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Roteiros Laboratório de Química Inorgânica

Presentation · April 2022

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1 author:

Flaviana FLAVIANA TAVARES Vieira


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
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L aboratório de Q uímica

I norgânica
Apresentação

Esta apostila contém instruções para as aulas práticas de Química Inorgânica dos cursos
de Bacharelado em Ciência e Tecnologia e de Engenharia Química do Instituto de Ciência e
Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Os experimentos aqui propostos foram escolhidos por estarem relacionados aos tópicos
discutidos nas aulas teóricas a fim de auxiliar a sedimentação do conhecimento. Visam
proporcionar ao acadêmico a oportunidade de ampliar o conhecimento e trabalhar com
autonomia e segurança em um laboratório de química.

Quanto à dinâmica das aulas práticas, pede-se:

-Leitura prévia do roteiro a ser desenvolvido no experimento;

-Discussão inicial, com a professora, dos aspectos teóricos e práticos relevantes;

-Execução dos experimentos utilizando os roteiros;

-Interpretação e discussão dos resultados;

-Apresentação escrita dos resultados de cada experimento.

Os itens descritos a seguir serão exigidos para que o aprendizado possa ocorrer da
melhor forma possível:

-O uso do jaleco e óculos de proteção durante as aulas;

-O uso da apostila a partir da primeira aula em laboratório;

-Cumprimento das normas de segurança.

Desejo-lhes um bom aprendizado!

Profa. Dra Flaviana Tavares

Obs.: Este material é um compêndio de várias obras.

1
Sumário

Instruções Gerais.................................................................................................. 03
Noções Elementares de Segurança................................................................... 04
Noções de Primeiros Socorros......................................................................... 07
Tratamento do Lixo Laboratorial..................................................................... 07

Experimento 01: Recristalização do CuSO4.5H2O............................................... 08

Experimento 02: Síntese do Alúmen de Alumínio e Potássio.............................. 10

Experimento 03: Isomeria de Ligação em Compostos de Coordenação


Obtenção e Caracterização de Complexos de Co(III)............................................. 13

Experimento 04: Relações entre a Cor de um Complexo de Metal de Transição


e a Energia de Estabilização do Campo Cristalino.................................................. 17

Experimento 05: Preparação de Tetraoxomanganato(VI) de Potássio.................. 21

Experimento 06: Obtenção de Hidrogênio........................................................... 25

Experimento 07: Metais Alcalinos e Metais Alcalinos Terrosos......................... 28

Experimento 08: Estudo de Algumas Propriedades do Carbono......................... 31

Experimento 09: Obtenção e Propriedades do Iodo ............................................. 34

Experimento 10: Dureza Temporária e Permanente da Água - Volumetria de


Complexação.......................................................................................................... 36

Anexo: Tabela Periódica........................................................................................ 41

2
Instruções Gerais

O trabalho em num laboratório requer cuidados especiais, quanto à SEGURANÇA, ao


manipular, armazenar ou transferir reagentes e materiais, e também exige PLANEJAMENTO
e ATENÇÃO, para executar procedimentos previamente estipulados. Recomenda-se que você
leia atentamente os roteiros das práticas e utilize a bibliografia sugerida para auxiliá-lo no
desenvolvimento dos trabalhos. Durante todo o período você será treinado nas técnicas básicas
de laboratório e adquirirá confiança na manipulação de reagentes e vidrarias. É recomendável
também que você consulte antes as referências específicas sobre toxidade de substâncias,
especialmente se você for alérgico ou bastante sensível a determinados tipos de compostos.
Observe sempre no rótulo do reagente dados sobre sua toxidade para manuseá-lo de forma
apropriada. Use sempre os dispositivos de segurança recomendados (óculos, luvas, capela, etc).

Num laboratório químico, seja com finalidade industrial ou acadêmica, procure sempre
realizar seus experimentos com PRECISÃO, de acordo com as especificações ou instruções
nos roteiros, anotando todas as observações que possam ser úteis na descrição posterior de seus
resultados, através de um RELATÓRIO. Não esqueça de anotar as características dos
instrumentos utilizados, as quantidades e as especificações dos reagentes. Recorra sempre ao
professor ou ao técnico para tirar dúvidas.

Como procedimento usual, trabalhe sempre numa bancada limpa, com vidraria limpa e
ao terminar seu trabalho, LAVE todo o material utilizado. Use sempre água destilada para
preparar suas soluções. DESCARTE soluções e materiais, de acordo com as instruções de sua
professora ou de bibliografia especializada.

Leia os roteiros anteriormente para melhor acompanhar as aulas.

Finalmente, esteja sempre ATENTO ao que está ocorrendo no laboratório.

3
Noções Elementares de Segurança

A ocorrência de acidentes em laboratórios, infelizmente, não é tão rara como possa parecer.
É muito importante que todas as pessoas que trabalham em um laboratório tenham uma noção
bastante clara dos riscos existentes e de como minimizá-los. Nunca é demais repetir que O
MELHOR COMBATE AOS ACIDENTES É A PREVENÇÃO. O descuido de uma única
pessoa pode pôr em risco outras pessoas no laboratório e por esta razão as normas de segurança
descritas abaixo têm seu cumprimento exigido. Acima disto, espera-se que todos tenham
consciência da importância de se trabalhar em segurança, o que resultará em benefícios para todos.

(1) É OBRIGATÓRIO o uso de JALECO no laboratório.

(2) É OBRIGATÓRIO o uso de ÓCULOS DE PROTEÇÃO.

(3) É terminantemente PROIBIDO FUMAR em qualquer laboratório.

(4) É PROIBIDO trazer COMIDA ou BEBIDA para o laboratório. Da mesma forma, não se deve
provar qualquer substância do laboratório, mesmo que inofensiva.

(5) NÃO USAR SANDÁLIAS OU CHINELOS NO LABORATÓRIO. Usar sempre algum tipo
de calçado que cubra todo o pé.

(6) Conservar os cabelos sempre presos ao realizar qualquer experimento no laboratório.

(7) Não usar lentes de contato durante o trabalho no laboratório, devido ao perigo de, num acidente,
ocorrer a retenção de líquido corrosivo entre a lente e a córnea;

(8) Não deixar livros, blusas, etc, sobre as bancadas. Colocá-los no local apropriado para isso.

(9) SIGA RIGOROSAMENTE AS INSTRUÇÕES do professor. Não tente nenhuma reação


aleatoriamente pois, reações desconhecidas podem causar resultados desagradáveis.

(10) Evite contato de qualquer substância com a pele. Seja particularmente cuidadoso ao manusear
substâncias corrosivas como ácidos ou bases concentrados.

(11) Ao testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco diretamente sob o nariz. Os
vapores devem ser deslocados para a sua direção com o auxílio de uma das mãos enquanto a outra
segura o frasco.

(12) Nunca use o paladar para testar substâncias.

(13) Nunca acenda o bico de gás próximo a frascos contendo solventes orgânicos inflamáveis.

(14) NUNCA coloque água num ácido concentrado, mas sim o ácido sobre a água. O ácido deve
ser adicionado lentamente, com agitação constante. Quando se adiciona o ácido sobre a água, o
ácido tende a ionizar-se, liberando uma grande quantidade de calor (reação exotérmica), sendo o
calor liberado distribuído uniformemente na água – que deve ser em maior quantidade. Devido a
isso a reação não se torna tão violenta quanto a adição de água sobre o ácido. Neste caso, água

4
sobre o ácido, a reação será rápida e incontrolável pois a superfície de contato do ácido será maior,
tendo o suficiente para aquecer a água em pouco tempo. Portanto, NUNCA coloque água em ácido
concentrado.

(15) Todos os experimentos que envolvam a liberação de gases e/ou vapores tóxicos devem ser
realizados na capela (câmara de exaustão).

(l6) Ao aquecer um tubo de ensaio contendo qualquer substância, não voltar a extremidade aberta
do mesmo para si ou para outra pessoa próxima.

(17) Não abandone recipientes quentes sobre a bancada, coloque-os sobre uma tela de amianto.
Lembre-se que o vidro quente tem o mesmo aspecto do vidro frio. Coloque um aviso do tipo
“recipiente quente”.

(18) Dedique especial atenção a qualquer operação que envolva aquecimento prolongado.

(19) Nunca abra um frasco de reagente antes de ler o rótulo.

(20) Ao retirar-se do laboratório, verifique se não há torneiras abertas (gás ou água). Desligue
todos os aparelhos, deixe todos os equipamentos limpos.

(21) Comunicar imediatamente à professora ou ao técnico qualquer acidente ocorrido.

(22) Utilize apenas a quantidade exigida de reagentes. Nunca introduza sobras dos reagentes nos
seus respectivos frascos de origem, isso evitará desperdícios e contaminações.

(23) Identifique a localização e aprenda utilizar o extintor de incêndio existente nas proximidades
do laboratório.

(24) LAVE SEMPRE SUAS MÃOS antes de deixar o laboratório.

Obs.:
1. O não comprimento do que é proposto, em quaisquer dos itens 1 ao 6, acarretará a não
permanência do aluno no laboratório. Portanto, o mesmo não poderá realizar o experimento e
receberá a nota “zero” para aquela atividade.
2. Normas de segurança específicas serão apresentadas na medida em que forem necessárias
durante a realização dos experimentos.

5
Noções Elementares de Primeiros Socorros
em Caso de Pequenos Acidentes
1) Queimaduras:

a) Queimaduras causadas por calor seco (chama ou objetos aquecidos): Queimaduras leves, refrescar
com água fria. No caso de queimaduras graves, refrescar com água fria e cobrir com gaze esterilizada
umedecida com solução aquosa de bicarbonato de sódio 5%. Entrar em contato com um médico
imediatamente.

b) Queimaduras por agentes corrosivos como ácidos ou álcalis: Lavar imediatamente o local com água
corrente em abundância. Em seguida, lavar com solução de bicarbonato de sódio (para neutralizar ácidos)
ou ácido acético (para neutralizar bases). Esta última etapa deve ser suprimida se a queimadura for muito
severa, pois o calor da reação resultante poderá piorar a situação. Neste caso use apenas água corrente e
chame a professora.

2) Ácidos nos olhos: Lavar com água corrente em abundância durante 15 minutos. Depois disso, aplicar
solução aquosa de bicarbonato de sódio 1%.

3) Álcalis nos olhos: Lavar com água corrente em abundância durante 15 minutos. Depois disso, aplicar
solução aquosa de ácido bórico 1 %.

4) Intoxicações por inalação de gases: Remover a vítima para um ambiente arejado, deixando-a descansar.

5) Na boca: Os sólidos ou líquidos que atingem a boca podem ou não ser deglutidos. Caso não sejam
engolidos, retirar imediatamente e lavar repetidamente com bastante água. Caso sejam engolidos, não
induza o vômito se a pessoa estiver inconsciente. Caso a substância seja ácida, dê água, leite, ou leite de
magnésia (uma colher de sopa para cada copo de água). Caso a substância não seja corrosiva ou derivada
do petróleo, dê leite ou água morna e induza o vômito. Quando o vômito começar, abaixe o rosto e coloque
a cabeça do acidentado mais baixa que o quadril.

6) Mercúrio: Cuidado com mercúrio entornado (de termômetros quebrados, por exemplo). O mercúrio,
além de corrosivo, é muito tóxico. Deve-se coletá-lo ou cobri-lo com enxofre ou zinco em pó.

7) Toxidez: Procurar conhecer a toxidez dos vários reagentes usados e tratá-los com a devida seriedade.

8) Cortes: Em caso de cortes provocados por vidrarias, retire os resíduos de vidro que estiverem no local
com uma pinça, lave o local com bastante água e coloque mertiolate.

9) Incêndios: Em caso de incêndio, lembrar que na ausência de um extintor, um jaleco pode servir como
um cobertor para abafar as chamas.

10) Atenção adequada:

-Evita a maioria dos acidentes.

-É muito importante ter a certeza de que se sabe perfeitamente o que se está fazendo.

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Instruções para Elaboração de Relatório

Os relatórios devem ser redigidos pelos alunos considerando que outras pessoas, além da
professora, estão interessadas em obter informações sobre os fatos observados. Estes leitores não
conhecem a priori o resultado previsto de cada experimento e precisam ser convencidos da
validade das conclusões tiradas. Desta forma, é importante que todas as etapas do experimento
sejam descritas e discutidas de modo claro e conciso.
O relatório deve conter:
Capa: Identificação dos alunos em ordem alfabética / Número, nome e data do experimento.
1. Introdução: Apresentação do assunto, procurando demonstrar sua importância e interesse e
aplicações. Cite referências bibliográficas segundo as normas da ABNT.
2. Objetivo
3. Procedimento Experimental: descreva os procedimentos executados e as observações feitas.
Os reagentes devem ser relacionados, colocando-se a marca e a concentração. Os materiais devem
também ser listados, indicando-se o tipo e a capacidade de cada um, além da quantidade necessária
para o experimento. Este item pode ser dividido em:
3.1. Reagentes e Materiais
Reagentes, vidrarias e equipamentos.
3.2. Procedimentos
Descrever os procedimentos realizados (pode-se acrescentar figuras e esquemas).
3.3. Caracterização
Técnicas utilizadas para caracterização do produto obtido, como temperatura de fusão,
espectrometrias, etc.
4. Resultados e Discussão
-Rendimento;
-Dados quantitativos e qualitativos;
-Equacionar todas as equações químicas envolvidas;
-Registrar e discutir a temperatura de fusão e outras análises realizadas comparando-as com outros
resultados encontrados na literatura;
5. Conclusões
6. Referências Bibliográficas
- Relação de todas as fontes (artigos e livros) usadas para escrever o relatório.
7. Anexos (caso necessário): Inserir a resolução dos questionários bem como outros dados de
interesse.
Obs.: Siga sempre as normas da ABNT para a elaboração dos relatórios.

Tratamento do lixo laboratorial


Nenhum resíduo ou sobra de reagente deverá ser lançado na pia sem a consulta prévia à
professora ou ao técnico de laboratório. Se houver a possibilidade ou necessidade, os materiais
poderão passar por um tratamento antes de serem descartados. Em alguns casos poderão ser
reaproveitados.

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Experimento 1 – Recristalização do CuSO4.5H2O
Introdução
A recristalização é uma operação de separação onde, partindo de uma mistura líquida
(solução) se obtêm cristais de um dos componentes da mistura, com alta pureza. Na recristalização
criam-se condições termodinâmicas que levam as moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se
em estruturas altamente organizadas: os cristais.

Por vezes, as condições operatórias não permitem obter cristais 100% puros verificando-
se a existência nos cristais, de inclusões (impurezas) de moléculas que também tem grande
afinidade para o soluto.

Objetivo: Recristalizar o sulfato de cobre pentahidratado.

MATERIAIS E REAGENTES

* Béquer de 100 mL e de 50 mL * Erlenmeyer de 50 mL


* Pipeta graduada * Bastão de vidro
* Suporte universal * Chapa de aquecimento
* Papel de filtro * Funil de louça
* Bomba de vácuo (filtração à vácuo) * Kitassato
* Vidro relógio * Fusiômetro
* Conjunto para filtração a vácuo
Reagentes: CuSO4, água destilada, H2SO4 concentrado, etanol gelado

PROCEDIMENTOS
1. Aquecer 70mL de H2O em um béquer de 100mL, até a ebulição, através da chapa de
aquecimento.
2. Retirar do aquecimento e adicionar CuSO4, até que a solução fique saturada,
aproximadamente 15,0 g (pese em um béquer de 50 mL)
3. Filtrar a solução (Kit filtração à vácuo).
4. Verta a solução, que ficou contida no kitassato, para um béquer de 50 mL
5. Inocule um cristal-semente (produzido anteriormente) para iniciar o processo de
cristalização. Peça o cristal a(o) professor(a).
6. Deixe-a em repouso por um período de 7 dias, para formação do cristal.

*Faça o registro fotográfico do cristal obtido bem como da semente utilizada para comparação.

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QUESTIONÁRIO

1. Equacione todas as reações ocorridas.


2. Qual a temperatura de fusão esperada para os cristais? Qual foi a temperatura de fusão obtida?
Esclareça.
3. O composto que sintetizou está puro? Justifique.
4. Quais foram os rendimentos teórico e real da reação?
5. Por que foi usada a H2O na temperatura de ebulição?
6. Por que foi usado um cristal para iniciar o processo de recristalização?
7. Como o processo de recristalização pode ser explicado a nível molecular?
8. Cite e explique outras metodologias de recristalização de compostos químicos.

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Experimento 2 – Síntese do Alúmen de Alumínio e Potássio
Introdução

O processo de reciclagem do alumínio consiste na reutilização deste para a confecção de


novos produtos, gerando um bom retorno financeiro para os trabalhadores e empresas que atuam
nesta área. Deve-se ressaltar também que o processo de reciclagem de alumínio é muito mais
barato e consome menos energia do que a produção primária deste metal através da mineração da
bauxita.
Grande parte do alumínio que é reciclado no Brasil tem como origem as latas de
refrigerantes, cervejas e sucos. Porém, outros produtos fabricados de alumínio podem ser
reciclados, com destaque para esquadrias, janelas, portas, componentes de eletrodomésticos,
sobras das indústrias, estruturas de boxes, cadeiras e mesas.
Outra forma de reciclar o alumínio é utilizá-lo como matéria-prima para a obtenção de
outros compostos, tal como o alúmen de alumínio e potássio.
Alúmens são compostos iônicos que cristalizam a partir de soluções com a presença do
ânion sulfato (SO42−), de um cátion trivalente (normalmente Al3+, Cr3+ ou Fe3+) e de um cátion
monovalente (geralmente K+, Na+ ou NH4+). O alúmen de interesse desta atividade experimental,
o alúmen de alumínio e potássio, é o sulfato duplo de alumínio e potássio. Sua fórmula química
é KAl(SO4)2, mas é comumente encontrado em sua forma dodecahidratada, como
KAl(SO4)2·12(H2O).
O alúmen de alumínio e potássio ocorre naturalmente como incrustações em rochas, e é
comumente usado em purificação de água (como agente floculante), curtimento de couro, têxteis
a prova de fogo e como “mordente” em tinturaria. Tem ainda aplicação em fotografia como
endurecedor, e em cosméticos (desodorantes e cremes pós-barba). Não é considerado perigoso,
porém pode causar irritação quando em contato com os olhos, e em cães e outros seres com olfato
super-aguçado pode irritar os pulmões, impedindo que o animal identifique um cheiro em
específico.
A síntese do sulfato duplo de alumínio e potássio a partir da reciclagem de latas de alumínio
é efetuada através de uma reação redox e de reações ácido-base.
O metal alumínio reage muito pouco com soluções ácidas diluídas, pois sua superfície
normalmente é protegida por uma camada de óxido de alumínio (Al2O3), sendo necessária a
utilização de soluções alcalinas para dissolver a camada de óxido, e em seguida atacar o metal para
formar o ânion [Al(OH)4]− (aq):

A partir da formação do ânion [Al(OH)4]−(aq) pode-se iniciar a adição de ácido sulfúrico:

Inicialmente ocorre a formação do Al(OH)3(s), que é neutro e precipita no meio aquoso. A


adição de excesso de ácido sulfúrico sob agitação irá desfazer o precipitado de hidróxido de
alumínio:

E após o resfriamento, ocorre a formação e precipitação do alúmen de alumínio e potássio:

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A dupla seta nesta última etapa indica que este composto apresenta solubilidade em água,
isto é, neste meio o sal duplo libera seus íons hidratados.
Objetivos:
- Elaborar processos para a transformação de materiais, tais como o utilizado para transformar latas
vazias de alumino em alúmen.
- Efetuar cálculos de rendimento de um processo químico.
- Efetuar cálculos baseado nas equações químicas.

MATERIAIS E REAGENTES

1 lata de alumínio (de refrigerante ou suco) Palha de aço


Tesoura Béqueres

KOH a 1,5 mol/L Chapa de aquecimento

Conjunto para fltração à vácuo Bastão de vidro

H2SO4 a 9 mol/L Etanol

PROCEDIMENTOS

Procedimento 1:
a) Limpe uma lata de alumínio, utilize uma lixa para remover toda a tinta da parte externa da
lata e o verniz interno.

b) Corte-a em pedaços de aproximadamente 0,5 x 0,5 cm, para aumentar a área de superfície.
Em um béquer de 250 mL, pese aproximadamente 1,00 g ( 0,85g – 0,100g ) do alumínio recortado
com precisão de ≈ 0,01 g e em seguida adicione 50 mL da solução de KOH(aq) 1,5 mol/L. Observe
a liberação de hidrogênio (H2(g)).

Atenção: Este procedimento deve ser realizado preferencialmente na capela química, com o
exaustor ligado e longe de fontes de chama, pois o hidrogênio é inflamável e explosivo.

c) Coloque o béquer sobre uma chapa de aquecimento e aqueça brandamente para aumentar a
velocidade da reação. A solução no béquer que era inicialmente incolor torna-se escura, e o
indicativo de que a reação tenha se completado é o término da liberação de hidrogênio.

d) Ainda quente a solução deve ser filtrada sob vácuo, transferindo todo o conteúdo do béquer
para um “funil de Buchner + papel de filtro” com a ajuda de um bastão de vidro. Todo o resíduo
escuro deverá ficar retido no papel de filtro e ser descartado corretamente, deixando o filtrado
incolor para ser utilizado na sequência. Caso a solução no kitassato não esteja límpida, realize nova
filtração.

e) Transfira o filtrado límpido do kitassato para um béquer de 100 mL limpo. Com cuidado, e sob
agitação, adicione 20 mL de H2SO4 9 mol/L ao béquer com o filtrado. Observe que, inicialmente
aparecerá um precipitado de hidróxido de alumínio [Al(OH)3] que dissolverá quando mais ácido
for adicionado e que com a adição do ácido a solução aquecerá, devido à reação ácido–base ser
exotérmica. Caso o precipitado não dissolver completamente, aqueça a solução entre 2 e 5 minutos
sob agitação (com bastão de vidro) para completar a dissolução. Se após este período ainda

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permanecer algum sólido, filtre a mistura e conserve o filtrado incolor para posterior obtenção dos
cristais de alúmen.

f) Prepare um banho de gelo/água e coloque o béquer com o filtrado nesse banho entre 15 e 20
minutos. Durante o resfriamento, atrite constantemente o fundo e as paredes internas do béquer
com o bastão de vidro até iniciar a precipitação do alúmen (assim que a precipitação iniciar, deixe o béquer
em repouso no banho de gelo).
Os cristais do alúmen formados devem ser filtrados sob vácuo, lavando-os com cerca de 30 mL
(porções de 10 mL) de uma mistura resfriada de Etanol: Água (1 : 1).

Despreze o filtrado corretamente, determine a massa dos cristais de alúmen obtidos e calcule o
rendimento da síntese.

QUESTIONÁRIO

1) Qual a massa de KOH necessária para preparar 100 mL de uma solução 1,5 mol/L?
2) Calcule o volume de H2SO4 (95%; 1,84 g/mL; 98,0 g/mol) necessário para preparar 100 mL de
uma solução 9 mol/L.
3) Identifique as reações ácido-bases e as reação redox no processo da obtenção do alúmen de
alumínio e potássio.
4) Na medida que esta atividade experimental trata de uma síntese envolvendo várias etapas, faça
um esquema geral de todos os passos envolvidos, e entregue ao monitor para correção (Dica: faça
o esquema na forma de um fluxograma).
5) Como produzir alúmen de alumínio e potássio utilizando latas comerciais de alumínio?
6) Quais as vantagens de reciclar materiais de origem metálica, em especial o alumínio?
7) A obtenção do alúmen de alumínio e potássio é o melhor método para reciclar o alumínio
presente, por exemplo, nas latas de bebidas?

12
Experimento 3
Isomeria de Ligação em Compostos de Coordenação
Obtenção e Caracterização de Complexos de Co(III)
Introdução:
Os compostos de coordenação apresentam muitas possibilidades de isomeria, conforme
mostrado na tabela 1. Elas podem ser classificadas em dois grupos: isomeria constitucional e
estereoisomeria.
Tabela 1 – algumas possibilidades de isomeria em compostos de coordenação
Isomeria constitucional: compostos Estereoisomeria: compostos com a
com a mesma fórmula empírica mas mesma fórmula empírica, mesma
com diferentes conectividades conectividade, mas com diferentes
arranjos espaciais
Isomeria de ligação Isomeria geométrica
Isomeria de ionização Isomeria conformacional
Isomeria de coordenação Isomeria ótica

A reação de cloreto de pentaaminoclorocobalto(III) com nitrito de sódio é um exemplo de


reação de substituição em complexos. Neste caso, dependendo das condições de reação, dois
produtos de substituição podem ser obtidos: [Co(ONO)(NH3)5]Cl2 e [Co(NO2)(NH3)5]Cl2. Essas
duas substâncias ilustram a ocorrência de isomeria em compostos de coordenação. Observe que,
nas duas fórmulas, além das cinco moléculas de amônia coordenadas, dois grupos de mesma
composição química completam o número de coordenação seis do íon cobalto(III). No primeiro
caso a coordenação ocorre via um dos átomos de oxigênio e o ânion ONO- é chamado de nitrito.
No segundo, o átomo de nitrogênio é a base de Lewis e o ânion NO2- é denominado nitro. Esse
tipo de isomeria em que, em dois ou mais compostos de mesma composição química, um ligante
interage com um metal através de átomos diferentes, recebe o nome de isomeria de ligação. Grupos
de átomos que apresentem essa possibilidade são chamados de ligantes ambidentados.
Os dois complexos mencionados anteriormente possuem propriedades físicas e químicas
distintas. Por exemplo: a cor do complexo com o ligante nitrito é laranja e com o ligante nitro,
amarela. Além disso, o composto [Co(NO2)(NH3)5]Cl2 é mais estável.

Objetivo:
-Preparação de cloreto de pentaaminonitritocobalto(III) e de cloreto de penta-
aminonitrocobalto(III).

13
MATERIAIS E REAGENTES

Bacia plástica (ou béquer grande) para banho de gelo, Balança semianalítica, Béquer de 50 mL
(3), bomba de vácuo ou trompa de vácuo, espátula, papel indicador universal, frasco para guardar
os produtos de síntese (2), barra magnética, bastão de vidro, Béquer de 100 mL, chapa de
aquecimento com agitação, conta-gotas ou pipeta de Pasteur, Erlenmeyerer de 125 mL (2), funil
de Büchner de 50 mL para filtração a pressão reduzida (2), Kitassato de 125 mL e conexões
adequadas para filtração a pressão reduzida, proveta de 10 mL, proveta de 50 mL, termômetro,
fusiômetro, espectrofotômetro de UV-Visível.

Reagentes:
Ácido clorídrico concentrado, amônia concentrada, cloreto de pentaaminoclorocobalto(III), nitrito
de sódio, papel indicador universal, água destilada, etanol absoluto, éter etílico.

PROCEDIMENTOS

Etapa 1: Síntese do Cloreto de Pentaminclorocobalto(III) - [Co(NH3)5Cl]Cl2

- Em um erlenmeyer de 50 mL, dissolver 1,25 g de NH4Cl com 7,5 mL de NH4OH conc. e tampe-
o com um béquer de 50 mL. (pese o sal diretamente no erlenmeyer).
-A esta solução adicionar 2,5 g de CoCl2.6H2O em pequenas porções, com agitação contínua.
- Mantendo a agitação, adicionar 3,0 mL de água oxigenada 36 %, lentamente, pelas paredes do
recipiente, em pequenas porções. CUIDADO: a água oxigenada nesta concentração produz
queimaduras graves.
- Quando cessar a efervescência, adicionar, lentamente, na capela, 7,5 mL de HCl conc: Explicar
porque ocorre a efervescência. Marque o volume com uma caneta.
- Aquecer a mistura em banho-maria até reduzir o volume à metade, (30min.) agitando com bastão
de vidro para evitar que a sal cristalize nas bordas.
- Resfriar à temperatura ambiente e a seguir, em banho de gelo.
- Separar os cristais vermelhos por filtração à vácuo, lavando-os em seguida com pequenas porções
de água gelada, contida em garrafas lavadeiras (3 esguichos), depois com álcool etílico (2 esguichos) e
éter etílico (2 esguichos), nesta sequência.
- Explicar porque se pode lavar com estes solventes e porque os solventes devem ser usados nesta
ordem.
- Secar os cristais o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando.
Aproximadamente 2 min.
- Depois de secos, pesar os cristais obtidos e analisar a temperatura de fusão.
- Calcular o rendimento prático da obtenção e comparar com o rendimento teórico.
- Faça a análise espectrofotométrica do composto obtido, e compare-a com a análise
do CoCl2.6H2O.

14
Etapa 2: Síntese do Cloreto de Pentaamino(nitro)cobalto(III) - [Co(NH3)5 NO2]Cl2
- Preparar uma solução contendo 25mL de água destilada e 2mL de amônia concentrada e saturar
com 2,00g do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2, em um béquer de 50 mL.
- Aquecer ligeiramente (60°C) e filtrar a solução a quente.
- Resfriar à temperatura ambiente e a seguir, neutralizar com solução de HCl (1,0 mol/L). (pH
7) (utilizar papel indicador universal, na saída do funil).
- Adicionar 3,00g de nitrito de sódio e aquecer ligeiramente (60°C) a solução até que todo o
precipitado avermelhado, formado inicialmente, se dissolva.
- Resfriar à temperatura ambiente e a seguir, adicionar, muito lentamente no início e depois mais
rapidamente 35mL de ácido clorídrico conc.
- Resfriar a solução em banho de gelo.
- Separar os cristais por filtração à vácuo, lavando-os em seguida com pequenas porções de água
gelada, (3 esguichos) depois com álcool etílico (2 esguichos) e éter etílico (2 esguichos) nesta sequência.
- Secar os cristais o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando.
(Aproximadamente 2 min).
- Depois de secos, pesar os cristais obtidos e analisar a temperatura de fusão.
- Calcular o rendimento prático da obtenção e comparar com o rendimento teórico.
- Faça a análise espectrofotométrica do composto obtido, e compare-a com as análises anteriores,
realizadas na etapa 1.

Etapa 3: Síntese do Cloreto de Pentaamino(nitrito)cobalto(III) - [Co(NH3)5ONO]Cl2

- Preparar uma solução contendo 20mL de água destilada e 5 mL de amônia concentrada e saturar
com 1,00g do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2. Em um béquer de 50 mL.
- Aquecer ligeiramente (60°C) e filtrar a solução a quente.
- Resfriar à temperatura ambiente e a seguir, neutralizar com solução de HCl (1,0 mol/L). (pH
7) (utilizar papel indicador universal).
- Adicionar 1,50g de nitrito de sódio e 1,5mL de ácido clorídrico 6,0mol/L.
- Agitar apenas o suficiente para completar a mistura.
- Resfriar a solução em banho de gelo.
- Separar os cristais por filtração à vácuo, lavando-os em seguida com pequenas porções de água
gelada (3 esguichos), depois com álcool etílico (2 esguichos) e éter (2 esguichos), nesta sequência.
Use as garrafas lavadeiras nesta operação.
- Explicar porque se pode lavar com estes solventes e porque os solventes devem ser usados nesta
ordem.
- Secar os cristais o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando.
Aproximadamente 2 min.
- Depois de secos, pesar os cristais obtidos e analisar a temperatura de fusão.
Faça a análise espectrofotométrica do composto obtido, e compare-a com as análises anteriores
-Calcular o rendimento prático da obtenção e comparar com o rendimento teórico.

15
QUESTIONÁRIO

1. Equacionar todas as reações ocorridas


2. Considerando que o CoCl2.6H2O utilizado na reação de obtenção continha 10 % de impurezas,
qual o peso máximo do [Co(NH3)5Cl]Cl2 que poderá ser obtido ?
3. Qual o rendimento prático do processo quando se obtém apenas 2,0 gramas do composto?
4. Quais as quantidades mínimas de CoCl2.6H2O 100 % puro e NH3 15 mol/L necessárias para se
obter exatamente 20,0 g do composto ?
5. A separação dos cristais do [Co(NH3)5Cl]Cl2 é feita por meio de filtração à vácuo. Qual ou quais
as vantagens desta filtração sobre a filtração comum ?
6. Na obtenção do [Co(NH3)5Cl]Cl2 o procedimento manda usar cloreto de cobalto(II) e NH3 conc.
Os frascos disponíveis estavam rotulados: cloreto cobaltoso hexaidratado e hidróxido de amônio
concentrado. Os conteúdos destes frascos servem para esta reação? Em caso afirmativo, escrever
a equação correspondente.
7. Na síntese [Co(NH3)5Cl]Cl2 foram usados 4,0 mL de água oxigenada a 30 %: Explicar com que
finalidade se adiciona este reagente.
8. Explicar com que finalidade a mistura final obtida é aquecida em banho-maria até reduzir o
volume à metade.
8. Qual a função de NH4Cl na síntese?
9. Por que o composto obtido foi lavado com etanol e éter etílico?
10. Desenhe as estruturas dos complexos obtidos e os nomeie de acordo com as regras da IUPAC.

11. Desenhe as estruturas de Lewis e de outros três exemplos de ligantes ambidentados. 12.
Desenhe as estruturas dos dois complexos sintetizados nesta prática.

13. Qual dos dois compostos se forma mais rapidamente em uma dada temperatura? Justifique
utilizando as estruturas dos complexos em sua argumentação.

14. Sabendo que a variação de entalpia da transformação de [Co(ONO)(NH3)5]Cl2 em


[Co(NO2)(NH3)5]Cl2 é negativa, esboce um gráfico de entalpia versus caminho de reação para esta
transformação.

15. Explique porque o resfriamento da mistura reacional favorece a formação de


[Co(ONO)(NH3)5]Cl2.

16. Considere os dois isômeros: [Co(ONO)2(NH3)4][Cr(NO2)4(NH3)2] e


[Cr(ONO)2(NH3)4][Co(NO2)4(NH3)2]. Quais os nomes dessas substâncias?

16
Experimento 4 - Relações entre a Cor de um Complexo de Metal
de Transição e a Energia de Estabilização do Campo Cristalino
Introdução
Nesta aula prática estudaremos as relações entre a cor de um complexo de metal de
transição e a energia de estabilização do campo cristalino. Num complexo, formado por um metal
de transição com vários ligantes, os níveis dos orbitais d não se encontram todos na mesma energia,
devido ao efeito que exercem esses ligantes. Portanto, existem alguns níveis com mais energia e
outros com menos energia. Quando irradiado com radiação eletromagnética de freqüência
adequada, esta é absorvida, provocando a transferência de um elétron de um nível de energia mais
baixo para um nível de energia mais alto. Dependendo da diferença de energia existente entre os
dois níveis, que depende do tipo de complexo, absorverá uma freqüência ou outra, e portanto será
observado uma cor ou outra. A cor do complexo depende basicamente da natureza do íon metálico,
do número de elétrons nos orbitais d, da disposição espacial dos ligantes em torno do íon metálico
(por exemplo, os isômeros geométricos podem apresentar colorações diferentes) e da natureza dos
ligantes.
A interação da matéria com radiações de comprimento de onda entre 450 e 750 nm,
denominada luz visível, se manifesta através das cores das substâncias. Por que motivo então, uma
solução de sulfato de cobre tem cor azul esverdeada, enquanto que uma solução de permanganato
de potássio é vermelho púrpura?
Quando a luz solar, ou a de uma lâmpada, incide sobre a solução de sulfato de cobre,
radiações de todas as cores penetram no seu interior, mas, praticamente, apenas as radiações de
comprimento de onda acima de 600 nm são absorvidas. As radiações que não são absorvidas,
correspondentes basicamente às cores: violeta, azul, verde e amarelo, constituem, somadas, a
coloração azul esverdeada da solução que é percebida pelos nossos olhos. A cor que uma
substância exibe corresponde, portanto, à fração da luz visível que ela não absorve. A absorção de
radiações ultravioletas abaixo de 400 não é detectada pelo olho humano, e percebemos as radiações
infravermelhas como calor. A absorção de energia radiante pela matéria é um processo que envolve
moléculas e átomos. Para entender como isso ocorre é necessário considerar a situação inicial
dessas entidades. Imagine-se para isso uma molécula diatômica: ela gira em torno de um eixo e
vibra, alterando a distância entre seus átomos e, além disso, os elétrons de seus átomos estão
localizados em orbitais bem definidos. Pode-se dizer que a energia total (Et) de uma molécula é o
resultado da soma das contribuições de energia eletrônica (Eelet) da energia vibracional (Evibr) e da
energia rotacional (Erot): Et = Eelet + Evibr + Erot
Quando essa molécula entra em contato com um feixe de radiação eletromagnética ela pode
adquirir energia e girar ou vibrar mais intensamente, ou ainda ter os elétrons de seus átomos
transferidos para orbitais de maior energia. Em outros termos, diz-se que pela absorção de energia
se pode alterar o nível de energia da molécula, em seus componentes rotacional, vibracional ou
eletrônico. Obviamente tudo depende da molécula considerada e da quantidade de energia
envolvida (comprimento de onda da radiação). Por exemplo, moléculas de HCl absorvem
radiações de 346,5 nm e apenas alteram seu nível de energia vibracional. Para que se manifestem
as cores, as moléculas devem absorver energia suficiente para alterar seu nível de energia

17
eletrônico.
Quando submetemos uma molécula, ou átomo, a radiações eletromagnéticas, cujos
comprimentos de onda variam continuamente, e registrando a fração de energia absorvida, obtém-
se um espectro de absorção. Podem ser obtidos também espectros de emissão, quando se registra
a emissão de energia radiante em função do comprimento de onda. A solução azul absorve
comprimentos de onda correspondentes à cor vermelha, de modo que as cores não absorvidas
combinadas, azul, violeta, verde, amarelo e alaranjado resultam na cor azul da solução.

Objetivos:
-Colocar em ordem decrescente de 10 Dq (força do campo) os ligantes H2O, NH3, etilenodiamina
(en), edta e Br-.
-Estudar os fatores que levam a mudanças no número de coordenação do íon Co2+ no complexo
[Co(OH2)6]Cl2.
- Usar a espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível, na determinação do valor
de 10 Dq.

MATERIAIS E REAGENTES

Materiais:
Tubos de ensaio; Pinça de metal; Bico de Bunsen; Pipetas graduadas de 5 mL; Béqueres de 50
mL; Agitador magnético; Placas de agitação; Espectrofotômetro; Cubetas de vidro; Termômetro;
Vasilha de vidro para banho-maria; Vasilha para banho de gelo; Espátulas metálicas; Balança
digital.
Reagentes e indicadores: Água destilada; Solução de NH3 concentrada; Etilenodiamina (en);
Na2EDTA sólido; HBr concentrado.; Solução aquosa de [Co(OH2)6]Cl2 0,2 mol/L; [Cu(OH2)6]SO4
sólido; Solução de [Cu(OH2)2]Cl2 0,15mol/L; HCl concentrado; Solução de [Co(OH2)6]Cl2 0,2
mol/L em isopropanol; [Co(OH2)6]Cl2 sólido; 1-butanol; KSCN sólido.
PROCEDIMENTO

Parte 1: A origem da cor em um sal de cobre


a) Adicionar aproximadamente 0,5 g de sulfato de cobre a um tubo de ensaio limpo e seco;
b) Aquecer cuidadosamente o tubo na chama de um bico de Bunsen; ATENÇÃO: o aquecimento
brusco pode provocar a quebra do tubo ou fazer com que o sólido salte do tubo! O aquecimento
deve ser lento.
c) Anotar qualquer mudança de cor;
d) Deixar o tubo esfriar e adicionar algumas gotas de água destilada.

Parte 2: Classificação de ligantes segundo a força do seu campo (10 Dq nos complexos)
a) Adicionar 5 mL de uma solução de cloreto de cobre 0,1 mol/L a 5 béqueres de 25,0 mL e
numerá-los;
b) Ao béquer 2, adicionar 2 mL de etilenodiamina (en) e 13 mL de água destilada; Ao béquer 3,
adicionar 2 mL de amônia concentrada (usar a capela) e 13 mL de água destilada;
c) Ao béquer 4, adicionar 0,1 g (ponta de espátula) de Na2EDTA e 5 mL de água destilada;
18
d) Agitar vigorosamente as soluções;
e) Ao béquer 5 adicionar, 10 mL de água destilada e 2,5 mL de HBr concentrado (usar a capela
para manusear o ácido);
f) Agitar vigorosamente as soluções. Observar atentamente as cores das soluções dos cinco
béqueres;
g) Obter espectros eletrônicos para todas as soluções na região de 400 a 900 nm.
h) Anotar as mudanças observadas com a adição dos ligantes.

Parte 3: Observação da mudança de coordenação e da geometria de um complexo de Cobalto


(II)
Parte 3A:
a) Adicionar 1 mL de solução aquosa de cloreto de cobalto II (0,5 mol/L) a um tubo de ensaio,
logo após, adicione 5 mL de água destilada.
b) Na capela, adicionar cuidadosamente (gota a gota, sob agitação) HCl concentrado até a solução
tornar-se azul.
c) Prestar atenção em todas as colorações apresentadas pela solução. Depois que a solução estiver
azul, adicionar 5 mL de água destilada, lentamente, logo após, agitar até observar alteração de
coloração.
Parte 3B:
a) Colocar aproximadamente 0,2 g (ponta de espátula) de cloreto de cobalto II hexahidratado em um
tubo de ensaio;
b) Adicionar 5mL de 1-butanol e agitar até dissolver a maior parte do sólido;
c) Anotar a cor da solução;
d) Adicionar 5mL de água destilada, lentamente, ao tubo logo após, agitar para misturar as
fases. Evitar agitar vigorosamente para que não ocorra a formação de uma emulsão;
e) Depois que as fases se separarem, anotar as suas colorações;
f) Adicionar lentamente 2mL de HCl concentrado (na capela) ao tubo. Anotar qualquer mudança
de cor;
g) Agitar o tubo e, após a separação das fases, observar a coloração.

Parte 3C:
a) Colocar aproximadamente 0,2 g de cloreto de cobalto II hexahidratado em um tubo de ensaio;
b) Adicionar 5 mL de 1-butanol e agitar até dissolver a maior parte do sólido;
c) Anotar a cor da solução;
d) Adicionar 5 mL de água destilada ao tubo e agitar para misturar as fases. Evitar agitar
vigorosamente para que não ocorra a formação de uma emulsão;
e) Depois que as fases se separarem, anotar as suas colorações;
f) Pesquisar a densidade do 1-butanol para determinar o solvente de cada fase;
g) Adicionar lentamente 2 mL de HCl concentrado (na capela) ao tubo, de modo que o ácido se
dissolva na fase superior. Anotar qualquer mudança de cor;
h) Agitar o tubo e, após a separação das fases, observar a coloração.
i) Adicionar 0,2 g de KSCN ao tubo, agitar até a completa dissolução do sólido e observar as cores
resultantes;
j) Adicionar mais 0,2 g de KSCN ao tubo e repetir o procedimento anterior;

19
k) Aquecer o tubo em um banho-maria e anotar qualquer alteração de cor;
l) Deixar esfriar, colocar o tubo em um banho de gelo e observar.

QUESTIONÁRIO

1. Por que os compostos contendo metais de transição são, na sua maioria, coloridos?
2. Como ocorre a separação energética entre os orbitais d, quando um íon metálico é submetido a
um campo ligante octaédrico?
3. Como ocorre a separação energética entre os orbitais d, quando um íon metálico é submetido a
um campo ligante tetraédrico?
4. Qual o nome dado a diferença de energia observada entre os orbitais d, quando um íon metálico
é submetido a um campo octaédrico?
5. A energia da radiação eletromagnética aumenta ou diminui com a diminuição do seu
comprimento de onda?
6. Dois compostos de coordenação (A e B) contendo íons de metais de transição apresentam as
colorações violeta (composto A) e amarela (composto B).
(a) Prediga o comprimento de onda em que os compostos absorvem radiação eletromagnética.
(b) Como pode ser explicada a absorção das radiações obtidas no item (a) pelos compostos A e B.
(c) Qual dos dois compostos apresenta a maior diferença de energia entre os orbitais d?
7. O que é a série espectroquímica?
8. Qual a distribuição eletrônica do íon Cu2+ e Co2+. Monte um diagrama do campo cristalino
ilustrando como será a distribuição dos elétrons d quando estes íons são submetidos a um campo
ligante octaédrico fraco.
9. Qual a densidade apresentada pelo 1-butanol e pela água?
10. Dê a estrutura do etilenodiamina e do sal dissódico do etilenodiaminotetracético.
11. A separação dos dois conjuntos de orbitais de energias diferentes nos complexos é chamada
de parâmetro do desdobramento do campo cristalino (10 Dq). Existe uma série de fatores que
influenciam no valor de 10 Dq. Cite-os e explique-os.

20
Experimento 5 - Preparação de Tetraoxomanganato(VI)
de Potássio
Introdução
Outra classe importante de transições eletrônicas são as transições de transferência de
carga. Elas podem ser classificadas como metal-ligante, quando os ligantes possuem orbitais
vazios adequados para receberem elétrons de orbitais do metal; ou como ligante-metal, quando o
metal possui orbitais vazios adequados para receberem elétrons do ligante.
Uma evidência de que as transições de transferência de carga são importantes é a intensa
cor violeta do ânion tetraoxomanganato(VII) (permanganato). Note que o íon manganês(VII) não
possui elétrons em orbitais d no estado fundamental. Portanto, sua cor não pode ser explicada pelas
transições d-d. Ela se deve a transições de transferência de carga do ligante para o metal. A análise
deste tipo de transição pode ser feita utilizando-se a teoria do campo cristalino ou a teoria de
orbitais moleculares (TOM).
Segundo a TOM, ao se formar uma espécie contendo ligações covalentes, os elétrons
passam a ocupar orbitais moleculares, obtidos de combinações lineares das funções de onda de
orbitais de átomos diferentes. O número de orbitais moleculares é sempre igual ao número de
orbitais atômicos envolvidos.
A combinação de orbitais pode ser feita entre todos os orbitais dos átomos envolvidos. Na
prática costuma-se analisar apenas os orbitais formados pela combinação dos orbitais atômicos de
valência (ou de níveis energéticos próximos ao dos orbitais atômicos de valência). A combinação
entre os orbitais atômicos só é relevante quando eles possuem simetrias adequadas e energias
aproximadas.
Para que a nova espécie seja estável é necessário que sejam formados orbitais moleculares
com energias menores que as dos orbitais atômicos, de modo que os elétrons ocupem níveis de
energia mais baixos.

Existe uma aparente contradição entre a TCC e a TOM. Enquanto a TCC propõe um
aumento de energia dos orbitais do metal direcionados para os ligantes, a TOM admite a formação
de orbitais moleculares com menores energias (orbitais ligantes) justamente quando os orbitais do
metal e os dos ligantes se superpõem mais eficientemente. É preciso lembrar que a TCC pressupõe
ligações com grande caráter iônico. Já a TOM analisa a formação dos complexos do ponto de vista
de ligações covalentes. Veja um exemplo de diagrama de orbitais moleculares na figura a seguir.

21
Observe que todas as ligações entre NH3 e Co3+ são do tipo σ. O único orbital da amônia
disponível para fazer as ligações é do tipo sp3 e não possui simetria para fazer ligações π. Por outro
lado, os orbitais dxz, dyz e dxy do metal não apresentam simetria para fazer ligações σ. Esses
orbitais são do tipo “não ligante” e equivalem aos orbitais (t2g) que foram estudados na TCC. O
orbital 3σ*, equivale ao orbital (eg) daquela mesma teoria. Assim os resultados obtidos pelas duas
teorias se equivalem.
Veja agora o diagrama para íon permanganato. Os nomes dados aos orbitais moleculares
são derivados da teoria de grupo e não são importantes para o entendimento desta prática.

Diagrama de orbitais moleculares para o íon permanganato


(embora os níveis de energia não estejam em escala, procuramos dar uma ideia da distância
energética entre eles)

22
Observe na figura a seguir que os orbitais (2e) e (4t2) correspondem aos orbitais (e) e (t2)
do desdobramento do campo cristalino para complexos de geometria tetraédrica.

Esquema da divisão do campo cristalino para complexos tetraédricos

Segundo a TOM, os orbitais (2e) e (4t2) mostrados, apresentam uma grande contribuição
dos orbitais d do metal. Assim, diz-se que eles apresentam um caráter de orbitais atômicos d. Já os
orbitais de menor energia apresentam um grande caráter de orbitais atômicos dos ligantes (no caso,
átomos de oxigênio). Assim, qualquer transição eletrônica no ânion permanganato, envolvendo
simultaneamente os dois conjuntos de orbitais citados, é classificada como transição de
transferência de carga.
Em uma primeira aproximação pode-se utilizar o mesmo diagrama, para o íon manganato.
A principal diferença é que há um elétron a mais que, no estado fundamental, ocupará um dos
orbitais (2e). Neste caso é possível uma transição d-d envolvendo os orbitais (2e) e (4t2). A
diferença de energia entre o estado fundamental do íon manganato para o estado excitado em que
os orbitais (2e) estarão vazios e um dos orbitais (4t2) estará com um elétron, será Δt.
Neste experimento, faremos a síntese de manganato de potássio para comparar seu espectro
eletrônico com o espectro de permanganato de potássio.

Objetivos
Preparar K2MnO4, obter seu espectro eletrônico e compará-lo com o espectro eletrônico de
KMnO4. Obter o valor de Δt para os dois complexos.

MATERIAIS E REAGENTES

Bacia plástica (ou béquer grande) para banho de gelo, balança semianalítica, balão volumétrico de
100 mL (4), béquer de 400 mL, bomba de vácuo ou trompa de vácuo, cubetas de quartzo para
obtenção de espectros de UV-Visível, espátula (2), espectrômetro de UV-Visível, frasco para
armazenagem do produto de síntese, pipeta volumétrica de 10 mL, pipeta volumétrica de 25 mL,
pipetador ou pêra (2), proveta de 100 mL, bastão de vidro, béquer de 50 mL (2), chapa de
aquecimento com agitação, funil de Büchner (sinterizado) de 50 mL para filtração a pressão
reduzida, Kitasato de 125 mL e conecções adequadas para filtração a pressão reduzida, pinça
metálica para manipular um béquer de 50 mL, proveta de 10 mL, termômetro, vidro de relógio.
Reagentes
Hidróxido de potássio, permanganato de potássio, água destilada.
PROCEDIMENTOS

Advertência 1: Neste experimento você trabalhará com soluções concentradas de hidróxido de


potássio, manganato de potássio e permanganato de potássio. Esses líquidos são muito
corrosivos. Proteja as mãos e os olhos ao manipulá-los.

23
Advertência 2: É imprescindível que todos os experimentos sejam cuidadosamente observados e
que todas as observações sejam anotadas.

Parte 1 – Síntese de tetraoxomanganato(VI) de potássio (manganato de potássio)


1. Meça 3 g de KOH em um béquer de 50 mL.
2. Adicione 5 mL de água destilada ao béquer e dissolva o KOH usando um bastão de vidro.
3. Meça 1 g de KMnO4 em um vidro de relógio e adicione-o ao béquer contendo a solução de
KOH.
4. Misture bem o conteúdo do béquer (observe o volume total). Cubra-o com um vidro de relógio
e aqueça-o em uma chapa de aquecimento até que a cor da mistura mude de violeta a verde (é
necessário que a mistura entre em ebulição e que a cor fique nitidamente verde).
5. Assim que a cor da solução violeta tiver mudado para verde, retire o béquer da chapa de
aquecimento utilizando uma pinça e esfrie-o em água corrente. Adicione solução estoque de KOH
suficiente para repor o volume inicial. Em seguida ponha-o em um banho de gelo.
6. Assim que a temperatura da mistura atingir 5ºC, filtre-a sob pressão reduzida usando um funil
de vidro sinterizado.
7. Meça a massa do produto obtido e armazene-o em frasco apropriado.

Parte 2 – Preparação de Soluções

1. Prepare 100 mL de uma solução de 0,1 g de KMnO4 em água (essa quantidade é suficiente para
todos os grupos).
2. Retire uma alíquota de 10 mL da solução anterior e dilua-a em um balão de 100 mL (essa
quantidade é suficiente para todos os grupos).
3. Prepare 100 mL de uma solução de 0,1 g de K2MnO4 usando a solução estoque de KOH (essa
quantidade é suficiente para todos os grupos).
4. Retire uma alíquota de 25 mL da solução anterior e dilua-a em um balão de 100 mL usando a
solução estoque de KOH (essa quantidade é suficiente para todos os grupos).
5. Obtenha os espectros eletrônicos na faixa de 200 a 950 nm das quatro soluções preparadas.
Utilize cubeta de quartzo para as soluções de KMnO4 e de plástico para as soluções de K2MnO4
(a cubeta de plástico é usada para prevenir danos à cubeta de quartzo, pois nesse caso as soluções
são muito alcalinas. Ela não permite a observação na região do ultravioleta, mas é interessante,
para fins de comparação, que todos os espectros sejam obtidos na faixa mencionada).
Observação: No caso das substâncias estudadas, algumas bandas apresentam estruturas
complexas. A explicação para essas estruturas não é importante para o entendimento desta prática
e se deve ao acoplamento vibrônico.

QUESTIONÁRIO

1. Desenhe um esquema de orbitais d em campo octaédrico e outro em campo tetraédrico de acordo


com a TCC. Compare-os com os diagramas das figuras 2 e 3, respectivamente.
2. Por que o esquema de desdobramento do campo cristalino para complexos octaédricos é o
inverso do esquema para complexos tetraédricos, de acordo com a TCC?
3. Se o metal for o mesmo, com o mesmo estado de oxidação, e os ligantes forem iguais, qual
complexo apresentará maior valor de 10 Dq, um complexo octaédrico ou um complexo
tetraédrico? Explique.

24
Experimento 6 – Obtenção de Hidrogênio
Introdução:
A obtenção do hidrogênio pela reação de metais com soluções diluídas de ácido clorídrico é
um dos métodos mais fáceis para se preparar esse gás em laboratório, e é efetuada desde os
pioneiros trabalhos de Henry Cavendish (por quem o gás foi descoberto).
O termo hidrogênio vem do grego hydros e genes, significando, portanto, formador de água.
O H2 é um gás altamente inflamável, sendo empregado como agente redutor.
Do ponto de vista das aplicações práticas, o hidrogênio é muito consumido para a produção
de amônia (que por sua vez é importante na produção de explosivos e fertilizantes), como
combustível para foguetes e na hidrogenação de óleos e gorduras.
Objetivo: Obtenção do gás hidrogênio.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

*Leia o roteiro do experimento antes de iniciá-lo

Parte 1: Obtenção de Hidrogênio


1. Utilizando-se de provetas, meça 5,0 mL de soluções aquosas de ácido clorídrico (HCl) 2,0 mol/L
e de hidróxido de sódio (NaOH) 2,0 mol /L e de ácido nítrico concentrado (HNO3) e coloque-os
em tubos de ensaio, contendo porções iguais de papel alumínio e tampe-os. Enumere-os.

2. Observe atentamente cada tubo, até que todo o metal tenha sido consumido.

Explique o observado.

3. Observe e explique as propriedades:

3.1. Combustibilidade: Acenda e introduza um palito, com algodão, embebido em álcool etílico,
pela abertura dos tubos de ensaio onde as reações ocorreram visivelmente.

O H2 é um gás combustível? Observe e explique o ocorrido.

3.2 Verificação do potencial do eletrodo: Introduza pequena quantidade de cobre (limpo/lixado)


em um tubo de ensaio e adicione 2mL de HCl (1:1). Repita o experimento para outros metais como
Al, Fe, Pb, Mg.

5. Descarte as soluções em um recipiente próprio.

Parte 2: Utilização do Hidrogênio na Determinação da Massa Molar do Mg

Objetivo: Utilização do gás hidrogênio para determinar a massa molar do magnés.

25
PROCEDIMENTOS

1. Meça 10 cm de fita de Mg. Corte-a e lixe-a.

2. Meça a massa da fita tomando o cuidado para que ela fique entre 0,06 e 0,08 g. Anote o valor
da massa.

3. Em um béquer de 600 mL, coloque 250 mL de água destilada.

4. Encha a proveta de 100 mL com água destilada e feche-a com um pedaço de filme plástico
evitando a formação de bolhas.

5. Coloque a proveta, invertida, dentro do béquer de 600 mL, conforme figura a seguir.

1 2

Figura A – Montagem para a reação de magnésio com HCl

6. Utilizando uma pinça, retire o filme plástico da proveta de modo que não haja formação de
bolhas.

7. Enrole a fita de magnésio de modo que ela caiba na proveta. Ponha o funil sobre ela evitando a
formação de bolhas. Coloque a proveta sobre o funil conforme a figura e fixe-a com uma garra.

8. Na capela, adicione 50 mL de HCl concentrado a um béquer de 100mL contendo 20mL de H2O.

9. Adicione a solução de HCl ao béquer contendo a fita de Mg. Cuide para que todo o gás
produzido seja coletado pela proveta.

10. Após o final da reação deixe o sistema em repouso por 10 min.


11. Verifique a pressão atmosférica e a temperatura da solução contida no béquer.
12. Verifique, na tabela, a pressão de vapor de água na temperatura da solução contida no béquer.
13. Iguale o nível de líquido da proveta com o nível de líquido do béquer. Leia e anote o volume
do gás.
14. Aproxime um palito, com algodão, embebido em álcool etílico, aceso na borda da proveta
depois de retirá-la de dentro do béquer e de incliná-la de um ângulo de 45º.

Temperatura Pressão Temperatura Pressão


(ºC) (mmHg) (ºC) (mmHg)
16 13,6 26 25,2

26
17 14,5 27 26,7
18 15,5 28 28,4
19 16,5 29 30,0
20 17,5 30 31,8
21 18,7 31 33,7
22 19,8 32 35,7
23 21,1 33 37,7
24 22,4 34 39,9
25 23,8 35 42,2

QUESTIONÁRIO

1. Descreva as observações e explique o ocorrido.


2. Equacione todas as reações químicas ocorridas.
3. Qual é a composição do papel alumínio? Este experimento teria sucesso se fosse feito com
material de latinhas de refrigerante e/ou lacres de material alumínio de embalagens alimentícias?
Quais seriam as vantagens e desvantagens no uso desse tipo de material para o experimento?
4. Qualquer metal poderia ser utilizado para se preparar hidrogênio, utilizando-se as rotas de
síntese propostas? Explique.
5. Utilize o valor do volume de hidrogênio obtido para calcular a massa molar do magnésio.
Compare o valor da massa molar do magnésio obtido experimentalmente com o valor teórico.
6. A parte II do experimento poderia ser feita com Ca ou Na?
7. A solubilidade do hidrogênio é alta ou baixa? Justifique.

27
Experimento 7 – Metais Alcalinos e Metais
Alcalinos Terrosos
Introdução

O sódio é um metal fortemente eletropositivo, desloca o hidrogênio da água a temperaturas


ordinárias. Quando um pequeno pedaço de sódio é colocado em água à temperaturas ambiente,
ocorre reação violenta e o pedaço de sódio reage rapidamente com a água formando hidróxido de
sódio e desprendendo hidrogênio conforme a reação:
2Na(s) + 2H2O → 2Na+ + 2OH- + H2
A reação líquida do sódio metálico consiste essencialmente na oxidação do
Na → Na+, que permanece em solução na forma de íons Na+, hidratados. Ao mesmo tempo um
o

átomo de hidrogênio da molécula da água, é reduzido do seu número de oxidação +1 na água, a


zero na molécula de H2 (H+ → H2o). Para cada molécula de H2O que tenha reagido forma-se um
íon OH- que permanece em solução.
Metais alcalinos, para utilização em laboratório, devem ser guardados sob líquidos inertes,
como querosene ou tolueno, pois todos os metais alcalinos reagem espontaneamente e a baixa
temperatura com o oxigênio e a umidade da pele, causando fortes queimaduras.
NaOH pode ser preparado em laboratório (com o máximo de cuidado) pela adição de
pedaços muitos pequenos de sódio metálico em água, como também pela reação do carbonato de
sódio (Na2CO3) com o hidróxido de cálcio.
Na2CO3 + Ca(OH)2 → CaCO3 + 2NaOH
Quando se adiciona água de cal a uma solução quente de carbonato de sódio, o carbonato
de cálcio precipita e o hidróxido de sódio permanece em solução, este processo é conhecido como
caustificação.
Hidróxidos insolúveis podem ser obtidos em laboratório, a partir de reações de precipitação,
entre uma base de metal alcalino com sais solúveis de metais.

Objetivo: Verificar algumas propriedades dos metais dos grupos I e II e comparar as reatividades
do Li, Na e K.

MATERIAIS E REAGENTES

Espátulas de metal Sódio metálico (Na(s))


2 béquer de 50 mL Álcool etílico
Solução de fenolftaleína NaOH – 2M
1 vidro de relógio FeCl3 – 0,1M; CoCl2 - 0,1M
10 tubos de ensaio MgCl2 –0,1M; CaCl2 - 0,1M
Bastão de vidro NiCl2 – 0,1M; CuSO4 - 0,1M
Pinças de metal AlCl3 – 0,1M; BaCl2 - 0,1 M

28
PROCEDIMENTOS

Parte I
1. Retire um pedacinho de sódio e corte-o em 2 pequenos fragmentos

2. Coloque 10 mL de água destilada em um béquer de 50 mL e adicione 3 gotas de


fenolftaleína. Em seguida adicione 1 pedacinho de sódio com cuidado. Observe a formação
do H2 e do NaOH. Meça o pH utilizando a fita universal.

3. Em um béquer de 50 mL, utilizando-se de uma proveta, adicione 10 mL de álcool etílico.


Adicione 3 gotas de fenolftaleína, agora, adicione o outro pedacinho de sódio no álcool.
Observe a reação.

Parte II

1. A adicione, aproximadamente, utilizando-se de pipeta de Pasteur, 2 mL de solução de


NaOH a 2mol/L em cada um dos tubos de ensaio,
2. Retire um alíquota de 2 mL, utilizando-se de pipeta de Pasteur, das soluções de MgCl2,
CaCl2, FeCl3, CoCl2, NiCl2, BaCl2, AlCl3 e CuCl2, na concentração de 0,1mol/L.
Observe e anote.

29
QUESTIONÁRIO

1. Por que não se deve tocar o sódio com as mãos ? Justifique sua resposta.
2. Por que não se deve usar pedaços grandes de sódio ?
3. Qual a finalidade da adição de fenolftaleína ?
4. Comente as reações dos metais alcalinos com a água.
5. Escreva as equações químicas entre NaOH e os diversos sais utilizados.
6. Quais íons apresentam seus hidróxidos coloridos ? Justifique a coloração destes íons.
7. Pela reação de 50g de Na em água, quanto se obtém de NaOH ?
8. Quanto de Na deve ser usado para a obtenção de 10g de NaOH ?
9. Verifique a possibilidade de ocorrência das reações. Caso positivo, complete as equações e
balancei-as. Caso negativo, justifique.
A – NaOH + Al2(SO4)3 → B – Na2CO3 + H3PO4 →
C – NaOH + H2SO4 → D – NaOH + CuSO4 →
E – Na2CO3 + Ca(NO3)2 →
10. Descreva o procedimento para a obtenção de NaOH em laboratório.
11. Descreva o método de preparação do NaOH em escala industrial, suas propriedades físicas e
químicas. Apresente um fluxograma sobre a linha de produção deste reagente.
12. Qual é o procedimento correto a ser adotado no caso de um acidente (vazamento, explosão,
etc.) em uma empresa produtora de NaOH?
13. Dentre os metais trabalhados, qual o metal alcalino mais duro? Explique.
14. Escreva as equações que descrevem as reações entre Na, Li e K com etanol.
15. Defina: energia de ionização e potencial padrão de redução.
16. Qual a ordem de reatividade de Li, Na e K com água? Você esperava isso? Explique
comparando com dados teóricos.
17. Compare a reatividade da água e do etanol diante dos metais utilizados na parte I deste
experimento.
18. Por que não se encontram na natureza substâncias simples formadas pelos elementos do grupo
I?
19. Qual a sua previsão com relação à solubilidade em água de BeCl2, Be(OH)2, BeSO4, RaCl2,
Ra(OH)2 e RaSO4?
20. Calcule a solubilidade de Mg(OH)2 em água (g/100mL) sabendo que seu Kps é 8,9 x 10-12.
21. A solubilidade de LiOH em água é 12,3 g/100mL. Explique a diferença de solubilidade entre
LiOH e Mg(OH)2.

30
Experimento 8 – Estudo de Algumas Propriedades
do Carbono
Introdução
O grupo 14 da tabela periódica é constituído por 6 elementos. Apenas 2 deles, estanho e
chumbo, formam substâncias simples com características metálicas. Estes metais são menos
reativos que todos os outros já estudados. Há uma grande variedade de compostos envolvendo
elementos deste grupo. O carbono, por exemplo, é um dos principais constituindo do ácido
desoxirribonucleico (ADN). Esta substância é a responsável pelas características genéticas dos
indivíduos.
Os compostos de silício e de germânio, por sua vez, são pouco relacionados com os
processos biológicos. Mas apresentam extensa aplicação tecnológica sendo utilizados, por
exemplo, na fabricação de micro-componentes de computadores.

OBJETIVO: Verificar algumas propriedades químicas e físicas do carbono e de alguns de seus


compostos.

MATERIAIS E MÉTODOS

1 Garra 2 Parafilm
1 Haste universal 2 Erlenmeyer
1 Funil de vidro 1 Kitassato com mangueira
2 Papel filtro 1 Cadinho de porcelana
1 Lixa 1 Pipetador
Pinça metálica Ácido clorídrico (1:1 v/v)
1 Gral e pistilo Carvão ativado
2 Béquer de 100 mL 1 Béquer de 50mL
1 Rolha de borracha 4 Béquer de 25mL
1 Tubo de ensaio Carbonato de cálcio
1 pipeta de 5 ml Azul de bromotimol
Bico de Bunsen Hidróxido de cálcio
Refrigerante colorido Fita de magnésio
Ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) Hidróxido de sódio 1mol/L
Açúcar (C12H22O11)

31
PROCEDIMENTOS

Procedimento 1:

1. Em seu tubo de ensaio contém 1g de C12H22O11 adicione a este tubo, cuidadosamente 5 mL de


solução concentrada de H2SO4. Observe durante alguns minutos, misture algumas vezes. Observe.

Procedimento 2:

2. Adicione, aproximadamente, 10 mL de refrigerante colorido em um béquer de 25 mL. Agora,


adicione o carvão ativo, pulverizado. Agite a mistura, prepare e execute uma filtração simples.
Colete o filtrado em outro béquer de 25mL.

Procedimento 3:

1. A um béquer de 100 mL, adicione 50 mL de água destilada, 1 gota de solução de azul de


bromotimol e 2 gotas de NaOH 1,0 Mol/L (serão suficiente para mudar a cor da solução). Reserve
2. Em outro béquer de 100 mL, adicione 50 mL de uma solução de Ca(OH)2. Reserve.

Prepare o gerador de CO2 de acordo com a figura:

Gerador de CO2

 Em seu kitassato, contém, 10 g de CaCO3.

32
Com ajuda de 3 béqueres de 25 mL retire três alíquotas de , aproximadamente, 10 mL de HCl
(1:1) em cada béquer, e os leve para a sua bancada,
 Adicione, 1 desses béqueres, de uma vez, ao kitassato, feche-o imediatamente com uma
rolha de borracha, e borbulhe o gás produzido na solução de Azul de Bromotimol, reservada
anteriormente no passo 1. Observe.
 Agora adicione a solução de HCl (1:1) contida em outro béquer novamente ao kitassato, e
feche-o com uma rolha de borracha imediatamente, borbulhe o gás produzido na solução
de Ca(OH)2, reservada anteriormente no passo 2. Observe.
 Por ultimo, adicione o ultimo béquer contendo a solução de HCl (1:1) ao kitassato e feche-o
com uma rolha de borracha imediatamente, borbulhe o gás produzido

 ( Produza mais CO2, se necessário, adicionando mais 5,0g CaCO3 ao gerador de CO2.)

 Introduza ao primeiro Erlenmeyer um fósforo aceso. Explique


 Pegue um pedaço de magnésio, aqueça-o na chama do bico de Bunsen até a incandescência e
introduza-o ao segundo erlenmeyer. Explique

 QUESTIONÁRIO

1. Qual é o principal produto da reação entre o ácido sulfúrico e sacarose? Explique o fenômeno
observado.
2. Cite outras aplicações para o carvão ativado.
3. Sugira uma explicação para o fenômeno observado na filtração do refrigerante utilizando carvão
ativado.
4. Como se explicam as variações de cores observadas nas soluções?
5. Escreva as equações e compare as reações dos seguintes óxidos com água: MgO e CO2.
6. Você utilizaria um extintor que produzisse CO2 para apagar um incêndio em uma fábrica de
magnésio? Explique.
7. Escreva a equação que descreve a reação entre magnésio e o dióxido de carbono.
8. Encontre o número de átomos de carbono que compõe sua assinatura escrevendo seu nome,
usando carvão, em um papel previamente pesado. Pese-o novamente após sua assinatura. Faça os
cálculos. Lembre-se do número de Avogrado (6,02 x 1023) e da massa molar do átomo de carbono
(12 g).

33
Experimento 9 – Obtenção e Propriedades do Iodo

Introdução
O iodo é um sólido cinza-escuro, com um brilho semi-metálico. Apresenta uma alta pressão
de vapor pode ser facilmente percebido. Seu vapor é violeta-escuro, cor que é reforçado nas
soluções em solventes apolares como CCl4 e CS2.
Em solventes polares como a água e o etanol, a cor das soluções é castanha. O iodo forma
um complexo azul-escuro com o amido.

MATERIAIS E REAGENTES

7 tubos de ensaio H2SO4 concentrado Iodo


Pipetas de 5mL KI – MnO2 – KMnO4 K2Cr2O7
Espátula Estante para tubos de ensaio

PROCEDIMENTOS

Procedimento I: Reatividade com solução de amido

1. No tubo de ensaio, contém 2,0 mL de uma solução de amido 1%, a esta solução, adicione uma
esfera de I2, tampe-o e reserve. Observar

Procedimento II: Solubilidade do iodo

1. Colocar 1 ESFERA de I2 em cada um dos 4 tubos de ensaio limpos e adicionar 2,0 mL dos
seguintes solventes:

Tubo I - Água Tubo II - Álcool etílico,


Tubo III Benzeno, Tubo IV -Tetracloreto de carbono

1. Agitar e em seguida deixar em repouso. Observar.


2. Agora, Ao tubo I adicione uma pequena quantidade de KI, e observe.
Por que isso ocorreu? Explique

Procedimento III: Obtenção do iodo

Ao Tubo 1: Adicione 0,1g de iodeto de potássio e 0,1 g do oxidante K2Cr2O7

Ao Tubo 2: Adicione 0,1g de iodeto de potássio e 0,1 g do oxidante KMnO4

Ao Tubo 3: Adicione 0,1g de iodeto de potássio e 0,1 g do oxidante MnO2

ESTA PARTE DE PROCEDIMENTO DEVERÁ SER FEITA NA CAPELA

34
Leve à capela sua estante contendo os tubos 1, 2, e 3 contendo os reagentes, citados acima,
leve também um béquer de 25 mL com, aproximadamente, 15mL de água destilada e uma
pipeta de Pasteur.

Ao Tubo 1: Adicione 3 gotas de H2SO4 conc. Complete o volume com 20 gotas de H2O. OBSERVE]

Ao Tubo 2: Adicione 3 gotas de H2SO4 conc. Complete o volume com 20 gotas de H2O. OBSERVE

Ao Tubo 3: Adicione 3 gotas de H2SO4 conc. Complete o volume com 20 gotas de H2O. OBSERVE

QUESTIONÁRIO

1. Escreva as reações de obtenção do iodo com os reagentes usados na prática. Calcule a massa de
iodo produzida em cada reação.
2. Descreva a solubilidade do iodo nos diferentes solventes.
3. A solubilidade do iodo em água é limitada. Explique como se pode aumentar esta solubilidade.
4. O que é uma “tintura”? Comente a utilização da “tintura de iodo”.
5. Comente as propriedades oxidantes do iodo.

35
Experimento 10 - Dureza Temporária e Permanente da Água
Volumetria de Complexação
Introdução
Águas duras de dureza temporária são aquelas que contém íons de cálcio e/ou magnésio na
forma de bicarbonato.
O abrandamento pode ser efetuado por fervura ou pela adição de substância amolecedoras,
tais como: hidróxido de sódio, hidróxido de cálcio, carbonato de sódio, bicarbonato de sódio,
fosfato de trissódico.
Águas duras de dureza permanente são aquelas que apresentam íons de cálcio e/ou
magnésio na forma de outros ânions, como: cloretos, nitratos, sulfatos, etc. O abrandamento não
pode ser efetuado por fervura e sim somente por adição de substância que provocam o
amolecimento, tais como as já citadas anteriormente.
A dureza total da água é a soma das durezas temporária e permanente e é expressa em mg/L
ou μg/L de carbonato de cálcio. A água pode ser classificada de acordo com o descrito na tabela a
seguir:
Tabela B – Classificação da água quanto a dureza

A determinação da dureza da água é feita por titulação com EDTA após a amostra ter sido
tamponada em pH 10. O magnésio, que forma o complexo menos estável em relação aos cátions
multivalentes presentes na água, não é titulado enquanto não for adicionado EDTA suficiente para
complexar todos os outros cátions presentes. Consequentemente, um indicador para magnésio
como o Erio T é adequado para essa titulação.
A volumetria com formação de complexos, ou complexometria, baseia-se em reações que
envolvem um íon metálico M e um ligante L com formação de um complexo suficientemente
estável. O caso mais simples é o de uma reação que origina um complexo do tipo 1:1,

cuja constante de estabilidade ou de formação é:

Os ligantes polidentados, que têm 2 ou mais grupos complexantes na molécula, são


excepcionalmente úteis para titulações de íons metálicos. A introdução do uso do ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA), em 1.945, e outros ácidos aminocarboxílicos, posteriormente,
ampliou notavelmente o campo da análise complexiométrica. Os ácidos aminocarboxílicos,

36
conhecidos como complexonas, formam complexos do tipo 1:1, solúveis em água e bastante
estáveis com a maioria dos metais, inclusive os alcalino-terrosos. Analiticamente, a complexona
mais importante é o EDTA, embora também sejam usados outros ácidos.

Complexometria com EDTA


O EDTA é um ligante hexadentado contendo 6 átomos capazes de atuar como doares de
pares de elétrons sendo 4 átomos de oxigênio provenientes dos grupos carboxílicos e 2 átomos de
nitrogênio.

Em soluções fortemente básicas (pH > 12) todos os grupos carboxílicos estão
desprotonados e o EDTA forma complexos estáveis, do tipo 1:1, com quase todos os metais
multivalentes. Além de ser um ligante hexadentado o EDTA é um ácido tetraprótico e pode existir
em várias formas protonadoas representadas por H4Y, H3Y-, H2Y2-, HY3- e Y4-. Todas essas formas
podem reagir com um dado metal para levar ao complexo metal-EDTA e a cada reação será
representada por uma constante de equilíbrio diferente. Os químicos escolheram arbitrariamente
usar a reação com o tetraânion (Y4-) e sua respectiva constante de equilíbrio para descrever a
formação do complexo metal-EDTA:

No entanto, deve-se considerar que a concentração do íon hidrogênio afetará a posição do


equilíbrio pela influência na concentração do Y4- na solução. Para o EDTA reagir com o íon
metálico os íons de hidrogênio ligados aos grupos carboxilatos devem ser removidos. Em soluções
fortemente básicas esses hidrogênios são removidos por reação com o íon hidróxido. Em soluções
mais ácidas os íons metálicos devem ser capazes de deslocar os íons hidrogênio. Uma vez que os
íons metálicos diferem significativamente na sua habilidade para deslocar esses íons, a acidez da
solução pode ser usada para “regular” a reatividade do EDTA com os íons metálicos. Por exemplo,
muitos íons metálicos reagem quantitativamente com uma quantidade estequiométrica de EDTA
em pH 10, mas apenas poucos, como o Fe3+ e o Hg22+, também reagem quantitativamente em pH
2. Normalmente, as soluções a serem tituladas com EDTA são tamponadas de modo que o pH
permaneça constante mesmo com a liberação de íons hidrogênio à medida que o complexo vai
sendo formado. O pH é normalmente ajustado no valor mais baixo que torna possível a
complexação. Em valores altos de pH muitos íons metálicos tendem a hidrolisar e até mesmo a
precipitar como hidróxidos. Em muitas titulações a concentração do cátion é mantida tão baixa
quanto 0,010 mol/L a 0,0010 mol/L para diminuir as chances de precipitação. Outras vezes, para
minimizar esse problema, são adicionados agentes complexantes auxiliares que reagem com o íon
metálico evitando a sua precipitação quando o meio se tornar básico. O complexo formado deve
ter estabilidade intermediária entre o hidróxido metálico e o complexo metalEDTA. Dessa forma,
ele se formará preferencialmente ao hidróxido, mas o íon metálico será liberado à medida que o
EDTA for sendo adicionado. A amônia é especialmente usada para esse propósito porque forma
complexos solúveis com a maioria dos metais de transição e quando misturada com o seu ácido
conjugado o íon amônio forma um tampão básico.

37
Indicadores para as titulações com EDTA
Os indicadores usados na volumetria de complexação, chamados de indicadores
metalocrômicos, são agentes complexantes fracos que exibem cores diferentes na forma
complexada e na forma livre. Quando esse indiciador é adicionado à solução a ser titulada ocorre
à formação de um complexo colorido com o analito.

onde M se refere ao íon metálico e o In ao indicador. As cargas foram omitidas para melhor clareza.
O frasco de titulação contém então M e MIn. Quando o titulante é adicionado ocorre a reação com
o metal livre até que essencialmente ele acabe e, nesse ponto, começa a acontecer o deslocamento
do metal do complexo MIn.

Isso constitui o ponto final da reação e é responsável pela mudança de cor que sinaliza o
fim da titulação. Para essa reação ocorrer o complexo metal-titulante deve ser mais estável do que
o complexo metal-indicador. Muitos indicadores são afetados pelo pH de maneira similar ao
EDTA. Isto é, eles formam diferentes espécies protonadas que podem exibir diferentes
reatividades em relação ao íon metálico. Além disso, essas espécies freqüentemente apresentam
cores diferentes. Por exemplo, o indicador Negro de Eriocromo T (Erio T) é um ácido triprótico
que pode ser representado como H3In. Em soluções aquosas um próton está sempre completamente
dissociado. As propriedades ácido-base do indicador podem ser resumidas pelas seguintes reações
de ionização:

OBJETIVO

Determinar a dureza da água da rede de distribuição pública.

*Por meio do processo de titulação por complexação, utilizando uma solução de EDTA na
concentração de 0,01 mol/L, NÃO padronizada .

MATERIAIS E MÉTODOS

 Solução de EDTA a 0,01 mol/L Espátula


 NH4OH/NH4Cl Erlenmeyer
 Sol. Padronizada CaCO3 0,01 mol/L Pipetas volumétricas
 Solução tampão pH 10 Bureta
 Negro de Eriocromo-T Béquer
 Amostra de Agua Dura

38
PROCEDIMENTOS

Procedimento 1: Padronização de uma solução padrão de EDTA, a 0,01 mol/L


1. Em cada um de 3 Erlenmeyer de 50 mL deve-se transferir 5,0 mL de uma solução padronizada
a 0,01 mol/L de CaCO3 com auxílio de uma pipeta volumétrica.
2. Adicione de 5,0 mL de solução tampão hidróxido de amônio/cloreto de amônio, para que se
juste o pH para 10 em cada Erlenmeyer.( na capela)
3. Acrescente uma pequena porção do indicador negro de Eriocromo T a cada Erlenmeyer.
4. Titule com a solução de EDTA até o aparecimento de uma coloração azul no Erlenmeyer.
5. Anote o volume gasto de EDTA gasto na titulação antes de “zerá-la” novamente.
6. Repita esse processo para os outros 2 Erlenmeyer.
7. Calcular a concentração em mol/L da solução de EDTA.

Procedimento 2: Determinar a dureza da água da rede de distribuição pública.


1. Pipete, em triplicata, 10,0 mL da amostra de água para cada um dos 3 Erlenmeyer de 50 mL.
2. Adicione 5,0 mL de solução tampão hidróxido de amônio/cloreto de amônio em cada um deles
(tampão pH = 10), na capela.
3. Acrescente uma pequena porção do indicador negro de Eriocromo-T a cada Erlenmeyer.
4. Titular com a solução, agora padronizada, de EDTA até o aparecimento de uma coloração azul
celeste.
5. Anotar o volume de EDTA gasto em cada titulação.
6. Calcular a dureza total da água expressando o resultado em mg/L de CaCO3.

QUESTIONÁRIO

1. Qual a fórmula química do sabão, considerando-o como um estearato de sódio solúvel? Cite
algumas desvantagens que o mesmo pode apresentar.
2. O que é um trocador de íons ? Caracterize os melhores trocadores de íons.
3. Em que consiste a água deionizada ? Onde ela é empregada ?
4. Cite os principais processos utilizados para o abrandamento da água.
5. Diferencie detergentes “duros” de detergentes “moles”.
6. Explique o significado de “água dura”.
7. Diferencie água “temporariamente dura” de “permanentemente dura”.
8. Escreva as equações esquemáticas gerais para deionização da água dura por meio de um trocador
de íons.
9. Explique o que vem ser uma “substância amolecedora”.
10. Descreva os processos de tratamento utilizados neste experimento, mostrando todas as
equações.
11. Explique porque os detergentes são mais eficientes que os sabões em água dura.

12. Calcular as concentrações de CaCO3 em mg/L (ppm) na água de abastecimento. Classifique as


amostras analisadas quanto ao grau de dureza.

13. Quais são os possíveis problemas causados pela presença de sais de cálcio e magnésio na água
em concentrações maiores que 100 ppm?

39
14. O fato de o EDTA formar complexos com praticamente todos os cátions pode levar a falsa
ideia de baixa seletividade para a volumetria de complexação e, consequentemente, seu pouco uso
em amostras “reais”. No entanto, pode-se conseguir um considerável controle sobre a reatividade
tanto do EDTA como dos íons metálicos pelo ajuste do pH do meio e pelo uso de agentes
complexantes auxiliares. Explique e exemplifique isso.

15. No caso de uma indústria de cerveja, como a Ambev, estar localizada em um local que possui
água dura, qual é o procedimento adotado para abrandar a água? Esta é uma indústria de bebidas
e necessita de uma grande quantidade de água para a produção de seus produtos. Como fazer o
abrandamento da água em grande quantidade? O que você pensa que a levou a se instalar em um
local onde a qualidade da água não é propícia para seus produtos?

16. Há algum material alternativo que poderia ser usado para retenção dos íons ?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Basolo, F.; Johnson, R. Coordination Chemistry, Editorial Reverté, 1978.

Cotton, F.A.; Wilkinson, G.; Química Inorgânica. Rio de Janeiro: LTC, 1978.

Farias, R.F. Práticas de química inorgânica. Campinas, SP: Editora Átomo, 2004.

Farias, R.F.; et al. Química de Coordenação: Fundamentos e Atualidades. Campinas: Editora


Átomo, 2005.

Oliveira, M.R.L.; Braathen, P.C. Laboratório de química inorgânica I. Viçosa: UFV, 2003.

Oliveira, M.R.L.; Maia, J.R.S.; Braathen, P.C. Práticas de Química Inorgânica, Viçosa, MG :
UFV/CEAD, 2010.

Shriver, D.F.; Atkins, P.W. Química Inorgânica. 3. ed., Porto Alegre: Bookman, 2003.

Vogel, A.I. Análise Inorgânica Quantitativa. 4. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981.

40
Anexo - Tabela Periódica

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