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Francisco Varder Braga Junior

COMUNICAÇÃO
EDUCACIONAL
Francisco Varder Braga Junior

COMUNICAÇÃO
EDUCACIONAL
©2018. Direitos Morais reservados ao autor: Francisco Varder Braga Junior. Direitos Patrimoniais cedidos à Editora da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (EdUFERSA). Não é permitida a reprodução desta obra podendo incorrer em
crime contra a propriedade intelectual previsto no Art. 184 do Código Penal Brasileiro. Fica facultada a utilização da obra
para fins educacionais, podendo a mesma ser lida, citada e referenciada. Editora signatária da Lei n. 10.994, de 14 de
dezembro de 2004 que disciplina o Depósito Legal.

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Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


Editora Universitária (EdUFERSA)

S861r B813c Braga Junior, Francisco Varder.

Comunicação educacional / Francisco Varder Braga Junior — Mossoró: EdUFERSA, 2018.

68p.: il. color

ISBN: 978-85-5757-088-7.

1. Comunicação. 2. Comunicação humana. 3. Comunicação - Metodologia. 4. Comunicação -


Ensino. 5. Processo educacional. I. Título.

EdUFERSA CDD – 302.2

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Responsável pela Diretoria da Educação à Distância
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Arte da capa
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Edição
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Danielle França Ribeiro - Assistente Financeiro

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Reginaldo Castro da Silva Júnior - Estagiário
Manoel Alcino de Lima Neto - Estagiário
Maria Denise de Souza Nóbrega - Revisão Linguistica

http://nead.ufersa.edu.br/
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Este livro didático dará a base conceitual necessária para que você possa atuar
na docência de forma a construir práticas e ambientes coerentes a sua realidade
institucional e profissional no que tange ao ato de produzir uma comunicação
persuasiva e saudável, mediante a eliminação de barreiras comunicativas em
qualquer situação educacional.
Temos como objetivo principal desenvolver uma visão transversal, perpassando
todos os níveis e circunstâncias educacionais, com o intuito de conscientizá-lo da
importância do papel da comunicação oral no seu desempenho profissional bem
como na aquisição de novos conhecimentos e aprendizagens.
Dessa forma, buscaremos com os conteúdos trabalhados neste livro levar você a:
• Desenvolver a capacidade comunicativa e persuasiva a partir dos
conhecimentos e técnicas específicas direcionadas aos cuidados vocais para com o
ensino e a aprendizagem;
• Promover a habilidade comunicativa para impedir as interferências do nível
coloquial da linguagem nas situações de formalidade cada vez mais frequente quer
na sua vida acadêmica, quer na profissional;
• Propiciar oportunidades de expressividade, tendo em vista a clareza e a
adequação da transmissão de suas ideias por meio da fala, eliminando as barreiras
de comunicação existentes;
• Compreender conhecimentos e práticas de ensino, bem como metodologias
e técnicas de apresentação, postura em sala de aula, condutas comunicativas e
relações interpessoais na instituição educacional.
Contudo, esperamos que você se sinta motivado e envolvido com as temáticas
que abordaremos na intenção de sensibilizá-lo para importância da comunicação,
pois ela é extremamente necessária para seu sucesso profissional e de todos os que
de certa forma a utilizará como modelo, referencial ou formação.
Boa leitura e bons estudos!
SOBRE O AUTOR

FRANCISCO VARDER BRAGA JUNIOR

Graduado em Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza


- UNIFOR, especialista em Audiologia e em Fonoaudiologia
Educacional pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFª.
Tenho pós-graduação em Administração Hospitalar e Sistemas
de Saúde pela Universidade Regional do Cariri - URCA. Realizei
meu curso de mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
na Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, cuja
temática de defesa de dissertação foi “Saúde vocal e docência
no ensino superior”.
Atuei na Fonoaudiologia Clínica e educacional com as diversas deficiências,
síndromes, distúrbios e dificuldades na comunicação humana (fala, voz, audição
e linguagem oral e/ou escrita) e aprendizagem, fazendo promoção e prevenção
da saúde, diagnóstico, habilitação, reabilitação e pesquisa. Também tive a
oportunidade de trabalhar e desenvolver projetos com gestantes, idosos e
bebês. Na Educação, trabalhei com a formação de professores, nas linhas de
Saúde Vocal do Professor, Ensino e Aprendizagem. Ainda, desenvolvi trabalhos
nas áreas de Saúde Mental e Ocupacional, na clínica e na pesquisa.
No ensino superior fui professor de disciplinas nos cursos de graduação
em Enfermagem na URCA, Licenciatura em Ciências Biológicas e Licenciatura
em Matemática presencial e a distância na UFERSA, bem como nas disciplinas
de Deficiência Auditiva e AEE, Atendimento Educacional Especializado - AEE
e Transtorno do Espectro Autista - TEA, nos cursos de aperfeiçoamento e
de especialização em Atendimento Educacional Especializado, desta mesma
instituição, além de ministrar diversas palestras, oficinas e cursos voltados
para área de comunicação, docência e Educação Especial. Ainda estive
como coordenador adjunto no Núcleo de Educação a Distância UAB/UFERSA
no período de 2012/2013, coordenador do curso de aperfeiçoamento em
Atendimento Educacional Especializado (2015), coordenador do curso de
especialização em AEE (2016/2017), coordenador do curso de aperfeiçoamento
em AEE para estudantes com transtorno do Espectro Autista (2017/2018) e
revisor de conteúdo de cadernos didáticos para Educação Especial. Escrevi
alguns livros e publiquei alguns trabalhos científicos. Tenho como foco de
estudo e trabalho a Fonoaudiologia Educacional, no que se refere aos temas:
Educação Especial/Inclusão, Voz Profissional e Educação a Distância.
SUMÁRIO
UNIDADE 1: Comunicando...
1.1 Evolução da comunicação humana, seus contextos e conceitos.
1.2 O processo de comunicação e os diferentes tipos de Linguagens.
1.3 A Comunicação e o mundo contemporâneo.

UNIDADE 2: Comunicado...
2.1 A comunicação e sua interface com a educação numa abordagem interdisciplinar.
2.2 O sistema de comunicação nas organizações educacionais.
2.3 As possibilidades de comunicação entre professores e alunos, e as mudanças sociais
produzidas pelo conhecimento através dos meios de comunicação.

UNIDADE 3: Comunicando-se
3.1 A comunicação e sua relação entre objetivo, público e assunto (sensação, percepção,
afetividade, cognição, motivação, comportamento e empatia).
3.2 Fundamentos da comunicação para conversação em público: técnicas e estratégias de
comunicação oral, expressividade e performance comunicativa.
3.3 Uso profissional da voz para a docência e as implicações com seu ambiente de trabalho.
I COMUNICANDO...

Nesta unidade, abordaremos a comunicação numa perspectiva


teórica, tendo seu processo histórico como referência, enfatizando
características de determinadas sociedades ou comunidades, dentro
de um espaço e tempo determinados. No entanto, sabemos que em
uma abordagem de historiografia contemporânea, os acontecimentos
e concepções não ocorrem de forma linear, temporal e espacial bem
definidas.

O propósito desta unidade é fornecer uma visão global de como


a comunicação se desenvolveu e se especificou na nossa sociedade,
considerando os diversos meios de linguagens e seu processo
comunicacional ao longo dos séculos, nos mais variados segmentos da
sociedade.

Queremos que você perceba, principalmente, o panorama atual


da comunicação e sua importância na vida profissional e pessoal das
pessoas. E faça um contraponto com as comunidades e séculos passados,
desenvolvendo a capacidade de projetar o futuro dessa ferramenta.

Desta forma, temos como objetivos:

- Estudar a evolução da comunicação humana, suas teorias e


conceitos;

- Apropriar do processo de comunicação, seus contextos e os


diferentes tipos de Linguagens;

- Refletir sobre a Comunicação e o mundo contemporâneo.


I - COMUNICANDO...

1.1- Evolução da comunicação


humana, seus contextos e conceitos
UN 01

A comunicação humana iniciou-se com a convivência dos homens primitivos em pequenas


comunidades. Nessa época, os homens se comunicavam entre si por meio de gritos ou
grunhidos, gestos ou utilizando objetos para produção de sons.
Com o desenvolvimento da linguagem oral, a comunicação passa a ser mais compreensível
e utilizada entre os membros do grupo. Cada grupo social criava seus próprios códigos
linguísticos, aparecendo o diálogo entre o grupo. Porém, essa linguagem oral primária possui
algumas limitações, relacionadas tanto ao registro quanto a abrangência. Dessa forma, para
registrar suas mensagens e/ou ideias, os sujeitos recorreram ao desenho e, mais tarde, criaram
a linguagem escrita.

Figura 01 - Desenhos nas paredes das cavernas

Fonte:http://www.versoseuniversos.com.br/versos_e_universos_da_arte/pinceladas_
13
sobre_arte_13/index.htm

Os desenhos feitos nas paredes das cavernas foram tomando um sentido convencional
e passaram a designar conceitos abstratos, transformando-se em ideogramas. Nesses
ideogramas, os signos, tinham correspondência direta entre o desenho e o objeto representado,
a sequência dos signos reproduzia a cronologia dos eventos narrados.
A escrita, inicialmente, seguia a mesma sequência da língua falada, depois sílabas que
se uniam e formavam palavras. Em seguida, surgiram os signos alfabéticos que reproduziam
graficamente a voz humana. E assim, vários povos foram se apropriando e desenvolvendo
cada vez mais a escrita, até que os Fenícios, em função dos diversos contatos comerciais que
mantinham com diferentes povos, sentiram necessidade de um meio prático para facilitar a
comunicação e desenvolveram uma das mais fabulosas invenções da história humana: o alfabeto.
O Alfabeto Fenício era composto por 22 sinais, sendo, mais tarde, aperfeiçoado pelos
gregos que lhe acrescentaram outras letras. O alfabeto grego deu origem ao alfabeto latino que
é o mais utilizado atualmente.
Um marco importante na história da comunicação humana foi quando os homens
perceberam que os nomes de objetos eram compostos por unidades de som, os fonemas. Com
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I - COMUNICANDO...

os fonemas, os signos podiam representar as unidades de som e não mais objetos ou ideias. Com
esse fato, os signos gráficos passam a representar unidades de som menores que as palavras,
dando origem ao conceito de letras. Assim, qualquer pessoa podia aprender a combinar os
sons sem ter que conhecer as equivalências dos signos gráficos com ideias e objetos.
Bordenave (2003), fala que apesar de existirem os alfabetos, por muitos séculos a cultura
transmitiu-se oralmente, pois não havia uma maneira prática e rápida para a transmissão
das informações escritas de um determinado local para outros mais distantes, a maioria das
informações eram feitas em pedras e pergaminhos de couro.
Na Antiguidade, a voz se constituía no mais importante elemento de comunicação e de
transmissão de conhecimentos por ser acessível a todos. A polis grega elevou ao máximo o prestígio
da oratória e a partir daí apareceram às primeiras escolas de filosofia onde os mestres falavam
não somente de filosofia, mas também de política, artes, ciências e sociologia. Sendo assim, a voz
precisava ser corretamente expressada para que pudesse transmitir com clareza a mensagem. Em
especial, os artistas do famoso Teatro Grego observaram a necessidade do uso requintado da voz,
originando os primeiros ensinamentos a respeito do seu uso profissional (PORDEUS et al., 1996).

Figura 02 - Oradores famosos

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Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=image
14

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Foi somente na Europa do século XV que os professores de técnica vocal, tanto para a
voz cantada, como para a voz falada, tiveram seu reconhecimento. Entretanto, apenas no final
do século XIX, com o desenvolvimento de mecanismos para o estudo do aparelho fonador,
foi possível o conhecimento da anátomofisiologia da laringe, possibilitando a realização de
diagnósticos mais precisos, bem como o desenvolvimento de propostas terapêuticas mais
eficazes, beneficiando a todos e, principalmente, àqueles que fazem da voz o seu instrumento
de trabalho (PORDEUS et al., 1996).
Antes do advento da imprensa, já havia redes organizadas de comunicação funcionando na
Europa, controladas por instituições ou pessoas importantes da época, como: a Igreja Católica,
as autoridades políticas dos estados e principados, e os comerciantes. Todas voltadas para
seus interesses, dentre eles: o de utilizar essas redes de comunicação para ter contato com o
clero e as elites políticas dispersas pelo continente, de servir como ferramenta de facilitação
na administração e pacificação de cada território, e criação de uma própria maneira de
comunicação para fornecer informações aos seus clientes, no caso dos comerciantes.
As informações também eram transmitidas às cidades e aldeias por meio das redes de
comerciantes, mascates e entretecedores ambulantes. Ao se reunirem em espaços públicos de
uma localidade, relatavam acontecimentos ocorridos em lugares mais distantes. Essas redes

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de comunicação se desenvolveram e deram origem ao correio e a imprensa para produção e


disseminação de notícias.
O correio na antiguidade se caracterizou por uma linha regular de troca de informações,
a qual, para manter sua regularidade, era dotada de infraestrutura permanente. Referências
do ano 2400 a. C. atestam a existência, já àquela época, da profissão de mensageiro no Egito.
Historiadores relatam também que nenhum correio da Antiguidade mostrou-se tão bem
organizado quanto o dos persas.
As notícias eram manuscritas e se caracterizavam por uma carta circular que passava de
mão em mão e, depois de lida, reproduzia-se de boca a boca. As cartas eram trocadas, sendo
assim, as informações circulavam entre um grande número de pessoas em diferentes lugares.
O jornal impresso foi um dos acontecimentos mais marcantes da evolução da comunicação.
É necessário fazer distinção entre jornal e tipografia. O jornal impresso somente surgiu um
século e meio após o advento da tipografia. Antes do aparecimento do jornal impresso, porém,
tivemos o jornal feito à mão, representado pelas gazetas manuscritas dos séculos XV a XVIII,
as quais as pessoas começaram a reunir os noticiários variados em um texto único, do qual
tiravam cópias escritas à mão para vender. Segundo Costella (2002, p. 22), “o jornal impresso
tipograficamente surgiu pela associação de vários elementos, dentre os quais sobrelevam em
importância o papel, a tipografia e o correio”.
Para alguns historiadores, o registro mais antigo de jornal impresso da história é o “Noviny
poradné celého mesice zari léta 1597”, cujo nome pode ser traduzido para “Jornal completo do
mês inteiro de setembro de 1597”.
No Brasil, a história da impressa não se configura como uma aplicação da realidade ou
necessidade da população do país como marca as teorias europeias ou norte-americanas.
E sim, para mascarar uma realidade, no intuito de evitar o embate com as complexidades,
15
contradições e misturas que marcam a realidade nacional do nosso país.
O Brasil sempre foi, segundo Barbosa (2013), uma sociedade onde prevaleceu uma
comunicação oral devido ao aglomerado das cidades e grau de instrução da maioria das
pessoas. No período colonial, leituras públicas, fofocas e conversas pelas ruas alimentavam a
comunicação nas cidades. Já nas fazendas, o universo dos escravos, na sua maioria, comportava
rituais que envolviam música, dança e rimas, atravessado pelas letras dos seus senhores. Com
a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, e a disseminação do comércio devido à chegada
de diversos estrangeiros, a escrita passa a fazer parte da realidade do povo, mas envolvida em
um mundo marcadamente oral. O letramento tropical é assim atravessado pela fala.

Figura 02 - Representação da impressa antiga


Fonte: http://www.secult.es.gov.br/noticias/listar/page:25

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A implantação tipográfica no Brasil mais conhecida e relevante foi quando Antônio Isidoro
da Fonseca Imprimiu quatro modestos folhetos. Um deles foi a “Relação de Entrada” em 1747,
no rio de Janeiro, só em 13 de maio de 1808, Dom João, institui a Imprensa Régia, surgindo o
primeiro jornal impresso no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro”, tendo seu primeiro impresso
em 10 de setembro de 1808.
Logo em seguida, século XIX, veio aparições mais frequentes entre o público, com o uso
de imagens em revistas e jornais, graças a tecnologia como a litografia e a fotografia. Paralelo
a isso, o telégrafo surge como importante tecnologia da comunicação que possibilita uma
aceleração brutal na circulação de informações, iniciando um sistema de redes interligadas.
Já no século XX, com o processo de industrialização no Brasil, os jornais têm outra
formatação e seus números de tiragens são cada vez maiores. O rádio passa a ser peça
importante na dinâmica cotidiana, pois a “Era de Ouro” do rádio seria responsável por instaurar
uma linguagem verbal toda própria, por meio de suas novelas, noticiários e cantos.
Na segunda metade do século XX, a televisão já ocupava lugar de destaque na sala dos
brasileiros, apresentando o mundo através da tela, atração esta, ainda de poucos, porém de
cunho coletivo. A TV Globo surge após o golpe militar e se consolida na década de 1970 como a
maior emissora do país. Os telejornais e as novelas ganham força como as principais atrações
para o povo brasileiro.
O século XXI é marcado por grandes transformações e mudanças sociais, sendo a maior
responsável por essa metamorfose, ocorrida no mundo contemporâneo, a tecnologia. A
globalização e as tecnologias da informação e comunicação trouxeram uma nova realidade
às relações sociais. Tais transformações ocorreram de forma tão rápidas que ainda hoje
temos dificuldades de lidar com determinadas situações no nosso cotidiano. Logo, o universo
16 comunicativo fica mais complexo e a televisão passa a ter fortes concorrentes em um processo
em que hibridizações, misturas e convergências parecem ditar as regras.
Nesse sentido, podemos observar que a cultura da comunicação oral tem uma maior
abrangência e presença entre os povos e o tempo, e que sua evolução acontece paralelamente ao
desenvolvimento dos meios de comunicação. Contudo, os meios de comunicação têm diversas
finalidades, dentre as quais informar, manipular, persuadir, educar, entreter, influenciar e
interferir na vida dos indivíduos, que de alguma forma participam dele, sendo emissores ou
receptores da mensagem que é transmitida.

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1.2 - O processo de comunicação


e os diferentes tipos de Linguagens
UN 01

Do processo histórico da comunicação podemos destacar como elementos essenciais


utilizados até hoje para produção de uma boa performance comunicativa: a valorização da
retórica e a persuasão, ambos herdados da Grécia Antiga, porém, propagados de maneira
específica e informal. Só no século XX é que a comunicação associa-se as mais variadas
disciplinas acadêmicas com estudo formal, tendo uma emersão acadêmica em meados deste
mesmo século, evoluindo-se de maneira contextualizada com as tecnologias, chegando ao
século XXI de forma concisa e robusta com uma identidade definida na sociedade.
A palavra comunicação vem do latim _ communicare, o que significa tornar comum,
compartilhar, repartir, pois envolve um emissor, um receptor e uma mensagem. Segundo
Thayer (1979, p. 35), comunicação “é o processo vital através do qual indivíduos e organizações
se relacionam uns com os outros, influenciando-se mutuamente”. Já Silva et al. (2000) diz
que a comunicação é um processo de interação no qual compartilhamos mensagens e ideias,
podendo influenciar no comportamento dos indivíduos, que por sua vez, reagirão a partir de
suas crenças, valores, cultura e história de vida.
Qualquer linguagem é, na verdade, uma atividade humana que representa o mundo, que
constrói a realidade, revelando aspectos históricos, culturais e sociais. É com a linguagem que
o ser humano organiza e dá forma às suas vivências. Alguns pensadores consideram que a 17
capacidade de representação do mundo pela linguagem é o que diferencia o homem dos outros
animais.
Pensando nisso, Braga Junior (2013. p. 8) relata que
a voz humana é um dos meios de comunicação de que dispomos para
mantermos contato com o ambiente e as pessoas, numa sociedade em que
prevalece a comunicação oral. Ela se caracteriza de maneira única e exclusiva,
revelando sentimentos e emoções. Nessa particularidade, a voz nos passa
características biológicas, psicológicas e sociais de quem fala; resultando em
uma combinação de informações do indivíduo que deve sempre ser analisada
dentro do seu contexto e cultura. Assim, a voz é utilizada no cotidiano, em
reuniões sociais e familiares, lazer e nas relações de trabalho.

Segundo Behlau e Algodoal (2009), estima-se que um percentual de 5% a 8% da população


apresenta alguma dificuldade em relação à voz que possa comprometer a comunicação,
podendo aumentar esse índice para 25%, quando se trata de alguns profissionais da voz, como
professores, os quais são considerados uma população de risco, em condições de trabalho
desfavoráveis.
Logo, com o advento das tecnologias da informação e comunicação, a necessidade do
aprimoramento vocal aumentou muito, devido ao número de profissões que demandam do uso
da voz. Segundo Vilkman (2004), um terço da força de trabalho americana atua em profissões
onde esta é a principal ferramenta de trabalho. A voz assumiu, então, um papel de destaque
nas atividades ocupacionais e, por conta disto, seu nível de performance ficou cada vez mais
valorizado, onde se sobressai sempre aquele que a domina melhor.

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Figura 04 - Representação de comunicação

Fonte:http://advancegestao.com.br/comunicacao-interna-nas-empresas/
Na comunicação humana, o código é a linguagem, que na conversação é complementada
por elementos da comunicação não-verbal (gestos, expressões faciais, movimentos dos olhos e
do corpo, etc) e o canal utilizado é a fala. Ainda, no processo de conversação, existe o feedback,
representado pela resposta do receptor no momento em que responde, o receptor inverte
o processo e passa a ser o emissor, e aquele que antes emitia passa a ser o receptor, que irá
decodificar e interpretar a nova mensagem. É esta inversão do processo que permite a uma
pessoa saber se a outra entendeu a sua mensagem, podendo esta resposta também ser feita
por alguma expressividade sem ser a fala.
18 Dessa forma, a transmissão de uma mensagem por meio da linguagem só existe quando
quem fala e quem ouve tem a intenção de se comunicar e possuem o mesmo código linguístico,
sem que haja barreira na comunicação.
Para começarmos a discorrer sobre a comunicação e a linguagem precisamos entender
a diferenciação entre voz, fala e linguagem. De uma forma bem sucinta e objetiva, a voz é um
som produzido pela vibração das pregas vocais, sendo o elemento sonoro da linguagem, a
fala é a produção oral de unidades de sons combinados em palavras advindo da linguagem,
sendo uma espécie de voz articulada, e a linguagem é um conjunto de símbolos linguísticos
organizados de forma que o ser humano possa se comunicar, expressando e compreendendo
seus sentimentos, pensamentos e mensagens trocadas.

Figura 05 - Ilustração dos elementos que compõe a comunicação

Linguagem

Fala
Fonte: Bando de Dados do Nead

Voz

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Diante dessa diferenciação é importante destacarmos que a linguagem, vai muito


além da comunicação, é ela que media a construção do sujeito, ou seja, sua formação do
pensamento. Segundo Vygotsky (1991), é a partir da linguagem que o indivíduo transforma
funções elementares como reflexos e vontades, que são de origem biológica, em funções
psicológicas superiores como: pensamento, memória, atenção, que são de origem
sociocultural. Ainda segundo esse autor, quando a criança domina o código linguístico de
sua cultura, torna-se possível a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento e,
portanto, a aprendizagem.
Contudo, seguindo essa ideia, podemos observar que pensamento e linguagem caminham
juntos, influenciando um ao outro. Já o desenvolvimento da linguagem e da fala, apesar de
intimamente ligados, caminham de certa forma separados. Por tanto, a mídia não domina
as ações e os pensamentos das pessoas, é o próprio ser humano, que a partir dos recursos
simbólicos que lhe são disponíveis, vai construindo a sua identidade.
A linguagem pode ser Verbal e Não-Verbal. A primeira consiste na utilização das palavras,
ou seja, do signo linguístico na comunicação. A linguagem verbal tem duas modalidades: a
língua escrita e a língua oral. A língua oral é utilizada quando o interlocutor está frente
a frente conosco, por telefone ou outros meios de comunicação que a tem como troca de
mensagem. Já a língua escrita é usada quando o interlocutor está ausente ou tem esta
modalidade como recurso de diálogo. Entre a língua oral e a escrita há muitas diferenças,
mas não uma oposição rígida.
A escrita não reproduz muitos os fenômenos da oralidade, como: a prosódia, a gestualidade,
os movimentos do corpo e dos olhos, entre outros. Ela apresenta, contudo, elementos
significativos próprios, ausentes na fala, tais como o tamanho e o tipo de letras, cores e formatos,
sinais de pontuação e elementos pictóricos, os quais operam como gestos, mímica e prosódia,
graficamente representados. Dessa forma, na leitura da escrita, o autor pode ser desconhecido
19
ou distante, sua ideia nem sempre é claramente entendida e, mais importante, não existe a
possibilidade do diálogo, ocorre uma transmissão da informação de maneira passiva.
Já a linguagem Não-Verbal é constituída pelos gestos, movimentos, posturas, expressões
faciais, desenho, pintura, símbolos, gráficos, música instrumental, vestimenta, etc. Logo,
atitudes e comportamentos do nosso corpo demonstram algum tipo de informação ao receptor
como: um sorriso, erguer a sobrancelha, apertar a mão, olhar nos olhos, mexer nos cabelos,
balançar a cabeça concordando ou discordando, respirar fundo, a própria postura, os braços
cruzados, entre outros. Este tipo de linguagem deve estar em consonância com a linguagem
Verbal, merecendo certa atenção e adaptação ao público, porém com uma dose de formalidade,
seguindo algumas regras e orientações para que a relação interpessoal seja estabelecida com
sucesso.
Sendo assim, percebemos que a comunicação não se dá apenas pela fala. Mesmo na fala,
existem entonações de voz, silêncios, pausas, alterações no volume que também produzem
um sentido naquele que ouve. De acordo com Platão e Fiorin (2002), o bom falante culto
não é necessariamente quem usa corretamente as regras gramaticais, mas aquele que é
capaz de adaptar o nível de linguagem, ou seja, de utilizar a linguagem adequada a cada
situação. Não se pode afirmar, portanto, que exista um padrão de linguagem superior em
termos absolutos.
O código verbal possui o objetivo de transmitir um conteúdo de valor informativo. Já o
código não verbal é quase sempre utilizado para manter a relação interpessoal. Se houver
concordância entre elas, o impacto da mensagem é mais forte e a recepção é melhor.
Os elementos básicos para a comunicação são:
- Emissor: aquele que emite a mensagem;
- Receptor: pessoa que recebe a mensagem;
- Mensagem: a ideia, aquilo que se quer comunicar;
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- Canal: o meio como entrar em contato emissor e receptor;


- Código: sistemas de signos, linguagem.

Figura 06 - Processo da comunicação

Fonte: própria
Canal
20

Dessa forma, para que esse processo seja bem sucedido tem que acontecer um Feedback,
ou seja o retorno do receptor ao emissor, aquilo que permite verificar se a mensagem foi bem
compreendida ou não. O feedback pode ser uma resposta enviada explicitamente pelo outro
ou pode ser a ação dele depois do entendimento da mensagem. Caso a mensagem não seja
compreendida podemos dizer que houve algum tipo de interferência que atribuímos a um
ruído ou barreira de comunicação que pode ocorrer em qualquer elemento da comunicação,
podendo ter várias origens, como:
a) No emissor ou no receptor, devido a razões:
- psicológica: problemas emocionais ou de personalidade que geram atitudes para si, para
o assunto e para o receptor;
- perceptual: é a forma de como o individuo vê e ouve, ponto de vista, geralmente está
atrelado a cultura e formação do indivíduo, também envolve tabus e preconceitos;
- fisiológica: problemas relacionados a saúde ou que comprometam a expressão do emissor
e compreensão do receptor. Exemplo: perdas auditivas, problemas de processamento auditivo
central, problemas articulatório ou vocal.
b) No ambiente, quando há:
- excesso de barulho interno e/ou externo;
- temperatura e/ou luminosidade inadequadas;
- acústica comprometida.
c) Na mensagem e no código, quando o tipo de linguagem e de vocabulário utilizado não é
adequado ao receptor. Exemplo:

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Figura 07 - Barreira de comunicação

t4p25-tecnologias-na-educacao-a-distancia-jose-manuel-moran
Fonte: http://eadste.forumeiros.com/
Para Rush (2005), o ato de conversar não garante um entendimento correto entre as partes
envolvidas no processo, ocorrendo o mesmo com uma mensagem por escrito. Ele lista algumas
barreiras que interferem na comunicação, entre elas: interpretar de modo distorcido o que
os outros dizem, ouvindo apenas aquilo que nos interessa; permitir que as próprias emoções
distorçam a informação; descrédito com relação à motivação do outro e os diversos sentidos
de uma mesma palavra.
Portanto, para obtermos um bom desempenho da comunicação institucional devemos
21
investir primeiramente na competência comunicativa pessoal, pois entre a transmissão e a
recepção da mensagem, tem havido muitas interferências, as quais distorcem a mensagem
que foi passada ou impedem a transmissão e recepção eficazes do conhecimento, o que
implica na comunicação das organizações, ou seja, se as pessoas que a integram se comunicam
eficazmente, os processos organizacionais de comunicação propendem a ser eficazes também.

1.3 - A Comunicação e o mundo


contemporâneo
UN 01

Nossa sociedade dispõe hoje de todo tipo de ferramenta para produzir a comunicação
desejada, graças ao movimento produzido pela globalização e o desenvolvimento das
tecnologias, o que faz chegar a mensagem pretendida até nós de diversas maneiras e de forma
rápida.
Segundo Guareschi (1991, p. 18):

[...] os meios de comunicação se tornam o meio e o espaço privilegiado onde


a cultura é criada, fortificada, reproduzida e retransmitida, dum lado; como
podem se tornar paradoxalmente o espaço e o meio onde essa cultura é negada,
descaracterizada, transformada e dominada para servir a outros interesses que
não são os do próprio povo.

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
I - COMUNICANDO...

Neste contexto, é fundamental o conhecimento dos meios e dos formatos de comunicação


que têm se consolidado através dos tempos. A discussão em sala de aula de materiais
informativos advindos das diversas mídias tem um papel pedagógico, desde que empregada
corretamente a outras fontes de pesquisa. Tanto a mídia quanto a escola “constroem um
universo simbólico estruturado por referências de apreciação da realidade” (BARROS FILHO,
1996, p.28).
Segundo Guareschi (2005, p.88) “[...] o mais importante é ensinar a pensar, a questionar,
a interpretar e a reinterpretar a sociedade”. Logo, a capacidade de comparação dos mais
diversos meios de comunicação nos conduz a um caminho para a cidadania, a democracia, a
melhor informação e a consequente transformação de nossa realidade a partir da mudança de
comportamento advinda do conhecimento fruto de uma boa comunicação.
Pensando nisso, podemos observar que a necessidade de se comunicar, de diminuir
distâncias, clarificar mensagens e fazer esta mensagem ultrapassar os tempos, foi o que fez
a evolução da comunicação e da sociedade acontecer, porém, ainda há muito a descobrir e
desenvolver.
A comunicação sempre foi e continua sendo uma ferramenta fundamental para a
constituição de um mundo contemporâneo, pois ela é capaz de absorver a diversidade, as
identidades, as diferenças, os interesses ou discursos, e devolver de forma simplificada o
entendimento do tempo e do espeço atual a todos os contextos, fazendo com que a sociedade
se organize e evolua. Assim, a comunicação desempenha um papel fundamental na construção
da realidade contemporânea, pois é entendida, segundo Pereira e Herschmann (2002, p. 30),
“[...] como um espaço de construção e circulação de sentidos e informações”.
Ao refletirmos esta concepção, observamos que quem domina a comunicação tem o poder
22 de causar impactos econômicos, sociais e políticos conforme seus interesses no meio no qual
está inserido. Dessa forma, os processos comunicativos geram informação e conhecimento
os quais são produzidos, processados, veiculados e consumidos. Então, uma reflexão
entorno dessa temática faz-se necessário devido ao seu poder de persuasão e seu papel na
contemporaneidade, seja na política, economia ou na educação.

Figura 08 - Ilustração dos meios de comunicação no mundo contemporâneo


Fonte: https://sonorizandocomti.blogspot.com.br/2011/12/atecnologia-da-informacao-e-comunicacao.
html

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CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
I - COMUNICANDO...

No mundo atual, onde quem domina é quem tem o capital intelectual, saber manipular
utilizando a comunicação com todos os seus recursos e adaptando ao público, contexto
e interesses, torna-se fácil orientar diferentes organizações e deter o capital, porém, vale
ressaltar que devido à interação provocada pelo uso das diversas mídias, o público tem a
necessidade de ser coadjuvante nesse processo.
A presença significativa das tecnologias da informação e comunicação no nosso
cotidiano traz uma enorme carência de estudos que reflitam sobre o novo papel do campo da
comunicação num mundo globalizado. De acordo com Hachten (1987, p. 9) “a globalização é
fruto da “revolução tecnológica” responsável pela circulação instantânea das notícias em todo
o planeta”.
Não podemos perder de vista o papel da comunicação nesse processo o qual insistimos
em trata-la como um fenômeno dinâmico que depende de fatores econômicos, políticos e/ou
socioculturais, de natureza local, nacional ou internacional. Segundo Miége (1999, p. 13), “a
comunicação, evidentemente, corresponde a um movimento largamente transnacional, e eis
por que não se hesita (...) em considerar que ela participa da tendência à globalização”.
Hoje, são utilizados milhares de programas e aplicações capazes de melhorar a comunicação
em muitos e diferentes aspectos, principalmente garantindo o acesso a informação e ao
conhecimento. Contudo, é a partir da comunicação que uma sociedade estabelece a sua
cultura, seus hábitos, valores e crenças. Logo, o aperfeiçoamento da comunicação é peça
fundamental para a propagação da informação, do conhecimento de forma efetiva, além de
promover a aprendizagem com mais facilidade e rapidez devido ao uso dos diversos recursos
de expressividade somados a uma boa linguagem oral.
Ao reportarmos a importância da comunicação para o campo da educação, esta não
diferencia seu papel e pode servir como elemento transformador no processo de ensino e 23
aprendizagem, sendo necessária uma renovação e qualificação emergencial, pois os atores
que constituem esse cenário são outros, a cena também é outra, porém a educação insiste em
utilizar o mesmo processo comunicacional. Dessa forma, é preciso que se alterem as formas
de ensino e aprendizagem, pois só assim a educação evoluirá junto com a comunicação e a
sociedade. Assim, a imagem adquire importância como estratégia de comunicação e ensino,
podendo servir como ferramenta de aprendizagem facilitadora, desvendando processos de
ensinar e aprender que são alheios à racionalidade descontextualizada.
Pensando nisso, cabe à escola tomar como desafio no seu processo educacional os
interesses dos alunos e construir com eles uma aprendizagem coletiva, utilizando os meios
de comunicação, já que são tão mais “coloridos” e “atrativos” do que seu método de ensino
tradicional. Vale ainda ressaltar, que dentro do campo educacional requer uma necessidade
emergencial de aprender a conviver com as transformações sociais para coloca-las em prática
em sala de aula, construindo o conhecimento a partir de uma comunicação efetiva.
Portanto, a comunicação e o mundo contemporâneo são indissociáveis, pois há uma
retroalimentação entre eles para que a sociedade evolua de forma dinâmica e interativa, onde
se estabelece um feedback entre o conhecimento e o comportamento social que se redefinem
de maneira estratégicas, organizacionais e comunicativas, sendo o indivíduo o ser regulador
desse processo, não podendo a educação ficar de fora.

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Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
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EXERCÍCIO PROPOSTO

Faça uma linha do tempo para a evolução da comunicação, em seguida conceitue a


comunicação e diga qual seu papel no mundo contemporâneo.

# DICA DE FILME – O DISCURSO DO REI.

24

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
I - COMUNICANDO...

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COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
II
COMUNICADO...

Esta unidade traz a comunicação numa perspectiva educacional


no que se refere à instituição de ensino e o papel que a ela é
atribuído. Dessa forma, iremos relacionar as transformações e
mudanças ocorridas na sociedade para detectar suas características
e poder desempenhar um papel educacional efetivo por meio da
interdisciplinaridade. Porém, sabemos que em uma abordagem
interdisciplinar, todos os conhecimentos são valorizados, respeitados
e atribuídos a um bem comum, onde o sujeito (aluno) possa ser o
maior beneficiário desse processo.

O propósito desta unidade é fornecer uma visão geral de como


as diversas formas de comunicação são necessárias no contexto
educacional, e também nas relações interpessoais da instituição,
possibilitando uma nova realidade organizacional educativa a qual
possa corresponder a transformação social ocorrida nos últimos
tempos.

Esperamos que você perceba, no processo de ensino e


aprendizagem atual, os entraves, os desafios e a importância da
comunicação como recurso metodológico em sala de aula diante
da diversidade e modernidade encontrada. Logo, faz-se necessário
que você trace um contraponto do ensino com e sem a utilização
desse recurso, desenvolvendo assim, a capacidade de utilizá-lo no
seu fazer docente.

Desta forma, temos como objetivos:

- Conhecer a comunicação e sua interface com a educação numa


abordagem interdisciplinar;

- Refletir sobre o sistema de comunicação nas organizações


educacionais;

- Apropriar das possibilidades de comunicação entre professores


e alunos, e as mudanças sociais produzidas pelo conhecimento
através dos meios de comunicação.
II - COMUNICADO...

2.1 - A comunicação e sua interface com a


educação numa abordagem interdisciplinar
UN 02

Nos últimos tempos, temos observado muitas mudanças e transformações no cenário


educacional do nosso país, com vistas a melhorias na educação, sendo notória e necessária a
colaboração e a participação de outros conhecimentos, além de adaptações a nova realidade,
público e condições socioeconômicas, cada vez mais, merecendo uma abordagem interdisciplinar
na tentativa de resolver tamanha complexidade. Segundo Mantoan (2003, p.16),
As diversidades culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim a
diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada e
é condição imprescindível para se entender como aprendemos e como
compreendemos o mundo e a nós mesmos.

A Educação no Brasil vem sendo influenciada por uma ideologia de “Educação para Todos”, a
partir de leis que foram aprovadas, decretos estabelecidos e várias mudanças propostas. Entretanto,
ainda encontramos práticas discriminatórias e tradicionais por conta da desinformação, da falta de
profissionais habilitados e dúvidas quanto ao papel da escola na superação da lógica da exclusão
em algumas instituições de ensino. Isso se configura numa necessidade de mudança estrutural
que promova mais acessibilidade, formação profissional e mudanças culturais com a tomada de
conscientização em nível de instituição para que todos os alunos tenham suas especificidades
atendidas, garantindo o acesso social, curricular e pedagógico.
Na área da Educação, a interdisciplinaridade é um tema que tem se desenvolvido e vem
29
ganhando cada vez mais espaço, devido às necessidades atuais da escola, pois contempla as
relações entre os diversos saberes, entre os diversos profissionais de diferentes áreas, permitindo
análises de problemas reais, tendo como premissa o diálogo e a intersecção entre as áreas.

Figura 09 - Exemplificando a interdisciplinaridade


Fonte: http://espiritismocomprofundidade.blogspot.com.br/2012/07/blog-post.html

A interdisciplinaridade surgiu em resposta ao modelo positivista exposto na teoria do


conhecimento. A metodologia deste modelo levou especialistas a uma fragmentação do saber, e
somente nos anos 50 é que acontece uma discussão de uma proposta interdisciplinar. Tal proposta,
não significa a defesa de um saber genético, nem se trata de substituir as especificidades por
generalidades, mas surge para promover a superação da superespecialização e da desarticulação
entre a teoria e a prática como alternativa à disciplinaridade. Logo, a interdisciplinaridade
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
II - COMUNICADO...

caracteriza-se pelas trocas entre os especialistas e a integração das disciplinas em função de um


bem comum.
Para Libâneo (2001, p. 31) a interdisciplinaridade é
[...] a interação entre duas ou mais disciplinas para superar a fragmentação,
a compartimentalização do conhecimento, implicando em troca entre
especialistas de vários campos do conhecimento na discussão de um assunto,
na resolução de um problema, tendo em vista uma compreensão melhor da
realidade.

Pensando nisso, podemos entender a interdisciplinaridade como uma possibilidade de


trabalho conjunto na busca de uma solução, o qual se deve respeitar os limites disciplinares
específicos, havendo uma articulação entre as variadas profissões. Tal conduta exige do
profissional: flexibilidade, confiança, paciência, conhecimento de áreas afins, capacidade de
adaptação, sensibilidade, humildade, ação na diversidade e aceitação de novos papéis.
Ao percebermos a concepção da interdisciplinaridade, podemos constatar que o trabalho
interdisciplinar na escola pode promover o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes
propiciando a produção de conhecimento sob uma nova perspectiva, que exige novas soluções,
novas maneiras de atuação, de modo que todos se sintam parte do processo.
A educação e a comunicação tem uma relação similar, porém querer mais reciprocidade
entre si, pois no que se refere aos processos vitais e sociais, os sujeitos formam, organizam e
desenvolvem ideias, além de se relacionarem e influenciar uns aos outros. Rodríguez
Rodríguez Dieguez (1985, p. 65) relata que se o ensino-aprendizagem

30 não pode entender-se plenamente sem a consideração prévia dos processos de


comunicação, tão pouco a teoria da comunicação pode prescindir das situações
de ensino-aprendizagem como núcleo conceptual de notável importância,
porquanto arroja luz suficiente sobre uma peculiar forma de realizar a
comunicação interpessoal.

Já Berlo (1985, p. 79) defende que “falar sobre a comunicação no contexto pessoal é falar em
parte como as pessoas aprendem”. Logo, podemos pensar que a educação está ligada a processos
de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes,
habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente organizado e, com isso,
ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas, valores, etc.
Nesse sentido, a necessidade de formação geral se repõe, implicando reavaliação dos
processos de aprendizagem, familiarização com os meios de comunicação e apropriação de
competências comunicativas, de capacidades criativas para análise de situações novas e de
pensar e agir com horizontes mais amplos. Diante disso, estamos frente a exigências de formação
de um novo educador com configurações que a interdisciplinaridade propõe.
Em um processo de ensino e aprendizagem efetivo ocorre uma mudança de comportamento
mediante a experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e sociais
entre o professor e o aluno. É uma atividade que acontece em ambos atores e que é realizada
por eles próprios. O professor não pode obrigar o aluno a aprender, mas ele pode despertar o
interesse e a atenção desse aluno a partir de habilidades comunicativas e didáticas. Assim, o
processo de aprendizagem pode ser definido como o modo que os seres humanos adquirem
novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam de comportamento.
Ao seguirmos nossa proposição de trabalho interdisciplinar, o professor e demais profissionais
da educação precisam entender todos os aspectos que abrangem a interdisciplinaridade para
atuar adequadamente, visando colocar em prática um novo modelo de educação, pautado pela
flexibilidade e contextualização dos problemas a partir de várias ciências em colaboração, de
forma que a disciplinaridade não se torne mais uma barreira.
Mesmo diante de uma interface tão nítida e necessária entre a educação e a comunicação,

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
II - COMUNICADO...

porém ainda pouco praticada, a educação, assim como a publicidade, a política, a religião, pode
fazer da comunicação uma ferramenta do processo educativo, pois as teorias da comunicação,
todas têm forte influência na educação. E porque não lançarmos mão de uma “performance
comunicativa” para educação, em que esta possa contar com toda uma expressividade ao seu
favor na hora de ministrar um conteúdo. Para Citelli (2001, p.8), “cabe à retórica mostrar o modo
de construir as palavras visando a convencer o receptor acerca de dada verdade”.
Um dos profissionais que pode contribuir nesse processo é o fonoaudiólogo devido ser o
profissional responsável pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação,
terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função
auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência,
da articulação da fala e dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição (CFFª,
2002). É atuando como fonoaudiólogo educacional, junto à instituição de ensino que se colabora
no processo de ensino-aprendizagem por meio de programas educacionais de aprimoramento
das situações de comunicação oral e escrita de modo integrado à equipe escolar a fim de criar
ambientes físicos favoráveis à comunicação humana e ao processo de ensino-aprendizagem
(CFFa nº 387/2010).
Ao tomarmos o viés da comunicação como ferramenta persuasiva na educação, o
fonoaudiólogo pode estar ainda, mediando esta lacuna entre a educação e a comunicação, por
meio do aprimoramento da comunicação do professor, pois se consta uma consonância entre o
conceito de comunicação com a necessidade da educação, devido ambas trabalhar com o ato ou
efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos ou processos, quer seja
por meio da linguagem falada ou escrita, sinais ou símbolos. Sendo assim, precisamos destacar
que educar é comunicar e precisamos dizer que o professor que educa de fato está comunicando
e esta comunicação tem que se fazer mais efetiva possível.
Contudo, a interface da comunicação com a educação é uma linha muito tênue que só vem
31
reforçar a questão da interdisciplinaridade para que se conquiste processos educativos mais
interativos com possibilidade de feedbacks mais efetivos, reforçando as relações professor-
aluno e ensino-aprendizagem de maneira que se configurem numa via de mão dupla a partir do
uso dos recursos que a comunicação possa oferecer.

2.2 O sistema de comunicação


nas organizações educacionais
UN 02

Pesquisas e experiências exitosas na relação da comunicação com a educação já


constataram resultados favoráveis na formação de sujeitos mais críticos e ativos na sociedade.
Porém, a educação tradicional, ainda é um entrave para que essa relação aconteça de forma
efetiva e tenha sucesso. Isso se dá devido aos conteúdos e as metodologias utilizadas não terem
relação com o contexto dos estudantes e o professor representar a figura detentora absoluta do
conhecimento, utilizando uma comunicação não acessível aos seus alunos. Assim, a educação
e a comunicação nestas instituições que pregam o ensino tradicional, não conseguem dialogar
entre si, devido a fortes preconceitos, resistências e inseguranças de ambos os lados.
Ao considerarmos a educação no sentido mais amplo, poderíamos atribuí-la a um sistema
e subdividi-lo em três categorias de formação que vão variar de acordo com o contexto
empregado.
Segundo Cury (1989) a educação é categorizada em três dimensões, são elas:
• Educação Informal: é a educação que está presente desde o nascimento da criança,
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
II - COMUNICADO...

pois esta vai aprendendo com seus pais e outros membros da comunidade, os modos de vida
do grupo social como: os hábitos, os costumes, os mitos e as crenças, onde na maioria das
vezes é transmitida através da linguagem oral. Estes conhecimentos são acumulados e aceitos
como pertinentes pelo grupo, sendo passado de geração a geração.
• Educação Formal: esta acontece na escola, instituição cujo objetivo principal é a ação
pedagógica. Ela ocorre em um espaço formal, criado especialmente para esse fim. O ensino
é sua função explícita. A escola é uma instância privilegiada para a realização do processo
de construção do conhecimento e tem a capacidade de criar condições para que as pessoas
descubram suas potencialidades, tenham compreensão da realidade e participem de todos
os processos sociais, políticos e culturais no exercício da cidadania, na construção de sua
existência e da estrutura social democrática e não excludente.
• Educação Não-Formal: acontece em outros espaços institucionais, cuja função
e objetivos não são eminentemente o exercício da prática pedagógica. São os meios de
comunicação em massa, associações, sindicatos, conselhos, outros grupos da sociedade civil e
serviços de saúde.
Diante dessas categorias de educação, podemos observar que em todas elas prevalece
a comunicação oral como o principal recurso de transmissão de conhecimento, cultura
ou informação. Porém, vale ressaltar, que nas três formas de educação, há peculiaridades
distintas na maneira de expressão e intensão comunicativa, o que dificulta em muitos casos a
compreensão da mensagem, requerendo uma orientação especializada e um aprimoramento
a partir de intervenções interdisciplinares. A junção dos aspectos expressivos da comunicação
presente nas três categorias pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem, principalmente
na educação formal onde os conteúdos são mais densos e muitas vezes não faz parte da
32 realidade do sujeito.
Segundo Monteiro e Feldman (1999, p. 39),
a cidadania, agora, é conquistada no exercício do dialogo social, definido
pelos novos meios e linguagens. O instrumental teórico e tecnológico da
comunicação é, portanto, indispensável para abordagens educativas que
pretendam dar conta do cidadão do terceiro milênio. Escolas e educadores
devem ser instrumentos que garantam o acesso de gente de todas as idades
à informação e ao conhecimento de nosso tempo, formando interlocutores
competentes para a participação de todos os setores da vida.

Ao analisarmos tal colocação, podemos constatar que se faz necessário uma habilitação
dos profissionais de educação para intervir nos ambientes educacionais com destreza
comunicativa, articulando o pedagógico e as ações de comunicação em educação. Só assim,
as aulas não se resumiriam apenas a função de dar ou transferir conhecimentos e sim, em
propiciar uma interlocução que promova um novo tratamento dos conteúdos e formas
de expressar os temas, fazendo uma educação concebida de participação, criatividade,
expressividade e relacional.
Diante dessa perspectiva, Ruesch e Bateson (1951) e Thayer (1979), concebem a
comunicação como um processo orientado para os sistemas, apresentando quatro níveis ou
contextos de comunicação.
O primeiro nível é o intrapessoal, onde o indivíduo pensa ou fala para si mesmo,
caracterizando-se como uma autocomunicação; já o segundo nível trata-se do interpessoal
desenvolvido entre dois indivíduos em vários contextos sociais; o terceiro nível é o grupal,
o qual se processa a colaboração entre vários indivíduos. E por último vem o quarto nível,
que retrata o contexto cultural, também designado de massa, desenvolve-se entre uma pessoa
institucionalizada e um grande público que utiliza o respectivo meio.
A nossa educação é fruto das múltiplas e variadas relações comunicativas que
estabelecemos com nós mesmos, com os outros e com o meio. Logo, o sistema educativo por
mais estruturado que seja, expressa pistas da comunicação educativa informal e estas pistas
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
II - COMUNICADO...

podem ser aproveitadas e aperfeiçoadas a favor da comunicação educativa formal.


Dessa forma, aspectos como o modo de falar, seja na fluência da fala, no tom da voz, nas
inflexões, nas pausas, nos silêncios, nos gestos, na postura corporal, na vestimenta, no efeito
persuasivo, no conhecimento do assunto e na colocação dos participantes no espaço e como
os relacionam, faz toda diferencia no processo de aprendizagem numa comunicação educativa
formal, pois há uma integração da comunicação verbal e não verbal que facilita a apreensão do
conteúdo devido a estruturação da mensagem para produzir efeitos educativos.
Nesse sentido, aparece uma chuva de dúvidas por parte do professor quanto à conquista
do intercâmbio das informações, o estabelecimento da interação entre os atores e o processo
de influência sobre eles. Para resolvermos esse impasse podemos iniciar fazendo um
planejamos das nossas ações a partir de questionamentos como: qual informação é mais
relevante? Como devo passá-la? Vou seguir o currículo ou o interesse dos alunos? Que
mudanças ocorreram nos últimos tempos para que eu atualize os conceitos? Quanto tempo
devo abordar este assunto? De que forma devo trabalhar estes conteúdos para contemplar
a todos? Qual abordagem utilizar? Como tratar a informação a transmitir de maneira que se
facilite a descodificação por parte dos alunos? Como se melhora a compreensão e se prolonga
a duração dos seus efeitos?
Em primeiro lugar, a comunicação não se limita às simples trocas verbais, e sim a uma
concepção de comunicação total, em que inclui a linguagem verbal e não verbal, implicando a
participação da língua, da voz, do olhar, dos gestos, das posturas, dos movimentos, etc., além
da interação, pois todo o comportamento pode ter um valor comunicativo que pode construir
ou derrubar barreiras de comunicação. Somados a isso, não podemos desconsiderar aspectos
relativos ao contexto sociocultural e às condições adversas dos alunos, suas singularidades, a
pluralidade das culturas, os interesses, ou seja, a complexidade das relações.
33
Para Moran, (1996, p.24),
Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e
expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Educar
é um processo de desenvolvimento global da consciência e da comunicação
(do educador e do educando), integrando dentro de uma visão de totalidade,
os vários níveis de conhecimento e de expressão: o sensorial, o intuitivo, o
afetivo, o racional e o transcendental (a integração com o universo).

Contudo, para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de informação, é
necessário que esta chegue ao receptor e provoque nesse, uma mudança de comportamento,
o que indica que houve intercâmbio entre emissor e receptor, ocorrendo aprendizagem. Se tal
processo configura-se numa comunicação efetiva, ela é válida para educação formal, pois em
ambos os processos propõe-se conseguir a apreensão de conhecimentos, atitudes e destrezas,
provocando a mudança de comportamentos, pessoal e socialmente aceites como valiosos e
desejáveis.
A visão interativa no processo de ensino e aprendizagem propõe uma melhoria da
comunicação didática à medida que se abandone a visão pedagógica tradicional como
ação social unilateral, e nos encaminhe para uma visão da ação comunicativa com base em
intenções recíprocas em que haja empatia entre os sujeitos. Todavia, para que a comunicação
favoreça a expressividade, a criatividade, a participação e seja útil dentro do processo
educativo, é fundamental que o professor tenha a percepção da sua influência para os alunos
se pautando em uma comunicação efetiva que sirva de modelo e o qualifique em nível pessoal
e profissional.

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
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II - COMUNICADO...

Figura 10 - Interatividade entre recursos, pessoas e contextos

https://educabyteblog.wixsite.com/educabyte/single-post/2017/10/19/
Como-trabalhar-a-Interatividade-na-sala-de-aula
O domínio da comunicação no mundo contemporâneo é essencial para a colocação ou
promoção do profissional no mercado de trabalho, além de levar a empresa a lucros excepcionais
e lugares de destaque independente do ramo que ela atua. Sendo assim, se tomarmos as
instituições de ensino como uma empresa do mercado corporativo, é preciso compreender
que a forma de se comunicar com os colaboradores e clientes, impacta diretamente na imagem
34 da empresa, e consequentemente de seus profissionais.
Como já frisamos, um bom planejamento passa pela construção de uma comunicação
assertiva, especialmente se o professor ou a escola busca soluções inovadoras e mudanças
de mentalidade. Então, o controle do ambiente, um conteúdo atraente e informações
selecionadas, a partir do uso de uma estrutura simples de conversação favorece a compreensão
e o desenvolvimento da aprendizagem de cada indivíduo, uma vez que a simplicidade na
comunicação deve ser um desafio.
A competência comunicativa seja ela, na vida pessoal ou profissional, e no caso da
educação, nas ações educativas ou na docência, é resultado de habilidade nata e/ou de treino
e essa competência é uma das maneiras mais rápidas para se obter sucesso profissional e
satisfação pessoal. Dessa forma, o feedback é essencial para o aperfeiçoamento profissional e
até mesmo do trabalho desenvolvido, desde que construtivo, o qual se valorize pontos positivos
e se sugira melhoria em alguns pontos que atenderam de forma assertiva ao objetivo. Afinal a
linguagem é moldável de acordo com quem escuta, com a situação em que se fala e o impacto
que se pretende causar.
Se a comunicação não está atingindo o outro, deve estar ocorrendo alguma barreira
comunicativa, seja com o ambiente, o emissor ou o receptor. Nesses casos, o melhor é falar
simples e direto, mostrando o objetivo pretendido, pois a comunicação tem como primeira
função controlar o comportamento do outro. Vale ressaltar, que o emissor tem que pensar o que
fala, para quem fala e buscar antecipar a forma como essa pessoa vai ouvi-lo, daí a importância
de saber ouvir. Para isso, é preciso prestar atenção na linguagem verbal e não verbal, ou seja,
deixar o outro falar sem interromper, mostrar interesse no que é dito e memorizar fatos do
outro e usá-los ativamente dentro do contexto ou da aula.
Contudo, em um processo comunicativo, não existe sujeitos passivos, e sim, diálogo
entre sujeitos. O mesmo acontece na educação, pois esta caracteriza-se como um diálogo,
uma troca de conhecimentos, e não uma via de mão única, ou seja, diálogo é comunicação.
Logo, a responsabilidade da escola não é apenas educar por meio de conteúdos específicos,
mas também orientar e utilizar-se da comunicação em todos os contextos para promover a

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
II - COMUNICADO...

educação.
Outra maneira de tornar a escola mais atrativa e fazer com que os estudantes sejam
protagonistas da sua realidade, pois todo sujeito tem sua história e conhecimentos específicos,
é levar as formas de comunicação e expressão para o processo educativo. Como por exemplo:
o uso das tecnologias no cotidiano da sala de aula, aulas de campo na comunidade dos alunos,
estímulo das habilidades dos discentes, promoção de campanhas, campeonatos e gincanas, e
utilização das artes e mídia.
Para nos auxiliar na boa comunicação, lançamos mão de alguns meios. São eles:
• Meios gráficos: jornais, revistas, cartazes, panfletos, livretos, cartilhas, gibis, folder;
• Meios orais: rádio, debates, exposições dialogadas;
• Meios dramatizados: fantoches, teatro, dinâmicas, quebra-gelos;
• Vídeo: produções, documentários;
• Música: paródias, danças.
Segundo KÁPLUN (1999, p. 74),
Educar-se é envolver-se em um processo de múltiplos fluxos comunicativos.
O sistema será tanto mais educativo quanto mais rica for a trama de
interações comunicações que saiba abrir e por à disposição dos educandos.
Uma comunicação educativa concebida a partir dessa matriz pedagógica teria
como uma de suas funções capitais a provisão de estratégias, meios e métodos
destinados a promover o desenvolvimento da competência comunicativa dos
sujeitos educandos. 35
Portanto, tanto o profissional da educação quanto as instituições de ensino, precisam
encontrar o seu novo papel, ou seja, sua identidade comunicativa com características
especificas, traçando um projeto pedagógico inovador, coletivo e flexível, que facilite seus
processos educativos de ensino e aprendizagem para estimular a criatividade e propiciar
as transformações necessárias para que a sala de aula se transforme em um espaço de
comunicação consciente e assertiva.

EXERCÍCIO PROPOSTO

Visite uma instituição de ensino e faça uma análise da comunicação educacional, mostrando
pontos positivos e/ou negativos quando existentes.

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2.3 - As possibilidades de comunicação


entre professores e alunos, e as mudanças
sociais produzidas pelo conhecimento
através dos meios de comunicação
UN 02

O ser humano nasce com a capacidade de desenvolver a comunicação e por meio dela
pode ou não atingir seus objetivos pessoais e profissionais. Entretanto, os desafios do
mundo contemporâneo, como a fluidez nas relações, o uso sem critério das mídias sociais, a
competividade nos espaços organizacionais e a falta de tempo para si e para com o outro faz
da comunicação um verdadeiro desafio.
Dessa forma, a sociedade é desafiada a se moldar a transições importantes que vem
afetando a todos nós nos últimos tempos. Por exemplo: o surgimento da sociedade do
conhecimento, voltada para a produção intelectual com o uso das tecnologias, provocando
mudanças que atingem a todas as instituições e em especial a educação nos seus diversos níveis
e modalidades. Essas mudanças exigem das pessoas, buscar uma aprendizagem continuada e
desenvolver uma capacidade investigativa para adquirir a habilidade de adaptar-se e de criar
novos cenários.
36 Os tempos mudaram e as exigências educacionais do mundo também. A escola de hoje
não é, nem deve ser, a mesma de há alguns anos, sendo preciso enfrentar alguns desafios para
o mundo contemporâneo. Práticas pedagógicas tradicionais, ferramentas de aprendizagem
obsoletas e metodologias retrógradas já não são suficientes para suprir as atuais necessidades
do cenário educacional, pois as informações se tornaram mais rápidas e acessíveis, os
estudantes estão cada vez mais autônomos e conectados devido à revolução trazida pelas
novas tecnologias. Logo, se o cenário mudou, se os personagens mudaram, faz-se necessário
uma mudança na comunicação e formas de ensino na educação.
Para suprir este perfil contemporâneo de aprendizagem e ajudar a escola a vencer os
desafios impostos por uma educação moderna é necessário em primeiro lugar, tornar a escola
interessante, atrativa e colorida, apresentando oportunidades e descobertas. Para muitos
olhos, tornar a prática em sala de aula interessante é algo realmente desafiador, dá trabalho,
requer planejamento e conhecimento de conteúdos, de metodologias, de público e domínio de
técnicas de comunicação, mas não impossível!
Nesse contexto, é preciso criar estratégias inovadoras de ensino, e isso não se refere
unicamente ao uso de novas tecnologias. O professor pode inovar usando recursos
tradicionais, desde que envolva os alunos, pois a criatividade pode “colorir” a escola e
dar significado ao ensino-aprendizado por meio de projetos diferentes, interdisciplinares,
dinâmicos e interativos.
Para buscar a motivação dos alunos e estabelecer uma boa comunicação, o professor pode
iniciar seu planejamento se fazendo algumas perguntas como: Qual é interesse dos alunos?
O que as crianças e adolescentes de hoje procuram? Associado a estas respostas procurar, no
planejamento da aula elaborar estratégias que contemplem os conteúdos dentro da realidade
dos alunos, estabelecendo uma comunicação clara, objetiva e dinâmica.

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Figura 11 - Possibilidades de comunicação e aprendizagem

http://noticias.universia.pt/destaque/noticia/2015/12/22/1134899/professor-
saiba-aumentar-capacidade-argumentativa-alunos.html
Assim, como uma criança pequena gostar de ir à escola porque vai encontrar com outras
crianças para brincar, a escola deve descobrir estratégias que façam com que estas crianças
se tornem adolescentes motivados e engajados sabendo o que estão buscando no ambiente
escolar e não frequentem a escola apenas porque faz parte de suas rotinas ou porque os pais
obrigam. Uma boa maneira de fazer isso é oferecer um ensino contextualizado, com elementos
que fazem parte da vida dos alunos e conteúdos que claramente façam sentido para eles, onde
eles possam fazer ou construir aquele ambiente de aprendizagem junto com o professor. O 37
jogo é outra forma de envolvê-los, utilizando-se dos desafios, rankings, pontuações e prêmios,
pois são capazes de aumentar a motivação, melhorar a atenção e promover a participação,
desde que se tenha um comportamento e uma comunicação adaptada para cada situação, de
forma a não gerar nenhuma barreira.
Não podemos negar que ainda hoje, um dos maiores desafios da escola contemporânea é
aprender a lidar com a tecnologia e transformá-la em sua aliada. Como já vimos os computadores,
tablets e smartphones fazem parte da realidade educacional do século XXI, o que precisamos
aprender é utilizalá-los em benefício do processo de ensino e aprendizagem por meio do
“fazer aula” coletivo e cooperativo, acabando de vez com a hierarquia tradicional existente em
sala de aula que só afasta e dificulta a comunicação, e por consequente a aprendizagem. Ao
contrário do que muitos pensam as tecnologias nunca substituirão os educadores, pois estes
foram, são e continuarão sendo mediadores indispensáveis ao aprendizado, o que não descarta
a necessidade de aprender a lidar com a tecnologia. Contudo, temos que transformar os
computadores, os dispositivos móveis e a internet em coadjuvantes do ensino-aprendizagem,
usando-os na pesquisa, na troca de informações, na interação entre os estudantes, no
esclarecimento de dúvidas, nas leituras complementares e/ou grupos de estudo.
Outro desafio que se faz necessário é a mudança da comunicação nos processos educativos.
Segundo Downing (1999, p. 1), “comunicação/interacção é a chave da aprendizagem”, ou
seja, sem comunicação não há aprendizagem, assim antes de qualquer coisa, deve-se ter um
interesse pela comunicação para desenvolver o profissional e a partir disso atingir os objetivos
almejados. Para tanto, Numes (2001, p.81), coloca que “quanto maior for a sua capacidade
para comunicar, maior controle ela poderá ter sobre o seu meio ambiente”. Para que tal
aconteça, é preciso compreender o processo comunicativo, seus efeitos e adaptações, sendo
um profissional assertivo, tendo foco duplo, na mensagem e no interlocutor, e ter capacidade
de percepção se o outro nos entendeu.
Para desempenhar relações efetivas na era do conhecimento sejam elas no contexto
acadêmico ou profissional, é necessário desenvolver competência comunicativa o que inclui:
clareza no conteúdo, bom senso, dinamismo, uso dos recursos expressivos, preparo prévio
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e boa fluência. Assim, essa competência requer ainda uma intenção comunicativa, que nada
mais é do que uma consciência e compreensão de que você pode influenciar pessoas por meio
da comunicação, modificar seu ambiente e atingir seus objetivos. Por exemplo: uma pessoa
fazer uso de sons específicos para chamar a atenção do público que lhe está assistindo.
As vantagens em saber se comunicar são muitas e para isso, o sujeito precisa conhecer o
contexto e o público para, a partir daí, traçar uma comunicação efetiva, lançando mão de todos
os recursos comunicativos possíveis. Segundo Wittgenstein (1968, p.111), ”os limites da minha
linguagem denotam os limites do meu mundo”, o que significa que somos aquilo que falamos,
cabendo a nós o bom senso em saber a hora correta de usar uma gíria, dá um exemplo ou usar
uma linguagem mais formal ou coloquial, ou seja, desenvolver uma consciência comunicativa.
Para melhor compreensão, vamos elucidar alguns estilos de comunicação. Um estilo bem
conhecido é o passivo o qual se caracteriza pela timidez, pouca autoconfiança e receio de falar
em público. Geralmente o indivíduo que possui esse estilo comunicativo tem dificuldades
de se expressar, expor suas opiniões e sentimentos, sendo ainda uma pessoa influenciável.
Já o estilo agressivo é o oposto do passivo, devido falar o que vem a cabeça, sem filtros, se
intitulando como uma pessoa muito sincera, o que muitas vezes gera desentendimentos por
apresentar tom de voz forte e olhar intimidante. Há outro estilo chamado de manipulador, ou
espécie de passivo-agressivo, é aquele que aceita de forma passiva, mas por traz da pessoa
tem comportamento agressivo. Geralmente estes indivíduos reclamam, mas nunca fazem nada
para resolver o que os está incomodando, porque a culpa é sempre do outro.
Um estilo proposto, que contempla uma boa comunicação oral e interpessoal, é o assertivo.
O sujeito que possui esse estilo consegue expressar suas opiniões, pensamentos e sentimentos
sem agredir o outro, de forma firme, segura e tranquila, pois não tem medo de discordar,
38 de dizer não, nem de perguntar por quê. Busca sempre os melhores meios de comunicação,
fazendo uso de um vocabulário contextualizado e adequado aos interlocutores. Daí, você pode
estar se perguntando: mas como adotar este comportamento? Bom, você pode desenvolver
a prática da assertividade tanto no seu ambiente de trabalho quanto na sua vida pessoal,
expressando sua opinião, usando a linguagem oral e seus recursos para descrever com clareza
e de forma objetiva algo ocorrido, expressando seus sentimentos e os impactos causados. Você
ainda, pode dizer como gostaria que fosse mostrando pontos positivos através da mudança de
comportamento ou atitudes. Isso com certeza facilitará as relações e promoverá a comunicação,
bem como a aprendizagem na sala de aula.

Figura 12 - Estilo assertivo


http://lukareissinger.blogspot.com/2012/12/assertividade.html

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Berlo (2003) corrobora do pensamento que, ao falarmos necessitamos saber como


pronunciar e escolher as palavras, como gesticular, como interpretar as mensagens que
recebemos dos que nos ouvem e como modificar as nossas no decorrer do discurso. Logo, é
necessário, além do conhecimento do assunto que se quer falar, é preciso clareza, ritmo, uso
adequado da voz e boa articulação, e adequação da linguagem ao público e ao meio.
Ao reforçarmos esta concepção de comunicação assertiva na educação, Moran (2000, p.
13) coloca que
educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações
– transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É
ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal
e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades
de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus
espaços pessoais, sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e
produtivos.

Dessa forma, alguns estudiosos chamam essa interface entre a comunicação e a educação
de “educomunicação” e a definem como um conjunto de ações cuja finalidade é integrar às
práticas educativas ao estudo sistemático dos sistemas de comunicação, criar e fortalecer
ecossistemas comunicativos em espaços educativos e melhorar o coeficiente expressivo e
comunicativo das ações educativas. Nessa perspectiva, reafirmamos a necessidade de uma
comunicação assertiva, partindo de uma boa performance comunicativa com o intuito de
facilitar a aprendizagem, possibilitando um novo olhar e ações inovadoras com o apoio das
TICs e a interdisciplinaridade.

FICA A DICA! 39
ESTRATÉGIAS PARA APRIMORAR A COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA
1)Planejamento contextualizado a realidade dos alunos;
2)Fala simplificada, objetiva e clara;
3)Reunião com familiares quando necessário;
4)Empatia com o aluno;
5)Observe, escute e respeite seu aluno;
6)Crises ajudam no crescimento profissional;
7)A construção e o aperfeiçoamento da comunicação é um processo contínuo.

# DICA DE FILME – O TRIUNFO


.

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
II - COMUNICADO...

REFERÊNCIAS

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______, David K. O processo de comunicação: introdução à teoria e à prática. 10 ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.

CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2001.

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Exercício profissional do fonoaudiólogo.


Brasília: CFFª, 2002.

________. Resolução nº 387, Brasília: CFFa, 2010.

CURY, C.R.J. Educação e contradição. 4ª. ed. São Paulo: Editora Cortez, 1989.

DOWNING, J. D. Teaching communication skills to students with severe disabilities.


London: Paul Brookes Publishing Co., Inc. Baltimore, 1999.

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LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão


docente. São Paulo: Cortez, 2013.

40 MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna,
2003.

MONTEIRO, Eduardo; FELDMAN, Márcia. Mídia-Educação e Cidadania na Era da Informação.


Revista Pátio, n. 09 Mai-jul, 1999.

MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no Nosso Conhecimento. In:
Tecnologia Educacional, n. 132/133. Set- Out-Nov-Dez 1996.

_______, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000.

NUNES, C. Aprendizagem activa na criança com multideficiência: guia para educadores.


Lisboa: Ministério da Educação. DEB, 2001.

RODRÍGUEZ DIGUEZ, J. L. Curriculum, acto didáctico y teoria del texto. Madrid: Anaya, 1985.

RUESCH, J.; BATESON, G. Communication: the social matrix of psychiatry. New York: W.W.
Norton & Company Inc, 1951.

THAYER, L. Comunicação, Fundamentos e Sistemas. São Paulo: Atlas, 1979.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. São Paulo: Companhia Editora Nacional,


1968.

COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
III
COMUNICANDO-SE

Nesta última unidade, discorreremos sobre a comunicação


relacionando-a aos aspectos intrínsecos e extrínsecos
envolvidos no processo comunicativo numa perspectiva
de aperfeiçoamento profissional. Dessa forma, faremos
uma relação entre sentimentos, voz e corpo com o intuito
de promover o desenvolvimento de uma consciência
comunicativa através da aquisição de técnicas e estratégias
de comunicação oral.
A proposição desta unidade é consolidar o conhecimento
adquirido nas unidades anteriores, promovendo uma mudança
de comportamento quanto a performance comunicativa do
sujeito colocando mais expressividade e persuasão na fala do
docente em sala de aula.
Não podemos deixar de explanar peculiaridades quanto ao
uso profissional da voz na docência como os cuidados com
a voz e suas implicações com ambiente de trabalho, pois
são fatores condicionantes para o sucesso e progresso no
magistério.
Temos como objetivos:
- Entender a relação entre as emoções envolvidas no processo
comunicativo referente aos interlocutores e o assunto
desenvolvido;
- Apropriar-se de conhecimentos para a conversação em
público;
- Refletir sobre a importância dos cuidados com a voz e suas
implicações com seu ambiente de trabalho.
III - COMUNICADO-SE

3.1 A comunicação e sua relação entre


objetivo, público e assunto: sensação,
percepção, afetividade, cognição,
motivação, comportamento e empatia.
UN 03

As pessoas de um modo geral evitam falar em público por uma série de razões: vergonha,
medo de enfrentar a audiência, medo de não saber responder a alguma pergunta, receio de
parecer ridículo ou de dizer besteiras, etc. Essas razões, contudo, não tem o menor fundamento,
elas apenas servem para esconder a única e real razão: a falta de treino ou de familiaridade com
a comunicação verbal. É perfeitamente normal que algumas pessoas pareçam mais naturais ou
à vontade do que outras ao falar em grupo. A diferença, contudo, reside apenas no quanto uns
conseguem desligar dos falsos e infundados receios e concentrar-se na comunicação.

Figura 13 - Receio de falar em público

43
https://www.hipnosenapratica.com.br/medo-de-falar-em-publico/

Observaremos no decorrer deste livro, a comunicação tem um leque vasto de fatores


intrínsecos e extrínsecos que devemos observá-los, dominá-los e expressá-los, partindo do
objetivo que pretendemos alcançar, do conhecimento do público que iremos lidar e do domínio do
assunto que iremos abordar, passando ainda, pelas emoções e sensações mais inusitadas possíveis
que podemos vivenciar numa relação interpessoal por motivos motivacionais, comportamentais,
presença ou ausência de empatia ou afetividade, ou até mesmo, falta de compromisso e/ou ética.
Assim, atuar em uma sala de aula ou falar em público em uma reunião, palestra ou seminário não
é algo fácil, pois exige do locutor conhecimento vocal e preparo prévio para que seu objetivo seja
alcançado e o sucesso da comunicação seja garantido. Outro fator que não podemos esquecer
é a adequação do local em que irá ocorrer a apresentação para que sejam eliminadas todas as
barreiras comunicacionais que possam vira interferir no processo.
Dessa forma, aquele que domina a comunicação, precisa, antes de tudo, possuir idoneidade e
ética suficiente para que possa liderar com justiça e segurança todos os ouvintes de suas palavras.
Frente a isso, um bom orador tem que está atendo a sua plateia e possuir a capacidade de
improviso para contornar qualquer barreira comunicativa e isto deve-se a treino, perseverança
e conhecimento.
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
III - COMUNICADO-SE

A preocupação com o ouvinte é tão importante quanto o preparo do orador, pois conhecer
o público e o assunto que os interliga faz com que ocorra empatia do público para com o orador,
segurança do orador para com o público, linguagem acessível entre ambos e, por consequente,
uma comunicação efetiva. Segundo Serviço à Pastoral da Comunicação - SEPAC (2012, p.14), “o
orador deve estar concentrado em seu discurso e, ao mesmo tempo atento ao seu auditório”.
Outro elogio que ouvimos falar muito sobre os bons oradores é o carisma. Muitos acham que
a gente já nasce com ele, outros não. O que podemos dizer sobre esse ponto é que à medida que
adquirimos o conhecimento das ferramentas da comunicação, as dominamos e as aplicamos na
hora certa, com o público certo e a linguagem adequada, a probabilidade de manifestarmos esta
qualidade é enorme, pois o carisma está intimamente relacionado com o conteúdo que falamos,
com a maneira como falamos e a forma como nos apresentamos. Logo, podemos mencionar um
provérbio latino que diz: “o poeta nasce feito, o orador se faz” (SEPAC, 2012, p. 13).
Mas voltando, essa é a regra número um que devemos dominar, pois, esse domínio nos
proporciona abordá-lo de diversas formas com exemplos e adaptações facilitando a compreensão
de todo o público. Então, nunca devemos assumir um compromisso para falar de algo que não
dominamos, pois podemos colocar nossa carreira em risco.
É fato que um bom orador possui lugar de destaque e liderança, seja na vida pessoal e /ou
na vida profissional. Então, é importante que o orador se conscientize de que precisa assumir
e desenvolver suas características de liderança como: a autoconfiança, carisma, velocidade de
pensamento, objetividade, clareza sobre suas metas, disposição para ouvir o outro e estar um
passo a frente dos seus ouvintes.
Pensando nisso, podemos dizer que um profissional bem sucedido aproveita toda e qualquer
possibilidade de comunicação, não deixa de aproveitar as oportunidades, falando sempre de
44 maneira direta e assertiva, pois como já foi dito, um bom comunicador é, sobretudo, uma pessoa
atenta, percebendo não somente o que está nas palavras, mas o que está no tom da voz, na
expressão facial e nos gestos do seu público. Logo, ele filtra as informações que devem ser ditas
naquele momento e é sensível a questionamentos como: o que eu posso dizer aqui, o que eu não
posso, quem está me ouvindo, o que esta pessoa pode ouvir e o que ela precisa ouvir.

Figura 14 - Desenvoltura comunicativa


http://blog.methodus.com.br/a-historia-da-oratoria-do-passado-aos-dias-de-hoje

Falar simples é sofisticado e requer uma habilidade, pois temos que nos adaptar à linguagem
do nosso público sem perder a integridade do português para atingir o maior número de pessoas
sem falar errado. Assim, a fluência da fala faz-se necessária, bem como a boa sonoridade da voz.
Outro fator interessante é a simpatia e o sorriso uma vez que aproxima, consequentemente, a
comunicação acontece mais fácil, ao contrário do pessimismo e a cara amarrada que afastam as
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CE Autor: Francisco Varder Braga Junior
III - COMUNICADO-SE

pessoas, ficando difícil estabelecer uma comunicação. Também é necessário o cuidado para não
exagerar na simpatia, para não transparecer artificialidade nem fornecer abertura demais ao
público, ao ponto que lhe faltem com respeito.

Figura 15 - Postura comunicativa

http://escolabethseixas.com.br/como-perder-o-medo-de-falar-em-publico/
Ao tratarmos sobre a voz, inicialmente, podemos dizer que o estilo da pessoa deve ser natural,
pois uma das primeiras coisas que o nosso cérebro detecta é a autenticidade e a naturalidade.
Então, ao fazer um curso de como falar em público ou de como se portar em reuniões é necessário 45
incorporar esse conteúdo ao seu estilo, porque se ele não for natural, o ouvinte sinaliza e o
comunicador perde a credibilidade. Vale ressaltar que, a voz é o meio carregador da mensagem
na qual passam as emoções e sentimentos, provocando respostas e reflexões nos interlocutores
fazendo-se necessário uma integração entre corpo e voz para que não se cause estranheza ao
ouvinte.
Cada vez mais temos o desafio de falar em público, sejam por motivos profissionais,
acadêmicos, políticos ou sociais. De fato, basta observar que no atual cenário das diversas
organizações uma apresentação bem-feita, atraente, clara e objetiva é condição indispensável
para a qualidade do trabalho e para o sucesso profissional. É bem verdade que nem todo mundo
tem a pretensão ou a necessidade de ser um orador profissional, mas é certo também que todos
nós, em algum momento de nossas tarefas e atividades, no trabalho e na sociedade, precisamos
demonstrar um bom desempenho comunicativo.
Segundo Blikstein (2016, p. 19),
falar em público é um ato bem específico, que se distingue de todos os outros
tipos e situações de comunicação, pois implica uma engenhosa combinação de
vários fatores e condições de ordem fisiológica, linguística, psicológica e cultural.

Então, precisamos conhecer e dominar tal ato para termos uma comunicação assertiva.
E para isso, o professor ou orador deve planejar e organizar suas ideias em função de um
determinado objetivo, tema ou projeto que pretende transmitir ao público para conseguir
persuadi-los. Para conseguirmos o domínio de falar em público precisamos conhecer o que
chamamos “psicodinâmica vocal”, que é exatamente um processo de leitura de vozes, no qual o
sujeito reconhece os elementos de sua qualidade vocal que lhe foram condicionados durante a
vida, para então, desenvolver a percepção de reconhecimento de voz em si e no outro.
O padrão de voz que utilizamos faz parte da construção de nossa personalidade que se dá
ao longo da vida. A voz é resultado da combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais,...
(FERREIRA et al., 1998). As informações contidas nos fatores biológicos dizem respeito aos nossos
dados físicos básicos, tais como: sexo, idade e condições gerais de saúde; as contidas nos fatores
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
III - COMUNICADO-SE

psicológicos correspondem às características básicas da personalidade e do estado emocional do


indivíduo durante o momento da emissão; já os fatores sociais oferecem dados sobre os grupos
a que pertencemos, quer seja sociais ou profissionais. As impressões transmitidas por um tipo
de voz devem ser sempre analisadas de acordo com a cultura a que o indivíduo pertence, e os
parâmetros identificados nunca devem ser analisados isoladamente, mas sim, em conjunto e na
situação e contexto a que o sujeito se encontra.
Sabemos que as emoções têm uma relação muito íntima com a voz e suas informações
podem ser percebidas em variações muito sutis das características de fala, na frequência da
voz, na velocidade ou na inflexão, melodia de fala. Dessa forma, podemos perceber, mesmo em
outro idioma, a emoção de um diálogo pelas variações da voz, fala ou da expressão corporal.
Kyrillos, Cotes e Feijó (2003, p. 63) diz que “com a voz e a fala manifestamos nossa personalidade
e expomos emoções”. Assim, o controle desse recurso é necessário para que não criemos
barreiras comunicacionais entre o orador/professor ou ouvinte/aluno, por questões de empatia,
transferência ou preconceitos.
Uma voz rouca passa ideia de esforço e cansaço, a voz monótona sugere falta de emoção e
interesse, já uma voz áspera transmite agressividade. A voz fluída é percebida como sensual e
sedutora, a voz grave geralmente é associada a pessoas que têm segurança, autoridade e energia, e a
voz aguda associa-se à dependência e infantilidade. No discurso quando falamos grave geralmente
estamos afirmando algo ou estamos tristes, já quando falamos mais agudo é porque estamos
interrogando ou alegre com algo. É esse tipo de inflexão que devemos ter na fala para envolver o
público e conseguir persuadi-lo, ou seja, passar verdade e credibilidade daquilo que falamos.
Segundo Estienne (2004, p. 6) recursos de expressividade “podem ser encarados como
meios que liberam emoção”. Já de acordo com Kyrillos, Cotes e Feijó (2003), as informações das
46 emoções podem ser percebidas em variações muito sutis da ação comunicativa. Darwin ([1872]
2004) e Ekman (1984) foram os pioneiros no estudo das expressões relacionadas às emoções,
consideradas por estes autores como primárias (Darwin, [1872] 2004) e básicas (Ekman,
1984): raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa. De acordo com estes mesmos autores, estas
emoções são universais e independem da cultura.

Figura 16 - Emoções e expressões

emotions-6-ways-in-which-they-help-us-in-life/
http://infinumgrowth.com/four-human-

Santos e Mortimer (2001) concordam com Kryllos, Cotes e Feijó (2003) e demonstraram
a importância de se relacionar linguagem, expressividade verbal e não-verbal e emoções em
sala de aula. Dessa forma, aspectos da comunicação oral como clareza, ou seja, objetividade,
coerência e coesão, entonação, ritmo, movimentos, contato visual, expressão facial e atitudes são
indispensáveis para o sucesso na comunicação das relações.
Contudo, a docência é uma atividade social na qual a comunicação constitui-se como
uma das ferramentas principais de trabalho, pois estabelece a interação entre interlocutores
por meio da linguagem. Logo, os recursos da linguagem estão relacionados com as formas de
interagir e podem proporcionar a construção de significados pelo aluno. Com o intuito de avaliar
as habilidades comunicacionais e atitudes enquanto docentes, Rego (2001) demonstrou que os
professores valorizavam mais a competência técnica, a preparação do material, a estruturação
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III - COMUNICADO-SE

da aula e sua organização. Já os estudantes valorizavam mais a atitude simpática dos professores
e a eficácia comunicacional no que se refere a uma linguagem simples e atrativa, preparação e
organização das aulas, empenho na aprendizagem do aluno, o uso de exemplos práticos durante
a aula e de como a aula é ministrada.
Por tanto, é ouvindo e percebendo o outro que vamos conseguir aplicar os recursos mais
adequados da comunicação para persuadir nossos ouvintes, conseguindo driblar qualquer
tipo de barreira, e consequentemente, obter o sucesso profissional, atender as necessidades da
instituição, e no caso da educação, a aprendizagem mais rápida e satisfatória dos alunos.

DICA DE VÍDEOS:
• Como Falar Bem: FALA - Entonação e Pausa
https://www.youtube.com/watch?v=DgWl_WedNGg
• TED - Como falar de um jeito que as pessoas queiram ouvir
https://www.youtube.com/watch?v=D236cCikGmA

EXERCÍCIO PROPOSTO
Para desenvolver sua percepção quanto aos aspectos que envolvem a linguagem não verbal,
assista ao filme “O garoto (1921), com Charles Chaplin e faça uma associação das expressões
faciais e corporais com a comunicação oral.

47

DICA DE COMO PREPARAR UMA BOA APRESENTAÇÃO!


• Conhecimento do público;
• Definição do objetivo;
• Resumo da ideia principal;
• Delimitação do assunto conforme o tempo disponível;
• Preparar um esboço ou sumário;
• Organização e utilização de recursos audiovisuais;
• Oralidade, clareza, postura, aparência, concisão, coerência na apresentação.

DICA – COMO ESTIMULAR A MENTE PARA IMPROVISAÇÃO!


1- Se informar constantemente, através dos veículos de comunicação;
2- Ouvir rádio, para estimular o nosso imaginário;
3- Manter contato com as mais várias expressões artísticas;
4- Observar o cotidiano e o comportamento das pessoas.

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3.2 - Fundamentos da comunicação


para conversação em público: técnicas
e estratégias de comunicação oral,
expressividade e performance comunicativa
UN 03

Nos últimos anos, temos observado a importância que a voz representa na vida profissional
das pessoas, onde se sobressai aquele que a domina melhor. Ela se faz presente nos processos
de socialização humana como um dos mais importantes componentes da linguagem oral e da
relação interpessoal, produzindo impactos na qualidade de vida dos sujeitos, especialmente
daqueles que fazem o uso da voz na sua profissão. Na docência, a voz é fator significante para o
desempenho profissional e a atuação do professor em sala de aula, ou seja, para sua performance,
bem como para o processo de ensino-aprendizagem (PENTEADO, 2003; PENTEADO e BICUDO-
PEREIRA, 2003; GRILLO, 2004).
O termo performance, segundo o dicionário Michaelis (1998), significa realização, feito,
façanha, atuação, desempenho. Assim, podemos fazer uma analogia desse termo ao desempenho
vocal do professor que, para ser bem sucedido, depende de vários fatores intrínsecos e extrínsecos
relacionados ao seu estilo de vida e aos fatores condicionantes à saúde vocal. Citamos alguns destes
importantes fatores: os hábitos vocais e alimentares, condições ambientais e organizacionais
48 de trabalho. Logo, numa tentativa construtiva do termo performance vocal, usaremos na sua
totalidade, como sendo o desempenho e domínio da voz na emissão sonora no que diz respeito
ao seu uso correto, saudável e estético, envolvendo aspectos técnicos, expressivos e pedagógicos.
Tecnicamente, a performance aparece como uma ação oral-auditiva complexa, pela qual uma
mensagem é transmitida e percebida dentro da atuação individual de cada um e do ambiente no
qual este está inserido. “Não podemos falar dela sem renunciar às simbolizações abstratas e
às taxonomias, por que toda palavra pronunciada constitui, enquanto produto vocal um signo
global e único, tão abolido quanto percebido” (ZUMTHOR, 1993, p. 220).

Figura 17 - Ilustração para performance


Fonte:http://www.versoseuniversos.com.br/versos_e_universos_da_
arte/pinceladas_sobre_arte_13/index.htm

A performance vocal é composta por vários aspectos que a fazem particular, individual e
única, estando relacionada a fatores condicionantes à saúde vocal que podem comprometer seu
desempenho. No caso da docência, a performance vocal do professor, quando bem aperfeiçoada,

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provoca nos alunos o desenvolvimento da aprendizagem com maior facilidade e empatia na


comunicação entre professor e aluno. Nela está embutida a voz do sujeito que expressa sua
personalidade, ação pretendida, intenção persuasiva, transmitindo ainda aspectos biológicos e
sociais do mesmo. Tudo isso forma um conjunto de requisitos para uma boa atuação e obtenção
do sucesso profissional.
Uma pesquisa da universidade da Califórnia, em Los Angeles, revelou que em uma
apresentação os maiores impactos vêm da voz (38%) e da linguagem corporal (55%). Daí a
importância de desenvolvermos a percepção para o conhecimento corporal, pois facilitará na
administração do modo de nos expressarmos, seja verbalmente ou não.
O aprimoramento da performance vocal pode ser promovido e aperfeiçoado por meio do
trabalho da Fonoaudiologia, que trabalha com o aperfeiçoamento da voz profissional, conforme a
necessidade profissional do sujeito e a função exercida, pois os aspectos envolvidos no processo
vão desde a tomada de consciência da importância do seu instrumento de trabalho às suas
condições de trabalho, por meio de informações e treinamento vocal para o desenvolvimento
das habilidades técnicas e de expressão vocal. Isso envolve trabalhar com respiração, articulação,
ressonância, entre outros aspectos vocais. E, se tratando de professores, inclui também
metodologias de ensino.
Nas ações fonoaudiológicas em saúde vocal docente, é preciso ampliar a percepção e a análise
dos determinantes do processo saúde-doença vocal de professores, deslocando o eixo patologia/
tratamento para saúde/promoção e incorporando os aspectos do cotidiano e da qualidade de
vida que estão relacionados à profissão. Nessa perspectiva, a afirmação:
é muito pertinente, quando comenta que um trabalho visando à promoção da saúde vocal
em professores deve priorizar a melhora da performance vocal do professor, enriquecendo
a dinâmica da comunicação com os alunos, influenciando a fala dos alunos e permitindo ser 49
influenciado por ela. (DRAGONE, 2000, p.178)
Portanto, entende-se que para trabalhar com a performance do professor, é
importante conhecer sua história e o meio em que está inserido, seus hábitos
e comportamentos, observar sua atuação em sala, para que junto com ele
possamos reconstruir ou aprimorar performances vocais mais efetivas,
favorecendo uma melhor saúde vocal e por consequente melhor aprendizagem
aos alunos. Como afirma Bloch (2003, p. 43), “a comunicação perfeita é a voz
de cada um, utilizada da melhor maneira”. E de acordo com Behlau, Dragone
e Nagano (2004, p. 05), “uma voz saudável é aquela que atende plenamente
às necessidades profissionais e/ou pessoais do falante e que se mantém sem
dificuldades no decorrer da vida”.

Segundo Hersan (1989), uma voz bem imposta é aquela produzida com o máximo de
naturalidade, clareza, segurança e com o menor esforço possível. Para conseguirmos este feito
é necessário evitarmos fatores que afetam o sucesso da comunicação como: conhecimento
insuficiente do assunto, interferência de uma fonte sonora externa e/ou interna, atitude para si
próprio, para o assunto e/ou para o receptor. Nesse sentido, o domínio do assunto e das técnicas
de expressividade vai nos garantir passar confiança, segurança e experiência daquilo que nos
propomos falar.
Nesse sentido, listaremos algumas barreiras de comunicação para melhor entendimento
desse processo, visando evitá-las no intuito da promoção da comunicação pessoal e da instituição
a qual o sujeito faça parte.
 Má articulação;
 Ambiguidade;
 Desconhecimento das regras gramaticais;
 Subjetividade;
 Desconhecimento do vocabulário exato;
 Inibição, nervosismo, timidez, insegurança;
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 Falta de concisão ou excesso de concisão;


 Exagero de expressões desconhecidas e de palavras difíceis;
 Discurso decorado de forma mecanizada;
 Usar a imaginação a seu desfavor;
 Velocidade vocal inadequada, lenta ou exageradamente rápido;
 Colocação inadequada da voz e mau uso do aparelho fonador;
 Exagero de articulação não natural, fabricada;
 Imitação/imagem de outro orador;
 Excesso de cortesias e delicadezas;
 Muita movimentação do corpo ao falar;
 Corpo totalmente parado;
 Expressões de abatimento, cansaço, depressão, inferioridade ou superioridade;
 Repetição constante de um mesmo gesto;
 Olhos voltados apenas para o papel;
 Ausência da mais elementar noção das regras de combinação de roupas;
 Falar num só tom sem flexão vocal;
 Desconhecimento das técnicas de uso do microfone;
 Excesso de autoconfiança.

Para superar tais barreiras na comunicação precisamos primeiro aceitá-las que existem
e detectá-las a partir do desenvolvimento da percepção para só assim, conseguirmos uma
50 comunicação eficaz. Há três formas de superar as barreiras da comunicação quando:
- AMBIENTAIS: escolher um local apropriado para a discussão para podermos falar em um
ambiente sem distração ou interrupção;
- VERBAIS: ter muito claro o que quer ser comunicado, e o expressar com clareza, além de
escutarmos e observarmos atenciosamente o nosso público;
- INTERPERSSOIS: não considerar suposições e preconceitos, pois sempre há diferentes
percepções e opiniões. O melhor é ser flexível, e caso o público não nos compreenda procurar
expressar-se de diferentes formas, até seu entendimento.

Figura 18 - Barreira de comunicação


show/20120734-as-barreiras-da-comunicacao
https://www.teoriadofutebol.com/apps/blog/

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Como já vimos, a expressividade é o somatório da linguagem verbal com a linguagem não-


verbal, e é esse domínio da voz e suas modulações associada aos gestos, expressões faciais,
aparência física, vestimenta e postura corporal que nos garante uma boa performance. Logo,
a competência de ouvir e entender o outro inclui não apenas a fala, mas também a leitura das
expressões corporais (Stefanelli, 1993).
O desenvolvimento da expressividade é fator essencial para uma boa desenvoltura nas
atividades comunicativas e docente, pois as técnicas e as estratégias adquiridas farão com que
possamos vencer os medos, anseios, nervosismos e ansiedade. Dessa forma, discorremos mais
sobre esses aspectos, fazendo apontamentos de superação para tais.
A expressão corporal é reflexo daquilo que pensamos, sentimos e somos. Pensando nisso,
precisamos apreender meios de dominarmos nossos pensamentos, ideias e emoções, porque
alguns desses fatores pode não agradar nossos ouvintes se forem passados de uma forma incisiva,
mas não podemos perder nossa essência e naturalidade, pois nenhuma técnica substitui o efeito
da naturalidade.

Figura 19 - Expressão corporal

saude-e-bem-estar/3787-corrigir-postura-dicas-exercicios
51
https://www.greenme.com.br/viver/

Contudo, o uso de gestos sóbrios e variados faz-se necessário numa apresentação, bem como
os movimentos das mãos de acordo com o conteúdo, pontuando, reforçando e fixando conceitos,
fazem a apresentação mais interessante e compreensível. Então, deve-se evitar tanto o excesso
de movimentos quanto a ausência de gestos, pois passa a sensação de artificialidade e rigidez
corporal, respectivamente, temos que demonstrar entusiasmo, naturalidade sem artificialismo,
pois os gestos antes ou com o início da fala é sempre promissor em um discurso.
Os gestos são uma linguagem secundária, porém muito importante, e tem como finalidade
complementar a expressão oral, desde que sejam coniventes com a mensagem, assim, eles devem
ser espontâneos, sinceros, harmoniosos, sóbrios, denotando boa educação.
A importância da expressividade no processo de aprendizagem é um tema que já vem
sendo estudado e debatido há muito tempo, porém pouco praticado. Barreiras comunicativas
de origens intrínsecas e extrínsecas não detectável podem impedir que alunos apreendam
informações com eficiência. Dentro desta expectativa, essa questão deve ser entendida tanto pelo
professor, quanto pelo aluno. Docentes experientes buscam perceber de forma especializada os
estados emocionais dos alunos e, a partir desta observação, tomar alguma atitude que permita
impactar positivamente no aprendizado. Fabron (2005) afirma que no contexto de sala de aula,
a expressividade comanda a interação entre professor e aluno, e pode facilitar a construção do
conhecimento, podendo até mesmo garantir a atenção dos alunos.

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No cotidiano das instituições de ensino, alguns alunos se queixam de que a comunicação de


determinado professor contribui para sua desatenção em sala de aula, devido ser monótona e
não atrativa. É possível que isto aconteça porque muitos professores não sabem da importância
do uso d a expressividade na comunicação e consequentemente, no processo de ensino e
aprendizagem. Nesse sentido, supondo a falta de conhecimento dos professores quanto a
importância da comunicação não-verbal no exercício de sua profissão, acreditamos que se esta
comunicação não ocorrer de modo efetivo, não ocorre aprendizagem. Por este motivo, entende-se
que uma adequada comunicação não-verbal é fundamental, pois pode contribuir para melhorar
o desempenho do docente em sala de aula e aprendizagem dos alunos.

Figura 20 - Gesto que falam

https://ciencia.estadao.com.br/blogs/radar-cientifico/
falar-com-as-maos-para-pensar-melhor/
52

Nesse contexto, para não nos tornarmos contraditórios e não provocarmos desinteresse no
ouvinte devemos sempre olhar para a pessoa a qual cumprimentamos ou mantemos diálogo,
para não demonstrar timidez ou desinteresse, evitar desviar o olhar, procurar expressar, através
dos olhos, os sentimentos contidos em nossa fala, evitar fixar o olhar em uma única pessoa
quando estiver falando em público, ser atencioso e prestar atenção ao que os outros falam, pois
é através do olhar que revelamos o nosso estado emocional, indicando coerência, objetividade e
sinceridade. Situações como:
- Sobrancelhas abaixadas=> expressa ideia de reflexão ou seriedade;
- Sobrancelhas elevadas=> surpresa ou alegria;
- Elevar uma sobrancelha e abaixar a outra=> dúvida ou pergunta;
- Olhos muito abertos=> denotam espanto, surpresa ou medo.
- Olhos baixos: remete a vergonha, insegurança, timidez ou respeito.
- Sobrancelhas aproximadas: reflexão, raiva, dureza ou pavor.
Segundo Oliveira (2007), a comunicação não-verbal pode divulgar o que se tem em
mente através do corpo, gestos, comportamentos e atitudes, muito mais do que se gostasse
ou se desejasse dizer. Já Silva (2000), relata que por sua espontaneidade e difícil domínio, a
comunicação não-verbal é vista como verdadeira por manifestar as verdadeiras intenções.
É através da expressividade do corpo que podemos perceber se o professor está seguro e
entusiasmado com o tema abordado, favorecendo ou não a atenção do aluno. Araújo, Silva e
Puggina (2007), acreditam que a comunicação não-verbal é dada pelo tom da voz e pela maneira

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com que as palavras são expressas, por olhares e expressões faciais, por gestos que acompanham
o discurso, pela postura corporal, pelo tamanho da distância física que as pessoas mantêm umas
das outras e até mesmo por suas roupas e acessórios, podendo estes, de modo inadequado,
chamar mais a atenção do ouvinte do que para o conteúdo da conversa.
Portanto, vale destacar que, além de estudos que analisam o desempenho comunicativo do
professor, é de grande importância o desenvolvimento de programas preventivos e de preparação
do mesmo para a complexa atuação em sala de aula, envolvendo aspectos que transitam desde
a saúde e qualidade vocal até a expressividade para que os alunos possam se envolver mais
nos conteúdo formais e o processo de ensino e aprendizagem seja beneficiado através da
comunicação e suas ferramentas.

# DICA – BOA EXPRESSIVIDADE!


• Use um tom de voz natural e confortável;
• Procure adequar seu volume de voz à situação de comunicação em que você se encontra,
lembrando que falar constantemente em alta intensidade pode ser prejudicial;
• Articule bem os sons das palavras, abrindo e movimentando a boca adequadamente;
• Faça pausas respiratórias enquanto fala;
• Mantenha um ritmo de fala moderado, com cuidado para não falar rápido ou devagar
demais;
• Enfatize as palavras mais importantes na frase, para marcar o sentido que você quer dar a
ela;
• Associe sua fala às expressões faciais e aos gestos, de forma natural, porém sem exageros;
53
• Esteja sempre atento às necessidades do seu interlocutor, mantendo contato visual e
mostrando-se interessado também no que está ouvindo, e não só no que está falando.

(2015, www.campanhadavoz.com.br)

# DICA – COMO SUPERAR O NERVOSISMO!


- Aprender a treinar técnicas de postura e gestos;
- Ter consciência do seu potencial;
- O uso da gesticulação correta passa mais confiança;
- Respire profundamente, relaxe e concentre-se;
- A prática e a calma proverá o controle do medo;
- Não sofra de antecipação;
- Pense sempre positivamente;
- Medo e nervosismo são comuns;
- Decore o início da apresentação;
- Sorria no início da apresentação;
- Trabalhe a respiração;
- Apertar as mãos para descarregar as tensões antes da apresentação.

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3.3 - Uso profissional da voz para a


docência e as implicações com seu
ambiente de trabalho
UN 03

A forma como os professores utilizam a voz para trabalhar é conhecido como voz profissional,
devido não se tratar apenas de uma comunicação oral, pois o profissional depende dela para
desenvolver sua atividade ocupacional e garantir seu sustento. Esses profissionais são os mais
acometidos por transtornos vocais devido às condições e organizações de trabalho desfavoráveis
e/ou desconhecimento dos cuidados que devem ter com a voz, o que acaba provocando uma
série de abusos à saúde vocal, requerendo uma adaptação adequada dos órgãos da fonação, com
o intuito de se evitar o surgimento de sintomas de disfonia, prejudiciais ao prosseguimento na
docência (ORTIZ et al., 2004).
“A voz do professor é apontada por ele mesmo como um de seus principais recursos
profissionais” (PARK e BEHLAU, 2009, p. 466), sendo o recurso essencial do professor na relação
ensino-aprendizagem e, quando adaptada à função exercida e aperfeiçoada, podemos caracterizá-
la como um recurso natural e sustentável para o prosseguimento de toda carreira docente.
Para a comunidade científica, como postulado por Grillo (2002), Behlau, Dragone e Nagano
(2004) e Souza (2010), é consenso que a voz é um dos instrumentos essenciais na prática do
magistério, por se tratar do meio de comunicação verbal mais utilizado entre os seres humanos,
54 merecendo uma melhor atenção e cuidados, discussão essa, também contemplada pela área da
saúde do trabalhador.
A Saúde do trabalhador integra a área da Saúde Pública e tem por objetivo o estudo e a
intervenção nas relações entre o trabalho e a saúde, por meio da elaboração e aplicação de
medidas articuladas que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde do trabalhador,
que são atribuições do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2001).
A saúde no trabalho é condicionada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e
organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, além de fatores de risco
físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos presentes nos processos de trabalho.
Essa complexidade requereu a criação de uma Política Nacional de Segurança e Saúde do
Trabalhador (PNSST), de caráter interministerial, para buscar a integralidade e a articulação
das ações desenvolvidas, assim como estabelecer diretrizes, responsabilidades institucionais,
financiamento, gestão, acompanhamento e controle social nesse campo (BRASIL, 2004).
Concomitantemente à institucionalização de tais práticas, é importante que haja um trabalho
de sensibilização dos indivíduos, pois segundo Simões e Latorre (2006), a falta de percepção
dos problemas vocais é bastante acentuada entre professores. Há ainda, a aceitação passiva da
alteração vocal, pois muitos acreditam ser esta uma consequência natural de sua profissão. Além
disso, cientes do tempo e do ônus financeiro dispensado ao tratamento da disfonia, mostram-se
relutantes a buscar um acompanhamento apropriado.
No entendimento de Fortes et al. (2007), a disfonia, sintoma pouco valorizado durante muito
tempo na vida do docente, é considerada atualmente um distúrbio importante, acarretando em
consequências que influenciam diretamente na vida profissional e social do indivíduo.
Nos anos recentes, os cuidados com a voz profissional, o diagnóstico, o tratamento e a
prevenção das patologias vocais relacionadas ao trabalho vêm ganhando importância. Diversos
trabalhos demonstram que as pessoas cujas profissões requerem uso contínuo da voz possuem
elevado risco de desenvolver desordens vocais se comparadas com a população em geral (YIU,
2002). Os profissionais que utilizam sua voz como ferramenta de trabalho, cantando ou falando,

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possuem demanda vocal aumentada, uma vez que necessitam falar e/ou cantar por longos
períodos, geralmente em condições estressantes e em ambientes desfavoráveis. Nesse grupo
estão incluídos os professores, cantores, atores, locutores de rádio e televisão, padres, advogados,
políticos, operadores de teleatendimento/telemarketing, entre outros.
Um dos problemas da voz falada profissional é a falta de conhecimento dos usuários para
sua correta utilização frente às demandas necessárias. Dessa forma, em geral, o profissional
inicia e mantém sua carreira sem qualquer treinamento ou orientação vocal.
Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial (ABORL-
CCF, 2004), a análise dos fatores de risco relacionados à voz profissional deve incluir tanto
questões individuais, como aspectos ambientais e organizacionais. De modo análogo às perdas
auditivas induzidas pelo ruído (PAIR), é importante reconhecer e valorizar as alterações vocais
induzidas pelo ambiente, o que levaria à interpretação da disfonia como uma doença relacionada
ao trabalho, ou seja, causada principalmente por fatores físicos (competição sonora, umidade
do ar), químicos (poeiras, pó de giz), biológicos e ergonômicos (organizacionais do trabalho,
demanda vocal excessiva, acústica deficiente do local de trabalho, mobiliário inadequado,
equipamentos auxiliares, entre outros). Outros fatores responsáveis são, por exemplo, alergia,
tabagismo, hidratação oral insuficiente e a presença de refluxo gastroesofagiano (MEDEIROS,
BARRETO e ASSUNÇÃO, 2008).
Behlau e Pontes (2008), Ferreira, Befi-Lopes e Limongi (2004) e Pinho (2007), argumentam
a relação da disfonia com a atividade ocupacional e acreditam que o principal fator seja o uso
excessivo da voz. Entretanto, é importante considerar diversos fatores ambientais que podem
estar indiretamente relacionados ao trabalho e que podem agravar o problema, como exposição
a irritantes, condições inadequadas de temperatura e umidade, ruídos de fundo e acústica ruim.
As condições climáticas, de temperatura e umidade determinam, entre outras coisas, 55
o grau de perda de líquido de quem fala, provocando queda em seu rendimento físico
e, consequentemente, da produção vocal (OLIVEIRA, 2004, p. 12).

Alguns aspectos organizacionais precisam ser considerados nesta análise, entre os quais
a literatura destaca: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga e acúmulo de atividades ou
de funções, ausência de pausas e de locais de descanso durante a jornada, ritmo estressante,
trabalho sob forte pressão e insatisfação com o mesmo, ou com sua remuneração, além de
relações desgastantes no ambiente de trabalho.
Estudos de Barros, Marchiori e oliveira (2005) relacionam em suas pesquisas alguns hábitos
que podem colaborar para o desgaste da voz do profissional, tais como: tabagismo, etilismo,
hidratação insuficiente, grito, uso abusivo da voz, entre outros aspectos.

Figura 21 - Abuso vocal


http://chalfelipemusic.blogspot.com/2013/12/cuidado-com-o-abuso-vocal.html

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A frequência, a gravidade e as repercussões sociais do problema transformaram-no em


uma questão relevante para a Saúde Pública, e para a Saúde do Trabalhador, considerando o
grande contingente de trabalhadores nessa categoria no Brasil e no mundo (ABORL-CCF, 2004).
É necessário que os fatores de risco à saúde devam ser analisados sob múltiplos aspectos: a
intensidade, o tempo de exposição, a organização temporal da atividade, a duração do ciclo de
trabalho, a distribuição das pausas e/ou a estrutura de horários.
O uso incorreto da voz, originando ajustes inapropriados no modo de produção vocal, é um
fator importante para o desencadeamento de alterações no aparelho fonador. Para que possam
lidar com essas circunstâncias sem sobrecarregar o aparelho fonador, alguns trabalhadores
adquirem comportamentos vocais apropriados de forma intuitiva. Não obstante, uma parcela
significativa desses profissionais faz uso inadequado da voz, desenvolvendo sintomas laríngeos
de diferentes tipos e graus de severidade, que afetam, principalmente, a qualidade da voz
de maneira lenta e gradual. Em muitos casos, as alterações são de tal ordem que obrigam o
afastamento temporário ou definitivo do trabalho, com repercussões importantes para a vida do
indivíduo, representando um ônus para a sociedade.
O absenteísmo e frequentes afastamentos decorrentes de licenças médicas, além das
incapacidades permanentes nesse grupo de profissionais, sobrecarregam os serviços de saúde
e de perícia médica.

(...) as enfermidades relacionadas ao aparelho fonador, decorrentes ou


prejudiciais ao trabalho, têm importante impacto social, econômico, profissional
e pessoal, representando prejuízo estimado superior a duzentos milhões de
reais ao ano, em nosso País. (ABORL-CCF, 2004)
56
O Consenso Nacional sobre Voz Profissional-CNVP (2004, p. 02) reconhece os efeitos da
atividade laboral sobre o aparelho fonador. E traz os seguintes conceitos: Voz Profissional é
“a forma de comunicação oral utilizada por indivíduos que dela dependem para sua atividade
ocupacional”. Por disfonia entende-se “toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão
natural da voz, caracterizando um distúrbio que limita a comunicação oral e pode repercutir de
forma significativa no uso profissional da voz”. A laringopatia Relacionada ao Trabalho (LRT) é
conceituada como
o conjunto de sinais, sintomas, disfunções e enfermidades do aparelho fonador,
que possam ter origem no uso inadequado da voz ou outra sobrecarga ao
aparelho fonador, em decorrência da atividade laborativa e/ou ambiente de
trabalho, ou refletir em sua função e nas condições de uso da voz no trabalho,
em termos de qualidade, estabilidade e resistência (ABORL-CCF, 2004).

O termo Portador de Laringopatia Relacionada ao Trabalho se refere ao “trabalhador que,


tendo seu diagnóstico médico-ocupacional firmado, necessita ter acesso à assistência médica e
cuidados especiais, recebendo tratamento específico, visando o retorno ao pleno uso profissional
da voz” (ABORL-CCF, 2004, p. 02).
Embora haja evidências científicas da relação causal entre o uso inadequado da voz e o sobre-
esforço vocal em algumas profissões e ocupações, em muitos países como o Brasil, as alterações
resultantes dessa situação não são reconhecidas como enfermidades relacionadas ao trabalho.
Apesar do que expressa o CNVP, é interessante destacar que a Lista Brasileira de Doenças
Relacionadas ao Trabalho, produzida pelo Ministério da Saúde e adotada pelo Ministério
da Previdência (Instituto Nacional do Seguro Social - INSS), não incluiu os transtornos da
voz relacionados ao trabalho. Na seção II – Doenças Relacionadas ao Trabalho encontra-se o
capítulo sobre Doenças do Ouvido Relacionadas ao Trabalho - Grupo VIII da Classificação
Internacional das Doenças - CID-10 (BRASIL, 2005, cap. 13). Ao verificarmos as patologias
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ali listadas, encontramos não só transtornos dos ouvidos, médio e interno, como também das
cavidades paranasais. Em uma busca mais acurada, encontramos, no capítulo Doenças do
Sistema Respiratório Relacionadas ao Trabalho (BRASIL, 2005, cap. 15), alterações relativas aos
outros segmentos anatômicos incluídos na otorrinolaringologia. Ainda assim, nenhum dos dois
capítulos cita os distúrbios da voz relacionados ao trabalho, estando em vigor ainda hoje, mesmo
depois do CNVP.
Ao pensarmos nos ambientes de trabalho educacionais, como espaço de socialização e na
educação como processo de conscientização e transformação da sociedade, encontramos o
professor, sujeito fundamental nessa temática socioambiental e tecnológica, e que tem a voz
como um dos principais instrumentos de seu trabalho
A educação é uma das ferramentas essenciais nesse processo contemporâneo para
promovermos um desenvolvimento sustentável e aprendermos a utilizar racionalmente os
recursos naturais, garantindo as mesmas condições às gerações futuras. Educar é mais do que
ensinar conhecimentos: é promover o desenvolvimento do sujeito, é possibilitar a construção de
uma ética, é expor os valores em que acreditamos para construção de um futuro melhor.
Na escola, o professor é o profissional que possui um papel de destaque, estabelecendo
vínculos diretos com os alunos, com as famílias e a comunidade, devido seu papel de formador.
Muitas vezes, torna-se referência de hábitos, conhecimento, comportamentos e práticas de saúde
e cidadania para a população, ocupando o papel de agente formador e ator social na educação
e na saúde da população. O professor é um indivíduo cuja função de comunicação tem papel
central em seu desempenho profissional e, portanto, a presença de uma desordem vocal passa
a ter implicações amplas na sua qualidade de vida, na sua condição de trabalhador e na sua
condição de cidadão.
Ao longo de sua carreira, o professor tende a desenvolver hábitos compensatórios ou 57
técnicas para minimizar as dificuldades vocais e esses mecanismos devem influenciar até a
sua própria percepção de qualidade de voz. Tais profissionais estão propensos a considerar as
desordens vocais, em especial a rouquidão, como uma consequência inevitável do trabalho e
provavelmente eles têm pouco conhecimento de que isto é passível de prevenção ou de que pode,
pelo menos, ser aliviado. Sendo assim, observa-se que a prevalência dos problemas relacionados
à voz nos professores apresente grande variedade na literatura científica, incluindo como
causas a diversidade de nomenclatura para as desordens vocais (problemas vocais, desordens
vocais, disfonia) e emprego de metodologias diferentes durante as pesquisas (questionários de
sintomas autorreferidos, ou achados de exames complementares, como - laringoscopia indireta,
videolaringoscopia).
O professor, muitas vezes, apresenta alterações cumulativas, limitando o seu desempenho
profissional ao longo de sua carreira letiva, devido ao seu despreparo vocal. Nesse caso, seu
auditório está lá para ouvi-lo obrigatoriamente e, às vezes, sem nenhum interesse no que vai
ser ensinado, aumentando o ruído dentro da sala de aula, devido a falta de interesse no assunto,
obrigando o docente a buscar estratégias para manter a atenção e não prejudicar o aprendizado.
Nessas condições, o professor deve ministrar uma matéria/disciplina concreta, ensinar regras
de comportamento e oferecer um suporte afetivo, o que resulta em uso mais intensivo da voz
quando comparado às demais profissões (FRADEJAS, 2009).
Os problemas de voz relacionados à categoria profissional dos professores têm chamado
a atenção de diversos pesquisadores (TAVARES e MARTINS, 2007). Diante de dados científicos
por eles divulgados, é possível compreender a magnitude do problema estudado neste texto. Os
sintomas referidos como mais frequentes de disfonia são: cansaço vocal, rouquidão, mudança
de registro vocal e desconforto faríngeo (SIMÕES e LATORRE, 2002). Já entre os achados físicos
mais encontrados estão: a fenda vocal, a hiperconstrição laríngea e os nódulos vocais (SIMBERG,
et al., 2005).

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Figura 22 - Disfonia funcional

voz-de-professores-requer-mais-cuidados-segundo-pesquisa-brasileira,3521
http://medimagem.com.br/noticias/
A disfonia pode ser entendida como uma dificuldade na emissão vocal que foge da sua
produção natural da voz. Esta patologia é hoje um problema de impacto social, econômico e
profissional. Dentre as várias patologias de pregas vocais que causam alteração na voz, podemos
citar algumas lesões orgânicas benignas mais comuns como: os nódulos e os pólipos causados
pelo abuso e mau uso vocal, como também as lesões orgânicas malignas, como é o caso do câncer
58 de laringe que tem associação direta com uso prolongado de álcool e fumo, além das alterações
funcionais, as chamadas fendas glóticas.
Há evidências de que os nódulos de pregas vocais sejam a patologia mais frequente nos
profissionais da voz. Entretanto, há uma diversidade de outras alterações orgânicas e funcionais
na laringe e no trato respiratório que podem provocar disfonia, ressaltando-se assim a sua
multifatorialidade (ORTIZ et al., 2004). Ela resulta da interação ou não de fatores genéticos,
comportamentais, ocupacionais e estilo de vida. Pensando nisso, por mais que o professor tenha
uma boa resistência vocal e utilize vários recursos didático-pedagógicos, ele não estará livre de
ser acometido por um problema vocal, pois dentre os muitos fatores que podem acarretar uma
alteração vocal, encontramos o abuso e o mau uso vocal devido à carga horária excessiva e tipo
de disciplina ou nível escolar no qual o professor leciona. Logo, através da consulta às obras
de Behlau e Pontes (2008), Ferreira, Befi-Lopes e Limongi (2004) e Pinho (2007), podemos
constatar que o melhor meio de auxiliar os professores nos cuidados com a voz é utilizando a
informação por meio de ações preventivas.
Os fatores condicionantes à saúde vocal na docência dizem respeito a hábitos vocais e
alimentares praticados pelo sujeito que podem vir a prejudicar ou não sua voz, dependendo da
frequência e intensidade, além das condições ambientais e organizacionais do trabalho no qual
o indivíduo está inserido.
Podemos elencar alguns fatores condicionantes à boa saúde vocal como:
 Alimentação: uma boa composição alimentar é feita com um consumo elevado de
carboidratos (grãos, vegetais, legumes e frutas), baixos níveis de gordura e muitas fibras. Segundo
Behlau e Pontes (2008), a produção da voz é um processo de alto gasto energético e, portanto,
se o indivíduo usa a voz profissionalmente e/ou de forma intensa, seja, para lecionar, ministrar
palestras, vender produtos, etc., deve praticar uma alimentação saudável. Cabe notar ainda
algumas orientações relevantes quanto à alimentação no momento imediato a uma emissão
vocal prolongada. Assim como os profissionais da voz cantada, os profissionais da voz falada
devem evitar o consumo de chocolate, alimentos e bebidas achocolatadas, leite e derivados,
antes de uma apresentação _ oral seja uma aula, reunião, entrevista _ devido ao fato de que esse
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III - COMUNICADO-SE

tipo de alimentação provoca a densificação do muco (saliva), fazendo com que as pregas vocais
vibrem com dificuldade, produzindo ainda, a necessidade de pigarrear para limpar a garganta o
que soma a outro agente agressor devido o pigarro provocar atrito nas pregas vocais. A melhor
atitude a ser tomada, neste caso, seria a ingestão d’água.
 Hidratação: para a manutenção da boa vibração das pregas vocais, a hidratação oral é
indispensável, sendo necessária a ingestão de dois a três litros de água por dia, a fim de fluidificar
o muco e compensar a perda de líquido pelo organismo ao longo do dia. Ademais, as atividades
metabólicas e o próprio ar seco que respiramos implicam na necessidade de hidratação constante.
Amato (2010), postula que um organismo adequadamente hidratado tende a ser mais eficiente
em suas respostas fisiológicas, inclusive naquelas relativas à emissão da voz.
Cabe ressaltar que a lubrificação das pregas vocais deve se dar especialmente pela ingestão
de água à temperatura ambiente, pois os líquidos, quando em temperaturas extremas, podem
provocar choque térmico, ressecando o aparelho fonador, prejudicando ainda a eficiência do
sistema imunológico. Bebidas gaseificadas (cervejas, refrigerantes, etc.) devem ser evitadas,
principalmente antes de uma aula, pois este tipo de bebida estimula o refluxo gastroesofágico
(subida do ácido clorídrico do estômago em direção ao esôfago e à faringe, que atinge
indiretamente a laringe, provocando o inchaço das pregas vocais).

Figura 23 - Hidratação

59
https://www.youtube.com/watch?v=LRNO1xC5Srs

O Monitoramento da hidratação pode ser realizado pela observação da urina, cuja


coloração, quando mais clara, indica maior hidratação, quando mais escura indica necessidade
de hidratação. Outras formas de evidenciar a insuficiência de hidratação são: saliva espessa,
esforço para falar e pigarro constante. Além da ingestão de água, outras formas de hidratação
seriam: a inalação de vapor d’água através de inaladores, do aquecimento de água numa panela
comum e aplicação de solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% nas narinas sempre que
senti-las ressecadas.
 Esportes: a prática de atividade física favorece o controle de peso, da pressão arterial
e da taxa de glicose no sangue. Além de fazer bem à autoestima, causa bem-estar, alivia o
estresse, fortalece os ossos, melhora a força muscular, a qualidade do sono e a capacidade
respiratória que, consequentemente, acarretará ao indivíduo melhor postura, condicionando
uma boa comunicação e uma melhor emissão vocal, tanto falada quanto cantada. Tendo em
vista que uma boa saúde vocal é condicionada por uma boa saúde física, a prática regular
de exercícios é altamente recomendável, principalmente a de atividades de baixo impacto,
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tais como caminhadas, ciclismo, dança, natação, ioga, alongamento e massagens. Durante
exercícios de alto esforço muscular, como levantamento de peso, não se deve realizar produção
vocal, o que levaria a uma sobrecarga do aparelho fonador (BEHLAU e PONTES, 2008).
A boa postura é aquela em que mantemos os pés separados (na largura dos ombros),
atingindo um bom equilíbrio físico para nosso corpo e uma correta distribuição do peso para o
apoio em ambas às pernas. Devemos manter os ombros relaxados, mais baixos, e elevarmos a
cabeça, que fica levemente para trás, apoiando-se na coluna vertebral. A correta postura, além
de nos manter mais relaxados, é essencial para a boa projeção vocal (AMATO, 2010).
Portanto, a tomada de consciência corporal aliada à emissão vocal, é bastante necessária
para o profissional da voz. Logo, os aspectos posturais como a inclinação de cabeça, a tensão
muscular cervical, o posicionamento do queixo em relação ao peito, a inclinação dos ombros,
a curvatura da coluna vertebral no andar e no sentar devem ser policiados habitualmente,
adequando-os para o ato fonatório.
 Sono: a quantidade de sono necessária para um repouso varia de indivíduo para
indivíduo, sendo observada uma média de sete ou oito horas. Vale ressaltar que a qualidade
de sono não está relacionada apenas com a quantidade de horas e sim com fatores fiscos que
vão desde o colchão ao ambiente no qual o indivíduo dorme. A falta de sono, assim como o
estresse, diminui a memória e a capacidade de assimilação de informações pelo nosso cérebro,
pois nessas situações os neurônios perdem muito de sua eficiência. Desse forma, não dormir
diminui nossa performance intelectual no dia a dia, consequentemente nossa performance
vocal. Cabe considerar que a falta de repouso determina menos energia para o organismo e,
sendo a emissão vocal uma atividade de alto gasto energético, o déficit de sono pode ocasionar
dificuldades, como voz cansada e alterações no ritmo, no tom e na clareza da fala. Após dormir
60 mal, sua voz pode acordar mais rouca, fraca e soprosa.
 Repouso vocal: o silêncio é extremamente salutar e altamente tonificante,
potencializando a qualidade vocal e evitando o desgaste. Além de favorecer a sonoridade, o
brilho, a riqueza harmônica e a pureza, atributos essenciais à performance vocal. O professor
é obrigado a falar muito alto e durante muito tempo, logo requer procurar momentos do dia
para repousar sua voz, antes, durante e depois da atividade profissional.

Figura 24 - Repouso vocal


https://www.espacopelucia.com.br/produto/detalhes/1645/emotion-de-pelucia-
macaquinho-nao-falo-40cm.html

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Merece destacar mais quatro fatores condicionantes a boa produção vocal, quais sejam:
realização de treinamento vocal, conhecimento do trabalho fonoaudiológico, conhecimento de
fisiologia vocal e inclusão da consulta ao fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista nos exames
de rotina. Tais fatores não se constituem diretamente em hábitos de bem-estar vocal, mas
condicionam a saúde da voz de forma indireta.
Existem hábitos que estão ligados a esses fatores condicionantes que, quando praticados de
maneira errada ou abusiva, colocam a saúde vocal numa situação de perigo. Os agentes agressores
que mais contribuem para uma má saúde vocal, causados por imprudência, negligência ou até
falta de conhecimento por parte do sujeito, seriam: ingestão de bebidas alcoólicas, uso de fumo
e de automedicação, mudanças de temperatura, ar condicionado, poluição, alergias e drogas
ilícitas. Agregam-se a esses agentes, entre outros, a má alimentação e o descanso inapropriado,
maus hábitos vocais (pigarrear, tossir com força, competir com os sons de fundo, etc.), posturas
corporais inadequadas e vestuário impróprio que impeça o fluxo respiratório nas regiões do
pescoço e abdômen. Cabe notar que as alterações vocais, apesar de serem consideradas de
menor importância, são essenciais para a qualidade de vida do profissional da voz (KASAMA e
BRASOLOTTO, 2007).
O cuidado com o ambiente de trabalho é outro fator essencial para a saúde do professor,
tais como o tamanho e a acústica das salas de aula, número de alunos por turma reduzido, pois
o ruído gerado por uma turma muito numerosa de alunos são fatores que obrigam, de forma
reflexa, o aumento do volume da voz do professor, para que o mesmo possa se ouvir e seja
ouvido (PEREIRA, SANTOS e VIOLA, 2000). Este aumento do volume da voz sem o suporte de
um programa de prevenção apropriado, com o uso de técnica vocal adequada, costuma levar ao
aparecimento de sintomas vocais indesejados.
A necessidade de se aumentar a carga horária de trabalho, com o objetivo de melhorar a
receita mensal e a interferência das reações emocionais nos ajustes vocais acabam favorecendo
61
o adoecimento desses profissionais, além de acelerar o desgaste do aparelho fonador, tornando-
os vulneráveis ao desenvolvimento de problemas relacionados à voz e grande fonte de estresse
físico e emocional (KOOIJMAN et al., 2007).
As relações sociais no trabalho e na vida particular do professor envolvem habilidades
de relacionamento, responsabilidades, compromissos, conflitos e tensões que acabam por
contribuir para deixá-lo susceptível ao estresse como, por exemplo, mudanças políticas e sociais;
questões trabalhistas e salariais; a necessidade de o professor fazer outras atividades como forma
de aumentar a renda; aumento das atividades burocráticas e a organização social do trabalho
(atividades de planejamento e execução); os interesses transversais da instituição escolar que
redirecionam o papel social do professor; o acúmulo de atividades, os trabalhos extraclasse;
as mudanças pedagógicas e a necessidade de atualização frequente; a introdução de novos
recursos pedagógicos e tecnológicos; número excessivo de alunos por sala de aula; os problemas
com a violência urbana; a violência na escola (brigas entre alunos, roubos, ameaças dos alunos,
depredação do espaço); o trajeto frequentemente longo entre a casa e local de trabalho; e, por
fim, as cargas psíquicas acumuladas.
Dentre as questões de saúde que mais afetam os professores, Gasparini, Barreto e Assunção
(2005) citam como uma das mais frequentes o Burnout (exaustão física ou emocional causada
por longa exposição à situação estressante). Ou seja, entrar em burnout significa chegar ao
limite da resistência física ou emocional, podendo desenvolver desordens osteomusculares e
vocais. O professor é um desses profissionais que tem na comunicação um papel central para
o desempenho profissional, sendo assim, a desordem vocal tem implicações diretas na sua
qualidade de vida.
Alguns especialistas dão demasiada ênfase a fatores pessoais na hora de se analisar as
causas dos problemas de voz na classe dos professores. Os hábitos pessoais, alimentícios, de
consumo de tabaco e também a forma de falar do professorado não diferem daqueles do resto da
população que trabalha em outras ocupações. Sendo assim, se entre o professorado as patologias
de voz tem uma incidência muito maior seria, portanto, devido à sua profissão.

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Os fatores de risco mais citados pelos professores como contribuintes para o desenvolvimento
da sua patologia vocal são: a própria tarefa, o ruído, acústica das salas de aula, condições
inadequadas de temperatura, umidade, ventilação e qualidade do ar, a idade dos alunos quando
se trata de crianças, o número de alunos por sala de aula, a não existência de pausas, o estresse
e a falta de formação específica.
A prevenção como resposta positiva ao tratamento não pode ser alcançada apenas resolvendo
um dos fatores causais. Uma saúde ocupacional de qualidade e eficiente é a questão chave para
tratar as desordens vocais de origem multifatorial.
Os estudos sobre a relação entre condições do trabalho docente e saúde são relativamente
recentes no país. Este fato não pode ser desconsiderado. Há ainda um conjunto de questões
que carecem de aprofundamento teórico e de pesquisa empírica. Considerando-se também o
fato de que a maior parte dos estudos sobre este objeto é predominantemente originada da
área das ciências biológicas, em detrimento das humanas, tornam-se evidentes os desafios que
continuam colocados para a discussão do tema a partir do ponto de vista sociológico, ou ainda
da educação (LEITE e SOUZA, 2006).
O exercício da profissão impõe ao docente responsabilidades e desafios para exercer suas
atividades diárias de ensino, promover a saúde e melhorar a qualidade de vida nas relações e
ambientes educacionais e comunitários. Para tanto, não se pode deixar sucumbir nem adoecer
e mais, deve manter-se sempre saudável e feliz (SMOLANDER e HUTTUNEN, 2006). Contudo,
somente nas últimas décadas o interesse pelas suas condições de saúde e de trabalho vem
crescendo.
A voz é recurso didático, controladora da disciplina e reveladora das emoções do professor.
É usada com alta demanda e intensidade, por várias horas ao dia, gerando um desgaste que se
62 manifesta através de vários sintomas. A voz, presente no dia a dia da sala de aula, é um aspecto
pouco valorizado e percebido, mas que atua nas relações professor-aluno e no processo de
aprendizagem.
Há uma tendência em se deixar sob a responsabilidade do professor o encargo de prevenir as
disfonias. Não parece haver dúvidas que hábitos saudáveis de vida, como uma boa alimentação
e exercícios físicos regulares, melhoram as condições de saúde e permitem enfrentar os desafios
do cotidiano laborativo. Entretanto essas atitudes, por si só, não são capazes de “imunizar” as
condições de trabalho prejudiciais à sua saúde.
A prevenção de um problema é muito mais eficiente que a sua cura e, por sua vez, a
erradicação de doenças é sempre mais difícil que a sua prevenção. Duffy e Hazlett (2004)
consideram três níveis de prevenção, citados a seguir: a prevenção primária, baseada em ações
de promoção da saúde, atuando em um nível anterior à instalação do problema em professores
expostos aos fatores de risco mencionados; a prevenção secundária, que se refere às medidas
para a identificação do problema e evitar seu agravamento, e por último, a prevenção terciária,
focada na remediação dos prejuízos ou lesões (impairment), das incapacidades (disabilities) e
das desvantagens (handicap) enfrentadas pelo trabalhador adoecido, com objetivo reabilitador.
Grillo (2004) avaliou o impacto de um curso de Aperfeiçoamento Vocal, com carga horária
de 32h30min, na prevenção e manutenção da saúde vocal de 06 professores universitários
participantes do curso, através da utilização de entrevistas e questionários. Os professores
valorizaram o aquecimento vocal; responsabilizaram-se por utilizar os conteúdos e atividades
não incorporadas à rotina; seguiram às orientações de saúde vocal em sala de aula e consideraram
o tempo do curso insuficiente para fixar os novos conceitos. A autora observou que houve
mudança, em maior ou menor grau, no uso da voz dos professores participantes do curso.
Vilkman (2004) debate a respeito da eficácia do treinamento vocal dado aos profissionais da
voz com alterações vocais de origem ocupacional e diz que essas terapias empregadas atualmente
podem variar entre as Escolas, mas que, geralmente, tendem a possuir uma abordagem holística,
incluindo componentes como a higiene vocal. Para o desenvolvimento das práticas clínicas e das
pesquisas científicas no campo das desordens vocais de origem ocupacional é importante que o
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conhecimento acumulado até agora seja utilizado e aprimorado dentro do contexto da segurança
e saúde ocupacional e, ainda, que seus princípios devam ser incluídos nos domínios da terapia
vocal. Quando os aspectos musculoesqueléticos da produção vocal são levados em consideração,
é importante fazer com que os profissionais da voz sejam capazes de identificar não só os sinais
de fadiga vocal, mas também distinguir entre uma produção vocal tensa e uma laringe relaxada,
para que possam tomar medidas no sentido de evitar maiores danos à saúde vocal.
Contudo, as medidas mais importantes a serem tomadas para a manutenção e restauração
da saúde vocal dos profissionais da voz estão relacionadas aos fatores geradores da sobrecarga
vocal. Isto envolve repensar as práticas pedagógicas, utilizando mais recursos audiovisuais para
reduzir o tempo de fonação, redução do ruído de fundo, melhoria das condições acústicas das
salas de aula, entre outros. Em alguns casos, a utilização de um sistema de amplificação vocal
como equipamento de proteção individual (EPI) pode ser uma medida eficaz e rápida para a
redução da sobrecarga vocal (VILKMAN, 2004).
Portanto, como forma de prevenir os problemas vocais apresentados pelos professores,
podemos orientar um bem-estar vocal, que consiste em normas básicas que auxiliam na
promoção e na prevenção de alterações e doenças relacionadas aos fatores condicionantes à
saúde vocal, quanto a sua prática dentro e fora do trabalho, como: hábitos vocais, condições
ambientais de trabalho, hábitos de alimentação, além da tomada de consciência e conhecimento
do seu instrumento de trabalho: a voz.

# DICAS PARA VOCÊ SER AMIGO DA SUA VOZ!


- Fale sem esforço e articule bem as palavras;
- Mantenha uma boa postura corporal ao falar ou cantar;
63
- Beba 2 litros ou mais de água diariamente;
- Durma bem;
- Tenha uma alimentação saudável rica em frutas e proteínas;
- Use vestuário confortável;
- Procure reduzir a quantidade de fala durante quadros gripais, crises alérgicas e período
pré-menstrual;
- Evite falar por longos períodos, principalmente em ambientes ruidosos;
- Evite pigarrear, gritar e dar gargalhadas exageradas;
- Evite ingerir leite e derivados, bebidas gasosas, chocolate antes de utilizar a voz
continuamente;
- Evite ingerir álcool em excesso, bem como outras drogas;
- Cuidado ao cantar inadequadamente ou abusivamente;
- Esteja atento aos primeiros sintomas de alteração vocal como cansaço, ardor ou dor ao falar,
falhas na voz, mudança de tom, pigarro e rouquidão;
- No caso de problemas vocais, procure um fonoaudiólogo e um médico otorrinolaringologista.

(Campanha Nacional da Voz – Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia - https://www.sbfa.org.br/


campanhadavoz/dicasparavoceseramigodavoz.pdf)

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EXERCÍCIO PROPOSTO

Atividade proposta: Diante de tudo que foi estudado grave um pequeno vídeo falando de
um assunto que você gosta ou domina, evitando as barreiras de comunicação e mostrando seu
aperfeiçoamento vocal.

64

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Autor: Francisco Varder Braga Junior CE
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