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FISIOLOGIA DOS PROCARIOTAS

A composição química básica de todos os microrganismos é essencialmente semelhante.


A água é o componente principal, atingindo cerca de 80% do peso da célula. Há uma
notável semelhança entre os seres vivos no que respeita aos seus componentes químicos
unitários e mecanismos pelos quais são formados esses componentes (os processos
metabólicos). Assim, os nucleótidos e ácidos aminados dos ácidos nucléicos e proteínas
são os mesmos nas bactérias e mamíferos, os tipos de reacções enzimáticas e coenzimas
que neles intervêm são virtualmente idênticos, e em todos seres se utiliza o sistema ADP
- ATP para as conversões de energia. Existem excepções a este comportamento unitário
fundamental que são muito importantes para o desenvolvimento da quimioterapia.

Composição Química

Água (75-90%)
Matéria seca (C, H, O, N, P, S) e cinzas

Componentes orgânicos

1. Ácidos nucléicos: existem dois tipos, ADN e ARN.


ADN (ácido desoxiribonucléico)- é uma molécula longa, com duas cadeias uma enrolada
sobre a outra, de modo a constituir uma hélice dupla. Cada uma das cadeias tem
polaridade oposta (correm em direcções contrárias). Individualmente, cada cadeia é um
polinucleótido, isto é, formada por vários nucleótidos interligados. Cada nucleótido, por
sua vez, é constituido por 3 partes: (1) uma base nitrogenada representada por uma purina
(adenina e guanina) ou uma pirimidina (citosina e timina); (2) um açúcar (desoxiribose)
e (3) um ácido fosfórico. Estas partes estão ligadas umas às outras da seguinte maneira:
base nitrogenada-desoxiribose-fosfato.
O ADN constitui o material genético ou hereditário das bactérias.

ARN (ácido ribonucléico)- é similar ao ADN, diferindo nos seguintes aspectos:


1. É, em geral, formado por uma única cadeia;
2. O açúcar é a ribose;
3. Em lugar da timina, a base pirimídica é o uracilo.
Existem três tipos de ARN: ARN mensageiro (ARNm), ARN de transferência (ARNt) e
ARN ribossomial (ARNr).
O ARN está envolvido na transferência de informação da sequência das bases nucleótidas
do ADN para a sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica da proteína.
2. Proteínas
Os aminoácidos são as partes constituintes das proteinas, assim como os nucleótidos o
são para os ácidos nucléicos. A sequência de aminoácidos é característica de cada
proteína. As proteínas bacterianas podem ser estruturais, como a flagelina dos flagelos,
ou funcionais como as enzimas envolvidas no metabolismo.

3. Carbohidratos
As bactérias armazenam o carbono no seu citoplasma como substância de reserva (amido,
polímeros da glicose). Polissacáridos podem ser parte de outras estruturas como a cápsula
de algumas bactérias.

4. Lipoproteínas e outros lípidos


Fazem parte da membrana citoplasmática.

5. Pigmentos bacterianos
Substâncias coradas não fotossintéticas características de certas bactérias. Segundo o seu
pigmento as bactérias podem classificar-se em: cromógenas (produzem pigmento) ou
acromógenas (não produzem pigmento).
As bactérias cromógenas podem ser: cromóforas (pigmento no citoplasma),
paracromóforas (na parede celular) ou cromóparas (segregam e acumulam no meio).

Ex: composição da E. Coli

% Peso total

Água 70

Proteínas 15

RNA 6

DNA 1

Carbohidratos 3

Lípidos 2

Miscelânea de componentes 2
orgânicos

Outros componentes inorgânicos 1

C, O, N, H, P, S, K, Na, Ca, Mg,


Cl, Fe, Mn, Zn, Cu, Mo, Zn, Co
Nutrição
A célula bacteriana cumpre todas as funções vitais básicas: nutrição, respiração,
crescimento e multiplicação. A maior parte das bactérias exigem para o crescimento os
mesmos elementos: carbono, oxigénio, hidrogénio, nitrogénio, enxofre, fósforo, potássio,
mas podem diferir na capacidade de aproveitar compostos químicos que são fonte dos
elementos mencionados.

1. Fontes de carbono
Segundo a fonte de obtenção de carbono as bactérias podem ser diferenciadas em:
a) Autotróficas: as que utilizam o CO2 como fonte de carbono;
b) Heterotróficas: as que necessitam de pelo menos um composto orgânico como fonte
de carbono; dependem de organismos autotróficos para a produção de carbohidratos.

2. Fontes de energia
De acordo com a fonte de energia as bactérias são divididas em:
a) Fototróficas: usam a energia solar como fonte de energia;
b) Quimiotróficas: dependem da oxidação de compostos químicos para a obtenção de
energia;
c) Litotróficas: obtêm a energia pela oxidação de compostos inorgânicos;
d) Organotróficas: obtêm energia pela oxidação de compostos orgânicos.

3. Fontes de nitrogénio
A forma mais importante de azoto inorgânico utilizada na biossíntese é a amónia,
usualmente no estado de sal de amónio. Este pode ser directamente fornecido no meio ou
produzido indirectamente por desaminação de nutrientes orgânicos azotados, tais como
aminoácidos ou por redução de nitratos. Algumas bactérias têm a capacidade de utilizar
o azoto atmosférico e reduzi-lo com formação de amónia, pelo processo chamado fixação
do azoto.

4. Outros sais inorgânicos


Os microrganismos necessitam de determinados sais inorgânicos, particularmente os
aniões fosfato e sulfato e os catiões sódio, potássio, magnésio, ferro e cálcio. Tais iões
encontram-se geralmente no ambiente das bactérias em quantidades mínimas, mas que
satisfazem as suas necessidades.

Permeabilidade da célula aos nutrientes


Os elementos e compostos químicos têm de atravessar a parede celular e a membrana
citoplasmática para atingir o citoplasma, onde ocorre a maior parte do processo
metabólico.
A parede celular desempenha o papel de “peneira” mecânica impedindo a penetração de
moléculas grandes. A membrana citoplásmica é semipermeável.
As formas de penetração de substâncias na célula bacteriana podem ocorrer por difusão
passiva, difusão facilitada, transporte activo e por translocação em grupo. A difusão
passiva e facilitada jogam papel insignificante no transporte de substâncias uma vez que
a concentração no interior da célula bacteriana é geralmente superior do que no exterior.
As últimas duas formas, são as mais eficientes e são geralmente designadas “mecanismos
de transporte”.
As principais características de cada forma, são as seguintes:

 difusão passiva ou simples: neste processo, a solução atravessa a membrana como


resultado do movimento molecular, ao acaso. Os nutrientes, geralmente dissolvidos,
são transportados sem gasto de energia e não interagem especificamente com qualquer
substância molecular na membrana. A difusão passiva é lenta e depende da
concentração extracelular. Raríssimas partículas penetram através deste tipo de
difusão.

 difusão facilitada: à semelhança da difusão passiva, a difusão facilitada não requer


gastos de energia e para que ela ocorra, a concentração no interior da célula nunca deve
ser maior que no exterior. Todavia, a difusão facilitada usa proteinas de “transporte”,
as permeases e é mais rápida que a difusão passiva. O glicerol é um exemplo de
nutriente que penetra na célula através deste tipo de difusão.

 transporte activo: ocorre com a participação de enzimas chamadas permeases. À


semelhança da difusão facilitada os nutrientes são transportados na sua forma original,
mas o transporte activo ocorre com gasto de energia e pode ocorrer contra o gradiente
de concentração.

 translocação em grupo: à semelhança do transporte activo, a translocação em grupo


ocorre com a participação de enzimas e com gasto de energia. No entanto, os nutrientes
são transportados numa forma quimicamente diferente, geralmente numa forma
forforilada. Alguns exemplos, são a translocação de açúcares como a fructose, manose,
glicose que são fosforiladas pelo sistema fosfotransferase.

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