilizados em nossas práticas sociais diárias. Cada gênero
textual possui uma estrutura e uma função comunicativa específicas. Assim, textos são
classificados de acordo com suas características genéricas, de forma que temos um
grande número de gêneros textuais, tais como o anúncio publicitário, a crônica, o artigo
de opinião, a propaganda, entre outros.

Além disso, os gêneros textuais são compostos pelos seguintes tipos textuais:

● argumentação
● descrição
● exposição
● injunção
● narração

E se diferem dos gêneros literários (dramático, lírico e narrativo), relacionados


exclusivamente aos textos artísticos. Dessa forma, qualquer texto pode ser classificado
de acordo com seu gênero e tipo textual, mas apenas os textos artísticos podem,
também, ser classificados segundo o seu gênero literário.

Tópicos deste artigo

● 2 - O que são gêneros textuais?



● 3 - Quais são os gêneros textuais?
○ Anúncio publicitário
○ Artigo de opinião
○ Biografia e autobiografia
○ Carta pessoal
○ Crônica
○ Diário
○ Editorial
○ Notícia
○ Propaganda
○ Reportagem
○ Outros gêneros textuais

● 4 - Diferenças entre gêneros textuais e tipos textuais
● 5 - Quais os elementos dos gêneros textuais?

● 6 - Diferenças entre gêneros textuais e gêneros literários

● 7 - Exercícios resolvidos sobre gêneros textuais

O que são gêneros textuais?

Para a comunicação, utilizamos diversos textos verbais e não verbais. Cada um deles
apresenta características próprias e, principalmente, uma função comunicativa. Assim,
os textos podem ser separados em gêneros, de forma que cada gênero de texto apresenta
uma estrutura e um objetivo específico.

Portanto, para nos comunicarmos de forma eficiente, em nossas práticas sociais,


precisamos conhecer as características de cada gênero de texto. Dessa forma, podemos
interagir com outras pessoas por meio de cartas, bilhetes, notícias etc., pois há uma
grande quantidade de gêneros textuais.

Quais são os gêneros textuais?

Devido ao fato de que há um número muito grande de gêneros textuais, vamos apontar
só aqueles mais comuns em nosso cotidiano:

● Anúncio publicitário

Divulgação de um produto, serviço, atividade etc.:


Palha de aço Bombril, campanha de 2007.

● Artigo de opinião

Possui caráter argumentativo e expressa a visão do autor sobre determinado assunto,


como é possível verificar neste trecho do texto “Precisamos dar voz ao autismo”, de
Bárbara Carvalho, publicado, em 02/04/2020, no Jornal Opção:

“No fim de 2007, a Organização das Nações Unidas


(ONU) definiu todo dia 2 de abril como o Dia
Mundial da Conscientização do Autismo. Essa data
foi criada com o intuito de aumentar os esforços
globais e promover, assim, uma maior compreensão
sobre a condição neurológica que afeta milhões de
pessoas em todo o mundo.

[...]

Indivíduos com TEA precisam de serviços de saúde


acessíveis para as necessidades gerais de cuidados de
saúde assim como o resto da população, incluindo
promoção e prevenção da saúde e tratamento de
doenças agudas e crônicas. No entanto, têm taxas
mais altas de necessidades de saúde negligenciadas
em comparação com a população em geral. Elas
também são mais vulneráveis durante emergências
humanitárias. Um obstáculo frequente é o
conhecimento insuficiente sobre o transtorno do
espectro autista e as ideias equivocadas que partem
dos profissionais de saúde. Precisamos de
conscientização e inclusão. O autismo tem se tornado
cada vez mais comum. Precisamos dar voz ao
autismo.”

● Biografia e autobiografia

Narrativa dos principais fatos da vida de uma pessoa real, feita por outro indivíduo.
Afinal, se o autor é o próprio biografado, temos outro gênero: a autobiografia. Então,
vejamos a diferença:

“Sua vida foi breve e plena. Assassinado aos 53 anos,


Pier Paolo Pasolini teve, no entanto, tempo para
publicar numerosos romances, coletâneas de
poemas, filmes, peças de teatro, quadros, traduções,
ensaios críticos e panfletos políticos. O homem que
assassinaram não era, portanto, tão jovem assim,
estava desgastado por várias lutas políticas, morais e
estéticas. Embora estivesse rodeado por vários
amigos e colaboradores fiéis, sentia-se sozinho tanto
na vida pessoal como na sua vida artística porque,
segundo ele, seus êxitos cinematográficos eram
marcados por muitos mal-entendidos.”

CECCATTY, René de. Pasolini: biografia. Tradução de Renée Eve Levié. São Paulo: L
& PM, 2016.

“Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que se


ainda não aprendi não foi por falta de prática.
Comecei cedo; minhas recordações de infância estão
ligadas a isto: a ouvir e contar histórias. Não só
histórias de personagens que me emocionaram, me
intrigaram, me encantaram, me assustaram — o
Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca,
Hércules, Teseu, os Argonautas, Mickey Mouse,
Tarzan, os Macabeus, os piratas, Emília, João
Felpudo, Huck Finn —, mas também as histórias
que eu ouvia de meus pais, de parentes, dos vizinhos,
e aquelas que eu próprio inventava.”

SCLIAR, Moacyr. Uma autobiografia literária: o texto, ou: a vida. São Paulo: L & PM,
2017.

Saiba mais sobre esse importante gênero textual acessando: Biografia.

● Carta pessoal

Comunicação escrita entre duas pessoas, com assuntos de cunho íntimo, como é possível
observar nesta carta do pintor Vincent van Gogh (1853-1890) para o seu irmão Théo
(1857-1891):

Paris, 31 de março de 1875

Ontem eu vi a exposição Corot. Havia em especial um quadro, o Jardim das oliveiras, fico
contente que ele o tenha pintado.

À direita, um grupo de oliveiras perde-se no azul do céu ao crepúsculo; em segundo plano,


colinas com arbustos e duas grandes árvores. No alto, a estrela da tarde.

No Salão, há três Corot muito bonitos; o mais belo, pintado pouco antes de sua morte, Os
lenhadores, sem dúvida será publicado na Illustration ou no Monde Illustré.

Como você pode imaginar, também fui ao Louvre e ao Luxemburgo.

Os Ruysdael do Louvre são magníficos; especialmente O bosque, A paliçada e O raio de


sol.

Espero que um dia você veja os pequenos Rembrandt, Os peregrinos de Emaús e dos
pendants, Os filósofos.

VAN GOGH, Vincent. Cartas a Théo. Tradução de Pierre Ruprecht. São Paulo: L &
PM, 1997.
● Crônica

É um texto curto, com acontecimentos reais ou fictícios. Possui caráter narrativo ou


argumentativo. Apresenta temática social, política ou cultural relacionada ao tempo da
escrita, além de elementos do cotidiano, com base em uma perspectiva subjetiva. Como
exemplo, vejamos este trecho da crônica “Nossos dias melhores nunca virão?”, de
Arnaldo Jabor:

“Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas,


ando em crise com o tempo. Que estranho ‘presente’
é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada,
como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a
vida, como se nossos músculos, ossos e sangue
estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.

As utopias liberais do século XX diziam que


teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia.
Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir
sossego, mas para incrementar competição e
produtividade, não só das empresas, mas a
produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere
velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém
de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica
produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas
para tudo.

[...]”

In: JABOR, Arnaldo. Amor é prosa, sexo é poesia: crônicas afetivas. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2004.

● Diário
A jovem Anne Frank (1929-1945) escreveu um dos diários mais famosos do mundo.[1]

Registro do dia a dia de um indivíduo, como verificamos neste trecho do Diário de Anne
Frank:

“Domingo, 19 de março de 1944

Ontem foi um dia muito importante para mim.


Depois do almoço, tudo estava como sempre. Às
cinco peguei as batatas, e mamãe me deu um pouco
de chouriço para levar para Peter. No começo, eu
não queria, mas acabei indo. Ele não quis aceitar o
chouriço, e tive a sensação apavorante de que ainda
era por causa da discussão que tivéramos sobre a
desconfiança. De repente, não consegui suportar
mais um minuto, e meus olhos se encheram de
lágrimas. [...]”

FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Tradução de Alves Calado. 23ª ed. Rio de
Janeiro: BestBolso, 2013.

● Editorial

Expressa a opinião de um órgão da imprensa, por isso, não leva a assinatura da pessoa
física que o escreveu, mas do veículo de comunicação que o está divulgando. Assim, o
seguinte trecho do editorial “É lamentável que juízes se prestem ao papel de censores”
foi assinado pelo jornal O Globo, em 27/08/2021:

“Pela segunda vez em uma semana, uma decisão


judicial obrigou O GLOBO a retirar do ar uma
reportagem publicada em seu site. [...].

É evidente o interesse público das informações


publicadas pelo GLOBO. É em nome dele que a
Constituição garante a jornalistas o direito de
preservar o sigilo de suas fontes e que a lei os isenta
de responsabilidade por publicar fatos e dados
resultantes de vazamentos, mesmo que ilegais. O
dever da imprensa é com o público, não com quem é
atingido pelas reportagens.

[...]”

● Notícia

Divulgação de fatos, acompanhados ou não de opinião, com a finalidade de informar,


como vemos na notícia do jornal O Dia, de 27/08/2021:

“Conta de luz continuará na bandeira vermelha em


setembro, anuncia Aneel

Rio - A tarifa de energia continuará na bandeira


vermelha patamar 2, anunciou, na noite desta
sexta-feira (27) a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). Segundo o órgão, a cobrança
continuará no patamar mais alto do sistema tarifário
devido à crise hídrica que assola o país e o valor em
reais só será divulgado na semana que vem.

[...]”

● Propaganda
Diferentemente do anúncio, que vende um produto ou serviço, a propaganda vende uma
ideia ou se presta a divulgar uma mensagem informativa ou indicativa:

● Reportagem

Divulga informações sobre uma temática específica, por meio de uma investigação
jornalística, e traz um aprofundamento do tema, como na reportagem de Nuño Douhan,
domínguez, sobre as sequelas dos primeiros internados com covid-19 em Publicada no
jornal El País, em 27/08/2021:

“Um estudo sobre alguns dos primeiros pacientes


hospitalizados por covid-19 no mundo oferece
resultados preocupantes: em uma parte deles, as
sequelas físicas ou psicológicas da infecção
continuam presentes pelo menos um ano depois da
alta, e é provável que alguns sofram com isso
inclusive durante mais tempo.

[...]

O trabalho chinês é importante, porque confirma o


que já sugerem muitos outros estudos em todo o
mundo, feitos com grupos de pacientes menores e
com monitoramentos mais curtos. Os sintomas mais
comuns são o cansaço e a dor muscular, embora
também haja impactos psicológicos como confusão e
outros como a falta de respiração. Como já se viu em
estudos no Reino Unido, Espanha e outros países, as
mulheres são muito mais propensas a sofrer sequelas
duradouras, talvez por terem um sistema
imunológico mais reativo. Os resultados desse
estudo, em todo caso, não dizem respeito à
população geral, uma vez que trata de pacientes
hospitalizados, e justamente no começo da doença,
quando havia menos informação sobre seu
tratamento.

[...]”

● Outros gêneros textuais


○ Aula
○ Bilhete
○ Blog
○ Bula
○ Carta argumentativa
○ Charge
○ Comentário
○ E-mail
○ Fórum
○ HQ
○ Manual de instruções
○ Panfleto
○ Piada
○ Receita
○ Rede social

○ ç~´;;Relatório
○ Texto didático
○ Texto enciclopédico
○ Tirinha

Diferenças entre gêneros textuais e tipos textuais


Cada gênero textual possui características específicas e apresenta uma função
comunicativa. Além disso, há um grande número de gêneros textuais, e cada um deles é
composto por um ou mais tipos textuais, que, ao contrário dos gêneros, apresentam um
número limitado. Assim, os tipos textuais são os seguintes:

● Argumentativo: está relacionado à defesa de ideias.


● Descritivo: apresenta a descrição de uma pessoa, animal, objeto, ambiente ou
paisagem.
● Expositivo: é caracterizado pela exposição de informações.
● Injuntivo: é marcado pela presença de imperativos.
● Narrativo: se refere ao relato de fatos, com personagens, tempo e espaço.

Assim, o gênero receita, por exemplo, é composto pelo tipo injuntivo. Já um artigo de
opinião é composto pelo tipo argumentativo e, também, pode apresentar características
do expositivo. Aliás, uma bula também é composta por este último tipo. O gênero
romance, por sua vez, pode apresentar todos esses tipos, com prevalência do narrativo e
descritivo.

Dessa forma, os gêneros textuais são utilizados nas práticas sociais do dia a dia. Por
meio deles, atingimos variados objetivos de comunicação verbal ou não verbal, escrita
ou oral. Em sua estruturação, utilizamos os tipos textuais para narrar, descrever,
ordenar ou pedir, informar ou defender nossas ideias.

Quais os elementos dos gêneros textuais?

Os gêneros textuais apresentam os seguintes elementos:

● Conteúdo: assunto
● Composição: estrutura
● Estilo: modo
● Função comunicativa: objetivo

Então, vamos identificar esses elementos no texto a seguir, um haicai do escritor


brasileiro Paulo Leminski (1944-1989):

Acabou a farra

formigas mascam
restos da cigarra

● Conteúdo: referência à fabula A cigarra e a formiga


● Composição: versos, metrificação e rima
● Estilo: linguagem plurissignificativa
● Função comunicativa: estética

É importante ressaltar que a função estética está relacionada aos textos artísticos e,
portanto, significa a ausência de um objetivo utilitário. Por exemplo, com base em uma
receita, alguém pode fazer um bolo. Então, a função comunicativa da receita é clara.
Mas qual a função do haicai? É essa indefinição em torno da utilidade dos textos
artísticos que chamamos de função estética.

Diferenças entre gêneros textuais e gêneros literários

Os gêneros textuais têm um objetivo prático, ou seja, eles existem para cumprir diversas
necessidades comunicativas. Por isso, são essencialmente funcionais, apesar de, também,
apresentarem textos com função estética e não só utilitária. Já os gêneros literários
servem para categorizar exclusivamente os textos artísticos. Portanto, existem três
gêneros literários:

● Dramático: se refere a textos escritos para serem encenados.


● Lírico: está relacionado a textos de caráter poético.
● Narrativo: é composto por relatos.

Desse modo, o gênero textual romance, por exemplo, é composto, principalmente, pelo
tipo narrativo e, além disso, está inserido na categoria de gênero narrativo. Já o gênero
textual poema pode ser composto por um ou mais tipos textuais. No entanto, quase
sempre, está dentro da categoria ]

[de gênero lírico; se for um poema narrativo, então ele muda de categoria.

O que queremos dizer é que um texto literário pode ser classificado de acordo com seu
gênero e tipo textual, mas, também e principalmente, pelo seu gênero literário. Já um
manual de instruções, por exemplo, não pode ser classificado em relação ao gênero
literário, já que não é um texto artístico. Assim, o gênero manual é composto,
especialmente, pelos tipos expositivo e injuntivo.
Por fim, uma peça de teatro ou roteiro de cinema são textos do gênero dramático, mas
também podem ser considerados gêneros textuais. Além disso, na composição desses
textos dramáticos, pode haver características de mais de um tipo textual, apesar de tudo
depender das falas e das ações dos personagens.

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