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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região

Ação Trabalhista - Rito Sumaríssimo


0024680-74.2022.5.24.0005

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 08/07/2022


Valor da causa: R$ 4.058,13

Partes:
AUTOR: ALESSANDRA SOARES CERQUEIRA
ADVOGADO: THAIS ALMEIDA DE OLIVEIRA
ADVOGADO: RENATA DE OLIVEIRA ISHI NOBRE
RÉU: PSIKE-RH MAO DE OBRA TEMPORARIA LTDA
ADVOGADO: SIDNEI ROMANO
RÉU: ESTOK COMERCIO E REPRESENTACOES S.A.
ADVOGADO: JOSE GUILHERME CARNEIRO QUEIROZ
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 3ª VARA DO


TRABALHO DE CAMPO GRANDE/MS.

Processo sob n. 0024680-74.2022.5.24.0005

ALESSANDRA SOARES CERQUEIRA, devidamente qualificada


nos autos da Ação Trabalhista em epígrafe, movida em face de PSIKE-RH MAO DE
OBRA TEMPORARIA LTDA e outros, também qualificadas, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que ao final assina, interpor
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO das reclamadas, pelas razões de fato e
de direito que passa a expor, requerendo seja admitido e encaminhado ao Egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da 24ª Região juntamente com o recurso ordinário interposto pela
reclamada.

A Recorrida deixa de pagar custas recursais por ser beneficiária da


justiça gratuita, conforme se depreende da sentença judicial.

Pede deferimento.

Campo Grande/MS, 31 de janeiro de 2023.

RENATA DE OLIVEIRA ISHI NOBRE


OAB/MS 14.525

Rua Treze de Maio, nº 2758, sala 4, Centro, Campo Grande-MS


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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO

CONRARRAZÕES ao Recurso Ordinário

Autos n: 0024680-74.2022.5.24.0005

Recorrente: PSIKE-RH MAO DE OBRA TEMPORARIA LTDA e outros.

Recorrido: ALESSANDRA SOARES CERQUEIRA

Colenda Turma,

Eméritos Julgadores!

As razões recursais das Reclamadas, ora. Recorrentes, não merecem


prosperar, haja vista que acertada a sentença que a condenou ao pagamento da indenização
prevista na letra “f” do art. 12, da Lei 6.019/1974, a devolução dos descontos irregulares das
verbas rescisórias, condenou ao pagamento da multa prevista no parágrafo 8º do art. 477 da
CLT, condenou ao pagamento dos honorários de sucumbência e a condenação subsidiaria
da 2ª Recorrente.

1- DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA 2ª RECLAMADA:

O MM. Juiz reconheceu a responsabilidade subsidiaria da 2ª Recorrente, ora,


Reclamada confessada pela 1ª Reclamada em contestação: "A primeira reclamada firmou
com seu cliente ESTOK COMERCIO E REPRESENTANÇOES S.A. um contrato de
Prestação de Serviços de fornecimento de Mão-de-Obra Temporário, pelo qual autorizou a
Reclamante a desenvolver suas atividades profissionais nas dependências da segunda
reclamada, empresa tomadora de serviços, fato que ocorreu por todo o período do contrato
de trabalho (07/08/2020 até 07/10/2020)",

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Impugna-se a alegação da 2ª Reclamada de que não existe responsabilização


do não cumprimento do contrato com a Autora, e que "não houve prova de que o recorrido
tenha prestado serviços determinados e específicos exclusivamente em favor desta
Recorrente (...)" Tendo em vista de se tratar de terceirização de atividade, cabendo a
responsabilidade subsidiária.

Assim, reitera que, nos termos da Súmula nº 331, item IV do TST, a 2ª


Reclamada, enquanto tomadora de serviços é responsável subsidiária por todas as verbas de
direito da Recorrida inadimplidas pela prestadora de serviços sejam contratuais, rescisórias
ou indenizatórias, indica que a tomadora também deve ser responsabilizada pela escolha
inadequada da prestadora e pela ausência de fiscalização do cumprimento das obrigações
trabalhistas por parte desta (culpa in eligendo e in vigilando).

Portanto, deve ser mantida a decisão de primeiro grau que reconheceu a


responsabilidade subsidiaria da 2ª Reclamada pelo adimplemento das obrigações
contratuais.

2- DA ADEQUADA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO DE


1/12 PREVISTA NO ENCERRAMENTO DO CONTRATO TEMPORÁRIO:

Nas razões de recurso ordinário as Rés alegam que a indenização do artigo


12, letra “f”, da Lei 6.019/1974 não pode mais ser aplicada na medida em que o FGTS
substituiu a referida multa.

Todavia, tal narrativa não merece ser acolhida, como bem assentou o MM.
Juízo de 1º grau, vejamos:

“ (...)

2.3 – Indenização do art. 12, “f”, da Lei 6.019/1974

A parte autora requereu o pagamento da indenização de 1/12 avos


do pagamento percebido em decorrência do término do contrato de
trabalho temporário.

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A primeira alegou que houve derrogação do referido dispositivo


pela Lei 8.036/1990 que instituiu o FGTS.

Em que pese existir doutrina que defende a existência dessa


derrogação, a doutrina e a jurisprudência dominantes entendem
pela compatibilidade dos institutos, haja vista que a indenização
prevista no art. 12 da Lei 6.019/1974 guarda equivalência com a
indenização prevista no art. 479 da CLT, que regula a rescisão em
contratos por prazo determinado e não com a multa do FGTS.
Vejamos:

RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO PREVISTA NA


LETRA "F" DO ARTIGO 12 DA LEI N.º 6.019/1974.
COMPATIBILIDADE COM O REGIME DO FGTS. 1. Cinge-se
a controvérsia acerca da subsistência da indenização prevista na
letra "f" do artigo 12 da Lei n.º 6.019/1974 em face do advento do
regime do FGTS. 2. A indenização de caráter especial, prevista no
indigitado dispositivo da Lei n.º 6.019/1974, mesmo com o advento
da Lei n.º 8.036/1990, regulamentada pelo Decreto n.º
99.684/1990, não retira do trabalhador temporário o direito ao
FGTS. 3. Com efeito, o artigo 12, "f", da Lei n.º 6.019/1974
preconiza que o trabalhador temporário terá direito a
"indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do
contrato correspondente a 1/12 (um doze avos) do pagamento
recebido". Como se vê, a norma não condiciona o pagamento da
indenização a nenhum outro evento; aliás, estabelece a
indenização especial de forma incondicional, paga como um plus
pelo fenecimento do contrato a termo, o que conduz à ilação de que
não detém a mesma natureza/finalidade do instituto do FGTS, que
se encontra vinculado ao tempo de serviço. 4. Por outro lado,
normas posteriores também estipularam direitos aos trabalhadores
temporários, tendo o FGTS lhes sido conferido pelo art. 13 da Lei
n.º 7.839/1989 e 15 e 20, IX, da Lei n.º 8.036 /1990. 5. É certo que
o contrato temporário é espécie de contrato por prazo determinado,
desse modo, aplica-se-lhe a regra inserta no artigo 14 do Decreto

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n.º 99.684/1990, que prevê o pagamento do FGTS acrescido da


multa de 40%, sem prejuízo da indenização prevista no art. 479 da
CLT. Recurso de Revista a que se nega provimento. (RR-336300-
43.2003.5.01.0481 Data de Julgamento: 26 /11/2008, Relatora
Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 12/12/2008).

Assim, defere-se o pedido de pagamento da indenização prevista no


art. 12, letra “f”, da Lei 6.019/1974, a incidir sobre o montante dos
salários recebidos pela autora.

(...)

No que se refere as alegações patronais em relação ao advento da Lei nº


8.036/90, em especial o preceito do art. 20, IX, não derrogou a disposição da alínea “f” do
artigo 12 da Lei nº 6.019/74.

Com efeito, a indenização de caráter especial, prevista no art. 12, f, da Lei


nº 6.019/74, com o advento da Lei 8.036/90, regulamentada pelo Decreto nº 99.684/90, não
retira do trabalhador temporário o direito ao FGTS, pelo contrário, ela é consubstanciada em
pagamento de um plus pelo término do contrato temporário, diferentemente do regime do
FGTS, cujo direito encontra-se intrinsecamente condicionado ao tempo de serviço prestado
pelo trabalhador.

Ainda, os direitos do trabalhador temporário estão relacionados no artigo 12,


“f” da Lei nº 6.019/74, em que onde consta, expressamente, sanção própria em razão do
término antecipado do contrato de trabalho, havendo ou não justa causa, com indenização
correspondente a 1/12 do pagamento recebido.

Assim, plenamente adequada a sentença, nos casos de rescisão antecipada, a


devida indenização prevista no art. 12, letra “f”, da Lei 6.019/1974, a incidir sobre o
montante dos salários recebidos pela autora.

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3- DO DESCONTO INDEVIDO EM VERBAS RESCISÓRIAS:

Busca as Reclamadas, reforma da r. sentença para que seja reconhecido lícito


os descontos realizados a título de “devolução de V.T. não utilizado. Vale refeição não
utilizado e de 2 faltas e DSR” sob o argumento de que “recorrida se desligou na data de
07/10/2020, não fazendo jus ao recebimento de vale-transporte e vale-refeição, recebido em
dinheiro, para período no qual não iria trabalhar, sendo licita sua devolução” e quanto as
faltas, alegam que as ausências de outubro não foram justificadas por atestados médicos pela
obreira.

Sem razão.

Não há de modo algum como prevalecer a pretensão das Reclamadas, uma


vez que diferente do que alegam, a Recorrida demonstrou fato constitutivo de seu direito
de ter ao salário correspondente aos dias 01 e 02/10/2020 de faltas justificadas diante
da juntada dos atestados médicos, porém as Recorrentes não demonstraram fato
extintivo do direito da autora, ônus que lhe competia, haja vista o disposto nos artigos
818 da CLT e 373, incisos I e II do CPC, ou seja não demonstrou a legitimidade e/ou
legalidade dos descontos salariais referente a 2 dias de faltas realizados no salário do
mês de outubro de 2020.

Ademais, as Recorrentes confessaram em contestação o desconto salarial da


Recorrida a título de devolução de V.T. e vale refeição, incontroverso que houve penhora
das verbas rescisórias da obreira, sem a autorização da mesma para que fosse feito o desconto
de uma só vez.

Assim, deve a r. sentença ser mantida.

4- DA MULTA DO ART. 477 DA CLT:

O Juiz de origem deferiu o pedido a multa do art. 477 da CLT, ao


compreender que:

“Os descontos indevidos realizados pela ré no TRCT suprimiram do


autor os valores rescisórios.

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Assim, não houve pagamento de qualquer valor de verbas


rescisórias ao autor, pelo que se defere o pedido de incidência da
multa epigrafada. ”

A Recorrida requereu na inicial a condenação das Recorrentes nestes termos:

“Conforme se vê do TRCT apresentado pela Reclamada somente em


16/03/2022, nenhum valor foi pago à Reclamante a título de verbas
rescisórias, pois os créditos apontados a menor foram consumidos
por supostos débitos da Reclamante.

Nenhuma verba rescisória incontroversa foi paga à Reclamante,


sequer lhe foi prestado contas com a entrega do TRCT no prazo
legal, sequer foi recolhido o FGTS rescisório ou foi paga a multa
rescisória.

Diante da ausência de pagamento das verbas rescisórias devidas à


Autora, as Reclamadas devem ser condenadas ao pagamento da
multa prevista no art. 477 da CLT (...)”

Desse modo, é incontroverso que as Recorrentes realizaram indevidamente


descontos das verbas rescisórias, assim, não pagou qualquer verba rescisória a obreira,
fazendo jus à multa prevista no art. 477 da CLT.

Assim, deve ser mantida a decisão de primeiro grau que condenou ao


pagamento da multa prevista no art. 477 da CLT.

5- HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA DEVIDO À ADVOGADA DA


RECLAMANTE, ORA RECORRIDA:

Na sentença, o MM. Juízo condenou as Recorrentes ao pagamento de


honorários de sucumbência em favor da advogada da Recorrida, no valor de 10% sobre o
valor atualizado dos pedidos.

Não merece prosperar os argumentos das Recorrentes que “excluir o


pagamento de honorários de sucumbência à razão de 10% em favor do patrono do

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reclamante, devidos pela reclamada, ou, sucessivamente, reduzir de honorários a verba


para 5% calculado sobre o proveito econômico” haja vista que o magistrado os fixou com
equidade e em consonância ao que prevê o artigo 791-A, § 2º da CLT.

A partir do aludido, percebe-se que o magistrado ao fixar os honorários


sucumbenciais optou por realizar a fixação na base 10%, permitida pela CLT, portanto, tal
verba além de justa é condizente com o permitido em lei.

Assim, deve ser mantida a decisão de primeiro grau que condenou as


Recorrentes ao pagamento dos honorários de sucumbência equivalente a 10% do valor da
condenação.

6- CONCLUSÃO:

Diante do exposto, requer deste Egrégio Tribunal do Trabalho da 24ª Região


sejam recebidas as presentes contrarrazões recursais e seja negado provimento ao recurso
interposto pelas Reclamadas, por ser medida de direito e de justiça.

Pede deferimento para que seja negado provimento ao recurso ordinário.

Campo Grande/MS, 31 de janeiro de 2023

RENATA DE OLIVEIRA ISHI NOBRE


OAB/MS 14.525

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Número do processo: 0024680-74.2022.5.24.0005
Número do documento: 23013115412374800000022405859

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