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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA __ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


ESTADO DE MINAS GERAIS

LAIS FERREIRA DE JESUS, solteira, desempregada inscrita no CPF sob nº


091.558.866.80 e RG sob nº XXX XXX/UF, sem endereço eletrônico, residente e
domiciliada na Rua Frei martinho Burnier, 463, Bairro Jardim Paquetá, CEP 31340290,
na cidade de Belo Horizonte/MG, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do
seu Advogado, eletronicamente assinado, ajuizar ação com pedido DE CONCESSÃO
DE AUXÍLIO EMERGENCIAL – LEI Nº 13.982/2020

em face da FAZENDA NACIONAL - UNIÃO, Órgão Público do Poder Executivo


Federal, inscrito no CNPJ sob nº 00.394.460/0216-53, com sede na Esplanada dos
Ministérios BL, número P, 8º Andar, Bairro Eixo Monumental, CEP 70.310-500, na
cidade de Brasília/DF e EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA
PREVIDÊNCIA – DATAPREV, Pessoa Jurídica de Direito Público, inscrito no CNPJ
sob nº 42.422.253/0001-01, com sede na ST de Autarquia S SUA, Quadra 01, Bloco S
E/F – Parte, CEP 70.070-935, na cidade de Brasília/DF e CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL, Pessoa Jurídica de Direito Público, inscrito no CNPJ sob nº
00.360.305/0001-04, com sede na ST Bancário Sul, Quadra 04, nº 34, Bloco A, Bairro
Asa Sul, CEP 70.092-900, na cidade de Brasília/DF , pelos motivos e fatos que passa
a expor.

I – DOS FATOS
A Autora, por meio do aplicativo disponibilizado pela CAIXA, realizou o seu
cadastro em XX/XX/2020, preenchendo os requisitos previstos pelo artigo 2º I, II, III, IV
e V da Lei nº 13.982/2020

Sua solicitação foi aprovada por preencher todos os requisitos objetivos para
concessão do benefício, chegando até mesmo a receber a primeira parcela em ____

Contudo, chegada a data de receber a segunda parcela por meio da conta


digital da caixa, sua solicitação havia sido cancelada. Sendo que a motivação dada
pelo sistema era que a cidadã foi identificada como residente no exterior, como consta
em imagem abaixo

Após dois dias houve alteração da mensagem no sistema, com a alteração


para seguinte mensagem:

Auxílio Emergencial em avaliação

Motivo: Seu cadastro foi identificado com indícios de


desconformidades com a Lei 13.982/2020 e está sendo reavaliado.

Mensagem que permanece até a presente momento.

Todavia, a autora nunca residiu permanentemente no exterior. A requerente em


07 de janeiro de 2019 viajou com um visto de turista ao Canadá com autorização para
permanecer no país por 180 dias, permanecendo esse tempo de estadia com sua irmã
que é cidadã canadense. Após os 180 dias a autora fez um requerimento ao
consulado canadense para renovação de seu visto por mais 180 dias, tal requerimento
foi deferido como consta em carta de extensão anexada a essa petição.

Passado o prazo de extensão a autora voltou ao Brasil no dia, ocasião em que


se deparou com o grave quadro de desemprego no país, que foi agravado pela crise
da pandemia do Coronavírus.

Por ficar vários meses desempregada se viu obrigada requerer o auxílio


emergencial.

É evidente pelos documentos apresentados que a autora esteve


temporariamente no exterior com as devidas autorizações legais, sendo que, ao fazer
o requerimento do auxílio emergencial já se encontrava de volta residindo no Brasil a
quatro meses.

II – DO AUXÍLIO EMERGENCIAL

O Auxílio Emergencial é um benefício financeiro destinado aos trabalhadores


informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados,
instituído pela Lei nº 13.982/2020 e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no
período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do Corona Vírus – COVID
19.

Ou seja, uma vez atendidos os critérios de concessão, é um direito da Autora,


sem margem de discricionariedade.

A referida lei tratou de estabelecer requisitos objetivos para sua concessão, os


quais são plenamente atendidos, vejamos:

I - Maior de 18 (dezoito) anos de idade - COMPROVADO por meio do RG e


CPF evidenciando a maioridade;

II - Não tem emprego formal ativo - COMPROVADO por meio do CNIS e cópia
da CTPS, evidenciando a ausência de qualquer vínculo de emprego atual;

III - Não é titular de benefício previdenciário ou assistencial ou beneficiário do


seguro-desemprego ou de programa de transferência de renda federal, ressalvado,
nos termos dos §§ 1º e 2º - COMPROVADO por meio do CNIS;

IV - Renda familiar mensal per capita de até 1/2 (meio) salário-mínimo ou a


renda familiar mensal total seja de até 3 (três) salários mínimos - COMPROVADO pela
ausência de qualquer vínculo econômico;

V - No ano de 2018, não tenha recebido rendimentos tributáveis acima de R$


28.559,70 (vinte e oito mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e setenta centavos) -
COMPROVADO por meio de Isenção de Declaração do Imposto de Renda;

VI - Exercício de atividade na condição de:


a) Microempreendedor individual (MEI);

b) Contribuinte individual do Regime Geral de Previdência Social que contribua


na forma do Caput ou do Inciso I do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de
1991;

c) Trabalhador informal, seja empregado, autônomo ou desempregado, de


qualquer natureza, inclusive o intermitente inativo, inscrito no Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até 20 de março de 2020, ou que,
nos termos de autodeclaração - COMPROVADO por meio de documentos anexos.

VIII - Nenhum outro membro da família é beneficiário do benefício.

Portanto, evidenciado o pleno atendimento a todos os requisitos, a negativa do


pedido por tal motivação e, impedindo o exercício ao contraditório e à ampla defesa
ferem de morte a Constituição Federal de 1988, devendo ter a intervenção judicial.

Importante informar que a Autora não pode ser responsabilizada pela falta de
atualização dos dados internos da receita federal, não podendo recair sobre a Autora a
responsabilidade de Pessoas Jurídicas envolvidas.

III – AUSÊNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

Ao instaurar um processo administrativo de repercussão direta a Autora,


deveria de imediato ser garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, como
dispõe claramente a Lei nº 9.784/1999:

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem


prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...)
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a
condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
contidos e conhecer as decisões proferidas;

(...)

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da


decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como
aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.

§ 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do


relatório e da decisão.

§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as


provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
desnecessárias ou protelatórias.

A ausência de oportunidade prévia a Autora de juntar novos documentos que


pudessem modificar o ato decisório quebra o direito constitucional à ampla defesa,
especialmente por ser a principal afetada na decisão em análise.

O direito ao questionamento da decisão, albergado na fase de defesa é


garantia obrigatória não apenas nos processos judiciais, como também nos processos
administrativos, conforme reitera a doutrina:
É sabido que a ampla defesa e o contraditório não alcançam apenas o
processo penal, mas também o administrativo, nos termos do art. 5º, LV da CF/88. É
que a Constituição estende essas garantias a todos os processos, punitivos ou não,
bastando haver litígios. (Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, Editora jus
podivum, 3ª edição, 2014, p. 349)

Portanto, tem-se nitidamente a quebra do contraditório e da ampla defesa em


processo administrativo em trâmite sem qualquer oportunidade a Autora rebater os
motivos do indeferimento. Razão pela qual, merece provimento o presente pedido.

V – TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil, "a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, vejamos:

DA PROBABILIDADE DO DIREITO:

Como ficou perfeitamente demonstrado, o direto da Autora é caracterizado pela


demonstração inequívoca da veracidade dos argumentos exordiais, uma vez que com
as provas documentais juntadas em anexo é possível confirmar que todos os
requisitos estão preenchidos, além de provas patentes de que a autora não reside ou
residia no exterior a época do requerimento do auxílio.
Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o
desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco.

DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO:

Trata-se de benefício de caráter alimentar que garante a digna sobrevivência


da Autora.

Assim, é cristalino o risco de ineficácia do provimento final da lide, exatamente


por estar à parte Autora desprovida de qualquer fonte de renda e, por consequência,
de manter a digna subsistência.

Portanto, devida a imediata concessão do benefício à Autora.

VI – DA JUSTIÇA GRATUITA

Ante a ausência de condições financeiras da Autora, requer esta que lhe seja
deferida os benefícios da justiça gratuita, com fulcro no artigo 5º, LXXIV, da CRFB/88
e no artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil, em virtude de ser pessoa
hipossuficiente na acepção jurídica da palavra e sem possibilidades de arcar com os
encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua
família. Segue anexo, Declaração de Hipossuficiência; Declaração de Isenção de
Imposto de Renda; Extrato Bancário.

VII – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, REQUER-SE:

a) A concessão da Justiça Gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXIV, da CRFB/88 e no


artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil;
b) O deferimento do pedido liminar para a concessão imediata do Auxílio Emergencial
a Autora

c) A citação do Réu para responder, querendo;

d) A total procedência da ação condenando o Réu a conceder o Auxílio Emergencial a


Autora, referente às 05 (três) parcelas previstas em lei, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes
até a data do efetivo pagamento, bem como parcelas vincendas a

Cumulativamente, requer a condenação dos Réus à indenização por danos


morais a ser arbitrado por este Juízo;

A produção de todas as provas admitidas em direito;

A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos


parâmetros previstos no artigo 85, § 2º do Código de Processo Civil, em caso de fase
recursal;

Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do artigo


319, inciso VII, do Código de Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), para efeitos
procedimentais.

Termos em que,

Pede deferimento.

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