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TRIBUNAL DO JURI

 Lista geral de jurados (até 10 de outubro de todo ano o juiz lança 1. FORMAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI
essa lista, que é uma relação final de possíveis jurados para o ano Formado por 26 membros: juiz presidente + 25 cidadãos
seguinte – idôneos e maiores de 18 anos) – recurso possível: agravo convocados como jurados
de instrumento
Para ser jurado: cidadão, mínimo 18 anos e ter notória
 Composição do tribunal do júri: juiz presidente + 25 jurados idoneidade. O Código veda que exclua do júri qualquer pessoa
(sorteados, intimados a comparecer no dia da seção – entre o sorteio
e a seção o jurado pode pedir pra ser dispensado, mas deve
por preconceito (raça, sexo, condição econômica, grau de instrução)
provar/demonstrar o motivo da dispensa) No dia, para instalar a Obs.: O analfabeto não pode ser jurado, o Código exige
seção do júri deve ter no mínimo 15, tendo 15, o juiz irá sortear capacidade de leitura, entrega de cópia da pronúncia ao conselho
dentre estes 7 (conselho de sentença) de sentença, ou interromper o orador solicitando que indique onde
 Escusa peremptória: recusa imotivada (a defesa e a acusação podem consta nos autos certa informação ou documento
recusar, cada parte, 3 jurados de maneira imotivada os jurados
sorteados) RITO DO JÚRI (art. 406 a 497 do CPP)
 Escusa motivada: recusa com motivação fundada (ex: recusa É o mais solene dos ritos, é bifásico ou escalonado.
porque o jurado já teve histórico de problemas pessoais com o
cliente) – essa não tem limite máximo de recusa, desde que aceita a
1ª FASE – SUMÁRIO DA CULPA
(“judicium accusationis”)
motivação pelo juiz
 Depois de instalada a seção, o juiz irá ler as suspeições e 1) Oferecimento da denúncia ou queixa
impedimentos Queixa pode ser oferecida no caso de queixa subsidiaria, ou no
caso de queixa em delitos de ação penal privada conexos
 Desaforamento: tirar do julgamento do fórum por:
(litisconsórcio)
- interesse público (ex: mudar de comarca pela estrutura)
- imparcialidade do jurado (ex: caso de repercussão nacional em 2) Despacho liminar
cidade pequena)
- perigo do acusado (ex: perigo de linchamento) É o momento do recebimento da denúncia
- excesso de serviço daquele juízo (ex: muito processo acumulado, 3) Citação (igual ao rito comum)
se esperar pode demorar, passa pra outro lugar para dar
andamento mais rápido) 4) Resposta escrita (igual ao rito comum)
- Todos eles vão provocar o TJ (que irá resolver junto às provas das
alegações) 5) Manifestação da acusação em 5 dias (art. 409)
Quando na resposta escrita houver juntada de documento ou
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO JÚRI arguição de preliminar.
(art. 5º, XXXVIII, CF)
6) Despacho saneador
O júri é garantido por cláusula pétrea.
Juiz sana nulidade, requisita diligências ou designa data
a) Plenitude de defesa: É mais que a ampla defesa, a defesa para a audiência única de instrução debates e julgamento
deve dispor de um número maior de meios e recursos para o Obs.: No rito comum a absolvição sumária é aplicada no momento
direito de defesa - a defesa pode usar prova ilícita (atinge o direito do despacho saneador, no júri é aplicada mais adiante (não se aplica
material)? Parte da doutrina entende que cabe prova ilícita, só se essa for a o art. 397 do CPP).
única forma, e também só se vier da defesa, a acusação não, porque o
Estado deve ser exemplo de civilidade e licitude. 7) Audiência única instrução, debates e julgamentos
Fica implícito que no juízo singular deve ter um número menor Instrução (ordem de ouvir): vítima  testemunha de acusação 
de recursos (corrente minoritária). Mas não tem diferença no testemunha de defesa  réu
tratamento jurídico.
Debates orais:
b) Sigilo das votações: liberdade de consciência, os jurados Acusação 20 min. + 10 min.
decidem no sistema de íntima convicção, em oposição ao Defesa 20 mi. + 10 min.
sistema da persuasão racional que baliza as decisões do Ou memoriais em 15 dias.
judiciário – voto secreto, sem necessidade de abrir todos os votos se já Decisão (julgamento):
atingiu a maioria, dessa forma não revela quais foram os votos de cada 1. Pronúncia
jurado (ex: se a votação foi unânime, deixará claro o voto de cada um), 2. Impronúncia
perguntas dos jurados são feitas por escrito.
3. Absolvição sumária (no CPP só é sentença a absolv. sumária)
4. Desclassificação
c) Soberania dos veredictos: impossibilidade dos juízes
togados se substituírem aos jurados na decisão da causa. O Se o juiz reconhecer inimputável, vai ter a absolvição imprópria – “não te
mérito de um crime de competência do júri fica sobre a enquadro no 157, mas aplico medida de segurança, porque cometeu um
responsabilidade de um juiz togado quando: crime” – mas só pode fazer isso se a inimputabilidade for a única tese de
defesa (se não irá analisar a(S) outra(s) defesas, como a legítima defesa
 Exceção1: Absolvição sumária (art. 415 do CPP)
 Exceção 2: Ajuizamento de eventual revisão criminal PRONÚNCIA (art. 413, CPP)
- São exceções em favor do réu - ambaro na plenitude de defesa É um juízo de admissibilidade da acusação. Pressupostos da
d) Competência mínima para julgamento dos crimes pronúncia:
dolosos contra a vida: (art. 121 a 127 - exceção do homicídio a) Prova da materialidade: tem que haver certeza do fato
culposo). (com o exame de corpo de delito ou outros meios de prova) , se tiver
Súmula 603 STF: latrocínio como competência do juízo singular dúvida sobre a materialidade o juiz deve impronunciar
e não do tribunal do júri.
STJ: genocídio é crime contra a humanidade, por tanto não é b) Indícios de autoria ou participação: Basta a
julgado pelo júri, mas pelo juiz singular probabilidade do réu ser autor ou participe do crime
Requisitos da pronúncia Exige certeza da inocência do réu. O juiz fundamentadamente,
. Relatório absolver o acusado quando:
. Fundamentação: dizer o mínimo necessário, pois o Fundamentos para absolvição sumária:
julgamento do mérito compete aos jurados. Se limita a a) Inexistência material do fato
indicar a prova da materialidade ou indícios de autoria e b) Negativa de autoria (não ser ele o autor ou participe)
participação (art. 413 do CPP). Linguagem comedida, cautelosa, c) Atipicidade do fato (fato não constituir infração penal)
que não influencie o julgamento dos jurados d) Exclusão de ilicitude
e) Excludente de culpabilidade
. Conclusão ou Parte Dispositiva: é sobre a
admissibilidade, não sobre procedência (“ante o exposto - Erro de proibição escusável (art. 21, CP) – é possível
pronuncio Fulano de Tal”).
- Inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, CP) – é possível
Efeitos da pronúncia - Inimputabilidade por menoridade (art. 27, CP) – nulidade do
a) Submissão do réu ao júri processo e remessa para vara da infância e juventude
b) Fixar a classificação jurídica do fato - Inimputabilidade por embriaguez completa e involuntária (CP,
28) – é possível
- Circunstâncias do crime: magistrado deve verificar a
existência de qualificadoras e causa de aumento. É verificação - Inimputabilidade por doença mental (art. 26, CP):
de pertinência, em que o juiz deve: reconhecimento de medida de segurança. (art. 415, parágrafo único
do CPP). Quando for a única tese de defesa é cabível a
- Manter as circunstâncias indicadas na denúncia (bastam
indícios) absolvição sumária imprópria. Se tiver outra tese o réu é
mandado ao júri.
- Excluir circunstância indicadas na denúncia (excesso de
acusação) DESCLASSIFICAÇÃO (art. 419, CPP)
- Incluir circunstância não indicadas na denúncia – (bastam Certeza que o fato não constitui crime doloso contra a vida,
indícios) - (emendatio ou; mutatio libelli - art. 384, CPP). mas crime de competência do juízo singular.

- Mutabilidade: classificação jurídica do fato pode ser – Procedimento


modificada por fato superveniente. Juízo com competência cumulativa (vara única): profere a
Ex.: Morte da vítima – réu indiciado por tentativa, mas durante o desclassificação, aplica a mutatio libelli (art. 384, CPP), profere
processe a vítima falece pelos ferimentos causados– Verificada a a sentença.
mudança da pronúncia todos os atos já praticados, após a pronúncia,
terão que ser refeitos. Juízo com competência privativa (vara privativa do júri):
profere desclassificação, aguarda preclusão (prazo para
c) Interrupção da prescrição (Súmula 191 do STJ) recurso), remessa ao juízo competente, aplica mutatio libelli
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, mesmo que o (art. 384, CPP), profere sentença
Tribunal do Júri desclassifique o crime.
- É cabível o conflito de competência quando o juiz que
d) Prisão do réu (não tem efeito automático – art. 413, §3º) recebe o processo não concorda.
Intimação do réu 2ª FASE DO RITO DO JÚRI
Réu deve ser intimado pessoalmente, se não for localizado (“judicium causae”)
deve ser expedido edital Trata-se do julgamento, pelo Júri, da acusação admitida na fase
anterior. Começa com o trânsito em julgado da sentença de pronúncia e
“Crise de instância” → em crime inafiançável, se o réu não era se encerra com a sentença do Juiz Presidente do Tribunal Popular.
localizado, o processo ficava paralisado, pois só era possível
intimação pessoal. Lei alterada, todos os processos foram Desaforamento (Art. 427/428)
elaborados editais para citação, pois a regra processual penal tem
aplicação imediata. 1) Requerimento de provas (art. 422, CPP)
IMPRONÚNCIA (art. 414) Prazo sucessivo de 5 dias (primeira acuação, depois defesa). É
É a decisão que julga inadmissível a pronúncia. Ocorre quando possível realizar:
o juiz não detecta a materialidade ou indícios de autoria ou . Requerimento de diligências
participação. . Juntada de documentos (art. 479 do CPP)
É uma decisão interlocutória mista terminativa que produz . Rol de testemunhas (até 5: cláusula de imprescindibilidade)
coisa julgada formal. Cláusula de imprescindibilidade: Se a testemunhas for arrolada
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de como imprescindível, a realização do julgamento fica condicionada
indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, a oitiva da testemunha. Se o julgamento for realizado haverá
impronunciará o acusado.
nulidade absoluta. Mas a cláusula é ineficaz (vai haver júri mesmo
Enquanto não ocorre a extinção da punibilidade é possível sem a testemunha) quando ambas as partes desistem do
oferecer nova denúncia (repete o sumário da culpa), quando depoimento, ou, a testemunha não é localizada, ou, quanto se trata
tem provas novas, que demonstram a materialidade ou autoria. de testemunha fora da terra (quem reside em outro foro).

Na impronúncia o crime conexo é remetido ao juiz competente. 2) Saneador


Sanar as nulidades.
DESPRONÚNCIA
Requisitar diligências.
É a decisão que revoga a pronúncia, declara inadmissível a
Designar a audiência de julgamento.
acusação perante o júri. É necessário a interposição de Elaborar relatório.
RESE de uma decisão de pronúncia. Pode ocorrer pelo juízo
de retratação ou pela decisão do Tribunal. SESSÃO DE JULGAMENTO:
1) Instalação da sessão
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (art. 415, CPP)
Juiz verifica se há o foro mínimo de 15 jurados (incluindo Veredictos
suspeitos e impedidos), dos 25 convocados. Em razão das respostas é possível:
E inicia o pregão (art. 571, CPP): para arguição de nulidades a) Veredicto absolutório: o juiz deve indicar um dos
relativas posteriores a pronúncia. fundamentos do art. 386 na sentença (inexistência do fato, ou falta
de provas da existência, não ser infração, não foi o réu ou falta de provas para
2) Formação do conselho de sentença constatar isso, excludente do crime ou isenção do réu e se não houver provas
Escolha dos 7 jurados. É possível formular as recusas: suficientes para condenação). O júri julga o crime conexo.
a) Recusas peremptórias b) Veredicto condenatório
Não precisa de justificativa e podem ser apresentadas no O juiz faz a dosimetria da pena, fixação da pena, adequando
máximo 3 vezes.
ao crime (art. 387).
b) Recusas motivadas O júri julga o crime conexo.
Devem ter justificativa, o juiz pode recusar, podem ser
apresentadas quantas quiserem (Art. 477/ 488, CP) c) Veredicto de Desclassificação
O juiz deve julgar ou aplicar a Lei 9.099 (art. 492, §2º). O juiz
3) Instrução presidente julga o crime conexo.
- Declarações do ofendido (autor) - Crime conexo: relacionado ao outro
- Testemunhas de acusação
- Testemunhas de defesa
- Leitura de peças
- Intimação do réu
Leitura de peças: eventuais provas colhidas por precatórias ou
provas urgentes e não repetíveis. Provas que não puderam ser
colhidas na frente dos jurados.
4) Debates orais
Se tiver 1 réu Com 2 ou mais réus
Fala Acusação 1h 30m 2h 30m
Fala Defesa 1h 30m 2h 30m
Réplica 1h 2h
Tréplica 1h 2h
Aparte (art. 497, XII): Se o aparte for concedido gera um
acréscimo de 3 min ao orador interrompido

Limites argumentativos (art. 478): limitações para ambas as


partes.
Réplica: É faculdade da acusação. Se o MP não desejar fazer a
réplica, é fundamental que não faça comentário sobre a
argumentação da defesa.
Tréplica: Só haverá tréplica quando houve réplica.
A defesa pode apresentar na tréplica inovação substancial
de tese? Para o professor Nucci é possível pelo princípio da
plenitude de defesa. Para o professor Damásio não é possível
em razão do princípio do contraditório.

5) Julgamento
São elaborados os quesitos, têm como:
. Fonte: Pronúncia e decisões confirmatórias, alegações das
partes, interrogatório do réu.
. Regras (art. 483 e STF 156 e 162): quesitos devem ser simples e
claros, em afirmativas, sob pena de nulidade absoluta
- Deve haver um questionário para cada réu e quesitos para
cada crime
- Falta de quesito obrigatório gera nulidade absoluta.
. Ordem dos quesitos:
1º - Materialidade*
2º- Autoria e participação*
3º - “animus mecandi” (crimes tentados) * / Eventuais teses
desclassificatórias (crimes consumados)
4º - Quesito absolutório*
5º - Teses defensivas
6º - Qualificadoras
7º - Causas de aumento

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