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Dra. MSc. M. V.

Yumi Sheu
Docente do curso de Medicina Veterinária da MULTIVIX
FARMACODINÂMICAà refere-se ao estudo dos mecanismos
relacionados a ação do medicamento e suas alterações bioquímicas ou
fisiológicas no organismo

efeitos bioquímicos e fisiológicos e


seus respectivos mecanismos de ação

FARMACOCINÉTICA à refere-se ao estudo do movimento que os


fármacos administrados passa dentro do organismo durante sua
absorção, metabolismo e excreção

foca no trajeto do fármaco


pelo organismo
• FARMACOCINÉTICA à estuda o caminho do fármaco pelo organismo, orientando a dose-
resposta do fármaco/princípio ativo
• Quando se entende os processos de administração, absorção, distribuição, biotransformação e
eliminação à sabe-se a dose, concentração (parte quantitativa) e o efeito do medicamento no
organismo
• Orienta sobre o tempo do fármaco no organismo, como o tempo de meia vida (tempo
necessário para que 50% do fármaco esteja no organismo)
• A via de administração diz sobre por onde o fármaco deve ser administrado.
Ex.: fármaco que deve ser administrado EV não pode ser administrado VO porque ele tem pK para o pH
sanguíneo
1

2 3
resumo do caminho..

1. Qualquer medicamento que se administra para um animal tem o destino na circulação sanguínea,
seja por qual via for (subcutânea, trans-dérmica, oral, intravenosa, etc).
2. Na circulação sanguínea será distribuído para os tecidos de distribuição (sangue, linfa, etc.)
3. Uma vez que o fármaco entra na circulação sanguínea ele passa elo sistema renal e hepático
(órgãos de metabolização)

Anestésicos inalatórios que são


a nível de pulmão
• Fígado é o principal órgão de metabolização, onde encontra quase 99% de Cip450
• A metabolização (biotransformação) dita os processos de eliminação
• Se o fármaco não for metabolizado, ele não é eliminado
• Quando o fármaco chega ao receptor, inicia a farmacodinâmica
• Importância:

1) Determinação da posologia:
-Indica o quanto tem que ser administrado (indicação da dose adequada de um
medicamento, concentração, tempo, intervalos de administração)

-Dependendo da forma farmacêutica à pode utilizar mais de uma via de administração

É mais lenta que endovenosa mas é mais


tranquilo do que tentar administrar no Animal convulsionando, pode se fazer
sangue em um animal convulsionando cloridato de diazepan por via retal
• Importância:

2) Reajuste da posologia de acordo com a resposta clínica:


- Precisa ser proporcional

Escolher medicação com o mesmo efeito e


regime de dosagem diferente

OU
E se... Recomendação de internação
Proprietário que não consegue dar o
medicamento nos intervalos corretos
• Importância:

3) Interpretação de respostas inesperadas:


-Ausência de efeitos ou efeitos tóxicos?

- Precisa ser avaliado para saber se a administração está sendo feita de forma correta.

Ex.: Medicamento que deveria ser administrado 1mg BID é feito a cada 2mg SID
• Importância:

4) Melhor compreensão dos fármacos:

-Absorção
-Distribuição
-Metabolização
-Excreção

FARMACOCINÉTICA
• Importância:

5) Posologia em casos especiais:

Ex.: animais hepatopáticos não deve usar pró-fármacos

Ex.: animais nefropáticos à se não consegue fazer uma excreção, não tem como
aplicar um medicamento com excreção renal pois pode piorar a nefropatia
• Medicamentos pró-fármacos à são os medicamentos que precisam ser metabolizados
para se tornarem ativos, ou seja, terem o princípio ativo atuando;
• Importância:

6) Choque:

-Situação inesperada que altera o volume/viscosidade


de sangue compartimento circulatório deixando-o mais
viscoso
• Importância:

7) Tecido adiposo:

-Sequestra medicamentos lipofílicos seja por qualquer via de administração à pois


ficam encarcerados na gordura, afetando sua posologia

-Aguardar um pouco porque o animal vai liberando aos poucos quando o animal tem
muito tecido adiposo, assim aumenta-se o regime de dosagem 6 em 6 horas pode
passar para 12 em 12
• A escolha depende de:
1) Via de administração:

-Efeito local ou sistêmico?


• A escolha depende de:
1) Via de administração:

• TÓPICA à o fármaco não sofre absorção sistêmica (para corrente sanguínea) e


desenvolve sua ação no local de aplicação

Exemplos: antissépticos bucais, pomadas, loções, antiácidos, supositórios de ação local


(ex: sup. de glicerina), etc

• SISTÊMICA à independente da via de administração, o fármaco é absorvido para a


corrente sanguínea.

Exemplos: Comprimidos orais, supositórios sistêmicos (Ex: dipirona), xaropes, adesivos


trans-dérmicos, medicamentos injetáveis, etc.
• A escolha depende de:
2) Propriedades químicas e físicas do medicamento e forma farmacêutica:

orgânico
Sólida
QUÍMICA FÍSICA Líquida
inorgânico Gasosa

FORMA
comprimido, injetável, xarope, etc...
FARMACÊUTICA
• A escolha depende de:
3) Idade do paciente:

-Cuidado principalmente com filhotes e idosos. Em animais mais jovens, ainda não
tem a maturação completa do organismo

Organismo ainda não está completamente formado, seu


metabolismo e sistema imunológico não funcionam
plenamente em sua eficácia
• A escolha depende de:
4) Conveniência:

-Se é possível fornecer via oral ou endovenosa?

-Se o proprietário consegue fazer o regime de dosagem correto?

-Se está internado ou não?

-Se está vomitando ou não?


• A escolha depende de:
5) Tempo necessário para o início do tratamento:

-Varia de acordo com o estado do animal, se está em algum quadro de


urgência/emergência

-Urgências e emergências levam a vias mais rápidas de absorção e eficazes de


distribuição
Ex.: animal em choque precisa ser tratado e estabilizado imediatamente
• A escolha depende de:
6) Duração do tratamento

-Erlichiose : tempo de duração para tratamento de 21-28 dias (não convém fazer
administração IM ou EV. Opta-se por VO
• A escolha depende de:
7) Obediência ao tratamento:

Para que o fármaco faça


efeito e trate a doença
• Efeito local ou sistêmico

• Pouca absorção até que chegue ao intestino delgado que é o principal sitio de absorção

-Geralmente esta associado ao pK à o medicamento precisa ter um pK que consiga chegar


no intestino delgado, sendo a forma não ionizada é a que o organismo vai absorver

• Permite a absorção bucal/sublingual, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto

-Diazepam da uma boa absorção no intestino grosso e reto

-Pró-farmacos não se utiliza retal


• FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO:

1. Conteúdo intestinal
2. Motilidade do TGI (maior motilidade gera menor absorção)
3. Fluxo sanguíneo (se não estiver adequado, não distribui corretamente, tem
relação com a velocidade da absorção)

4. Tamanho da partícula (se for grande não transpõe a membrana plasmática)


5. Formulações e interações (mais interfere nos processos absortivos,
principalmente com alimentos - via oral é via oral e parenteral é parenteral)
§ Quando se deseja um efeito rápido – muito similar a subcutânea, endovenosa

§ Quando fármaco é instável em pH acido (estomago) é preferível a via sublingual para

que a absorção seja mais segura


§ Quando o fármaco possui rápida metabolização – evita-se

§ Esse tipo de administração não passa por metabolismo de primeira passagem

(metabolização pelo fígado)


§ É uma absorção direta para a circulação sanguínea
• Metabolismo de primeira passagem:

§ Ocorrem sempre que tem absorção no intestino delgado

§ Após segue-se para o sistema porta hepático e vai para o fígado, que tem muitas enzima

de metabolização (monoxidades)

Se o medicamento tem metabolização rápida, ao passar por esse


metabolismo, já se perde quase totalmente
§ Produzir efeitos locais (supositórios) e sistêmicos (medicamentos absorvidos pela mucosa,

diazepam)

§ Em geral tem absorção lenta, menos completa (muco, menor absorção de princípios ativos)

§ Usada em casos em que as outras vias não possam ser acessadas (emergêncial)

§ Pode ser usado para evitar metabolização de primeira passagem, mas não é confiável porque

parte da medicação vai pro sistema porta-hepático


§ Produz efeitos locais ou sistêmicos (nesse caso tem a absorção mais lenta)
§ Permeabilidade é dependente do extrato córneo à deve ter lipossolubidade mais alta
por causa do estrato córneo (camada mais externa da pele – camada de queratina)
§ Com a administração transdérmica:
- Evita riscos da administração intravenosa à principalmente para pessoas
inexperientes
- Elimina variável de biodisponibilidade à evita PERDA por biodisponibilidade
porque atua direto no sítio de ligação quando é local ou porque vai direto para a
circulação
- Segurança de aplicação à pela facilidade de administração
-Possui menos efeitos colaterais
§ Tudo que é introduzido (injeção, seringa e agulha), inclui:
-Intravenosa (IV ou EV)
-Intra-arterial (acesso profundo cirúrgico)
-Intramuscular (IM)
-Intra-articular
-Intraóssea (cai direto na circulação, comum em selvagens, principalmente em filhotes)
-Intracardiaca (mais emergencial, em casos de fibrilação, hipotensão, etc)
-Intradérmica
-Intraperitoneal (principal para pequenos roedores)
-Subcutânea ( SC - não faz glicose ou nenhum principio ativo que faz vasoconstrição à necrose)
-Peridural ou epidural (entre a dura-máter e as paredes do canal vertebral)
-Intratecal ou subaracnóidea (espaço subaracnóideo)
• VANTAGENS:
§ São fármacos pouco absorvidos VO
§ Início e efeito rápido, podendo ser local ou sistêmicos

§ Controle do regime de de dosagem


§ Precisa de mão de obra especializada
• DESVANTAGENS:
§ Necessário pessoal capacitado
§ Necessário assepsia

§ Efeitos pouco reversíveis


§ Aplicações frequentes podem causar muito incomodo ao animal à flebites
(inflamação das veias) por fazer vários acessos
§ Sangramento e lesão nervosa à na epidural
§ APLICAÇÕES:

§ Intramuscular (IM) à administração profunda, absorção variável, geralmente


mais oleosos e encorpados
§ Subcutânea (SC) à pequenos volumes

§ Transdérmica (TD) à aplica fora e ultrapassa pele


§ Intradérmica (ID) à insere dentro da derme (geralmente anestésicos)
IM – sempre profunda, ângulo de 90o
SC – abaixo da derme, ângulo de 45o
IV – vaso sanguíneo, 25o
ID – 10-15o
§ Inalatória
§ Efeitos locais ou sistêmicos
§ Vantagens: administração localizada de pequenas doses e início rápido,
redução de efeitos adversos sistêmicos
§ Sucesso depende do tamanho da partícula

Ex.: Broncodilatador (efeito local)


Anestesia inalatória (efeito sistêmico)
§ Aplicação pode ser mais distal ou pode ser mais profunda
§ Efeitos locais principalmente
§ Local vascularizado com absorção pela mucosa e levam para o sistêmico

§ Na veterinária usado muito para vacina (Bronchi)


Ex.: neosoro
1) LIPOSSOLUBILIDADE:

-Para atravessar facilmente por eventos passivos a barreira epitelial. Atravessa a


bicamada lipídica por difusão passiva

2) HIDROSSOLUBILIDADE:

-Só permite absorção por meio de transportadores ou canais iônicos


3) ESTABILIDADE QUÍMICA:

-Toda vez que entra em um compartimento, o fármaco deve se manter estável

-Independente do compartimento onde ele irá entrar, a molécula precisa estar estável

4) PESO MOLECULAR:

-Tamanho e volume à interferem na absorção

-Princípios ativos com peso molecular muito elevado tem dificuldade de absorção e distribuição

-Quando o peso molecular é muito alto, o volume também é grande

-Grandes animais – se tiver baixa concentração tem que fazer muita quantidade
5) CARGA ELÉTRICA:

– Tem haver com polaridade negativa ou positiva, ionização, pH do meio

-Fora da célula é positivo e dentro é negativo. Se o medicamento tem polaridade


diferente, não consegue atravessar a celular . Então se possuir polaridade
diferente, pode ser que não seja absorvido

- Não pode ionizar os principio ativos, pois perde a lipossolubilidade. Precisa-se manter não
ionizado
6) FORMA FARMACÊUTICA:

-Indica se o fármaco vai ser absorvido via oral ou parenteral

7) VELOCIDADE DE DISSOCIAÇÃO:

-O fármaco deve estar estável quimicamente

-Fármacos que de dissociam/ionizam perdem sua lipossolubilidade e não podem ser absorvidos
8) CONCENTRAÇÃO NO LOCAL DE ABSORÇÃO:

-Constante de dissociação iônica (pK) à interfere na concentração

Exemplo.: se um princípio ativo tem um pK 4, significa que em pH 4 o fármaco terá 50% do


princípio ativo dissociado e os outros 50% não

-Se jogar num pH mais alto, vai ionizar mais à NÃO LIPOSSOLÚVEL

-Se joga em pH mais baixo, vai ter mais formas não ionizadas (forma natural/ não
dissociado) à LIPOSSOLÚVEL

-pH do meio
§ Medicamento com pK alto devem ser administrados sangue

§ Enquanto que drogas VO devem ter pK baixo para que possam ser absorvidos no intestino

§ Ácidos em pH alcalino tendem a não ser lipossolúveis, ou seja, dissociados e não são absorvidos

§ Bases em pH ácido tendem a não serem lipossolúveis, ou seja, dissociados e não são absorvidos
§ Desde a concepção química da molécula durante a produção do fármaco, a

farmacocinética prevê o quanto dele vai chegar em determinados compartimentos


com pHs diferentes, etc.

§ De acordo com as características do fármaco em questão de solubilidade, existem

três processos pelos quais podem ser absorvidos:

- Processos passivos

- Processos ativos
• Processo ideal para a absorção dos fármacos, pois não há gasto de energia

• O fármaco tem que ser lipossolúvel (apolar, não ionizado) à para que a modalidade de
absorção dele seja por difusão passiva.

• Se tem a capacidade lipossolúvel, vai atravessar a bicamada lipídica sem muita dificuldade,
não gastando energia (ATP).

Exemplos:

- Difusão simples ou passiva

- Filtração
§ Essas difusões lipídicas dependem à coeficiente de permeabilidade (P) = número de

moléculas que conseguem atravessar a membrana por unidade de área em


determinado tempo
§ Quanto mais lipossolúvel for a molécula, maior o coeficiente de permeabilidade

• Essa determinação do coeficiente de permeabilidade das moléculas geralmente é feita


em in vitro
§ É preciso sempre observar o pH e o grau de ionização pois isso afeta a distribuição e

equilíbrio do principio ativo naquele local determinando se a droga será absorvida ou não
• Há um gasto energético para que os fármacos sejam absorvidos

Exemplos:

- Difusão facilitada

- Transporte ativo
§ Os transportes ativos geralmente são feitos quando é preciso excretar a droga do

organismo

-Isso acontece porque, durante a metabolização, o fármaco deve ser transformado


em uma substância polar para que não seja reabsorvido e continue recirculando e
fazendo seus efeitos no organismo.

-Para tornar a droga polar, começam a ser adicionadas moléculas como hidroxilas
ou ocorrem processos de sulfonidação, hidroxilação (veremos mais adiante)
-Quando a molécula se torna polar, para ser transferida do fígado para os rins ou para a
vesícula biliar e ser excretada, ela precisa usar moléculas carreadoras, geralmente
proteínas, gastando então energia

-Esses transportadores são principalmente transportadores de cátions ou ânions


orgânicos que existem em locais como a barreira hematoencefálica, trato intestinal, trato
biliar, trato renal e até na placenta
• Está relacionada à distribuição dos fármacos no organismo à o quanto do fármaco
está biodisponível até chegar no sítio de ligação (receptor)
• Quando passa pelo organismo, o fármaco sofre diversas ações fazendo com que se
perca ao longo do caminho.
• A biodisponibilidade é um indicador do quanto do fármaco vai atingir a circulação
sanguínea na forma inalterada após a administração
• É importante lembrar que ainda existem no sangue proteínas carreadoras,
moléculas adsortivas que sequestram grande parte dos fármacos que chegam na
circulação sanguínea
• Na bula dos medicamentos geralmente informa a biodisponibilidade.
Ex.: “ligação com proteína plasmática: 95%” à significa que o fármaco tem
95% de chance de se ligar a uma proteína plasmática e apenas 5%
possivelmente ficará livre para atravessar a membrana das células
BIODISPONIBILIDADE ABSOLUTA

• Quando o fármaco é distribuído de forma cinética normal, não perdendo muito


da sua biodisponibilidade

• Depende do local de administração do fármaco

• Pode ser:

a) Sistêmica

b) Bifásica

c) Pré-absortiva
a) BIODISPONIBILIDADE ABSOLUTA SISTÊMICA
• Quando a biodisponibilidade do fármaco é 100%
• A entrada é diretamente na circulação sanguínea
Exemplo:
- Fármacos administrados pela via parenteral endovenosa
b) BIODISPONIBILIDADE ABSOLUTA BIFÁSICA
• Quando aplicada diretamente no local de ação
• Representa o quanto dos 100% disponíveis no plasma chegou ao local de ação
(cérebro, etc.)
c) BIODISPONIBILIDADE PRÉ-ABSORTIVA
• É o efeito localizado
• Sabe-se o quanto vai ser absorvido antes mesmo de chegar ao local de absorção
completo
• Não há nenhuma absorção para o compartimento sanguíneo
Pq isso? Isso acontece
devido a características da
molécula

§ Sabe-se que os fármacos possuem a capacidade de biodisponibilidade em diferentes compartimentos

§ À medida que o fármaco vai atravessando os compartimentos, vai perdendo uma parte

§ Se comparar um fármaco de administração por via oral e um por via parenteral, nem sempre vai ter a
mesma equivalência de distribuição
§ Verifica-se que a biodisponibilidade nunca será igual entre diferentes compartimentos do organismo,
ou seja, não existe bioequivalência
Exemplo:
-Se administra um fármaco diretamente na circulação (IV), ele tem 100% de
biodisponibilidade.
-Agora quando faz uma administração oral (VO) , ele passa por uma série de processos antes
de chegar ao sangue que fazem com que perca um pouco dessa biodisponibilidade.
Importante!
- Anestésicos locais não funcionam em áreas inflamadas à pois o pH é mais ácido e
anestésicos são de caráter básico, portanto se dissociam, perdendo seu efeito
- Opostamente, anti-inflamatórios como o ácido acetil-salicílico à passam por vários
processos e se dissociam e quando chegam na área inflamada com o pH ácido à
ganham novamente H+, voltando a forma normal não dissociada para fazer seu efeito

O ideal seria administrar todos os medicamentos de forma IV para que sempre se

Obs: obtivesse 100% da droga para fazer efeito, sem sofrer metabolismo nenhum, mas isso não
é sempre possível
resumo do caminho..
1. O medicamento administrado via oral sofre desintegração e dissolvição, perdendo
parte do principio ativo ainda no início do trato digestivo
2. O restante da droga ainda passa pelos fluidos gastrointestinais, onde parte será
perdida pela degradação no estômago ou por ligação a alimentos e outras substâncias
(interações medicamentosas)
3. Parte também pode se perder por sofrer dissociação, não sendo então absorvida.
4. O restante finalmente consegue ser absorvido e chega ao fígado, sofrendo
metabolismo de primeira passagem
IMPORTANTE!
5. No fígado, a droga pode ser perdida por:
- Excreção biliar
- Biotransformações
- Ligação a tecidos
O restante chega a circulação geral, onde parte será absorvida, porém parte será perdida por
biotransformações ou por ligação a proteínas plasmáticas.
O restante é distribuído para todo o organismo e ainda pode:
- Se ligar a órgãos e tecidos que não sejam no local de ação
- Se perder por biotransformações e excreções
Apenas o que RESTOU DE TUDO ISSO consegue chegar ao local de ação para fazer o efeito

IMPORTANTE!
1 CARACTERÍSTICAS DO FÁRMACO:

§ Dependendo das características, o fármaco pode (ou não) sofrer:

-Inativação antes da absorção no TGI

-Absorção incompleta ou completa

-Biotransformação na parede intestinal ou no fígado (metabolismo de primeira


passagem)

-Monoxidases também estão presentes na parede intestinal podendo fazer


biotransformação, assim como a própria microbiota intestinal também tem essa
capacidade
2 FORMA FARMACÊUTICA

§ A biodisponibilidade pode ser afetada pelo:

-Estado físico da droga

-Excipiente ou veículo do fármaco no qual será transportado


3 INTERAÇÃO COM OUTRAS SUBSTÂNCIAS

§ A biodisponibilidade do fármaco pode ser afetada quando esse liga a:

-Alimentos

-Drogas ilícitas

-Outros medicamentos que afetam a absorção


4
CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES
§ A biodisponibilidade do fármaco pode ser afetada por características individuais do
paciente como:
a. O pH do trato gastrointestinal (pode estar relacionado ao tipo de alimentação)
b. Motilidade do trato gastrointestinal
c. Perfusão
Ex: Existem pacientes em que o volume de sangue que chega no intestino
não é suficiente para que a maioria das moléculas que passaram a barreira intestinal
consigam atingir a circulação sanguínea
d. Microflora
4
CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES
e. Estrutura do tubo digestivo
Ex: Principalmente no caso de poligástricos, onde o medicamento passa pelos
compartimentos fermentativos antes de ser absorvido.
f. Estado nutricional
Ex: Pode-se obter um efeito muito exacerbado em animais muito
desnutridos e um efeito fraco em animais obesos por conta do sequestro pela
gordura
4
CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES
g. Função hepática
Ex: Se o animal tem problema hepático, não vai conseguir metabolizar uma
droga que necessite desse metabolismo. Não adianta então administrar pró-
fármacos
h. Fenótipo
Ex: Existem pacientes que possuem deficiência na produção de proteínas, o
fenótipo também dita o tamanho do intestino, por exemplo. Essas características
podem influenciar a biodisponibilidade
• Também chamada de meia vida plasmática ou meia vida biológica
• Conceito cronológico à indica o tempo em que a quantidade de fármaco reduz pela metade
em relação a que foi administrada
Ex.: se administrar 100 microgramas do medicamento, o tempo que levar para que se
observe que chegou em 50 microgramas será a meia vida desse fármaco
• Quando o fármaco chega em sua meia vida, já está na hora de ser administrada novamente
mais uma dose
• A biodisponibilidade interfere na meia vida dos fármacos
• A partir da meia vida, estabelece-se um regime de dosagem
§ Quando um fármaco chega na faixa de 4 a 6 meias vidas, obtém-se a concentração plasmática
media em 100%
Ex.: Administrou 100mg. Na primeira meia vida caiu para 50mg. Administrou mais 100mg,
totalizando 150mg. Na segunda meia vida caiu para 75mg. Administrou mais 100mg. Na
terceira meia vida caiu para 87,5mg. Administrou mais 100mg. Na quarta meia vida, caiu para
93,75mg. Administrou mais 100mg. Na quinta meia vida, cai para 96,87mg. Administrou mais
100mg. E assim sucessivamente até manter a concentração plasmática acima de 100mg.

Uma meia vida menor, tem tempo de administração menor,


consequentemente tendo de ser feita mais vezes num

Obs.:
determinado período de tempo e, assim, rapidamente chega à
sua concentração plasmática máxima (CSs)
• Para a realização do cálculo, utilizam-se:
- Meia vida do fármaco
- Constante de eliminação (quanto tempo um fármaco será eliminado do corpo do animal)
- Volume de distribuição (o quanto que distribui nesse corpo)
- Biodisponibilidade
- Dose da droga
- Intervalo entre drogas Cálculo da Concentração Plasmática Máxima

Css = F.D .
Kel.Vd.t
Gráfico de concentração plasmática de um
fármaco por administração endovenosa

-Sabe-se que é um fármaco de administração


endovenosa, pois iniciou-se com quase 100% de
concentração no tempo 0 e depois vai caindo

-O fármaco chega na metade da concentração em


aproximadamente 20min, ou seja, atinge a sua meia vida

-A meia vida da meia vida será nos próximos 20min


Gráfico de meia vida de um fármaco de administração oral

-Sabe-se que é um fármaco de administração oral, pois sua


concentração sobe aos poucos à medida que vai sendo absorvido e
posteriormente vai caindo

-A concentração não chega a 100% porque boa parte se perde

-Após chegar ao pico de concentração plasmática (que não é 100%),


começa a cair

-Em determinado momento (aproximadamente 5 horas), chega a


50% da concentração máxima (meia vida).

-Nesse caso, já poderia administrar a segunda dose em 4h ou com 6h


IMPORTANTE!

- O efeito biológico não se perde necessariamente na primeira meia vida.

- Se for uma droga potente, ao baixar a concentração para 50% não significa que ela vai perder o efeito
Pode ser que perca seu efeito somente na próxima meia vida

- Se se sabe que em 50% determinado fármaco ainda tem efeito, pode-se retardar a próxima aplicação para
a próxima meia vida dele

- Pode acontecer também de uma droga que era para ser administrada de 6 em 6 horas perder o efeito com
4h Pode-se ajustar a administração para ser feita de 4h em 4h

- Isso varia com o animal: existem animais em que é preciso retardar a administração e animais em que é
preciso adiantar
Ex:. Se faz um medicamento para baixar febre em um animal, mas ele volta a ter febre
antes do esperado, pode ter acontecido muita perda da droga na administração ou também
o metabolismo do animal pode ser muito acelerado, fazendo com que a dose não tenha
chegado ao seu máximo da terapêutica.

Nesses casos, pode-se reduzir o tempo de administração ou aumentar a dose dentro do


limite terapêutico.
Ex.: Em animais com hipertireoidismo, o metabolismo é alto. O animal metaboliza e excreta a droga
de forma mais rápida.

Ex.: Em animais obesos, além do metabolismo ser mais lento, pode estar acontecendo sequestro do
fármaco pelo tecido adiposo, retardando seu efeito. Porém, nesse caso é importante lembrar que o
fármaco vai sendo liberado do tecido adiposo lentamente, portanto, é preciso ter cuidado para não
aumentar a dose ou diminuir o tempo de aplicação e acabar prejudicando o animal devido a altas
concentrações do fármaco em seu organismo.

A segunda dose de um fármaco deve ser feita antes do efeito da primeira acabar.
Gráfico da Concentração Plasmática X Efeitos Terapêuticos
§ Curva contínua: fármaco administrado por via oral (a concentração aumenta até o nível
potencialmente tóxico e depois cai).
§ Curva pontilhada: fármaco administrado por via endovenosa (já começa com alta concentração
no tempo 0).
• Deve-se ajustar a dose reduzindo a concentração para que esteja dentro do índice terapêutico.
• Quando a droga chegar em sua concentração máxima, deve estar no limite terapêutico. Não pode
estar abaixo e nem acima.
§ Exemplo:
§ O índice terapêutico de uma droga é quando ela está na concentração de 1,5mg/kg.
§ Tudo que estiver abaixo, será subótimo.
§ Tudo que estiver acima, será potencialmente tóxico.
§
§ Após ficar biodisponível no sangue, o fármaco deve ser distribuído para todo o corpo.

§ Os compartimentos (sistemas, órgãos, células) são delimitados por membranas pelas quais o fármaco
deve atravessar.

§ A distribuição do fármaco depende da quantidade de proteínas carreadoras do indivíduo e da taxa de


ligação plasmática que o medicamento tem com elas.

§ - Geralmente a proteína carreadora é a albumina

§ Se o fármaco se liga fortemente a albumina, pouca quantidade ficará livre para atravessar as membranas,
reduzindo assim o tempo de efeito (efeitos mais tardios).

§ É preciso saber o quanto do fármaco tende a se ligar às proteínas plasmáticas e o quanto tende a ficar
livre
Ex:.
- Chegam 10 moléculas de fármaco no sangue, mas o fármaco tem 90% de chance de se ligar a
proteínas plasmáticas. Isso significa que 9 moléculas irão se ligar e apenas 1 ficará disponível para
atravessar as membranas plasmáticas e/ou ser eliminada.
• Por outro lado, a ligação com as proteínas plasmáticas faz com que se mantenha o máximo de droga
dentro do compartimento sanguíneo, reduzindo a chance de eliminação desse princípio ativo quando
ele passa pelo rim ou pelo fígado. Seria como uma proteção para o fármaco não ser eliminado de
primeira.
• Numa concentração terapêutica, menos de 1% do fármaco está livre, garantindo que não seja todo
excretado e que os efeitos serão gradativos.
Obs.:
- Existem pacientes com albuminemia (pouca albumina) ou excesso dessa proteína.
- Se tem excesso, ocorre muita ligação com o fármaco, reduzindo a disponibilidade
- Se tem pouco, pode aumentar a excreção desse fármaco rapidamente ou ter muito efeito de uma
vez só.
- Geralmente, se um animal tem problema de produção de albumina, significa que também tem
problema hepático, pois estão relacionados
• A quantidade de ligação do fármaco às proteínas plasmáticas depende de três fatores:

- Quantidade de fármaco livre

- Afinidade pelo local de ligação

- Quantidade de proteínas

• A ligação ocorre principalmente com albumina, mas existem ainda outras proteínas

• A albumina possui dois sítios de ligação disponíveis para o fármaco, ou seja, uma albumina pode
transportar até 2 moléculas de princípio ativo

• Mas nem sempre todos os sítios de ligação ficam ocupados. Isso vai depender da concentração do fármaco
Exemplo:

§ Se tem 10 albuminas, consequentemente terão 20 sítios de ligação (dois em cada proteína).

§ Se chegam 50 moléculas do fármaco, 30 ficarão livres para fazer efeito enquanto 20 ocuparão os sítios

de ligação dessas proteínas.

§ Além disso, se 2 fármacos estiverem ao mesmo tempo na corrente sanguínea, pode haver competição

pelo sítio de ligação nas proteínas e um pode acabar interferindo na distribuição e,


consequentemente, no efeito do outro.

§ Por outro lado, muitas vezes pode-se aplicar propositalmente outro medicamento para que possa

competir com o sítio de ligação da albumina, liberando o outro fármaco para fazer o efeito.
§ Monoterapia (1 fármaco):

- Moléculas de fármaco (verde) estão ligadas a proteínas


plasmáticas (roxo).

- O fármaco livre atravessa a membrana para produzir efeito.

- O fármaco sequestrado pela albumina não faz efeito nesse


momento. Fará efeito mais tarde, quando se soltar da proteína.

- À medida que diminuir a concentração de fármaco livre, a


proteína plasmática vai liberando o fármaco sequestrado para
que ele possa fazer o efeito.
§ Terapia com 2 fármacos:

O fármaco amarelo tem mais afinidade pela albumina, portanto


se liga primeiro

Dessa forma, maior quantidade do fármaco verde fica


disponível para atravessar as membranas e fazer o efeito

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