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SUMÁRIO
O que é uma crise? .............................................3
Estratégia 1 .......................................................5
Estratégia 2 .......................................................7
Estratégia 3 .......................................................8
Estratégia 4 .......................................................9
Estratégia 5 .....................................................10
Estratégia 6 .....................................................11
Estratégia 7 .....................................................12
Estratégia 8 .....................................................13
Estratégia 9 .....................................................14

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O que é uma crise?

Na sua maioria, senão todos os pais de crianças com 2 anos ou mais já


vivenciaram uma birra do seu filho em algum momento, mas existem
diferenças entre uma birra e um colapso/crise no autismo.
Superficialmente parecem muito semelhantes, mas enquanto as birras
costumam ser comportamentos direcionados a um objetivo,
alimentados pelo público, as crises geralmente ocorrem em resposta
a sentimentos de sobrecarga e acontecem com ou sem espetadores.

As birras costumam ser uma estratégia de manipulação usado por


crianças pequenas para tentar obter o que desejam. As crises no
autismo, por outro lado, podem acontecer em qualquer idade, são mais
intensas e emocionais e costumam durar muito mais tempo.

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Um colapso normalmente começa com sinais de alerta que são
caracterizados por um acumular de emoções que causam gritos,
instabilidade, movimentos corporais repetitivos, e outros
comportamentos que indicam que a pessoa está prestes a perder o
controlo e, se não for redirecionada atempadamente, pode levar
momentos de fúria extrema.

Gerir colapsos no autismo pode ser extremamente difícil. Ao contrário


das birras, as crises não podem ser atenuadas por meio de
recompensas e subornos, pois o objetivo do colapso não é obter algo.
Não há objetivo final, a não ser ter controlo sobre uma situação de
sobrecarga, e é preciso tempo para que os pais e os cuidadores
descubram como acalmar uma criança com autismo e de como evitar
que tais comportamentos ocorram.

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Estratégia 1

Embora as alterações súbitas de humor possam aparentemente surgir


do nada, as crises no autismo normalmente seguem um fluxo previsível
– gatilho (momento inicial), fúria e recuperação – e há certas
estratégias que os cuidadores podem aplicar para evitar que eles
ocorram e diminuir a intensidade dos colapsos quando eles acontecem.

Use um quadro ABC


Primeiro deve realizar uma análise do comportamento da criança ao
longo de algum tempo através de um Antecedent-Behavior-
Consequence Chart – (Quadro de – antecedente, comportamento,
consequência). É simples de criar e usar e pode ser muito eficaz para
determinar a causa de comportamentos desafiadores. Cada vez que a
criança tem uma crise, reserve alguns minutos, quando for
conveniente, para anotar o ABC desse evento específico e os
comportamentos que ocorreram:

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• Antecedente: os eventos que ocorreram antes da crise acontecer;
• Comportamento: a resposta da criança ao antecedente;
• Consequência: o que aconteceu após o comportamento para
encorajar/impedir a repetição da situação;
• A ideia é sinalizar o comportamento – neste caso, a crise – várias
vezes para determinar se há alguma consistência (padrões
semelhantes) e, de seguida, formular um plano para alterar o
antecedente e/ou consequência para garantir que as crises
diminuam.

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Estratégia 2 - Formular um plano de ação.

Embora possa ser tentador evitar todas as situações que


desencadeiam uma crise no autismo, o comportamento de evitamento
é uma solução de curto prazo com repercussões a longo prazo,
portanto seja cauteloso na sua aplicação repetida.

O objetivo final dos cuidadores é ajudar as crianças a tornarem-se


independentes. Assim, quando estiver definido o que desencadeia a
crise na criança, é o momento de fazer uma pausa, reunir a
família/equipa terapêutica e educativa, escrever e encontrar
estratégias de coping (alternativas para enfrentar a situação) que a
criança pode usar quando se depara com momentos que considera de
sobrecarga.

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Estratégia 3

Reconhecer os sinais de alerta. A fase de gatilho de uma crise no


autismo, na maioria das vezes é tão evidente que os pais e cuidadores
conseguem detectar os sinais de alerta com antecedência. A criança pode
ficar tensa ou retrair-se, ou pode apresentar sinais mais externos, como
instabilidade, movimentos corporais ou falar baixinho. Seja qual for o
antecessor, a intervenção antecipada é a chave para gerir as crises, então
preste atenção e aja rapidamente!

Redirecione e distraia. Assim que for capaz de reconhecer os sinais de


alerta de uma crise iminente, redirecione e distraia a criança da melhor
maneira possível para evitar que suas emoções aumentem.

Fique calmo. Sabemos que parece uma estratégia óbvia demais, mas
quando se trata de descobrir como acalmar uma criança com autismo,
nunca subestime o poder das suas próprias palavras, ações e pistas não-
verbais.

Dê o exemplo respirando fundo. Evite movimentos repentinos e fale com


voz baixa para ajudar a incutir uma sensação de calma em todos.

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Estratégia 4

Mude o ambiente. Sempre que possível, retire o indivíduo da situação


e leve-o para um local tranquilo para se acalmar. Considere criar uma
sala sensorial ou um canto em casa com ferramentas calmantes à mão
e mantenha sempre alguns desses objetos no carro ou na carteira para
estar preparado e pronto para intervir quando necessário (os objetos
variam de criança para criança e podem alternar entre um simples
spinner ou um trampolim. É importante avaliar o que resulta para cada
um).

Permitir comportamentos de autoestimulação (se seguros).


Embora os cuidadores frequentemente tentem desencorajar estes
comportamentos em público (movimentos ou sons repetitivos,
diferentes de criança para criança), há que entender que, por vezes,
esses comportamentos ajudam a criança a autorregular-se e não
devem ser intercetados durante uma crise, a menos que a criança ou
os outros corram riscos físicos.

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Estratégia 5

Seja consistente e siga um cronograma:


uma rotina regular com consistência em todos os aspetos tende a
melhorar significativamente o desenvolvimento de uma criança com
autismo. Embora manter esse padrão diariamente seja impossível, pois
fomentar a flexibilidade também é positivo, é importante manter uma
programação previsível do dia-a-dia da criança.

Recrute a família/equipa terapêutica e educativa para garantir um


trabalho conjunto, quando ocorrerem eventos que atrapalhem a rotina
(ou seja, pandemia, viagens, férias escolares, etc.), avise a criança com
a maior antecedência possível.

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Estratégia 6

Use recursos visuais.


Criados com imagens, ícones, palavras, etc., as programações visuais
são uma representação visual de uma sequência de eventos. A maioria
das salas de aula usa um cronograma básico que descreve as
diferentes atividades das quais os alunos irão participar ao longo do
dia, mas algumas crianças beneficiam de um painel mais detalhado do
que vai acontecer exatamente num determinado momento do dia a
seguir a determinada ação.

Isso irá ajudar a que a criança saiba o que se espera dela e capacita-
a para que se possa organizar com antecedência, permitindo-lhe
manter maior controlo sobre suas emoções.

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Estratégia 7

Avise antes das transições.


Dar avisos antes das transições é outra ótima estratégia para prevenir
as crises. E é especialmente importante quando a criança terá de
transitar de uma atividade preferida para algo que considera menos
interessante. Quando possível, o trabalho para a aquisição de
competências temporais – conhecimento do relógio, cronómetro, dias
da semana, etc. são ótimas ferramentas para usar, pois mostra
visualmente à criança a passagem do tempo. Fornecer um aviso de 10,
5 e 3 minutos também pode ajudar a tornar as transições mais fáceis.

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Estratégia 8

Controlar as sensibilidades sensoriais.


Enquanto algumas crianças com autismo possuem características de
falta de sensibilidade aos estímulos ambientais, outras podem ser
extremamente sensíveis estímulos como ruídos, luzes fortes,
temperatura, sabores e texturas, o que pode sobrecarregar a vida
quotidiana e resultar em mais crises.

No dia-a-dia da nossa prática clínica trabalhamos lado a lado com


cuidadores e educadores criando estratégias especificas paraa cada
criança, incluindo dicas práticas para ajudá-los nos desafios diários,
como escovar os dentes, tomar banho e usar a sanita. Também
criamos atividades sensoriais reguladoras que podem ser
implementadas em casa para ajudar a trabalhar e diminuir a ansiedade
em torno das necessidades sensoriais individuais de cada criança.

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Estratégia 9

Criar um ritual calmante.


Quando as crianças com autismo se sentem sobrecarregadas, pode
ser difícil encontrar estratégias para se autorregularem. E as reações
emocionais que exibem nada mais são do que uma tentativa de
controlo. Quando possível, o trabalho para a aquisição de técnicas
calmantes pode ajudá-los a sentirem-se menos desamparados quando
suas emoções saem do seu controlo. Seguem-se alguns exemplos:

Soprar bolhas (respiração consciente):


A respiração consciente é uma estratégia calmante muito eficaz, mas
pode ser difícil de ensinar a crianças pequenas, e mesmo aqueles que
têm experiência com a técnica podem ter dificuldades em momentos
de crise. Uma maneira simples de incentivar a respiração profunda
para ajudar a criança a voltar a um estado tranquilo é soprar bolhas
juntos. Isto irá forçar a criança a respirar profundamente e
naturalmente para se acalmar, e as bolhas servirão como uma
fabulosa distração secundária;

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Usar um baloiço:
Os baloiços são uma ótima maneira de incutir uma sensação de calma
em crianças que têm dificuldade em ficar sentadas quietas, ao mesmo
tempo que ajudam a melhorar a sua consciência corporal e trazê-los
de volta à tranquilidade. Muitas crianças referem-se a essas
oscilações como ‘ninhos’ ou ‘casulos’, existindo geralmente um bom
feedback na capacidade de acalmar as crises. Na falta de condições
para usar um baloiço bastam duas pessoas e um lençol resistente para
criar o movimento de baloiçar;

Plasticina e massas de moldar:


Usadas como uma ferramenta sensorial, são algo prático para incluir
no kit de calma da criança, criando uma distração rápida e calmante
quando as emoções estão em sobrecarga. Amassar, moldar, alongar e
criar com plasticina pode ser extremamente relaxante e calmante, e é
uma opção simples e portátil.

Não sabe por onde começar ou o que irá funcionar? Estamos ao seu
dispor para ajudar através dos nossos contatos.

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