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Aula 02.

Os processos educativos na constituição do


sujeito na interface Psicologia, Educação e Educação
Física.
Profa. Me. Iara Oliveira Meireles
Os processos identitários
● Deschamps e Moliner (2009) ao citar Doise (1978) destacam que a
identidade é construída socialmente no indivíduo, sendo modulado em
cada circunstância social, guiando ações dos sujeitos, indispensável para
o funcionamento da sociedade.

● Evidencia-se que sob o ponto de vista da Psicologia Social, a identidade


não é vista como algo estatizado e inerte. Neste sentido, observa-se que
não há uma identidade única expressa pelo sujeito, mas “identidades
plurais” Goffman (1973, p. 24).
A constituição do Sujeito
● A THC postulada por Vigostki traz uma compreensão do ser humano caracterizada
pela dialética a qual destaca que o indivíduo transforma o mundo, mas também é
transformado pelo meio. O autor menciona que não há uma diferenciação entre o
biológico e o social, pois ambos compõem o sujeito, salienta a importância de
romper com esta dicotomia. Menciona ainda, a importância das relações pelas
quais o sujeito vai ser constituído a qual denominou como relação eu-outro
(MOLON, 1999).

● Observa-se que as relações sociais ocupam um papel primordial para que o


indivíduo se constitua enquanto sujeito. A partir deste pensamento pode-se dizer
que o surgimento da consciência da própria subjetividade não se dá de forma
isolada, mas da relação entre o eu e o outro.
A tríade: sujeito-sociedade-subjetividade

● Cada vez mais, observa-se a preocupação em que os estudos da área de


Ciências Humanas vêm se dedicando a discutir o ser humano e suas
relações a partir do olhar integral, sem cisões e/ou polarizações.

● Torna-se importante mencionar o lugar em que esses saberes acontecem e


são apropriadas e partilhadas pelos sujeitos. É no cotidiano da esfera social
que ocorre a relação sujeito-sociedade-subjetividade, numa perspectiva de
construção simbólica do real.
● Ex. Faz de conta
O papel da Linguagem

● Para Souza (2017) os estudos de Vygotsky possibilitaram a análise da


constituição da subjetividade por meio do papel da linguagem, criando um
sistema explicativo, que parte do social para o sujeito sem desconsiderar o
seu caráter ativo e constituinte. Para o autor, o fenômeno psicológico é tido
como um fenômeno particular, passível de ser analisado em sua condição
social e dos aspectos psicológicos.
O Social e a Cultura

● Entende-se que a aprendizagem ocorre mediante um intenso processo de


interação social. Por meio do qual o individuo vai internalizando os
instrumentos culturais, assim, as experiências compartilhadas com outras
pessoas é que vão permitir à ressignificação individual do que foi
internalizado (SILVA e SCHNEIDER, 2007).

● Ex. Amala e Kamala “As meninas lobos”


A dimensão cognitiva e o afeto

● A cognição e afeto não são dissociados, eles se inter-relacionam e influenciam


reciprocamente ao longo de todo seu processo de desenvolvimento. O que origina o
pensamento são as emoções, desejos, impulsos, necessidades, motivações,
interesses e inclinações do ser humano, e este, por sua vez, exerce influência sobre o
aspecto afetivo-volitivo.

● Arantes (2003) comenta sobre a importância da afetividade segundo a teoria Histórico-


cultural de Vygotsky (1996), o sujeito, da mesma maneira que aprende a pensar, a agir
e a falar, através da herança de sua cultura e do convívio com o outro, aprende a
sentir.
Exemplo:

● Os problemas na aprendizagem parecem ocorrer em consequência de um desequilíbrio, resultante


de alteração num dos fatores, ou cognição ou afetividade, ou na relação entre ambos.
Exemplificando, no que concerne à cognição do ponto de vista pedagógico, psicológico e
psicanalítico, um indivíduo poderá apresentar dificuldades de aprendizagem em diversas áreas da
educação(KUPER, 2003; SILVA, 2009).

● Além disso, a pessoa pode ter problemas na aprendizagem, consequentes de patologias variadas e
comprometimento do funcionamento cognitivo (por exemplo, a disfunção no uso da orientação
espacial que impede a localização adequada de objetos).

● Esses problemas podem ainda ser resultantes de relações familiares disfuncionais (tais como
abuso físico, psicológico ou sexual, ou pais alcoólatras e agressivos), e da falta de interação
adequada e afetividade com o professor, o que pode levar a desmotivação, tristeza e incapacidade
de se concentrar nas disciplinas, principalmente nas que são mais complexas (KUPER, 2003).
A socialização e apropriação do conhecimento

● O homem já nasce inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do


homem significa, em qualquer sociedade, que o indivíduo adquire todas as
habilidades imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade (camada
social) em questão. É adulto quem é capaz de viver por si mesmo a sua
cotidianidade (HELLER, 1985. p.18)
Os processos educativos

Formais Não-
formais
Sujeito
A mediação em Vygostky

● Para Souza (2006) os estudos de Vigotski possibilitaram a análise da constituição da


subjetividade e do papel da linguagem neste processo, criando um sistema explicativo,
que parte do social para o sujeito sem desconsiderar o seu caráter ativo e constituinte.
Para o autor, o fenômeno psicológico é tido como um fenômeno particular, passível de
ser analisado em sua condição social e dos aspectos psicológicos.

● Este processo se dá pela mediação, em que há apreensão do particular e universal.


Dessa forma, é possível compreender o sujeito a partir da classe e da sociedade
pertencente, em consonância com a sua história de vida e o dado momento histórico
da sociedade (SOUZA, 2006).
A utilidade da Psicologia na EF como prática
emergente
● Romper com a cisão corpo-mente;

● O conceito de atividade em Vigostki;

● Na concepção de Vigotski (1995), a atividade mediadora pode ser de dois tipos: uma que implica no
uso de ferramentas e outra no emprego de signos. Isso implica em entender que apesar de fazer
parte da filogênese do homem a possibilidade de andar, correr, saltar, entre outras habilidades
“motoras”, só se materializarão se forem criadas relações sociais em que tais habilidades sejam
aprendidas. Essa aprendizagem não é apenas motora, mas implica em toda reorganização de
estruturas psíquicas (cognitivas, afetivas), já que andar, por exemplo, não é apenas a execução
mecânica de um movimento de colocar alternadamente uma perna na frente da outra, com o uso de
certa força e equilíbrio. Além disso, esse movimento é aprendido num dado contexto social, em que a
criança, por exemplo, aprende a importância desta habilidade, os ganhos que podem oferecer a ela,
desde melhor locomoção ao carinho dos cuidadores.
A utilidade da Psicologia na EF como prática
emergente
● Outro aspecto importante que merece ser apontado, que aparece
constantemente em questionamentos de alguns alunos da EF é a ideia do
dom, especialmente voltado para determinadas habilidades. Há a concepção
que algumas pessoas nascem com o dom para jogar futebol, fazer acrobacias,
dançar, lutar, etc. A psicologia histórico cultural não descarta a possibilidade de
alguns indivíduos nascerem com particularidades que facilitam o aprendizado e
desenvolvimento de determinadas habilidades ou capacidades. Essa
particularidade é denominada de aptidão. “As aptidões são apenas uma das
condições para a formação das capacidades; em si mesmas não as
predeterminam” (SMIRNOV et al., 1960, p. 436).
A utilidade da Psicologia na EF como prática
emergente
Os sentidos podem ser manifestados por meio da linguagem, juntamente com o
significado, nas mais diferentes formas, como nos gestos, nas pausas, nas
entonações de voz, nas contradições de discurso. Os sentidos só podem conferir
à consciência do sujeito a singularidade por ser constituído, fundamentalmente,
por emoções, afetos e sentimentos, que vão se constituindo conforme o
desenvolvimento da atividade, da personalidade e da própria consciência. Um
mesmo significado pode ter diferentes sentidos entre os sujeitos, nos diferentes
períodos do desenvolvimento e, em alguns momentos, um tem maior
preponderância que o outro (LURIA, 2001).
REFERÊNCIA
ARANTES, V.A. Afetividade na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo:
Summus Editorial, 2003.

DESCHAMPS, J. A identidade em psicologia social: dos processos identitários às


representações sociais: tradução de Lucia Orth. Petrópolis, RJ Vozes, 2009.

GOFFMAN, E. La mise em scéne de la vie quotidienne -1 La présentation de soi. Paris:


Minuit.

HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. São Paulo: Paz e Terra, 1995; 2004.

KUPER, M.C.M. Afetividade e cognição: uma dicotomia em discussão. São Paulo:


Summus, 2003.

MOLON, S. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. São Paulo : Educ,


1999.
REFERÊNCIA

LURIA, A. R. Pensamento e linguagem: as últimas conferências de Luria. Porto Alegre:


Artmed, 2001.

SOUZA, G. Teoria Histórico-Cultural e aprendizagem contextualizada. Universidade


Federal do Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/psicoeduc/gilvieira/2011/02/02/teoria-historico-cultural-e-aprendizagem-
contextualizada/> Acesso em: 14 de abril de 2017.

SMIRNOV, A. A. et al. Las capacidades. In: SMIRNOV, A. A. Psicologia. México: Grijalbo,


1960. p. 433-448.

VYGOTSKI, L. S. Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. In:


VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas. Madri: Visor/MEC, 1995, pp. 11-340. v.3
OBRIGADA!

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