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Um Estudo do Meio Físico APL em Aplicações

Industriais
Lucas Silva Souza

Abstract – The Ethernet APL is an evolution of Physical Layers in O avanço tecnológico no setor industrial e a constante
communication of Industrial Networks. This paper has the aim to preocupação com a segurança tornaram-se novos desafios e
describe and to study the applications of this physical layer, receberam a nomenclatura de Áreas Classificadas que são áreas
evaluating the historical context of its implementation, as its em que há risco de explosão, devido aos gases ou poeira em
available functionalities, the capacity to operate in Hazardous
suspensão na atmosfera do local, que misturados com o calor
Areas and the ability to work with various industrial network
protocols based on Ethernet as PROFINET. Furthermore, a study produzido pelas máquinas industriais e pelos seus aparatos de
will be presented about the subject presenting concrete data about alimentação e interconexão, geram um ambiente
the expansion of Ethernet networks in industrial environment. potencialmente perigoso. [2]
Keywords – Hazardous Areas, industrial networks, physical layer. Para facilitar a integração entre o número de dispositivos em
constante expansão dentro do ambiente industrial e a utilização
Resumo – O meio físico Ethernet APL é uma evolução dos meios do Ethernet neste espaço, com a finalidade de atingir as
físicos na comunicação das redes industriais. Este trabalho tem expectativas de segurança nas Áreas Classificadas, foi
como objetivo descrever e analisar as aplicações deste meio físico, desenvolvido o Ethernet APL, entregando assim uma conexão
avaliando o contexto histórico de sua implementação, suas
rápida e segura entre os diversos atuadores dentro de uma
funcionalidades disponíveis, a capacidade de execução em Áreas
Classificadas e a habilidade de operar com diversos protocolos de indústria. [1] [3]
redes industriais baseadas no padrão Ethernet, como o Desse modo, este trabalho pretende realizar um estudo e uma
PROFINET. Além disso, será mostrado um estudo de caso acerca análise da aplicação do meio físico APL (Advanced Physical
do tema apresentado e dados concretos sobre a expansão de redes Layer) em redes industriais baseadas no padrão Ethernet, assim
Ethernet no ambiente industrial. como os requisitos para a sua instalação, seu funcionamento e
Palavras-chave – Áreas Classificadas, meio físico, redes a sua utilização em ambientes que se enquadram como Áreas
industriais. Classificadas. [4]
Este trabalho está organizado em quatro capítulos: I -
I. INTRODUÇÃO Introdução, II - Conceitos e Definições, III - Estudo de Caso e
IV - Conclusão.
As indústrias têm como objetivo principal a fabricação dos
bens utilizados pela sociedade a fim de substituir os esforços, II. CONCEITOS E DEFINIÇÕES
antes realizados repetidamente por forças mecânicas (humana
e animal), por sistemas que utilizem forças da natureza, como Com a finalidade de desenvolver os conceitos para realizar o
a pressão e a eletricidade, para realizarem estes trabalhos. [1] estudo de caso, este capítulo realiza a fundamentação teórica
Por meio dos avanços da tecnologia em automação e dos assuntos a serem compreendidos.
comunicação novos materiais foram desenvolvidos com o
propósito de otimizar a fabricação, como, por exemplo, a A. Áreas Classificadas
utilização da robótica e CLP´s (Controladores Lógicos
Programáveis) durante a Terceira Revolução Industrial e a As Áreas Classificadas compreendem os locais que estão
comunicação dinâmica e descentralizada entre os diferentes sujeitos a explosões e incêndios, devido à presença de gases,
equipamentos que compõem o ambiente fabril na Indústria 4.0. vapores ou partículas presentes nos ambientes. Estes podem
[1] entrar em ignição, em consequência do calor gerado pelas
Estes formatos de comunicação industrial foram operações ou através da energia da ativação de contatos
desenvolvidos para trazer flexibilidade ao processo produtivo, elétricos, estejam em condições normais ou anormais de
interligando vários equipamentos fisicamente distantes para funcionamento ou em situações que ocorrem falhas no processo.
criar a conectividade, a qual gera uma resposta rápida e [5]
acompanhada do processo pela gestão da fábrica, recebendo o Para que ocorra uma explosão ou um incêndio são necessários
nome de rede industrial. [2] três componentes em concentrações corretas: o combustível, que
é a substância capaz de entrar em combustão, neste caso, gases
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações (INATEL) como parte dos requisitos para obtenção do Título
ou partículas; o comburente, que reage com o combustível e
de Bacharel em Engenharia de Controle e Automação. Aprovado em 07/06/2023 permite que ele se inflame, sendo o mais comum o oxigênio; e a
pela comissão julgadora: prof. Dr. Alexandre Baratella Lugli / INATEL – fonte de energia, gerada a partir do aquecimento ou descargas
Orientador e Presidente da Comissão Julgadora, prof. Msc. Júlio Arlindo P. elétricas no ambiente. Essa mistura é chamada de Triângulo do
Azevedo / INATEL – Membro da Comissão Julgadora, prof. Esp. João Pedro
M. P. Paiva INATEL – Membro da Comissão Julgadora. Coordenador do Curso
Fogo, descrita na Figura 1. [4]
de Engenharia de Controle e Automação: Prof. Dr. Alexandre Baratella Lugli.
Figura 1. Triângulo do fogo. [6]

A. Classificação das Áreas


Figura 2. Divisão das Zonas em um ambiente com gases. [8]

Apesar de definidos os fatores que podem causar a ignição dos A utilização de equipamentos elétricos em áreas classificadas
materiais presentes nos ambientes industriais, o risco associado pode representar risco já que, em condição de falha, o
é bastante alto portanto deve haver o treinamento do pessoal para equipamento pode gerar uma faísca ou aquecimento de seus
lidar com as definições feitas a partir das classificações de Áreas componentes, gerando a fonte para uma ignição da atmosfera
presentes no ambiente. [5] explosiva ao seu redor. Para eliminar este risco tais
As divisões são realizadas em Grupos e Zonas. equipamentos devem ser certificados conforme tipos de proteção
Os grupos classificam os equipamentos quanto ao local normalizados. Dentre os tipos de proteção mais comuns está a
especificado para sua instalação. Segundo a ABNT NBR IEC segurança intrínseca, que consiste basicamente em se limitar a
60079-10-01 de 2022: o Grupo I corresponde aos equipamentos energia entregue aos dispositivos de campo para que operem
fabricados para funcionar em minas subterrâneas e o Grupo II abaixo do limite de energia de ignição. [7] [8]
classifica os equipamentos desenvolvidos a operar na superfície,
sendo subdivididos em IIA para substâncias derivadas do B. Ethernet APL
propano, IIB para substâncias derivadas dos elementos da
família do eteno e o grupo IIC para substâncias que possuem A Ethernet Advanced Physical Layer, ou Ethernet APL, é uma
hidrogênio ou acetileno. O Grupo III corresponde às indústrias aplicação de tecnologia na primeira camada do protocolo
que possuem ambientas com poeiras ou fibras inflamáveis, é Ethernet, a camada física, onde se encontram os meios físicos de
subdividido em IIIA para fibras combustíveis, IIIB para poeiras transporte de informação dentro da estrutura do protocolo
não condutoras e IIIC para poeiras condutoras. [5] segundo o ISO/IEC (International Organization of
As Zonas são classificações quanto à quantidade de tempo e a Standardization/International Electrotechnical Commision),
probabilidade de ocorrência de material inflamável, conforme norma ISO/IEC 7498-1, conforme mostrado na Figura 3.
apresentado na Tabela I. As classificações de Zona também se Utilizam cabeamento de par trançado de filamentos, chamado de
dividem em presença de gases e presença de poeiras ou fibras 2-WISE (2-Wire Intrisically Safe Ethernet), uma norma que
inflamáveis. Para as Zonas com presença de gases as define os requisitos para a instalação de equipamentos Ethernet-
classificações são Zona 0, onde há a fonte de risco, mistura de APL em Áreas Classificadas, para realizar comunicação e
gases e está presente continuamente ou por longos períodos; a alimentação elétrica simultaneamente, além de suportar diversas
Zona 1 é a região próxima a Zona 0 e possui menor risco em aplicações de protocolos, incluindo aquelas que necessitam de
situações normais de processo. A Zona 2 é a área ao redor, que comunicação em tempo real. [3] [9]
não possui alta incidência em zona explosiva em condições
anormais de operação. Para poeiras ou fibras a classificação é
dividida em Zonas 20, 21 e 22, diretamente correspondentes às
Zonas 0, 1 e 2, em que se encontram gases. A Figura 2 ilustra a
divisão das Zonas em um processo envolvendo gases. [4] [5] [7]

TABELA I. DIVISÃO DE ZONAS POR TEMPO DE EXPOSIÇÃO. [7]

Zonas Presença de atmosfera explosiva


1000 horas ou mais por ano
0
(10%)
10 < horas por ano < 1000
1
(0,1% a 10%)
1 < horas por ano < 10
2 Figura 3. Pilha de protocolos ISO/OSI com Ethernet APL. Adaptado [9]
(0,01% a 0,1%)
Áreas não classificadas Menos de 1 hora por ano O principal propósito da Ethernet APL é a comunicação de
dispositivos de campo, desde sensores e atuadores, até rede de
controle. Atingem velocidades de 10Mbps e podem ser
utilizados em áreas classificadas. [3] [9]
A Figura 4 demonstra a conexão de um processo de controle
que opera em Ethernet Industrial de 100Mbps e utiliza o modelo
de quatro fios, onde switches e dispositivos necessitam de
alimentação externa e empregam o meio físico Ethernet APL. O
console de operações e a área de trabalho de engenharia são
conectados através de um switch para realizar o controle da rede
e, também, com switches de Ethernet APL, estes conectados com
os dispositivos de campo. [3] [9]
Destaca-se ainda, que a comunicação entre a rede de Ethernet
industrial e o meio físico Ethernet APL é realizada através de
switches APL que podem estar presentes no tronco da rede e
alimentar diretamente as derivações, como no caso do switch
APL de campo. Os switches também podem funcionar como
intermediários de alimentação para outros switches. [3] [9]

Figura 6. Conexão de um cabo de Ethernet APL com parafusos ou terminais


de aperto. [3]

Figura 4. Conexão entre uma rede de Ethernet industrial e Ethernet APL.


Adaptado [9]

As conexões do Ethernet APL nos dispositivos podem ser Figura 7. Conexão de um cabo de Ethernet APL com conectores M12-A. [3]
realizadas por meio de terminais aparafusáveis ou de pressão,
conectores tipo M12 ou conectores M8 (para dispositivos sem
segurança intrínseca). O mesmo cabo também pode possuir
diferentes conectores em suas extremidades como, por exemplo,
a utilização de parafusos em uma extremidade e um conector
M12 na outra. [3]
A Figura 5 mostra a construção do cabo Ethernet APL e expõe
que o fio vermelho é o APL Signal +, ou o sinal positivo do APL,
o verde é o APL Signal -, ou o sinal negativo do APL e o S
indicam a blindagem do cabo (Shield). [3]
A Figura 6 mostra como deve ser realizada a ligação utilizando
terminais de aperto, conectando nos terminais 1, 2 e 3, o APL Figura 8. Conexão de um cabo de Ethernet APL com conectores M8. [3]
Signal +, o APL Signal-, e a blindagem, respectivamente. [3]
A Figura 7 mostra como é a utilização do cabo com conector Para as instalações em Ethernet APL é importante manter uma
M12, macho e fêmea, respectivamente, usando as portas 1, 2 e distância entre os cabos APL e a rede de alimentação da planta
3, assim como a conexão com parafusos e terminais de aperto. para diminuir a interferência eletromagnética seguindo as
Para a conexão tipo M12 emprega-se o conector M12-A, recomendações do guia de instalação da rede. [3]
específico para aplicações em áreas classificadas. Este tipo de O meio físico Ethernet APL também possui efeitos de carga de
conector possui uma construção física adequada para aplicações comunicação na rede. Para realizar a comunicação, o máximo
em áreas potencialmente explosivas, sendo requisito necessário recomendado pelos estudos é de 20% do tempo total disponível.
obrigatório em projetos envolvendo o meio físico Ethernet APL. A Figura 9 mostra um comparativo entre a carga na rede em
[3] relação ao número de dispositivos e a frequência de atualização
A Figura 8 mostra como é a utilização do cabo com o conector da rede, em um estudo teórico realizado, sem considerar um
M8, seguindo a mesma ordem de utilização de portas que o protocolo de rede industrial em si (aplicado a qualquer protocolo
terminal M12 tipo ‘A’ e terminais de pressão, porém, é industrial baseado no padrão Ethernet). [3]
importante ressaltar que o terminal M8 não pode ser utilizado
em aplicações onde é necessário segurança intrínseca. [3]

Figura 5. Construção de um cabo de Ethernet APL. [3]


alimentação dispositivos em alimentação devido à
auxiliar em campo para alimentação
equipamentos dispositivos estar presente no
de campo em campo tronco

A ser
No caso de fibra A ser observado
observado
ótica a conexão principalmente
Conexão principalmente
equipotencial entre durante a
Equipotencial durante a
dispositivos de utilização de
utilização de
campo não é crítica troncos longos
troncos longos

Na Figura 10 é exibido o sinal elétrico de comunicação a ser


aplicada no meio físico Ethernet APL, medido internamente no
cabo de comunicação, aplicado nas Áreas Classificadas,
utilizando um sinal tipicamente de 12Vdc para alimentação dos
dispositivos de campo, com variação normativa entre 9Vdc a
15Vdc, e um sinal de pico a pico de 1Vpp (0,5Vp). Na Figura 10
as divisórias horizontais estão separadas em 5V por divisão, com
o sinal mantendo um valor medio de 12.2Vdc. [9]

Figura 10. Sinal transmitido no meio físico Ethernet APL. [9]


Figura 9. Comparativo entre a taxa de carga na rede, número de dispositivos
e taxa de atualização. [3]
C. Protocolos de Rede Industrial Baseados no padrão
Na Tabela II é apresentado um comparativo técnico entre as Ethernet
especificações durante a utilização de uma rede em Ethernet
industrial, através do meio físico Ethernet APL. [3] [9] Nas indústrias modernas muitos dispositivos coexistem,
incluindo controladores lógicos programáveis, sistemas digitais
de controle distribuído (SDCD), sensores e atuadores. Com o
TABELA II. COMPARATIVO ENTRE ETHERNET INDUSTRIAL E auxílio de tecnologias, tais como o CAD (Computer Aided
ETHERNET APL. [3] [9]
Design), CAM (Computer Aided Manufacturing), CAPP
Tronco não (Computer Aided Production Planning) e CAQC (Computer
Switches de campo alimentado Tronco Aided Quality Control) geram-se mudanças e evoluções no
Dispositivo de 100Mbps em em Ethernet alimentado em âmbito industrial como o aumento de produtividade, redução de
Ethernet industrial APL Ethernet APL
custos, de estoques e ciclos de projeto e produção, eliminando
Distância redundância de processos. Para realizar a integração entre os
Inferior a
máxima em Inferior a 200m
200m para
Inferior a 200m dispositivos e tecnologias utiliza-se as redes industriais que
uma para cabos da para cabos da simultaneamente controlam e supervisionam os processos. [10]
cabos da
derivação categoria IV categoria IV
categoria IV [11]
Inferior a O padrão Ethernet surgiu como uma rede de comunicação
1000m na interna na década de 1970 que realizava comunicação entre
Fibra ótica:
Depende do modelo
categoria IV e computadores em longas distâncias. Com a necessidade de
depende da padronização nas redes industriais, deu-se origem às Industrial
Distância de fibra, mas Inferior a
carga dos
máxima no tipicamente inferior 1000m na
switches e Ethernets, protocolos Ethernet de redes industriais, oferecendo
tronco a 2000m categoria IV caminhos uniforme e padronizados para comunicação desde o
dispositivos
Cobre: Inferior a
100m
utilizados em nível de gestão à produção. [10] [11]
campo Entre os protocolos Ethernet em redes industriais, os que mais
Queda de possuem participação no mercado são o PROFINET, Ethernet
tensão no IP e EtherCAT. O PROFINET é um protocolo desenvolvido pela
Não presente Não presente Presente
tronco PROFIBUS International, concebido como um protocolo de
utilização entre equipamentos de diferentes fornecedores e
Taxa de
Dados no Tipicamente oferecendo opções de comunicação em tempo real. O Ethernet
10Mbps 10Mbps IP é a aplicação do padrão Ethernet em ambiente industrial a
tronco 100Mbps
partir da utilização de switches e roteadores, classificando nós de
Carga da rede conforme procedimentos pré-estabelecidos. O EtherCAT é
Presente, porém em
rede no
tronco a ser
uma rede de
Presente Presente
um protocolo de código aberto, open source, desenvolvido pela
100Mbps o impacto Beckhoff para utilização em aplicações determinísticas em
observada
é negligenciável
tempo real. [11]
Necessidade Necessidade de Necessidade Não há
de alimentação para de necessidade
sinal ruído do sinal de comunicação. Para ser
III. ESTUDO DE CASO considerado um sinal de capacidade adequada deve
ser superior a 23dB (SNR>23dB para uma boa
O estudo de caso foi realizado através de um artigo publicado qualidade do sinal de comunicação). Essa medição
no evento: 2022 Cybernetic & Informatics, com o título Trends precisa ser realizada diretamente no cabo de
in Industrial Networks including APL, TSN, WiFi-6E and 5G comunicação.
Technologies produzido pela Universidade Eslovaca de • A distância máxima do meio físico é de 1000 metros,
Tecnologia da Bratislava. [12] considerando a metragem total de cabo.
O artigo realizou um estudo sobre a utilização das novas • É possível realizar derivações (spurs) limitados a 200
tecnologias de comunicação no meio industrial, especialmente metros de distância.
em duas áreas: automação de processos e automação fabril • A carga máxima temporal na rede não deve
estudando, desta forma, como o crescente número de ultrapassar 20% do total de tempo de comunicação
dispositivos conectados interfere na agenda da capacidade de disponível na rede.
comunicação em tempo real entre os dispositivos. • No âmbito de automação fabril há diversos requisitos
Adicionalmente são apresentadas as seguintes informações para atuar em tecnologias operacionais e os
sobre o tema: [12] protocolos Ethernet integram muito bem as
• O objetivo do Ethernet APL é realizar a conexão comunicações, contribuindo com a convergência
Ethernet para áreas classificadas, para permitir a entre tecnologias de operação e informação.
digitalização dos processos industriais adicionando a • A Ethernet industrial apresentou crescimento na sua
universalidade e a velocidade através do Ethernet utilização ao longo dos anos, conforme mostram as
para os dispositivos de campo existentes. Figuras 11 e 12, atingindo em 2018 uma maioria no
• Atualmente, a automação de processos é realizada número de usuários sobre o segundo mais utilizado: o
principalmente pelos protocolos Profibus PA, Fieldbus.
Foundations Fieldbus H1, HART 4-20mA e sistemas
sem fio, tais como WirelessHART e ISA100, baseado
no IEEE 802.15.4. A comparação entre os parâmetros
dessas aplicações está apresentada na Tabela III.

TABELA III. COMPARATIVO TÉCNICO DE TECNOLOGIAS DE


COMUNICAÇÃO PARA AUTOMAÇÃO. Adaptado [12]

Comparação de
Tecnologias Foundation Ethern Ethern
4-20mA
para o campo Fieldbus / et et
com
em Plantas de PROFIBUS 100BA 10BAS
HART
Processamento PA SE-TX E-T1L

Par único de Não


Possui Possui Possui
cabos Possui
100 10
1.2 kbps
31.25 Mbps Mbps Mbps
Comunicação Half Figura 11. Fatias de mercado de redes industriais em porcentagem.
Half Duplex Full Full
Duplex Adaptado [12]
Duplex Duplex
Cabo de
CAT Tipo
Referência n/a Tipo ‘A’
5/6 ‘A’
1900m
Tamanho do
n/a Tipicamente 100m 1000m
Tronco
700m
Tamanho das
n/a 120m n/a 200m
Derivações
Conector com
parafusos Possui Possui Possui Possui

Independência
Não
de Polarização Possui n/a Possui
Possui
Opção
Intrinsicamente
Possui Possui Possui Possui
Segura

Uma tecnologia
de rede do Não
Não Possui Possui Possui
campo à gestão Possui
Figura 12. Estimativa da empresa HMS para 2022 em automação fabril. [12]

• Ethernet industrial possui vários benefícios, como:


• O Ethernet APL é transmitido a 10Mbps, utilizando
confiabilidade e funcionalidade de suas redes;
uma codificação 4B3T (4 Binários = 3 Terciários) e é
flexibilidade (devido à utilização de switches);
encriptado e modulado como PAM-3 (Modulação na
ferramentas de verificação da qualidade de rede em
Amplitude de Pulso).
relação à jitter; erros e carga de redes. Porém, em
• Para realizar uma boa comunicação no meio físico
redes que utilizam switches, problemas acontecem
Ethernet APL deve-se efetuar a medição da relação
com o aumento da rede e de quantos switches serão hannover.de/frontdoor/deliver/index/docId/2087/file/Niemann2021-
Ethernet_APL.pdf>. Acessado em 27 de março de 2023.
utilizados para trafegar uma informação, que são
representados na Equação (1) para o se calcular o [10] MARTINS, J. S. B. Redes Industriais: O Estado de Arte da Tecnologia.
atraso (delay) da rede. [12] I Seminário sobre Redes de Comunicação Industrial – AP31 1990.

Delay = [Quant_Switches*(Atraso_Cabo+Atraso_Switch)] + (Tempo_Tx) (1) [11] COUTO, R. T. Ethernet Industrial. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação de Engenharia de Computação), USF, Itatiba, 2010, 60p.
Disponível em
IV. CONCLUSÃO <https://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1892.pdf>.

[12] DRAHOŠ, P.; KUČERA, E.; HAFFNER, O.; PRIBIŠ, R.; BEŇO, L.
As informações apresentadas neste trabalho asseguram a
Trends in Industrial Network including APL, TSN, WiFi-6E and
possibilidade de operar o meio físico Ethernet APL em 5G Technologies. 2022 IEEE Cybernetics & Informatics (K&I).
aplicações industriais, tendo em vista que a demanda por Acessado em 30 de março de 2022.
utilização de redes industriais baseadas no padrão Ethernet estão
em crescimento no mercado e sua aplicação em diversos
protocolos de rede diferentes, como o PROFINET, por exemplo.
Assim, pode-se ter um meio físico capaz de alimentar e realizar
a comunicação, simultaneamente, em dispositivos aplicados em
Áreas Classificadas, conectando-os diretamente à rede de
controle de instalação, utilizando os conceitos aplicáveis à
Indústria 4.0 (comunicação baseada no padrão Ethernet).
O meio físico Ethernet APL possui vários requisitos de
instalação e configuração do switch, que devem ser levados em
consideração na fase de implementação de seu projeto, tais como
o tamanho do tronco, das derivações, e a queda de tensão nos
dispositivos de campo devido à conexão sequencial em um
tronco energizado.

REFERÊNCIAS

[1] SACOMANO, J. B. et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São


Paulo/SP Blucher, Editora Érica, 1ª Edição, 2018, 196p.

[2] LUGLI, A. B. e SANTOS, M. M. D. Redes Industriais para


Automação Industrial: AS-I, PROFIBUS e PROFINET. São
Paulo/SP, Editora Érica, 2ª Edição, 2019, 196p.

[3] NIEMANN, K. Ethernet APL Engiennering Guideline, Versão 1.11,


06 de dezembro de 2021, 120p.

[4] ARAGÃO, H. B. Instalações elétricas em áreas classificadas. Trabalho


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<http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/18123>.
Acessado em 20 de março de 2023.

[5] ELIAS, C. E. S., VIEIRA, L. S., BICZKOWSKI, M. Instalações


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<https://phantomstudio.com.br/index.php/RTE/article/view/769>.
Acessado em 20 de março de 2023.

[6] OLIVEIRA, G. H. A., MAGALHÃES, M. N. Um Estudo Comparativo


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de Curso Apresentado no curso de Bacharelado de Engenharia de
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<https://inatel.br/biblioteca/artigos-tcc-graduacao>. Acessado em 17 de
março de 2023.

[7] COSTA, A. K. Especificações Técnicas de Motores Elétricos de Baixa


Tensão para Aplicação em Áreas Classificadas. Trabalho de
Conclusão de Curso Apresentado no curso de Especialização em
Engenharia de Segurança de Trabalho, UNIIJUI, Ijuí, 2016, 94p.
Disponível em:
<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/3902>.
Acessado em 17 de março de 2023.

[8] FIGUEIREDO, R. F. Instalações Elétricas em Áreas Classificadas:


Uma Abordagem Teórica e Prática. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2022. Disponível em: <http://app.uff.br/riuff/handle/1/27330>.
Acessado em 29/04/2023.

[9] NIEMANN, K. The Ethernet APL Engineering Process, ATP


Magazine 09 de Agosto de 2021, IEEE Article, Disponível em:
<https://serwiss.bib.hs-

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