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Apostila Termo Prof-Santoro Unisanta
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1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Sistema termodinâmico consiste em uma quantidade de matéria ou região para a qual nossa
atenção está voltada. Demarcamos um sistema termodinâmico em função daquilo que desejamos
calcular. Tudo que se situa fora do sistema termodinâmico é chamado MEIO ou VIZINHANÇA.
Sistema Fechado - É o sistema termodinâmico no qual não há fluxo de massa através das
fronteiras que definem o sistema.
Se considerarmos uma massa de água, reconhecemos que ela pode existir sob várias formas.
Se ela é inicialmente líquida pode-se tornar vapor após aquecida ou sólida quando resfriada. Assim
nos referimos às diferentes fases de uma substância: uma fase é definida como uma quantidade de
matéria totalmente homogênea; quando mais de uma fase está presente, as fases se acham separa-
das entre si por meio dos contornos das fases. Em cada fase a substância pode existir a várias pres-
sões e temperaturas ou, usando a terminologia da termodinâmica, em vários estados. O estado pode
ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas observáveis; algumas das mais
familiares são: temperatura, pressão, volume específico, etc. Cada uma das propriedades de uma
substância num dado estado tem somente um valor definido e essa propriedade tem sempre o
mesmo valor para um dado estado, independente da forma pela qual a substância chegou a ele. De
fato, uma propriedade pode ser definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e
é independente do caminho (isto é, da história) pelo qual o sistema chegou ao estado considerado.
Inversamente, o estado é especificado ou descrito pelas propriedades.
Propriedade Específica - Uma propriedade específica de uma dada substância é obtida divi-
dindo-se uma propriedade extensiva pela massa da respectiva substância contida no sistema. Uma
propriedade específica é também uma propriedade intensiva do sistema. Exemplo de propriedade
específica:
V
Volume específico , v, v
m
U
Energia Interna específica, u, u
m
Processo - O caminho definido pela sucessão de estados através dos quais o sistema passa
é chamado processo.
Exemplos de processos:
Quando dois corpos tem a mesma temperatura dizemos que estão em equilibrio térmico
entre si. Podemos definir a lei zero da termodinâmica como:
" Se dois corpos estão em equilibrio térmico com um terceiro eles estão em equilibrio tér-
mico entre si ".
Para a maior parte das pessoas a temperatura é um conceito intuitivo baseado nas sensações
de "quente" e "frio" proveniente do tato. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, a tempe-
ratura está relacionada com o calor ficando estabelecido que este, na ausência de outros efeitos, flui
do corpo de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa espontaneamente.
O funcionamento dos termômetros está baseada na lei zero da termodinâmica pois são co-
locados em contato com um corpo ou fluido do qual se deseja conhecer a temperatura até que este
entre em equilíbrio térmico com o respectivo corpo. A escala do aparelho foi construída comparan-
do-a com um termômetro padrão ou com pontos físicos fixos de determinadas substâncias.
Quatro escalas de temperatura são hoje usadas para se referir à temperatura, duas escalas
absolutas e duas escalas relativas; são elas respectivamente: Escala KELVIN ( K ) e RANKINE ( OR) e
escala Celsius ( OC) e Fahrenheit (OF). A Fig, 1.5-1 mostra as quatro escalas de temperatura e a rela-
ção entre elas.
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DISCIPLINA: 0457 - TERMODINÂMICA APLICADA
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Tipos de Termômetros
O
C 0 O F 32 5
O
C ( O F 32)
100 0 212 32 9
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1.6 - Pressão
Pressão, uma propriedade termodinâmica, é definida como sendo a relação entre uma força
e a área normal onde está sendo aplicada a força. A Fig. 1.6-1 ilustra a definição dada pela equação
1.6 -1
lim FN
P ( 1.6 -1 )
A
A A
i
Escalas de Pressão
PRESSÃO TOTAL
Manômetro
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Manômetro de Vácuo
Barômetro
ZERO ABSOLUTO
Unidades de Pressão
N
Pascal, Pa = ,
m2
kgf
Quilograma - força por metro quadrado, =
m2
lbf lbf
Psig = , ( manométrica) Psia = ( absoluta )
in 2 in 2
bar = 105 Pascal
Pelos princípios da hidrostática podemos concluir que, para uma diferença de nível, L em
metros, em um manômetro em U, a diferença de pressão em Pascal é dada pela relação :
P gL
onde g é a aceleração da gravidade, é a densidade do fluido manométrico e L é a altura da coluna
de líquido.
OBS.
A pressão atmosférica padrão é definida como a pressão produzida por uma coluna de mer-
cúrio exatamente igual a 760 mm sendo a densidade do mercúrio de 13,5951 gm / cm 3 sob a acele-
ração da gravidade padrão de 9,8067 m / s2
Exemplo 1.6-1
Em uma análise para se obter o balanço térmico de um motor diesel é necessário medir-se a
vazão de ar admitido pelo motor. Um orifício calibrado é montado em uma caixa de entrada junto
com um manômetro em U na admissão do motor, como mostrado, esquematicamente na figura. A
vazão mássica do fluido escoando, m , está relacionada, em um orifício calibrado, pela seguinte ex-
pressão, m A C D 2 P , onde P é a diferença de pressão no manômetro em U , em Pascal,
A é a área do orifício calibrado, em metros quadra-
dos, CD é o coeficiente de descarga do orifício, cujo
valor particular, para este caso é 0,59, é a densi-
dade do fluido em escoamento. Determinar a va-
zão de ar para os dados mostrados na figura. (Con-
sidere a aceleração gravitacional local igual a 9,81
m/s2 , a densidade do ar como sendo, = 1,2 kg/m3
e a densidade da água do manômetro igual a 1000
kg/m3 )
Solução
d 2 314159
, (0,045) 2
A 0,00159 m 2
4 4
- A vazão em massa de ar admitida pelo motor diesel, pela expressão será
kg
m AR 0,00159 0,59 2 1,2 2.550,6 0,0734
s
Exercícios
1-3)- Um manômetro contém um fluido com densidade de 816 kg/m3. A diferença de altu-
ra entre as duas colunas é 50 cm. Que diferença de pressão é indicada em kgf/cm2? Qual seria a
diferença de altura se a mesma diferencia de pressão fosse medida por um manômetro contendo
mercúrio ( adote densidade do mercúrio de 13,60 gm/cm3 )
1-4)- Um manômetro de mercúrio, usado para medir um vácuo, registra 731 mm Hg e o ba-
rômetro local registra 750 mm Hg. Determinar a pressão em kgf/cm 2 e em microns.
Figura 2.1-1 - Representação da terminologia usada para uma substância pura à pressão, P e tempe-
ratura, T, onde Tsat é a temperatura de saturação na pressão de saturação, P.
Quando a água atinge 100 OC uma transferência adicional de calor implica em uma mudança
de fase como mostrado na Fig. 2.1-1b para a Fig. 2.1-1c, isto é, uma parte do líquido torna-se vapor
e, durante este processo a pressão permanecendo constante, a temperatura também permanecerá
constante nas a quantidade de vapor gerada aumenta consideravelmente ( aumentado o volume es-
pecífico ), como mostra a Fig. 2.1-1c. Quando a última porção de líquido tiver vaporizado (Fig. 2.1-
1d) uma adicional transferência de calor resulta em um aumento da temperatura e do volume espe-
cífico como mostrado na Fig. 2.1-1e e Fig. 2.1-1f
Título ( x ) - Quando uma substância se encontra parte líquida e parte vapor, vapor úmido,
Fig. 2.1-1c, a relação entre a massa de vapor pela massa total, isto é, massa de líquido mais a massa
de vapor, é chamada título. Matematicamente:
mv mv
x ( 2.1-1)
ml mv mt
Vapor Saturado - Se uma substância se encontra completamente como vapor na temperatu-
ra de saturação, é chamada “vapor saturado”, Fig. 2.1-1d, e neste caso o título é igual a 1 ou 100%
pois a massa total (mt) é igual à massa de vapor (mv ), (freqüentemente usa-se o termo “vapor satu-
rado seco”)
Vapor Superaquecido - Quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura
de saturação é chamado “vapor superaquecido” Fig. 2.1-1e. A pressão e a temperatura do vapor su-
peraquecido são propriedades independentes, e neste caso, a temperatura pode ser aumentada pa-
ra uma pressão constante. Em verdade, as substâncias que chamamos de gases são vapores altamen-
te superaquecidos.
A Fig. 2.1-1 retrata a terminologia que acabamos de definir para os diversos estados termo-
dinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura.
Considerações importantes
1) Durante a mudança de fase de líquido-vapor à pressão constante, a temperatura se man-
tém constante; observamos assim a formação de patamares de mudança de fase em um diagrama
de propriedades no plano T x V ou P x V, como mostrado na Fig. 2.2-1. Quanto maior a pressão na
qual ocorre a mudança de Fase líquido-vapor maior será a temperatura.
2) A linha de líquido saturado é levemente inclinada em relação à vertical pelo efeito da dila-
tação volumétrica ( quanto maior a temperatura maior o volume ocupado pelo líquido), enquanto a
linha de vapor saturado é fortemente inclinada em sentido contrário devido à compressibilidade do
vapor. A Fig. 2.2-1b mostra o diagrama P -V no qual é fácil visualizar as linhas de temperatura cons-
tante e o ponto de inflexão da isoterma crítica
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Figura 2.2-1 diagrama T x V e Diagrama P x V
Ponto Triplo - Corresponde ao estado no qual as três fases ( sólido, líquido e gasosa ) se en-
contram em equilíbrio. A Fig. 2.3-1 mostra o diagrama de fases (P x T) para a água. Para outras
substância o formato do diagrama é o mesmo.
Uma substância na fase vapor com pressão acima da pressão do ponto triplo muda de fase (
torna-se líquido ) ao ser resfriada até a temperatura correspondente na curva de pressão de vapor.
Resfriando o sistema ainda mais será atingida uma temperatura na qual o líquido irá se solidificar. Es-
te processo está indicada pela linha horizontal 123 na Fig. 2.3-1.
Energia Interna ( U ) - é a energia possuída pela matéria devido ao movimento e/ou forças
intermoleculares. Esta forma de energia pode ser decomposta em duas partes:
a - Energia cinética interna, a qual é devida à velocidade das moléculas e,
b - Energia potencial interna, a qual é devida às forças de atração que existem entre as molé-
culas. As mudanças na velocidade das moléculas são identificadas macroscopicamente pela alteração
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da temperatura da substância ( sistema), enquanto que as variações na posição são identificadas pela
mudança de fase da substância (sólido, liquido ou vapor )
H=U+PV (2.2-1)
ou a entalpia específica,
h=u+P (2.2-2)
Q (2.2-3)
dS
T reversivel
f( P, v, T ) = 0 ( 2.3 -1 )
Existem inúmeras equações de estado, muitas delas desenvolvidas para relacionar as propri-
edades termodinâmicas para uma única substância , outras mais genéricas, por vezes bastante com-
plexas, com objetivo de relacionar as propriedades termodinâmicas de várias substâncias.
Uma das equações de estado mais conhecida e mais simples é aquela que relaciona as pro-
priedades termodinâmicas de pressão, volume específico e temperatura absoluta do gás ideal, que
é;
_
PT (2.3-2)
_
onde P, é a pressão absoluta ( manométrica + barométrica ), , o volume molar específico, em
m3/kmol, a constante universal, que vale, = 8,314 kJ/kmol-K, e T a temperatura absoluta, em
Kelvin. A Eq. (2.3-2) pode ser escrita de várias outras formas. Uma forma interessante é escreve-la
usando o volume específico e a constante particular do gás, como na Eq. (2.3-3)
P RT (2.3-3)
onde , é o volume específico do gás, em m /kg e R é a constante particular do gás. O valor de
3
R está relacionado à constante universal dos gases pela massa molecular da substância ( M ). Isto é:
R (2.3-4)
M
Como sabemos, a Eq. (2.3-2 ) ou (2.3-3) só representa satisfatoriamente gases reais a bai-
xas pressões. Para gases reais a pressões um pouco mais elevadas e gases poliatômicos os resultados
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obtidos com a equação do gás ideal não é satisfatório, sendo necessário, para gás real, lançar mão
de equações mais elaboradas.
Exemplo 2.3-1
Solução
Exemplo 2.3-2
Um tanque cilíndrico vertical contém 4,0 kg de monóxido de carbono gás à
temperatura de -50 OC. O diâmetro interno do tanque é, D=0,2 m e o com-
primento, L=1,0 m. Determinar a pressão, em bar, exercida pelo gás usando:
o modelo de gás ideal
solução
Conhecemos: Tanque cilíndrico de dimensões conhecidas contendo 4,0 kg de monóxido de car-
bono, CO, a - 50 OC
Análise:
O volume molar específico do gás é necessário nos três modelos
requeridos, assim
4,0 kmol
Exercícios
2-1) - Determine o Volume molar de um gás ideal nas condições normais de temperatura e
pressão ( as condições normais de temperatura e pressão, CNTP, são 0 OC e 101325 Pascal, respec-
tivamente)
2-2) - Calcule a constante particular dos gases para o Oxigênio, Nitrogênio e para o ar seco.
2-3) - Um balão esférico tem raio de 3m. A pressão atmosférica local é de 1,0 kgf/cm 2 e a
temperatura é de 25 OC.
a) Calcular a massa e o numero de mols ( ou kmols ) de ar que o balão desloca
b) Se o balão estiver cheio com Hélio ( He) com pressão de 1,0 kgf/cm 2 e a temperatura for
O
de 25 C, qual o número de mols ( ou kmols) e a massa de hélio?
2-4) - Uma quantidade de ar está contida num cilindro vertical equipado com um êmbolo
sem atrito, como mostrado na figura. A área seccional interna do cilindro é de 450 cm 2 e o ar está
inicialmente a 2,0 kgf/cm2 de pressão e temperatura de 430 OC. O ar é então resfriado como resul-
tado da transferência de calor para o meio ambiente. (adote o ar como
gás ideal )
a) Qual a temperatura do ar no interior do cilindro quando o êm-
bolo atinge os limitadores, em OC
b) Se o resfriamento prosseguir até a temperatura atingir 21 OC
qual será a pressão no interior do cilindro.
u = uL + x( uv - uL ) (2.4-1)
h = hL + x( hv - h L ) (2.4-2)
v = vL + x( vv - vL ) (2.4-3)
s = sL + x( sv - sL ) (2.4-4)
Exemplo 2.4-1
Solução
a) Água Saturada
VV = 0,2579 m3/kg
hV = 3051,2 kJ/kg
SV = 7,1229 kJ/kg-K
Exemplo 2.4-2
Solução
338,85 334,91
h x 100 116%
,
338,85
Comentários:
Pelos resultados, observamos ser insignificantes os desvios dos valores das propriedades ob-
tidas pela tabela correta ( liquido comprimido ) e na forma aproximada, como líquido saturado na
temperatura em que se encontra a substância sem levar em conta a pressão.(a pressão de saturação
a 80 OC é de 0,4739 bar, bem inferior aos 50 bar do líquido comprimido )
Concluímos assim que, as propriedades de líquido comprimido são aproximadamente iguais
às de líquido saturado na mesma temperatura para substâncias que podem ser admitidas como in-
compressíveis.( para qualquer substância incompressível )
Exemplo 2.4-3
Solução:
V 0,140 m 3 m3
0,014
m 10,0 kg kg
( l )
l x ( v l ) x
( v l )
da tabela de propriedades saturadas para o refrigerante R-134a
obtemos os valores de volume específico do líquido e do valor, que valem:
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3 3
l 0,0008 m kg v 0,0300 m kg
substituindo na equação do título , obtemos;
0,0140 0,0008
x x 0,452
0,0300 0,0008
mv
da definição de título, em que, x , obtemos
mt
Exemplo 2.4-4
Determine a densidade da amônia para a temperatura de 150 °F e pressão de 20 psi. Consulte as ta-
belas necessárias. Dado: MNH3 = 17,03 g/g-mol.
RESPOSTA:
Nessas condições de temperatura e pressão, os gases podem ser considerados ideais e assim:
= (P.M) / ( T)
Amônia (NH3):
A 150,0 °F e 20 psi:
TC
5
TF 32 TC 5 150 32 65,6 o C
9 9
TK TC 273,15 TK 338,7 K
101.325 Pa 1 atm
P 20 psi 20 psi 1,36 atm
14,7 psi 101.325 Pa
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g
1,36 atm 17,03
g - mol
NH3 0,833 g/L 0,833 kg/m 3
atm.L
0,08206 338,7 K
g - mol.K
Esses diagramas são úteis tanto como meio de apresentar a relação entre as propriedades
termodinâmicas como porque possibilitam a visualização dos processos que ocorrem em parte do
equipamento sob análise ou no todo.
As três regiões características dos diagramas estão assim divididas:
As figuras 2.5-4 e 2.5-5 a do conjunto de ábacos, são diagramas de Mollier para a água. Dia-
gramas mais completos e diagramas T x s para a água podem ser encontrados na bibliografia citada.
Para o estudo de sistemas de refrigeração é mais conveniente apresentar as propriedades em dia-
gramas que tenham como ordenada a pressão absoluta e como abcissa a entalpia específica. A figu-
ra 2.5-6 do conjunto de ábacos é o diagrama para o refrigerante R-12, a Figura 2.5-7 é o diagrama
para o refrigerante R-22, a figura 2.5-8 é o diagrama para o refrigerante R-134a e a figura 2.5-9 é o
diagrama P x h para a amônia, que pela classificação da ASHRAE ( American Society of Heating, Re-
frigerating, and Air-Conditioning Engineers. ) é o refrigerante R-717.
Exemplo 2.5-1
Vapor de água inicialmente a 4,0 MPa e 300 oC ( estado 1) está contido em um conjunto
êmbolo - cilindro. A água é então resfriada a volume constante até sua temperatura alcançar
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200 oC ( estado 2). A seguir a água é comprimida isotermicamente até um estado onde a
pressão é de 2,5 MPa ( estado 3).
a) Determine o volume específico nos estados 1, 2 e 3, em m 3 / kg e o título no estado 2
se o estado 2 for de vapor úmido.
b) Localize os estados 1, 2 e 3 e esquematize os processos em um diagrama T- v e P- v.
Solução: - Hipóteses:
- O vapor de água é o nosso sistema termodinâmico
- Em cada estado o sistema está em equilíbrio termodinâmico
Conhecido:
O estado inicial P= 40 bar e T= 300 oC e os processos subseqüentes
a-1) da tabela de vapor saturado para a água na pressão de 40 bar a correspondente tem-
peratura de saturação é 250,4 oC. Assim a água a 40 bar e 300 oC está superaquecida. Da tabela
de vapor superaquecido temos v1 = 0,05884 m3/kg
a-2) Para determinarmos o estado 2 temos o volume específico que é igual ao volume es-
pecífico do estado 1, v2 = 0,05884 m3 /kg e a temperatura de 200 oC
da tabela de vapor saturado, para a temperatura de 200 oC, a respectiva pressão de satura-
ção é 15,54 bar. O volume específico do líquido saturado é, por interpolação, v 2L = 0,0011565
m3/kg e do vapor saturado seco, v2v = 0,1274 m3/kg. Como o volume específico do estado 2 está
entre o volume específico do líquido e do vapor saturado, então inferimos que o estado 2 é de va-
por úmido. Nos dois diagramas, o processo de 1 2 é indicado através de uma linha vertical desde
o estado 1 até o estado 2 cuja temperatura é de 200 oC e a pressão de 15,54 bar, na região de va-
por úmido.
a-3) O estado 3 cuja pressão é de 25 bar a temperatura é a mesma do estado 2, 200 oC.
Como a pressão, 25 bar é maior que a pressão de saturação correspondente podemos facilmente
inferir do diagrama T x v que o estado é de líquido saturado. O processo de 2 3 está indicado
nas figuras do item b).
a-4) O volume do estado 1 e 2 são iguais, e seu valor lido da tabela de vapor superaqueci-
do, é 0,05884 m3/kg. O volume específico do estado 3 deve ser obtido em uma tabela de líquido
comprimido, cujo valor é, v3 = 0,0011555 m3/kg ou de forma aproximada, de uma tabela de satu-
ração na temperatura de 200 oC, independentemente da pressão de saturação correspondente, que
é v3 = 0,0011565 m3/kg.
a-5) O título no estado 2 é obtido usando as relações matemáticas entre título e volume
específico, como já mostrado anteriormente, assim:
v v 2L 0,05884 0,0011565
x2 2 0,457 ou 45,7 %
v 2 v v 2L 0,1274 0,0011565
Exemplo 2.5-2
Solução:
caso a) - Neste caso, turbina operando a plena carga, significa que a válvula
controladora na entrada da turbina não opera ( é o mesmo que não existir )
estado 1, P1 = 10 bar e T1 = 300 oC como já sabemos, da solução
anterior, este é um estado de vapor superaquecido, assim da tabela de
vapor superaquecido, obtemos;
Estado 3
S 3 S ls 7,1229 0,6493
S3 = Sls + X3( Svs - Sls ) X 3 0,863 ou 86,3%
S vs S ls 8,1502 0,6494
logo:
h3= 191,83 + 0,863 (2584,7 - 191,83) = 2 256,9 kJ/kg
v3 = 0,0010102 + 0,863 (14,674 - 0,0010102) = 12, 664 m3/kg
caso b)
Exercícios
2-6) Em que fase se encontra a água, contida em um recipiente de paredes rígidas, em que a
temperatura é de 100 oC e a pressão é de a) 10 MPa, b) 20 kPa.
Obs.: Use a tabela de propriedades saturadas para inferir a resposta.
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2-7) Em um gerador de vapor industrial a água entra com pressão de 10 bar e temperatura
o
de 150 C ( estado 1). A água sai desse gerador após receber calor em um processo isobárico à tem-
peratura de 250 oC, (estado 2). Pede-se:
a) em que fase se encontram os estados 1 e 2 ?
b) Represente esquematicamente o processo de aquecimento da água nos seguintes diagra-
mas de propriedades:
b-1) Coordenadas h x s ( Entalpia versus Entropia )
b-2) Coordenadas T x s ( Temperatura versus Entropia)
b-3) Coordenadas P x h ( Pressão versus Entalpia
2-8 ) Um tanque, cujo volume é de 0,053 m3, contém freon 12, (R-12) a 40 oC. O volume ini-
cial de líquido no tanque é igual ao volume de vapor. Uma quantidade adicional de Freon - 12 é for-
çada para dentro do tanque até que a massa total dentro do tanque atinja 45 kg. Pede-se;
a) Qual o volume final de líquido no tanque admitindo-se que a temperatura seja de 40 oC?
b) Que quantidade de massa foi adicionada ao tanque?
2-10) O compressor de um sistema frigorífico deve sempre aspirar vapor superaquecido. De-
terminar as propriedades termodinâmicas do R-22 quando a pressão de sucção for de 2,0 kgf/cm2 e
estiver superaquecido de 15 oC
3.1 - Trabalho
Podemos definir o trabalho termodinâmico como: "Um sistema realiza trabalho se o único
efeito sobre o meio (tudo externo ao sistema) PUDER SER o levantamento de um peso."
Note-se que o levantamento de um peso é realmente uma força que age através de uma
distância. Observe também que nossa definição não afirma que um peso foi realmente levantado ou
que uma força agiu realmente através de uma dada distância, mas que o único efeito externo ao sis-
tema poderia ser o levantamento de um peso.
O trabalho realizado por um sistema é considerado positivo e o trabalho realizado sobre o
sistema é negativo. O símbolo W designa o trabalho
termodinâmico.
Em geral falaremos de trabalho como uma forma
de energia. Vamos ilustrar a definição de trabalho fazendo
uso de dois exemplos. Considere como sistema a bateria e
o motor elétrico delimitados pela fronteira como mostra-
dos na figura 3.1-1a , e façamos com que o motor acione
um ventilador. A pergunta que segue é a seguinte: O tra-
balho atravessará a fronteira do sistema neste caso? Para
responder a essa pergunta usando a definição de trabalho
termodinâmico dada anteriormente vamos substituir o
ventilador por um conjunto de polia e peso como mostra
a figura 3.1-1b. Com a rotação do motor um peso pode
ser levantado e o único efeito no meio é tão somente o
levantamento de um peso. Assim para o nosso sistema
original da Fig. 3.1-1a concluímos que o trabalho atra-
vessa a fronteira do sistema.
Agora, façamos com que o nosso sistema seja
constituído somente pela bateria como mostra a figura
3.1-2. Neste caso quem cruza a fronteira do sistema é a
energia elétricas da bateria. Constitui trabalho termodi-
nâmico a energia elétrica cruzando a fronteira do siste-
ma?. Sem dúvida, como o conjunto é o mesmo do caso
anterior, poderá ocorrer o levantamento de um peso, en-
tão energia elétrica cruzando a fronteira do sistema tam-
bém constitui trabalho como definido anteriormente.
W2 W P dV
2 2
1 ( 3.1-
1 1
3)
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O símbolo 1W2 deve ser interpretado como o trabalho realizado durante o processo, do estado 1 ao
estado 2. Pelo exame do diagrama P x V, é evidente que o trabalho realizado durante esse processo
é representado pela área sob a curva 1-2, ou seja a área, a-1-2-b-a. Neste exemplo, o volume dimi-
nuiu e a área a-1-2-b-a representa o trabalho realizado sobre o sistema ( trabalho negativo). Se o
processo tivesse ocorrido do estado 2 ao estado 1, pelo mesmo caminho, a mesma área representa-
ria o trabalho realizado pelo sistema ( trabalho positivo ). Uma nova
consideração do diagrama P x V, Fig. 3.1-5, conduz a uma outra con-
clusão importante. É possível ir do estado 1 ao estado 2 por caminhos
quase-estáticos muito diferentes, tais como A, B ou C. Como a área
sob a curva representa o trabalho para cada processo é evidente que
o trabalho envolvido em cada caso é uma função não somente dos es-
tados iniciais e finais do processo, mas também, do caminho que se
percorre ao ir de um estado a outro.
Por esta razão, o trabalho é chamado de função de linha, ou
em linguagem matemática, W é uma diferencial inexata .
Na determinação da integral da Eq. 3.1-3 devemos sempre
lembrar que estamos interessados na determinação da área situada sob a curva da Fig. 3.1-4. Relati-
vamente a este aspecto, identificamos duas classes de problemas:
Um exemplo comum desse segundo tipo de relação é o caso de um processo chamado poli-
trópico, no qual P V cons tan te , através de todo o processo. O expoente "n" pode tomar
n
Para esse tipo de processo, podemos integrar a Eq. 3.1-3, resultando em:
Note-se que este resultado, Eq. 3.1-4, é válido para qualquer valor do expoente n, exceto n = 1. No
caso onde n = 1, tem-se;
dV V2
PdV P1V1
2 2
P1 V1 ln (3.1-5)
1 1 V V1
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Deve-se observar que nas Eqs. 3.1-4 e 3.1-5 não dissemos que o trabalho é igual às expres-
sões dadas por aquelas equações. Aquelas expressões fornecem o valor de uma certa integral, ou
seja, um resultado matemático. Considerar ou não, que aquela integral corresponde ao trabalho
num dado processo, depende do resultado de uma análise termodinâmica do processo. É importante
manter separado o resultado matemático da análise termodinâmica, pois há muitos casos em que o
trabalho não é dado pelas Eqs. 3.1-4 ou 3.1-5. O processo politrópico conforme já descrito , expõe
uma relação funcional especial entre P e V durante um processo. Há muitas relações possíveis, al-
gumas das quais serão examinadas nos problemas apresentados no final deste capítulo.
Exemplo 3.1-1
W2 P dV P( V2 V1 )
2
1 1W2 200 kPa x ( 0,1 0,04) m 3 12,0 kJ
1
e notamos que este processo é politrópico com o expoente n = 1, pois a massa, m, do sistema é cons-
tante, R é a constante do gás e sendo T constante, mRT = constante. Da nossa análise anterior, con-
cluímos que o trabalho é dado pela Eq. 3.1-5, Portanto:
V2 0,1
W2 PdV P1 V1 ln
2
1 200 kPa x 0,04 m 3 x ln 7,33 kJ
1 V1 0,04
d) Consideremos o sistema e o estado inicial dados nos três primeiros exemplos, porém man-
tenhamos o êmbolo preso por meio de um pino, de modo que o volume permaneça constante. Além
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disso façamos com que o calor seja transferido do sistema para o meio até que a pressão caia a 100
kPa. Calcular o trabalho.
Como W = P.dV, para um processo quase-estático, o
trabalho é igual a zero porque, neste caso, não há variação do vo-
lume, isto é, dV=0.
O processo em cada um dos quatro exemplos está mostra-
do na Figura ao lado. O processo 1-2a é um processo a pressão
constante e a área 1-2a-f-e-1 representa o respectivo trabalho.
Analogamente, a linha 1-2-b representa o processo em que PV =
constante, a linha 1-2c representa o processo em que PV 1,3 =
constante e a linha 1-2d representa o processo a volume constan-
te. O estudante deve comparar as áreas relativas sob cada curva
com os resultados numéricos obtidos acima.
Exemplo 3.1-2
Resposta a)
Resposta b)
1 W2 = 3,715.105 [ J ] ou 1 W2 = 371,5 [ kJ ]
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Exemplo 3.1-3
Solução
W2 PdV
2
1 como P = constante, então
1
W2 m P d m P( 2 1 )
2
1 1
V1 = 0,0759 m3 /kg
V2 = 0,4249 m3 / kg
Assim o trabalho entre o estado 1 e 2 resulta
10 5 m3
1 W2 5, 0 kg x 5, 0 kPa x ( 0,4249 0,0759) 872,5 kJ
10 3 kg
Sistemas que Envolvem Outras Formas de Realização de Trabalho
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Há sistemas que envolvem outras formas de trabalho, como por exemplo: sistemas que en-
volvem trabalho magnético e sistemas que envolvem trabalho elétrico. Também existem outros sis-
temas que envolvem trabalho devido ao movimento de fronteira; um fio esticado sujeito a uma força
e uma película superficial.
Deve-se observar também que há outras formas de trabalho que podem ser identificadas em
processos que não sejam quase-estáticos. Um exemplo disso é o trabalho realizado por forças de ci-
salhamento, num processo que envolve atrito num fluido viscoso, ou trabalho realizado por um eixo
rotativo que atravessa a fronteira do sistema.
A identificação do trabalho é um aspecto importante de muitos problemas termodinâmicos.
Já mencionamos que o trabalho só pode ser identificado nas fronteiras do sistema. Por exemplo,
consideremos a Fig 3.1-6 que mostra um gás separado do vácuo por uma membrana. Fazendo com
que a membrana se rompa, o gás encherá todo o volume. Desprezando-se qualquer trabalho associ-
ado com a ruptura da membrana, podemos indagar se há trabalho envolvido no processo. Se to-
marmos como nosso sistema o gás e o espaço evacuado, conclu-
ímos prontamente que não há trabalho envolvido, pois nenhum
trabalho é identificado na fronteira do sistema. Se, entretanto,
tomarmos o gás como sistema, teremos uma variação do volume
e poderemos ser induzidos a calcular o trabalho pela integral
PdV
2
Exemplo 3.1-4
Solução: a)
W2 Pd V , e, sendo
2
b) sendo o trabalho 1
P = ( Patm + Pêmb + Pmola ), temos:
1
diretamente a área sob a curva da figura a-2. Como sabemos, a área de um triângulo retângulo é
A= (b x h)/2, onde, para este caso, b= (V 2 - V1) = (0,06 - 0,03) = 0,03 m3, e
h= (P2 - P1) = (3,5-1,1)x 9,81x104 Pa = 23,544 x 104 Pa
O trabalho total do processo, nada mais é que a soma dos dois trabalhos anteriores,
como mostra a área sob a curva na figura a-3, ou seja:
3-2 CALOR
Unidades de Calor - Conforme já discutimos, o calor, como o trabalho, é uma forma de transferên-
cia de energia para ou de um sistema. Portanto, as unidades de calor, ou sendo mais geral, para
qualquer outra forma de energia, são as mesmas do trabalho, ou pelo menos, são diretamente pro-
porcionais a ela. No sistema Internacional, SI, a unidade de calor ( e de qualquer outra forma de
energia ) é o Joule.
Calor para um sistema é considerado positivo e o calor transferido de um sistema é negativo.
O calor é normalmente representado pelo símbolo Q.
Um processo em que não há troca de calor ( Q = 0 ), é chamado de processo adiabático.
Do ponto de vista matemático o calor, como o trabalho, é uma função de linha e é reconhe-
cido como tendo uma diferencial inexata. Isto é, a quantidade de calor transferida quando o sistema
sofre uma mudança, do estado 1 para o estado 2, depende do caminho que o sistema percorre du-
rante a mudança de estado. Como o calor tem uma diferencial inexata, a diferencial é escrita Q.
Na integração escrevemos:
Q
2
1 Q2 ( 3.2-1)
1
em outras palavras, 1Q2 é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 e o estado
2.
O calor transferido para um sistema na unidade de tempo, é chamado taxa de calor, e desig-
nado pelo símbolo Q , a respectiva unidade é o Watt ( W )
Q
Q (3.2-2 )
dt
Comparação entre Calor e Trabalho - É evidente, a esta altura, que há muita semelhança entre ca-
lor e trabalho, que passaremos a resumir:
a) O calor e o trabalho são, ambos, fenômenos transitórios. Os sistemas nunca possuem calor
ou trabalho, porem qualquer um deles ou, ambos, atravessam a fronteira do sistema, quando o sis-
tema sofre uma mudança de estado.
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b) Tanto o calor como o trabalho são fenômenos de fronteira. Ambos são observados somen-
te nas fronteiras do sistema, e ambos representam energia atravessando a fronteira do sistema.
c) Tanto o calor como o trabalho são funções de linha e têm diferenciais inexatas.
Exercícios:
3-5) - O cilindro indicado na figura ao lado possui um êmbolo submetido à ação de uma mola
de modo que, quando o volume no cilindro for nulo, a mola está totalmente estendida. A força da
mola é proporcional ao deslocamento da mesma e o peso do êmbolo é
desprezível. O volume do cilindro é de 120 litros quando o êmbolo en-
contra o batente. O cilindro contém 4,0 kg de água, inicialmente a 350
kPa e título de 1% e que é aquecida até se tornar vapor saturado seco.
Mostre o processo num diagrama P x V e, determine:
a) A pressão final do sistema
b) o trabalho realizado pela água durante o processo.
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4 - PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante um processo cíclico qualquer, per-
corrido por um sistema, a integral cíclica (somatório sobre todo o ciclo), do calor é proporcional à in-
tegral cíclica do trabalho, matematicamente
Q W (4.1-1)
ou
Q W
ciclo ciclo
(4.1-2)
A Eq. 4.1-1 estabelece a primeira lei da termodinâmica para um sistema operando em um ci-
clo. Muitas vezes, entretanto, estamos mais interessados a respeito de um processo que em um ci-
clo. Assim é interessante obter uma expressão da primeira lei da termodinâmica para um processo.
Isto pode ser feito introduzindo-se uma nova propriedade, a energia total, a qual é representada pelo
símbolo E.
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Considere-se um sistema que percorre um ciclo, mu-
dando do estado 1 ao estado 2 pelo processo A e voltando do
estado 2 ao estado 1 pelo processo B. Este ciclo está mostrado
na Fig. 4.2-1. Da primeira lei da termodinâmica temos;
Q W
considerando os dois processo que constituem o ciclo separa-
damente obtemos;
Q A Q B WA WB
2 1 2 1
1 2 1 2
agora, consideremos outro ciclo, com o sistema mudando do estado 1 ao estado 2 pelo mesmo pro-
cesso A e voltando ao estado 1 pelo processo C como indicado na Fig 4.2-1. Para este ciclo podemos
escrever:
Q A Q C WA WC
2 1 2 1
1 2 1 2
Q Q C WB WC
1 1 1 1
2 B 2 2 2
ou, reordenando
Visto que B e C representam caminhos arbitrários entre os estados 1 e 2 concluímos que a quanti-
dade ( Q - W ) é a mesma para qualquer processo entre o estado 1 e o estado 2. Em conseqüên-
cia, ( Q - W ) depende somente dos estados inicial e final não dependendo do caminho percorrido
entre os dois estados. Isto nos faz concluir que a quantidade, ( Q - W ), é uma função de ponto, e
portanto, é a diferencial exata de uma propriedade do sistema. Essa propriedade é a energia total
do sistema e é representada pelo símbolo E. Assim podemos escrever
Q W dE
ou,
Q dE W (4.2-2)
Observe-se que, sendo E uma propriedade, sua diferencial é escrita dE. Quando a Eq. 4.2-2 é inte-
grada, de um estado inicial 1 a um estado final 2, temos
1Q2 =
E 2 - E 1 + 1 W2 ( 4.2-3)
onde, 1Q2 é o calor transferido para o sistema durante o processo do estado 1 para o estado 2, E 1 e
E2 são os valores inicial e final da energia total do sistema e 1W2 é o trabalho efetuado pelo sistema
durante o processo.
O significado físico da propriedade E é o de representar toda a energia de um sistema em um
dado estado. Essa energia pode estar presente em uma multiplicidade de formas, tais como; energia
cinética, energia potencial, energia associada à estrutura do átomo, energia química, etc.
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NOTAS DE AULA
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No estudo da termodinâmica é conveniente considerar-se separadamente as energias cinéti-
ca e potencial, as demais formas de energia do sistema são agrupadas em uma única variável, já de-
finida, a energia interna, representada pelo símbolo U. Assim,
E = U + EC + EP ( 4.2-4)
sendo
1
EC mV2 e EP mgZ (4.2-5)
2
A primeira lei da termodinâmica para uma mudança de estado de um sistema pode, então, ser escri-
ta como;
Q dU d( EC) d( EP ) W (4.2-7)
1 - A energia total, E, realmente existe e podemos fazer uso desta para escrever a primeira
lei. Entretanto é mais conveniente, em termodinâmica, trabalhar separadamente com a energia in-
terna, U, a energia cinética, EC, e com a energia potencial EP.
2 - A equação 4.2-3 e 4.2-7 são de fato o enunciado da conservação de energia. A variação
líquida de energia do sistema é sempre igual à transferência líquida de energia através da fronteira
do sistema , na forma de calor e trabalho.
3 - A equação 4.2-3 e 4.2-7 somente podem fornecer as variações de energia interna, ener-
gia cinética e energia potencial. Não conseguimos nos informar sobre os valores absolutos dessas
quantidades através dessas equações. Se quisermos atribuir valores à energia interna, energia ciné-
tica e potencial, precisamos admitir estados de referência e atribuir valores às quantidades nesses
estados.
Exemplo 4.2-1
Solução
Conhecemos: Um sistema de massa conhecida sofre um processo rece-
bendo uma quantidade de trabalho e transferindo uma quantidade de ca-
lor conhecidos. O sistema está inicialmente em repouso e no estado final
tem velocidade de 60 m/s e elevação de 50 m.
A entrada líquida de energia excede a saída líquida de energia em 170 kJ, e portanto, a ener-
gia interna do sistema aumentou.( a energia se conservou ! )
Exemplo 4.2-2
hipótese:
1- o vapor é o sistema termodinâmica
fechado.
2- não há variação de energia cinética
e potencial.
Análise:
O balanço de energia para o
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sistema fechado resulta
1Q 2 U EC EP 1W2 , como dos dados do problema, EC EP 0 , então;
1 Q 2 U 1W2 (1)
onde, 1W2 Whelice Wpistao , substituindo na expressão (1)
u1 2707,6 kJ , e u 2 2656,2 kJ
Wpistao (80 kJ) (18,5 kJ) 5,0 kg (2656,2 2707,6) kJ Wpistao 355,5 kJ
Comentários:
1) O sinal positivo do trabalho indica que o sistema (vapor de água) realizou trabalho
sobre o meio ( pistão) quando o sistema sofreu a expansão
2) Em princípio, o trabalho do pistão poderia ser calculado através da expressão
Pdv , Entretanto, não é possível utilizar tal equação uma vez que não se conhece
a função P= P(volume), mas tão somente, os estados inicial e final.
Entradas Saídas
98,5 kJ 355,5 kJ
A saída total de energia, pelo balanço de energia, excede a energia de entrada, conse-
qüentemente a energia do sistema diminuiu da diferença, U= (98,5 - 355,5) = - 257 kJ
Muitas vezes é vantajoso usar a primeira lei em termos de fluxo, expressando a taxa média
ou instantânea de energia que cruza a fronteira do sistema — como calor e trabalho — e a taxa de
variação de energia do sistema. Procedendo desse modo estamos nos afastando do ponto de vista
estritamente clássico, pois basicamente a termodinâmica clássica cuida de sistemas que estão em
equilíbrio e o tempo não é um parâmetro importante para sistemas que estão em equilíbrio. Entre-
tanto, incluiremos neste texto essas equações, em termos de fluxo, pois são desenvolvidas a partir
dos conceitos da termodinâmica clássica e são usadas em muitas aplicações da termodinâmica. Nes-
ta forma, a equação do primeiro princípio para o volume de controle encontra amplas aplicações na
termodinâmica, mecânica dos fluidos e transferência de calor.
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Consideremos um intervalo de tempo t, durante o qual uma quantidade de calor Q atra-
vessa a fronteira do sistema, um trabalho W é realizado pelo sistema, a variação de energia interna
é U, de energia cinética é (EC) e da energia potencial é (EP). Da primeira lei, podemos escrever
Q = U + EC = EP + W
dividindo por t teremos a taxa média de energia trocada, como calor e trabalho e de aumento de
energia do sistema.
Q U EC EP W
t t t t t
Q
lim Q , fluxo instantâneo de calor
t 0 t
W
lim W , potência
t 0 t
U dU ( EC) d( EC) ( EP ) d( EP )
lim , lim , lim
t 0 t dt t 0 t dt t 0 t dt
dU d( EC) d( EP)
Q W (4.3-1)
dt dt dt
ou
dE
Q W (4.3-2)
dt
Exemplo 4.3-1
Solução
dU
Q W 10W ( 256 W) 246 J / s
dt
dE
1 Q2
dt
1 W2 (4.3-3)
h
CP (4.4-2)
T P
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onde os índices e representam respectivamente ( volume específico e pressão), variáveis fi-
xadas durante a derivação. Valores para Cv e Cp podem ser obtidos por mecanismos estatísticos u-
sando medidas espectroscópicas. Elas podem também ser determinadas macroscopicamente através
de medidas exatas das propriedades termodinâmicas.
As unidades macroscópicas de Cv e Cp, no sistema internacional, SI, são o kJ/kg-k ou kJ/kg -
o
C. Para unidades molares, kJ/ kmol-k.
Observe que na definição de Cv e Cp estão envolvidas somente propriedades termodinâmi-
cas, e portanto Cv e Cp são também propriedades termodinâmicas de uma substância.
Pela definição anterior de entalpia, para qualquer substância, sabemos que ela é função da
energia interna, da pressão e do volume específico em qualquer fase, de acordo com a expressão:
h = u + Pv
Para substâncias modeladas como incompressíveis, o calor específico a pressão constante CP e a vo-
lume constante, Cv são iguais, Pode-se mostrar essa afirmação derivando a equação da entalpia
mantendo-se a pressão constante, resultando:
h du dv
P , sendo a substância incompressível a deri-
T P dT dT
vada dv = 0 , portanto
h du
(incompressível) (4.4-4)
T P dT
o lado esquerdo da igualdade é o calor específico a pressão constante, C P e o lado direito é o calor
específico a volume constante de uma substância incompressível, Cv. Assim;
O calor específico de alguns sólidos e líquidos são dados na tabela 4.4-1 a seguir.
d h CP d T d u C d T
2 2
e
1 1
como Cp = Cv então,
Exemplo 4.4-1
Solução:
Se considerarmos uma mudança de estado à pressão constante sobre um
pequeno intervalo de temperatura, que envolva a temperatura dada, a
Eq. 4.4-2 pode ser escrita como:
h
CP (1)
T P
Obs. Foram usada as temperaturas de 350 OC e 400 OC por incluírem a temperatura de 375
O
C no intervalo, e por serem os valores tabelados mais próximos à temperatura de 375 OC
Exemplo 4.4-2
Uma barra de metal cuja massa é de 0,30 kg é removida de um forno à temperatura inicial
de 927 OC e imersa em um tanque contendo uma massa de 9,0 kg de água
com temperatura de 27 OC. Cada substância pode ser modelada como in-
compressível. Um valor apropriado para o calor específico da água é 4,184
kJ/kg-OC e do metal é 0,42 kJ/kg-K. O calor transferido do tanque para
o meio externo pode ser desprezado. Determinar a temperatura final de
equilíbrio do sistema.
Solução:
das hipóteses 2 e 3 resulta que, 1Q2 = EC = EP = 0. Como a energia interna é uma pro-
priedade extensiva, seu valor para todo o sistema é a soma dos valores da água e do metal. Assim
o balanço de energia fica:
U]agua U]metal 0
m a C a ( Tf Tia ) m m C m ( Tf Tim ) 0
onde Tf é a temperatura final de equilíbrio, Tia e Tim são as temperaturas iniciais da água
e metal respectivamente, resolvendo para Tf e substituindo os valores numéricos, temos:
m a Ca Tia m mCm Tim
Tf
m a Ca m m Cm
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9,0( kg ) 4,184( kJ / kg C) 27( C) 0,3( kg ) 0,42( kJ / kg o C) 927( o C)
o o
Tf
9,0( kg ) 4,184( kJ / kg o C) 0,3( kg ) 0,42( kJ / kg o C)
Tf 30 o C
dE ( 0, 05 t )
Resposta, 0,2 . e
dt
4- 6) - Um coletor solar residencial possui uma área de 5,00 m2. A radiação solar média em
um dia de céu limpo é de 1000 W/m2 no plano do coletor
solar. O coletor solar aquece a água de um tanque termi-
camente isolado, o qual tem capacidade de 400,0 litros
como mostra a Figura. Entre o tanque e o coletor solar e-
xiste uma bomba que faz com que a água circule pelo cole-
tor com uma vazão de 0,020 l/s. Admitindo-se rendi-
mento térmico do coletor solar, = 45% e que o trabalho
da bomba (potência ) é desprezível pede-se: Qual será a
temperatura da água no tanque ás 15 horas se ás 8 horas a temperatura no tanque era de 20C ?
( admita temperatura uniforme da água no tanque).
Para gases que obedecem o modelo de gás ideal, a energia interna específica é função so-
mente da temperatura, como mostrou Joule através de uma experiência clássica da termodinâmica
em 1843. Assim , o calor específico a volume constante, Cv, definido pela Eq. 4.4-1 é função somente
da temperatura, e pode ser escrito como:
du
C ( T) (4.5-1)
dT
ou separando as variáveis, o valor da energia interna específica para o gás ideal fica:
du C ( T) dT (4.5-2)
h = u + Pv
P RT
substituindo o valor do produto Pv na equação de definição da entalpia, temos;
h u RT ( 4.5-4)
A Eq. 4.5-4 mostra que no caso de gás ideal a entalpia específica também é função somente da tem-
peratura. Assim da Eq. 4.4-2 de definição do calor específico a pressão constante, resulta para o gás
ideal:
dh
C P (T ) (4.5-5)
dT
ou
d h C P ( T) d T (4.5-6)
Uma relação importante entre os calores específicos dos gases ideais pode ser obtida, dife-
renciando a Eq. 4.5-4 em relação à temperatura
dh du
R (4.5-8)
dT dT
Assim os calores específicos para um gás ideal diferem apenas do valor da constante particular do
_ _
gás, como R é sempre positivo então, Cp > Cv . e conseqüentemente CP C , Para um gás ideal o
expoente da transformação isoentrópica, k, ( PV k cons tan te ), é função somente da temperatu-
ra, por definição
C P ( T)
k (4.5-11)
C ( T)
Como Cp > Cv segue-se que k >1. Combinando a Eq. 4.5-9 com a Eq. 4.5-11 resulta
kR
C P ( T) (4.5-12)
k 1
R
C ( T) (4.5-13)
k 1
Os calores específicos para gases que tem comportamento de gás ideal, necessitam de equações co-
mo função da temperatura. Uma dessas equações é a seguinte
_
CP
T T2 T3 T4 (4.5-14)
onde a tabela 4.5 -1 fornece valores de , , , e para alguns gases na faixa de temperatura
de 300 a 1000 K. No limite quando a pressão tende para zero todos os gases tendem ao comporta-
mento de gás ideal.
_
Tabela 4.5 -1 variação de C P com a temperatura para alguns gases Ideais
Gás x 103 x 106 x 109 x 1012
Para gases monoatômicos, tais como He, Ne, Ar, C P é constante em uma grande faixa de tempe-
ratura sendo aproximadamente igual a 5 / 2.
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Exemplo 4.5-1
Determine a variação da entalpia específica , em kJ/kg para o vapor de água quando este
sofre um processo desde o estado 1 onde T1 = 400 K e P1 = 0,1 MPa até o estado 2 onde T2 = 900 K
e P2 = 0,5 MPa, por meio de:
a) tabelas de vapor superaquecido da água
b) por integração usando o modelo de gás ideal, com o calor específico dado
pela Eq. 4.5-14.
c) repita o item " a " e " b " para pressão final de 10 MPa.
Resposta:
_
b) Substituindo a expressão de C P , na Eq. 4.5-7 , temos
T2
M T1
h 2 h1 ( T T 2 T3 T 4 )dT
integrando,
h1 h1 ( T2 T1 ) ( T22 T12 ) ( T23 T23 ) ( T24 T24 ) ( T25 T15 )
M 2 3 4 5
8,314 1108
, 4152
,
= {4,070(900 400) 3 [( 900) ( 400) ]
2 2
[(900)3 (400)3 ]
18,02 2(10) 3(10)6
2,964 0,807
9 [(900) ( 400) ]
4 4
[(900)5 ( 400)5 ]}
4(10) 5(10)12
h 2 h1 1025,0 kJ / kg
h3 - h1 = 961,19 kJ/kg
O valor a ser obtido através da integração será o mesmo do item b) pois o calor específico é fun-
ção somente da temperatura. Somente a pressão é diferente do caso anterior.
O valor obtido com o modelo de gás ideal, agora, resulta 7% maior que o valor obtido através da
tabela. Sem dúvida, os resultados do modelo de gás ideal para o item b) onde a pressão era de 0,5
MPa era esperado, pois como sabemos " todo gás tende a gás ideal quando a pressão tende para
zero "
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Para o caso da pressão de 10 MPa , que é 20 vezes maior, que o caso anterior um desvio mai-
or em relação ao valor correto era esperado.
4.6 - Conservação de Massa
E mC2 (4.6-1)
onde C é a velocidade da luz, m a massa e E é a energia. Concluímos a partir dessa equação que a
massa de um sistema varia quando sua energia varia.
Calculemos a grandeza dessa variação de massa para um problema típico e determinemos se
essa variação é ou não significativa.
Consideremos um recipiente rígido que contém 1,0 kg de uma mistura estequiométrica de
um hidrocarboneto combustível ( por exemplo, gasolina, C8H18) e ar, que constitui o nosso sistema.
Do nosso conhecimento do processo de combustão, sabemos que após a realização desse processo,
será necessário transferir cerca de 2900 kJ de calor do sistema para o meio para que seja restabele-
cida a temperatura inicial do sistema. Do primeiro princípio
1 Q 2 U 2 U1 1W2
como, 1W2 = 0, e 1Q2 = - 2 900 kJ , concluímos que a energia interna do sistema decresceu de 2 900 kJ
durante o processo de troca de calor. Calculemos, agora, a diminuição de massa durante o processo,
utilizando a Eq. 4.6-1. A velocidade da luz é 2,9979x108 m/s. Portanto
Portanto, quando a energia do sistema varia de 2 900 kJ a redução de massa do sistema será de
2,23 x 10 -11 kg.
Uma variação de massa dessa ordem de grandeza não pode ser detectada pela balança analí-
tica de maior precisão. Certamente, uma variação relativa de massa dessa ordem de grandeza está
além da precisão requerida essencialmente para todos os cálculos da engenharia. Portanto se usar-
mos as leis de conservação de massa e energia como leis independentes não introduziremos erros
significativos na grande maioria dos problemas termodinâmicos, e nossa definição de sistema, tendo
uma massa fixa, pode ser usado mesmo que haja variação de energia do sistema.
m mVC ( t ) me (4.7-1)
onde mVC(t) é a massa contida dentro do volume de controle e me é a massa dentro da pequena
região denominada " e " adjacente ao volume de controle como mostrado na Fig. 4.7-2a . Analise-
mos, agora, o que ocorre com a quantidade fixa de matéria " m " no decorrer do intervalo de tempo
dt
m mVC ( t dt ) mS (4.7-2)
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Observe que as quantidades de massa nas regiões " e " e " s " não são necessariamente i-
guais e que, a quantidade de matéria dentro do volume de controle pode ter variado. Embora o sis-
tema sob consideração ocupe diferentes regiões no espaço em tempos diferentes, ele contém a
mesma quantidade de massa. Assim,
mVC ( t ) me mVC ( t dt ) ms
ou rearranjando,
A Eq. 4.7-3 é uma " contabilidade " do balanço de massa, a qual afirma que a variação de
massa dentro do volume de controle durante o intervalo de tempo dt é igual à quantidade de massa
que entra menos a quantidade de massa que sai do volume de controle. A Eq. 4.7-3 pode ser expres-
sa na base de taxa. Primeiro dividindo-a por dt para obter:
mVC ( t dt ) mVC ( t ) me m s
(4.7-4)
dt dt dt
O lado esquerdo desta equação é a taxa média no tempo da variação de massa dentro do vo-
lume de controle durante o intervalo de tempo dt. Os termos do lado direito, envolvendo a massa
que cruza a superfície de controle, são as taxas médias no tempo do fluxo mássico durante o mesmo
intervalo de tempo dt. A equação para a taxa instantânea de massa é obtida tomando-se o limite de
dt tendendo para zero na Eq. 4.7-4. No limite o volume de controle e o sistema coincidem. Assim, o
limite do termo do lado esquerdo da Eq. 4.7-4 é:
m ( t dt ) mVC ( t ) dmVC
lim VC
dt 0 dt dt
Onde, dmVC é a taxa de variação de massa dentro do volume de controle no tempo t. No mes-
dt
mo limite, quando dt tende para zero, os termos do lado direito da Eq. 4.7-4 tornam-se respectiva-
mente;
me ms
lim me , lim ms
dt 0 dt dt 0 dt
Nesta expressão m e e m s , são as taxas instantâneas de escoamento de massa na entrada e saí-
da, respectivamente, no volume de controle. Em resumo a Eq. 4.7-4 quando dt 0 é,
dmVC
me m s (4.7-5)
dt
Em geral podem existir várias localizações na superfície de controle através das quais a mas-
sa pode entrar ou sair. Assim, a Eq. 4.7-5 é reescrita introduzindo-se o somatório nos termos do lado
direito da equação, como na Eq. 4.7-6
dmVC
dt
m e
e ms
s
( 4.7-6)
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NOTAS DE AULA
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A Eq. 4.7-6 constitui a expressão geral do balanço de massa para um volume de controle,
admitindo-se a hipótese de escoamento uniforme dos fluxos de massa na entrada e saída do volume
de controle.
Deve-se observar que este resultado, a Eq. 4.7-7, foi desenvolvido para uma superfície de controle
estacionária A, e que, tacitamente admitimos que o escoamento era normal à superfície e uniforme
através da superfície. Deve-se também considerar que a Eq. 4.7-7 se aplica a qualquer uma das vá-
rias correntes de escoamento que entra e sai do volume de controle , sujeito às hipóteses menciona-
das.
Exemplo 4.7-1
Ar está escoando no interior de um tubo de 0,2 m de diâmetro à velocidade
uniforme de 0,1 m/s. A temperatura e a pressão são 25 OC e 150 kPa.
Determinar o fluxo de massa .
Solução,
AV
Da equação m , e usando o modelo de gás ideal para o ar, temos:
T 8314 ( 25 27315
, ) m3
0,5704
M P 28,97 150000 kg
d 2 (0,2) 2
a área da seção transversal do tubo é: A 0,0314 m 2
4 4
portanto,
0,0314 x 0,1
m 0,0055 kg / s
0,5704
Vimos também que, dividindo por dt, ela pode ser escrita em termos de uma equação de fluxo médio
num intervalo de tempo dt, como na Eq. 4.8-1
Q 2 E 2 E1 W
1
dt
dt
1 2
dt
(4.8-1)
A fim de escrever a primeira lei em termos de fluxo para um volume de controle, procede-
mos de modo análogo ao usado para deduzir a equação da conservação da massa em termos de flu-
xo. Na Fig. 4.8-1 vemos um sistema e um volume de controle. O sistema é formado por toda a mas-
sa inicialmente contida no volume de controle mais a massa me.
Consideremos as mudanças que ocorrem no sistema e volume de controle durante o interva-
lo de tempo dt. Durante esse intervalo de tempo, dt a massa me entra no volume de controle atra-
vés da área discreta Ae e a massa ms sai através da área discreta As. Em nossa análise admitiremos
que o incremento de massa me tem propriedades uniformes, o mesmo ocorrendo com ms. O tra-
balho total realizado pelo sistema durante o processo, W, é o associado às massas me e ms cru-
zando a superfície de controle, que é comumente chamado de trabalho de fluxo, e o trabalho Wv.c
que inclui todas as outras formas de trabalho, tais como as-
sociadas com eixo que atravessa a fronteira, forças de cisa-
lhamento, efeitos elétricos, magnéticos, ou superficiais, ex-
pansão ou contração do volume de controle. Uma quanti-
dade de calor, Q, atravessa a fronteira do sistema durante
dt.
Consideremos agora cada termo da primeira lei da
termodinâmica escrita para sistema e transformemo-lo nu-
ma forma equivalente, aplicável ao volume de controle. Con-
sideremos primeiramente o termo E2 - E1.
Então
E1 = Et + eeme = a energia do sistema no instante t
E2 = Et+ dt + esms = a energia do sistema no instante t+dt
Portanto,
E2 - E1 = Et+ t + esms - Et - eeme = ( Et +t - Et) + (esms - eeme) (4-8-2)
O termo (esms - eeme) representa o fluxo de energia que a- Figura 4.8-1 Diagrama esquemático
travessa a superfície de controle durante o intervalo de tem- para a análise de um volume de
po, dt, associado às massas ms e me cruzando a superfície controle segundo a primeira lei mos-
de controle. trando calor, trabalho e massa atra-
Consideremos com maior detalhe o trabalho associa- vessando a superfície d e controle
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do às massas me e ms que cruzam a superfície de controle.
O trabalho é realizado pela força normal (normal à área A) que age sobre a me e ms
quando estas massas atravessam a superfície de controle. Essa força normal é igual ao produto da
tensão normal - n, pela área A. O trabalho realizado é:
-n A dl = - nV = - n m (4.8-3)
Uma análise completa da natureza da tensão normal, n, para fluidos reais, envolve a pressão estáti-
ca, e efeitos viscosos e está fora do objetivo deste texto. Admitiremos, neste texto, que a tensão
normal, n, num ponto é igual à pressão estática, P, e simplesmente notaremos que esta hipótese é
bastante razoável na maioria das aplicações e que conduz a resultados de boa precisão.
Com essa hipótese, o trabalho realizado sobre a massa me para introduzi-la no volume de
controle é Peeme e o trabalho realizado pela massa ms ao sair do volume de controle é Pssms.
Chamaremos a esses termos TRABALHO DE FLUXO. Na literatura encontramos muitos outros ter-
mos, como escoamento de energia, trabalho de introdução e trabalho de expulsão.
Então, o trabalho total realizado pelo sistema durante, dt, será;
W Wv.c ( Ps s m s Pe e m e ) (4.8-4)
dividamos, agora, as Eq. 4.8-2 e 4.8-4 por dt e substituamos na primeira lei Eq. 4.8-1. Combi-
nando os termos e rearranjando,
Q me E E t m s Wv .c
( ee Pe e ) t t ( e s Ps s ) (4.8-5)
dt dt dt dt dt
Cada um dos termos de fluxo dessa expressão pode ser rescrito na forma:
V2 V2
e P u P gZ h gZ (4.8-6)
2 2
Usando a definição de entalpia específica dada pela Eq. 2.2-2. Deve ser ressaltado que o a-
parecimento da combinação (u + P) sempre que há fluxo de massa através de uma superfície de
controle é a principal razão para se definir a propriedade entalpia. A sua introdução antecipada re-
lacionada com o processo a pressão constante, foi feita para facilitar o uso das tabelas de proprieda-
des termodinâmicas naquela altura.
Utilizando-se a Eq. 4.8-6 para as massas entrado e saindo do volume de controle, a Eq. 4.8-5
torna-se
Para reduzir essa expressão a uma equação em termos de fluxo, consideremos o que acontece a ca-
da um dos termos da Eq. 4.8-7 quando dt tende para zero. Os termos de calor trocado e do traba-
lho tornam-se quantidades associadas à taxa de transferência, como no caso visto na seção 4.3. Ana-
logamente as duas quantidades de massa tornam-se fluxos de massa, como na seção 4.7 e o termo
de energia torna-se a taxa de variação de energia com o tempo, no volume de controle, de maneira
análoga ao termo de massa na equação da conservação de massa. Adicionalmente admitimos origi-
nalmente propriedades uniformes de massa me, que entra no volume de controle através da área
Ae e fizemos uma hipótese análoga relativamente a ms, que sai do volume de controle através da
área As. Em conseqüência, ao tomarmos os limites acima mencionados as hipótese se reduzem à
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restrição de propriedades uniformes ao longo das áreas Ae e As num dado instante. Naturalmente as
propriedades podem depender do tempo.
Ao se utilizar os valores limites para exprimir a equação do primeiro princípio para um volu-
me de controle em termos de fluxo, novamente incluímos os sinais de somatório nos termos de es-
coamento para considera a possibilidade de haver correntes de fluxo adicionais entrado ou saindo do
volume de controle e diversos pontos onde calor e trabalho são acrescidos ao volume de controle.
Portanto o resultado é:
dE v.c
Q v.c
me (he Ve2
2 gZ e )
dt
m s ( hs Vs2
2 gZ s ) W v.c (4.8-8)
que é, para nossa finalidade, a expressão geral da primeira lei da termodinâmica. Em outras palavras
essa equação diz que a taxa líquida de transferência de calor para o volume de controle, mais a taxa
de energia que entra no mesmo como resultado da transferência de massa, é igual à taxa de variação
da energia dentro do volume de controle mais a taxa de energia que sai deste como resultado da
transferência de massa, e mais a potência líquida associada a eixo, cisalhamento, efeitos elétricos e
outros fatores que já foram mencionados.
A Eq. 4.8-8 pode ser integrada ao longo do tempo total de um processo para se obter a varia-
ção total de energia que ocorre naquele período. Entretanto para se fazer isto é necessário o conhe-
cimento da dependência com o tempo dos vários fluxos de massa e dos estados das massas que en-
tram e saem do volume de controle.
Um outro ponto que deve ser observado é que se não houver fluxo de massa entrando ou sa-
indo do volume de controle, aqueles termos da Eq, 4.8-8 simplesmente desaparecem da Eq. 4.8-8,
que então se reduz à equação da primeira lei para sistema fechado, em termos de fluxo, já discutida
na seção 4.3, ou seja,
dE
Q dt
W (4.3-3)
Como a abordagem pelo volume de controle é mais geral, e se reduz à expressão usual da primeira
lei para um sistema quando não há fluxo de massa através da superfície de controle, usaremos como
expressão geral da 1a lei, a Eq, 4.8-8.
d m v.c d E v.c
0, e também, 0
dt dt
portanto, concluímos para o processo em regime permanente, que podemos escrever a equação da
continuidade, Eq. 4.7-4 como:
m m s e
(4.9-1)
Q v.c
m e ( he
Ve2
2 gZ e ) m s ( hs
Vs2
2 gZ s ) WV.c (4.9-2)
3 - Quanto à massa que escoa através da superfície de controle, o fluxo de massa e o estado
dessa massa em cada área discreta de escoamento na superfície de controle não varia com o tempo.
As taxas na qual o calor e o trabalho cruzam a superfície de controle permanecem constantes. Isto
requer que cada quantidade nas Eq. 4.9-1 e Eq. 4.9-2 sejam invariáveis com o tempo, isto significa
que a aplicação das Eq. 4.9-1 e 4.9-2 à operação de tais dispositivos é independente do tempo.
Exemplo 4.9-1
Vapor de água a 0,5 MPa e 200 OC entra em um bocal termicamente isolado com uma veloci-
dade de 50 m/s, e sai à pressão de 0,15 MPa e à velocidade de 600 m/s. Determinar a temperatura
final do vapor se ele estiver superaquecido e o título se for saturado.
Solução
Hipóteses:
d E v.c
processo em regime permanente, 0
dt
Ve2 Vs2
he 2 hs 2
Ve2 Vs2
h s he
2
50 2 600 2 2 2 1 kJ
hS 2855,4 (kJ / kg) (m / s ) ( J ) 2855,4 kJ / kg (178,75)kJ / kg
2 1000
h s 2 676,65 kJ / kg
assim,
hs h e ( 2676,65 467,11) 2209,54
X2 0,992 ou X 2 99,2 %
h vs h ls ( 2693,6 467,11) 2226,49
Exemplo 4.9-2
Solução
Ve2 Vs2
Q v.c m( h e 2 gZ e ) m( h s 2 gZ s ) Wv. c (1)
Dos dados do problema, Q v . c 8 ,5 kW
Ve2 50 x 50 1 ( kJ ) 1( kJ )
x 1,25 kJ / kg ; gZ e 9,8066 x 6 x 0,059 kJ / kg
2 2 1000 ( J ) 1000 ( J )
Vs2 200 x 200 1( kJ ) 1( kJ )
x 20,0 kJ / kg ; gZ s 9,8066 x 3 x 0,029 kJ / kg
2 2 1000 ( J ) 1000 ( J )
portanto, W v .c W T 8 ,5 4707 ,5 4043 ,3 655 ,7 kW
Pode-se fazer mais duas observações em relação a esse exemplo. Primeiro, em muitos problemas
de engenharia as variações de energia potencial ( EP), são insignificantes, quando comparadas com
as outras formas de energia. No exemplo acima a variação de energia potencial não afetou o resulta-
do de modo significativo. Na maioria dos problemas onde a variação de altura é pequena, os ter-
mos de energia potencial podem ser desprezados
Segundo, se as velocidades são pequenas, inferiores a cerca de 20m/s, em muitos casos a varia-
ção de energia cinética, (EC), também é insignificante quando comparado com os demais termos de
energia. Como é a variação de energia cinética que é importante na equação da 1 a lei os termos de
energia cinética podem ser comumente desprezados quando não houver grandes diferenças entre
a velocidade de entrada e saída do fluxo mássico no volume de controle. Assim em muitas aplica-
ções da 1a lei deve-se julgar quais valores podem ser desprezados.
Exemplo 4.9-3
Considere uma instalação motora a vapor simples como mostrada na figura abaixo.
Os dados na tabela referem-se a essa instalação.
Temperatura
Localização Pressão ou Título
Saída do gerador de va- 2,0 MPa 300 oC
por
Entrada da turbina 1,9 MPa 290 oC
Saída da turbina, entra-
da do condensador 15 kPa 90 %
Saída do condensador, Figura para o exemplo 5.5-4
entrada da bomba 14 kPa 45 oC
Trabalho da bomba = 4,0 kJ/ kg
Existe evidente vantagem em indicar um número para os diversos pontos do ciclo. Por esse
motivo os índices e e s na equação da energia para um processo em regime permanente, são fre-
qüentemente substituídos por números apropriados, como na figura deste exemplo.
Como existem diversos volumes de controle a serem considerados na resolução deste pro-
blema, consolidemos até um certo grau, o nosso procedimento neste exemplo.
Como nada foi dito sobre as velocidades dos fluxos mássicos e suas posições,
as variações de energia cinética e potencial, são desprezadas, pelos
critérios discutidos no exemplo 5.5-2
As propriedades dos estados 1,2 e 3 podem ser lidos no diagrama de Mollier, assim:
T=250 oC T=300 oC
S P S P
6,6066 1,8 6,8226 1,8
S1,9 1,9 S1,9 1,9
6,5453 2,0 6,7664 2,0
interpolando
, 18
(19 , ) (1,9 18
, )
S1,9 6,6066 ( 6,6066 6,5453) S1,9 6,8226 (6,8226 6,7664)
, 2,0)
(18 (1,8 2,0)
S 290 6,7508 kJ / kg K
2 - Trabalho da turbina
W V .C
2 w3
( h2 h3 ) ( 3002 ,5 2361,8 ) 640 ,7 kJ / kg
m
3 - Calor trocado no condensador
3 q 4 2 173 ,3 kJ / kg
Q V.C
Q V.C m h 5 m h1 5 q1 ( h1 h 5 )
m
Exercícios
4-7) - Um chuveiro elétrico, cuja potência elétrica é de 4400 W , aquece a água da tempera-
tura de 20 OC até 35 OC. Determina o fluxo mássico de água que está sendo aquecido.
4-9) - Na Fig. 4-9 temos um coletor solar no qual está escoando 100
kg/h de água no estado líquido. A temperatura de entrada da água no coletor
é de 30 C. Se o fluxo de radiação solar que incide no coletor for de 500
kcal/h e o rendimento térmico do coletor, = 40 determine a temperatu-
ra da água na saída do coletor. Admita que a pressão é constante e igual a
1,01325 bar.
Fig. 4-9 Coletor solar
plano residencial
4-10) - Na Fig. 4-10 está esquematizado um compressor aspirando
refrigerante, R-12, cujo título, X = 1.0 e a pressão é de 3,817 kgf/cm 2.
Admitindo-se um processo isoentrópico e sendo a pressão de descarga do
compressor de 9,80 kgf/cm2 determine a potência (taxa de trabalho),
que deve ser fornecida ao compressor se ele deslocar uma massa de
500 kg/h de refrigerante -12. Fig. 4-10 - Compressor
Alternativo
4-13) - Um tanque contém 45 kg de água na fase líquida inicialmente a 45 oC com uma entra-
da e uma saída com igual fluxo de massa como mostra a Fig.4-13. O fluxo mássico de água na entra-
da e saída é de 270 kg/h. A temperatura da água entran-
do no tanque é de 45 oC. Uma serpentina imersa dentro
da água no tanque remove da água 7,6 kW de calor. A
água é bem mistura por uma hélice de forma que pode-
mos considerar que a temperatura da água dentro do
tanque é uniforme. A potência introduzida na água pela
hélice é de 0,6 kW. A pressão da água entrando e saindo
pode ser considerada igual e constante. A variação de
energia cinética e potencial pode ser desprezada. Mos-
trar que a temperatura da água no tanque é dada por:
Figura. 4-13 Tanque com água no
estado líquido mostrando os dados
necessários ao exercício 4-13
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DISCIPLINA: 0457 - TERMODINÂMICA APLICADA
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Q W m
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1 e MT
t
m c PH2O
Motor térmico (Máquina térmica) - Consideremos o sistema mostrado na figura 5.1-1. Seja
o sistema constituído pelo gás, e façamos que este sistema percorra um ciclo no qual primeiramente
realiza-se trabalho sobre o mesmo através das pás do agitador, mediante o abaixamento do peso e
completemos o ciclo transferindo calor para o meio ambiente.
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Da experiência sabemos que não podemos inverter o ciclo. Isto é, fornecer calor ao gás e fa-
zer com que ele levante o peso. Isto não contraria o primeiro princípio embora não seja possível.
Essa ilustração nos leva a considerar a máquina térmica. Com uma máquina térmica (ou mo-
tor térmico) é possível operar em um ciclo termodinâmico realizando um trabalho líquido positivo e
recebendo um calor líquido.
O conceito de motor térmico corresponde a um sistema ou instalação que opere segundo
um ciclo termodinâmico trocando calor com dois reservatórios térmicos (recebendo calor líquido) e
realizando trabalho mecânico. A figura 5.1-2 mostra o esquema de uma instalação a vapor, que fun-
ciona segundo o ciclo de Rankine e é uma das máquinas térmicas mais importantes do desenvolvi-
mento industrial.
O trabalho útil de uma máquina térmica como a da
Figura 5.2-1 pode ser obtido aplicando-se a primeira lei da
termodinâmica sobre todo o sistema como indicado na fi-
gura, ou seja
Q H Q L W util (5.1-1)
onde, trabalho útil ( W util
), é a diferença;
W util
WT WB (5.1-2)
Figura 5.1-2 - Esquema de uma máqui-
Rendimento Térmico - Para uma máquina térmica na
define-se um parâmetro chamado rendimento térmico, re- térmica operando em um ci-
presentado pelo símbolo, T , como: clo
Energia util W
T util (5.1-3)
Energia Gasta Q H
Refrigerador ou Bomba de Calor - Consideremos um outro ciclo como mostra a Fig. 5.1-5, o
qual sabemos experimentalmente ser impossível na prática, embora
a 1a lei da termodinâmica não imponha qualquer restrição. Para es-
tes dois sistemas o calor pode ser transferido do sistema de alta
temperatura para o de baixa temperatura de forma espontânea, mas
o inverso não é possível de ocorrer.
Esse sistema nos leva a considerar uma outra máquina tér-
mica, também de grande importância industrial, — O refrigerador
ou a bomba de calor. O refrigerador ou a bomba de calor é um sis-
tema (ou instalação ) que opera segundo um ciclo termodinâmico Figura - 5.1-5 Esquema
recebendo trabalho ( potência) e transferindo calor da fonte fria (do da
reservatório de baixa temperatura) para a fonte quente ( troca espontânea de ca-
reservatório de alta temperatura). A Fig. 5.1-6 mostra o lor
esquema de um sistema de refrigeração ou bomba de calor
que opera por compressão de vapor (o mesmo sistema se-
rá um refrigerador se estivermos interessados no calor reti-
rado da fonte fria e será uma bomba de calor se nosso in-
teresse for o calor transferido à fonte quente).
Existem refrigeradores e bombas de calor operan-
do segundo outro princípio, entretanto nosso interesse a- Fig. 5.1-6 - Esquema de um refrigerador
qui é mostrar o refrigerador que recebe potência e transfe- ou
re calor da fonte fria para a fonte quente como mostrados bomba de calor por compressão de va-
no esquema da figura 5.1-6. por
Aplicando-se a primeira lei da termodinâmica
para o sistema demarcado na Fig. 5.1-6, temos;
Q L ( Q H ) WC ou WC Q H Q L (5.1-4)
Para um refrigerador ou bomba de calor não se define o parâmetro rendimento mas um ou-
tro equivalente chamado de Coeficiente de eficácia, , Coeficiente de desempenho, ou Coeficiente
de Performance, COP, como segue
Energia util
COP (5.1-5)
Energia gasta
QH QH
( COP )Bomba de Calor (5.1-7)
WC Q H Q L
Enunciado de Kelvin e Planck ( refere-se ao motor térmico) " É impossível a um motor térmi-
co operar trocando calor com uma única fonte de calor "
Este enunciado referente à máquina térmica nos diz que é impossível uma máquina térmica
com rendimento de 100 %, pois pela definição de rendimento térmico
QL
T 1
QH
o rendimento seria 100% se QL = 0, ( apenas uma fonte de calor ) ou se QH fosse infinito ( o que não
é possível ! ). Assim, uma máquina térmica tem que operar entre dois reservatórios térmicos — re-
cebendo calor, rejeitando uma parte do calor e realizando trabalho.
a) Os dois enunciados são negativos - Assim não é possível uma demostração. Estes enunci-
ados são baseados na observação experimental e no fato de não terem sido refutados até os dias de
hoje.
c) A terceira observação é que a segunda lei da termodinâmica tem sido enunciada como a
impossibilidade de construção de um " Moto-Perpétuo de Segunda Espécie "
Moto perpétuo de 1a espécie - Produziria trabalho do nada ou criaria massa e energia - vio-
a
laria a 1 lei da termodinâmica.
Definição - "Processo reversível para um sistema é aquele que tendo ocorrido pode ser inver-
tido sem deixar vestígios no sistema e no meio".
O ciclo de Carnot ( ou motor de Carnot) é um ciclo ideal reversível ( Motor Térmico Ideal ),
composto de dois processos adiabáticos reversíveis e de dois processos isotérmicos reversíveis. O ci-
clo de Carnot independe da substância de trabalho, e qualquer que seja ela, tem sempre os mesmos
quatro processos reversíveis. O ciclo de Carnot está mostrado na Fig. 5.3-1, no plano T x S.
1o Teorema - " É impossível construir um motor que opere entre dois reservatórios térmicos
e tenha rendimento térmico maior que um motor reversível (motor de Carnot) operando entre os
mesmos reservatórios "
2o Teorema - " Todos os motores que operam segundo um ciclo de Carnot, entre dois reser-
vatórios à mesma temperatura, têm o mesmo rendimento"
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NOTAS DE AULA
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Escala Termodinâmica de Temperatura - A lei zero da termodinâmica fornece a base para a
medida de temperatura, mas também que a escala termométrica deve ser definida em função da
substância e do dispositivo usado na medida. O mais conveniente seria uma escala de temperatura
independente de qualquer substância particular, a qual possa ser chamada de " Escala Absoluta de
Temperatura ".
Da segunda lei da termodinâmica vimos a definição do ciclo de Carnot, que só depende da
temperatura dos reservatórios térmicos, sendo independente da substância de trabalho. Assim, o
ciclo de Carnot fornece a base para a escala de temperatura que Chamaremos de " Escala Termodi-
nâmica de Temperatura".
Pode-se mostrar que o rendimento térmico do ciclo de Carnot é função somente da Tempe-
ratura, isto é;
WC Q H Q L Q
T CARNOT 1 L ( TL , TH ) (5.3-1)
QH QH QH
Existem inúmeras relações funcionais, (TL, TH), (TH é a temperatura da fonte quente e TL da
fonte fria), que satisfazem essa equação. A função escolhida originalmente, proposta por Lord Kel-
vin, para a escala termodinâmica de temperatura, é a relação
QL T
L ( 5.3-2)
QH reversivel TH
QL TL
T CARNOT 1 T CARNOT 1 (5.3-3)
QH TH
A medida do rendimento térmico do ciclo de Carnot, todavia, não é uma maneira prática pa-
ra se abordar o problema de medida da temperatura termodinâmica. A abordagem real usada é
baseada no termômetro de gás ideal e num valor atribuído para o ponto triplo da água. Na Décima
conferência de Pesos e Medidas que foi realizada em 1954, atribui-se o valor de 273,16 K para a
temperatura do ponto triplo da água ( o ponto triplo da água é aproximadamente 0,01 OC acima do
ponto de fusão do gelo. O ponto de fusão do gelo é definido como sendo a temperatura de uma
mistura de gelo e água líquida à pressão de 1(uma) atmosfera, (101,325 kPa) de ar que está saturado
com vapor de água. [1]
Exemplo 5.3-1
Solução:
31315
,
T CARNOT 1 0,595 ou 59,5 %
77315
,
Exemplo 5.3-2
Solução:
QH QH 1
BOMBA de CALOR (1)
WC QH QL Q
1 L
QH
como se trata de uma máquina de Carnot, sabemos que
Q L TL
Q H TH
substituindo na equação (1) temos
1 TH
BOMBA de CALOR
T TH TL
1 L
TH
substituindo os valores numéricos obtemos
(45 27315
, ) 318,15 318,15
BOMBA de CALOR 7,07
[(45 27315
, ) (0 27315
, )] (318,15 27315
, ) 45
Exercícios
5.1)- Propõem-se aquecer uma residência durante o inverno usando uma bomba de calor. A
residência deve ser mantida a 20 OC. Estima-se que quando a temperatura do meio externo cai a -10
O
C a taxa de perda de calor da residência seja de 25 kW. Qual é a mínima potência necessária para
acionar essa unidade de bomba de calor ?
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5.2)- Um ciclo de refrigeração de Carnot opera em uma sala onde a temperatura é 20 OC. Ne-
cessita-se de uma taxa de transferência de calor do espaço refrigerado de 5 kW para manter a sua
temperatura a -30 OC Qual a potência do motor necessária para operar esse refrigerador
5.3)- Propõe-se construir um motor térmico para operar no oceano, num local onde a tem-
peratura na superfície é de 20 OC e a grande profundidade é de 5 OC. Qual é o rendimento térmico
máximo possível de tal motor .
5.4)- Um inventor alega ter desenvolvido uma unidade de refrigeração que mantém o espaço
refrigerado a -10 OC, operando numa sala onde a temperatura é de 35 OC. e que tem um COP de 8,5.
Como você avalia a alegação de um COP de 8,5 ?
5.5)- Um determinado coletor solar produz uma temperatura máxima de 100 OC, a energia
coletada deve ser usada como fonte térmica num motor térmico. Qual é o máximo rendimento do
motor se ele opera num meio à temperatura de 10 OC ? O que aconteceria se o coletor fosse proje-
tado para focalizar e concentrar a energia solar de modo a produzir uma temperatura máxima de
300OC.
5.7)- Uma bomba de calor deve ser usada para aquecer uma re-
sidência no inverno, e depois é colocada em operação reversa para res-
friar a residência no verão. A temperatura interna deve ser mantida a 20 OC no inverno e 25 OC no ve-
rão. A troca de calor, através das paredes e do teto é estimada em 2 400 kJ por hora e por grau de di-
ferença de temperatura entre o meio interno e externo da residência.
a) Se a temperatura externa no inverno é 0 OC qual é a mínima potência necessária para a-
cionar a bomba de calor ?
b) Se a potência fornecida é a mesma da parte a), qual é a máxima temperatura externa no
verão para a qual o interior da residência possa ser mantido a 25 OC ?
6- ENTROPIA
A desigualdade de Clausius nada mais é que uma conseqüência (corolário) da segunda lei da
termodinâmica.
Q
T 0 (6.1-1)
Esta desigualdade vale para qualquer ciclo termodinâmico e pode ser facilmente mostrado
utilizando-se do ciclo reversível de Carnot.
Q
T FRONTEIRA
ciclo (6.1-2)
onde ciclo , a entropia produzida, é a medida do " tamanho " do efeito da irreversibilidade pre-
sente dentro do sistema operando sob um ciclo termodinâmico.
Exemplo 6.1-1
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Considere o ciclo simples de potência a va-
por, como mostrado na figura ao lado. Esse ciclo é
ligeiramente diferente do ciclo normal das instala-
ções a vapor, porque a bomba opera com uma mis-
tura de líquido e vapor em tal proporção que líquido
saturado (X=0) sai da bomba e entra na caldeira.
Admitamos que a pressão e o título nos vários pon-
tos do ciclo sejam os valores dados na figura. Per-
gunta-se: Essa máquina operando nesse ciclo satis-
faz a desigualdade de Clausius ?
Solução
Q Q Q
T
T cald.
T cond.
Q 1 1 Q Q
T
Tcald Q cald
Tcond Q cond cald cond
Tcald Tcond
portanto;
Como já vimos anteriormente, uma dada quantidade é uma propriedade se, e somente se,
sua variação entre dois estados for independente do processo para ir de um para o outro estado.
Nas Eqs. 6.2-1 e 6.2-2 o índice INT. REV significa que a definição de variação de entropia é para
um processo internamente reversível.
O ponto a ser observado aqui é que, como a entropia é uma propriedade, a variação de en-
tropia de uma substância, ao ir de um estado a outro, é a mesma para todos os processos tanto re-
versíveis como irreversíveis, entre estes dois estados. A Eq. 6.2-2 permite obter a variação de en-
tropia somente através de um caminho reversíveis. Entretanto, uma vez determinada, essa variação
será a mesma para qualquer processo entre esses estados.
Embora a Eq. 6.2-2 nos permita determinar a variação de entropia, ela não nos informa nada
a respeito dos valores absolutos de entropia. Entretanto, pela terceira lei da termodinâmica, que se-
rá discutida no curso de termodinâmica 2, conclui-se que pode ser atribuído o valor zero para a en-
tropia de um cristal perfeito à temperatura de zero absoluto. Disto resulta valores absolutos de en-
tropia importante quando estão envolvidas reações químicas. Quando não está envolvida nenhuma
mudança de composição, é bastante adequado atribuir valores de entropia em relação a uma refe-
rência arbitrariamente escolhida como foi feito para a energia interna e para a entalpia.
Tendo definido a propriedade entropia, S, vamos analisar agora o seu significado em alguns
processos reversíveis, principalmente aqueles do ciclo de Carnot. Posteriormente será verificado a
variação de entropia para um processo irreversível.
Considere como sistema o fluido de trabalho de um motor térmico que opera segundo o ci-
clo de Carnot. O primeiro processo é o de transferência isotérmica de calor do reservatório de alta
temperatura para o fluido de trabalho. Para esse processo podemos escrever:
2 Q
S2 S1
1 T
REV.
como este é um processo no qual a temperatura do fluido de trabalho permanece constante, resulta
da integração:
1 2 Q
S2 S1
TH 1
Q 1 2
TH
Esse processo é mostrado na figura 6.3-1a e a área abaixo da linha 1-2-b-a-1 representa o calor trans-
ferido ao fluido de trabalho durante o processo .
O segundo processo do ciclo de Carnot é adiabático reversível. Da definição de entropia, te-
mos;
Q
dS 0
T REV
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é evidente que a entropia permanece constante em um processo adiabático (Q = 0) reversível (sem
atrito). O processo a entropia constante é chamado de processo isentrópico. A linha 2-3 representa
esse processo, que termina no estado 3 onde a temperatura do fluido de trabalho atinge o valor T L.
O terceiro processo é isotérmico reversível, no qual o calor é transferido do fluido de traba-
lho ao reservatório térmico de baixa temperatura. Para este processo podemos escrever:
2 Q Q
S4 S3 3 4
1 T TL
REV
Como durante esse processo o calor trocado é negativo (sai do sistema) a entropia do fluido decres-
ce. Também como o processo final 4-1, que completa o ciclo é um processo adiabático reversível (i-
sentrópico) é evidente que a diminuição de entropia no processo 3-4 deve ser exatamente igual ao
aumento de entropia no processo 1-2. A área abaixo da linha 3-4, área 3-4-a-b-3, representa o calor
transferido do fluido de trabalho ao reservatório de baixa temperatura.
1 2 3 41
area
Fig. 6.3-1a - O ciclo Motor de Fig. 6.3-1b - O ciclo do T (6.3-1)
refri-
area 1 2 b a 1
Carnot no diagrama T x S gerador de Carnot no di-
agra- algumas afirmações efetuadas anterior-
ma T x S mente sobre rendimento térmico podem
ser agora compreendidas . Por exemplo,
com o aumento de TH, permanecendo TL constante, há aumento do rendimento térmico. Diminuindo
TL e ficando TH constante o rendimento térmico também aumenta. É também evidente que o rendi-
mento térmico se aproxima de 100 % quando a temperatura absoluta na qual o calor é rejeitado
tende para zero.
Se o ciclo for invertido, temos um refrigerador ou uma bomba de calor ; o ciclo de Carnot pa-
ra um refrigerador está mostrado na Fig. 6.3-1b. Observe que neste caso a entropia do fluido de tra-
balho aumenta à temperatura TL pois o calor é transferido ao fluido de trabalho e a entropia diminui
à temperatura TH devido a transferência de calor do fluido de trabalho.
Consideremos em seguida os processos reversíveis de troca de calor. Na realidade, estamos
interessados aqui, nos processos que são internamente reversíveis, isto é, processos que não envol-
vem irreversibilidades dentro da fronteira do sistema. Para tais processos, o calor transferido para o
sistema pode ser indicado como a área no diagrama temperatura-entropia. Por exemplo, conside-
remos a mudança de estado de liquido saturado para vapor saturado à pressão constante. Isto cor-
responde ao processo 1-2 no diagrama T x S da Fig. 6.3-2. ( observe que a temperatura aqui é a tem-
peratura absoluta), e a área 1-2-b-a-1 representa o calor trocado. Como este é um processo à pres-
são constante, o calor trocado por unidade de massa, é igual a h lv = (hvs - hls). Assim,
1 2 Q 1 2 q h
S 2 S1 S lv 1
m T REV m T 1
Q 1 2 lv
T T
(6.3-2)
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Essa relação fornece uma indicação para o cálculo de Slv apresentado nas tabelas de propriedades sa-
turadas. Por exemplo, considere o vapor d'água saturado a 10 MPa. Das tabelas de vapor temos h lv
= 1317,1 kJ/kg e temperatura de 311,96 oC. Portando o valor de Slv será
1317 ,1
Slv 2 ,2510 kJ / kg. K
( 311,96 273 ,15 )
1 3
Q Tds
3
2 q3 (6.3-3)
m 2 2
Exemplo 6.3-1
1w 2 = u1 - u2
portanto conhecemos a entropia e a pressão no estado final o que é suficiente para determinar o
estado 2.
Considere uma substância pura simples compressível, como sistema, sofrendo um processo
internamente reversível. Na ausência de outros efeitos de movimento e gravidade o balanço da 1 a
lei da termodinâmica na forma diferencial resulta:
Q INT. REV
dU W INT. REV ( 6.4-1 )
Q
dS Q TdS
T INT. REV
INT. REV
W INT. REV
PdV
substituindo estes dois valores na equação 6.4-1 obtemos a 1a relação procurada, chamada de equa-
ção " TdS "
H U PV
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e diferenciando, obtemos:
dH dU PdV VdP
Que é a segunda relação procura. As equações TdS, embora, obtidas a partir do processo
reversível são válidas para qualquer processo, uma vez que todos os termos da equação são com-
postos de propriedades termodinâmicas e portanto, não depende do caminho, e sim, somente dos
estados inicial e final.
Exemplo 6.4-1
Um exercício ilustrativo do uso das equações TdS, pode ser mostrado considerando a mu-
dança de estado de liquido saturado para vapor saturado a pressão constante
Solução:
dh
ds ou integrando,
T
h 2 h1
(s 2 s1 )
T
Considere um sistema que percorra os ciclos mostrados na Fig. 6.5-1. O ciclo constituído pe-
los processos A e B é reversível. Portanto, para um ciclo reversível podemos escrever:
Q 2 Q 1 Q
T
1 T
A
2 T
0
B
(6.5-1)
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Q 2 Q 1 Q
Figura 6.5-1 Variação de en-
tropia
T
1 2
T A
0
T C
(6.5-2)
Q 1 Q
2 T B 2 T C
1
(6.5-3)
portanto,
1 Q
dS
1
2 C 2 T
(6.5-5)
C
Q
dS (6.5-6)
T
ou
Q
S 2 S1
2
(6.5-7)
1 T
Nessas equações a igualdade vale para processo reversível e a desigualdade para processo irreversí-
vel.
Essa é uma das mais importantes equações da termodinâmica e é usada para desenvolver
vários conceitos e definições. Essencialmente, essa equação estabelece a influência da irreversibili-
dade sobre a entropia de um sistema. Assim se uma quantidade de calor Q é transferida para o sis-
tema à temperatura T segundo um processo reversível a variação de entropia será menor que se a
mesma quantidade de calor, Q, for transferido através de um processo irreversível.
du C
ds dT (6.6-1)
T T
Ainda, como foi dito anteriormente, para muitos processos que envolvem um sólido ou líquido po-
demos admitir que o calor específico se mantém constante, e neste caso, a Eq. 6.6-1, pode ser inte-
grada, obtendo-se:
T2
S 2 S1 C ln (6.6-2)
T1
Se o calor específico não for constante, mas função da temperatura, T, a equação 6.6-1 pode
ser integrada para determinar o valor da variação de entropia.
Exemplo 6.6-1
Solução:
Da tabela 4.3-3 seção 4.3 o calor específico para a água a 25 oC é 4,184 kJ/kg K
(90 27315
, )
S 2 S1 4,184 ln 0,8959 kJ / kg.K
(20 27315
, )
essencialmente o mesmo.
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Exercícios
6 -1)- Considere um motor térmico de Carnot que opera entre os reservatórios térmicos a
1000 oC e a 0 oC e recebe 1 000 KJ de calor do reservatório térmico de alta temperatura.
a) Considerando o fluido de trabalho como sistema, mostrar o ciclo no diagrama T x S
b) Calcular o trabalho líquido e o rendimento térmico do ciclo
c) Calcular a variação de entropia do reservatório de alta e baixa temperatura.
6 -2)- Uma bomba de calor de Carnot utiliza freon -12 como fluido de trabalho. Calor é trans-
ferido do fluido de trabalho a 40 oC e durante este processo o freon -12 muda de vapor saturado
para líquido saturado. A transferência de calor para o freon -12 ocorre a 0 oC .
a) Mostrar este ciclo no diagrama T x S e P x h
b) Calcular o título no começo e fim dos processos isotérmicos
c) Determine o coeficiente de desempenho, COP, do ciclo
6 -3)- Um cilindro provido de um pistão sem atrito contém vapor de água a 300 oC e 2 MPa.
Nesse estado o volume do cilindro é de 100 litros. O vapor se expande realizando trabalho contra o
pistão até que a pressão final seja de 300 kPa. Qual é o trabalho realizado pelo vapor durante o pro-
cesso, admitindo-se que seja adiabático ?.
6 -4)- Água inicialmente como líquido saturado a 100 oC está contido dentro de um conjunto
cilindro pistão. A água sofre um processo isobárico passando a vapor saturado, durante o qual o pis-
tão se move livremente sem atrito dentro do cilindro. Se a mudança de estado causada pelo forne-
cimento de calor à água for internamente reversível, determine o trabalho e o calor transferido por
unidade de massa, em kJ / kg.