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O que é a Lei de Cotas?

O objetivo de políticas afirmativas como as cotas é corrigir distorções no acesso ao ensino


superior público resultantes de desigualdades estruturais e históricas na sociedade. Um estudo
elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
mostra que, em 2004, apenas 5,6% dos jovens negros brasileiros entre 18 e 24 anos tinham
acesso à graduação, em comparação à taxa de 19,2% entre os jovens brancos. A discrepância
se mantinha também em termos de renda: naquele mesmo ano, enquanto 43,2% dos jovens
de maior renda no país conseguiam entrar na universidade, menos de 1% dos jovens da classe
mais baixa acessava o ensino superior.

As cotas sociais e raciais para o acesso ao ensino superior público foram implementadas pela
primeira vez pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2000. Em 2004, a
Universidade de Brasília (UnB) se tornou a primeira universidade federal a instituir o mesmo
sistema. Em 2012, a lei 12.711, também conhecida como Lei de Cotas, finalmente estabeleceu
regras únicas para a adoção de cotas raciais e sociais pelas universidades e instituições
federais.

Como as cotas funcionam?

A Lei de Cotas determina que 50% das vagas em universidades e instituições federais de ensino
superior sejam reservadas a candidatos que cursaram o ensino médio em instituições públicas
de ensino. Dentro desse contingente, a legislação estabelece que pelo menos metade seja
destinada a estudantes cujas famílias têm renda per capita igual ou inferior a 1,5 salário
mínimo; e que uma proporção equivalente à soma das populações preta, parda e indígena do
estado em que está localizada a instituição seja reservada para candidatos dessas etnias. Em
2016, a lei 13.409 determinou, ainda, reserva de vagas para pessoas com deficiência, também
na mesma proporção que a população do estado de referência

No Brasil, a população negra ganha 42% a menos do que a população branca; os negros
representam 64% do total de desempregados; 76% das pessoas mais pobres do país são
negras. No país campeão em número absoluto de homicídios, um jovem negro é assassinado a
cada 23 minutos; a polícia mata três vezes mais negros do que brancos.

Ainda assim, há quem argumente que cotas raciais não apenas são desnecessárias, como são
prejudiciais à sociedade brasileira. Ao justificar seu projeto de lei para abolir as cotas raciais no
estado do Rio de Janeiro, o dep. Estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ) argumenta que as “cotas
raciais sempre dividem negativamente as sociedades onde são implantadas, gerando o ódio
racial e o ressentimento”. Argumentos como esse tentam minimizar a existência do racismo e
invisibilizam seus impactos cotidianos, sistêmicos e estruturantes na sociedade brasileira.

O racismo no Brasil é tão presente que muitas pessoas acreditam que reservar vagas nas
universidades para estudantes de baixa renda é o suficiente para corrigir distorções no acesso
de pessoas negras ao ensino superior. Nesse caso, ignora-se que pessoas negras sofrem as
consequências do racismo independentemente de sua condição socioeconômica. Em 2016, um
experimento realizado pelo Estado do Paraná mostrou que profissionais de Recursos Humanos
tendem a imaginar pessoas negras em posições de trabalho menos valorizadas socialmente e
de menor remuneração – o que impacta diretamente nas suas condições de empregabilidade e
de ascensão profissional.

Entrar na universidade muda vidas

Para além de conquista pessoal sonhada por tantas famílias em todo o país, a entrada na
universidade é oportunidade para o estudante desenvolver a personalidade, expandir
conhecimentos, descobrir outras realidades e perspectivas e se preparar para o mercado de
trabalho.

As cotas sociais e raciais são ferramentas valiosas para corrigir distorções no acesso ao ensino
superior público causadas por desigualdades estruturais na sociedade brasileira, garantindo
que um perfil cada vez mais diverso de pessoas possa alcançar esse sonho.

Oportunidades diferentes

O abismo existente entre escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades


distintas a estudantes de classes sociais diferentes.

Sem as cotas para os estudantes de classes sociais menos favorecidas, as cadeiras nas melhores
universidades continuarão sendo conquistadas por candidatos com melhor estabilidade
financeira. O ideal seria qualificar o ensino público, mas isso levaria décadas.

2) Dívida histórica

Chamamos de dívida histórica elementos como a escravidão e a exploração, que fizeram parte
do passado histórico do nosso país e que acentuaram questões de desigualdades, deixando de
lado a justiça contra momentos de abusos.

Por conta desse fator, se vê a necessidade de políticas afirmativas em favor de populações


subalternizadas, com objetivo de resgatar injustiças passadas e dissolvê-las.

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O objetivo compreende a reparação das desigualdades práticas da vida cidadã e das
instituições, permitindo a atuação democrática das partes da sociedade, em completo respeito
às suas diferenças.

Além da dívida histórica que o país tem com os afrodescendentes por anos de exploração, a Lei
de Cotas também veio para minimizar as diferenças raciais e socioeconômicas que sempre
existiram no Brasil.

3) Sociedade brasileira racista

Infelizmente, o racismo ainda é um problema estrutural do Brasil. O racismo mata e exclui,


colocando à margem da sociedade um conjunto muito grande de pessoas.

De acordo com Pedro, as prisões são um exemplo de racismo estrutural no Brasil. “Quem é que
está lá [prisão] em sua grande maioria? Quem é que está excluído do mercado de trabalho
quando nós olhamos para os postos de comando das empresas?”, indaga.

“Os negros não estão nos espaços de representação na sociedade. A gente olha para o
Congresso Nacional e são poucas pessoas negras naquela comunidade. Essa é a atual
representação da sociedade brasileira”.

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