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1726445
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Acórdão Nº 1726445
EMENTA
2. Nos termos do art. 921 do CPC, com a nova redação dada pela Lei n. 14.195/2021, a prescrição
intercorrente inicia-se com a intimação da primeira diligência infrutífera e suspende-se pelo prazo
máximo de um ano.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Cuida-se de apelação interposta pelo exequente BANCO DE BRASÍLIA S/A contra a sentença Id
46385071 proferida nos autos da execução de título extrajudicial ajuizada em face de ELZA LÚCIA
DE JESUS PEREIRA e OUTROS, que julgou extinta a execução por reconhecimento da prescrição
intercorrente, com fundamento no artigo 924, inciso V, do CPC, sem condenação ao pagamento de
custas e honorários.
Em suas razões recursais (Id 46385073), a parte exequente sustenta que, no caso, deve ser observada a
prescrição quinquenal do direito material prevista no art. 206, § 5º, I, do Código Civil e, por
conseguinte, a prescrição intercorrente deve ocorrer no mesmo prazo.
Argumenta, outrossim, que não houve intimação para manifestação prévia, de modo que não há falar
no decurso de prazo prescricional intercorrente, pois o marco inicial é a intimação pessoal da parte para
dar andamento no feito.
Para a garantia de eventual recurso especial ou extraordinário, prequestiona toda a matéria arguida nas
razões de recurso.
Ao final, requer que o recurso seja conhecido e provido para cassar a sentença apelada, a fim de afastar
a prescrição intercorrente e determinar o regular andamento do feito na origem.
É o relatório.
VOTOS
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald conceituam a prescrição intercorrente como sendo
aquela “verificada pela inércia continuada e ininterrupta do autor no processo já iniciado, durante um
tempo suficiente para a ocorrência da própria perda da pretensão” (in Curso de direito civil: parte
geral e LINDB, 13. ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo: Atlas, 2015 – pg. 636).
Assim, a prescrição intercorrente se verifica no curso do processo, por abandono de quem deduz a
pretensão ou a executa, durante um lapso correspondente ao próprio prazo prescricional, sempre que
sua inércia não puder ser suprida pelo julgador.
Nesse contexto, a prescrição da ação de execução de cédula de crédito bancário ocorre no prazo de
três anos, nos termos do artigo 44 da Lei nº 10.931/2004 e do artigo 70 da LUG (Decreto nº
57.663/1966), abaixo transcritos.
“Art. 44. Aplica-se às Cédulas de Crédito Bancário, no que não contrariar o disposto nesta Lei, a
legislação cambial, dispensado o protesto para garantir o direito de cobrança contra endossantes, seus
avalistas e terceiros garantidores.”
“Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em três anos a contar do seu
vencimento. As ações do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano, a
contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se se rata de letra que
contenha cláusula ‘sem despesas”. As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador
prescrevem em seis meses a contar do ia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi
acionado.”
(AgInt no REsp 1675530/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 26/02/2019, DJe 06/03/2019)
(...)
(...)
§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual
se suspenderá a prescrição.
§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam
encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de
prescrição intercorrente.
§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.”
Além disso, findo o prazo de um ano, sem a indicação de bens, a jurisprudência é pacífica no sentido
de que, o prazo prescricional começa a correr automaticamente, sendo prescindível a intimação do
credor para dar andamento ao feito.
In casu, após restarem infrutíferas as diligências para localização de bens do devedor, a decisão Id
46385053 suspendeu a execução e o curso do prazo prescricional, em 01/06/2017, a qual foi
disponibilizada no DJe dia 06/06/2017 – Id 46385054.
Já pelo despacho Id 46385068, escoado o prazo prescricional o exequente apelante foi intimado a
manifestar-se quanto à prescrição intercorrente, cumprindo a exigência do art. 921, § 5º, do CPC.
Verifica-se que o banco exequente não promoveu o andamento adequado do feito, mediante a
realização de diligências efetivas e eficazes que pudessem localizar bens da executada passíveis de
penhora por vários anos, uma vez que a mera formulação de requerimento para realização de
diligências que se mostraram infrutíferas a localizar bens do executada, para fins de penhora, não
suspende nem interrompe o prazo de prescrição intercorrente (AgInt no AREsp 1165108/SC, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/2/2020, DJe 28/2/2020) e (
REsp 1732716/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
15/5/2018, DJe 2/8/2018).
Entretanto, a Lei nº 14.010/2020 (Dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das
relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do coronavírus (Covid-19))
determinou, em seu artigo 3º, a suspensão de prazos no período de 10/06/2020 até 30/10/2020.
Nesse sentido:
É como voto.
DECISÃO