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Fichamento - Caps. 1, 2, 3 e 4 - Técnicas de Gestalt
Fichamento - Caps. 1, 2, 3 e 4 - Técnicas de Gestalt
CURSO DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO ESPECÍFICO SUPERVISIONADO II
DOCENTE: Mônica Silva Silveira
DISCENTE: Layane Nascimento da Silva
FICHAMENTO
Acreditamos que uma boa prática Gestalt pode ser descrita pelas cinco seguintes
características:
• um foco nas experiências que emergem aqui e agora (por meio da awareness, da
fenomenologia e do principio paradoxal de mudança);
• elaborando um contrato;
Como conselheiro, você tem uma série de tarefas importantes a desempenhar quando
recebe um cliente pela primeira vez, e a principal delas é estabelecer uma conexão e uma
afinidade com ele.
Achamos que é proveitoso enfatizar para os clientes que a primeira sessão é uma sessão
de avaliação mútua para que as duas partes comecem a decidir se a terapia será útil e se você é o
terapeuta certo para o que é necessário.
A tomada de história é uma parte essencial da realizaçäo dessa avaliação para determinar
a adequação e a segurança da terapia.
Elas ajudarão a orientá-lo na sua obtenção da história ao indicar as áreas sobre as quais é
importante adquirir informação. Isso inclui detalhes pessoais, uma visão geral dos eventos
importantes na vida do cliente, sua história psiquiátrica, e assim por diante.
Lembre-se, é importante para a proteçäo do cliente que você mantenha o nome, endereço
e número de telefone dele separados do corpo principal das anotações.
Para muitos clientes, sugerir algum tipo de estrutura para a sessão provavelmente irá
produzir uma sensação de segurança e contenção enquanto o cliente se orienta para você e para a
situação.
Estamos procurando perceber se nossa abordagem será interessante ou adequada para
aquele cliente. Nossas intervenções experimentais nos permitem ter uma ideia de como o cliente
reage aos convites para aumentar sua awareness, se ele aceita alguma responsabilidade por sua
vida, reage bem a nossas autorrevelações ou tem a sensação do relacionamento que está se
formando.
E ético dar aos clientes alguma indicação do que esperar, já que a pesquisa demonstrou
que uma avaliação compartilhada das tarefas é uma parte importante na criação de uma aliança de
trabalho. Com frequência os clientes também estão desejosos de saber o que a Gestalt-terapia
realmente envolve
"Pratico aquilo que às vezes é chamado de 'Gestalt relacional'. Isso significa que acredito
que os padrões que emergem em nossos relacionamentos — com nossos amigos, nossa família,
nossos colegas e também com nós mesmos, são a chave para quem somos e como sentimos. Isso
inclui nosso relacionamento aqui, talvez mais até do que nos outros casos, já que estamos
discutindo questões e sentimentos muito profundos. Você irá perceber que eu muitas vezes presto
atenção naquilo que ocorre entre nós e o convido a fazer o mesmo.'
O cliente que não está preparado para os momentos de paralisação dolorosa pode se
desencorajar quando a excitação inicial da autodescoberta se desgastar. Pode ser importante,
portanto, que em sua explicação inicial do processo de terapia, você prediga que a viagem irá
envolver trabalho da parte deles, compromisso e, pelo menos por algum tempo, um aumento do
sofrimento.
Elaborando um contrato
… resultados da pesquisa em psicoterapia claramente identificam a importância para o
sucesso da terapia de uma compreensão compartilhada do resultado que se deseja obter com ela.
É, portanto, útil estabelecer um acordo sobre o que seria um resultado bem-sucedido na opinião
do cliente, especialmente porque isso dará a você alguma referência para julgar sua efetividade.
Um foco compartilhado pode ser parte de um acordo sobre aquilo que é conhecido como
um contrato de terapia soft; em outras palavras, é sobre o aumento da compreensão, a mudança
de atitudes ou perspectivas, em vez de um contrato hard sobre uma mudança ou resultado
comportamental específicos
É claro, a direçäo e o objetivo da terapia inevitavelmente mudam à medida que surge
novo material. A contratação, portanto, é um processo contínuo (às vezes na mesma sessão) —
"Como você quer usar a sessão de hoje?" Ou "O que é importante para vocë neste momento
exato?" Portanto ela pode e deve ser revista regularmente, especialmente nos casos em que a
terapia parece ter mudado seu foco ou solucionado uma questão. Também do ponto de vista da
prática profissional competente, revisões regulares são importantes
O contrato administrativo
Isso se refere ao acordo entre o profissional e o cliente sobre detalhes "comerciais" tais
como horário das sessões, local', frequência, honorários (se for o caso), política de cancelamento
e limites para a confidencialidade.
Em alguns cenários (p. ex.: assistência primária) o número de sessões é claramente
prescrito.
Dizemos também ao cliente que isso dará a ambos a oportunidade de ter uma melhor
compreensão da situação dele e de ser capaz de fazer alguma previsão de quanto tempo ele
poderá precisar estar na terapia. Normalmente a Gestalt-terapia ocorre semanalmente...No
entanto, às vezes há boas razões para variar esse padrão e é possível que alguns clientes precisem
vir com maior frequência e outros trabalhar com intervalos mais longos ou até mesmo
irregularmente.
Em suma, o contrato pode ser proveitoso para concordar sobre uma direçäo e pode servir
como um guia para garantir uma forte colaboração entre o cliente e o terapeuta. Ele lhe dá a base
e o acordo para começar o trabalho. Ele também define suas próprias fronteiras e limites de tal
forma que o cliente saberá quando você está disponível, o que você está oferecendo e o que você
não está oferecendo. Finalmente ele fornece uma medida a qual você pode retornar para revisões.
Uma palavra sobre honorários
Se você está trabalhando em um consultório particular ou para uma agência que espera
que o conselheiro negocie honorários, você estará em uma situação na qual deverá estabelecer um
acordo claro sobre os honorários a serem pagos pelo cliente.
Essa é uma área complicada para a maioria dos conselheiros. Não se enquadra facilmente
com nossa autoimagem admitir nossa falta de competência ou de recursos para ser capaz de
ajudar a todos o tempo todo! No entanto, precisamos superar nossas ânsias de onipotência e
considerar aquilo que é melhor para o cliente e para nós mesmos. Isso enfatiza a utilidade de ser
hesitante no começo da sessão de avaliação (ou no telefonema inicial).
É quase sempre melhor tentar oferecer um encaminhamento ao cliente do que
simplesmente recusá-lo. Isso nos dá a responsabilidade de estar ciente de que outros recursos
estão disponíveis em nossa área, inclusive colegas ou agências especializadas, serviços médicos e
psiquiátricos, clínicas com preços módicos, e assim por diante.
Registros são ética e profissionalmente necessários, embora não existam regras sobre que
tipo de anotação você deve fazer.
Em um extremo, portanto, as anotações poderiam ser simplesmente um registro das datas
e horas de seus encontros terapêuticos, e no outro, uma discussão detalhada de conteúdo e
processo. Portanto é uma questão de consideração e tato, bem como de ética garantir que o
compromisso respeitoso que você estabelece nas sessões de terapia esteja refletido em suas
anotações.
Também é perfeitamente aceitável manter um diário de seus pensamentos e impressões
privadas, das reações de contratransferência e assim por diante. Contanto que esse diário não
identifique especificamente qualquer cliente individual, elas não são "anotações" em qualquer
sentido profissional ou legal e são sua propriedade privada ou diário pessoal. Elas podem ser
impressões fugidias, especulações sobre diagnósticos e questões sobre sua vida e profissão que
são escritas puramente de acordo com sua própria experiência.
Suas anotações formais do cliente devem ser mantidas em um local seguro e confidencial
e só devem ser identificadas por um código ou primeiro nome.
Eles também devem ser mantidos por um certo período de tempo dependendo de seu
código de ética profissional especifico (seis anos é uma exigência normal)
Você deve deixar com esse testamenteiro as informações sobre onde encontrar os detalhes
sobre seus clientes para que ele possa destruir anotações antigas e organizar apoio e
recomendações para os clientes atuais.
Redução fenomenológica
Descrição
• Parece que você está dizendo... (ex.: "que isso é muito importante para você"
Horizontalismo
Curiosidade ativa
É preciso que você esteja interessado em como a situação surge, que sentido ela tem para
o cliente, como isso se encaixa naquilo e o que isso significa no campo mais amplo. Ao fazê-lo,
você está ajudando o cliente a explorar e clarificar sua própria compreensão. Você precisa
simplesmente estar curioso sobre tudo que o cliente vivencia.
Evite perguntas fechadas que colocam restrições e parâmetros na resposta. Por exemplo,
compare essas questões fechadas:
• "Foi difícil?"
• "Você dormiu bem?'
E mais proveitoso investigar com perguntas abertas tais como "O que ocorreu que fez
você chegar tarde?" e "Qual é a sensaçäo de chegar tarde?" Essas são perguntas dirigidas ao
processo do cliente e não ao conteúdo.
Na exploração microprocessual, convide o cliente a prestar uma atenção minuciosa a sua
experiência durante alguns segundos, a fim de que fique consciente de sua reaçäo complexa a
alguma coisa. Essa investigação quadro por quadro pode ser muito proveitosa para desfazer
momentos quando o cliente subitamente muda de rumo, mas diz "não sei' quando vocë pergunta
o que ocorreu.
O segundo modo de investigação é aquele que chamamos "adotar uma posiçäo de
ingenuidade clínica". Começa com você fazendo uma pergunta para a qual você pode bem achar
que sabe a resposta. Ele é particularmente útil quando a história que você está ouvindo não faz
sentido para você ou você está confuso.
Sua experiência fenomenológica
Aplicação clínica
Em algum momento você e seu cliente terão acumulado dados ou informaçöes suficientes
para formar hipóteses sobre a natureza das figuras emergentes específicas do cliente, o fundo não
percebido, as questões ou problemas e as possíveis intervenções que podem ser úteis.
Com clientes que funcionam em um nível mais elevado, especialmente aqueles que
chegam querendo crescimento e explorar novos caminhos, o método fenomenológico e o
despertar da awareness de um modo geral são suficientes para facilitar o que eles desejam.
- Teoria de Campo
E preciso que o conselheiro compreenda como ele está fazendo isso, que sentido ele faz
disso tudo, que padrões estabelecidos ou flexíveis ele usa para fazer contato, e o que está fora de
sua awareness no campo mais amplo de influência ou de possibilidade.
Poderíamos dizer que a awareness é estar consciente de minha existência, aqui, agora,
neste corpo. E um axioma da Gestalt que podemos recapturar essa imediação como adultos, e, de
muitas maneiras, essa é a primeira tarefa no aconselhamento e na Gestalt-terapia.
Explorando a awareness
… talvez a maneira mais óbvia e natural de aumentar a awareness é o cliente contar sua
história para alguém que a escute com plena awareness.
As zonas de awareness
Perls (1969) identificou o que ele chamou de três zonas de awareness. Elas são a Zona
Interior, a Zona Exterior e a Zona Média.
Awareness relacional
O ciclo de experiência
É uma forma simples e eficiente de rastrear a formação, a interrupção ou a conclusão das
figuras emergentes. Ela identifica estágios a partir do momento em que se vivencia uma sensação
até reconhecê-la, nomeá-la, fazer sentido dela, decidir e atuar, entrar em pleno contato, alcançar a
satisfação ou conclusão e então estar pronto para o próximo ciclo.
A decisão sobre que figura priorizar e à qual dar energia é complexa, e será parte de uma
reaçäo integrada e dependente das condições específicas do campo a qualquer momento.
Decidir que necessidade priorizar será uma combinação de intensidade, valor, relevância
naquele momento, e os apoios disponíveis em nós mesmos e no ambiente. Também podemos
precisar estar conscientes de que muitas figuras nunca alcançarão uma resolução ou satisfação e
que precisamos avaliar quando nos retirar, ainda que a satisfação não tenha sido obtida.
Ele pode ser útil como um guia para descobrir onde um processo de vivenciar a
awareness, a estimulação energética e o processo de desestimulo pode estar empacado ou
desviado, particularmente para um cliente cuja tendência é habitualmente interromper ou
adulterar seu processo no mesmo estágio do ciclo.
A paradoxal teoria da mudança proposta por Beisser (1970: 77) poderia ser chamada, mais
precisamente, de um princípio. Ela afirma que "A mudança ocorre quando uma pessoa se torna o
que ela é e não quando ela tenta ser o que ela não é". O princípio propõe simplesmente que uma
pessoa aceite e incorpore plenamente o que ela é.
O princípio pode também ser compreendido quando percebemos que se o cliente pode
chegar a essa atitude profunda de autoaceitaçäo, então ele, na verdade, está fazendo uma
mudança radicalmente diferente (e transformativa) em sua atitude normal para consigo mesmo.
Indiferença criativa
Ele tem como base a ideia de que o conselheiro não tem um interesse velado em qualquer
resultado especifico. E uma outra maneira de enfrentar a incerteza existencial do desconhecido —
uma tarefa nada simples. Ele envolve o conselheiro verdadeiramente abraçando a prática do
interesse genuino combinado com uma igualmente genuína falta de investimento em qualquer
resultado particular. O conselheiro está disposto a aceitar seja lá o que "é e que se torna".
Capítulo IV: Relacionamento terapêutico
A aliança de trabalho
Relação dialógica
O conceito foi desenvolvido a partir das ideias do filósofo Martin Buber (1958/1984) e
pode ser descrito como:
Uma atitude de sentir/perceber/experienciar genuinamente a outra pessoa como uma
pessoa (e não como um objeto ou parte-objeto) e uma disposição para "ouvir" profundamente a
experiência da outra pessoa sem prejulgamento. Além disso, é a disposição para "ouvir" o que
não está sendo falado e "ver" o que não é visível (HYCNER & JACOBS, 1995: xi — ênfase no
original).
Um terapeuta que oferece uma relação dialógica precisa estar completamente presente,
compreendendo, validando e sendo autëntico com seu cliente.
Uma relação dialógica começa com o terapeuta aceitando um "compromisso com o
diálogo" com aquele espaço do relacionamento em que tanto o terapeuta quanto o cliente são
afetados e modificados pelo encontro. Ela pode então ser descrita por várias qualidades, que
foram enfatizadas de maneira diferente por autores diferentes, mas que fundamentalmente
incluem quatro elementos: presença, confirmação, inclusão e disposição para uma comunicaçäo
aberta.
-Presença: Na sua forma mais simples, presença significa que o conselheiro está
totalmente presente para o cliente. Ele tenta tanto quanto possivel estar no aqui e agora. Traz tudo
de si mesmo e está disposto a encontrar o cliente de uma maneira honesta e autêntica.
- Confirmação: Nossas comoções mais profundas de autoapreciaçäo, autoamor e
autoconhecimento vêm à superfície na presença da pessoa que experienciamos como sendo
totalmente tolerante (ZINGER, 1975: 60). O conselheiro da Gestalt tenta aceitar ou manter não só
aquilo que é figural para o cliente, mas também aquilo que é alienado, distorcido, ou não
consciente. Isso inclui o potencial do cliente — a pessoa que ele pode se tornar.
Isso é a tentativa de o conselheiro incluir a experiência do cliente em sua área de
compreensão. E a prática de ser receptivo para uma "sensação sentida", incorporada, do cliente
no momento, sem perder o sentido de sua própria experiência subjetiva.
A inclusão é uma ressonância cognitiva, emocional e somática implícita, que permite ao
conselheiro experienciar plenamente o campo intersubjetivo no momento do aqui e agora.
A inclusão também compreende a awareness que o conselheiro tem de seus próprios
sentimentos, reações e experiências.
- Comunicação a inclusão: A inclusão pode muitas vezes ser transmitida expressando-a
diretamente ao cliente. Ela é comunicada por meio da atitude, da postura, do tom de voz, enfim
por todo o contato não verbal que você faz com seu cliente. Ser inclusivo pode ter um efeito
profundo para a cura; pode aprofundar a aliança de trabalho, promover a confiança e validar a
experiência do cliente. No entanto, a comunicação de seu entendimento verbalmente pode
acrescentar uma dimensão mais potente e mais profunda à compreensão e aceitação que o cliente
tem de si mesmo.
- Disposição para a comunicação aberta: A comunicação aberta é o quarto princípio da
relação dialógica. Seu cliente deve se sentir livre para lhe comunicar qualquer coisa que ele
experiencia. É importante também que vocë esteja disposto a lhe comunicar abertamente suas
reações no espírito de um encontro autêntico.
De um modo geral, acreditamos que é ter a atitude de disposição para praticar uma
comunicação aberta com seu cliente que é mais importante. Se você o faz ou não escolhe se
comunicar é uma questão para cada encontro específico.