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ISSN 1980-3982

Classes de uso e cobertura da terra

0,1%
0,0%
1,9%
0,0%
2,6%
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0,2%
-4,6%

-5,0% -4,0% -3,0% -2,0% -1,0% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0%


% de alteração da área entre 2011 e 2014

Superfície com Água Influência Urbana Agricultura e Pastagem Solo Exposto

Floresta Plantada Gramíneas e Herbáceas Outras Terras com Árvores Floresta Natural

COMUNICADO
TÉCNICO Cadernos de
418 geoprocessamento 10:
Como proceder na detecção de
mudanças de uso e cobertura da terra

Colombo, PR
Outubro, 2018 Wilson Anderson Holler
Maria Augusta Doetzer Rosot
Luziane Franciscon
Marilice Cordeiro Garrastazú
Yeda Maria Malheiros de Oliveira
Jéssica Caroline Maran
2 Comunicado Técnico nº 418

Cadernos de geoprocessamento 10:


Como proceder na detecção de
mudanças de uso e cobertura da terra
Wilson Anderson Holler, Engenheiro cartógrafo, especialista em Geoprocessamento, analista da Embrapa
Florestas, Colombo, PR; Maria Augusta Doetzer Rosot, Engenheira florestal, doutora em Engenharia
Florestal, pesquisadora da Embrapa Florestas, Colombo, PR; Luziane Franciscon, Estatística, mestre em
Estatística e Experimentação Agronômica, analista da Embrapa Florestas, Colombo, PR; Marilice Cordeiro
Garrastazú, Engenheira florestal, mestre em Engenharia Agrícola, pesquisadora da Embrapa Florestas,
Colombo, PR; Yeda Maria Malheiros de Oliveira, Engenheira florestal, doutora em Ciências Florestais ,
pesquisadora da Embrapa Florestas, Colombo, PR; Jéssica Caroline Maran, Engenheira florestal, mestre
em Engenharia Florestal, consultora FAO, Colombo, PR.

Introdução características de observação e monito-


ramento de forma sinóptica, dinâmica e
em diferentes escalas espaço-temporais
Mapear os padrões de uso e cober- que possibilitam quantificar as taxas de
tura da terra é essencial para o plane- conversão e mudança no uso e cobertu-
jamento e a execução de ações que en- ra da terra (Turner II et al., 2007).
volvem a gestão do território. Quantificar Detectar mudanças no uso e co-
e monitorar as mudanças de uso e bertura da terra é um dos usos mais
cobertura da terra são elementos-chave fundamentais e comuns da análise de
amplamente reconhecidos pela comuni- imagens de sensoriamento remoto.
dade científica internacional no estudo Uma das formas mais rudimentares de
de mudanças globais (Fearnside, 2001; detecção de mudanças é a comparação
Foley et al., 2005; Smith et al., 2014). visual de duas imagens por um intérpre-
Para a detecção de mudanças de uso e te treinado. Outra forma é gerar mapas
cobertura da terra, ao longo de um de- de uso e cobertura da terra a partir da
terminado período, devem ser utilizados classificação de imagens que podem ser
mapas referentes a duas ou mais oca- comparados, indicando mudanças em
siões e calculadas as diferenças entre classes específicas, ao longo do tempo.
eles, por meio de métodos pré-definidos. Embora o conceito seja relativamente
Os dados de sensores orbitais são es- simples, na prática, há um grande núme-
pecialmente adequados para a geração ro de fatores que devem ser monitorados
de mapas e aplicação nos estudos de e controlados para alcançar resultados
uso e cobertura da terra dadas às suas válidos de detecção de mudanças.
Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 3

Segundo Campbell e Wynne (2011), • Para exemplificar os procedimentos,


as imagens devem atender aos seguin- foram utilizados os mapas de uso e
tes critérios: cobertura da terra de duas Unidades
Amostrais de Paisagem (UAPs) do
• Ser adquiridas a partir do mesmo Inventário Florestal Nacional do Brasil
sensor. (IFN-BR) (Freitas et al., 2016). A gera-
• Ser adquiridas à mesma hora do dia, ção dos mapas de uso e cobertura das
usando o mesmo campo e ângulo de duas UAPs seguiu as diretrizes publi-
visão. cadas em Luz et al. (2018a, 2018b).
• Se obtidas em anos distintos, devem
ser da mesma estação para minimizar Dessa forma, estudos que tenham
diferenças devidas aos ciclos de vida como resultado um mapa de uso e co-
das plantas. bertura da terra podem ser beneficiados
• Ter precisão de registro com até dois com os procedimentos descritos nesse
décimos de um pixel ou menos; documento, ampliando seu alcance
• Ser livres de nuvens. e otimizando o uso de resultados já
• Ter sido submetidas à correção de existentes.
efeitos atmosféricos.

Tendo-se levado em conta tais requi-


sitos e estando disponíveis os mapas, ou Materiais
arquivos vetoriais ou raster, com classes
de uso e cobertura da terra, é possível, Para a detecção de mudanças de uso
então, realizar a detecção de mudanças e cobertura da terra foram empregados
para a área de interesse. Neste docu- os seguintes programas:
mento são descritos procedimentos para
executar a detecção de mudanças, em- • QGIS Desktop 2.18.18 (QGIS, 2018):
pregando-se ferramentas SIG tanto em O QGIS é um Sistema de Informação
software livre como proprietário. Foram Geográfica (SIG) de Código Aberto
utilizadas a extensão Land Change licenciado segundo a Licença Pública
Modeler (LCM) (Clark Labs, 2017) para o Geral (GNU).
ArcGis e Modules for Land Use Change • Modules for Land Use Change
Simulations (MOLUSCE) (2018) para o Simulations (MOLUSCE) (2018):
QGIS. Todos os procedimentos descri- extensão do QGIS para avaliação de
tos foram testados e validados. Tanto mudanças no uso da terra.
o LCM quanto o MOLUSCE, possuem • ArcGis Desktop (versão 10.5) (ESRI,
mais recursos que os descritos neste 2017): edição de dados vetoriais e
documento, ampliando as possibilidades matriciais. Foi utilizado para a reclas-
de outras análises como a geração de sificação dos dados raster e uso do
cenários de alteração de mudanças. LCM.
4 Comunicado Técnico nº 418

• Land Change Modeler (LCM), modela- encontrada em Paegelow e Camacho


dor de mudanças no uso da terra (ver- Olmedo (2005). A extensão MOLUSCE
são 2.0) (Clark Labs, 2017): extensão permite a geração de matrizes de transi-
para o software ArcGis. Empregado ção, também utilizando uma abordagem
para mapear as mudanças na paisa- Markoviana (Rahman et al., 2017).
gem, identificar transições de classes
e tendências.

As duas extensões requerem arqui- Procedimentos para a


vos no formato raster geotiff igualmente detecção de mudanças de uso
recortados, com o mesmo sistema de e cobertura da terra usando
referência e de projeção, e de mesma
o QGIS com a extensão
resolução espacial, pois, caso contrá-
rio aparecerá uma mensagem de erro. Modules for Land Use Change
Assim, é necessário preparar os dados Evaluation (MOLUSCE)
cuidadosamente seguindo, basicamen-
te, três etapas: O MOLUSCE é uma extensão, dis-
ponível para o QGIS 2.0 e versões su-
• Preparar dados para fazer análise. periores (Modules for Land Use Change
• Carregar dados para análise. Simulations, 2018). Foi projetado para
• Gerar matriz de transição usando a analisar, modelar e simular mudanças
extensão. de uso e cobertura da terra. Incorpora
algoritmos conhecidos, que podem ser
As instruções a seguir descrevem, usados para:
para as duas extensões, como criar
uma matriz de transição para detectar • Analisar o uso e cobertura da terra
mudanças de uso e cobertura da terra e suas mudanças entre diferentes
de uma Unidade Amostral de Paisagem períodos de tempo.
(UAP) (Luz et al., 2018a). • Modelar o uso e cobertura da terra e
potencial de transição.
• Simular futuras mudanças de uso e
Métodos cobertura da terra.

O MOLUSCE possui seis módu-


O LCM usa matrizes da cadeia de los: Entrada, Avaliação de correlação,
Markov para determinar a quantidade Análise de mudança de área, Métodos
de mudança e mostrar espacialmente de modelagem, Simulação e Validação.
essas mudanças. Uma aplicação de- Neste trabalho são abordados somente
talhada dessa abordagem pode ser os três primeiros módulos:
Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 5

• Módulo de entrada (Input): • Shapefile com o uso e cobertura da


terra para dois diferentes anos (2011 e
-- Mapas de uso e cobertura da terra 2014) da mesma UAP.
de diferentes épocas, dados biofísi-
cos e socioeconômicos como rede Primeiramente, usando o Windows
rodoviária, rios, topografia, popula- Explorer, deve-se:
ção, etc., em formato raster, podem
ser carregados neste módulo. • Criar uma Pasta com o nome da UAP,
Figura 1:
• Avaliação de correlação (Evaluating -- UAPXXXX.
correlation):

-- Este módulo dispõe de técnicas para


realizar a análise de correlação entre
dois arquivos raster, com o uso e co-
Figura 1. Estrutura das
bertura da terra de diferentes épocas.
pastas de trabalho.

• Análise de mudança de área (Area


change analysis): • Criar duas subpastas dentro dessa
pasta, sendo uma para cada ano
-- Calcula as alterações de uso e co- (Figura 1).
bertura da terra entre dois períodos • Inserir os arquivos vetoriais (shapefile)
de tempo (T0 e T1). Tem como resul- de cada ano na pasta correspondente.
tado as matrizes de transição de uso • Depois de inseridos os arquivos
e cobertura, bem como os mapas shapefile, renomeá-los para que te-
de mudança de uso e cobertura da nham, no final de seu nome, o ano
terra. “UAPXXXX_LULC_2011”.

Os procedimentos descritos na
Como criar uma matriz de sequência demonstram como realizar
transição para detecção de a detecção de mudanças no QGIS
utilizando a extensão MOLUSCE. É
mudança de uso e cobertura
importante que o campo NDV (No Data
da terra no software QGIS Value) esteja marcado em cada camada
adicionada ao QGIS. Se isto não ocorrer,
Para este procedimento requer-se os o MOLUSCE processará as áreas sem
seguintes materiais: valor de dados como classes de uso ou
ocupação do solo, aumentando o tempo
• QGIS Las Palmas 2.18.18 com a ex- de processamento e prejudicando a
tensão MOLUSCE. calibração do modelo. O MOLUSCE
6 Comunicado Técnico nº 418

adiciona o NDV da camada base de dados de acordo com os seguintes


entrada e o propaga a cada mapa de procedimentos:
saída, juntamente com a geometria da
camada base (Modules for Land Use • Recortar o conjunto de dados para os
Change Simulations, 2018). limites estabelecidos para a região de
Os seguintes procedimentos são estudo. Se estiver sendo usada uma
executados em ambiente QGIS: área pré-definida que já possua os
arquivos shapefile de uso e cobertura
• Criar um projeto e salvá-lo na pasta da da terra, pode-se ignorar esta etapa
UAP correspondente. e seguem os passos seguintes para
• Conferir o sistema de referência e rasterizá-los.
de projeção, sendo recomendada a • Selecionar a ferramenta Clipper em:
Projeção Equivalente de Albers, com Raster > Extração > Clipper.
os seguintes parâmetros: • Selecionar o arquivo raster que se
-- Longitude de origem -54° e Latitude deseja recortar.
de origem -12°, Paralelo padrão 1: -2° • Clicar em Selecionar para abrir a
e Paralelo padrão 2: -22°. A unidade janela de navegação e navegar até o
de medida utilizada para o cálculo local onde se deseja salvar o arquivo,
de áreas foi km2. Para as extensões nomeando-o e clicando em salvar.
recomenda-se o sistema de projeção • Verificar a camada de máscara e sele-
Policônica, tendo como parâmetros cionar/escolher o shapefile para fazer
de origem a latitude 0° e a longitude a análise.
-54° e unidade de medida km. • Verificar a opção recortar para recortar
• Padronizar as colunas das tabelas, o arquivo para a forma do arquivo
mantendo somente duas colunas shapefile (Opcional).
“LULCAno” e “Area”: • Verificar a resolução do arquivo de
-- Habilitar o modo edição. saída, digitando o tamanho do pixel
-- Criar a coluna “LULCAno”. desejado em unidades de mapa.
-- Atribuir à nova coluna os valores da • Clicar em OK para salvar o arquivo
coluna “LULC”. geotiff.
-- Excluir outros campos para deixar
somente os campos “LULCAno” e A Figura 2 apresenta os passos
“Area”. para a conversão de arquivo vetorial
-- Salvar (Gravar) as alterações. para raster, numerados em sequência,
• Converter o Shapefile para Raster conforme a descrição a seguir:
(Geotiff).
• Padronizar legenda. 1) Selecionar a ferramenta Vetor para
Raster (rasterizar) em: Raster>
Para realizar a análise é neces- Converter > Vetor para Raster
sário, primeiramente, preparar os (rasterizar).
Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 7

Figura 2. Conversão de vetor para raster.

2) Selecionar o arquivo de entrada (UAPXXX_LULC_ANNO) e clicar em


(shapefi le) “UAPXXX_LULC_ANNO” Salvar.
para rasterizar. 6) Digitar o tamanho do pixel desejado
3) Selecionar o campo a ser usado para em unidades de mapa para o arquivo
atribuir cada valor de pixel: LULC2014, de saída. Por padrão definir 1.
campo numérico (número inteiro). 7) Clicar em OK para salvar o arquivo
4) Clicar no botão de Selecione, na geotiff .
frente do campo de saída, para abrir
a janela de navegação. Depois de adicionar os arquivos
5) Navegar até o local onde se dese- raster é necessário definir o estilo e
ja salvar o arquivo, nomeando-o rótulo do conjunto de dados, conforme
8 Comunicado Técnico nº 418

procedimentos numerados em sequên- será utilizado para gerar a matriz de


cia na Figura 4 e descritos a seguir: transição. Somente irão aparecer as
classes existentes na camada; as
1. Clicar com o botão direito na camada outras devem ser deixadas no tom de
e selecionar propriedades. cor preto para facilitar a identificação,
2. Na seção Estilo > Renderização da
banda, selecionar Banda simples
falsa-cor.
3. Carregar valores mínimo e máximo,
selecionar Min / Máx e clicar no botão
Carregar.
4. Definir as classes, cobrindo todos
os valores de pixels no conjunto de
dados e, em seguida, rotular todas as
classes (no exemplo são 10 classes
mostradas na Figura 3). O rótulo Figura 3. Rotulagem das classes.

Figura 4. Definição do estilo e rótulo do conjunto de dados.


Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 9

se eventualmente aparecerem. Para A Figura 5 apresenta os passos


acrescentar mais classes deve-se para a inserção dos dados na extensão
selecionar o Modo > Intervalo Igual MOLUSCE, numerados em sequência e
e adicionar Classes até o total de descritos a seguir:
classes existentes no mapa de uso
e cobertura da terra. Esse procedi- 1. Abrir a extensão MOLUSCE cli-
mento apenas precisa ser executado cando em Raster > MOLUSCE >
para um dos anos de observação, MOLUSCE.
devendo-se salvar o modelo de le- 2. Selecionar o arquivo raster, com as
genda para ser utilizado no mapa de classes de uso e cobertura da terra,
outro ano. do ano mais antigo (2011) como
5. Clicar em Aplicar e, em seguida, em Initial e o arquivo raster mais atual
OK, para fechar esta janela. (2014) como opção Final.

Figura 5. Inserção dos dados na extensão MOLUSCE.


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3. Mesmo o arquivo de variável espa- O usuário pode escolher realizar uma


cial não sendo necessário para esta comparação entre dois arquivos raster,
análise, é necessário indicá-lo. No selecionando o primeiro e o segundo
exemplo foram utilizados os próprios raster, ou entre todos os raster carre-
arquivos raster com o uso e cobertu- gados no MOLUSCE. Pode-se executar
ra de cada ano; a correlação, pressionando o coman-
4. Clicar em Check Geometry e, caso do Verificação (Check) localizado na
a geometria coincidir, pode-se pros- parte inferior da janela. As técnicas do
seguir para a análise. Se ocorrer Coeficiente de Cramer e de Incerteza de
algum erro, será necessário revisar informação conjunta trabalham apenas
os arquivos raster e padronizá-los com dados categóricos. Nesse caso, os
em relação à sua extensão, sistemas dados devem ser categorizados previa-
de projeção e referência, legenda e mente (por ex. com o uso do GRASS).
resolução espacial. Na etapa da geração da matriz de
transição propriamente dita, as classes
O módulo de avaliação de correlação devem ser iguais, ou seja, a nomencla-
contém três técnicas para a execução tura e número de classes devem ser as
da análise de correlação: i) Correlação mesmas. Caso alguma classe apareça
de Pearson; ii) Coeficiente de Cramer; em somente uma das datas, o proces-
e iii) Incerteza de informação conjunta. samento não será realizado. A Figura 6

Figura 6. Matriz de transição.


Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 11

apresenta os passos para gerar a matriz padronizando-os em relação à sua ex-


de transição. tensão, sistemas de projeção e referên-
cia, legenda e resolução espacial. Para
1. Selecionar a guia Area Changes na todos esses procedimentos será ne-
extensão MOLUSCE. cessário dispor da licença da extensão
2. Selecionar a unidade pré-definida no Spatial Analyst do Arcgis. Os arquivos
menu de opções da unidade. raster também devem ser reclassifica-
3. Clicar em Update tables para carre- dos para uma numeração sequencial,
gar a matriz de transição. iniciando com um número diferente de
4. Clicar com o botão direito do mouse zero, conforme procedimentos numera-
na matriz e pressionar CTRL + C dos em sequência, descritos a seguir e
para copiar os dados. Pode-se colar mostrados nas Figuras 7 (passos 1 a 4),
os dados em uma planilha eletrônica 8 (passos 5 e 6) e 9 (passos 7 a 10),
como o Excel, OpenOffice ou Google respectivamente:
Sheets.
5. Clicar no botão Create changes map 1. Acessar o menu Spatial Analyst
para criar o mapa de transição. Essa Tools.
nova camada será adicionada auto- 2. Acessar a opção Reclass.
maticamente ao QGIS e deverá ser 3. Selecionar Reclassify.
salva como GeoTiff. 4. Entrar com os valores Old values e
New Values, correspondentes às co-
lunas Original e Alterado, mostradas
Procedimentos para a na Tabela 1.
detecção de mudanças de uso 5. Clicar com botão direito do mou-
e cobertura da terra usando se sobre a camada e ir em Open
Attribute Table.
ArcGis com a extensão Land 6. Adicionar campo class_name com o
Change Modeler (LCM) nome curto das classes (siglas).
7. Depois de criada a coluna, habi-
O LCM usa como dados de entrada litar o modo edição para inserir o
do modelo, dois mapas de uso e cober- nome, ou sigla, das classes. Ir em
tura da terra que, no presente trabalho, Data Management Tools > Raster
correspondem aos anos de 2011 e 2014. > Raster Dataset > Copy Raster,
A extensão LCM calcula as superfícies realizando a exportação com essa
correspondentes às áreas onde houve ferramenta.
mudança de classe, identificando quais 8. A configuração deve ser: NoData
as transições ocorridas, tanto em termos Value = 255.
absolutos como percentuais. 9. Preencher Pixel Type =
Inicialmente, é necessário prepa- 8_BIT_UNSIGNED.
rar os dados para realizar a análise, 10. Preencher Format = TIFF.
12 Comunicado Técnico nº 418

Figura 7. Reclassificação da numeração das classes no programa ArcGIS.

Figura 8. Procedimentos para adicionar campo à tabela no programa ArcGIS.


Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 13

Figura 9. Procedimentos para salvar em formato raster no programa ArcGIS.

Tabela 1. Exemplo de como reclassificar a numeração das classes no


ArcMap.

Classe Original Alterado


Área não Observada (ANO) 0 0
Floresta Natural (FN) 1 1
Outras Terras com Árvores (OTA) 3 2
Gramíneas e Herbáceas (GH) 4 3
Floresta Plantada (FP) 5 4
Solo Exposto (SE) 6 5
Agricultura e Pastagem (AP) 7 6
Influência Urbana (IU) 8 7
Superfície com Água (SA) 9 8
14 Comunicado Técnico nº 418

A Tabela 1 segue a codificação 13. A aba Change Analysis ficará em


Original, apresentada em Luz et al. evidência.
(2018, p. 60).
Os procedimentos para carregar Durante a execução, a extensão
os dados para análise são mostrados LCM pode apresentar os seguintes avi-
na Figura 10, sendo numerados em sos, mostrados na Figura 11:
sequência e descritos a seguir:
• As áreas de segundo plano não cor-
11. Depois de os dados estarem padro- respondem ou o código de segundo
nizados, inseri-los no LCM. plano não é 0 (zero).
12. Clicar em Continue.... • Categorias de legenda não coincidem.

Figura 10. Inserção dos arquivos raster na extensão LCM do programa ArcGIS.

Figura 11. Avisos do LCM.


Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 15

• IDs (Identity - Identificação) de catego- não seja encontrada uma determinada


ria são números sequenciais. classe.
• O ID da categoria de legenda não Depois de padronizadas as legendas
pode ser 0 (zero). o LCM calcula as alterações das classes
ocorridas. A Figura 12 (passo 14 da aná-
Se isso ocorrer com os dados o LCM lise de mudanças no LCM) apresenta a
abrirá uma tela onde é possível configu- interface Change Analysis.
rar as legendas e valores das classes do Para salvar os Mapas de Mudanças
arquivo raster. (Change Maps), devem ser observados
No LCM, mesmo que não exista os procedimentos mostrados na Figura
alguma classe em uma das datas, é 13, numerados em sequência e descri-
possível padronizar as legendas. Para tos a seguir:
isso, basta inserir a legenda da classe
inexistente na data na qual não aparece, 14. Inserir um nome em Output name.
somente como um artifício para fins de 15. Clicar em Create Map.
processamento no LCM. Na extensão
LCM é necessário que os números Como resultado dos procedimentos
de classes, assim como as legendas, será gerada uma nova camada raster
estejam presentes nas duas datas, com as alterações do tipo “de-para”,
mesmo que em uma determinada data conforme mostrado na Figura 14.

Figura 12. Janela da Análise de


mudança na extensão LCM.
16 Comunicado Técnico nº 418

Figura 13. Geração do mapa de mudanças com a extensão LCM do programa ArcGIS.

Figura 14. Janela do programa ArcGIS mostrando a representação raster da detecção de


mudanças gerada com a extensão LCM
Cadernos de geoprocessamento 10: Como proceder na detecção de mudanças .... 17

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