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C O N T R O L E S , C O N TA B I L I D A D E

E T R A N S PA R Ê N C I A S
NAS ORGANIZAÇÕES DO

+ N A I LT O N C A Z U M B Á
APRESEN-
T A Ç Ã O _ pag_03
#04 pag_18

A I M P O RTÂ N C I A
D A C O N TA B I L I D A D E PA R A
AS ORGANIZAÇÕES
#08 pag_35
#11 pag_49

AUDITORIA NO
TERCEIR SETOR

#01
DO TERCEIRO SETOR AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O

#12
SPED-EFD-REINF
pag_04
#05
#09
pag_21
A I M P O RTÂ N C I A
DO CONTROLE N OTA S E X P L I C AT I VA S pag_39
NO TERCEIRO SETOR pag_53
A I M P O RTÂ N C I A D A

#06
T R A N S PA R Ê N C I A PA R A CONCLUSÃO
AS ORGANIZAÇÕES DO

#02 pag_08
pag_25
TERCEIRO SETOR

CONTROLES

#10
N O S E R V I Ç O V O LU N TÁ R I O
SPED

#03
pag_45

#07
P R E S TAÇ Õ E S D E C O N TA S
DE RECURSOS PÚBLICOS
pag_12
pag_31
CONTROLES
AS ORGANIZAÇÕES DO
NA REMUNERAÇÃO
TERCEIRO SETOR
DE DIRIGENTES
E O ESOCIAL

_02
APRE

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SEN Olá,
TAÇÃO Este ebook é resultado da compilação dos
artigos que escrevi para o site Nossa Causa
para as organizações, uma vez que existem
normas do Conselho Federal de Contabilidade
sobre contabilidade, controle e transparência nas (CFC) que determinam quais as demonstrações
Organizações do Terceiro Setor. contábeis inerentes ao Terceiro Setor, bem como
o que deve conter nas notas explicativas. Ainda
Neste conjunto de textos poderemos identificar com relação à contabilidade, também abordamos
que, após a constituição das entidades e da sobre as obrigações acessórias trazidas pelo
utilização de boas técnicas e ferramentas de Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e
gestão, também é muito importante que haja as novidades eSocial e EFD-Reinf, que entram em
conhecimento da legislação específica e controle vigor em 2018 também para as Organizações do
para que ocorra a utilização correta dos recursos Terceiro Setor.
captados, e o acompanhamento dos serviços Os textos finais tratam das prestações de contas
prestados por colaboradores voluntários. e da auditoria, uma vez que a transparência é o
Também tratamos um pouco sobre o polêmico procedimento que deve acompanhar a gestão
tema remuneração dos dirigentes, que ainda das entidades, principalmente quando elas
causa muitas dúvidas e preocupações para quem administram recursos públicos.
atua ou deseja atuar em entidades sem fins
lucrativos. Boa leitura!

Outro destaque dessa publicação é o


reconhecimento da importância da contabilidade
Nailton Cazumbá
Até mais!

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#01
A I MP ORTÂNCI A
D O C ONT ROLE O cumprimento dos objetivos sociais e a
NO T ERC EIRO captação de recursos que viabilizem a sus-
S E TOR tentabilidade econômica são, atualmente,
as maiores preocupações das entidades
pertencentes ao Terceiro Setor.

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#01 A I M PO RTÂ NC I A D O C O N T R O L E

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N O TER C EI R O SETOR

E, as organizações que almejam estar O controle desempenha papel que utilizem as ferramentas e técnicas
inseridas no ambiente em que atuam, de fundamental ao possibilitar o de controle. Desta forma, as funções de
maneira sólida e com recursos acompanhamento contínuo das ações controle podem ser exercidas
devidamente controlados para melhor desenvolvidas, de modo a monitorar reciprocamente por gestores ou
conduzir as atividades e poder realizar conjuntamente a colaboradores de outras áreas, mas
suas metas e objetivos, precisam contar relação entre o planejamento, a aplicação nunca serem deixadas de lado no
com de recursos e o atingimento dos processo de gestão organizacional.
pessoas capacitadas e comprometidas resultados pretendidos. Para isso, existem
com sua missão e, também, com um os planos de ação, que além de serem Para que seja possível realizar as
eficiente sistema de controle interno. utilizados no planejamento, também são atividades de controle na organização,
ferramentas de controle, visto que inicialmente é necessário que os
A utilização de controles dentro das permitem realizar o comparativo entre o responsáveis por esta atribuição
Organizações do Terceiro Setor contribui que foi previsto e o que está sendo possuam, no mínimo:
desde a captação de recursos, realizado, possibilitando, assim, identificar
passando pela gestão de um modo geral, possíveis distorções e efetuar os devidos
até a elaboração de prestações de ajustes tempestivamente.
contas de forma correta, permitindo,
deste modo, que o ciclo seja Não é obrigatório que as Organizações do
realimentado com novos ingressos de Terceiro Setor tenham estruturada uma área
recursos. de controladoria. O que é imprescindível é

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#01 A I M PO RTÂ NC I A D O C O N T R O L E

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N O TER C EI R O SETOR

• Conhecimento da legislação, principalmente relacionada ao Terceiro Setor

• Conhecimento da missão, visão valores e fins da instituição

• Conhecimento sobre o estatuto da organização

• Conhecimento acerca dos planos de longo e curto prazo da instituição

• Conhecimento de finanças e contabilidade

• Capacidade de se manter atualizado em sua área de atuação

• Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares, visto que, por vezes,

as entidades trabalham com projetos diversos ao mesmo tempo

Vale destacar que as Organizações do Terceiro Setor necessitam, ainda, acom-


panhar de perto as questões relativas às imunidades e isenções, relações tra-
balhistas, obtenção e renovação de qualificações, títulos e certificados con-
cedidos pelo Poder Público, retenções de tributos na fonte, cumprimento de
obrigações acessórias, gestão e prestação de contas de recursos públicos,
dentre outros procedimentos que exigem certa capacitação profissional.

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#01 A I M PO RTÂ NC I A D O C O N T RO L E

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N O TER C EI R O S ETO R

execução de tarefas e atividades, sejam


Entenda melhor sobre Imunidades &
elas por falta de conhecimento
Isenções Tributárias para as OSCs com o
adequado (erros), ou intencionalmente por
advogado Tomáz de Aquino.
má-fé (fraudes).

CLIQUE AQUI E ASSISTA AO


No entanto, o sucesso de todo
WEBINAR GRATUITO.
instrumental de controle vai depender
das pessoas que o operam. Pois, de nada
O controle, portanto, consiste no conjunto
adiantará um sistema de controle interno
de procedimentos, métodos e rotinas com
sofisticado se as pessoas responsáveis por
o objetivo de orientar a operacionalização
operá-lo não tiverem comprometimento,
das atividades, proteger o patrimônio,
competência, conhecimento prévio das ati-
produzir informações confiáveis, além de
vidades ou não estiverem preparadas ade-
auxiliar os gestores na conduta ordenada
quadamente para exercer esta função.
das atividades na instituição.

LEIA TAMBÉM O EBOOK GRATUITO:


A aplicação de controles possibilita,
Gestão para Organizações
também, a identificação de possíveis falhas
do Terceiro Setor.
ocorridas ou que possam vir a ocorrer na

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TO D A A J UD A É
B E M- V I ND A , MA S

#02
CUI D A D O S P RE CI S A M S E R
TO MA D O S
Boa parte das Organizações do Terceiro Se-
tor exercem as atividades sem mesmo pos-
suir profissionais contratados em sua equipe.
Isso só é possível devido à participação de
voluntários, que dedicam seu tempo para
CON TR OLES N O colaborar com a missão social das entidades,

SE RVIÇO VOLU N TÁ RIO sem receber remuneração, e colocando em


prática o verdadeiro espírito da filantropia,
que é o amor ao próximo.

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#02 CONTROLES NO

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SERVIÇO VOLUNTÁRIO

Voluntariado
no Brasil

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#02 CONTROLES NO

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SERVIÇO VOLUNTÁRIO

A pesquisa World Giving Index, divulgada sejam verificados os detalhes que recaem so- requisitos e definições que precisam ser ob-
pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento bre a relação entre as entidades e os volun- servadas e atendidas, principalmente pelas
do Investimento Social, informou que o per- tários, a fim de afastar possíveis problemas Organizações do Terceiro Setor.
centual de voluntários no Brasil passou de relativos às questões trabalhistas que possam
18% em 2014, para 20% em 2017, envolvendo vir a acontecer. Segundo a lei citada, é considerado servi-
homens, mulheres, jovens, velhos, ricos e po- ço voluntário a atividade não remunerada,
bres. Mas, ainda que esses números mostrem Confira dicas para gestão e inovação no en- prestada por pessoa física à instituição
um crescimento na intenção de realizar ser- gajamento de voluntários com Silvia Nacca- privada de fins não lucrativos, que tenha ob-
viços sem interesse financeiro, a realidade é che jetivos cívicos, culturais, educacionais, cien-
que ainda 8 em cada 10 brasileiros não prati- tíficos, recreativos ou de assistência social,
cam nenhuma ação voluntária. CLIQUE AQUI E ASSISTA AO inclusive mutualidade, ou ainda a entidade
WEBINAR GRATUITO. pública de qualquer natureza.
Apesar de ainda serem minoria, é graças a es-
sas pessoas que realizam esse belíssimo tra- Lei 9.608/98 – Lei do Voluntariado Desta forma, o serviço de caráter voluntário
balho que o Terceiro Setor se mantém forte, não prevê remuneração de qualquer espé-
vivo e crescente, colaborando com o atendi- E foi com o objetivo de disciplinar o servi- cie e também não gera vínculo empregatício,
mento às necessidades e demandas da so- ço voluntário e trazer maior segurança para nem obrigações de natureza trabalhista, so-
ciedade, que são cada vez maiores. as relações entre as partes que, em 1998, foi cial, previdenciária ou afins, como: férias, 13º
publicada a Lei nº 9.608, conhecida como a salário, FGTS, INSS ou contribuição para PIS/
No entanto, nunca é demais alertar para que Lei do Voluntariado, que trouxe conceitos, PASEP.

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#02 CONTROLES NO

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SERVIÇO VOLUNTÁRIO

É importante ressaltar que não deve BAIXE AQUI um modelo gratuito de Termo mas talvez apenas os voluntários não sejam
ocorrer a remuneração pelos serviços de Adesão ao serviço voluntário para sua or- suficientes para alcançar a eficiência na ges-
prestados (salários, gratificação, bolsa, etc), ganização tão das entidades.
mas é permitido o ressarcimento de despe-
sas realizadas pelo voluntário para a Para a celebração do Termo de Adesão - Por outro lado, o voluntário deve vislumbrar
realização dos serviços, desde que autoriza- quando o voluntário tiver menos de 18 anos que o serviço realizado, além do lado social,
das pela entidade, relativas aos gastos com - recomenda-se que haja a autorização dos também é uma excelente oportunidade para
transporte, alimentação e compra de pais ou responsáveis para a realização dos conhecer pessoas, ampliar o aprendizado e
materiais, mediante à apresentação de serviços, e que seja respeitada toda a legis- adquirir experiência nas áreas de assistência
comprovantes (recibos, notas fiscais). lação pertinente ao trabalho executado por social, saúde, educação, cultura, meio am-
menores de idade. biente, esporte, lazer e outros direitos so-
Outro ponto relevante trazido pelo dispo- ciais. Porém, uma vez comprometido com a
sitivo legal é a necessidade de celebração Assim, observando as determinações acima, instituição e com seus atendidos e benefi-
do Termo de Adesão ao Serviço Voluntário as entidades devem ampliar seus programas ciários, o serviço deve ser levado a sério, e
entre a entidade e o prestador do serviço. O de estímulo ao serviço voluntário, sem per- não realizado apenas naqueles dias em que
modelo do documento integra a própria lei der o foco na profissionalização necessária acordar com vontade de ser um voluntário.
e nele devem constar o objeto e as condi- para atender às exigências que recaem so-
ções das atividades realizadas, podendo ser bre o Terceiro Setor. Ou seja, o serviço vo- LEIA MAIS: Voluntariado, a mola
complementado com a inserção dos direi- luntário é importante e muito bem-vindo, propulsora da cidadania
tos e obrigações de cada uma das partes.

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#03
C O N T ROLE S NA
R E MUN E RAÇ ÃO DE
DI RIGE N T E S

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#03 CONTROLES NA REMUNERAÇÃO

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DE DIRIGENTES

A remuneração de dirigentes das Na verdade, nunca houve a proibição de se Desta forma, de acordo com a legislação vi-
organizações que compõem o chamado remunerar os cargos de gestão nas Organi- gente, as associações e fundações privadas,
Terceiro Setor é um tema que continua zações do Terceiro Setor. independentemente de possuírem quais-
gerando muitas dúvidas. quer titulações (OSCIP, OS, CEBAS), podem
Existia sim, em determinadas leis, a impo- remunerar seus dirigentes, desde que não
Mesmo após as novidades trazidas pela le- sição da não remuneração de dirigentes participem de campanhas de interesse po-
gislação nos últimos anos, diversas pessoas como requisito para a concessão de títulos, lítico-partidário ou eleitorais sob quaisquer
continuam questionando sobre a possibili- como a Lei de Utilidade Pública Federal (Lei meios ou formas, e atuem em pelo menos
dade de os membros dos órgãos administra- nº 91/35) que foi revogada em 2015, e para uma das seguintes áreas:
tivos das associações e fundações privadas a obtenção de isenções tributárias, confor-
receberem algum tipo de pagamento pelo me dispunha a Lei nº 9.532/97 que discipli-
trabalho desempenhado relativo à gestão na as condições para a isenção do Imposto
dessas entidades. de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), que foi alterada por
duas vezes, também em 2015.

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#03 CONTROLES NA REMUNERAÇÃO

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DE DIRIGENTES

• Promoção da assistência social • Experimentação não lucrativa de novos técnicos e científicos que digam respeito

• Promoção da cultura, defesa e conserva- modelos sócio-produtivos e de sistemas al- às atividades acima

ção do patrimônio histórico e artístico ternativos de produção, comércio, empre- • Estudos e pesquisas para o desenvolvi-

• Promoção gratuita da educação go e crédito mento, a disponibilização e a implementa-

• Promoção gratuita da saúde • Promoção de direitos estabelecidos, ção de tecnologias voltadas à mobilidade

• Promoção da segurança alimentar e nutri- construção de novos direitos e assessoria de pessoas por qualquer meio de transpor-

cional jurídica gratuita de interesse suplementar te

• Defesa, preservação e conservação do • Promoção da ética, da paz, da cidadania,

meio ambiente e promoção do desenvolvi- dos direitos humanos, da democracia e de

mento sustentável outros valores universais

• Promoção do voluntariado • Estudos e pesquisas, desenvolvimento

• Promoção do desenvolvimento econômi- de tecnologias alternativas, produção e di-

co e social e combate à pobreza vulgação de informações e conhecimentos

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#03 CONTROLES NA REMUNERAÇÃO

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DE DIRIGENTES

Evidente que é necessário observar os cri-


térios e limites estipulados para a realização
do pagamento e a definição do valor da re-
muneração:

1. Primeiro, a remuneração é previs- porte situada em São Paulo, para estipular Entenda melhor sobre a Certificação CEBAS

ta apenas para os dirigentes que atuam a remuneração de um dirigente em uma e os reflexos para as organizações sociais
com o especialista em Direito Tributário e
efetivamente na gestão executiva das modesta entidade sediada no sertão da
Terceiro Setor Leandro Marins.
organizações, não alcançando, portanto, Bahia, por exemplo.

aqueles que possuem o cargo, mas que 3. Por fim, o valor dessa remuneração CLIQUE AQUI E ASSISTA AO

nem aparecem na instituição precisa ser fixado pelo órgão de delibera- WEBINAR GRATUITO

2. Em segundo lugar, o valor a ser pago ção superior da entidade (assembléia ge-

aos dirigentes deve corresponder ao que ral, conselho curador/deliberativo/con-

é praticado pelo mercado na região ou sultivo), devendo a decisão ser registrada

área em que a entidade atua. Ou seja, não em ata e, em se tratando de fundações,

deve servir de parâmetro o valor pago a também ser comunicada ao Ministério Pú-

um gestor de uma organização de grande blico.

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#03 CONTROLES NA REMUNERAÇÃO

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DE DIRIGENTES

Utilizando a analogia com as empresas co- nadas pela Lei nº 13.019/14, conhecida como No entanto, se um dirigente compõe a equi-
merciais, os dirigentes que forem contra- o Marco Regulatório das Organizações da pe incumbida de realizar as ações previstas
tados para realizar a gestão das entidades, Sociedade Civil (MROSC), que passou a per- na parceria, e exerce, por exemplo, ativida-
devem ser remunerados através de carteira mitir explicitamente o pagamento da equipe des de coordenador, médico, pesquisador,
assinada, pelo regime CLT. Já aqueles diri- da OSC envolvida na execução do projeto professor, assistente social, etc, poderá ser
gentes fundadores ou associados, ocupan- ou da atividade. remunerado nas mesmas condições e va-
tes dos cargos previstos nos estatutos (pre- lores previstos para os outros profissionais
sidente, vice-presidente, diretor, etc) devem BAIXE O EBOOK GRATUITO: Guia do MROSC que realizam trabalho similar. Isso significa
ser remunerados mediante pró-labore. Dei- que a remuneração na parceria ocorrerá em
xamos claro que a forma de remuneração Inicialmente, é importante frisar que os re- virtude do serviço realizado pelo profissio-
dos dirigentes não foi definida na legislação, cursos públicos repassados nessas parcerias nal, e não pelo simples fato de essa mesma
e essas sugestões apenas representam nos- devem ser aplicados nas metas previstas pessoa ser um dirigente da entidade.
sa interpretação sobre o assunto. no plano de trabalho, visando a conquista
do objeto pactuado entre a administração Em resumo, esse dirigente poderá, ao mes-
Outro questionamento bastante comum por pública e as OSCs, e não na sustentação fi- mo tempo, ser remunerado pelo cargo de
parte das entidades diz respeito à remune- nanceira das entidades, e muito menos na gestão que ocupa e exerce de forma efe-
ração dos dirigentes nas parcerias discipli- remuneração dos cargos diretivos dessas tiva (pagos com recursos próprios da enti-
instituições.

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#03 CONTROLES NA REMUNERAÇÃO

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DE DIRIGENTES

dade), e também receber pagamentos pelas ainda trazem, mesmo que de forma
atividades profissionais exercidas na exe- equivocada, tal proibição como requisito
cução das parcerias (custeados com recur- para a concessão de títulos de utilidade
sos públicos, desde que previstos no plano pública nas esferas estaduais e municipais,
de trabalho), devendo ser observado se há ou para o cadastro das entidades nos
choque ou incompatibilidade com a carga conselhos de políticas públicas.
horária de trabalho, para que seja aplicada a
proporcionalidade na remuneração.

Mesmo com a revogação da Lei nº 91/35


(UPF) e as alterações ocorridas na Lei nº
9.352/97, antes de proceder às reformas nos
estatutos excluindo a vedação de remunera-
ção de dirigentes (se houver), e de começar
a efetuar os pagamentos, é importante veri-
ficar se existem leis estaduais e municipais,
ou resoluções e portarias vigentes que

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A contabilidade há algum tempo deixou de ser consi-
derada uma simples técnica de escrituração de docu-
mentos fiscais e de apuração de impostos, passando

#04
a desempenhar papel relevante no âmbito da gestão
organizacional, fornecendo informações acerca dos
orçamentos, finanças e patrimônio, municiando os ad-
ministradores para a tomada de decisões.

A I M P ORTÂ NC I A
DA C ONTA B I LI D AD E PARA
A S ORG A NI Z AÇÕ ES
DO T E RCE IRO SETOR

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#04 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE PARA

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AS ORGANIZAÇÕES DO TE R C E IR O S E TO R

A importância da contabilidade fica ainda a obtenção do benefício fiscal corresponde Com relação às instituições qualificadas
mais evidente quando diz respeito às orga- à manutenção da escrituração das receitas como Organização da Sociedade Civil de
nizações que fazem parte do Terceiro Setor, e despesas em livros revestidos de formali- Interesse Público (OSCIP), a própria legisla-
grupo formado pelas associações e funda- dades capazes de assegurar sua exatidão, o ção que cria e regulamenta as OSCIP exige
ções de direito privado, sem fins lucrativos, que significa aderência às normas contábeis, que seus estatutos prevejam a observância
que buscam, dentre suas finalidades, o al- em especial à Interpretação Técnica Geral dos princípios fundamentais de contabilida-
cance do bem-estar social. Essas instituições (ITG) nº 2002 – Entidade sem Fins de Lucro, de e das Normas Brasileiras de Contabilida-
apresentam, ao mesmo tempo, característi- aprovada pela Resolução do Conselho Fe- de (NBC), além de elencar a apresentação
cas intrínsecas ao setor estatal, quando ad- deral de Contabilidade nº 1.409/2012. das demonstrações contábeis como requi-
ministram recursos públicos e buscam fins sito para concessão e renovação da quali-
sociais, e ao setor privado, devido a sua pró- A ITG 2002 destaca, dentre outras questões, ficação. As OSCIPs, ainda, necessitam apre-
pria constituição e natureza jurídica. a necessidade de contabilização de eventos sentar demonstrativos contábeis tanto na
inerentes ao Terceiro Setor, como a gratui- prestação de contas da gestão da entidade,
A maioria das Organizações do Terceiro Se- dade dos serviços oferecidos por determi- quanto dos Termos de Parceria, instrumen-
tor goza de imunidade ou isenção tributária, nadas instituições, a ocorrência de serviços tos utilizados para disciplinar as relações fir-
sendo necessário, para tanto, o atendimen- realizados por voluntários e as despesas tri- madas com o Poder Público.
to a pré-requisitos previstos na Constituição butárias que deixaram de ser pagas em de-
Federal, no Código Tributário Nacional e em corrência das isenções obtidas.
leis específicas. Uma dessas exigências para

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#04 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE PARA

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AS ORGANIZAÇÕES DO TE R C E IR O S E TO R

Da mesma forma, as entidades que preten- com as Normas Brasileiras de Contabilidade. sua representatividade e do seu papel so-
dem obter ou renovar a Certificação de Enti- Na execução dos projetos e atividades o pa- cial.
dade Beneficente de Assistência Social – CE- pel da contabilidade será muito importante,
BAS (já citado), de acordo com a legislação principalmente no que diz respeito ao rateio Desta forma, além do registro dos fatos con-
que versa sobre o tema, também precisam de despesas pagas com recursos diferen- tábeis e do fornecimento de informações
apresentar, dentre outros documentos, as tes, sendo necessário apresentar memória gerenciais para os gestores das organiza-
demonstrações contábeis e as notas expli- de cálculo nos processos de prestação de ções, a contabilidade também é imprescin-
cativas com receitas e despesas segregadas contas. dível no atendimento às exigências legais
por áreas de atuação da entidade (educa- para fazerem jus aos benefícios fiscais, para
ção, saúde e assistência social), quando for Merece destaque, também, a contribuição a obtenção e renovação de títulos e certifi-
o caso. dada pela contabilidade para o planejamen- cados concedidos pelo Poder Público, para
to e controle das atividades desempenha- a prestação de contas de valores recebidos
Para a celebração de parcerias com o poder das, e para a divulgação das ações e metas através de termos de parcerias, convênios
público, a Lei nº 13.019/14, conhecida como alcançadas pelas entidades e sua correla- ou outros instrumentos firmados, e - princi-
o Marco Regulatório das Organizações da ção com os valores recebidos e utilizados. A palmente - para o exercício da transparên-
Sociedade Civil – MROSC (já citado) trouxe apresentação dessas informações de forma cia.
como umas das exigências que as institui- espontânea, clara e tempestiva é o compor-
ções sejam regidas por normas de organiza- tamento que se espera das Organizações do
ção interna que prevejam, expressamente, a Terceiro Setor, em virtude de sua missão, de
escrituração de acordo com os princípios e

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No Brasil, quando falamos em contabilidade, a
referência é a Lei nº 6.404/76, que traz as regras
gerais sobre os registros e os relatórios contá-

#05
beis para as organizações privadas, sejam elas
com ou sem fins lucrativos. Essa lei, em seu Art.
176 § 4º, ressalta que as demonstrações contá-
beis serão complementadas por Notas Explica-
tivas e outros quadros analíticos para esclareci-
mento da situação patrimonial e dos resultados
do exercício.

NOTAS
E X PL ICAT IVAS As notas explicativas são informações que
visam complementar as demonstrações fi-
nanceiras e esclarecer os critérios contábeis
utilizados pela empresa, a composição dos
saldos de determinadas contas, os métodos
de depreciação, os principais critérios de ava-
liação dos elementos patrimoniais etc.
Via Portal da Educação

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#05 N OTA S

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E X P LI C ATI VA S

AUTOSSUSTENTABILIDADE

Complementarmente, o Pronunciamento Nota-se, portanto, que as Notas Explicativas • Balanço patrimonial


Técnico nº 26 do Comitê de Pronunciamen- integram o conjunto das demonstrações con- • Demonstração do resultado do período
tos Contábeis (CPC), que trata sobre a apre- tábeis que deverão ser elaboradas, inclusive • Demonstração das mutações do patrimô-
sentação das demonstrações contábeis, pelas Organizações do Terceiro Setor. nio líquido
destaca que as Notas Explicativas devem Com relação às entidades sem finalidade de • Demonstração dos fluxos de caixa
prover informação adicional que não tenha lucros, a Interpretação Técnica Geral – ITG • Notas Explicativas
sido apresentada nos demonstrativos, mas nº 2002/12, do Conselho Federal de Conta-
que seja relevante para sua compreensão. bilidade (CFC) estabelece os critérios e os
Dentre suas diretrizes, destacam-se a estrutu- procedimentos específicos de avaliação, de
ra das Notas Explicativas e a necessidade de reconhecimento das transações e variações
informação sobre a base e as políticas contá- patrimoniais, além da estruturação das de-
beis específicas utilizadas para a elaboração monstrações contábeis e as informações mí-
das demonstrações contábeis. nimas que deverão ser divulgadas.
De acordo com essa norma, as demonstra-
ções contábeis que devem ser elaboradas
pela entidade sem finalidade de lucros são:

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#05 N OTA S

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E X P LI C ATI VA S

Conforme determina a ITG 2002/12, as de- cerramento do exercício que tenham, ou • O registro de forma segregada de todas
monstrações contábeis das entidades sem possam vir a ter, efeito relevante sobre a as gratuidades praticadas, destacando aque-
finalidade de lucros devem ser complemen- situação financeira e os resultados futuros da las que devem ser utilizadas na prestação de
tadas por Notas Explicativas que contenham, entidade contas nos órgãos governamentais, apresen-
pelo menos, as seguintes informações: • As taxas de juros, as datas de vencimen- tando dados quantitativos, ou seja, valores
to e as garantias das obrigações em longo dos benefícios, número de atendidos, nú-
• O contexto operacional da entidade, in- prazo mero de atendimentos, número de bolsistas
cluindo a natureza social e econômica, e os • As informações sobre os seguros contra- com valores e percentuais representativos
objetivos sociais tados • A demonstração de forma comparativa
• Os critérios de apuração da receita e da • A entidade educacional de ensino supe- do custo e do valor reconhecido, quando
despesa, especialmente com gratuidade, rior deve evidenciar a adequação da receita este valor não cobrir os custos dos serviços
doação, subvenção, contribuição e aplica- com a despesa de pessoal, segundo parâ- prestados
ção de recursos metros estabelecidos pela Lei das Diretrizes
• A relação dos tributos objeto de renúncia e Bases da Educação e sua regulamentação
fiscal • Os critérios e procedimentos do registro
• As subvenções recebidas pela entidade, a contábil de depreciação, amortização e
aplicação dos recursos e as responsabilida- exaustão do ativo imobilizado, devendo ser
des decorrentes dessas subvenções observado a obrigatoriedade do reconheci-
• Os recursos de aplicação restrita e as res- mento com base em estimativa de sua vida
ponsabilidades decorrentes de tais recursos útil
• Os recursos sujeitos a restrição ou vincula- • A segregação dos atendimentos com
ção por parte do doador recursos próprios dos demais atendimentos
• Os eventos subsequentes à data do en- realizados pela entidade

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#05 N OTA S

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E X P LI C ATI VA S

destacamos a sua capacidade de fazer res-


As Notas Explicativas ainda podem ser in- • Doações significativas recebidas ou con-
salvas e apresentar informações quantitati-
crementadas com outras informações não cedidas no período
vas e qualitativas como complemento das
obrigatórias, mas que podem auxiliar a com- • E as gratuidades concedidas e recebidas
demonstrações contábeis, dar mais detalhes
preensão acerca do contexto no qual se en-
do que é possível nos relatórios financeiros,
quadra a entidade, como por exemplo:
e apresentar quadros descritivos e detalha-
• Localização e área de atuação Todos as informações que forem conside- dos acerca do patrimônio e das finanças da
• Descrição dos registros nos organismos radas relevantes devem estar evidenciadas entidade.
competentes, como conselhos de políticas no momento da publicação dos relatórios No entanto, cuidados devem ser tomados
públicas e conselhos de classe das Organizações do Terceiro Setor, com o na elaboração das Notas Explicativas, pois
• Descrição das titulações e certificações objetivo de dar mais transparência e clareza a utilização de textos mal elaborados, muito
que possui no que for apresentado aos diversos interes- complexos, ou aqueles padronizados para
• Em situações de imunidade e isenção sados nas atividades realizadas pela entida- organizações comerciais acaba dificultando
tributária de, principalmente o que for relacionado à o entendimento dos leitores, trazendo como
• Obrigatoriedade e os mecanismos de prestação de contas. E nessa área as Notas consequência o desinteresse nas informa-
prestação de contas Explicativas tem muito a contribuir, comple- ções geradas pelas Organizações do Tercei-
• Sua missão e programas sociais executa- mentado os dados divulgados nos relatórios ro Setor.
dos financeiros, aumentado assim a credibilidade
• Descrição das atividades e projetos de- das organizações perante os fundadores, as-
senvolvidos sociados, governo, doadores, financiadores
• Reserva financeira ou fundo patrimonial e sociedade.
que está constituindo para propósitos futu- Dentre as vantagens das Notas Explicativas,
ros

_24
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#06
S PE D
O Sistema Público de Escrituração Digital
(SPED) é um instrumento que unifica as ativida-
des de recepção, validação, armazenamento
e autenticação de livros e documentos que
integram a escrituração contábil e fiscal dos
empresários e das pessoas jurídicas, inclusive
as imunes ou isentas, mediante fluxo único e
computadorizado de informações.

_25
#06 SPED

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O SPED tem como usuários a Receita Federal A partir da utilização do certificado digital, os
do Brasil (RFB), as administrações tributárias documentos enviados na forma de arquivos
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- eletrônicos passam a ter validade jurídica,
pios, mediante convênio firmado com a RFB, garantindo sua veracidade e aceitação para
e os órgãos e entidades da administração cumprimento das obrigações tributárias e
pública federal direta e indireta, que tenham acessórias exigidas pela legislação em vigor.
atribuição legal de regulação, normatização,
controle e fiscalização sobre as pessoas jurí- Conforme mencionado, as entidades priva-
dicas. das sem fins lucrativos, mesmo alcançadas
pelos benefícios da imunidade ou da isen-
O objetivo do sistema é modernizar os pro- ção, também precisam cumprir as exigências
cedimentos para o cumprimento das obriga- previstas na legislação. No entanto, é impor-
ções acessórias que são transmitidas pelos tante ressaltar que existem condições espe-
contribuintes aos órgãos fiscalizadores, atra- cíficas para a apresentação das declarações,
vés da internet, mediante a utilização de cer- o que deixa de fora do SPED boa parte das
tificação digital para validação da assinatura Organizações do Terceiro Setor, como vere-
dos documentos eletrônicos. mos a seguir.

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#06 SPED

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ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DO PIS, COFINS,
E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (CPR) SOBRE
A RECEITA – EFD CONTRIBUIÇÕES

Conforme estipulado pela Instrução Norma- sobre folha de pagamentos, e nem os valo- alcançasse o valor limite dentro do mesmo
tiva RFB nº 1.252/12, é obrigatória a apresen- res de PIS e COFINS retidos na fonte quando exercício, a EFD passaria a ser obrigatória.
tação da EFD Contribuições apenas das pes- do pagamento a pessoas jurídicas.
soas jurídicas imunes e isentas de IRPJ, cuja A EFD Contribuições deverá ser transmitida
soma dos valores mensais das contribuições Outra questão esclarecida pela RFB diz res- mensalmente ao SPED até o 10º dia útil do 2º
apuradas (PIS, COFINS e CPR), objeto de es- peito à apuração do valor limite para a apre- mês subsequente ao que se refira a escritu-
crituração, seja superior a R$ 10.000,00. sentação da EFD Contribuições, que passa a ração.
ser obrigatória a partir do momento em que
A RFB, através da Solução de Consulta nº 175 a soma das contribuições dentro do mesmo
de 03 de julho de 2015, esclareceu que para mês ultrapassa o valor de R$ 10.000,00. Até
fins de EFD não são consideradas as contri- então havia interpretações de que deveria
buições do PIS que as entidades recolhem somar os valores mês a mês, e quando este

_27
#06 SPED

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ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL – ECD

A ECD, também conhecida como SPED Contábil, consiste na transmissão dos livros contábeis em versão digital.

De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 1.420/13, atualizada pela Instrução Normativa da RFB nº 1.594/15, em relação aos fatos contábeis
ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2016, estarão obrigadas a apresentar a ECD as pessoas jurídicas imunes e isentas de IRPJ que mantenham
escrituração contábil, nos termos da Lei nº 9.532/97 (alínea “c” do § 2º do art. 12, e do § 3º do art. 15). São elas:

• Instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da
população em geral, em caráter complementar às atividades do estado, sem fins lucrativos
• Instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais forem instituí-
das e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos

Desde que, no ano calendário, ou proporcional ao período a que se refere:

• Apurarem contribuição para o PIS/Pasep, COFINS, Contribuição Previdenciária incidente sobre a receita, e Contribuição incidente sobre a
folha de salários, cuja soma seja superior a R$ 10.000,00 em qualquer mês do ano-calendário a que se refere a escrituração contábil
• Auferirem receitas, doações, incentivos, subvenções, contribuições, auxílios, convênios e ingressos assemelhados, cuja soma seja superior a
R$ 1.200.000,00, no ano-calendário a que se refere a escrituração contábil, ou proporcional ao período

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#06 SPED

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Desta forma, a partir de 2017, a grande novidade é a obrigatoriedade da apresentação da ECD também para as entidades que administram
recursos acima de R$ 1.200.000,00 durante o ano, ou proporcionalmente a ele (R$ 600.000,00 para uma entidade que foi constituída no mês
de julho, por exemplo).

A ECD, deverá ser transmitida anualmente ao SPED até o último dia útil do mês de maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a
escrituração. Assim, as entidades que se enquadram nas situações acima descritas precisam apresentar a ECD até o último dia útil do mês de
maio do ano subsequente.

É preciso ficar atento, pois, diferente do que ocorre com relação à EFD Contribuições, o PIS sobre a folha de salários faz parte da composição
das contribuições para fins de ECD, conforme ratificado na Solução de Consulta nº 100 de 27 de janeiro de 2017, publicada pela Receita Federal
do Brasil.

_29
#06 SPED

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ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL – ECF Entidade imune ou isenta de IRPJ
OBRIGADA À EFD
Entidade imune ou isenta de IRPJ
Registrou contribuição para o PIS, COFINS e NÃO registrou contribuição para o PIS, COFINS DISPENSADA DA EFD
CPR sobre a receita, cuja seoma no mês CONTRIBUIÇÕES EM 2017 e CPR sobre a receita superior, ou cuja soma no CONTRIBUIÇÕES EM 2017
ultrapassou R$ 10.000,00 mês NÃO ultrapassou R$ 10.000,00

Entidade imune ou isenta de IRPJ Entidade imune ou isenta de IRPJ


(Lei nº9.532/97) (Lei nº9.532/97).
Registrou contribuição para o PIS, COFINS e CPR OBRIGADA À ECD NÃO registrou contribuição para o PIS, COFINS DISPENSADA DA ECD

A ECF refere-se ao registro das operações refira à escrituração. EM 2017


sobre a receita, e contribuição incidente sobre a CONTRIBUIÇÕES EM 2017 e CPR sobre a receita, contribuição incidente
folha de salários cuja soma do mês ultrapassou sobre a folha de salários cuja soma no mês NÃO
R$ 10.000,00 em 2016 ultrapassouR$ 10.000,00

que influenciam a composição da base de


Entidade imune ou isenta de IRPJ Entidade imune ou isenta de IRPJ
(Lei nº9.532/97). (Lei nº9.532/97).
Auferiu receitas, doações, incentivos, subversões, OBRIGADA À ECD NÃO auferiu receitas, doações, incentivos, DISPENSADA DA ECD
contribuições, auxilios, convênios e ingressos CONTRIBUIÇÕES EM 2017 subverões, contribuições, auxílios, convênios EM 2017
assemelhados, cuja soma seja superior a R$ e ingressos assemelhados, cuja soma seja su-

cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Desta forma, todas as entidades que se- 1.200.000,00 em 2016

OBRIGADA À EFC
perior a R$ 1.200.000,00 em 2016

Entidade imune ou isenta de IRPJ


CONTRIBUIÇÕES EM 2017

Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contri- jam imunes ou isentas devem apresen-
buição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A tar a ECF em relação aos fatos contábeis
partir de 2015 substituiu a Declaração de Im- ocorridos no ano em curso, até o último
posto de Renda das Pessoas Jurídicas (DIPJ). dia útil do mês de julho do ano subse-
quente.
Com as modificações promovidas na Instru-
ção Normativa RFB nº 1.422/13 pelas Instru- Para compreendermos melhor a situ-
ções Normativas nº 1.595/15 e 1.633/16, a par- ação, representamos graficamente as
tir de 2016 todas as pessoas jurídicas imunes exigências para a apresentação de cada
e isentas de IRPJ ficaram obrigadas a enviar à uma das declarações:
ECF, e o prazo para a sua entrega foi estipula-
do para até o último dia útil do mês de julho
do ano seguinte ao ano-calendário a que se

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#07
A S OR G A NI Z AÇ Õ ES D O
T E R CE I R O SE TOR
O Sistema de Escrituração Digital das Obriga-
ções Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas –
eSocial é um projeto do Governo Federal, que
envolve a Receita Federal, a Previdência Social
(INSS), o Ministério do Trabalho, e a Caixa Eco-
nômica Federal, visando a consolidação das
obrigações acessórias da área trabalhista em
E O ES OCIAL uma única ferramenta.

_3 1
#07 AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O ESOCIAL

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Também conhecido como EFD-Social (Escri- único sistema em que as informações sejam É importante ressaltar que mesmo quando a

turação Fiscal Digital Social) ou SPED Folha enviadas através da internet, mediante utili- entidade não tenha eventos a informar (au-

(Sistema Público de Escrituração Digital da zação de certificação digital, as quais ficarão sência de empregados e de prestadores de

Folha), o eSocial é um dos componentes do disponíveis em um mesmo banco de dados, serviços) ainda assim será necessário apre-

Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), para acesso por parte dos órgãos de contro- sentar declaração sem movimento no início

sendo, portanto, um instrumento de unifica- le e fiscalização. de cada exercício, que terá validade até o

ção da prestação das informações referentes final do ano, ou até que haja algum evento

à escrituração das obrigações fiscais, previ- Diferente do que vimos no capítulo sobre que exija o envio de informações através do

denciárias e trabalhistas, que padroniza sua SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), eSocial.

transmissão, validação, armazenamento e onde boa parte das instituições do Terceiro

distribuição. Setor se encontra desobrigada à apresen-


tação de algumas declarações relativas ao

Com isso, a expectativa é que seja garanti- sistema (EFD Contribuições e ECD), o eSocial

do aos trabalhadores o correto cumprimento alcançará todas as organizações, indepen-

das leis trabalhistas e previdenciárias. dentemente do porte, ou de terem, ou não,

Outro objetivo do eSocial é a substituição do finalidade lucrativa, bastando para tanto pos-

procedimento de apresentação de diversas suir empregados contratados sob o regime

declarações, formulários, termos e docu- CLT, ou contratar serviços de profissionais au-

mentos relativos à relação trabalhista por um tônomos.

_32
#07 AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O ESOCIAL

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_33
#07 AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O ESOCIAL

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CRONOGRAMA PARA A IMPLANTAÇÃO
DO ESOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR
Conforme último cronograma apresentado Destacamos que, além das áreas contábil e
pelo Comitê Diretivo do eSocial, a transmis- de recursos humanos, o eSocial mobiliza-
são dos eventos ocorre de forma escalona- rá também os setores jurídico (informações
da, cabendo às entidades sem fins lucrativos relativas a processos trabalhistas, previden-
apresentar as informações ao eSocial a partir ciários e tributários), financeira (informações
de janeiro/2019. sobre o pagamento de trabalhadores avulsos
e de obrigações fiscais e sociais), e de tecno-
Aquelas organizações que possuem serviços logia da informação (acesso ao sistema e ma-
de contabilidade e recursos humanos tercei- nutenção de internet de boa qualidade para
rizados não podem cometer o erro de imagi- envio tempestivo dos dados).
nar que a gestão do eSocial ficará exclusiva- Vale lembrar que o processo de preparação
mente a cargo desses escritórios. O sistema para o eSocial vai exigir das organizações a
vai exigir a prestação de informações prati- revisão dos processos internos e a elabora-
camente em tempo real, algumas delas até ção de um plano de ação para que nas datas
mesmo antes da ocorrência dos fatos, como previstas para o envio das informações esteja
as admissões e férias de empregados. tudo pronto.
Não deixem para a última hora!

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#08
AS ORG AN I Z AÇÕE S
DO TERCEIRO SETO R
E O SPED – EF D - REINF

_35
#08 AS ORGANIZAÇÕES DO

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TERCEIRO SETOR E O SPED – EFD-REINF

A Escrituração Fiscal Digital de Retenções e de Social (COFINS) e da Contribuição Social

outras informações fiscais, a EFD-Reinf, é mais sobre o Lucro Líquido (CSLL)


uma declaração integrante do Sistema Públi- • Realizem pagamentos sobre os quais
co de Escrituração Digital – SPED, que atuará
haja retenção do Imposto de Renda (IR)
de forma complementar ao eSocial, e será
obrigatória também para as entidades priva-
das sem fins lucrativos. Serviços realizados mediante
A EFD-Reinf engloba todas as retenções de cessão de mão de obra
tributos federais, desde que não haja relação
De acordo com a Instrução Normativa RFB nº correspondente a 11% do valor bruto da nota
com o trabalho, uma vez que estas estarão
971/09, cessão de mão de obra é a colocação fiscal, fatura ou recibo, e recolher o valor reti-
abrangidas pelo eSocial.
à disposição da contratante, em suas depen- do em nome da empresa contratada.
Conforme estipulado pela Instrução Normati-
dências ou na de terceiros, de trabalhadores A informação sobre o serviço e a respectiva
va RFB nº 1.701/17, são obrigadas a apresenta-
que realizem serviços contínuos, relaciona- retenção passará a ser enviada à Receita Fe-
ção da EFD-Reinf, dentre outras pessoas jurí-
dos ou não com sua atividade fim, quaisquer deral do Brasil – RFB através da EFD-Reinf.
dicas, aquelas que:
que sejam a natureza e a forma de contrata-
• Contratem serviços realizados mediante
ção.
cessão de mão de obra

• Sejam responsáveis pela retenção da Desta forma, na ocorrência de contratação


de serviços com cessão de mão de obra, a
Contribuição para o PIS/PASEP, da Contri-
organização deverá reter o valor da contri-
buição para o Financiamento da Segurida-
buição da empresa que lhe prestar serviços

_36
#08 AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O SPED – EFD-REINF

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RETENÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO
PARA O PIS/PASEP, COFINS E CSLL

A obrigatoriedade das referidas retenções Lucro Líquido – CSLL, da COFINS e da contri-


existe desde o ano de 2004, quando a Lei nº buição para o PIS/PASEP.
10.833/03 estipulou que os pagamentos efe- E no rol das pessoas jurídicas obrigadas a
tuados pelas pessoas jurídicas a outras pes- cumprir tal determinação estão inseridas as
soas jurídicas de direito privado, pela pres- associações, inclusive entidades sindicais, fe-
tação de serviços de limpeza, conservação, derações, confederações, centrais sindicais e
manutenção, segurança, vigilância, transpor- serviços sociais autônomos, além das funda-
te de valores e locação de mão de obra, pela ções de direito privado.
prestação de serviços de assessoria credití-
cia, mercadológica, gestão de crédito, sele-
ção e riscos, administração de contas a pagar
e a receber, bem como pela remuneração de
serviços profissionais, estão sujeitos a reten-
ção na fonte da Contribuição Social sobre o

_37
#08 AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR E O SPED – EFD-REINF

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RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA (IR)

O Decreto nº 9.580/18, conhecido com o Re- através da EFD-Reinf. informações ocorridas nas relações entre as
gulamento do Imposto de Renda, estabelece cronograma de implantação dessa nova de- organizações e as pessoas físicas (emprega-
que estão sujeitas à incidência do imposto claração teve início em maio de 2018, mas só dos e prestadores de serviços), a EFD-Reinf
na fonte, à alíquota de 1,5%, as importâncias alcança as Organizações do Terceiro Setor a terá como foco as relações com outras pes-
pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a partir de 10 de julho de 2019, referentes aos soas jurídicas. Em ambas declarações, o envio
outras pessoas jurídicas, civis ou mercantis, fatos ocorridos a partir de 1º de julho de 2019. e processamento ocorrerá através do novo
pela prestação de serviços caracterizada- A EFD-Reinf será transmitida ao SPED mensal- sistema de Declaração de Débitos e Créditos
mente de natureza profissional, e à alíquota mente até o dia 15 do mês subsequente ao Tributários Federais Previdenciários e de ou-
de 1% sobre os rendimentos pagos ou credi- qual se refira a escrituração, antecipando-se tras entidades e fundos (DCTFWeb).
tados por pessoas jurídicas a outras pessoas para o dia útil anterior, quando esta data cair Destacamos, mais uma vez, a importância das
jurídicas civis ou mercantis pela prestação de em final de semana ou feriado. Organizações do Terceiro Setor realizarem a
serviços de limpeza, conservação, seguran- Outra inovação trazida pela EFD-Reinf diz res- gestão tributária adequada, a fim de cumpri-
ça, vigilância e por locação de mão de obra. peito às contribuições sociais previdenciá- rem de forma correta e tempestiva suas obri-
Até então, as informações relativas às re- rias, atualmente arrecadadas através da Guia gações acessórias, evitando assim a ocor-
tenções do IR, PIS, COFINS e CSLL, enviadas da Previdência Social (GPS), e que a partir de rência de multas fiscais e problemas com a
para a Receita Federal através da Declaração outubro de 2019 passam a serem recolhidas emissão das Certidões Negativas de Débito
de Débitos e Créditos Tributários Federais – por meio de Documento de Arrecadação de (CND).
DCTF e da Declaração de Imposto de Renda Receitas Federais (DARF).
na Fonte – DIRF, passarão a ser apresentadas Portanto, enquanto o eSocial objetiva gerar

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#09
A IMPO RTÂNCIA D A
TRANSPARÊNCIA PA RA
AS ORG AN I Z AÇÕE S D O
TERCEIRO S E TOR

_39
#09 A IMPORTÂNCIA DA TRANSPARÊNCIA PARA
AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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Juntamente com a sustentabilidade e o pro- Na verdade, nem precisaríamos estar aqui sentação de prestações de contas, sejam elas
fissionalismo, a prestação de contas forma o abordando esse tema, se a prática de prestar destinadas ao seu conselho fiscal, aos seus
tripé de diretrizes que precisam ser pratica- contas já se fizesse presente de forma natu- colaboradores, voluntários, doadores e be-
das constantemente, ou melhor, diariamente, ral e espontânea na cultura das organizações, neficiários, aos órgãos públicos concedentes
priorizando a transparência nas Organizações visto que a principal característica do Terceiro de recursos e titulações, ou aos órgãos de
do Terceiro Setor. Setor é o suprimento de demandas da socie- controle e fiscalização.
A prestação de contas compreende o con- dade, o que nos leva a entender que deveria O Tribunal de Contas da União (TCU) trata a
junto de informações e documentos que tem ser latente e prazerosa a vontade e o interes- prestação de contas como a “obrigação so-
por objetivo dar transparência às ações reali- se em demonstrar como essa belíssima mis- cial e pública de prestar informações sobre
zadas pela entidade. Refere-se não apenas à são social está sendo cumprida. No entanto, algo pelo qual se é responsável”, e afirma
comprovação da boa e regular utilização dos essa realidade continua um tanto distante. que o procedimento é a base da transparên-
recursos financeiros recebidos, mas também Enquanto essa prática ainda não ocorre de cia e do controle social.
às responsabilidade que lhes foram transferi- forma desejada, recomenda-se que as Orga- Desta forma, a prestação de contas se apre-
das, sejam esses recursos originados da so- nizações da Sociedade Civil demonstrem o senta como um importante instrumento para
ciedade, da iniciativa privada ou do poder máximo de transparência no que diz respeito a transparência no processo de gestão das
público. a sua gestão, através da elaboração e apre- organizações, precisando ser levado mais a

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#09 A IMPORTÂNCIA DA TRANSPARÊNCIA PARA
AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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sério, e considerado como um procedimen- É A COMPROVAÇÃO DO CUMPRIMENTO, DE FORMA CLARA,
to relevante. O que significa que não deve CORRETA E TEMPESTIVA, DE CADA META, ETAPA E FASE PREVISTA
PARA A EXECUÇÃO DE UM OBJETO PACTUADO VERBAL OU
ser pensado apenas no final do exercício, na FORMALMENTE.
conclusão do projeto, ou no encerramen-
Por isso, relatórios descritivos de atividade, fotos, vídeos, listas de presença, depoimentos,
to da vigência das parcerias, como vemos
resultados de pesquisas, dados estatísticos, construções, equipamentos, certificados, material
acontecer frequentemente.
de divulgação em rádios, jornais, televisão, e quaisquer outras formas de comprovação da
Ressaltamos aqui que a prestação de con-
realização das atividades são também integrantes de um processo de prestação de contas.
tas não é função exclusiva do profissional
Portanto, além de demonstrar transparência de sua gestão para a sociedade, as Organizações
de contabilidade, apesar de, na maioria dos
do Terceiro Setor devem prestar contas periodicamente de seus atos e recursos recebidos
casos, ser geralmente atribuída aos conta-
para seus associados, instituidores e doadores, e obrigatoriamente para seus financiadores. Ou
bilistas e contadores a missão de dar mais
seja, para todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, privadas ou públicas,
transparência às atividades realizadas pelas
que tenham interesse ou sejam mantenedoras da entidade.
organizações.
No caso da utilização de recursos públicos nacionais (advindos da União, Estados, Distrito Fe-
Porém, como pudemos observar, prestar
deral e Municípios), por meio de parcerias, a prestação de contas precisa ser ainda mais deta-
contas não se resume ao preenchimento de
lhada, complexa, e transparente, devendo obedecer às regras estipuladas pelos concedentes
formulários, elaboração de demonstrações
e pela legislação.
financeiras e apresentação de documentos
fiscais e extratos bancários. É muito mais que
isso! VEJA TAMBÉM: COMO DESENVOLVER UM RELATÓRIO DE
ATIVIDADES COM TRANSPARÊNCIA E SEM COMPLICAÇÕES.
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_41
#09 A IMPORTÂNCIA DA TRANSPARÊNCIA PARA
AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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MOTIVOS PARA A APRESENTAÇÃO
DE PRESTAÇÃO DE CONTA
forma estão desempenhando suas atividades
e cumprindo a sua missão social.
Quando se trata do Terceiro Setor, é incon-
Como vimos no capítulo anterior, a prestação pode representar o fim dessa relação.
cebível o fato de algum interessado precisar
de contas é o instrumento que deve ser uti- Desta forma, elencamos os três principais
solicitar ou exigir prestações de contas de
lizado pelas Organizações do Terceiro Setor motivos que levam as entidades a elaborar e
quem se propõe a atuar em áreas como as-
para demonstrar a transparência na sua ges- apresentar prestações de contas:
sistência social, saúde, educação, meio am-
tão.
biente, dentre outras.
Apesar de ser considerada como a etapa fi-
nal do processo de: captação – execução
Por iniciativa Além disso, uma postura transparente permi-
te maior visibilidade, amplia a credibilidade,
– prestação de contas, o exercício da trans- Esse procedimento refere-se à prestação de
e facilita a captação de recursos perante a
parência vem a ser o ponto determinante contas apresentada de forma espontânea,
sociedade, os doadores e financiadores.
para o início de um novo ciclo. A partir da baseada na ética e na transparência, carac-
apresentação da prestação de contas, pode terísticas que devem ser inerentes a todas as
ocorrer a renovação da captação de recursos entidades sem fins lucrativos.
junto a doadores e financiadores. É importante frisar que tais entidades foram
Por outro lado, a ausência de informações criadas com o objetivo de atender deman-
sobre os resultados alcançados com a apli- das da sociedade. E nada mais coerente do
cação dos valores angariados anteriormente, que demonstrar aos quatro ventos de que

_42
#09 A IMPORTÂNCIA DA TRANSPARÊNCIA PARA
AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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EM ATENDIMENTO AO ESTATUTO
DOS DIREITOS DO DOADOR
O Estatuto do Doador é um documento cria- Ser informado sobre a missão da organização, sobre como a organização pretende usar os

do em 1992 por organizações norte-america- recursos doados e sobre sua capacidade de usar as doações efetivamente para o objetivo

nas, que foi implantado no Brasil pela Asso- pretendido

ciação Brasileira de Captadores de Recursos Ser informado sobre a identidade daqueles que pertencem ao conselho diretor da organi-

(ABCR). zação, e esperar que esse conselho exerça julgamento prudente nas suas responsabilidades
administrativas

Tal documento não possui força de lei, porém Receber agradecimento e reconhecimento apropriado

tem grande importância ao definir os direitos Ter acesso a mais recente demonstração financeira da organização

dos doadores, que devem ser atendidos pe- Ter assegurado que as doações serão usadas para os propósitos para os quais foram solicita-

las organizações, sob o risco de não terem as das

doações renovadas. Ter assegurado que a informação sobre a doação será tratada com respeito e confidenciali-

De acordo com o estatuto, a filantropia ba- dade

seia-se em uma ação voluntária para o bem Esperar que todos os relacionamentos com indivíduos que representam organizações de inte-

comum, e merece o respeito e a confiança resse para o doador serão de natureza profissional

do público em geral. Portanto, para que te- Ser informado se aqueles que pedem doações são voluntários, empregados da organização

nha plena confiança nas organizações sem ou solicitantes contratados

fins lucrativos e nas causas que ele é chama- Ter a oportunidade de ter seus nomes retirados das relações de endereços que uma organiza-

do a apoiar, foi declarado que todo doador ção possa pretender compartilhar com outras

tem direito a: Sentir-se livre para questionar quando estiver fazendo uma doação e receber respostas pron-
tas, francas e verdadeiras

_43
#09 A IMPORTÂNCIA DA TRANSPARÊNCIA PARA
AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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POR EXIGÊNCIA LEGAL

De acordo com a Constituição Federal, no • Cópia do estatuto social atualizado da en-


ciedade Civil – MROSC, trazem exigências e
seu Art. 70, Parágrafo Único: tidade
procedimentos específicos para a prestação
“Prestará contas qualquer pessoa física ou • Relação nominal atualizada dos dirigentes
de contas dos recursos públicos transferidos
jurídica, pública ou privada, que utilize, arre- da entidade
para as organizações da sociedade civil.
cade, guarde, gerencie ou administre dinhei- • Cópia integral dos convênios, contratos,
Por isso, é muito importante ficar atento des-
ro, bens e valores públicos ou pelos quais a termos de parcerias, acordos, ajustes ou ins-
de a captação de recursos até o momento de
União responda, ou que, em nome desta, as- trumentos congêneres realizados com o Po-
apresentar a prestação de contas. Afinal, difi-
suma obrigações de natureza pecuniária.” der Executivo federal, respectivos aditivos, e
cilmente alguém volta a doar ou a financiar
Mais recentemente, a Lei no 12.527/11 (Lei de relatórios finais de prestação de contas, na
um projeto ou atividade quando não se sabe
Acesso à Informação), regulamentada pelo forma da legislação aplicável
o que foi feito com o valor repassado.
Decreto no 7.724/12, estabeleceu obrigações
para as entidades sem fins lucrativos quando
estas celebram parcerias com a administra- A Legislação de Convênios, Contratos de Re-
ção pública, devendo dar publicidade às se- passe e Termos de Parcerias, bem como o
guintes informações: Marco Regulatório das Organizações da So-

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#10
P R E S TAÇÃO
D E C O N TA S
D E R E C UR SO S
PÚB L I C OS

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#10 PRESTAÇÕES DE CONTAS

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DE RECURSOS PÚBLICOS

Com a entrada em vigor da Lei nº 13.019/14,


o processo de prestação de contas também Exigências pela OSC deverá conter elementos que per-
sofre mudanças. O ato de prestar contas dei- A Lei nº 13.019/14 e o Decreto nº 8.726/16 mitam ao gestor da parceria avaliar o anda-
xará de ser a apresentação de uma série de preveem ainda que, a nível federal, a análise mento ou concluir que o seu objeto foi exe-
formulários e documentos fiscais que com- dos documentos comprobatórios das des- cutado conforme pactuado, com a descrição
provam apenas a execução financeira dos pesas realizadas ocorrerá somente quando pormenorizada das atividades realizadas e a
recursos recebidos, e passa a ser o procedi- não for comprovado o alcance das metas e comprovação do alcance das metas e dos re-
mento em que se analisa e avalia a execu- resultados estabelecidos no respectivo Ter- sultados esperados.
ção da parceria, permitindo verificar o cum- mo de Colaboração ou de Fomento. Ou seja,
primento do objeto e o alcance das metas e primeiro deverá ser apresentado o relatório Para os estados e municípios a situação ocor-
dos resultados previstos. de execução do objeto e a comprovação do re de uma forma um tanto diferente. Devido

cumprimento das metas previstas, e caso es- à ausência de uma plataforma eletrônica que
A prestação de contas deverá ser apresenta- tes não sejam suficientes para que seja ates- permita acompanhar a qualquer tempo as
da anualmente quando a execução do obje- tada a sua satisfatória realização, será solicita- despesas realizadas com recursos da parceria
to se desenvolver em mais de um exercício, da a apresentação do relatório de execução e verificar sua compatibilidade com o plano
e ao final da parceria, em até 90 dias após financeira, acompanhado dos documentos de trabalho e o respectivo alcance das me-
o encerramento da vigência. O prazo para comprobatórios (extratos bancários, notas tas, a maioria dos decretos regulamentadores
a apresentação da prestação de contas será fiscais, recibos, faturas, folhas de pagamen- estaduais e municipais continuam exigindo a
estipulado de acordo com a amplitude de tos e guias de recolhimento de impostos e prestações de contas ainda nos moldes anti-
cada projeto. contribuições). gos, com o envio de uma série de formulários
e documentos que comprovem a efetivação
LEIA TAMBÉM: O QUE MUDA NA CONTABILIDADE
Por isso, a prestação de contas apresentada dos gastos e o cumprimento do objeto pac-
DAS OSC COM A LEI 13.019/14
tuado.

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#10 PRESTAÇÕES DE CONTAS

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DE RECURSOS PÚBLICOS

Desta forma, de acordo com o Decreto nº Elementos para avaliação:


8.726/16, que regulamenta a Lei nº 13.019/14 1. dos impactos econômicos ou sociais das
na esfera federal, a prestação de contas anu- ações desenvolvidas
al e final, deverá ser composta do Relatório 2. do grau de satisfação do público-alvo, que
de Execução do Objeto, que conterá: poderá ser indicado por meio de pesquisa
de satisfação, declaração de entidade local,
• A demonstração do alcance das metas referen- pública ou privada, e declaração do conse-

tes ao período de que trata a prestação de contas lho de política pública setorial, entre outros e
3. da possibilidade de sustentabilidade das
• A descrição das ações desenvolvidas para o
ações após a conclusão do objeto.
cumprimento do objeto

• Os documentos de comprovação do cumpri-

mento do objeto, como listas de presença, fotos,

vídeos, entre outros

• Os documentos de comprovação do cumpri-

mento da contrapartida, quando houver

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#10 P RESTAÇÕES DE CONTAS

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DE RECURSOS PÚBLICOS

Relatório de Execução Financeira

E em determinadas situações, de acordo com a legislação federal, bem como a estadual ou municipal que tratará sobre o tema, deverá também
ser apresentada pela OSC o Relatório de Execução Financeira, contendo:

• A relação das receitas e despesas realizadas, inclusive rendimentos financeiros, que possibilitem a comprovação da observância do plano de trabalho

• O comprovante da devolução do saldo remanescente da conta bancária específica, quando houver

• O extrato da conta bancária específica

• A memória de cálculo do rateio das despesas, quando for o caso

• A relação de bens adquiridos, produzidos ou transformados, quando houver e

• Cópia simples das notas e dos comprovantes fiscais ou recibos, inclusive holerites, com data do documento, valor, dados da Organização da Sociedade Civil e

do fornecedor e indicação do produto ou serviço

Mais uma inovação trazida pela Lei nº 13.019/14 diz respeito à possibilidade de realização de ações compensatórias de interesse público como
forma de ressarcimento ao erário. Quando a prestação de contas for avaliada como irregular e exaurida a fase de recursos e defesa, sendo
mantida tal decisão, desde que não tenha havido dolo ou fraude e não seja o caso de restituição integral dos recursos. Para tanto a OSC poderá
solicitar autorização ao poder público e apresentar um novo plano de trabalho, conforme o objeto descrito na parceria, e a área de atuação da
organização, cuja mensuração econômica será feita a partir do plano de trabalho original.

LEIA TAMBÉM: MROSC: FIM DA CONFUSÃO NORMATIVA


NA RELAÇÃO COM O PODER PÚBLICO

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#11
AUDITORIA N O
A palavra auditoria vem do latim audire,
que significa “ouvir”, e corresponde ao
conjunto de procedimentos técnicos utili-
zados para a verificação e revisão de pro-

TERCEIRO S E TOR cedimentos e demonstrativos contábeis


das organizações, sejam elas públicas ou
privadas, com ou sem fins lucrativos. Na
prática, além de “ouvir” relatos, a auditoria
também busca “ver” e analisar documen-
tos e processos para a emissão de opini-
ões e pareceres sobre o que está sendo
verificado.

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#11 AUDITORIA NO TERCEIRO SETOR

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Auditoria independente
Quando se fala em auditoria, de imediato ima- serviço técnico especializado desse nível.
ginamos se tratar do método através do qual Esse tipo de auditoria pode ser demandado
são examinadas as demonstrações contábeis pelo Ministério Público Estadual, quando do
das organizações em determinado momen- velamento das fundações, ou exigido de for-
to. Tal análise tem como finalidade a emissão ma obrigatória. Em se tratando das OSCIPs,
de uma opinião, por parte do auditor, acerca quando celebram termos de parceria em va-
da precisão e da conformidade dos registros lor acima de R$ 600.000,00, ou quando enti-
relativos às operações financeiras e patrimo- dades portadoras do CEBAS registram receita
niais, e dos relatórios contábeis. A esse tipo anual em montante superior a R$ 3.600.000,00
de análise denominamos auditoria indepen- até o ano de 2017, e R$ 4.800.000,00 a partir
dente ou externa, uma vez que é realizada de 2018.
por profissionais contratados para esse fim. A auditoria independentemente pode ainda
A auditoria externa deve ser realizada sem- ser exigida por doadores e financiadores,
pre que possível pelas organizações, para principalmente internacionais, a fim de asse-
que haja uma maior segurança e credibili- gurar a observância aos princípios e normas
dade com relação às suas demonstrações brasileiras de contabilidade por parte das en-
contábeis. No entanto, apesar de importan- tidades nas quais pretendem aportar recur-
te e recomendável, nem todas as entidades sos.
dispõem de recursos financeiros suficientes
para realizar espontânea e anualmente um

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#11 AUDITORIA NO TERCEIRO SETOR

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Auditoria interna

Outra forma de auditoria diz respeito à avalia- e objetivos que foram traçados. Para tanto,
ção dos controles internos, das operações, e é necessário estabelecer uma metodologia
da execução de projetos ou atividades, reali- voltada para a avaliação e otimização dos
zada pela própria instituição com o objetivo processos tendo em vista a eficácia e a efici-
de verificar e validar os procedimentos ope- ência nos procedimentos realizados.
racionais, evitar ou identificar a ocorrência de Uma boa auditoria interna permite identi-
erros ou fraudes, e dar maior credibilidade à ficar previamente possíveis distorções e a
entidade. A esse conjunto de processo dá-se aplicação imediata de medidas corretivas,
o nome de auditoria interna. além da avaliação contínua do fluxo opera-
cional e financeiro da entidade.
Essa auditoria realizada de forma interna e
permanente por colaboradores da entidade
visa estabelecer planos de atuação e de con-
trole para o alcance, de forma correta e em
observância à legislação vigente, das metas

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#11 AUDITORIA NO TERCEIRO SETOR

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Fiscalização

Em se tratando do Terceiro Setor, a auditoria parcerias, e órgãos de fiscalização e controle titulações, ou ainda por órgãos de fiscaliza-
significa mais que análise das demonstrações como ministérios públicos, tribunais de con- ção e controle.
contábeis e dos procedimentos internos. tas, controladorias gerais, procuradorias ge-
Também é utilizada para que os órgãos de rais, previdência social e receita federal. É importante que, independentemente das
controle verifiquem a conformidade dos atos possíveis auditorias que possam vir a ser re-
praticados pelas entidades. Nesse caso, a au- Percebe-se então que a auditoria é utilizada alizadas, as organizações tenham sempre
ditoria também é chamada de fiscalização. para assegurar a boa gestão e o cumprimen- como foco a transparência das suas ações e
to das responsabilidades e obrigações das processos, e a divulgação dos resultados ob-
Esse tipo de procedimento decorre da pró- entidades. Desta forma, no Terceiro Setor tidos para todos os interessados em suas re-
pria natureza das Organizações da Socieda- esse procedimento pode ser realizado pela alizações (associados, conselho fiscal, bene-
de Civil, que são alcançadas por benefícios própria instituição, por auditores indepen- ficiários, sociedade, doadores, financiadores,
fiscais, e podem receber titulações e recur- dentes contratados para verificar se as de- concedentes de titulações, órgãos públicos
sos por parte do poder público. Por isso é monstrações contábeis espelham a real si- celebrantes de parcerias, fisco, e demais in-
bastante comum a realização de auditorias tuação patrimonial e financeira, pelo Estado teressados).
por parte de órgãos públicos celebrantes de quando concedente de recursos públicos e

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Conclusão

Como pudemos observar, não é possível con-


ceber uma organização do Terceiro Setor que

#12
não realize uma gestão contábil de qualidade
e não pratique o controle e transparência na
sua gestão. E mesmo se tratando de entida-
des sem fins lucrativos, as responsabilidades
decorrentes do Sistema Púbico de Escritura-
ção Digital (SPED), bem como a realização de
auditorias, em determinado casos, também
recaem sobre elas.

C O N CLUSÃO
Esperamos que esse material contribua para a
melhora contínua e desenvolvimento da sua
organização, que realiza um papel brilhan-
te ao desempenhar projetos e atividades de
grande relevância para a sociedade.

Um grande abraço!

Nailton Cazumbá

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Entre em contato com o autor deste livro.
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CONH E ÇA O AU TO R :

NAILTON CAZUMBÁ
Nailton Cazumbá é contador, especialista em A Pauta Serviços Contábeis e Empresariais, no
contabilidade, auditoria e controladoria das mercado desde 2001, atende demandas das
organizações do Terceiro Setor. Consultor organizações do Terceiro Setor, passando a
contábil, financeiro, e em gestão de parcerias prestar serviços especializados nas áreas de
e prestação de contas, tanto para a adminis- constituição de entidades, elaboração de es-
tração pública, quanto para organizações da tatutos e reformas estatutárias, gestão contá-
sociedade civil. Professor em curso de pós- bil e de recursos humanos, obtenção e manu-
-graduação, instrutor de cursos e palestras tenção de titulações junto ao poder público,
sobre Terceiro Setor. Sócio da Pauta Servi- gestão de parcerias e prestações de contas, e
ços Contábeis e Empresariais e colunista do gestão tributária voltada ao atendimento dos
portal Nossa Causa. requisitos necessários para o gozo da imuni-
dade e da isenção de tributos.

Que falar com o Nailton?


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C ONH E ÇA:

NOSSA CAUSA

A Nossa Causa atua em duas frentes: como causas por meio do portal de conteúdo,
uma agência de marketing com impacto campanhas e projetos, como o Diz Que
social e como Organização da Sociedade Não é Machista, Diz Que Não é Racista, Esta
Civil. Como agência oferecemos soluções Vaga Não é Sua Nem Por Um Minuto e Dia
de comunicação e marketing para orga- de Doar.
nizações do Terceiro Setor e como Orga-
nização da Sociedade Civil promovemos

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EXPE Autor | Nailton Cazumbá

DIENTE
Coordenação e edição | Amanda Riesemberg e Silvia Zuconelli

Revisão | Crystian Kühl

Design gráfico | Jhonas de Almeida

© Feito com por

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