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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

FACULDADE DE LETRAS E ARTES - FALA


DOCENTE: PEDRO ARTURO ROJAS ARENAS
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA LINGUAGEM

“GÍRIAS MAIS UTILIZADAS NO APLICATIVO WHATSAPP POR JOVENS DE


ATÉ 20 ANOS”

Leticia Vidal Fernandes


Widesmara Geralda de Sousa
Ruama Vitória dos Santos Pinto

Resumo: A presente pesquisa trata sobre gírias criadas e usadas no aplicativo de comunicação
whatsapp por jovens de até vinte anos. O estudo trata diretamente sobre as variações da
língua, especificamente entre os jovens no ambiente virtual. Como objetivos específicos nós
buscamos: identificar as principais gírias que circulam nesse meio e verificar se esse
vocabulário é importante para interação. Esse estudo foi realizado na Região Nordeste do
Brasil, Estado de Mossoró – RN, na UERN – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte
com a turma do 2° período dos discentes do curso de Letras – Língua Portuguesa. Dessa
forma, foi aplicado um questionário compondo um total de 13 perguntas, sendo que 3 seriam
respondidas com sugestões dos participantes, disponível na plataforma Google Forms, criadas
pelas pesquisadoras envolvidas, que visa saber dos participantes quais gírias eles mais
utilizam no aplicativo WhatsApp.

Palavras-Chave: Gírias; Whatsapp; Interação; Jovens.


INTRODUÇÃO

Com a era digital, novos meios e contextos apareceram, transformando nossa forma
de interagir por meio da língua. A popularização da internet, o usuário passa a ocupar espaços
antes jamais vistos, como também textos antes não vistos.
Com o propósito de averiguar as variações linguísticas que ocorrem em nosso idioma
e as formas de adequação, considerando os falantes e a identidade de cada um, foi
desenvolvido um estudo acerca da gíria no cotidiano dos jovens de até vinte anos em
ambiente virtual, especificamente o aplicativo Whatsapp. Levando-se em consideração as
mudanças que a língua propõe, esse processo é importante para a situação comunicativa.
A variante gíria, são palavras ou frases não-convencionais segundo a norma culta, é
um elemento muito presente nos estudos da Sociolinguística (estudo da língua na sociedade),
é evidente que possa transformar em uma ferramenta muito importante para o ensino da
língua, já que estamos habituados a um “padrão linguístico", também é necessário afastar o
olhar preconceituoso e estigmatizado que essa linguagem carrega. Estamos habituados a
considerar a gíria como a linguagem dos malandros, marginais, pobres ou excluídos, mas esse
é um olhar errado, pois a gíria está presente na sociedade contemporânea de muitas formas
distintas, e entre os jovens principalmente.
Batista Júnior e Silva (2010, p. 4) comentam que as redes sociais “têm como
característica principal a interatividade em tempo real”, o que “permite aos usuários da
internet vivenciar também as mais diversas interações comunicativas”. Isto é, a internet nos
permite um sentimento de interação no qual podemos nos aproximar de cada pessoa.
A língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social e em seu
contexto real de uso pode variar muito, especialmente quando trata-se de gírias em que nas
variadas vezes apenas o grupo no qual a pessoa está inserida é possível de compreender
determinada linguagem.
Os dados obtidos nesta pesquisa foram processados e tornaram-se resultados principais
do trabalho, a ferramenta escolhida para a elaboração e aplicação das perguntas foi o Google
Forms.
Dessa forma, foi aplicado um questionário compondo um total de 13 perguntas, sendo
que 3 seriam respondidas com sugestões dos participantes, disponível na plataforma Google
Forms, criadas pelas pesquisadoras envolvidas, que visa saber dos participantes quais gírias
eles mais utilizam no aplicativo WhatsApp.
BREVE PERCURSO HISTÓRICO

É importante entendermos o conceito histórico sobre a linguística para podermos chegar


ao contexto atual. Os estudos a respeito da língua são antigos, e vem a cada dia mais se
desenvolvendo ao longo da história da humanidade. Dito isto, é importante mencionar um
grande marco para os estudos ao que diz respeito ao Estruturalismo. Ferdinand de Saussure
surge em 1916 em seu Curso de Linguística Geral, apresentando a dicotomia langue e parole
(língua e fala). O fenômeno linguístico apresenta duas faces que se complementam e das quais
uma precisa da outra (SAUSSURE, 1975) ou seja, a linguagem pode ser entendida de duas
formas, a língua e a fala, outra grande dicotomia, enquanto a língua é um lado social e a fala é
individual. Essa teoria vai desconsiderar as influências e especificar apenas as formas e
estruturas da língua.
Consideramos importante neste presente trabalho as influências externas o que sugere
o oposto dos estudos de Saussure; A classe social, a escolaridade, o gênero, todos esses
aspectos irão influenciar em nossa comunicação.
Quando especificamos a gíria entre os jovens no aplicativo whatsapp como tema
central conclui-se que as variações da língua são o norte para a conclusão dos estudos sobre as
mudanças da língua. Para Saussure as abordagens sobre o caráter formal e estrutural dos
fenômenos linguísticos são o mais importante, mas é evidente que quando trata-se de gíria no
contexto mídia-social de comunicação o que não podemos analisar é uma estrutura “correta”
porque evidentemente não há.

A GÍRIA E SUAS POSSIBILIDADES ENTRE OS JOVENS NA COMUNICAÇÃO

A gíria é um tipo de linguagem que surge restrita a um determinado grupo, pode se dizer
assim que é vista como um código, que com o passar dos tempos invade a sociedade e
principalmente os jovens, é tão utilizado pelos jovens que acaba sendo usada de maneira
inconsciente, independemente da idade ou nível social no qual cada um está inserido, é
frequente no cotidiano e em qualquer situação de interação. Sobre essa utilização cada vez
maior da gíria, Luciene Maria Patriota (2009, p. 8) diz: “É essa generalização de uso, que
desconhece barreiras etárias, sociais, econômicas e culturais, que garante a gíria um lugar de
destaque entre as outras variedades da língua”. Ou melhor dizendo, a gíria aproxima as
pessoas e torna a comunicação mais aberta e fácil, quebrando barreiras e ampliando as
variações da língua portuguesa.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Língua e sociedade estão evidentemente conectadas de tal forma que é impossível


separá-las no campo dos estudos linguísticos. Não se pode estudar a língua do homem sem a
sua relação direta com a sociedade. É através de sua língua que o homem se constitui como
sujeito histórico, concretiza suas ideologias, é ouvido, convence ou é convencido (ALKMIM,
2004).
É deste modo que alguns teóricos, como Galli (2005), declaram que estamos
vivenciando uma nova fase da nossa história – a Nova Era Digital - que traz inúmeras novas
formas de interagirmos e nos expressarmos através da palavra, via computador ou smartphone
ligados juntos a milhares de outros usuários para atender aos mais diversos objetivos
comunicativos: pesquisar, estudar, divertir-se, debater, comprar entre diversos outros.
A gíria é um vocábulo tipicamente oral, fator que dificulta datar realmente de seu
surgimento. Sua história sugere aos grupos marginalizados da sociedade, isto é, àqueles que
sempre estiveram à margem socialmente, o que classificamos como pobres, analfabetos e os
que não seguem a norma culta como proposto em muitos lugares e situações.
Segundo Preti (2004), a gíria é um vocábulo utilizado por falantes de um grupo
fechado (específico) e que, por esse motivo, tem a função de dificultar a interação verbal de
sujeitos fora a esse grupo com seus integrantes, de modo que estes não sejam entendidos pelos
que estão tentando interagir, materializando uma linguagem essencialmente secreta. O seu
significado deve ser compreendido apenas pelos falantes do grupo que a exerce. Por isso,
podemos afirmar que a gíria de um determinado grupo é temporária: ora, se ao criar o
vocábulo, uma nova expressão por exemplo, o grupo pretende não ser entendido por outros
indivíduos, faz-se necessário que um novo termo (nova expressão) seja criado quando o
antigo tem seu significado já apreendido pela sociedade para que haja conhecimento sobre o
determinado assunto e a interação seja de fato bem sucedida. Isto é muito comum entre os
jovens nas redes de comunicação como tema do presente artigo whatsapp, é comum surgir
novas expressões no cotidiano, afinal estamos em constantes mudanças e precisamos estar de
fato atentos às atualizações da língua.
No momento atual, vivemos o paradigma das tecnologias da comunicação, capazes de
ampliar o poder de interação entre os indivíduos, são lugares onde os usuários podem
produzir, distribuir e compartilhar informações em escala global, através de, por exemplo do
aplicativo whatsapp, com cerca de 1 bilhão de usuários e presente mais de 180 países Falar
em redes sociais significa referir-se a um fenômeno que não é recente, mas de algo que
sempre existiu em nossas sociedades, sendo motivadas pela necessidade que os sujeitos
possuem de partilhar entre si conhecimentos, informações ou preferências (MOREIRA &
JANUÁRIO, 2014).
O ser humano sempre precisou se expressar de alguma forma, expressar seus
sentimentos, suas vontades, suas preferências, nesse contexto atual apenas facilitou para que
isso de fato ocorra.

METODOLOGIA

A presente pesquisa classifica-se com o objetivo descritivo, de abordagem


quali-quantitativa, de natureza aplicada, nas palavras de Gil (2002, p. 42), o autor conceitua a
pesquisa descritiva:
[...] As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento
de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob
este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática. (GIL, 2020, p. 42).

Como supracitado, nosso artigo vai descrever e citar as variações linguísticas locais, dos
estudantes universitários. A pesquisa foi desenvolvida durante o 2º período da graduação do
curso de Letras Língua Portuguesa da UERN – Universidade Estadual do Rio Grande do
Norte.
O procedimento técnico abordado em nossa pesquisa, é o de levantamento, para isso
consoante Gil (2002, p. 50-51) diz:
[...] As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para,
em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes
aos dados coletados. (GIL, 2020, p. 50).

[...] Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo


pesquisado, tem-se um censo. Pelas dificuldades materiais que envolvem sua
realização, os censos só podem ser desenvolvidos pelos governos ou por instituições
de amplos recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam informação gerais
acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte das investigações sociais.
(GIL, 2020, p. 51).
Desse modo, a pesquisa foi realizada por meio de recursos digitais para o nosso
propósito de investigação. As redes sociais podem ajudar os pesquisadores na coleta de dados
quantitativos através de questionários, as informações são coletadas em tempo real, o que
favorece que independente do local onde quer que esteja seu objetivo possa ser alcançado
(FREITAS; BIRCKOLZ, 2020; COUTO et al., 2020; CARVALHO et al., 2020).
Esse estudo foi realizado na Região Nordeste do Brasil, Estado de Mossoró – RN, na
UERN – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, com a turma do 2° período dos
discentes do curso de Letras – Língua Portuguesa. Essa turma é composta por 20 alunos,
porém os pesquisadores principais deste trabalho não foram incluídos, sendo assim os 17
participantes responderam ao questionário. Dessa forma, foi aplicado um questionário
compondo um total de 13 perguntas, sendo que 3 seriam respondidas com sugestões dos
participantes, disponível na plataforma Google Forms, criadas pelas pesquisadoras
envolvidas, que visa saber dos participantes quais gírias eles mais utilizam no aplicativo
WhatsApp.
Os dados obtidos nesta pesquisa foram processados e tornaram-se resultados principais
do trabalho, a ferramenta escolhida para a elaboração e aplicação das perguntas foi o Google
Forms, disponível em: https://forms.gle/szcHD9ggJQmvKJen7. O veículo para a aplicação
do questionário foi por meio de mídia social, sendo esta através do Whatsapp. O TCLE –
Termo de consentimento Livre e Esclarecido foi colhido antes do questionário ser iniciado.
Este estudo envolveu apenas opinião sobre a didática de variações linguísticas como
metodologia em salas de aulas mantendo os dados dos participantes em totalmente anônimo o
que justifica a ausência da apreciação de um Comitê de Ética, em conformidade com a
Resolução nº 510/2016, em que não é necessário registrar no Comitê de Ética e Pesquisa com
seres humanos aqueles estudos que utilizam dados de acesso público, domínio público e/ou
que estejam em banco de dados sem possibilidade de identificação individual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desta pesquisa, tomando a afirmação de Trask (2004, p. 124), concluímos


que as gírias são de fato “uma forma linguística informal e frequentemente efêmera” pois,
essencialmente no campo cibernético,(em específico o whatsapp) de fato, são informais,
devido ao contexto e modos de uso descontraídos com o objetivo da interação de forma leve e
sem a necessidade de qualquer formalidade.
Elas são muito importantes principalmente no contexto juvenil pois facilita o
entrosamento entre os indivíduos, e por meio do whatsapp vimos que a todo momento pode
surgir novas expressões. Entendemos também que esta linguagem aproxima as pessoas e
facilita a comunicação, verificar o quão importante é o conhecimento desse vocabulário
específico para a interação e, consequentemente, a efetiva comunicação entre os usuários
jovens.
As redes sociais vêm tomando proporções cada vez maiores, e, evidentemente, a gama
de indivíduos que delas fazem uso se torna mais ampla (AMANTE, 2014). E por isso, as
evoluções estão a cada dia ao nosso redor, essa amplitude de tecnologia acaba influenciando a
sociedade e consequentemente a língua, assim crescendo ao número de falantes em
determinado contexto.
Portanto, dar ênfase em específico às gírias nesse novo contexto social entre os jovens,
se torna, dessa forma, uma tarefa necessária aos estudos linguísticos contemporâneos.
REFERÊNCIAS

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FREITAS, A. M., & BIRCKOLZ, C. J. Utilização das redes sociais digitais pelos alunos de
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Gil, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. 4ª ed. São
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MOREIRA, Antonio; JANUARIO, Susana. Redes Sociais e Educação. In: PORTO,
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PRETI, Dino. Estudos de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004
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PATRIOTA, L. M. A gíria comum na interação em sala de aula. São Paulo: Cortez, 2009.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Lingüística Geral. Tradução de Antônio Chelini, José


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TRASK, Robert Lawrence. Dicionário de linguagem e linguística. São Paulo: Contexto,


2004.

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