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TECNOLOGIA

Indústria​ ​4.0​ ​exigirá​ ​um​ ​novo​ ​profissional

O processo industrial está se transformando de forma irreversível


– e quem quiser ter sucesso nesse novo cenário terá de
desenvolver​ ​novas​ ​habilidades
Por​ ​Estúdio​ ​ABC
access_time7​ ​jul​ ​2017,​ ​12h35​ ​-​ ​Publicado​ ​em​ ​20​ ​jul​ ​2015,​ ​10h00
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Fábrica​ ​de​ ​turbinas​ ​em​ ​Jundiaí​ ​(SP):​ ​produção​ ​automatizada​ ​(Germano​ ​Lüders)
Esqueça a imagem que você tem de uma fábrica tradicional. No futuro, as linhas de produção
barulhentas e confusas serão substituídas por um cenário peculiar. A chamada indústria 4.0
será cada vez mais automatizada e controlada por robôs. Máquinas dotadas de sensores
conseguirão​ ​comunicar-se​ ​entre​ ​si​ ​–​ ​e​ ​tornar​ ​o​ ​processo​ ​produtivo​ ​cada​ ​vez​ ​mais​ ​eficiente.
Com o avanço dos sistemas de big data e da chamada internet das coisas, o controle da
produção poderá ser feito remotamente. “É uma questão de tempo para que indústrias de todo
tipo se adaptem a esse novo conceito”, diz Osvaldo Lahoz Maia, gerente de inovação e
tecnologia​ ​do​ ​Serviço​ ​Nacional​ ​de​ ​Aprendizagem​ ​Industrial​ ​(Senai)​ ​de​ ​São​ ​Paulo.
O conceito de indústria 4.0 ganhou força na Alemanha, onde um projeto que envolve
empresas, universidades e o governo foi lançado para modernizar a já desenvolvida indústria
local.
Em poucos anos, esse conceito deve se espalhar por outros países. Como consequência, o
perfil da mão de obra deve mudar totalmente. “Quem quiser trabalhar nas fábricas do futuro
terá de desenvolver habilidades técnicas e interpessoais bem específicas”, diz Cezar Taurion,
da consultoria Litteris Consulting, especializada em tecnologia da informação e transformação
digital.
Eis​ ​quatro​ ​características​ ​que​ ​os​ ​profissionais​ ​técnicos​ ​precisarão​ ​desenvolver.
1.​ ​Formação​ ​multidisciplinar
Para trabalhar numa indústria 4.0, os profissionais terão de desenvolver um perfil
multidisciplinar. “As indústrias continuarão precisando de gente com formação específica, mas
eles terão de lidar cada vez mais com áreas sobre as quais não estudaram na faculdade”, diz o
consultor​ ​Cezar​ ​Taurion.
Essa competência será cada vez mais valorizada porque, com processos mais eficientes, os
funcionários poderão pensar em novas formas de gerar riqueza. Um arquiteto que antes só
cuidava de projetos para novas plantas poderá, por exemplo, pensar em adaptações no design
dos produtos que diminuam o tempo de fabricação. “Isso depende de uma boa dose de
iniciativa​ ​e​ ​conhecimentos,​ ​além​ ​do​ ​que​ ​a​ ​profissão​ ​exigia​ ​no​ ​passado”,​ ​diz​ ​Osvaldo​ ​Maia.

2.​ ​Capacidade​ ​de​ ​adaptação


Na indústria 4.0, o conceito de automação será elevado a outro patamar. Se antes os
equipamentos só eram programados para obedecer a ordens enviadas por um software, a
partir de agora eles também emitirão informações sobre seu próprio ciclo de vida. Isso significa
que, antes mesmo de apresentar um problema de funcionamento, uma máquina emitirá sinais
de​ ​que​ ​precisa​ ​passar​ ​por​ ​uma​ ​manutenção​ ​preventiva.
Na prática, os operadores precisarão se adaptar a um novo jeito de lidar com os equipamentos.
Boa parte do comando será dada a partir de sistemas mobile. “Está chegando ao fim a era do
técnico que só aperta botões”, diz Maia. “Os profissionais precisarão aprender a lidar com
máquinas​ ​e​ ​robôs​ ​inteligentes.”

3.​ ​Senso​ ​de​ ​urgência


A disseminação dos sistemas de big data vai permitir que os funcionários tenham cada vez
mais acesso a informações que antes eram restritas aos sistemas internos das empresas. De
casa, por meio de um celular ou de um tablet, os empregados poderão interferir num processo
que​ ​acontece​ ​a​ ​quilômetros​ ​de​ ​distância,​ ​dentro​ ​da​ ​fábrica.
“A ideia atual de turnos de trabalho passará por uma transformação”, diz Taurion. Isso trará
vantagens notáveis, mas também exigirá dos profissionais discernimento para entender os
limites entre o que é urgente e o que pode ser resolvido depois. “A facilidade que a tecnologia
proporciona deve alterar a rotina do trabalho”, diz Taurion. “Os profissionais da indústria do
futuro​ ​terão​ ​de​ ​aprender​ ​a​ ​equilibrar​ ​essa​ ​dinâmica.”
4.​ ​Bom​ ​relacionamento
Embora a tecnologia esteja transformando a maneira como as coisas são fabricadas, algumas
regras para se manter um profissional relevante não mudam tanto assim. Ter um bom
relacionamento com os colegas de trabalho continuará sendo importante – ainda mais em um
ambiente​ ​em​ ​que​ ​o​ ​avanço​ ​da​ ​automação​ ​exigirá​ ​competências​ ​diferentes​ ​de​ ​cada​ ​um.
Entre os especialistas é forte a ideia de que, num ambiente cada vez mais digitalizado, a
colaboração ganhará força. “O avanço da tecnologia afetará todo mundo, do chão de fábrica ao
alto escalão”, diz Maia. “Quem conseguir passar por esse processo de mudanças sem grandes
traumas​ ​demonstrará​ ​inteligência​ ​emocional​ ​para​ ​subir​ ​na​ ​carreira.”

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