Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

Nome: Lorena de Souza Manhães


Polo: Duque de Caxias
Matrícula: 19114020010

O Toxoplasma gondii é um parasita intracelular obrigatório que causa a doença


toxoplasmose em humanos e outros animais. É um protozoário unicelular que assume uma
forma de crescente (meia-lua) quando em repouso, mas pode se transformar em uma forma
mais alongada e móvel quando em fase de multiplicação. Possui uma parede celular rígida,
que ajuda a protegê-lo do ambiente hostil no interior do hospedeiro. Apresenta um complexo
apical especializado que é usado para invadir células hospedeiras. Este complexo é
composto por uma série de organelas especializadas que ajudam a Toxoplasma a se fixar e
penetrar em células. Tem uma membrana plasmática que é composta principalmente de
fosfolipídios e proteínas. A membrana plasmática é importante para controlar a entrada e
saída de substâncias da célula. Contém um núcleo com material genético organizado em
cromossomos e um complexo de Golgi altamente desenvolvido que é importante para a
secreção de proteínas. Apresentam também as mitocôndrias que são responsáveis pela
produção de energia e um vacúolo alimentar que é usado para engolir e digerir partículas de
alimentos.
A estrutura do Toxoplasma gondii é complexa e consiste em várias partes. O esporozoíto é
a forma infectante do parasita, encontrada dentro dos oocistos, que são as formas de
transmissão do parasita, é uma célula alongada e fina, com um núcleo central e organelas
especializadas. Já o trofozoíto é a forma ativa do parasita que infecta as células
hospedeiras. É caracterizado por possuir um complexo apical, que é uma estrutura
especializada que permite ao parasita se ancorar e invadir a célula hospedeira. O cisto
tecidual é a forma quiescente do parasita, encontrada em tecidos de animais infectados, é
uma estrutura esférica, envolvida por uma membrana que protege o parasita das defesas do
hospedeiro. Dentro do cisto, o parasita se divide e forma novos trofozoítos, que podem ser
liberados e reinfectar outras células. Oocisto é a forma excretada pelo hospedeiro infectado
e contém esporozoítos infectantes, é uma estrutura resistente, com uma parede grossa, que
protege os esporozoítos durante a transmissão do parasita.
Além disso, o Toxoplasma gondii possui uma estrutura interna complexa, com um sistema
de endomembranas que permite a organização e regulação de suas funções celulares. O
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

complexo apical é outra estrutura especializada que o parasita utiliza para se fixar e invadir
as células hospedeiras, bem como para secretar proteínas que ajudam na manipulação do
sistema imunológico do hospedeiro.
Essas características estruturais ajudam o Toxoplasma gondii a se adaptar ao ambiente
intracelular e a sobreviver no interior de um hospedeiro, permitindo que ele invada, se
reproduza e cause a doença toxoplasmose.
O Toxoplasma gondi tem um ciclo de vida complexo, que envolve vários estágios diferentes,
cada um com características reprodutivas específicas. O ciclo de vida começa quando um
hospedeiro ingere oocistos infectados ou cistos teciduais, que contêm formas inativas do
parasita. Uma vez ingerido, o parasita se torna ativo e começa a se reproduzir. O
Toxoplasma gondi pode se reproduzir assexuadamente e sexualmente durante seu ciclo de
vida.
A reprodução assexuada ocorre no interior das células hospedeiras, onde o parasita se
divide por fissão binária. Isso significa que o parasita se divide em duas células filhas, que
crescem até atingir o tamanho da célula-mãe e depois se dividem novamente. Esse
processo de divisão assexuada pode continuar indefinidamente, produzindo muitas células
parasitas idênticas.
A reprodução sexual do Toxoplasma gondi ocorre apenas em dois tipos de hospedeiros:
felinos e seus parentes próximos, como os leopardos, e outros felídeos como o gato
doméstico, onde o parasita pode completar seu ciclo de vida e se reproduzir sexualmente.
Dentro dos felinos, o parasita se reproduz sexualmente no intestino, onde produz oocistos
que são eliminados nas fezes. Esses oocistos podem sobreviver por meses a anos no
ambiente, e quando outros animais os ingerem, o ciclo de vida do Toxoplasma gondii
começa novamente.
Durante a reprodução sexual, ocorre uma fusão entre dois tipos diferentes de células
parasitas, conhecidos como macrogametas e microgametas. Os macrogametas são células
femininas maiores e os microgametas são células masculinas menores. A fusão dessas
duas células dá origem a um zigoto, que se desenvolve em um oocisto. Cada oocisto pode
conter dezenas a centenas de novos parasitas, que são liberados quando o oocisto é
ingerido por um hospedeiro.
Em resumo, as características reprodutivas do Toxoplasma gondii incluem a capacidade de
se reproduzir assexuadamente por fissão binária dentro das células hospedeiras e a
reprodução sexual por meio da fusão de macrogametas e microgametas dentro do intestino
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

de felinos. Essas características são cruciais para a sobrevivência e propagação do parasita


em diferentes ambientes e hospedeiros.

A toxoplasmose é uma doença causada por esse protozoário e pode afetar animais e seres
humanos. Na natureza, o T. gondi tem um ciclo de vida complexo que envolve diferentes
espécies de hospedeiros, incluindo felinos, roedores, aves e outros animais. Os felinos, em
particular, são os principais hospedeiros definitivos do T. gondi, o que significa que o
protozoário se reproduz sexualmente dentro do intestino desses animais e é eliminado nas
fezes. As fezes contaminadas podem infectar outros animais, incluindo seres humanos, que
entram em contato com o solo, água ou alimentos contaminados.
Roedores e outros animais são hospedeiros intermediários, o que significa que eles podem
ser infectados ao ingerir alimentos ou água contaminados com cistos do protozoário. Os
cistos se formam em vários tecidos do corpo desses animais e podem ser ingeridos por
felinos novamente, completando o ciclo de vida do protozoário. A toxoplasmose é uma
doença comum em animais selvagens e domésticos em todo o mundo, incluindo aves,
gatos, porcos, vacas, ovelhas e outros animais. A prevalência da doença varia de acordo
com a região geográfica, a densidade populacional de gatos e outros fatores ambientais.
Embora a toxoplasmose seja comum na natureza, nem todos os animais infectados
apresentam sintomas. Em seres humanos, a doença pode variar desde uma infecção
assintomática até uma doença grave, especialmente em pessoas com sistema imunológico
comprometido, como pacientes com HIV/AIDS, transplantados e pacientes em tratamento
com quimioterapia.
Existem várias medidas que podem ser adotadas para prevenir a toxoplasmose. Como a
lavagem das mãos e utensílios de cozinha com água e sabão antes de manusear alimentos
e depois de entrar em contato com gatos ou outros animais, são ações importantes para
reduzir o risco de contaminação. A carne crua ou mal cozida pode estar contaminada com
cistos do T. gondii. Portanto, é importante cozinhar bem a carne, atingindo uma temperatura
interna de 70°C, para matar o protozoário. As fezes de gato podem estar contaminadas com
o protozoário, por isso, é importante evitar o contato direto com as fezes e utilizar luvas ou
utensílios apropriados ao limpar a caixa de areia dos gatos. Além disso, é recomendável
trocar a areia diariamente e lavar bem a caixa de areia com água e sabão. As frutas e
verduras podem ser contaminadas com o T. gondii se forem cultivadas em solo ou irrigadas
com água contaminada, sendo assim é importante lavá-las bem antes de consumir.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

A água contaminada pode ser uma fonte de infecção pelo T. gondii. Portanto, é importante
evitar o consumo de água não tratada, especialmente em regiões onde a toxoplasmose é
comum. As mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico comprometido devem
realizar exames médicos regulares para detectar a infecção pelo T. gondii e receber
tratamento adequado, se necessário.
Existiram diversos surtos de toxoplasmose no Brasil ao longo dos anos, mas alguns dos
mais graves foram: em Santa Maria, Rio Grande do Sul (2017): quando um surto de
toxoplasmose, que afetou mais de 1.100 pessoas e resultou na morte de pelo menos sete
indivíduos. As autoridades de saúde locais apontaram que o surto foi causado pelo consumo
de alimentos contaminados, como salame e queijo. Em Natal, Rio Grande do Norte (2008):
foram registrados dois surtos de toxoplasmose na cidade de Natal, que afetaram mais de
1.300 pessoas, as autoridades de saúde locais identificaram que os surtos foram causados
pelo consumo de água e alimentos contaminados por fezes de gatos infectados. Em
Joinville, Santa Catarina (2009): ocorreu em 2009, afetando mais de 400 pessoas. As
autoridades de saúde locais apontaram que o surto foi causado pelo consumo de carne
contaminada.
Em todos esses surtos, as autoridades de saúde tiveram que tomar medidas para conter a
disseminação da doença, incluindo a identificação das fontes de contaminação, o tratamento
dos pacientes infectados e a educação da população sobre as medidas de prevenção da
toxoplasmose.
Figura 1 – Toxoplasma Gondii no sangue.

Autor: KATERYNA KON | Fonte: KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

Gráfico da taxa de mortalidade por Toxoplasmose de 2009 a 2018

Fonte: Brasil, 2020


Fonte: Brasil, 2020.

Figura 2 – Ciclo de Transmissão da Toxoplasmose

Fonte: Bioemfoco
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CURSOS DE LICENCIATURA
EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MICROBIOLOGIA – TIS 2

Bibliografia:

Attias, M., Teixeira, D.E., Benchimol, M. et al. The life-cycle of Toxoplasma


gondii reviewed using animations. Parasites Vectors 13, 588 (2020).
https://doi.org/10.1186/s13071-020-04445-z

Syrian G. Sanchez & Sébastien Besteiro (2021) The pathogenicity and virulence of
Toxoplasma gondi, Virulence, 12:1, 3095-3114
https://doi.org/10.1080/21505594.2021.2012346

Bigna, J.J., Tochie, J.N., Tounouga, D.N. et al. Global, regional, and country
seroprevalence of Toxoplasma gondii in pregnant women: a systematic review,
modelling and meta-analysis. Sci Rep 10, 12102 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-
69078-9

CARELLOS, Erika Viana Machado. Epidemiologia da toxoplasmose congênita em Minas


Gerais: um estudo populacional. 213 f., enc.: Tese (doutorado) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Faculdade de Medicina.

Você também pode gostar