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ACHARÊ MOT

(Depois morte)
PARA MANTER ACESA NOSSA CHAMA ESPIRITUAL
Lv 16:1-18:30
Am 9:7-15 (Ash.), Ez. 22:1- 16 (Sef.),
Lc 2:1-52
Quando nos acostumamos com uma coisa ou com uma situação, por mais importante e elevada que seja,
há sempre o perigo de que venhamos a desconsiderá-la pela força do hábito.
Nesta parashá, o Todo-Poderoso diz a Moshê para recomendar a seu irmão Aharon que não entre no
Côdesh Hacodashim (o local mais sagrado do Bêt Hamicdash) com freqüência. Aharon só entrava lá
uma vez por ano e, conforme relato de nossos sábios, ele isolava-se completamente por sete dias antes
de entrar no Côdesh Hacodashim, a fim de adquirir todas as qualidades espirituais necessárias para entrar
em um lugar tão sagrado.
No livro do profeta Yechezkel (46: 9) há uma recomendação aos que visitavam o Bêt Hamicdash durante
as festas, para que saíssem pela porta oposta à que entraram.
"Quando o povo da terra vier perante o Senhor nas festas fixas, todo aquele que entrar pela porta norte
para adorá-lo sairá pela porta sul, e todo aquele que entrar pela porta sul sairá pela porta norte.
Ninguém voltará pela porta pela qual entrou, mas todos sairão pela porta oposta”. Ezequiel 46:9
Conforme a explicação de Rabi Yaacov ben Tsevi zt”l (Yaavets) em seu comentário sobre o Pirkê Avot,
o motivo desta recomendação, é para que não venhamos a confundir e ter a impressão de que as portas
e paredes do Bêt Hamicdash são iguais às portas e paredes de nossas casas. Com este comportamento
recomendado por D’us, por intermédio do profeta, o sentimento de importância e de valorização do Bêt
Hamicdash não seria anulado pela rotina.
A rotina e o costume são alguns dos inimigos mais iminentes da elevação espiritual, porque no momento
em que a chama espiritual se reacende, o hábito acaba por abalá-la não dando margem à elevação
espiritual do ser humano. Devemos, portanto, lutar contra isso, utilizando-nos de certos procedimentos.
No Pirkê Avot nossos sábios recomendam: “Hevê shotê batsamá et divrehem” – Atente às palavras dos
sábios com a mesma sofreguidão, que um indivíduo sedento bebe água. Isso porque quem tem a água
sempre a seu alcance e bebe-a sem muita sede, não dá o devido valor. Porém, alguém que esteve no
deserto sem poder saciar sua sede, agarraria esta água com avidez e saberia valorizá-la devidamente.
O mesmo acontece no plano espiritual. Durante todo o tempo em que estamos próximos dos sábios da
Torá e ouvimos seus ensinamentos, não damos o devido valor. Por isso, nossos sábios nos recomendam
que “bebamos” as palavras dos chachamim com “sede”, como se há algum tempo não as tivéssemos
ouvido. Tudo isso para que o hábito não impeça nossa elevação espiritual.
Portanto, embora estejamos constantemente na sinagoga rezando e estudando Torá, temos de encontrar
uma forma de encarar este estudo sempre como um fato novo, para que continuemos dando o devido
respeito à sinagoga e para que nossa chama espiritual permaneça sempre acesa.

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