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Relatório político da delegação da UJC Brasil ao 13º Congresso Nacional da

Juventude Comunista da Grécia (KNE).


23/02/2023

O presente documento consiste no relatório das atividades executadas ao longo do 13º


Congresso da Juventude Comunista da Grécia (KNE), o qual a UJC, enquanto organização
convidada, conseguiu enviar um camarada, Guilherme Couto Berndt, Secretário de Relações
Internacionais, enquanto delegado internacional. Este relatório busca prestar contas à militância da
UJC, aspecto mínimo de qualquer instância de direção, buscando fortalecer as conexões entre
direção e base, assim como fazer imperar a mais completa transparência, servindo de substrato para
a necessária confiança política entre camaradas e entre dirigentes e dirigidos, que só pode existir
como consequência de ações que construam as condições objetivas para tal; Um segundo objetivo
deste relatório é instigar, fortalecer e impulsionar o Internacionalismo Proletário dentro de nossas
fileiras, fazendo com que a militância, de maneira geral, esteja inteirada sobre os aspectos políticos
principais que dizem respeito ao Movimento Comunista Internacional (MCI), sendo este um dos
elementos centrais para que a prática cotidiana da nossa organização, de fato, incorpore
conscientemente este que é um dos princípios políticos fundantes do Marxismo, e um dos maiores
louros da história do MCI.
O 13º Congresso da KNE ocorreu na cidade de Atenas, nas dependências da sede do Partido
Comunista da Grécia (KKE), ao longo dos dias 10, 11 e 12 de fevereiro de 2023. O mesmo quebrou
o intervalo de quatro anos desde o 12º Congresso da organização, e foi convocado sobre o lema:
“Nós somos a faísca que transformará a escuridão em luz! Com o poder das ideias
revolucionárias. Pelo Socialismo! Nós ousamos dar um grande passo em direção ao futuro,
junto do KKE. Uma KNE forte em todo lugar!”.

Sobre a Metodologia Congressual

O caderno de teses enviado pelo Conselho Central (CC, equivalente à CN da UJC) da KNE,
documento este que foi a base do debate da etapa nacional do congresso, consistiu em um caderno
de 59 páginas e 49 teses. Diferentemente da metodologia aplicada pela UJC, as teses neste caderno
não representavam cada apenas um parágrafo, mas sim condensavam um conjunto de parágrafos
que expressavam uma ideia acerca de determinado assunto,
A metodologia congressual aplicada pelos camaradas da Grécia possuiu graus de
aproximação e distanciamento com aquilo que nos é familiar. É evidente que os fundamentos e
princípios gerais são os mesmos: o amplo debate entre as bases e a liberdade de alteração vinda de
qualquer integrante da organização; Todavia algumas diferenças foram notáveis:
1. As teses escritas pelo CC da KNE foram enviadas em 29 de setembro de 2022, inaugurando
um processo congressual que durou 4 meses;
2. Neste processo, todas as Organizações de Base (OB) tiveram a oportunidade e o dever de
debater as teses, não somente entre si, mas em público, tendo sido organizado eventos Pré-
Congressuais e diálogos conduzidos de forma pública no Orgão do CC da KNE, a Revista
“Odigitis”.
3. O processo de debate nas bases, ou seja, a etapa de base, e depois a etapa “estadual” da
KNE, aconteceu em duas rodadas. Isso potencialmente contribuiu para dirimir divergências
e conseguir atingir um maior nível de síntese na etapa nacional, conseguindo centrar o
debate naquilo que era prioritário, e não perder tempo com questões secundárias.
4. Na etapa nacional, pelo menos no dia que era aberto para as delegações internacionais
(sábado, dia 11/02), não se debateu tese por tese, como é familiar a nós. O que aconteceu foi
a exposição de discursos produzidos pelos e pelas delegadas da KNE, previamente escritos e
com duração máxima de 7 minutos, que discorriam acerca de aspectos específicos das teses,
ou tratavam de temáticas gerais do Congresso, e que posteriormente eram recolhidos pela
Mesa do Congresso no sentido de serem arquivados e sua contribuição política incorporada
aos acúmulos congressuais. Ao todo, ao longo do final da noite de sexta e durante todo o dia
de sábado, foram lidos 59 discursos de diferentes delegados e delegadas. Quando indagado
alguns camaradas os mesmos afirmavam que tal metodologia permite a melhor organização
dos pensamentos e a priorização de quais assuntos cada delegado ou delegada abordaria.
5. Ao longo da noite de sexta-feira, quando o CC da KNE foi dissolvido e a Mesa do
Congresso, junto com adicionais Comissões responsáveis pelo desenvolvimento dos
trabalhos, foi instalada, a nominata apresentada previamente aos e às delegadas apresentou
um absoluto consenso, tendo a mesma sido aprovada em poucos minutos com o regimento
congressual.

Sobre o conteúdo geral político do Congresso

Os debates gerais das teses, como esperado, conseguiram abordar os mais diversos aspectos
da organização e sua atuação na realidade concreta. Todavia alguns debates se destacaram, tanto
pela intervenção dos e das delegadas no púlpito, como pela própria interpretação e assimilação do
delegado da UJC enviado:
• A tônica central do Congresso consistiu no balanço da atuação da KNE nas diferentes
frentes de luta: Movimento Estudantil Secundarista e Universitário (ambos com suas
especificidades da Grécia, que possui um sistema educacional diferente do Brasil, com
escolas vocacionais, para além das escolas padrões de ensino médio); Jovens trabalhadores;
Trabalho nos bairros; Movimento de Mulheres; Desempregados; Centros Esportivos e
Culturais e etc. Assim como as diretrizes gerais para a superação do atual estado de coisas e
da correlação de forças.
• O fortalecimento geral da KNE consiste, em primeiro lugar, no fortalecimento do trabalho
nas Organizações de Base da Juventude, espalhadas pelas mais diferentes frentes de luta e
atuação. Tal fortalecimento do trabalho se expressa na solidificação da educação política e
preparação de Quadros, e no que consiste ser um quadro da Juventude; Tal trabalho
pedagógico deve se dar pela apreensão dos debates feitos no Jornal do Partido “Rizospastis”,
pelo Órgão do CC da KNE a Revista “Odigitis” e por outros instrumentos de propaganda
vinculados ao Partido; O constante debate interno, auto-crítica e trabalho prático para
superação dos equívocos; O acompanhamento mais próximo dos organismos de direção da
Juventude com as Organizações de Base, auxiliando no planejamento, acompanhamento e
execução dos trabalhos políticos realizados; O trabalho conjunto ao KKE; O fortalecimento
financeiro da organização e intensificação da profissionalização de quadros específicos e
destacados, a serem girados completamente para o trabalho revolucionário, recebendo
salários ou auxílios financeiros da organização;

Todos os tópicos anteriormente citados estiveram presentes dentre os 59 discursos, o qual


tornaria impossível aqui reproduzir com exatidão o peso exato que cada um tomou ao longo do
congresso. Todavia, a intencionalidade política e o ânimo notado nas intervenções expressa a
vontade e o amadurecimento político que, potencialmente, elevará o trabalho político da KNE a um
patamar qualitativo muitíssimo superior nos próximos anos.

Sobre as diferenças políticas

É necessário destacar também as diferenças políticas, na avaliação do delegado enviado e


das resoluções e acúmulo político da UJC, acerca da política trabalhada pela KNE e, em outro caso,
pela política não trabalhada.
A política assumida pela KNE no que diz respeito as drogas é de uma postura ativa contra o
uso e o combate a dependências químicas derivadas do uso abusivo de drogas, e também combate
ativo a qualquer vício, como apostas, jogos e etc. É compreendido que existem interesses
capitalistas por trás da legalização irrestrita das drogas e daquilo que eles chama de “cultura e estilo
de vida das drogas”. Relacionado a isso a KNE desenvolve atividades em colaboração ao Conselho
Nacional Juvenil contra as Drogas (ESYN), assim como centros de prevenção e políticas gratuitas
de tratamento à dependentes químicos. De maneira geral, como é de se notar, a natureza desta
compreensão advém de um acúmulo profundamente diferente daquele compartilhados entre a UJC.
O segundo aspecto mais significativo que merece destaque, não pela sua formulação, mas
justamente pela ausência quase que absoluta, é a questão LGBTQIA+. Como dito anteriormente, o
que impressiona é o silêncio acerca desta temática, principalmente dentro da juventude. É evidente
que as teses as discussões advogam a luta contra qualquer tipo de opressão, todavia o mais próximo
que chega a se debater sobre isso é quando se trata da luta contra o preconceito à orientação sexual.
Portanto, o que ficou mais demarcado nas formulações é a pobreza teórica e política das mesmas
neste sentido.

Sobre o Internacionalismo e as delegações internacionais

O debate e a prática acerca do Internacionalismo e a Solidariedade Internacional parece


profundamente enraizada no cotidiano da KNE. Foi tema de uma das teses mais longas dentro do
Caderno de Teses apresentado pelo CC da organização e se expressou na presença de 28 delegações
de diferentes países: Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD); Fronte da
Juventude do Partido do Trabalho da Austria; União da Juventude de Bangladesh; União da
Juventude Comunista – Brasil; Liga Juvenil Comunista da Britânia; Jovens Socialistas do Partido
Socialista dos Trabalhadores da Croácia; Organização Unificada da Juventude Democrática –
Chipre; Juventude Comunista da Dinamarca; União da Juventude Comunista – França; Juventude
Socialista dos Trabalhadores Alemães; Liga Juvenil Comunista de Israel; Fronte da Juventude
Comunista – Itália (FGC); Juventude do Movimento Socialista do Cazaquistão; Fronte da
Juventude Comunista – México (FJC); Movimento da Juventude Comunista – Países Baixos;
Juventude do Partido do Povo Palestino (PPPY); Juventude Comunista Paraguaia; Juventude
Comunista Portuguesa; Liga da Juventude Revolucionária Comunista (bolchevique) – Rússia; Liga
Juvenil Comunista da Iugoslávia – Sérvia; Coletivo de Jovens Comunistas – Espanha (CJC); União
da Juventude Comunista – Espanha; União dos Estudantes Socialistas – Sri Lanka; Juventude
Comunista da Suécia; União da Juventude Comunista Síria – Juventude “Khaled Bagdache”;
Juventude Comunista da Turquia (TKG); Ala Jovem da União de Comunistas da Ucrânia;
Juventude Comunista da Venezuela (JCV).
Cada uma das organizações teve a oportunidade de se direcionar à plenária e ler um trecho
de suas respectivas saudações enviadas por escrito anteriormente. Cada saudação tinha 3 minutos
para ser lida, 1 minuto em inglês ou espanhol, e nos outros 2 minutos o tradutor lia o restante ou
algum outro trecho maior da saudação. Todas elas foram publicadas integralmente no site e nas
redes sociais da Revista Odigitis.
Das 28 delegações presentes, foram destacadas 13 (as que estão sublinhadas) com as quais
deveríamos tomar uma postura pró-ativa e buscar realizar bilaterais. Tais organizações foram
destacadas levando em consideração critérios políticos de maior proximidade político-ideológica,
trabalhos em conjunto, fortalecimento de um polo Marxista-Leninista dentro do contexto do MCI,
relações dentro da FMJD e desenvolvimento do trabalho prático, além é claro, de levar em
consideração um fator objetivo e um recurso muito limitado, o tempo.
Desta forma foram realizadas bilaterais com a Juventude Comunista da Grécia; Coletivo de
Jovens Comunistas – Espanha; Fronte da Juventude Comunista – Itália; Juventude Comunista da
Venezuela; Fronte da Juventude Comunista – México; Movimento da Juventude Comunista – Países
Baixos; Juventude do Partido do Povo Palestino; Liga da Juventude Revolucionária Comunista
(bolchevique) – Rússia; União da Juventude Comunista Síria – Juventude “Khaled Bagdache”;
Juventude Comunista da Turquia. O fator tempo impediu que as demais que haviam sido destacadas
fosse possível realizar as bilaterais.
As reuniões trataram de temáticas gerais, como a conjuntura política de cada país, a
correlação de forças interna, as principais lutas a serem travadas no futuro próximo, a força e
organização das Juventudes Comunistas em suas respectivas realidades, além é claro, de uma
calorosa troca de experiências entre ambas as partes e o fortalecimento de pontes de comunicação,
diálogo e confiança já existentes, e a construção de novas. Uma tônica bastante presente entre as
organizações as quais tivemos bilaterais, de maneira geral, principalmente a CJC, KNE, FJC, JCV,
FGC, TKG, Liga da Juventude Revolucionária Comunista (bolchevique) – Rússia e Ala Jovem da
União de Comunistas da Ucrânia, foi uma sólida compreensão ideológica acerca da não
composição, apoio ou aliança à Social-Democracia de seus respectivos países, o fortalecimento de
uma forte política de independência de classe, assim como o entendimento acerca do caráter
imperialista do atual conflito na Ucrânia. Particularmente este último ponto é um ponto central
dentro do debate do MCI.
O conflito na Ucrânia tem sido um divisor de águas dentro do MCI, o qual foi o estopim do
racha da Liga da Juventude Revolucionária Comunista (bolchevique) – Rússia com o seu Partido,
assim como tem enfraquecido e esfriado a relação bilateral de diversos partidos comunistas entre si
ao redor do globo. A posição de apoio ao Estado Russo em sua investida contra a Ucrânia,
incentivando e endossando as decisões, e de fato compactuando uma aliança com a burguesia russa,
tem sido denunciada enquanto o mais recente e relevante sintoma de oportunismo por parte de
diversos partidos comunistas que tem tomado esta postura.
Entretanto é necessário destacar aspectos políticos importantíssimos que vão além dos
elencados anteriormente. Aspectos estes presentes, principalmente, nas bilaterais com a KNE e com
o TKG.
A Juventude Comunista da Grécia vem avançando demasiadamente em frontes de seu
trabalho político e prático dentro de seu país. Aqui vale destacar o papel da recente conquista da
maioria dentro do Movimento Estudantil Universitário (MEU) grego, através da lista de candidatos
lançados pelo “Panspoudastiki K.S”, que corresponde à frente de atuação que a KNE faz parte e
constrói dentro do MEU. Esta vitória representou um dos mais recentes e triunfantes avanços no
trabalho de massas da KNE (34,28% dos votos), ultrapassando a representatividade eleitoral de
organização da direita (26,65% dos votos), atropelando a social-democracia (11,39%). Ao mesmo
tempo, os camaradas buscam enxergar este momento sem triunfalismos, pois compreendem que
ainda existe um longo trabalho a ser feito em reorganizar o MEU grego, fortalecendo as entidades
de base e representativas, aumentar a participação estudantil nos processos eleitorais, que ainda é
baixa, consolidar avanços políticos através de intensificação da luta de massas e da organização
concreta e por fim, elevar com ainda mais qualidade e velocidade a consciência geral das massas.
Para além do aspecto do MEU, a KNE é um exemplo acerca da formulação política e
desenvolvimento de trabalho entre Jovens Trabalhadores, principalmente aqueles condicionados e
subordinados aos trabalhos informais, de aplicativos e dos setores de supermercados de varejo e
hotelaria/turismo. A inserção crescente da Juventude Comunista da Grécia nestes setores tem se
destacado pelos fatores da necessária paciência revolucionária, firmeza ideológica e real
engajamento prático e cotidiano de solidariedade nas lutas concretas das categorias em questão.
Por fim, mas não menos importante, existe uma consciência bastante presente na absoluta
relevância da atuação e do trabalho cultural dentro da KNE em relação a qualquer um dos seus
trabalhos, seja nas universidades, escolas, locais de trabalho ou bairros. Os camaradas
compreendem que a cultura é um campo aberto de batalha da luta de classes, onde a contra-
hegemonia socialista, a crítica marxista, sem estar apartada da cultura popular, deve estar
profundamente enraizada. Assim como uma compreensão generalizada dos esportes serem uma
importante janela de possibilidades de atuação política constante, presente e atrativa para as massas
em geral, mas especificamente para a juventude.
A Juventude Comunista da Turquia (TKG), combinado ao Partido Comunista da Turquia
(TKP), talvez seja o melhor, ou um dos melhores, exemplos concretos na contemporaneidade em
um país capitalista do que significa um partido comunista capilarizado, ou que sem dúvida alguma,
está trilhando o caminho certo para uma constante e consciente capilarização. Como não poderia ser
diferente, a principal temática da bilateral com o camarada turco disse respeito ao trabalho que o
TKP está tendo diretamente no local dos terríveis terremotos que assolaram uma parcela
significativa de centros urbanos no país.
Inicialmente, tanto no trabalho político do KKE, como no trabalho político do TKP, a
presença de um jornal do Partido é uma ferramenta insubstituível. Um jornal político, que serve
justamente enquanto um organizador político das massas, que transmite a linha partidária, é palco
da exposição de uma visão crítica sobre os mais diversos e cotidianos temas (política, futebol,
cultura e etc), é um elemento padrão em ambas as experiências mais bem sucedidas e avançadas de
um Partido Comunista em contexto europeu.
O jornal do TKP é produzido atualmente na média de 40,000 cópias semanais, num universo
de 15,000 militantes do Partido, que no mínimo vendem duas vezes por semana o jornal, a qual o
Partido tem a meta de impulsionar para 50,000 cópias semanais. Cada organismo de base do TKP
tem a responsabilidade de distribuir uma quantidade proporcional ao seu tamanho de cópias, e esta é
a principal e mais constante atividade política de agitação espalhada pela Turquia através do
trabalho dos e das camaradas. A venda, muitas vezes a preço de custo, ou a distribuição do Jornal é
a ferramenta com a qual o TKP se conecta com pessoas que antes lhes eram completamente
desconhecidas, aborda temáticas relevantes do cotidiano da Classe Trabalhadora e serve enquanto
ferramenta de diálogo e convencimento. A participação de escritores, colunistas e repórteres para
além das fileiras do Partido é permitida, desde que, é claro, preserve princípios políticos basilares.
Para responder à pergunta de como o TKP conseguiu e consegue responder de maneira tão
efetiva ao desastre natural do terremoto, é necessário compreender a forma como vem sendo
desenvolvido o trabalho político comunista na Turquia.
Sem deixar de lado o trabalho sindical, estudantil, a luta das mulheres e etc, o TKP
estabeleceu uma política de estabelecimento de presença física nos mais diversos bairros dos
centros urbanos da Turquia. Esta presença física se expressa através da presença de uma sede,
independentemente do tamanho, do TKP nos bairros. Para os camaradas da Turquia o Partido só
pode se tornar relevante no contexto do país se estiver profundamente presente no cotidiano das
pessoas, e essa presença se manifesta também na presença física para além dos locais de trabalho,
mas principalmente nos bairros de maneira geral. Portanto são casas, garagens, quartos, salões,
enfim, qualquer espaço físico que todo e qualquer militante de qualquer organização de base do
Partido ou da Juventude deve estar atento e buscar estabelecer o quanto antes, quando estas ainda
não forem existentes. Estas casas são apresentadas e funcionam como eles chamam de “Casas de
Trabalhadores”, onde nas dependências são realizadas as mais diversas atividades, desde estudo,
biblioteca, centros culturais, esportes, além é claro de atividades políticas onde são imprimidas as
ideais do Partido. As casas obrigatoriamente precisam de uma agenda constante e estável de
atividades. Somente no ano passado foram abertas 70 destas casas por toda a Turquia, a meta que o
TKP possui é ter no futuro próximo 300 destas casas por todo o país, nos principais centros urbanos.
Estas casas foram a base, a fundação, de toda a malha logística do Partido para responder
com tanta agilidade e eficiência, além de organizar o próprio socorro médico e de suprimentos,
quando o Estado Turco foi completamente omisso. Através do trabalho nestas casas, da legitimidade
conquistada e aumentada pelo TKP nas mentes e corações dos trabalhadores da Turquia, pessoas
que sequer eram comunistas, enxergam no Partido uma entidade que representa seus interesses e
tem a seriedade e o comprometimento real com a Classe Trabalhadora.
Sem dúvida, tanto o KKE/KNE, como o TKP/TKG, são exemplos atuais e muitíssimo
relevantes para se buscar acompanhar de perto e ter a mais estreita, próxima e honesta relação
possível. Pois ambos conseguem traduzir na prática, para além das boas formulações, um trabalho
político responsável, de massas e significativo, e este é o ponto de inflexão fundamental para
qualquer Partido Comunista que pretenda cumprir o papel de Vanguarda revolucionária em suas
respectivas realidades nacionais.

Conclusão

Camaradas, em profunda sintonia com as resoluções aprovadas no IX Congresso Nacional


da UJC que afirmam:

“51. A Comissão de Relações Internacionais (CARI) deve, sempre que possível,


descer contribuições e relatórios sobre nossa atuação na FMJD e sobre a relação com
as outras juventudes comunistas, socializando o conhecimento com toda a militância.

59. A UJC utilizará de sua relação e contato com as outras juventudes comunistas para
a construção de acúmulos em nossos diversos locais de atuação, trocando experiências
exitosas de massificação das lutas e da atuação prática.”

conclui-se aqui o relatório do 13º Congresso da KNE. Como afirmado na abertura deste documento,
espera-se que o mesmo consiga traduzir a máxima coletivização desta tarefa. Sem dúvida é
necessário aprofundar tal ferramenta, que com as próximas experiências será cada vez mais
exercitada e aperfeiçoada.
Buscou-se com este documento reportar, informar e inspirar toda a militância da UJC com
os elementos políticos de maior relevância observados e anotados pelo camarada que representou a
UJC nesta atividade. A troca de experiências, relações políticas honestas e francas entre as
organizações comunistas são manifestações práticas e concretas da luta essencialmente
internacionalista que qualquer comunista leva no seu cotidiano. Temos muito o que aprender e a
ensinar com a intensificação da participação cada vez mais ativa e protagonística da UJC dentro do
MCI.

Guilherme Couto Berndt


Secretário de Relações Internacionais da UJC

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