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NAPE

Núcleo de Arte e Educação


- clínica escola

Pós-Graduação, lato sensu, em Arteterapia

Arteterapia e os 4 Elementos da Natureza

Fabíola Maria Gaspar


Psicóloga - CRP 06/35684-8
Arteterapeuta - ARTT - nº 064/0706

“Deus dorne na pedra, respira na planta, sonha no animal, e desperta no homem”


Poema Indiano - Imagem Tomasz Allen Kopera

NAPE – Um espaço onde as Artes, as Ciências e os Valores Humanos caminham juntos.

www.napesjcampos.com.br napesjcampos@uol.com.br
NAPE
Fabíola Gaspar e Maris Stela Manara

Os 4 elementos da Natureza e sua relação com o universo embrionário

“A ciência não pode resolver o derradeiro mistério da natureza. E isso


porque, em última análise, nós mesmos somos (...) parte do mistério
que tentamos resolver.”
(Max Planck, 1858-1947, in BRADEN, 2012,p.27)

Perde-se na noite dos tempos o desejo do ser humano de conhecer a ori-


gem do Universo, entender os fenômenos da natureza e compreender a sua própria
existência.
Essas três questões fundamentais ainda movimentam toda a ciência humana,
cujo caminhar, no entanto, se deu e se dá, de passo em passo, de pensamento em pensa-
mento.
E o pensamento humano parece desenvolver-se em contextos que sempre
envolvem retomadas de algum aspecto do pensamento do passado para alavancar o pre-
sente e o futuro.
Pensar, por exemplo, que a vida se originou na água, é um conceito tão antigo
quanto moderno. Mas também é possível considerar o fogo como fonte original do universo,
uma vez que a ciência atual aceita a possibilidade de tudo ter sido gerado a partir de uma
grande explosão. No entanto, ainda há aqueles que debatem a importância do espaço (ar)
como gerador, uma vez que ele já existia quando houve a grande explosão. E assim pros-
seguem especulações que movimentam a busca incessante pelas causas e razões das
coisas.
Neste sentido, vale incursionar pelo pensamento filosófico da antiguidade
para perceber as semelhanças de pensamentos que acabaram por se tornar os fundamen-
tos para a compreensão que hoje se tem daquilo que possa ser a realidade.
Entre o século VI a. C. e o V a. C. surge o período filosófico grego denominado
Naturalista. Assentado em especulações sobre a origem do mundo exterior, seus seguido-
res deduzem haver uma origem única, comum para todas as coisas.
Esse período floresce nas ilhas gregas da Ásia Menor, do Egeu e da Itália,
alavancado pela economia de abastança em vigor na região, e também pela liberdade de
pensamento garantida pelo contexto democrático. É no Egeu, portanto, que se estabelece
a filosofia naturalista, a primeira escola do pensamento filosófico grego.
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Seus discípulos ocupam-se, e julgam ter achado a substância última - a ma-


téria una dotada de força ativa, de onde se derivariam todos os fenômenos observáveis da
natureza.
Dentro deste período, destaca-se Tales de Mileto (624-546 a.C.), fundador da
escola jônica. Para ele a água é a substância última e fonte original da multiplicidade mate-
rial. Ele acredita na terra como um grande disco à deriva sobre a água do oceano.
Também em Mileto, assim como Tales, nasce Anaxímenes (585-528 a.C.) que
lança seus pensamentos em uma obra intitulada ‘Da Natureza’, da qual existem pouquís-
simos registros. Anaxímenes considera o ar, ilimitado e em constante movimento, como o
princípio de toda matéria, sendo esta um subproduto de sua rarefação ou de sua conden-
sação. Em Anaxímenes a terra se assemelha a um disco pairando no ar.
Ainda no período pré-socrático, nasce Heráclito (540 a.C.- 475 a.C.) em Éfe-
so, cidade da atual Turquia. O pensamento primordial de Heráclito é o de que tudo muda
permanentemente, ou seja, o movimento é a essência. E só o movimento é imutável. Tal
pressuposto torna-se conhecido como ‘panta rei’ (tudo flui). Heráclito considera a lei do de-
vir (vir a ser) como um princípio constante e estável no universo.
Heráclito adota o fogo como o elemento mais adequado para representar
essa dinâmica, pois, segundo ele, o universo se origina no fogo e é consumido pelo fogo,
num movimento eterno. Quando o fogo se condensa, torna-se úmido e vira água. Quan-
do a água se solidifica gera a terra. E a partir disso toda a vida acontece. Mas quando se
dissolve a terra, ressurge a água, que vira vapor e se transforma em fogo. Portanto, um
movimento cíclico e contínuo entre opostos.
Filósofos anteriores haviam percebido a dinâmica de nascimento, crescimen-
to e morte de toda a matéria – ‘physis’. Heráclito, porém, enfatiza a questão do devir, do
vir a ser eterno. O pensamento heraclitiano pressupõe que toda mudança ocorre devido à
alternância entre opostos. O vir a ser significa luta, guerra, antítese. E indica a harmonia e a
sabedoria universal como solução para o impasse entre estas forças oponentes, uma espé-
cie de acordo entre as partes, quando os contrários se unem do mesmo modo que o início
e o fim, em um círculo, pois, afirma ele, princípio e fim são, na verdade, apenas versões
opostas de uma mesma realidade.
Importante é ressaltar também a filosofia eleática, cujo nome advém de Eléia,
cidade ao sul da Itália, onde a escola eleata se estabelece e tem em Parmênides (530 a.C.-
460 a.C) uma de suas figuras de projeção. Os eleatas defendem o abstrato, o princípio uno,
estático, imutável e eterno. E enfatizam que a realidade múltipla, apreendida pelos sentidos
é falsa. Deste modo, negam à sensação condições de chegar à verdade, uma vez que os
sentidos físicos estão sujeitos a contradições entre o que é e o que não é entre o ser e o não
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ser. O mundo sensório é mutável e, por isso, uma ilusão. Por outro lado, consideram que
a unidade da realidade imutável e não gerada pode ser apreendida pela mente humana.
As ideias de Heráclito e Parmênides influenciam o pensamento posterior, que
se ocupa, de alguma forma, com o ser e o vir a ser.
Empédocles, nascido na antiga cidade grega de Agrigento (492 a. C.- 432 a.
C.) é outro filósofo que vale ressaltar. Ele não segue uma escola filosófica. Na verdade, seu
pensamento eclético resulta de uma mistura de ideias de alguns de seus predecessores.
Homem de muitas virtudes, Empédocles é escritor e poeta. Escreve o poema
filosófico ‘A Natureza’, mas atua também como médico, dramaturgo, político e filósofo. E
como tal, dá a sua contribuição ao saber humano em enunciados que sugerem ser as mu-
danças fenomênicas resultantes da combinação e separação de elementos inalteráveis.
Empédocles divide o ser uno estável dos eleatas em quatro elementos primordiais essen-
ciais à estrutura do universo: fogo, ar, água e terra, aos quais denomina raízes.
Segundo Empédocles, conforme são misturadas diferentes frações desses
elementos imutáveis e indestrutíveis, uma modificação aparece na estrutura. Assim, a di-
versidade e o processo de crescimento, aumento ou diminuição se devem a mudanças na
combinação desses elementos simples e eternos.
Mas os elementos em Empédocles precisam de um fator impulsionador para a
sua combinação/mistura e para a sua separação. O filósofo imagina que o amor e o ódio,
respectivamente, realizem esse acionamento.

“O amor conserva misturado e unido tudo, coisas e elementos, que


o ódio distingue e divide. A princípio domina unicamente o amor e,
por conseguinte, a harmonia e a paz, como que numa idade do ouro;
depois mistura-se com o amor o ódio, a divisão, donde a origem dos
seres individuais que, num predomínio sucessivo do ódio, são des-
truídos. Isto provoca, por reação, uma volta ao amor, recomeçando
daí um novo ciclo e, assim por diante, repete-se um eterno retorno de
coisas e eventos.”
Humberto Padovani & Luís Castagnola, , 1967, p. 99-103.)

Essa visão de unicidade própria do amor comunga com o pensamento de Je-


sus Cristo – um dos grandes terapeutas do universo, que evidencia:

“Quando de dois fizerdes um, e quando transformardes o interior em


exterior e o exterior em interior; quando o superior for como o inferior,
e quando fizerdes o masculino e o feminino uma só coisa, de tal forma
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que o masculino não seja masculino e o feminino não seja feminino;


quando fizerdes olhos no lugar de um olho e uma mão no lugar de
uma mão, e um pé no lugar de um pé, uma imagem no lugar de uma
imagem, então entrareis no reino”.
(Evangelho de Tomé, log. 22).

Os 4 elementos da Natureza e sua relação com o universo atual


Torna-se claro como esses pensamentos embrionários formaram a base de
sucessivos conhecimentos.
Carl Gustav Jung (1875 – 1961), psiquiatra suiço, fundador da psicologia
analítica, também conhecida popularmente como psicologia junguiana estava con-
vencido, que a psique é um sistema auto-regulador que se esforça constantemente por
manter o equilíbrio entre tendências opostas.
Desta maneira, quando se produz uma polaridade ou unilateralidade no reino
consciente de um indivíduo, seu inconsciente reage de imediato em sonhos, ou fantasias,
tentando corrigir o desequilíbrio que se está produzindo (Jung, 1992).
O pensamento heraclitiano de opostos em conflito, o de Parmênides de ser e
não ser e o de Empédocles de quatro elementos – fogo, terra, água e ar, em permanente
combinação e separação estão, respectivamente, e com as devidas adaptações, na base
do pensamento de Jung de polaridades e nas associações, feitas pelo psiquiatra suíço,
com as quatro funções reguladoras da consciência: intuição, sensação, sentimento e pen-
samento, também elas Carl Gustav polaridades em conflito, necessitando de diálogo para
estabelecer a união.
Jung destaca que o processo de individuação através do qual o sujeito se
torna indivíduo, isto é, não dividido, um todo [...] torna-se único através da diferenciação
de características que em si mesmas são universais. A individuação tem lugar principal na
segunda metade da vida [...] em direção à totalidade psíquica – a união dos opostos [...]
há a diferenciação do ego da persona e o confronto com a sombra [...] constelam-se novos
elementos arquetípicos como a Anima e o Animus, contrapartes feminina e masculina que
funcionam como guias para o inconsciente [...] A individuação é o sentido da vida.
A questão de ser ou não ser ainda permeia a cultura ocidental e influencia
tanto os preceitos ético-religiosos de ser bom ou ser mau, quanto os conceitos psicológicos
relacionados ao que está no consciente em contraposição ao que está no inconsciente.
Na literatura atual encontra-se em Dethlefsen & Dahlke, autores do livro A Do-
ença como Caminho, o amor como o oposto do resistir, do não deixar entrar. E quando há
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amor, nas suas mais diferentes formas de manifestação, abrem-se brechas para que algo
externo possa penetrar. Os autores complementam:

“Na maior parte das vezes, denominamos essa fronteira de eu (ego)


e tratamos tudo o que fica fora dessa identidade pessoal como tu (o
não-eu). No amor, essa fronteira se abre para que o tu possa entrar e,
através da união, se transforme também em eu. Em toda parte onde
colocarmos fronteiras, não amamos; por outro lado, sempre que dei-
xarmos entrar, amamos.”
(Thorwald Dethlefsen & Rudiger Dahlke ,2007,p.103)

Roberto Crema também nos faz refletir sobre a união dos opostos: “É tempo
de religar a sensação à intuição, o sentimento ao pensamento, o intelecto o Espírito”. (CRE-
MA,In.: LIMA (org.) 2001, p.39).

Os 4 elementos da Natureza: TERRA, ÁGUA, FOGO e AR e a Arteterapia.


Atualmente percebemos os 4 elementos da natureza e suas funções no cor-
po humano representando as necessidades fundamentais da vida às quais pertencem. O
ar é o elemento imprescindível da nossa respiração; o fogo é manifestado nos impulsos elé-
tricos cerebrais e na temperatura do organismo; a água que constitui 70% da nossa massa
corpórea é a responsável por todos os fluidos e fluxos corporais e a terra é reconhecível na
composição dos ossos e carne.
Tudo que nos cerca está vinculado simbolicamente aos 4 elementos como
cores, formas, pedras, objetos, lugares, signos, alimentos, órgãos humanos, músicas e
instrumentos musicais, utensílios, personagens, figuras mitológicas, formas de expressão,
entre outros, estabelecendo uma analogia entre o material tangível e a energia psíquica.

Elemento TERRA
O elemento Terra promove a Sensação, nos traz a matéria, a estabilidade, a
percepção da realidade e tudo que nos fornece base e suporte para o crescimento. Refe-
re-se a tudo que assume uma forma definida, que ocupa um lugar no espaço e, de modo
profundo, ao nosso posicionamento existencial.
A Terra é firme, dá a sensação de proximidade com a realidade. É um símbolo
ligado às raízes e às bases da humanidade.
Dos 4 elementos, a Terra é o mais físico deles e sobre ela todos os três se
apóiam. Sem a terra a vida como conhecemos não existiria.
O elemento Terra possibilita a estruturação psíquica, permite percepções de
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sensações/fenômenos e favorece a imaginação criativa.


Podemos trabalhar arte terapeuticamente com essas questões através de
expressões tridimensionais, como modelagem em argila, escultura, confecção de caixas,
jardinagem, confecção de ninhos, confecção de animais terrestres, desenho ou confecção
do” animal de poder”, trabalho com pedras, galhos, corpo(imagem corporal) , desenho em
ovos, confecção de instrumentos de abertura como espadas, além de trabalhos com Mitos
e personagens ligados a Terra.
A terra é o símbolo da origem da vida, que sustenta, nutri e acolhe o ser.
(CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005; FINCHER, 1991;LEXIKON, 1994)
● Função psíquica: sensação.
● Energia: receptiva, feminina.
● Alimento: cenoura, batata, inhame, beterraba e os demais alimentos que nas-
cem dentro da terra.
● Forma: quadrado (materialidade) e redondo.
● Plano: horizontal, porque remete ao chão, solo, terra.
● Movimento: pisar, marchar, bater, martelar, danças indígenas, africanas, sapa-
teado.
● Cores mais representativas: negro, marrom, verde.
● Música: aquelas que utilizam instrumentos de percussão. As indígenas geral-
mente reforçam o elemento terra.
● Instrumentos musicais: baterias, tambor, todos os instrumentos de percussão.
● Objetos tridimensionais (sólidos, que ocupam um espaço): caixas de jardina-
gem, bonecos e instrumentos que abrem caminhos como pá, enxada, arado,
bate estaca, machado, faca.
● Pedras: esmeralda, quartzo fumê, ágata.
● Animais: boi, vaca, coelho, dinossauros, gorila.
● Deuses e Deusas: Deméter, Gaia, Perséfone, Ogum, Obá (africana). Hércules,
Dionísio, entre outros.
● Personagens: saci Pererê, duendes, gnomos, etc.
● Representantes Humanos: guerreiro, índio, aborígene (povos primitivos em ge-
ral).
● Lugares: cavernas, vales, cânions, florestas, abismos, lama,campos cultivados,
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fazendas, jardins, parques, cozinhas, creches, porões, minas, buracos, tocas,


montanha.
● Manifestações e eventos naturais: terremoto.

Atividades TERRA
1- Construção de mandalas ou yantra com pedras e areias coloridas.

- Materiais para suporte (redondos e quadrados): telas, pratos de papelão, madeira, caixas
de salgados, de sapato, de diferentes tamanhos, etc.

- Materiais para construção: - terras e areias coloridas, pedras lapidadas, cola cascorez
(bastante), pedras, sementes, gravetos (opcional), etc.

- Procedimento: Usar muita cola e pouca areia e pedras. Fazer parte por parte, senão a
cola seca.

2- Construção de um pote ou um vaso (aquecimento leitura do texto o pote vazio).

- Materiais para suporte: suportes quebrados como lixeiras, argila de diferentes cores,cha-
péu, cestas, bexigas,etc.

- Materiais para construção: trigo,flores secas, gravetos,folhas cascas de árvores de dife-


rentes tamanhos, folhas , sementes, etc.

- Dica: Quando construímos com argila, passamos cola branca para não quebrar a peça
depois de seca.

3- Atividade: Construção de uma ferramenta (aquecimento com um Mito que transmita


força, convicção, idealismo, coragem, abertura para o novo).

- Materiais: galhos grandes e pequenos,rolos gdes de papelão, madeiras,paus,sucatas,-


lãs, tintas,barbantes,cordas, penas, fita crepe, durex, e estiletes.

- Dicas: ferramentas que visam a abertura, o descobrimento, aquele instrumento que favo-
rece abrir novos caminhos como espadas,machados, facas,lanças, etc. Leitura de um Mito
como São Jorge, Rei Arthur/ O Cavaleiro da Távola Redonda (verdade interior), Hércules
– Os doze trabalhos de Hércules.

4– Atividade: Construção de um mini jardim

- Materiais: caixas de salgados, caixas de sapato, terras e pedras coloridas, folhas, semen-
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tes, serragem, cola colorida, cola gliter, Kit pintura, etc.

- Procedimento: Crie livremente um mini jardim.

5- Atividade: Construção de bonecos.

- Materiais: caixas com sucatas, isopor esférico de vários tamanhos, cabaça, fita crepe,
durex, cola quente,tecidos de vários tamanhos, botão, olhos, lãs, barbantes, etc.

Elemento ÁGUA
A Água nos remete as nossas emoções, aos nossos sentimentos, a nossa
origem, ao começo, ao nascimento, ao feminino, aos movimentos circulares, as curvas do
corpo feminino, a expansão, etc
A água nos remete a flexibilidade, fluidez, frescor e relaxamento .
A dimensão do feminino nos permite acolher, germinar, gerar e nutrir novas
propostas, projetos.
Fonte de vida, a água é centro de regenerecência e meio de purificação.
(CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005; FINCHER, 1991; LEXI-
KON, 1994).
● Função psíquica: sentimento.
● Energia: feminina.
● Alimento: água, laranja, melancia, melão.
● Forma: arredondadas e onduladas.
● Movimento: circular, ondulatório, sinuoso, oscilante, dança do ventre.
● Cores mais representativas: azul, verde claro, preto.
● Músicas: harpa, piano, teclado, sons de mar e das águas em geral.
● Instrumentos: piano, cravo, teclado, harpa, órgão, etc.
● Objetos: aquários, navios, âncora, submarinos, conchas, estrela do mar, etc.
● Pedras: Jade, Topázio e Coral.
● Animais: peixes, baleias, golfinhos, e animais aquáticos, etc.
● Deuses e Deusas: Poseidon, Netuno, Iemanjá, Iara etc
● Personagens: Sereias, Ninfas, Ondina (poesia de Luis de Camões).
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● Representantes Humanos: Curador (psicólogos , terapeutas).


● Lugares: mar, lago, cachoeira, rios, oceanos, águas subterrâneas etc.

Atividades ÁGUA
1- Construção da fonte das emoções

- Materiais: papelão, tubos de papel higiênico ou de porta toalha, papéis laminado, papel
crepom, de seda, TNT, EVA, celofane, plásticos, de diversas cores e espessuras. Cola
Cascorez, branca, bastão, cola colorida e gliter, taxinhas, fita crepe, durex, fita dupla face,
palitos, arames, conchas, pedrinhas, papel A4 e A3, cartolina, tesouras, estiletes etc.

- Procedimento 1 : Observe as imagens, converse sobre elas com o grupo e depois reflitam
silenciosamente sobre quais sentimentos e comportamentos que necessitam ser elimina-
dos do seu mundo interno. Guarde isto para si.

Imagem - Rompiendo El Circulo Vicioso,1962,Remédios Varo

Imagem - la Despedida,1958 -Remédios Varo

Imagem - Ruptura,1955 - Remédios Varo

- Sentir os sentimentos.: deixe fluir os sentimentos e emoções que você queira compartilhar
e aqueles sentimentos que queira colocar para fora (não deseja mais).

- Construa uma fonte de emoções individualmente. Inicialmente confeccione a estrutura


da fonte, depois sinta as emoções que gostaria de colocar para fora. Relacione-as com as
diferentes cores, formas, movimento, etc.

- Sinta os sentimentos fortes e bons que gostaria de compartilhar com as pessoas (aquilo
que você tem de forte e bonito), pinte-os também, juntamente com aqueles sentimentos
que não deseja mais.

2- Pinturas com terra (livre e depois pintura do auto-retrato).

- Materiais: potes de tintas de terra em diversas cores, pó de café, cola, papel Canson

em diferentes tamanhos, espelhos, pincéis, papel p/ limpeza, copo p/ água.

- Primeiramente faça uma pintura livre sem se preocupar com a forma, explore as diferentes
cores, texturas, a fluidez das tintas naturais.

- Olhe-se no espelho, observe bem seus olhos, sobrancelhas,nariz, face, boca, testa, quei-
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xo e perceba o que eles transmitem, o que necessitam, o que retratam. Escolha uma das
partes e a represente pintando com as tintas naturais ou faça seu auto-retrato.

- Observe essas imagens de auto-retrato, não se trata de copiar, mas de transmitir o que
sua imagem passa.

3- Preparação de perfumes coloridos e decoração dos respectivos frascos (atividade


elaborada por Patrícia Pinna).

- Aquecimento: leitura sobre o mito Iemanjá.

- Materiais: vidros de perfume, essências diversas (alecrim, erva doce, rosas, camomila,
etc.), anilina comestível, álcool de cereais, água, cola colorida, glíter, pedrinhas coloridas,
fitinhas, sianinhas, botões, biscuit, tule e tecidos transparentes, jutas coloridas, rendinhas,-
florzinhas secas, tintas diversas, cola quente e Cascorez.

- Procedimento: Após a leitura sobre o mito Iemanjá, crie nos frascos perfumes ou aroma-
tizante de ambientes com as diferentes essências, dando lhes cores que você sentir como
apropriadas. Decore os frascos com os materiais disponíveis. Compartilhe com os mem-
bros do grupo.

Iemanjá

Na Umbanda, é considerada a divindade do mar, além de ser a Deusa padro-


eira dos náufragos, mãe de todas as cabeças humanas.
Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Prin-
cesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras
misteriosas da felicidade e da liberdade.
Homenagem à “Rainha do Mar” - variedades de oferendas, tais como espe-
lhos, bijuterias, comidas, perfumes, flores, velas e toda sorte de agrados.
Iemanjá promove um fluxo emocional que traz à tona a possibilidade de dis-
solver antigos modos de relacionamento com a vida para que um renascimento seja possí-
vel. De acordo com Ligiéro (2006), Iemanjá “pode ser invocada para promover uma limpeza
espiritual, levando embora os sofrimentos e as mágoas que nos impedem de continuar evo-
luindo.” (Extraído do livro Mitologia Africana e Arteterapia, Volume III, Patrícia Pinna, p.146).
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4- Atividade: Representação dos encantos

- Material: tecido de morim ou jutas, isopor redondo, telas quadradas e redondas utilizando
conchas, estrela do mar, cavalo marinho, caramujos, cordas de sisal cruas e coloridas,ju-
tas, , cola quente e cascorez , areia azul, branca ,verde claro e outras cores, se necessário.

- Procedimento: Leitura sobre Iara e sua história e logo em seguida construção de uma
mandala.

IARA – Mito indígena

Iara ou Uiara (do tupi ‘y-îara “senhora das águas”) ou Mãe-d’água, segundo o folclore bra-
sileiro, é uma sereia. Não se sabe se ela é morena, loira ou ruiva, mas tem olhos verdes
e costuma banhar-se nos rios, cantando uma melodia irresistível. Os homens que a vêem
não conseguem resistir a seus desejos e pulam nas águas e ela então os leva para o fundo;
quase nunca voltam vivos. Os que voltam ficam loucos e apenas uma benzedeira ou algum
ritual realizado por um pajé consegue curá-los. Os índios têm tanto medo da Iara que pro-
curam evitar os lagos ao entardecer.

História do Mito

Iara antes de ser sereia era uma índia guerreira, a melhor de sua tribo. Seus irmãos ficaram
com inveja de Iara pois só ela recebia elogios de seu pai que era pajé, e um dia eles resol-
veram tentar matá-la. De noite quando Iara estava dormindo seus irmãos entraram em sua
cabana, só que como Iara tinha a audição aguçada os ouviu e teve que matá-los para se
defender e, com medo de seu pai, fugiu. Seu pai propôs uma busca implacável por Iara. E
conseguiram pegá-la; como punição Iara foi jogada bem no encontro do rio Negro com Soli-
mões. Os peixes a trouxeram à superfície e de noite a lua cheia a transformou em uma linda
sereia, de longos cabelos e olhos verdes. Iara era, segundo outros, a deusa dos peixes.

Mito

Moça bonita, de cabelos demasiadamente longos, que sempre mora numa fonte em centro
de mata.Vez por outra, nas horas mortas da noite, especialmente em noite de luar, canta.
Diz que duma voz tão boa, bonita e tocante que o homem que a ouve morre de paixão por
ela.Quando o Homem se apaixona por ela, ele é levado ao fundo do lago e é devorado pela
Iara.Não se entende nada de suas cantigas porque canta em língua de índio. Se a mãe-
-d’água por acaso um dia morre, sua fonte seca.Texto extraído da

Wikipédia: pt.wikipedia.org/wiki/Iara

Disponível em:http://deise.info/wp-content/uploads/2008/03/iara.jpg
5- Dialogando com uma imagem escolhida.
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Fabíola Gaspar e Maris Stela Manara

- Material: Quadros, imagens de diferentes artistas, tinta e kit pintura, folhas A3 e/ou carto-
linas.

- Veja atentamente as imagens, escolha uma que te impressione, que te atraia mais

- Faça um diálogo interno com a imagem

- Pínte livremente, não é um a releitura, mas deixe vir sentimentos, sensações e pinte.

6- Dialogando com uma imagem aleatória

- Material: Quadros, imagens de diferentes artistas, tinta e kit pintura, folhas A3 e/ou carto-
linas.

- Colocar as imagens viradas para a mesa, de maneira que os participantes não vejam as
imagens

- Escolha uma imagem sem ver, aleatoriamente.

- Examine a imagem detalhadamente, sinta o que ela te transmite, faça um diálogo interno
com a imagem

- Pínte livremente, não é um a releitura, mas deixe vir sentimentos, sensações e pinte o que
sentir.

Elemento Fogo
O fogo está ligado à capacidade de iluminar aspectos de nossa realidade, sejam positivos
ou negativos. Entendem-se como negativos os conteúdos não trabalhados, não esclareci-
dos. Basta, porém, clareá-los para deixarem de ser desconhecidos e passarem a ser inte-
grados. Aliás, a integração é um processo de clareza pessoal.

O fogo está ligado à intuição, motivação, emoções ardentes, criatividade, confronto, trans-
formação, dinamismo, autoconfiança, coragem, heroísmo e realização.

As atividades envolvendo velas queimadas e queima de giz de cera, criação de luminárias,


castiçais, lanternas e lamparinas, além do trabalho corporal de aquecimento, dança, dra-
matização e expressão corporal podem estimular a chama interior.

O fogo permite entrar em contato mais rápido com a luz. Ele possibilita a iluminação dos
aspectos negativos, sombrios etc..

O fogo é um símbolo purificador, regenerador e transformador. (CHEVALIER &


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GHEERBRANT, 2003.)

● Função psíquica: intuição.


● Energia: quente.
● Alimento: pimenta e sangue (fígado).
● Signos: Sagitário, Leão e Áries.
● Forma: espiral.
● Movimento: para cima, de expansão.
● Cores mais representativas: vermelho, preto e dourado.
● Músicas: jazz e as de metais, principalmente.
● Instrumentos: sino, metalofone, trompet, saxofone.
● Pedras:
● Objetos: ferro , cobre, vulcão, luminárias, lâmpadas, velas etc.
● Animais: dragão, coruja, salamandra, etc.
● Deuses e Deusas: Hefesto Prometeu, (herói grego que rouba o fogo do Olimpo
para dar vida aos homens que eram bonecos de argila) entre outros.
● Personagens: sábio, bruxas, salamandras, dragão entre outros.
● Representantes Humanos: ferreiro, mineiros (profissionais que trabalham em mi-
nas de carvão), etc.
● Manifestações e eventos naturais: trovão,erupção vulcânica,

Atividades FOGO
1- Pintura de fogo

- Material: cd ou disco vinil, com giz de cera, vela, pedras, lantejoulas, etc.

- Procedimento: faça uma pintura livre com giz de cera queimado derretido na vela e enfeite
com pedras etc.

2- Confecção de mandalas.

- Recursos materiais: velas, fósforos, potes (da seda), pedrinhas e sementes pequenas.

- Construa mandalas com pingos de vela queimada pingados sobre a água. Enfeite com
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pedrinhas e sementes etc.


3- Transformação Construção de uma luminária ou castiçais.

- Recursos materiais: papel de seda, celofane e outros tipos, cartolinas, giz de cera, tesou-
ras, colas, palitos,velas, fósforos, etc.

- Procedimento: Olhe profundamente a figura de Remédios Varo e feche os olhos. Sinta o


que na sua vida deve ser iluminado. La Llamada, 1961, Remédios Varo

- Procedimento: Construa um castiçal ou uma luminária livremente.

4- Mandalas com vela branca

- Recursos materiais: velas brancas, folha A4, giz pastel, fósforo.

- Procedimento: Faça o contorno de um cd, ao centro de uma folha de sulfite.. Desenhe


livremente ou utilize algumas formas pré estabelecidas como borboletas, lua, etc . Pinte
com giz pastel. Depois pingue com vela branca em cima do desenho. Após estar bem seco
retire a mandala de cera de vela da folha e sulfite. Vc terá duas mandalas uma na folha de
sulfite e outra de cera.

Elemento Ar
O Ar representa o nosso potencial de sonhar e criar imagens para depois se configurar em
projetos.

Ligado a pensamentos, elaborações, a ordenação, a organização, classificação, mensu-


ração favorece a coordenação de idéias, linguagem, da aprendizagem, do cognitivo. E a
atividades como contar histórias, costura construção de móbiles, trabalho com lãs comuns
ou cardadas, tecelagem e fios em geral possibilidades que fortalecem o elemento ar.

O ar é o símbolo da liberdade, da expansão, da comunicação e da criação.

● Função psíquica: pensamento.


● Energia: masculina.
● Alimentos: frutos aérea, como chuchu, maracajá, uva, não se prendem na terra
mas se agarram em outros elementos (Kaká Werá: indígena e estudioso da cul-
tura indígena brasileira).
● Formas: laços, laçadas, nós, entrelaçados, correntes ,etc.
NAPE
Fabíola Gaspar e Maris Stela Manara

● Manifestações e eventos naturais: brisa, vento, tornado,etc


● Movimento: pulos, giros, dança clássica, etc.
● Cores mais representativas: azul claro, verde claro e preto.
● Músicas: clássicas e orquestradas.
● Instrumentos: de sopro como flautas, apitos, gaita, ocarina (instrumento indíge-
na), etc.
● Objetos: tecidos leves esvoaçantes, pipas, sinos, fitas, lãs, flechas, laços, avi-
ões, helicóptero, aliança e correntes, (tudo que une).
● Animais: pássaros, águia, borboletas, abelhas, aranha, etc.
● Deuses e Deusas: Teseu, as Moiras etc.
● Personagens: Peter Pan, fadas, elfos, silfos, sílfides etc.
● Representantes Humanos: mestre, professor, tecelãs, aviadores etc.
● Lugares: céu, nuvem, montanhas etc.

Atividades AR
1- Olho Mágico ou Olho de Deus.

- Materiais: lãs e fitas de cores variadas, palitos de churrasco e palitos japonês.

- Cruze 2 ou mais palitos de churrasco (ou galhos finos) e na junção deles, dê várias voltas
com o fio da partida de um novelo de lã de modo a ficarem presos. Entrelace fios de diver-
sas cores, conforme sugere a imagem (FOTOS).

2- Construção livre com lã cardada

- Materiais: Feltro branco, lãs cardadas de diferentes cores e outros adereços (opcional).

- Pegue o feltro branco e faça como base para seu trabalho. Escolha algumas cores da lã
cardada. Pegue um pedaço pequeno e abra bem, quanto mais abrir, melhor fica.

3- Construções da linha da vida com feltro e tecidos.

- Materiais: feltros e tecidos de diferentes tamanhos, espessuras e cores, linhas e agulhas,


colas.
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Fabíola Gaspar e Maris Stela Manara

- Represente individualmente uma cena marcante em sua vida ou criem uma cena em gru-
po, com tema livre.

- Variação (outra proposta), da atividade 3: Retratem em 5 fases lembranças da infância,


da adolescência, fase adulta e como gostariam de viver na velhice , criando uma linha da
Vida ou linha do Tempo.

4- Mandalas de linhas e pedras.

- Recursos materiais: telas redondas ou quadradas, disco de MDF com furo no meio, lãs de
diversas cores e espessuras, pedrinhas, contas, cola, kit pintura.

- Escolha uma ou duas cores de lã e vão passando pelo disco de MDF (olhem o modelo).
Fixem o disco na tela, decorem a parte central com contas, conchas, etc e as extremidades
pintem ou colem tecidos, decorem como se sentirem melhor.

5- Móbile

- Materiais: Cds, folhas, palitos, contas, canudos, galhos, canelas, etc

- Procedimento: Reflexão

- Considerando que o móbile agrupa vários elementos, com formas, texturas e cores dife-
rentes e para que haja equilíbrio cada um tem que ter o seu espaço , faça um paralelo com
seus familiares ou com pessoas representativas do seu cotidiano, representando - as no
móbile.

Bibliografia Básica:
Apostila os 4 elementos da natureza de Fabíola Gaspar.

Artigo: UNIVERSO JUNGUIANO E ARTETERAPIA, Ângela Philippini

Artigo: ARTETERAPIA: CRIATIVIDADE, ARTE E SAÚDE MENTAL COM PACIENTES


ADICTOS, Ana Claudia Valladares.

Artigo: Brincando com os elementos. Gitta Mallasz.

BRANCO, S.. Deuses e Fadas- Arteterapia e arquétipos no dia a dia. Wak Editora.
NAPE
Fabíola Gaspar e Maris Stela Manara

BRANCO S. ; MEDEIROS A. Contos de Fadas - Vivências e técnicas em Arteterapia. Wak


Editora.

PADOVANI Humberto & CASTAGNOLA Luís. História da Filosofia. Edições Melhoramen-


tos: São Paulo, 7ª. Edição, 1967

Bibliografia Complementar
BELLO, S. Pintando a sua alma. Rio de Janeiro: WAK, 2003.

DETHLEFSEN, Thorwald; DAHLKE, Rudiger. A doença como caminho. 20. ed. Cultrix: São
Paulo, 2013.

GOUVÊA, Á. P. Sol da Terra: o uso do barro em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1989.

NACHMANOVITCH S. Ser Criativo: o poder da improvisação na vida e na arte. São Paulo:


Summus, 1993.

PHILIPPINI, Â.Arteterapia, Métodos, Projetos e Processos. Rio de Janeiro: WAK, 2007.

Arteterapia Coleção Imagens da Transformação nº. 11, Rio de Janeiro: Pomar, 2008.

PHILIPPINI, Â, Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia: Uso, Indicações e Pro-


priedades. Rio de Janeiro: WAK, 2009.

PHILIPPINI, Â. Para entender arte terapia: Cartografias da coragem. Rio de Janeiro: WAK,
2004.

SUE, N.; Robins D. Livro Gigante de Artes para Criança.São Paulo: Girassol.2008.

WILLIAMS, J. Artes na Natureza. São Paulo. Madras, 1974.

NAPE – Um espaço onde as Artes, as Ciências e os Valores Humanos caminham juntos.

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