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INTRODUÇÃO À

TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Eduardo Emery Cunha Quites


Luis Renato Bastos Lia

segunda edição
Santos, Julho de 2016

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APRESENTAÇÃO

Esta apostila é uma coletânea de notas de aula e a tem a finalidade exclusiva de servir de material de apoio da disciplina Transferência
de Calor nos Cursos de Engenharia da Universidade Santa Cecília de Santos, não tendo valor comercial e não sendo autorizado seu uso
com outras finalidades.
Esta apostila não se destina a substituir a bibliografia básica e complementar da disciplina, servindo unicamente como roteiro de estudos,
fornecendo aos alunos os conceitos fundamentais básicos da mesma forma que são ministrados em sala de aula. Esta abordagem tem
por objetivo permitir que os alunos se concentrem nas explanações dadas em aula, livrando-os da tarefa de reproduzir o que for
apresentado no quadro negro.
Também estão incluídos diversos exercícios resolvidos e exercícios propostos com as respectivas respostas. Os exercícios aqui
apresentados, em sua grande maioria, fizeram partes das provas ministradas durante os últimos anos.
Nesta segunda edição desta apostila, devido ao grande número de modificações, certamente ainda estarão presentes erros e
imperfeições. Entretanto, estamos certos de que os alunos nos auxiliarão apontado os erros, comentado e sugerindo, de forma que nas
próximas edições este trabalho possa ser ainda mais aperfeiçoado.

Eduardo Emery Cunha Quites


Engenheiro Metalúrgico, MSc.

Luis Renato Bastos Lia


Engenheiro Químico, PhD.

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................... 5

1.1 CONCEITO E MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR .............................................................................................................. 5


1.2 MECANISMOS COMBINADOS .......................................................................................................................................................... 6
1.3 RELAÇÃO ENTRE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR E A TERMODINÂMICA .............................................................................................. 7
1.4 REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ......................................................................................................................................... 8
1.5 RELEVÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR .................................................................................................................................... 9
1.5 SISTEMAS DE UNIDADES.................................................................................................................................................................. 9

2. CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE .......................................................................................... 13

2.1. MECANISMO DA CONDUÇÃO ....................................................................................................................................................... 13


2.2. LEI DE FOURIER ............................................................................................................................................................................ 14
2.3. CONDUÇÃO ATRAVÉS DE PAREDES PLANAS .................................................................................................................................. 16
2.4. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA............................................................................................... 19
2.5. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE ................................................................................................................................ 20
2.6. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO ........................................................................................................................ 20
2.7. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES CILÍNDRICAS ............................................................................................. 24
2.8. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES ESFÉRICAS................................................................................................. 26

3. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO ........................................................................................................................................ 34

3.1. MECANISMO DA CONVECÇÃO ...................................................................................................................................................... 34


3.2. LEI BÁSICA DA CONVECÇÃO .......................................................................................................................................................... 35
3.3. CAMADA LIMITE........................................................................................................................................................................... 36
3.4. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA ........................................................................................................................... 37
3.5. RESISTÊNCIA TÉRMICA NA CONVECÇÃO ....................................................................................................................................... 39
3.6. MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR (CONDUÇÃO E CONVECÇÃO) .......................................................... 40

4. RADIAÇÃO TÉRMICA ................................................................................................................................................................ 57

4.1. MECANISMO DA RADIAÇÃO TÉRMICA .......................................................................................................................................... 57


4.2. CORPO NEGRO E CORPO CINZENTO .............................................................................................................................................. 58
4.3. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN ......................................................................................................................................................... 60
4.4. FATOR FORMA ............................................................................................................................................................................. 60
4.5. CÁLCULO DA TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO ............................................................................................... 60
4.6. EFEITO COMBINADO CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO ....................................................................................................... 62

5. ALETAS........................................................................................................................................................................................ 68

5.1. CONCEITO .................................................................................................................................................................................... 68


5.2. FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE COM ALETAS ...................................................................................................... 68
5.3. EFICIÊNCIA DE UMA ALETA ........................................................................................................................................................... 69
5.4. TIPOS DE ALETAS .......................................................................................................................................................................... 70
5.5. EFICÁCIA DE UMA ALETA .............................................................................................................................................................. 72

6. TROCADORES DE CALOR ...................................................................................................................................................... 84

6.1 TIPOS DE TROCADORES ................................................................................................................................................................. 84


6.2. MÉDIA LOGARÍTMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS ........................................................................................................ 86
6.3. BALANÇO TÉRMICO EM TROCADORES DE CALOR.......................................................................................................................... 89
6.4. COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ................................................................................................................... 90
6.5. FATOR DE FULIGEM (INCRUSTAÇÃO) ............................................................................................................................................ 91
6.6. FLUXO DE CALOR PARA TROCADORES COM MAIS DE UM PASSE ................................................................................................... 94

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6.7. SELEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR ........................................................................................................................................... 95

7. ISOLAMENTO TÉRMICO..........................................................................................................................................................106

7.1. DEFINIÇÃO ..................................................................................................................................................................................106


7.2. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM ISOLANTE ...................................................................................................................................106
7.3. MATERIAIS ISOLANTES BÁSICOS ..................................................................................................................................................107
7.4. FORMAS DOS ISOLANTES ............................................................................................................................................................108
7.5. APLICAÇÃO DE ISOLANTES ...........................................................................................................................................................109
7.6. CÁLCULO DE ESPESSURAS DE ISOLANTES .....................................................................................................................................109
7.7. ISOLAMENTO DE TUBOS - CONCEITO DE RAIO CRÍTICO ................................................................................................................111

8. APÊNDICES ....................................................................................................................................................................................116

APÊNDICE A: CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA ALETA ..................................................................................................................................116


APÊNDICE B: CÁLCULO DA MÉDIA LOGARITMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURA .........................................................................119
APÊNDICE C: MÉTODO DA EFETIVIDADE - NTU ......................................................................................................................................120

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONCEITO E MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Transferência de Calor é energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que existir uma diferença de temperatura
em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor.
Por exemplo, se em um sistema composto por dois corpos, em diferentes temperaturas, os corpos são colocados em contato direto,
como mostra a Figura 1-1, ocorrera transferência de calor do corpo de temperatura mais elevada para o corpo de menor temperatura
até que haja equivalência de temperatura entre eles. Dizemos que o sistema tende a atingir o equilíbrio térmico.
𝑆𝑒 𝑇1 > 𝑇2 ⟹ 𝑇1 > 𝑇 > 𝑇2

Figura 1-1

Está implícito na definição acima que um corpo nunca contém calor. Um corpo contém energia interna e isto é representado pela
temperatura. O calor é identificado com tal quando a energia cruza a fronteira de um sistema. O calor é, portanto, um fenômeno
transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura.
Os diferentes processos de transferência de calor são referidos como mecanismos de transferência de calor. Existem três mecanismos:
Condução, Convecção e Radiação.

Condução
É condução quando a transferência de energia ocorrer em um meio estacionário (onde as partículas têm apenas movimento
microscópico) e em virtude de uma diferença de temperatura no meio. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pelo choque
de partículas com mais energia com partículas com menor energia.
A Figura 1-2 ilustra a transferência de calor por condução através de uma barra de metal quando existe uma diferença de temperatura
entre as extremidades da barra.

Figura 1-2

Convecção
É convecção quando a transferência de energia ocorrer entre uma superfície e um fluido em movimento em virtude da diferença de
temperatura entre eles. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pelo transporte de massa em conjunto com a transferência
de calor por condução junto à superfície.

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A Figura 1-3 ilustra uma transferência de calor de calor por convecção quando ar quente de um secador de cabelo escoa sobre a superfície
da cabeça de uma pessoa, transferindo calor, pelo contato com a superfície. Neste caso, o calor é transferindo pelo movimento das
moléculas de ar e condução na superfície. A convecção pode ser natural (o movimento do fluido é causado por forças de flutuação) ou
forçada (o movimento de fluido é causado por agente externo), como na Figura 1-3.

Figura 1-3

Radiação
É radiação quando, na ausência de um meio interveniente, ocorre uma troca líquida de energia entre duas superfícies em diferentes
temperaturas. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pela propagação de ondas eletromagnéticas que são geradas
proporcionalmente às temperaturas de cada corpo.
A Figura 1-4 ilustra a transferência de calor por radiação entre as superfícies quentes de uma lareira para as superfícies mais frias do
ambiente e das pessoas no ambiente.

Figura 1-4

A Tabela 1.1 resume as principais características dos três mecanismos descritos, em termos de força motriz, meio onde ocorre e
fenômeno físico preponderante.

Tabela 1.1
Condução Convecção Radiação
A Força Motriz A diferença de temperatura A diferença de temperatura A diferença de temperatura
O Meio Meio estacionário Fluido em movimento Não precisa de meio
O Fenômeno Choque entre partículas Condução + transporte de massa Ondas Eletromagnéticas

1.2 MECANISMOS COMBINADOS

Na maioria das situações práticas ocorrem ao mesmo tempo dois ou três mecanismos de transferência de calor atuando em conjunto.
Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos domina quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas
desprezando-se todos, exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que variações nas condições do problema
podem fazer com que um mecanismo desprezado se torne importante.

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Como exemplo de um sistema onde ocorrem, ao mesmo tempo, vários mecanismos de transferência de calor, consideremos uma garrafa
térmica. Neste caso, podemos ter a atuação conjunta dos seguintes mecanismos esquematizados na Figura 1-5.

Figura 1-5
q1 : convecção natural entre o café e a parede do frasco de vidro
q2 : condução através da parede do frasco de vidro
q3 : convecção natural do frasco de vidro para o ar
q4 : radiação entre as superfícies externa do frasco de vidro e interna da capa plástica
q5 : convecção natural do ar para a capa plástica
q6 : condução através da capa plástica
q7 : convecção natural da capa plástica para o ar ambiente
q8 : radiação entre a superfície externa da capa e as vizinhanças

Melhorias, não representada na Figura 1-5, no projeto de uma garrafa térmica estão associadas com uso de superfícies aluminizadas
(bloqueio de radiação) para a parede interna do vidro e utilização de vidro de parede dupla, com o ar evacuado do espaço entre as
paredes de vidro (bloqueio de condução e convecção).

1.3 RELAÇÃO ENTRE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR E A TERMODINÂMICA

Iremos nos referir as energias cinética e de rotação, entre outras, dos átomos ou moléculas de um sistema como energia interna e a
transferência desta energia como transferência de calor ou simplesmente calor. A energia pode ser transportada de ou para um dado
sistema por dois mecanismos: calor (Q) e trabalho (W). Um transporte de energia é transferência de calor se sua força motriz é uma
diferença de temperatura. Caso contrário, é trabalho. O movimento de um pistão, um eixo em rotação e energia elétrica fluindo em um
cabo são todos associados com realização de trabalho.
A relação entre calor e trabalho é regida pela primeira lei da termodinâmica: "A variação líquida de energia de um sistema é sempre igual
à transferência líquida de energia na forma de calor e trabalho". A Figura 1-6 ilustra quantitativamente a relação: ao transferir calor para
um gás em um recipiente com êmbolo, o mesmo tem aumento de energia interna e realiza trabalho.

Figura 1-6

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Se um sistema não realiza trabalho, como no caso de um fluido aquecendo ou resfriando em trocador de calor ou uma peça de metal
sendo aquecida em uma estufa, a quantidade de calor transferido é igual à variação da energia interna, conforme Equação 1-1.
=0
Equação 1-1 ⏞
∆𝐸 = 𝑄 − 𝑊 ⟹ 𝑄 = ∆𝐸

A partir da definição de calor especifico (cp) de uma substância, que é a energia requerida para elevar a temperatura de uma unidade de
massa da substância em um grau, pode ser derivada uma expressão da termodinâmica para o cálculo da variação de energia interna ou
a quantidade de calor transferido em processos que não realizam trabalho, conforme Equação 1-2.

Equação 1-2 𝑸 = ∆𝑬 = 𝒎 . 𝒄𝒑 . ∆𝑻 (𝑱)


𝑚: 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 (𝑘𝑔)
𝑐𝑝 : 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 (𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾)
∆𝑇: 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝐾)

A quantidade de calor transferida durante um processo é simbolizada por “Q” e pode ser obtida pelas relações Termodinâmicas.
Entretanto, somente na Transferência de Calor pode obter a quantidade de calor transferido por unidade de tempo, também denominada
de taxa de transferência de calor ou fluxo de calor (simbolizado por “𝑞̇”, onde o ponto acima significa “por unidade de tempo”).
Existe então uma diferença fundamental entre a transferência de calor e a termodinâmica. Embora a termodinâmica trate das interações
do calor e o papel que ele desempenha na primeira lei, ela não leva em conta nem o mecanismo de transferência nem os métodos de
cálculo da taxa de transferência de calor.
A termodinâmica trata com estados de equilíbrio da matéria onde inexistem gradientes de temperatura. A termodinâmica pode ser
usada para determinar a quantidade de energia requerida na forma de calor para um sistema passar de um estado de equilíbrio para
outro, entretanto ela não pode quantificar a taxa (velocidade) na qual a transferência do calor ocorre. A disciplina de transferência de
calor procura fazer aquilo o que a termodinâmica é inerentemente incapaz de fazer.

1.4 REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

O conceito de regime de transferência de calor pode ser melhor entendido através de exemplos. Analisemos, por exemplo, a
transferência de calor através da parede de uma estufa. Consideremos duas situações: operação normal e desligamento ou religamento.
Durante a operação normal, enquanto a estufa estiver ligada, a temperatura na superfície interna da parede não varia. Caso a
temperatura ambiente externa não varie significativamente, a temperatura da superfície externa também é constante. Sob estas
condições a quantidade de calor transferida por condução através da parede é constante e o perfil de temperatura ao longo da parede,
mostrado na Figura 1-7 (a), não varia. Neste caso, dizemos que estamos no regime permanente.

Figura 1-7

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Na outra situação consideremos, por exemplo, o desligamento. Quando a estufa é desligada as temperaturas diminuem gradativamente,
de modo que o perfil de temperatura varia com o tempo, como pode ser visto da Figura 1-7 (b) e (c). Como consequência, a quantidade
de calor transferida para fora é cada vez menor e após algum tempo a estufa entra em equilíbrio térmico com o ambiente e fluxo de calor
é nulo. Neste caso, a temperatura em cada ponto da parede varia com o tempo até atingir o equilíbrio e dizemos que estamos no regime
transiente.
Os problemas de fluxo de calor em regime transiente são mais complexos. Entretanto, a maioria dos problemas de transferência de calor
são ou podem ser tratados como regime permanente.

1.5 RELEVÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A transferência de calor é fundamental para todos os ramos da engenharia. Assim como o engenheiro mecânico enfrenta problemas de
refrigeração de motores, de ventilação, ar condicionado, etc., o engenheiro metalúrgico não pode dispensar a transferência de calor nos
problemas relacionados aos processos piro metalúrgicos e hidro metalúrgicos, ou no projeto de fornos, regeneradores, conversores, etc.
Em nível idêntico, o engenheiro químico ou nuclear necessita da mesma ciência em estudos sobre evaporação, condensação ou em
trabalhos em refinarias e reatores, enquanto o eletricista e o eletrônico a utiliza no cálculo de transformadores e geradores e dissipadores
de calor em microeletrônica e o engenheiro naval aplica em profundidade a transferência de calor em caldeiras, máquinas térmicas, etc.
Até mesmo o engenheiro civil e o arquiteto sentem a importância de, em seus projetos, preverem o isolamento térmico adequado que
garanta o conforto dos ambientes.
Como visto, a transferência de calor é importante para a maioria dos problemas industriais. A título de exemplo, pode-se citar:
• O projeto, operação e manutenção de trocadores de calor. Este tipo de equipamento encontra-se, por exemplo, em geradores de
vapor de centrais térmicas, fábricas de processos químicos, instalações de aquecimento de água, ar condicionado, refrigeração,
radiadores de veículos motorizados, etc.
• Seleção de isolamentos térmicos para minimização da taxa de transferência de calor em edifícios, condutas, equipamentos térmicos,
etc. Essa minimização é geralmente condicionada por restrições de natureza económica, tal como o custo do isolamento, e
geométrica, tal como a espessura ou o volume do isolamento.
• Controle da temperatura em equipamentos industriais, mecânicos ou electrónicos. O controle da temperatura requer,
frequentemente, que a temperatura de uma superfície quente não ultrapasse um determinado valor crítico que pode conduzir à
fusão de um material ou à deterioração da resistência mecânica de uma estrutura ou equipamento. É o caso, por exemplo, da parede
de um forno industrial ou da superfície exterior de veículos aeroespaciais durante a reentrada na atmosfera terrestre.

1.5 SISTEMAS DE UNIDADES

Unidades são meios de expressar numericamente as dimensões. As dimensões fundamentais (previamente definidas) são quatro: tempo,
comprimento, massa e temperatura.
As unidades são agrupadas em sistemas coerentes. Apesar de ter sido adotado internacionalmente o sistema de unidades denominado
Sistema Internacional (S.I), o Sistema Inglês e o Sistema Métrico ainda são amplamente utilizados em vários países do mundo. Na Tabela
1.2 estão as unidades fundamentais para os três sistemas citados:

Tabela 1.2
Sistema Tempo Comprimento Massa Temperatura
S.I. segundo, s metro, m quilograma, kg Kelvin, K
MÉTRICO segundo, s (hora, h) metro, m quilograma, kg Celsius, °C
INGLÊS segundo, s (hora, h) pé, ft * libra-massa, lbm ** Fahrenheit, °F ***
* 1 pé (ft) = 12 polegadas (inch) 1 ft = 0,305 m ** 1 lbm = 0,45 kg *** T(°F) = T(°C) x 1,8 + 32

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Todas as outras unidades são derivadas a partir das unidades fundamentais por meio de definições relacionadas a leis ou fenômenos
físicos. Como exemplo, são derivadas a seguir algumas das unidades mais importantes para a transferência de calor (Força, Energia e
Potência) e também mostradas resumidamente na Tabela 1.3.

• Força: as unidades de força são definidas a partir da Segunda Lei de Newton (F = m.a):

➢ Newton (N) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 Kg a uma taxa de 1 m/s 2.

a = 1 m/s2
1 kg F=1N 1 N = 1 kg . 1 m/s2
➢ kilograma-força (kgf) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 utm (=9,8 kg) a uma taxa de 1 m/s 2.

a = 1 m/s2
1 utm F = 1 kgf 1 kgf = 9,8 kg . 1 m/s2 ou 1 kgf = 1 utm . 1 m/s2
➢ libra-força (lbf) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 slug (=32,2 lbm) a uma taxa de 1 ft/s 2.

a = 1 ft/s2
1 slug F = 1 lbf 1 lbf = 32,2 lbm . 1 ft/s2 ou 1 lbf = 1 slug . 1 m/s2

A unidade de massa de um corpo é frequentemente usada incorretamente para expressar o peso do corpo, como nas balanças de
farmácia. Na verdade, o peso (G) é uma força resultante da aceleração gravitacional (g) sobre a massa (m) de um corpo e sua intensidade
é determinada pela segunda lei de Newton (G = m.g). Ao nível do mar uma massa de 1 kg pesa 9,8 N:
𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 1 𝑘𝑔 .9,8 2 = 9,8 𝑁 (𝑁 = 𝑘𝑔 . 2 )
𝑠 𝑠
A mesma massa de 1 kg (1 kg = 1/9,8 utm) pesará 1 kgf em unidades do sistema métrico.
1 𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑢𝑡𝑚 .9,8 2 = 1 𝑘𝑔𝑓 (𝑘𝑔𝑓 = 𝑢𝑡𝑚 . )
9,8 𝑠 𝑠2

• Trabalho (uma forma de Energia) é definido como produto da força pela distância ( = F.x), então:

➢ Joule (J) é o trabalho ou a energia despendida por uma força de 1 N em um deslocamento de 1 m.

F=1N F=1N
1J=1N.1m

x=1m

➢ kgf.m (kgm) é a unidade no sistema métrico, kilocaloria (kcal) é mais usada (1 kcal = 1000 calorias).
➢ lbf.ft é a unidade no sistema inglês, porém o Btu (British thermal unity) é mais usado.

As unidades mais usuais de energia (Btu e Kcal) são baseadas em fenômenos térmicos, e definidas como:
➢ Btu é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1lb de água de 67,5 °F a 68,5 °F
➢ kcal é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1 kg de água de 14,5 °C a 15,5 °C

• Potência é a capacidade de realizar trabalho na unidade de tempo ( =  / t), então:

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➢ Watt (W) é a potência dissipada quando um trabalho de 1 J é realizado em um tempo de 1 s

t=1s
F=1N F=1N
1W=1J/1s

x=1m

➢ kcal/h é a unidade mais comum no sistema métrico.


➢ Btu/h é a unidade mais comum no sistema inglês.

Tabela 1.3
Sistema Força Energia Potência
S.I. Newton, N Joule, J Watt, W
MÉTRICO kilograma-força, kgf kgm (kcal) kcal/h
INGLÊS libra-força, lbf lbf-ft (Btu) Btu/h

O fluxo ou taxa de calor transferido (𝑞̇) é a quantidade de calor (Q) transferido na unidade de tempo (t). Neste caso, as seguintes unidades
são, em geral, utilizadas:
𝐽 𝐵𝑡𝑢 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑄 𝑞̇ : fluxo de calor transferido (potência) em 𝑊 [ ] , ,
𝑞̇ = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 { 𝑠 ℎ ℎ }
𝑡
𝑄: quantidade de calor transferida (energia) em 𝐽, 𝐵𝑡𝑢, 𝑘𝑐𝑎𝑙

Algumas relações de conversão entre os sistemas de unidades:


Força: 1N = 0,225 lbf = 0,102 kgf
Energia: 1J = 0,000948 Btu = 0,000239 Kcal
Potencia: 1W = 3,412 Btu/h = 0,860 Kcal/h = 0,00136 CV = 0,00134 HP

Tabela de prefixos padrões do Sistema Internacional:


Múltiplo 1012 109 106 103 102 101 10-1 10-2 10-3 10-6 10-9 10-12
Prefixo tera,T giga,G mega,M kilo,k hecto,h deca,da deci,d centi,c mili,m micro,µ nano,n pico,ρ

Exercícios Resolvidos

Exercício R.1.1. Converter para o sistema internacional (SI) a seguinte massa especifica:  = 624 lb/ft3, sendo dado que: 1 kg = 2,205 lb
e 1 m = 3,281 ft.
𝑙𝑏 1 𝑘𝑔 3,281 𝑓𝑡 3 𝑘𝑔
𝜌 = 624 3 × × ( ) = 9.995,5 3
𝑓𝑡 2,205 𝑙𝑏 1 𝑚 𝑚

Exercício R.1.2. Determinar a unidade de peso específico () no SI a partir da formula:  =  . g


𝑘𝑔 𝑚 1 𝑚 1 𝑁
[𝛾 ] = [𝜌 ] . [𝑔 ] = 3
× 2 = 3 × (𝑘𝑔 × 2 ) = 3 × 𝑁 = 3
𝑚 𝑠 𝑚 𝑠 𝑚 𝑚

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Exercício R.1.3. Converter para o sistema SI o seguinte coeficiente de película: h = 10 Kcal/h.m2. °C, sendo dado que: 1 W = 0,86 Kcal/h
e 1 K = 1 °C. (Nota: 1 °C equivale dimensionalmente a 1 K, porém para converter uma temperatura em Celsius para Kelvin devemos somar
uma constante: T[°C] = T[K] + 273).
𝑘𝑐𝑎𝑙 1 𝑊 1 °𝐶 𝑊
ℎ = 10 × × = 11,63 2
2
ℎ. 𝑚 . °𝐶 0,86 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ 1 𝐾 𝑚 .𝐾

Exercício R.1.4. Determinar a unidade de energia cinética (Ec) no SI a partir da formula: Ec = ½m.v2, sendo dado que: [N] = Kg . m/s2 e
[v] = m/s.
𝑚2 𝑚
[𝐸𝑐 ] = [𝑚] × [𝑣 2 ] = 𝑘𝑔 × = (𝑘𝑔 × 2 ) × 𝑚 = 𝑁 × 𝑚 = 𝐽
𝑠2 𝑠

Exercício R.1.5. Determinar a unidade de fluxo de calor (𝑞̇) no SI, no Sistema Métrico e Sistema Inglês a partir da formula: q = Q/t , onde:
Q = quantidade de calor ( Kcal, J ) e t = tempo.
[𝑄 ] 𝐽 [𝑄] 𝑘𝑐𝑎𝑙 [𝑄] 𝐵𝑡𝑢
SI: 𝑞̇ = = =𝑊 Métrico: 𝑞̇ = = Inglês: 𝑞̇ = =
[𝑡 ] 𝑠 [𝑡 ] ℎ [𝑡 ] ℎ

Exercício R.1.6. Se uma maçã pesa 100 g (0,1 kg), quantas maçãs são aproximadamente necessárias para que o peso total seja equivalente
a 1 N, 1 lbf e 1 kgf? Dado: g = 9,8 m/s2 (SI e métrico) e g = 32,2 ft/s2 (sist. Inglês) e 1 lbm = 0,45 kg.
𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = (0,1. 𝑥 ) 𝑘𝑔 × 9,8 2 = 1 𝑁 (𝑁 = 𝑘𝑔 . 2 ) ⟹ 𝑥 = 1,02 maçãs
𝑠 𝑠
(0,1. 𝑥 ) 𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑢𝑡𝑚 × 9,8 2 = 1 𝑘𝑔 (𝑘𝑔𝑓 = 𝑢𝑡𝑚 . 2 ) ⟹ 𝑥 = 10 maçãs
9,8 𝑠 𝑠
(0,1. 𝑥 ) 𝑓𝑡 𝑓𝑡
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑠𝑙𝑢𝑔 × 32,2 2 = 1 𝑙𝑏𝑓 (𝑙𝑏𝑓 = 𝑠𝑙𝑢𝑔 . ) ⟹ 𝑥 = 4,5 maçãs
0,45 𝑠 𝑠2

Exercícios Propostos:

Exercício P.1.1. Determinar a unidade de peso específico () no Métrico a partir da formula:  =  . g
Kgf/m 3

Exercício P.1.2. Converter para o sistema SI o seguinte coeficiente de película: h = 10 Btu/hft2. °F, sendo dado que: 1 W = 3,412 Btu/h,
1 ft = 0,305 m e 1 °F = 1,8 K. (Nota: 1 °F equivale dimensionalmente a 1,8 K, porém para converter uma temperatura em Fahrenheit para
Kelvin devemos a seguinte relação T(°F) = [T(K) – 273] * 1,8 + 32.
17,5 W/m 2.K

Exercício P.1.3. Determinar a unidade de energia potencial (Ep) no SI a partir da formula: Ep =m.g.h, sendo dado que: [N] = Kg . m/s2,
[m] = kg, [h] = m e [g] = m/s2.
J (Joule)

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2. CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE

No tratamento unidimensional a temperatura é função de apenas uma coordenada. Este tipo de tratamento pode ser aplicado em muitos
dos problemas industriais. Por exemplo, no caso da transferência de calor em um sistema que consiste de um fluido que escoa ao longo
de um tubo, ilustrado na Figura 2-1, a temperatura da parede do tubo pode ser considerada função apenas do raio do tubo. Esta suposição
é válida se o fluido escoa uniformemente ao longo de toda a superfície interna e se o tubo não for longo o suficiente para que ocorram
grandes variações de temperatura do fluido devido à transferência de calor ou é usada uma temperatura média entre a entrada e a saída.

Figura 2-1

2.1. MECANISMO DA CONDUÇÃO

A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma região de alta temperatura para outra de
temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. Este mecanismo
pode ser visualizado como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância
devido a interações entre elas.
O mecanismo da condução pode ser mais facilmente entendido considerando, como exemplo, um gás submetido a uma diferença de
temperatura conforme mostra a Figura 2-2. Nestas condições (T1 > T2), observamos os seguintes fenômenos:

Figura 2-2

1. O gás ocupa o espaço entre as duas superfícies (1) e (2), mantidas a diferentes temperaturas (T1 > T2). Consideremos que o gás não
está sujeito a nenhum movimento macroscópico, apenas a movimento microscópico.
2. Como altas temperaturas estão associadas com energias moleculares mais elevadas, as moléculas próximas à superfície (1) são mais
energéticas (movimentam-se mais rápido).
3. O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de que vem de cima e de baixo. Entretanto, as moléculas de cima
estão associadas com mais energia que as de baixo. Portanto existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2) por condução.
Para os líquidos o processo é basicamente o mesmo, embora as moléculas estejam menos espaçadas e as interações sejam mais fortes
e mais frequentes. Para os sólidos existem basicamente dois processos (ambos bastantes complexos):
• Sólido mau condutor de calor: ondas de vibração da estrutura cristalina
• Sólido bom condutor de calor: movimento dos elétrons livres e vibração da estrutura cristalina.

13
2.2. LEI DE FOURIER

A lei de Fourier é fenomenológica, ou seja, foi desenvolvida a partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos.
Imaginemos um experimento onde o fluxo de calor resultante é medido após a variação das condições experimentais. Consideremos,
por exemplo, a transferência de calor através de uma barra de ferro com uma das extremidades aquecidas e com a área lateral isolada
termicamente, como mostra a Figura 2-3.

Figura 2-3

Com base em experiências, variando a área da seção da barra, a diferença de temperatura e a distância entre as extremidades, chega-se
a seguinte relação de proporcionalidade:

∆𝑻
Equação 2-1 𝒒̇ ∝ 𝑨. ∆𝒙

A relação de proporcionalidade pode ser convertida para igualdade através da introdução de um coeficiente de proporcionalidade (k)
dando origem à Equação de Fourier na forma diferencial (Equação 2-2).
𝒅𝑻
Equação 2-2 𝒒̇ = −𝒌. 𝑨. 𝒅𝒙
𝑞̇: fluxo de calor por condução (W, no SI);
k: condutividade térmica do material;
A: área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente à direção do fluxo (m2, no SI);
𝑑𝑇⁄𝑑𝑥: gradiente de temperatura na seção, isto é, taxa de variação da temperatura T com a distância, na direção x do fluxo de
calor (K/m). Se o regime for permanente (temperaturas não variam com o tempo), o gradiente (𝑑𝑇⁄𝑑𝑥 ) é constante e a
distribuição de temperatura é uma linha reta como na Figura 2-4.

A razão do sinal menos na equação de Fourier é que a direção do aumento da distância x deve ser a direção do fluxo de calor positivo
(Figura 2-4). Como o calor flui do ponto de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa (gradiente negativo), o fluxo só será
positivo quando o gradiente for positivo (multiplicado por -1).

Figura 2-4

14
O coeficiente de proporcionalidade k, denominado de condutividade térmica, que surge da equação de Fourier é uma propriedade de
cada material e vem exprimir a maior ou menor facilidade que um material apresenta à condução de calor. As unidades de condutividade
térmica são facilmente obtidas da própria equação de Fourier (Equação 2-2), conforme mostrado a seguir:
𝑑𝑇 𝑞̇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴. ⇒ 𝑘= −
𝑑𝑥 𝑑𝑇
𝐴. 𝑑𝑥
𝑊 𝑊
No SI: [𝑘 ] = 𝐾 =
𝑚2 . 𝑚.𝐾
𝑚
𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝑊
No Sistema Métrico: [𝑘 ] = °𝐶 =
𝑚2 . ℎ.𝑚.°𝐶
𝑚
𝐵𝑡𝑢/ℎ 𝐵𝑡𝑢
No Sistema Inglês: [𝑘 ] = °𝐹 =
𝑓𝑡 2 . ℎ.𝑓𝑡.°𝐹
𝑚

Considerando a equação de Fourier, para uma mesma condição de fluxo de calor (𝑞̇), quando menor a condutividade do material (k),
maior o gradiente de temperatura (𝑑𝑡⁄𝑑𝑥 ) no mesmo, ou seja, quanto menor o k, maior a inclinação da linha de distribuição de
temperatura, ou seja, maior a variação da temperatura no material.
Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e temperatura dos materiais.
Quando o valor de k é elevado o material é considerado condutor térmico e, caso contrário, é isolante térmico. Com relação à
temperatura, em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia muito pouco com a temperatura, porém em outros, como em
alguns aços, o k varia significativamente com a temperatura. Nestes casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k
em um intervalo de temperatura. A Tabela 2.1 abaixo lista a condutividade de alguns materiais (no SI) comuns na temperatura ambiente
e a Figura 2-5 ilustra as faixas de condutividades térmicas de diferentes grupos de materiais.

Tabela 2.1
Material Diamante Cobre Ouro Alumínio Gelo Vidro Tijolo Madeira Fibra de Vidro Isopor Ar Parado
k (W/m.K) 2300 401 317 237 2,21 0,78 0,72 0,17 0,043 0,026 0,024

Figura 2-5

15
2.3. CONDUÇÃO ATRAVÉS DE PAREDES PLANAS

Consideremos a transferência de calor por condução através de uma parede plana submetida a uma diferença de temperatura. Ou seja,
submetida a uma fonte de calor, de temperatura constante e conhecida, de um lado, e a um sorvedouro de calor do outro lado, também
de temperatura constante e conhecida.
Um bom exemplo disto é a transferência de calor através da parede de um forno de um fogão de cozinha. Consideremos, na Figura 2-6,
uma parede como esta, que tem espessura L, área transversal A e foi construída com material de condutividade térmica k. Do lado de
dentro a fonte de calor (combustão de gás) mantém a temperatura na superfície interna da parede constante e igual a T1 e externamente
o sorvedouro de calor (ambiente externo) faz com que a superfície externa permaneça constante e igual a T2.

Figura 2-6
Para calcular a transferência de calor por condução através da parede plana, partimos da equação de Fourier (Equação 2-2):
𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴.
𝑑𝑥
Fazendo a separação de variáveis, obtemos:
Equação 2-3 𝒒̇ . 𝒅𝒙 = −𝒌. 𝑨. 𝒅𝑻

Na Figura 2-6 observamos que na face interna (x=0) a temperatura é T1 e na face externa (x=L) a temperatura é T2. Considerando que, no
regime permanente, o fluxo de calor transferido não varia com o tempo e que a área transversal da parede é uniforme e a condutividade
térmica k é um valor médio, a integração da Equação 2-3, entre os limites que podem ser verificados na Figura 2-6, fica assim:
𝐿 𝑇2
q̇ . ∫ dx = −k. A. ∫ dT
0 𝑇1

𝑞̇ . (𝐿 − 0) = −𝑘. 𝐴. (𝑇2 − 𝑇1 )
𝑞̇ . 𝐿 = 𝑘. 𝐴. (𝑇1 − 𝑇2 )
Considerando que (T = T1-T2) é a diferença de temperatura entre as faces da parede, o fluxo de calor a que atravessa a parede plana por
condução é:
𝑘.𝐴
Equação 2-4 𝑞̇ = . ∆𝑇
𝐿

Para melhor entender o significado da Equação 2-4, consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável pela
fabricação de um forno de fogão de cozinha necessita reduzir as perdas térmicas pelas paredes do forno por razões econômicas
(economizar gás). Considerando os termos da Equação 2-4, o engenheiro tem, por exemplo, as opções listadas na Tabela 2.2.

16
Tabela 2.2
Var Sentido Ação Explicação
Na Equação 2-4 quanto menor a condutividade (k), menor a
k Diminuir Utilização de material de baixa condutividade
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto maior a espessura (L), menor a
L Aumentar Aumentar a espessura da parede
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto menor a área (A), menor a transferência
A Diminuir Diminuir a área do forno
de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto menor a diferença de temperatura (∆𝑻),
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir a área do forno (A) e a diferença de temperatura (∆𝑻), que são
necessidades inerentes ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar com o isolamento térmico do forno, reduzindo a
condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.1. Uma sala tem 15 m de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura e as paredes são feitas de tijolos com condutividade
térmica de 0,14 Kcal/h.m.°C e espessura de 25 cm de espessura. Um equipamento condicionador de ar deve manter a face interna das
paredes a 22 °C, enquanto que a face externa das paredes pode estar até a 40 °C em um dia de verão. Determine o fluxo de calor a ser
extraído da sala pelo condicionador (em Btu/h). Considere as seguintes hipóteses simplificadoras: sala sem janela e sem pessoas no
interior. Despreze a transferência de calor pelo piso e pelo teto. (Dado: 1Btu/h = 0,252 Kcal/h).

𝑇1 = 40 °𝐶 𝑇2 = 22 °𝐶
𝑘 = 0,14 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝐿 = 25 𝑐𝑚 = 0,25 𝑚

,
Desconsiderando a influência de janelas, a área lateral das paredes, desprezando o piso e o teto, é:
𝐴 = 2 × (6 × 3) + 2 × (15 × 3) = 126 𝑚2
Utilizando a Equação 2-4, podemos calcular o fluxo de calor que entra na sala por condução:
𝑘.𝐴 0,14 (𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ.𝑚.°𝐶 ) ×126 𝑚2
𝑞̇ = . ∆𝑇 = × (40 − 22) °𝐶 = 1270 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ
𝐿 0,25 𝑚

Este mesmo fluxo de calor deverá ser extraído pelo condicionador de ar. Usando a relação de conversão de kcal/h para Btu/h fornecida:
1 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
𝑞̇ = 1270 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ × = 5039,6 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
0,252 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

A potência térmica que deve ser removida de um ambiente condicionado para manter a temperatura em um valor estipulado costuma
ser chamada de carga térmica e envolve, além da transferência de calor pelas estruturas da construção, as condições climáticas, o perfil
de ocupação pelas pessoas, a presença de iluminação e equipamentos, etc.

Exercício R.2.2. As faces internas das paredes de uma casa devem ser mantidas a 20 °C, enquanto que a temperatura média nas faces
externas é -20 °C. Para isto, um sistema de aquecimento utiliza óleo combustível. As paredes da casa medem 25 cm de espessura, e foram
construídas com tijolos de condutividade térmica de 0,75 W/m.K.
a) calcule o fluxo de calor, para cada metro quadrado de superfície, perdido para o exterior da casa.

17
b) considerando que a área total de transferência de calor das paredes da casa é 250 m2 e que o poder calorífico do óleo combustível é
de 37.215 kJ/litro, determine o volume de óleo combustível a ser utilizado no sistema de aquecimento durante um período de 24 h.
Supor o rendimento do sistema de aquecimento igual a 70%.

𝑇1 = 20 °𝐶 𝑇2 = −20 °𝐶
𝑘 = 0,75 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
𝐿 = 25 𝑐𝑚 = 0,25 𝑚

a) desprezando o efeito das janelas, utilizamos a equação para a condução em paredes planas. Portanto, o fluxo de calor transferido por
cada metro quadrado de parede (A = 1 m2) é:
𝑘.𝐴 0,75 (𝑊⁄𝑚.𝐾) ×1 𝑚2
𝑞̇ = . ∆𝑇 = × [20 − (−20)] 𝐾 = 120 𝑊 (por m2 de área)
𝐿 0,25 𝑚
b) esta perda de calor pelas paredes da casa deve ser reposta pelo sistema de aquecimento, de modo a manter o interior a 20 °C. A perda
pela área total do edifício de 250 m2 é:
𝑊
𝑞̇ = 120 𝑚2
× 250 𝑚2 = 30.000 𝑊 = 30.000 𝐽⁄𝑠 = 30 𝑘𝐽⁄𝑠
O tempo de utilização do sistema de aquecimento é 24 horas. Neste período a energia perdida para o exterior é:
𝑄
⇒ 𝑄 = 𝑞̇ × 𝑡 = 30 𝑘𝐽⁄𝑠 × 24 ℎ × 60
𝑚𝑖𝑛 𝑠
𝑞̇ = × 60 = 2.592.000 𝑘𝐽
𝑡 ℎ 𝑚𝑖𝑛

Com o rendimento do sistema é 70% a quantidade de calor a ser fornecida pelo óleo é:
𝑄 2.592.000 𝑘𝐽
𝑄𝑓 = = = 3.702.857 𝑘𝐽
𝜂 0,70
Cada quilo de óleo pode fornecer 37215 kJ/litro, então o volume de óleo combustível é:
𝑄𝑓 3.702.857 𝑘𝐽
𝑉ó𝑙𝑒𝑜 = = = 99,5 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
𝑃𝐶ó𝑙𝑒𝑜 37.215 𝑘𝐽⁄𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜

Exercício R.2.3. (Questão ENADE). Uma placa é fabricada com três lâminas de materiais diferentes. Um ensaio foi realizado em regime
permanente, sem geração interna de calor, para verificar qual dos materiais possui a maior condutividade térmica. O gráfico de
comportamento da temperatura nesse experimento é apresentado a seguir.

Com base nessa situação, avalie as seguintes asserções e a relação proposta para elas:
I. No experimento, constata-se que, entre os três materiais da placa, o material B tem maior condutividade e o material A tem
menor condutividade.
II. Como o fluxo de calor no experimento é unidimensional e constante, quanto maior for o valor de (𝒅𝑻⁄𝒅𝒙), maior será a
condutividade térmica do material.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
18
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E. As asserções I e II são proposições falsas.

Resolução:
A afirmação I é verdadeira, pois materiais de baixa condutividade (isolantes) resultam em grandes reduções da temperatura ao longo de
suas espessuras. No caso, o material A tem baixo valor de k, pois a temperatura diminui com taxa alta. Por outro lado, o material B
apresenta a menor taxa de variação da temperatura e, portanto, tem maior condutividade.
A afirmação II é falsa, pois analisando a equação a equação de Fourier, mostrada abaixo, verificamos que, no caso de fluxo de calor
unidimensional ser constante, quanto maior for a condutividade térmica do material (k), menor será o valor do gradiente (𝑑𝑇⁄𝑑𝑥).
𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴.
𝑑𝑥
A resposta correta é a letra “C” (a asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa)

2.4. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Dois sistemas são análogos quando eles obedecem a equações semelhantes. Isto significa que a equação de descrição de um sistema
pode ser transformada em uma equação para outro sistema pela simples troca dos símbolos das variáveis. Por exemplo, a Equação 2-4
que fornece o fluxo de calor através de uma parede plana pode ser colocada na seguinte forma:
𝒌.𝑨 ∆𝑻
Equação 2-5 𝒒̇ = . ∆𝑻 = 𝑳
𝑳
𝒌 .𝑨
O denominador e o numerador da Equação 2-5 podem ser entendidos assim:
• T: a diferença entre a temperatura da face quente e da face fria, consiste no potencial que causa a transferência de calor
𝐿
• : é equivalente a uma resistência térmica (R) que a parede oferece à transferência de calor
𝑘 .𝐴
Portanto, o fluxo de calor através da parede pode ser expresso da seguinte forma:
∆𝑇 𝐿
Equação 2-6 𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑅 = (resistência térmica da parede plana)
𝑅 𝑘 .𝐴
Se substituirmos na Equação 2-6 o símbolo do potencial de temperatura (ΔT) pelo de potencial elétrico, isto é, a diferença de tensão
(ΔU), e o símbolo da resistência térmica (R) pelo da resistência elétrica (Re), obtemos a Equação 2-7 (lei de Ohm) para i, a intensidade de
corrente elétrica:
∆𝑼
Equação 2-7 𝒊̇ = 𝑹𝒆
Dada esta analogia, é comum a utilização de uma notação semelhante à usada em circuitos elétricos, quando representamos a resistência
térmica de uma parede ou associações de paredes. Assim, uma parede de resistência R, submetida a um potencial T e atravessada por
um fluxo de calor 𝑞̇ , pode ser representada como na Figura 2-7:

Figura 2-7

19
2.5. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em série, submetidas a uma fonte de calor, de temperatura constante e
conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida. Assim, haverá a
transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, analisemos a
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma camada interna de refratário (condutividade k1 e
espessura L1), uma camada intermediária de isolante térmico (condutividade k2 e espessura L2) e uma camada externa de chapa de aço
(condutividade k3 e espessura L3). A figura 3.7 ilustra o perfil de temperatura ao longo da espessura da parede composta:

k1 k2 k3
T1
T2
T3 .
q
T4

L1 L2 L3
Figura 2-8
O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada uma das paredes planas individualmente:
𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟑 .𝑨𝟑
Equação 2-8 𝒒̇ = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) 𝒒̇ = . (𝑻𝟐 − 𝑻𝟑 ) 𝒒̇ = . (𝑻𝟑 − 𝑻𝟒 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟑

Colocando em evidência as diferenças de temperatura na Equação 2-8 e somando membro a membro, obtemos:
𝑞̇ . 𝐿1
(𝑇1 − 𝑇2 ) =
𝑘1 . 𝐴1
𝑞̇ . 𝐿2
(𝑇2 − 𝑇3 ) =
𝑘2 . 𝐴2
𝑞̇ . 𝐿3
(𝑇3 − 𝑇4 ) =
𝑘3 . 𝐴3
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑞̇ . 𝐿1 𝑞̇ . 𝐿2 𝑞̇ . 𝐿3
𝑇1 − 𝑇2 + 𝑇2 − 𝑇3 + 𝑇3 − 𝑇4 = + +
𝑘1 . 𝐴1 𝑘2 . 𝐴2 𝑘3 . 𝐴3
Eliminando as temperaturas T2 e T3 e colocando o fluxo de calor (𝑞̇) em evidência, obtemos:
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟑
Equação 2-9 𝑻𝟏 − 𝑻𝟒 = 𝒒̇ . [𝒌 +𝒌 + ]
𝟏 .𝑨𝟏 𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟑 .𝑨𝟑

Substituindo os valores das resistências térmicas em cada parede na Equação 2-9, obtemos o fluxo de calor pela parede composta:
𝑇1 − 𝑇4 = 𝑞̇ . [𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 ]
𝑻𝟏 −𝑻𝟒
Equação 2-10 𝒒̇ = 𝑹𝟏 +𝑹𝟐 + 𝑹𝟑

Portanto, para o caso geral, em que temos uma associação de “n” paredes planas associadas em série o fluxo de calor é dado por:
(∆𝑻)𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
Equação 2-11 𝒒̇ = 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑹𝒕 = 𝑹𝟏 + 𝑹𝟐 + ⋯ . + 𝑹𝒏
𝑹𝒕

2.6. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em paralelo, submetidas a uma fonte de calor, de temperatura constante e
conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida, do outro lado. Assim,
haverá a transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, analisemos a

20
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma metade inferior de refratário especial
(condutividade k2) e uma metade superior de refratário comum (condutividade k1), como mostra a Figura 2-9. Faremos as seguintes
considerações:
• Todas as paredes estão sujeitas a mesma diferença de temperatura;
• As paredes podem ser de materiais e/ou dimensões diferentes;
• O fluxo de calor total é a soma dos fluxos por cada parede individual.

Figura 2-9

O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada uma das paredes planas individualmente:
𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐
Equação 2-12 𝒒̇ 𝟏 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) 𝒒̇ 𝟐 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐
O fluxo de calor total é igual à soma dos fluxos da Equação 2-12:
𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐
Equação 2-13 𝒒̇ = 𝒒̇ 𝟏 + 𝒒̇ 𝟐 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) + . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) = [ + ] . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟏 𝑳𝟐
A partir da definição de resistência térmica para parede plana (Equação 2-6), temos que:
𝑳 𝟏 𝒌 .𝑨
Equação 2-14 𝑹= ⇒ =
𝒌 .𝑨 𝑹 𝑳
Substituindo a Equação 2-14 na Equação 2-13, obtemos:
1 1 𝑇1 −𝑇2 1 1 1
𝑞̇ = [ + ] . (𝑇1 − 𝑇2 ) = onde: = +
𝑅1 𝑅2 𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2

Portanto, para o caso geral em que temos uma associação de “n” paredes planas associadas em paralelo o fluxo de calor é dado por:
(∆𝑇 )𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1 1
Equação 2-15 𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = + + ⋯+
𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛
Em uma configuração em paralelo, embora se tenha transferência de calor bidimensional, é frequentemente razoável adotar condições
unidimensionais. Nestas condições, admite-se que as superfícies paralelas à direção x são isotérmicas. Entretanto, a medida que a
diferença entre as condutividades térmicas das paredes (k1 e k2) aumenta, os efeitos bidimensionais tornam-se cada vez mais
importantes.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.4. (Questão ENADE 2014). Visando ao conforto térmico e à economia de energia, um engenheiro propõe a instalação de
um sistema de isolamento nas janelas de uma unidade industrial situada em um local frio, com vento intenso e constante, onde a
temperatura do ambiente externo é de 4,8 °C ao longo do ano. Para manter a temperatura da face interna da janela em 25 °C, as janelas
foram adaptadas de modo a criar uma lacuna de 50 mm preenchida por ar estagnado entre duas lâminas de vidro com espessura de 10
mm cada, conforme o esquema abaixo.

21
Com base no exposto e admitindo que o sistema se encontra no estado estacionário, pede-se:
a) represente, por meio de um esquema, a direção do fluxo de calor no sistema e os perfis de temperatura nas lâminas de vidro e na
camada de ar estagnado;
b) calcule o fluxo de calor que deve ser suprido no sistema para que a temperatura da face interna da janela seja mantida em 25 °C nas
condições especificadas no problema;
c) explique o que acontecerá se a camada de ar interna não for estagnada, ou seja, se houver convecção nesta região.
Resolução
a) a figura abaixo apresenta um esquema em que a direção do fluxo de calor e os perfis de temperatura nas duas lâminas de vidro e na
camada de ar são representados, observando-se que a inclinação no vidro é menor do que a no ar devido a maior condutividade do vidro.

b) o fluxo de calor pode ser calculado considerando que a temperatura da parede externa é igual ao do ambiente externo e que há
somente condução na camada de ar interna. (ar estagnado). Para uma área unitária de 1 m2, temos
𝐴 = 1 𝑚2 𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 10 𝑚𝑚 = 0,01𝑚 𝐿𝑎𝑟 = 50 𝑚𝑚 = 0,05 𝑚 𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 1 𝑊⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑎𝑟 = 0,025 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
Cálculo das resistências térmicas:
𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,01 𝐾 𝐿𝑎𝑟 0,05 𝐾
𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = = = 0,01 𝑅𝑎𝑟 = = =2
𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 . 𝐴 1 × 1 𝑊 𝑘𝑎𝑟 . 𝐴 0,025 × 1 𝑊
Cálculo do fluxo de calor por m2 de janela:
(𝑇1 − 𝑇2 ) (𝑇1 − 𝑇2 ) (25 − 4,8) 𝐾
𝑞̇ = = = = 10 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 + 𝑅𝑎𝑟 + 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,01 + 2 + 0,01 𝐾⁄𝑊
c) caso a camada de ar interna não for estagnada, na resposta deverá ser mencionado pelo menos um dos itens abaixo:
• Haverá aumento no fluxo de calor ou maior troca térmica ou maior perda de calor;
• Haverá diminuição da resistência térmica à transferência de calor;
• Mais energia térmica deverá ser fornecida para manter a temperatura da face interna da janela em 25 °C (maior gasto de energia
ou haverá menor “eficiência” no isolamento térmico);
• A temperatura interna irá diminuir caso a energia térmica fornecida seja mantida.

Exercício R.2.5. A figura abaixo mostra, fora de escala, um corte em uma parede de 1 metro de altura, 1 metro de largura e espessura
total mede 16 cm. A parede é composta por vários materiais associados e as condutividades térmicas de cada material da parede são
indicadas na tabela abaixo. Para uma temperatura da face quente de 1000 °C e da face fria de 100 °C, determine o fluxo de calor
transferido através da parede composta:

22
Material a b c d e f g
k (W/m.K) 100 40 10 50 30 40 20

Usando a analogia elétrica, o circuito equivalente à parede composta fica assim:

As espessuras das paredes são obtidas da figura:


𝐿𝑎 = 𝐿𝑒 = 3 𝑐𝑚 = 003 𝑚 𝐿𝑏 = 𝐿𝑐 = 𝐿𝑑 = 2 𝑐𝑚 = 002 𝑚 𝐿𝑓 = 𝐿𝑔 = 8 𝑐𝑚 = 0,08 𝑚
Para uma área unitária de transferência de calor (A= 1x1 = 1 m2), as áreas de cada camada são:
20 60 50
𝐴 𝑎 = 𝐴𝑒 = 1 × 1 = 1 𝑚 2 𝐴𝑏 = 𝐴𝑑 = × 1 = 0,2 𝑚2 𝐴𝑐 = × 1 = 0,6 𝑚2 𝐴𝑓 = 𝐴𝑔 = × 1 = 0,5 𝑚2
100 100 100
As resistências térmicas de cada parede individual são:
𝐿𝑎 0,03 𝑚 𝐾 0,02 𝑚 𝐾
𝑅𝑎 = = = 0,0003 𝑅𝑏 = = 0,0025
𝑘𝑎 . 𝐴𝑎 100 𝑊 × 1 𝑚2 𝑊 𝑊
40 𝑚. 𝐾 × 0,2 𝑚2 𝑊
𝑚. 𝐾
0,02 𝑚 𝐾 0,02 𝑚 𝐾
𝑅𝑐 = = 0,003333 𝑅𝑑 = = 0,002
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
10 𝑚. 𝐾 × 0,6 𝑚2 50 𝑚. 𝐾 × 0,2 𝑚2
0,03 𝑚 𝐾 0,08 𝑚 𝐾 0,08 𝑚 𝐾
𝑅𝑒 = = 0,001 𝑅𝑓 = = 0,004 𝑅𝑓 = = 0,008
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
30 𝑚. 𝐾 × 1 𝑚2 40 𝑚. 𝐾 × 0,5 𝑚2 20 𝑚. 𝐾 × 0,5 𝑚2

Para os circuitos paralelos, temos:


1 1 1 1 1 1 1 𝐾
= + + = + + = 1200 ⟹ 𝑅𝑏𝑐𝑑 = 0,000833
𝑅𝑏𝑐𝑑 𝑅𝑏 𝑅𝑐 𝑅𝑑 0,0025 0,003333 0,002 𝑊
1 1 1 1 1 1 𝐾
= + + = + = 90 ⟹ 𝑅𝑏𝑐𝑑 = 0,002667
𝑅𝑓𝑔 𝑅𝑓 𝑅𝑔 𝑅𝑑 0,004 0,008 𝑊
Para os circuitos em série:
𝐾
𝑅𝑡 = 𝑅𝑎 + 𝑅𝑏𝑐𝑑 + 𝑅𝑒 + 𝑅𝑓𝑔 = 0,0003 + 0,00833 + 0,001 + 0,002667 = 0,0048
𝑊
Portanto,
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (1000 − 100) 𝐾
𝑞̇ = = = 187.500 𝑊
𝑅𝑡 𝐾
0,0048 𝑊

Exercício R.2.6. Obter a equação para o fluxo de calor em uma parede plana na qual a condutividade térmica (k) varia com a temperatura
de acordo com a seguinte função: k = a + b . T, onde a e b são constantes e T a temperatura.
Partindo da equação de Fourier, temos:

23
𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴.
𝑑𝑥
𝒒̇ . 𝒅𝒙 = −𝒌. 𝑨. 𝒅𝑻
Agora o k é uma função da temperatura, portanto não pode ser retirada para fora da integral. A integração da equação acima, entre os
limites que podem ser verificados na figura 3.5, fica assim:
𝐿 𝑇2
𝑞̇ . ∫ 𝑑𝑥 = −𝐴. ∫ (𝑎 + 𝑏𝑇)𝑑𝑇
0 𝑇1
𝐿 𝑇2 𝑇2
𝑞̇ . ∫ 𝑑𝑥 = −𝐴. [𝑎. ∫ 𝑑𝑇 + 𝑏. ∫ 𝑇. 𝑑𝑇]
0 𝑇1 𝑇1

𝑏
𝑞̇ . (𝐿 − 0) = −𝐴. [ 𝑎. (𝑇2 − 𝑇1 ) + . (𝑇22 − 𝑇12 )]
2
𝑏
𝑞̇ . 𝐿 = 𝐴. [𝑎. (𝑇1 − 𝑇2 ) + . (𝑇12 − 𝑇22 )]
2
𝑎. 𝐴 𝑏. 𝐴
𝑞̇ = . (𝑇1 − 𝑇2 ) + . (𝑇12 − 𝑇22 )
𝐿 2. 𝐿

2.7. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES CILÍNDRICAS

Consideremos um cilindro vazado submetido à uma diferença de temperatura entre a superfície interna e a superfície externa, como
ilustra a Figura 2-10. Se a temperatura de toda a superfície interna for constante e igual a T1, enquanto que a temperatura de toda a
superfície externa se mantém constante e igual a T2, teremos uma transferência de calor por condução unidimensional e no regime
permanente. Como exemplo, analisemos a transferência de calor em uma tubulação de comprimento L que conduz vapor em alta
temperatura. Neste caso calor é transferido de dentro para fora.

Figura 2-10
O fluxo de calor que atravessa a parede cilíndrica poder ser obtido através da equação de Fourier, ou seja:
̇ 𝒅𝑻
Equação 2-16 𝒒̇ = −𝒌 . 𝑨 . 𝒅𝒓
𝑑𝑇
Onde ( ) é o gradiente de temperatura na direção radial
𝑑𝑟
Para configurações cilíndricas a área é uma função do raio:
Equação 2-17 𝑨 = 𝟐 .𝝅 .𝒓 .𝑳
Levando a Equação 2-17 na Equação 2-16, obtemos:
̇ 𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝑟 . 𝐿 .
𝑑𝑟
24
Considerando regime permanente (𝑞̇ é constante), fazendo a separação de variáveis e integrando entre de r1 a r2 e de T1 a T2, conforme
condições da Figura 2-10, chega-se a:
𝑟2 𝑇2
𝑑𝑟
𝑞̇ . ∫ = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑟 𝑇1

𝑞̇ . (ln 𝑟2 − ln 𝑟1 ) = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . (𝑇2 − 𝑇1)


Utilizando propriedades dos logaritmos e usando o sinal “-“ para inverter o ΔT, obtemos:
𝑟
𝑞̇ . ln( 2⁄𝑟1 ) = 𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . (𝑇1 − 𝑇2 )
O fluxo de calor através de uma parede cilíndrica será então:
𝑘 .2 .𝜋 .𝐿
Equação 2-18 𝑞̇ = 𝑟 . 𝛥𝑇
𝑙𝑛( 2⁄𝑟1 )

Para melhor entender o significado da Equação 2-18 consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável pela
linha de distribuição de vapor em uma empresa necessita reduzir as perdas térmicas pelas paredes da tubulação por razões econômicas
(economizar energia nas caldeiras que produzem o vapor). Considerando os termos da Equação 2-18, o engenheiro tem, por exemplo,
as opções listadas na Tabela 2.3.

Tabela 2.3
Var Sentido Ação Explicação
Na Equação 2-18 quanto menor a condutividade (k), menor a
k Diminuir Utilização de material de baixa condutividade
transferência de calor (q̇ )
𝒓𝟐 Aumentar o 𝑟2 ⁄𝑟1 é o mesmo que aumentar a Na Equação 2-18 quanto maior a espessura da tubulação, menor
Aumentar
𝒓𝟏 espessura da parede da tubulação a transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-18 quanto menor o comprimento (L), menor a
L Diminuir Diminuir o comprimento da tubulação
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-18 quanto menor a diferença de temperatura
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
(∆𝑻), menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir o comprimento da tubulação (L), e a diferença de temperatura
(∆𝑻), que são itens inerentes ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar no isolamento térmico do tubo, reduzindo
a condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede cilíndrica. Devido à analogia com a eletricidade, um fluxo de calor
na parede cilíndrica também pode ser representado como:
𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝑟. 𝐿 𝛥𝑇 𝛥𝑇
𝑞̇ = 𝑟2 . 𝛥𝑇 = 𝐫𝟐 =
𝑙𝑛( ⁄𝑟1 ) 𝑙𝑛( ⁄𝐫𝟏 ) 𝑅
𝑘 .2 .𝜋 .𝐿
Então para a parede cilíndrica, a resistência térmica é:
𝒓
𝒍𝒏( 𝟐⁄𝒓𝟏 )
Equação 2-19 𝑹= 𝒌 .𝟐 .𝝅 .𝑳
Para o caso geral em que temos uma associação de paredes “n” cilíndricas associadas em série, por analogia com paredes planas, o fluxo
de calor é dado por:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ . + 𝑅𝑛
𝑅𝑡

Paredes cilíndrica associadas em paralelo não são comuns, mas também seria tratado de maneira similar ao caso das paredes planas:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = +
𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2
25
2.8. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES ESFÉRICAS

Uma das utilizações mais frequentes das configurações esféricas na indústria é na armazenagem de fluidos em baixa temperatura. Devido
a uma maior relação volume/superfície da esfera, os fluxos de calor são minimizados.
Consideremos uma esfera oca submetida à uma diferença de temperatura entre a superfície interna e a superfície externa, como pode
ser visto na Figura 2-11. Se a temperatura da superfície interna for constante e igual a T1, enquanto que a temperatura da superfície
externa se mantém constante e igual a T2, teremos uma transferência de calor por condução no regime permanente. Como exemplo
analisemos a transferência de calor em um reservatório esférico de raio r que contém um fluido em alta temperatura:

Figura 2-11
O fluxo de calor que atravessa a parede esférica poder ser obtido através da equação de Fourier, ou seja:
̇ 𝒅𝑻
Equação 2-20 𝒒̇ = −𝒌 . 𝑨 . 𝒅𝒓
𝑑𝑇
Onde ( ) é o gradiente de temperatura na direção radial
𝑑𝑟
Para configurações esféricas a área é uma função do raio:

Equação 2-21 𝑨 = 𝟒 . 𝝅 . 𝒓𝟐
Levando a Equação 2-21 na Equação 2-20, obtemos:
̇ 𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘 . 4 . 𝜋 . 𝑟 2 .
𝑑𝑟
Considerando regime permanente (𝑞̇ é constante), fazendo a separação de variáveis e integrando entre de r1 a r2 e de T1 a T2, conforme
condições da Figura 2-11, chega-se a:
𝑟2 𝑇2
𝑑𝑟
𝑞̇ . ∫ = −𝑘 . 4 . 𝜋 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑟2 𝑇1
𝑟2 𝑇2
𝑞̇ . ∫ 𝑟 −2 𝑑𝑟 = −𝑘 . 4 . 𝜋 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑇1

𝑞̇ . [−𝑟2−1 − (−𝑟1−1 )] = −𝑘 . 4 . 𝜋 . (𝑇2 − 𝑇1 )


Manipulando e usando o sinal “-“ para inverter o ΔT, obtemos:
1 1
𝑞̇ . (− + ) = 𝑘 . 4 . 𝜋 . (𝑇1 − 𝑇2 )
𝑟2 𝑟1
1 1
𝑞̇ . ( − ) = 𝑘 . 4 . 𝜋 . ∆𝑇
𝑟1 𝑟2
O fluxo de calor através de uma parede esférica será então:
𝑘 .4 .𝜋
Equação 2-22 𝑞̇ = 1 1 . ∆𝑇
(𝑟 −𝑟 )
1 2

Para melhor entender o significado da Equação 2-22 consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável um
reservatório esférico em uma empresa necessita reduzir as perdas térmicas pelas paredes do reservatório por razões econômicas
(economizar energia). Considerando os termos da Equação 2-22, o engenheiro tem, por exemplo, as opções listadas na Tabela 2.4.

26
Tabela 2.4
Var Sentido Ação Explicação
Utilização de material de baixa Na Equação 2-22 quanto menor a condutividade (k), menor
k Diminuir
condutividade a transferência de calor (q̇ )
𝟏 𝟏 Aumentar esta relação é o mesmo que Na Equação 2-22 quanto maior a espessura da tubulação,
− Aumentar
𝒓𝟏 𝒓𝟐 aumentar a espessura da parede menor a transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-22 quanto menor a diferença de temperatura
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
(∆𝑻), menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir a diferença de temperatura (∆𝑻), que é uma necessidade
inerente ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar com o isolamento térmico do reservatório, reduzindo a
condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede esférica. Devido à analogia com a eletricidade, um fluxo de calor
na parede esférica também pode ser representado como:
𝑘 .4 .𝜋 𝛥𝑇 𝛥𝑇
𝑞̇ = . ∆𝑇 = =
1 1 1 1 𝑅
( − ) ( − )
𝑟1 𝑟2 𝑟1 𝑟2
𝑘 .4 .𝜋
Então para a parede esférica, a resistência térmica é:

𝟏 𝟏
(𝒓 −𝒓 )
𝟏 𝟐
Equação 2-23 𝑹= 𝒌 .𝟒 .𝝅
Para o caso geral em que temos uma associação de “n” paredes esféricas associadas em série, por analogia com paredes planas, o fluxo
de calor é dado por:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ . + 𝑅𝑛
𝑅𝑡
Paredes esféricas associadas em paralelo não são comuns, mas também seria tratado de maneira similar ao caso das paredes planas:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = +
𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.7. Uma tubulação industrial tem a configuração de parede cilíndrica, composta de três camadas de diferentes materiais
(tubo de metal, isolante e revestimento), conforme esquema simplificado da figura abaixo. Sendo fornecidos os dados abaixo, calcular:
a) o fluxo de calor transferido por metro de comprimento do tubo
,b) a temperatura na interface entre a camada isolante e a camada de revestimento
𝑟1 = 90 𝑚𝑚 = 0,09 𝑚 𝑟2 = 100 𝑚𝑚 = 0,10 𝑚
𝑟3 = 120 𝑚𝑚 = 0,12 𝑚 𝑟4 = 130 𝑚𝑚 = 0,13 𝑚
𝑘𝐴 = 22,0 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 (tubo metálico)
𝑘𝐵 = 0,051 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 (camada isolante)
𝑘𝐶 = 0,212 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 (camada de revestimento)
𝑇1 = 210 °𝐶 (superfície interna do tubo)
𝑇2 = 30 °𝐶 (superfície externa do revestimento)

27
a) considerando um comprimento do duto de um metro (L = 1 m), temos:
𝑟 0,10
ln (𝑟2 ) ln (0,09) 𝐾
1
𝑅𝐴 = = = 0,000762
𝑘𝐴 . 2. 𝜋. 𝐿 22,0 𝑊 × 2 × 𝜋 × 1𝑚 𝑊
𝑚. 𝐾
0,12 0,13
ln (0,10) 𝐾 ln (0,12) 𝐾
𝑅𝐵 = = 0,569 𝑅𝐶 = = 0,0601
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
0,051 𝑚. 𝐾 × 2 × 𝜋 × 1𝑚 0,212 𝑚. 𝐾 × 2 × 𝜋 × 1𝑚

Todas as resistências estão em série:


𝑅𝑡 = 𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 + 𝑅𝐶 = 0,000762 + 0,569 + 0,0601 = 0,630 K/W
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇1 −𝑇2 210−30
𝑞̇ = = = = 285,7 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑡 0,630

b) para calcular a temperatura de interface isolante/revestimento usamos a analogia com a eletricidade, de modo que o fluxo de calor
calculado no item anterior pode ser expresso como:

𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇2 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 30
𝑞̇ = ⟹ 285,7 = ⟹ 𝑇𝑖𝑛𝑡 = 47,2 °𝐶
𝑅𝐶 0,0601
Observe que também poderia ser usada a expressão abaixo para obter o mesmo resultado
𝑇1 − 𝑇𝑖𝑛𝑡 210 − 𝑇𝑖𝑛𝑡
𝑞̇ = ⟹ 285,7 = ⟹ 𝑇𝑖𝑛𝑡 = 47,2 °𝐶
𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 0,000762 + 0,569

Exercício R.2.8. Um tanque de aço (k=40 Kcal/h.m.°C), de formato esférico e raio interno de 0,5 m e espessura de 5 mm, é isolado com
1½" de lã de rocha (k=0,04 Kcal/h.m.°C). A temperatura da face interna do tanque é 220 °C e a da face externa do isolante é 30 °C. Após
alguns anos de utilização, a lã de rocha foi substituída por outro isolante, também de 1½" de espessura. Foi então notado um aumento
de 10% no calor perdido para o ambiente (mantiveram-se as demais condições). Determinar:
a) fluxo de calor pelo tanque isolado com lã de rocha;
b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura (em polegadas) do novo isolante para que se tenha o mesmo fluxo de calor que era trocado com a lã de
rocha.
𝑟1 = 0,5 𝑚
𝑟2 = 0,5 + 0,005 = 0,505 𝑚
𝑟3 = 0,505 + 1,5" × 0,0254 = 0,5431𝑚
𝑘1 = 40 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝑘2 = 0,04 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝑇1 = 220 °𝐶 𝑇2 = 30 °𝐶

a) no caso, temos duas resistências térmicas de parede esférica associadas em série:


(1⁄0,5−1⁄0,505) (1⁄𝑟 −1⁄𝑟 ) (1⁄ 1
𝐶𝐷 (1⁄𝑟1−1⁄𝑟2 ) ℎ.°𝐶 𝐶𝐷 2 3 0,505− ⁄0,5431) ℎ.°𝐶
𝑅𝑎ç𝑜 = 𝑘1 .4.𝜋
= 40× 4×𝜋
= 0,0000394 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑅𝑖𝑠𝑜 = 𝑘2.4.𝜋
= 0,04× 4×𝜋
= 0,2764 𝑘𝑐𝑎𝑙

Observando que a resistência do aço é muito menor que a do isolante, podemos calcular o fluxo de calor assim:
𝑇3 − 𝑇1 (220 − 30) °𝐶 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝐶𝐷 = = 687,41
𝐶𝐷
𝑅𝑎ç𝑜 + 𝑅𝑖𝑠𝑜 ℎ. °𝐶 ℎ
(0,0000394 + 0,2764)
𝑘𝑐𝑎𝑙

28
b) levando em conta a elevação de 10% no fluxo de calor, após a troca do isolamento:
𝑞′̇ = 1,1 × 𝑞̇ = 1,1 × 687,41 = 756,15 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
Somente a resistência térmica da parede isolante é alterada. Com novo fluxo de calor é possível calcular o seu novo valor:
𝑇3 − 𝑇1 𝑇3 − 𝑇1 220 − 30 ℎ. °𝐶
𝑞′̇ = ⟹ 𝑅′ 𝐶𝐷
𝑖𝑠𝑜 =
𝐶𝐷
− 𝑅𝑎ç𝑜 = − 0,0000394 = 0,2512
𝑅𝑎ç𝑜 + 𝑅′ 𝐶𝐷
𝐶𝐷
𝑖𝑠𝑜 𝑞 ̇ ′ 756,15 𝑘𝑐𝑎𝑙
A partir do valor da nova resistência pode ser calculada a condutividade do novo isolante:

(1⁄𝑟2 − 1⁄𝑟3 ) (1⁄0,505 − 1⁄0,5431 ) 𝑘𝑐𝑎𝑙


′ 𝐶𝐷
𝑅𝑖𝑠𝑜 = ⟹ 0,2512 = ⟹ 𝑘′ 2 = 0,044
𝑘′2 . 4. 𝜋 ′
𝑘2× 4×𝜋 ℎ. 𝑚. °𝐶
c) para obter o mesmo fluxo de calor de antes, a resistência do isolante deve ter o mesmo valor de antes. Como o novo isolante é de pior
qualidade (maior condutividade), será necessário usar uma maior espessura isolante:

(1⁄𝑟2 − 1⁄ ) (1⁄0,505 − 1⁄ )
𝑟′3 𝑟′ 3
𝐶𝐷
𝑅𝑖𝑠𝑜 = ⟹ 0,2764 = ⟹ 𝑟′ 3 = 0,5472 𝑚
𝑘′2 . 4. 𝜋 0,044 × 4 × 𝜋
A nova espessura é calculada pela diferença de raios;
𝑒 = 𝑟′ 3 − 𝑟2 = 0,5472 − 0,505 = 0,0422 𝑚 = 4,22 𝑐𝑚 = 1,66"

Exercício R.2.9. Um tanque de armazenamento tem diâmetro de 1,20 m, comprimento de 6 m e as extremidades hemisféricas é feito de
aço e tem resistência térmica desprezível. O tanque contém oxigênio líquido a -182,8 °C, que é a temperatura de vaporização do oxigênio.
Procura-se um isolante térmico que reduza a taxa de evaporação em regime permanente a não mais que 10 Kg/h. O calor de vaporização
do oxigênio é 51,82 Kcal/Kg. A temperatura ambiente varia entre 15 °C (inverno) e 40 °C (verão) e a espessura do isolante deve ser 75
mm. Desconsiderando as resistências de convecção, calcule qual deverá ser a condutividade térmica do isolante.
𝑟𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 1,2/2 = 0,6 𝑚 𝑒 = 75 𝑚𝑚 = 0,075 𝑚
𝐿 = 6 − 2 × 0,6 = 4,8 𝑚 (parte cilindrica)
𝑟𝑖𝑠𝑜 = 𝑟𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 + 𝑒 = 0,6 + 0,075 = 0,675𝑚
𝑇𝑖 = −182,8 °𝐶 𝑇2 = 40 °𝐶 (máximo ∆T)
𝑚̇ = 10 𝑘𝑔/ℎ ∆𝐻𝑣𝑎𝑝 = 51,82 𝑘𝑐𝑎𝑙/𝑘𝑔

Como o oxigênio está na temperatura de ebulição, todo o calor transferido para o tanque será utilizado na transformação de fase.
Portanto, o fluxo de calor máximo permitido pode ser calculado a partir da máxima taxa de vaporização permitida:
̇
𝑞̇ = 𝑚̇ . ∆𝐻𝑣𝑎𝑝 = 10 𝑘𝑔⁄ℎ × 51,82 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ = 518,2 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
Este fluxo de calor atravessa a camada isolante por condução, uma parte através da camada esférica (composta de duas metades
hemisféricas) e outra através da camada cilíndrica. Então:
(𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (40 − [−182,8]) (40 − [−182,8])
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑖𝑐𝑜 + 𝑞̇ 𝑒𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑜 = + = +
𝑟𝑖𝑠𝑜 1 1 0,675 1 1
ln (𝑟 ) ( ) ln ( ) (0,6 − )
𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 − 𝑟𝑖𝑠𝑜 0,6 0,675
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 𝐿 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 4. 𝜋 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 4,8 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 4. 𝜋
222,8 222,8 𝑘𝑐𝑎𝑙
518,2 + ⟹ 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,0072
1 0,118 1 0,185 ℎ. 𝑚. °𝐶
× ×
𝑘𝑖𝑠𝑜 30,16 𝑘𝑖𝑠𝑜 12,6

Exercício R.2.10. A parede de um forno industrial é composta de duas camadas: tijolos refratários (k = 0,3 Btu/h.ft.°F) por dentro, e tijolos
isolantes por fora (k = 0,05 Btu/h.ft.°F). A temperatura da face interna do refratário é 1600 °F e a da face externa do isolante é 80 °F. O
forno tem formato de prisma retangular de 8,0 ft de comprimento, 4,5 ft largura e 5,0 ft de altura e a espessura total da parede é 1,3 ft.
Considerando uma perda de calor de 36000 Btu/h e que a transferência de calor se dá apenas pelas paredes laterais, pede-se:
29
a) a espessura de cada um dos materiais que compõem a parede;
b) colocando-se uma janela de inspeção retangular de 0,45 ft X 0,30 ft, feita com vidro refratário de 6" de espessura (k = 0,65 Btu/h.ft.°F)
em uma das paredes do forno, determinar o novo fluxo de calor;
c) qual deveria ser a espessura dos tijolos isolantes, no caso do item anterior, para que o fluxo de calor fosse mantido em 36000 Btu/h.

𝑇1 = 1600 °𝐹 𝑇2 = 80 °𝐹
𝑘𝑟𝑒𝑓 = 0,3 𝐵𝑡𝑢/ℎ. 𝑓𝑡. °𝐹 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,05 𝐵𝑡𝑢/ℎ. 𝑓𝑡. °𝐹
𝐿 = 𝐿𝑟𝑒𝑓 + 𝐿𝑖𝑠𝑜 = 1,3 𝑓𝑡
5 ft
𝐴 = 2 × (8 × 5) + 2 × (4,5 × 5) = 125 𝑓𝑡 2 (lateral)
4,5 ft
8 ft

a) A resistência térmica da parede composta a partir do fluxo de calor perdido pelas paredes e da diferença de temperatura total:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵𝑡𝑢 (1600 − 80) °𝐹 ℎ. °𝐹
𝑞̇ = ⟹ 36.000 = ⟹ 𝑅𝑡 = 0,0422
𝑅𝑡 ℎ 𝑅𝑡 𝐵𝑡𝑢
Em associação em série a resistência total é igual à soma das resistências individuais:
𝐿𝑟𝑒𝑓 𝐿𝑖𝑠𝑜 𝐿𝑟𝑒𝑓 𝐿𝑖𝑠𝑜
𝑅𝑡 = 𝑅𝑟𝑒𝑓 + 𝑅𝑖𝑠𝑜 = + ⟹ + ⟹ 0,042 = 0,0267 × 𝐿𝑟𝑒𝑓 + 0,16 × 𝐿𝑖𝑠𝑜
𝑘𝑟𝑒𝑓 . 𝐴 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝐴 0,3 × 125 0,05 × 125
Como existem 2 incógnitas, é necessária outra equação. Como a soma das espessuras das paredes individuais é igual à espessura da
parede composta, temos o seguinte sistema de equações:
0,0422 = 0,0267 × 𝐿𝑟𝑒𝑓 + 0,16 × 𝐿𝑖𝑠𝑜
{ de onde, 𝐿𝑟𝑒𝑓 = 1,243 𝑓𝑡 𝑒 𝐿𝑖𝑠𝑜 = 0,057𝑓𝑡
1,3 = 𝐿𝑟𝑒𝑓 + 𝐿𝑖𝑠𝑜
b) A janela de inspeção é uma parede que está associada em paralelo com os tijolos. As áreas de cada parede e os dados do vidro são:
𝐴𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 0,45 × 0,30 = 0,135 𝑓𝑡 2 𝐴𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 = 125 − 0,135 = 124,865 𝑓𝑡 2
𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 0,65 𝐵𝑡𝑢/ℎ. 𝑓𝑡. °𝐹 𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 0,4" = 0,0333 𝑓𝑡
As resistências envolvidas, considerando as novas áreas, são:
𝐿𝑟𝑒𝑓 1,243 ℎ. °𝐹 𝐿𝑖𝑠𝑜 0,057 ℎ. °𝐹
𝑅′𝑟𝑒𝑓 = = = 0,0332 𝑅′𝑖𝑠𝑜 = = = 0,00913
𝑘𝑟𝑒𝑓 . 𝐴𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 0,3 × 124,865 𝐵𝑡𝑢 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝐴𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 0,05 × 124,865 𝐵𝑡𝑢
𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,0333 ℎ. °𝐹
𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = = = 0,3795
𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 . 𝐴𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,65 × 0,135 𝐵𝑡𝑢
A resistência dos tijolos de refratário e isolantes estão em série:
ℎ.°𝐹
𝑅′𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 = 𝑅′𝑟𝑒𝑓 + 𝑅′𝑖𝑠𝑜 = 0,0332 + 0,00913 = 0,04233 𝐵𝑡𝑢

A resistência dos tijolos e do vidro estão em paralelo:


1 1 1 1 1 ℎ. °𝐹
= + = + = 26,2589 ⟹ 𝑅′ 𝑡 = 0,0381
𝑅′𝑡 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 𝑅′𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 0,3795 0,04233 𝐵𝑡𝑢
O fluxo de calor pelas paredes, considerando a janela de inspeção, é:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (1600 − 80) °𝐹 𝐵𝑡𝑢
𝑞 ′̇ = ′ = = 39.895
𝑅𝑡 ℎ. °𝐹 ℎ
0,0381
𝐵𝑡𝑢
c) para que o fluxo de calor seja o mesmo de antes o valor da resistência total deve voltar a ser o mesmo. Neste caso, após a colocação
da janela de inspeção, deve haver um aumento de espessura do isolamento.
𝐵𝑡𝑢 ℎ. °𝐹
𝑞̇ = 36.000 ⟹ 𝑅𝑡 = 0,0422
ℎ 𝐵𝑡𝑢
Assim a nova resistência dos tijolos deve ser:
1 1 1 1 1 1 ℎ. °𝐹
= + ⟹ = + ⟹ 𝑅′′ 𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 = 0,04748
𝑅𝑡 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 𝑅′′ 𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 0,0422 0,3795 𝑅′′ 𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 𝐵𝑡𝑢
30
A partir daí é possível calcular a nova resistência necessária no isolamento:
ℎ. °𝐹
𝑅′′𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 = 𝑅′𝑟𝑒𝑓 + 𝑅′′𝑖𝑠𝑜 ⟹ 0,04748 = 0,0332 + 𝑅′′ 𝑖𝑠𝑜 ⟹ 𝑅′′ 𝑖𝑠𝑜 = 0,01428
𝐵𝑡𝑢
Finalmente, pode ser obtida a nova espessura do isolamento:
𝐿′𝑖𝑠𝑜 𝐿′ 𝑖𝑠𝑜
𝑅′′ 𝑖𝑠𝑜 = ⟹ 0,01428 = ⟹ 𝐿′ 𝑖𝑠𝑜 = 0,0891 𝑓𝑡
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝐴𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 0,05.124,865

Exercício R.2.11. Uma camada de material refratário (k=1,5 kcal/h.m.°C) de 50 mm de espessura está localizada entre duas chapas de
aço (k = 45 kcal/h.m.°C) de 6,3 mm de espessura. As faces da camada refratária adjacentes às placas são rugosas de modo que apenas 30
% da área total está em contato com o aço. Os espaços vazios são ocupados por ar (k=0,013 kcal/h.m.°C) e a espessura média da
rugosidade de 0,8 mm. Na rugosidade, o ar está parado (considerar apenas a condução). Considerando que as temperaturas das
superfícies externas da placa de aço são 430 °C e 90 °C, respectivamente; calcule o fluxo de calor que se estabelece na parede composta.

𝑘𝑎ç𝑜 = 45 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶 𝑘𝑟𝑒𝑓 = 1,5 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶


𝑘𝑎𝑟 = 0,013 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝐿𝑟𝑒𝑓 = 50 𝑚𝑚
𝐿𝑎ç𝑜 = 6,3 𝑚𝑚 = 0,0063 𝑚
𝐿𝑟𝑢𝑔 = 0,8 𝑚𝑚 = 0,0008 𝑚
𝐿′𝑟𝑒𝑓 = 50 − (2 × 0,8) = 48,4 𝑚𝑚 = 0,0483 𝑚
𝑇1 = 430 °𝐶 𝑇2 = 90 °𝐶
2 𝑟𝑒𝑓
𝐴=1𝑚 𝐴𝑎𝑟
𝑟𝑢𝑔 = 1 × 0,7 = 0,7 𝑚2 𝐴𝑟𝑢𝑔 = 1 × 0,3 = 0,3 𝑚2

O circuito equivalente para a parede composta é:

Cálculo das resistências térmicas (para uma área unitária):


𝐿𝑎ç𝑜 0,0063 𝑚 ℎ. °𝐶 𝐿𝑟𝑢𝑔 0,0008 𝑚 ℎ. °𝐶
𝑅1 = = = 0,00014 𝑅2 = = = 0,08791
𝑘𝑎ç𝑜 . 𝐴 45 𝑘𝑐𝑎𝑙 × 1 𝑚2 𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑎𝑟 . 𝐴𝑟𝑢𝑔 0,013 𝑘𝑐𝑎𝑙 × 0,7 𝑚2
𝑎𝑟 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ. 𝑚. °𝐶 ℎ. 𝑚. °𝐶
𝐿𝑟𝑢𝑔 0,0008 𝑚 ℎ. °𝐶 𝐿′𝑟𝑒𝑓 0,0484 𝑚 ℎ. °𝐶
𝑅3 = 𝑟𝑒𝑓 = = 0,0018 𝑅4 = = = 0,0323
𝑘𝑟𝑒𝑓 . 𝐴𝑟𝑢𝑔 1,5 𝑘𝑐𝑎𝑙 2 𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑟𝑒𝑓 . 𝐴 1,5 𝑘𝑐𝑎𝑙 2 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ. 𝑚. °𝐶 × 0,3 𝑚 ℎ. 𝑚. °𝐶 × 1 𝑚
A resistência equivalente à parede rugosa (refratário em paralelo com o ar) é:
1 1 1 1 1 ℎ. °𝐶
= + = + ⟹ 𝑅2//3 = 0,00176
𝑅2//3 𝑅2 𝑅3 0,08791 0,0018 𝑘𝑐𝑎𝑙
A resistência total, agora, é obtida por meio de uma associação em série:

ℎ.°𝐶
𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2//3 + 𝑅4 + 𝑅2//3 + 𝑅1 = 0,00014 + 0,00176 + 0,0323 + 0,00176 + 0,00014 = 0,0361 𝑘𝑐𝑎𝑙

O fluxo de calor é então:


(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇1 − 𝑇2 (430 − 90) °𝐶 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = = = = 9418,3
𝑅𝑡 𝑅𝑡 ℎ. °𝐶 ℎ
0,0361
𝑘𝑐𝑎𝑙
31
Exercícios Propostos:

Exercício P.2.1. Em uma indústria farmacêutica, pretende-se dimensionar uma estufa. Ela terá a forma cúbica de 1 m de lado e será
construída de aço (k = 40 kcal/h.m.°C), com 10 mm de espessura, isolada com lã de vidro (k= 0,08 kcal/h.m.°C) e revestida com plástico
(k= 0,2 kcal/h.m.°C) de 10 mm de espessura. O calor será inteiramente gerado por resistências elétricas de 100 , pelas quais passará
uma corrente de 10 A (Potência Gerada = R . i2 ). Não pode ser permitida uma perda de calor superior a 10 % do calor gerado. Sabendo-
se que as temperaturas nas faces das paredes, interna e externa, são respectivamente 300 °C e 20 °C, pede-se:
a) a resistência térmica exigida na parede da estufa;
b) a espessura da lã de vidro. Dado: 1 W = 0,86 Kcal/h
Respostas: a) 0,326 h. o C/Kcal b) 152,1 mm

Exercício P.2.2. Um reservatório metálico (k = 52 W/m.K), de formato esférico, tem diâmetro interno 1,0 m, espessura de 5 mm, e é
isolado com 20 mm de fibra de vidro (k = 0,034 W/m.K). A temperatura da face interna do reservatório é 200 °C e a da face externa do
isolante é 30 °C. Após alguns anos de utilização, a fibra de vidro foi substituída por outro isolante, mantendo a mesma espessura de
isolamento. Após a troca do isolamento, notou-se uma elevação de 15% na transferência de calor, bem como uma elevação de 2,5 °C na
temperatura da face externa do isolante. Determinar:
a) o fluxo de calor antes da troca do isolamento;
b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura do novo isolamento para que as condições de temperatura externa e fluxo voltassem a ser as mesmas
de antes.
Respostas: a) 962,7 W b) 0,040 W/m.K c) 23,5 mm

Exercício P.2.3. Um tubo de aço (k = 35 kcal/h.m.°C) tem diâmetro externo de 3”, espessura de 0,2”, 150 m de comprimento e transporta
amônia a -20 °C (resistência de convecção desprezível). Para isolamento do tubo existem duas opções: isolamento de espuma de borracha
(k = 0,13 kcal/h.m.°C) de 3” de espessura e isolamento de isopor (k = 0,24 kcal/h.m.°C) de 2” de espessura. Por razões de ordem técnica
o máximo fluxo de calor não pode ultrapassar 7000 Kcal/h. Sabendo que a temperatura na face externa do isolamento é 40 °C, pede-se:
a) as resistências térmicas dos isolantes;
b) calcule o fluxo de calor para cada opção e diga qual isolamento deve ser usado;
c) para o que não servir, calcule qual deveria ser a espessura mínima para atender o limite de fluxo de calor.
Respostas: a) 0,00897 h.°C/Kcal e 0,00375 h.°C/Kcal b) 6685,7 Kcal/h 15981,7 Kcal/h c) 8,9”

Exercício P.2.4. Um forno de 6 m de comprimento, 5m de largura e 3 m de altura tem sua parede constituída de 3 camadas. A camada
interna de 0,4 m é de tijolos refratários (k=1,0 kcal/h.m.°C). A camada intermediária de 0,30 m tem a metade inferior de tijolos especiais
(k=0,20 kcal/h.m.°C) e a metade superior de tijolos comuns (k=0,40 kcal/h.m.°C). A camada externa de 0,05m é de aço (k=30 kcal/h.m.°C).
Sabendo-se que a superfície interna está a 1700 °C e a superfície externa está a 60 °C. Pede-se:
a) o fluxo de calor pela parede, desprezando o piso e o teto do forno.
b) considerando que após, alguns anos o fluxo de calor aumentou 10 % devido ao desgaste da camada de refratários. Calcular este
desgaste supondo que o mesmo foi uniforme em todo o forno e que a temperaturas são as mesmas.
Respostas: a) 77222 Kcal/h b) 12,7 cm

Exercício P.2.5. Uma longa camada isolante de 9 mm de espessura é utilizada como isolante térmico de um equipamento. A camada
isolante é composta de borracha e possui um grande número de vazios internos de seção quadrada e preenchidos com ar parado,
conforme mostra o esquema na figura abaixo. A condutividade térmica da borracha é 0,097 W/m.K e a condutividade térmica do ar
parado é 0,022 W/m.K. Considerando que a temperatura da face quente da camada é 120 °C e a da face fria é 45 °C, determine:
a) a fluxo de calor transferido por unidade de área da camada isolante;

32
b) a percentagem de variação do fluxo de calor caso a camada isolante seja substituída por outra de borracha maciça de mesma
espessura.

3 mm
3 mm
3 mm

3 mm
Ar parado
Borracha 3 mm

Respostas: a) 667,96 W b) +21%

Exercício P.2.6. A parede de um forno é constituída de uma camada de 30 cm de um refratário cuja condutividade térmica é uma função
da temperatura (k = 0,15 + 0,0001 * T). A temperatura na face interna do refratário é 1050 °C e na face externa é 250 °C. Calcular o fluxo
de calor através da parede.
Respostas: a) 573,3 Kcal/h

Exercício P.2.7. (Questão ENADE 2014). Um ambiente termicamente confortável é uma das condições que devem ser consideradas em
projetos de edificações. A fim de projetar um ambiente interno com temperatura de 20 °C para uma temperatura externa média de 35
°C, um engenheiro considerou um fluxo de calor através de uma parede externa de 105 W/m2, conforme a figura abaixo

A fim de se obter a temperatura interna desejada, qual deve ser o material selecionado, entre os apresentados na tabela acima, para
composição da parede externa.
Resposta: Concreto

Exercício P.2.8. Uma tubulação de aço (k=25 Kcal/h.m.°C), com raio interno de 10 cm. espessura de 5 mm e 5 m de comprimento, é
isolada com ½" de lã de vidro (k=0,04 Kcal/h.m.°C). A temperatura da face interna da tubulação é 220 °C e a da face externa do isolante
é 30 °C. Após alguns anos de utilização, a lã de vidro foi substituída por outro isolante, também de ½" de espessura. Foi então notado um
aumento de 20 % no calor perdido para o ambiente (mantiveram-se as demais condições). Determinar:
a) fluxo de calor pela tubulação isolada com lã de vidro;
b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura (em polegadas) do novo isolante para que se tenha o mesmo fluxo de calor que era trocado com a lã de
vidro.
a) 2.089,69 kcal/h b) 0,0479 kcal/h.m.°C c) 0,61”

33
3. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO

3.1. MECANISMO DA CONVECÇÃO

A convecção pode ser definida como o processo pelo qual energia é transferida das porções quentes para as porções frias de um fluido
através da ação combinada de: condução de calor, armazenamento de energia e movimento de mistura.
O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido considerando, por exemplo, um circuito impresso (chip) sendo
refrigerado por um fluxo de ar ventilado, como mostra a Figura 3-1:

Figura 3-1

No exemplo da Figura 3-1, a velocidade da camada de ar próxima à superfície tende a zero em razão das forças viscosas (atrito). Nesta
região o calor pode ser transferido por condução (meio estacionário). Ocorre, portanto, um armazenamento de energia pelas partículas
presentes nesta região. Na medida que estas partículas passam para a região de velocidade mais alta, devido ao movimento aleatório
das mesmas, elas são carreadas pelo fluxo de ar, transferindo calor para as partículas mais frias.
No caso acima dizemos que a convecção foi forçada, pois o movimento de mistura foi induzido por um agente externo, no caso um
ventilador.
Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste caso, as partículas que estão próximas à superfície continuam recebendo calor por
condução e armazenando a energia. Estas partículas têm sua temperatura elevada e, portanto, a densidade reduzida. Já que são mais
leves elas sobem trocando calor com as partículas mais frias (e mais pesadas) que descem. Neste caso dizemos que a convecção é natural
e o movimento do fluido é causado por forças de flutuação induzidas pelas diferenças de densidade causadas por diferenças de
temperatura no fluido. É óbvio que, na convecção forçada, a quantidade de calor transferida é maior na convecção natural.
Um exemplo bastante conhecido de convecção natural é movimento do ar no interior de uma geladeira, como mostrado na Figura 3-2.
Neste caso, o ar frio proveniente do freezer desce, trocando calor com os alimentos. À medida que a temperatura do ar aumenta, pela
troca de calor e pela absorção do calor que entra pelas paredes, o mesmo volta a subir para transferir este calor novamente no freezer
e reiniciar o processo.

Figura 3-2

34
3.2. LEI BÁSICA DA CONVECÇÃO

O calor transferido por convecção, na unidade de tempo, entre uma superfície e um fluido em diferentes temperaturas, pode ser
calculado através da relação proposta por Isaac Newton:

Equação 3-1 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
𝑞̇: fluxo de calor transferido por convecção (W, kcal/h Btu/h)
𝐴: área de transferência de calor da superfície para o fluido (m2, ft2)
∆𝑇: diferença de temperatura entre a superfície (𝑇𝑆 ) e o fluido (𝑇∞ ) em um local bastante afastado da superfície (K, °C, °F)
ℎ: coeficiente de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película
A Figura 3-3 ilustra o perfil de temperatura e o ∆𝑇 para o caso de um fluido escoando sobre uma parede aquecida ou resfriada.
Observamos que existe uma película, a ser discutida no próximo item, onde ocorrem as variações de temperatura.

Figura 3-3
A simplicidade da equação de Newton é ilusória, pois ela não explícita as dificuldades envolvidas no estudo da convecção, servindo
apenas como uma definição do coeficiente de película (h). O coeficiente de película é, na realidade, uma função complexa do escoamento
do fluido, das propriedades físicas do meio fluido e da geometria do sistema. Seu valor numérico não é, em geral, uniforme sobre a
superfície. Por isto utiliza-se um valor médio para a superfície. A partir da Equação 3-1, podem ser obtidas as unidades do coeficiente de
película.
𝑞̇
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇 ⟹ ℎ=
𝐴 . ∆𝑇
𝑊
No SI: [ℎ] =
𝑚2 .𝐾
𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝐾𝑐𝑎𝑙
No Sistema Métrico: [ℎ ] = =
𝑚2 . °𝐶 ℎ.𝑚2 .°𝐶
𝐵𝑡𝑢/ℎ 𝐵𝑡𝑢
No Sistema Inglês: [𝑘 ] = =
𝑓𝑡 2 . °𝐹 ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹

A Tabela 3.1 mostra, para diversos meios, ordens de grandeza do coeficiente de película em unidade do sistema internacional:

Tabela 3.1
Condição de Transferência de Calor h (W/m2.K)
Convecção natural no ar 5 a 30
Convecção natural na água 30 a 100
Convecção forçada no ar 30 a 300
Convecção forçada em óleo leve 60 a 1.800
Convecção forçada na água 300 a 18.000
Água evaporando ou condensando 3.000 a 120.000

35
3.3. CAMADA LIMITE

Quando um fluido escoa ao longo de uma superfície, seja o escoamento em regime laminar ou turbulento, as partículas na vizinhança da
superfície são desaceleradas em virtude das forças viscosas. A porção de fluido contida na região de variação substancial de velocidade,
ilustrada na Figura 3-4, é denominada de camada limite hidrodinâmica ().

Figura 3-4
Consideremos agora o escoamento de um fluido ao longo de uma superfície quando existe uma diferença de temperatura entre o fluido
e a superfície. Neste caso, O fluido contido na região de variação substancial de temperatura é chamado de camada limite térmica (t).
Por exemplo, analisemos a transferência de calor para o caso de um fluido escoando sobre uma superfície aquecida, como mostra a
Figura 3-5. Para que ocorra a transferência de calor por convecção através do fluido é necessário um gradiente de temperatura (camada
limite térmica) em uma região de baixa velocidade (camada limite hidrodinâmica).

Figura 3-5
O mecanismo da convecção pode então ser entendido como a ação combinada de condução de calor na região de baixa velocidade onde
existe um gradiente de temperatura e movimento de mistura na região de alta velocidade. Portanto, na região de baixa velocidade a
condução é mais importante, por outro lado, a região de alta velocidade a mistura entre o fluido mais quente e o mais frio contribui
substancialmente para a transferência de calor.
Na camada limite térmica tem-se, portanto, elevados gradientes de temperatura e pode-se dizer que o estudo do fenômeno da convecção
se reduz ao estudo da condução através da mesma. Portanto, considerando a camada limite térmica como uma "parede" hipotética de
espessura t e condutividade térmica kt, temos:
Fluxo de calor por condução (Equação 2-4) na camada limite térmica:
𝑘𝑡 .𝐴
Equação 3-2 𝑞̇ = . Δ𝑇
𝛿𝑡
Pela equação de Newton (Equação 3-1), temos que o fluxo de calor por convecção:
Equação 3-3 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇
Igualando a Equação 3-2 e a Equação 3-3, obtemos:
𝑘𝑡 . 𝐴
. Δ𝑇 = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇
𝛿𝑡

36
𝒌𝒕
Equação 3-4 𝒉= 𝜹𝒕
Embora essa imagem seja consideravelmente simplificada, a Equação 3-4 mostra que o coeficiente de película é inversamente
proporcional à espessura da camada limite térmica. Desta forma, pode entendida, por exemplo, a ação de um ventilador. O aumento da
velocidade do fluido causado pela rotação das pás resulta aumento da velocidade de escoamento e, como consequência, em redução da
camada limite térmica sobre a nossa pele. A Equação 3-4 mostra que isto resulta em uma elevação do coeficiente de película. Esta
elevação do coeficiente de película é responsável pelo aumento da transferência de calor por convecção, conforme Equação 3-1, e pela
consequente sensação de alívio do calor.

3.4. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA

Como visto anteriormente, o coeficiente h é uma função complexa de uma série de variáveis dos seguintes tipos (unidades no SI):
• Dimensão Característica
L: é a dimensão que domina o fenômeno da convecção. Exemplo: diâmetro de um tubo, altura de uma placa, etc. (m)
• Propriedades Físicas do Fluido
: viscosidade dinâmica do fluido (N.s/m2)
: massa específica (densidade) do fluido (kg/m3)
c: calor específico do fluido (J/kg.K)
k: condutividade térmica do fluido (W/m.K)
: coeficiente de expansão volumétrica (1/K)
• Estado de Movimento do Fluido
V: velocidade do fluido (m/s)
g: aceleração da gravidade (m/s2)
T: diferença de temperatura entre a superfície e o fluido (K)
Logo, o coeficiente de película é uma função das seguintes variáveis:

ℎ = 𝑓 (𝐿, 𝜇, 𝜌, 𝑐, 𝑘, 𝛿, 𝑉, 𝑔, Δ𝑇 … )
Uma fórmula que levasse em conta todos estes parâmetros seria extremamente complexa. O problema é, então, contornado dividindo-
se o estudo em casos particulares. Por exemplo, o estudo da convecção pode ser subdividido em convecção forçada ou natural. A
convecção forçada pode ser em parede plana ou cilíndrica. A parede plana pode horizontal ou vertical, etc.
Para cada caso particular são obtidas equações empíricas através da técnica de análise dimensional combinada com experiências, onde
os coeficientes de película são calculados a partir de equações empíricas obtidas correlacionando-se os dados experimentais com o auxílio
da análise dimensional. Os resultados são obtidos na forma de equações dimensionais conforme o regime de escoamento:

• Para Convecção Forçada a equação é do tipo:


𝑁𝑢 = 𝑓 (𝑅𝑒 , 𝑃𝑟)
ℎ. 𝐿 𝜌 .𝑉 .𝐿 𝑐𝑝 .𝜇
Onde, 𝑁𝑢𝑠𝑠𝑒𝑙𝑡: 𝑁𝑢 = 𝑘
𝑅𝑒𝑦𝑛𝑜𝑙𝑑𝑠: 𝑅𝑒 = 𝜇
𝑃𝑟𝑎𝑛𝑑𝑡; 𝑃𝑟: 𝑘

• Para Convecção Natural a equação é do tipo:


𝑁𝑢 = 𝑓 (𝐺𝑟 , 𝑃𝑟)
𝐷3 . 𝛿 . 𝑔 . ∆𝑇
Onde, 𝐺𝑟𝑎𝑠ℎ𝑜𝑓: 𝐺𝑟 = 𝜇2

Os exemplos a seguir ilustram algumas equações dimensionais utilizadas em alguns casos específicos:
37
Exemplo 1: Escoamento forçado de um fluido no interior de um tubo de diâmetro D no regime de escoamento turbulento (Re > 3300).
Neste caso, usamos a seguinte equação:
𝑁𝑢 = 0,023 . 𝑅𝑒 0,8 . 𝑃𝑟 𝑛
𝑛 = 0,3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑟𝑖𝑎𝑛𝑑𝑜
Onde, {
𝑛 = 0,4 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑛𝑑𝑜

Exemplo 2: Convecção natural sobre placas verticais de altura L e cilindros de grande diâmetro e altura D e quando Gr.Pr < 108. Neste
caso, usamos a seguinte equação:
𝑁𝑢 = 0,56 . (𝐺𝑟 , 𝑃𝑟)0,25

Exercícios Resolvidos

Exercício R.3.1. Em uma placa plana horizontal de 150 mm de comprimento e 100 mm de largura a temperatura deve ser mantida em
135 °C, por meio de aquecimento elétrico, enquanto que o ar ambiente está a 25 °C. Para estas condições específicas, sabe-se que o
número de Grashof é 2,2 x 107 e o número de Prandt é 0,7. Sabendo que a equação empírica, obtida com o auxílio da análise dimensional,
que descreve a convecção natural (regime laminar) em uma placa plana é dada pela equação abaixo:
1⁄ 1⁄ ℎ. 𝐿
𝑁𝑢 = 0,555 . 𝐺𝑟 4 . 𝑃𝑟 4 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑁𝑢 = (𝐿: comprimento da placa)
𝑘
Calcular o fluxo de calor por transferido por convecção, por ambos lados da placa, para o ar
atmosférico, considerando a condutividade térmica do ar igual a 0,026 Kcal/h.m.°C.
Resolução:
No caso, a dimensão característica (L) é comprimento da placa: L = 0,15 m
O coeficiente de película do ar em volta da placa é calculado a partir da equação dimensional
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,555 . 𝐺𝑟 4 . 𝑃𝑟 4

ℎ × 0,15 𝑚 1 1 𝑘𝑐𝑎𝑙
= 0,555 × (2,2 × 10−7 ) ⁄4 × (0,7) ⁄4 ⟹ ℎ = 6,03
0,026
𝑘𝑐𝑎𝑙 ℎ. 𝑚2 . °𝐶
ℎ. 𝑚. °𝐶
O fluxo de calor por convecção é obtido pela equação de Newton:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇 = 6,03 × [2 × (0,10 × 0,15)]𝑚2 × (135 − 25) °𝐶
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑞̇ = 19,86 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

Exercício R.3.2. Em uma instalação industrial, ar quente a 300 °C flui sobre uma fina placa metálica plana, com velocidade de 36 km/h.
Como a placa contém alguns sensores, a mesma deve ser mantida a uma temperatura de 27 °C. Para isto, utiliza-se um sistema de
refrigeração composto por tubos sob a placa, por onde circula água de refrigeração. Considerando que a placa é quadrada, com 1,5 m de
lado, determine o fluxo de calor a ser extraído pelo sistema de refrigeração para manter a placa na temperatura de 27 °C.
Dados/Informações Adicionais para o Exercício:
- Considere regime permanente e despreze os efeitos da radiação e da condução.
- Para fluxo laminar (Re < 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada:
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . 𝑅𝑒 2 . 𝑃𝑟 3

- Para fluxo turbulento (Re > 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada:
4⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,0296 . 𝑅𝑒 5 . 𝑃𝑟 3

38
ℎ. 𝐿
- Número de Nulsselt: 𝑁𝑢 = 𝐾
Onde: h: coeficiente de película W/m2.K), L: largura da placa (m) e k: condutividade térmica do ar (W/m.K)
𝑉. 𝐿
- Número de Reynolds: 𝑅𝑒 = 𝜐
Onde: V: velocidade do fluxo de ar (m/s) e : viscosidade cinemática do ar (m2/s)
- Número de Prandt: Pr (função da temperatura da película)
- As propriedades do ar e o número de Prandt são tabelados em função temperatura da película. Calculando a temperatura da película
(média entre a superfície o fluxo de ar), obtemos, em uma tabela de propriedades do ar, os seguintes dados:
𝑇𝑆 + 𝑇∞ 27 + 300
𝑇𝑝𝑒𝑙í𝑐𝑢𝑙𝑎 = = 163,5 °𝐶
2 2
• Condutividade térmica do ar: k = 0,0364 W/m.K
• Viscosidade cinemática do ar:  = 3,13 X 10-5 m2/s
• Número de Prandt: Pr = 0,687
Resolução:
V= 36 km/h = 10 m/s Ar Quente
L= 1,5 m
= 3,13E-05 m2/s
K= 3,64E-02 W/m.K
1,5 m
Tar = 300 °C
Tchapa = 27 °C
Pr = 0,687
Cálculo do número de Reynolds:
𝑉. 𝐿 10 ×1,5
𝑅𝑒 = = 3,13 × 10−5 = 479233,2
𝜐
Portanto, como Re < 500.000, a equação escolhida é:
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . 𝑅𝑒 2 . 𝑃𝑟 3

1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . (479233,2) 2 . (0,687) 3 = 405,59
Com o número de Nulsselt, calculamos o coeficiente de película:
ℎ .𝐿 𝑁𝑢 . 𝑘 405,59 × 0,0364 𝑊
𝑁𝑢 = ⟹ ℎ= = = 9,84 2
𝑘 𝐿 1,5 𝑚 .𝐾
O fluxo de calor transferido por convecção para a placa é obtido pela equação de Newton e é também o fluxo de calor que tem que ser
extraído pelo sistema de refrigeração:
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
𝑊
𝑞̇ = 9,85 × . (1,5 × 1,5) 𝑚2 . (300 − 27) 𝐾
𝑚2 . 𝐾
𝑞̇ = 6041,2 𝑊

3.5. RESISTÊNCIA TÉRMICA NA CONVECÇÃO

Como visto anteriormente, a expressão para o fluxo de calor transferido por convecção é dada pela Equação 3-1:
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
39
Um fluxo de calor é também uma relação entre um potencial térmico e uma resistência:
∆𝑻
Equação 3-5 𝒒̇ = 𝑹
Igualando a Equação 3-1 e a Equação 3-5, obtemos a expressão para a resistência térmica na convecção:
∆𝐓
= ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
𝐑
1
Equação 3-6 𝑅 = ℎ .𝐴
Note que, pela Equação 3-6, a resistência térmica da convecção diminui à medida que aumenta o coeficiente de película (h). Por exemplo,
quando nos colocamos em frente de um ventilador e, por consequência, elevamos o coeficiente de película em relação ao ar ambiente
devido à uma maior velocidade do ar em movimento, estamos aumentando o coeficiente de película e reduzindo a resistência da
convecção. Como resultado, aumentamos a transferência de calor por convecção.

3.6. MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR (CONDUÇÃO E CONVECÇÃO)

Consideremos uma parede plana situada entre dois fluidos a diferentes temperaturas, conforme ilustra a Figura 3-6. Se as temperaturas
T1 e T4 dos fluidos são constantes, será estabelecido um fluxo de calor constante através da parede (regime permanente).
Um bom exemplo desta condição é o fluxo de calor transferido de dentro de um forno de cozinha para o ambiente externo. Neste caso,
o calor é transferido por convecção até a face interna da parede plana, atravessa a parede plana do fogão por condução e se dissipa,
novamente por convecção, no ar ambiente.

Figura 3-6
Utilizando a equação de Newton para a convecção (Equação 3-1) e a equação para o fluxo de calor por condução em uma parede plana
(Equação 2-4), podemos obter as seguintes equações para o fluxo de calor transferido pelo forno em cada região específica:
Convecção interna: 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇1 − 𝑇2 )
𝑘 .𝐴
Condução na parede plana: 𝑞̇ = . (𝑇2 − 𝑇3)
𝐿

Convecção externa: 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇3 − 𝑇4 )

Colocando as diferenças de temperatura nas equações acima em evidência e somando membro a membro, obtemos:

40
𝑞̇
(𝑇1 − 𝑇2 ) =
ℎ𝑖 . 𝐴
𝑞̇ . 𝐿
(𝑇2 − 𝑇3) =
𝑘. 𝐴
𝑞̇
(𝑇3 − 𝑇4 ) =
ℎ𝑒 . 𝐴
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑞̇ 𝑞̇ . 𝐿 𝑞̇
𝑇1 − 𝑇2 + 𝑇2 − 𝑇3 + 𝑇3 − 𝑇4 = + +
ℎ𝑖 . 𝐴 𝑘 . 𝐴 ℎ𝑒 . 𝐴
Eliminando as temperaturas T2 e T3 e colocando o fluxo de calor (𝑞̇) em evidência, obtemos:
𝟏 𝑳 𝟏
Equação 3-7 𝑻𝟏 − 𝑻𝟒 = 𝒒̇ . [𝒉 + 𝒌. 𝑨 + ]
𝒊 .𝑨 𝒉𝒆 .𝑨
Substituindo os valores das resistências térmicas em cada parede na Equação 3-7, obtemos o fluxo de calor na condição de convecção,
condução e convecção combinadas:
𝑇1 − 𝑇4 = 𝑞̇ . [𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 ]
𝑻𝟏 − 𝑻𝟒
𝒒̇ =
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐 + 𝑹 𝟑
Portanto, também quando ocorre a ação combinada dos mecanismos de condução e convecção, a analogia com a eletricidade continua
válida; sendo que a resistência total é igual à soma das resistências que estão em série, não importando se por convecção ou condução.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.3.3. Um forno industrial tem a configuração de paredes planas, conforme esquema simplificado da figura abaixo. Sendo
fornecidas as espessuras e as condutividade dos materiais das duas camadas da parede e os coeficientes de película interno e externo,
conforme figura abaixo, calcular:
a) o fluxo de calor transferido por unidade de área;
b) as temperaturas T2, T3 e T4.
𝐿1 = 40 𝑚𝑚 = 0,04 𝑚
. hi   he
T1 K1 K2 𝐿2 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚
T2
𝑊
T3 𝑘1 = 22
𝑚.𝐾
q 𝑊
𝑘2 = 0,212
𝑚. 𝐾
𝑊
ℎ𝑖 = 30
T4 T5 𝑚 2 .𝐾
𝑊
ℎ𝑒 = 20 𝑚2.𝐾

L1 L2 𝑇1 = 210 °𝐶 𝑇2 = 30 °
Resolução:
a) Cálculo das resistências térmicas (duas de convecção e duas de condução) para uma área de 1 m2:
1 1 1 1
𝑅𝑖𝐶𝑉 = = = 0,0333 𝐾⁄𝑊 𝑅𝑒𝐶𝑉 = = = 0,0500 𝐾⁄𝑊
ℎ𝑖 .𝐴 30 𝑊⁄𝑚2 .𝐾 × 1 𝑚2 ℎ𝑖 .𝐴 20 × 1
𝐿 0,04 𝑚 𝐿 0,01
𝑅1𝐶𝐷 = = = 0,00182 𝐾⁄𝑊 𝑅2𝐶𝐷 = = = 0,0472 𝐾⁄𝑊
𝑘1 .𝐴 22 𝑊⁄𝑚.𝐾 × 1 𝑚2 𝑘2 .𝐴 0,212 × 1

𝑅𝑡 = 𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅1𝐶𝐷 + 𝑅2𝐶𝐷 + 𝑅𝑒𝐶𝑉 = 0,0333 + 0,00182 + 0,0472 + 0,0500 = 0,132 𝐾⁄𝑊
Cálculo do fluxo de calor:

41
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇1 − 𝑇4 (210 + 273) − (30 + 273) 𝐾
𝑞̇ = = = = 1363,6 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑡 0,132 𝐾/𝑊
Obs.: note que para uma diferença de temperatura, os fatores de convecção (273) se cancelam, sendo então desnecessários.
b) Calculo da Temperatura T2, T3 e T4:
𝑇1 − 𝑇2 210 − 𝑇2
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇2 = 164,6 °𝐶
𝑅𝑖𝐶𝑉 0,0333
𝑇2 − 𝑇3 164,6 − 𝑇3
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇3 = 162,1 °𝐶
𝑅1𝐶𝐷 0,00182
𝑇4 − 𝑇5 𝑇4 − 30
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇4 = 98,2 °𝐶
𝑅𝑒𝐶𝑉 0,0500

Exercício R.3.4. (Questão ENADE). Após uma aula de transferência de calor, um estudante de engenharia, cansado de passar frio em seu
apartamento, decidiu que iria cobrir todas as paredes internas com uma camada grossa de papel de parede. Para isso, avaliou os dados
da figura a seguir

Considerando os valores de condutividade térmica indicados na figura, assim como as espessuras da parede e do papel e os coeficientes
estimados de convecção para os ambientes interno e externo, seria correto o estudante chegar à conclusão de que o valor da razão (fluxo
de calor sem o papel) / (fluxo de calor com o papel) estaria no intervalo de:

A. 1 a 2.
B. 2 a 3.
C. 3 a 4.
D. 4 a 5.
E. 5 a 6.
Resolução:
Cálculo das resistências, considerando os dados da figura e uma área de 1 m2:
A = 1 m2 Lpapel = 1 cm = 0,01 m Lparede = 10 cm = 0,1 m
1 1 1 1
𝑅𝑖𝐶𝑉 = ℎ .𝐴 = = 0,20 𝐾⁄𝑊 𝑅𝑒𝐶𝑉 = ℎ .𝐴 = = 0,050 𝐾⁄𝑊
𝑖 5 ×1 𝑖 20 × 1
𝐿𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 0,01 𝑚 𝐿𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 0,1
𝐶𝐷
𝑅𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 =𝑘 = = 1,00 𝐾⁄𝑊 𝐶𝐷
𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 =𝑘 = = 2,50 𝐾⁄𝑊
𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 .𝐴 0,01 ×1 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 .𝐴 0,04 × 1

Cálculo do fluxo de calor, por m2 de parede, sem o papel:


(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 − 𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 20 − 5
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 = = 𝐶𝑉 𝐶𝐷 𝐶𝑉 = = 5,45 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑖 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅𝑒 0,20 + 2,50 + 0,050
Cálculo do fluxo de calor, por m2 de parede, com o papel:

42
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 − 𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 20 − 5
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 = = 𝐶𝑉 𝐶𝐷 𝐶𝐷 𝐶𝑉 = = 4,0 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑖 + 𝑅𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅𝑒 0,20 + 1,00 + 2,50 + 0,050
Portanto, razão (fluxo de calor sem o papel) / (fluxo de calor com o papel) é:
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 5,45
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 = = = 1,36 ⟹ 𝑅𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 𝐴: 𝑒𝑠𝑡á 𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 1 𝑎 2
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 4,0

Exercício R.3.5. Um forno de formato cúbico, com aresta de 6 ft, está isolado com 4" de um material isolante de condutividade térmica
1,0 Btu/h.ft.°F. Nele são inseridos 1000 lb/h de uma liga que se funde a 1200 °F (admite-se que a liga já entre a 1200 °F). O coeficiente
de convecção do ar externo é 3 Btu/h.ft2. °F. e a temperatura do ar externo de 77 °F. Desprezando-se a resistência térmica da parede do
forno e conhecendo-se o calor latente de fusão da liga de 300 Btu/lb, calcular:
a) o fluxo de calor perdido pelas paredes do forno;
b) quantos KW são necessários para manter o forno em operação. (Dado: 1 KW = 3413 Btu/h).
𝐵𝑡𝑢 𝐵𝑡𝑢
ℎ𝑎𝑟 = 3 𝑘𝑖 = 1
ℎ.𝑓𝑡 2 .°𝐹 ℎ.𝑓𝑡.°𝐹

𝐿𝑖 = 4" = 4/12 𝑓𝑡 = 0,3333 𝑓𝑡


𝑇1 = 1200 °𝐹 𝑇𝑎𝑟 = 77 °𝐹
𝐵𝑡𝑢 𝑙𝑏
∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 3000 𝑚̇𝑙𝑖𝑔𝑎 = 1000
𝑙𝑏 ℎ
𝐴 = 6 × 6 × 6 = 216 𝑓𝑡 3

a) cálculo do fluxo de calor considerando a resistência térmica da parede do forno desprezível:


𝐿𝑖 0,333 𝑚
𝑅𝑖𝐶𝐷 = = = 0,00154 ℎ. °𝐹⁄𝐵𝑡𝑢
𝑘𝑖 . 𝐴 1 𝐵𝑡𝑢 ℎ. 𝑓𝑡. º𝐹 × 216 𝑓𝑡 2

1 1
𝐶𝑉 =
𝑅𝑎𝑟 = = 0,00154 ℎ. °𝐹⁄𝐵𝑡𝑢
ℎ𝑎𝑟 . 𝐴 3 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 . °𝐹 × 216 𝑓𝑡 2
2

𝑇𝑖 − 𝑇𝑎𝑟 1200 − 77
𝑞̇ 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝐶𝐷 𝐶𝑉 = = 364.610,4 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
𝑅𝑖 + 𝑅𝑎𝑟 0,00154 + 0,00154
b) para manter o forno em operação é necessário repor as perdas pelas paredes e fornecer o calor necessário para a fusão da liga:
𝑞̇ 𝑜𝑝 = 𝑞̇ 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 + 𝑞̇ 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
O calor para a fusão da liga pode ser obtido pelo produto do calor de fusão da liga pela vazão mássica de liga:

𝑞̇ 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 𝑚̇𝑙𝑖𝑔𝑎 . ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 1000 𝑙𝑏⁄ℎ × 300 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏 = 300.000 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ


Então, o fluxo de calor para manter o forno em operação é:

𝑞̇ 𝑜𝑝 = 364.610,4 + 300.000 = 664.610,4 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ


Como 1 KW = 3413 Btu/h, obtemos:
664.610,4 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
𝑞̇ 𝑜𝑝 = = 194,7 𝑘𝑊
3413 𝐵𝑡𝑢/ℎ⁄𝐾𝑊

Exercício R.3.6. Um aquecedor elétrico de água de 800 W de potência, com resistência elétrica tubular de 0,5 centímetros de diâmetro
e 50 cm de comprimento (zona quente), é colocado um recipiente contendo 60 kg de água inicialmente a 20 °C. A temperatura da
superfície externa da resistência durante o aquecimento pode ser considerada em 120 °C. Dado calor específico da água é 4,18 KJ/Kg.K
e considerando que as perdas de calor pelas superfícies externas do recipiente são desprezíveis, calcule:
a) quanto tempo vai demorar em este aquecedor para aumentar a temperatura da água até 80 °C.

43
b) os coeficientes de película no início e no final do processo de aquecimento.

a) a quantidade total de calor necessária para aquecer a água é igual à variação da energia interna do volume de água:
𝑘𝐽
𝑄 = ∆𝐸 = 𝑚. 𝑐𝑝 . (𝑇2 − 𝑇1 ) = 60 𝑘𝑔 × 4,18 × (80 − 20) 𝐾 = 15.048 𝑘𝐽 = 15.048.000 𝐽
𝑘𝑔. 𝐾
Considerando a potência gerada no aquecedor é igual ao fluxo de calor transferido para água, temos:
℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑞̇ = 800 𝑊 = 800 𝐽⁄𝑠
𝑄 𝑄 15.048.000 𝐽
𝑞̇ = ⟹ 𝑡 = = = 18.810 𝑠 = 5,22ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
𝑡 𝑞̇ 800 𝐽⁄𝑠
b) desprezando a transferência de calor por radiação, temos pela lei de Newton, que a taxa de transferência de calor por convecção da
superfície da resistência para a água é:
𝑞̇ = ℎ . 𝐴. ∆𝑇
A área da resistência que dissipa calor para a água é:
𝑑 0,5
𝑟= = = 0,25 𝑐𝑚 = 0,0025 𝑚 𝑒 𝐿 = 50 𝑐𝑚 = 0,5 𝑚 → 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑠𝑡 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,0025 × 0,5 = 0,00785 𝑚2
2 2
No início a temperatura a temperatura da água é 20 °C e, portanto, o coeficiente de película é:
𝑞̇ 800 𝑊 𝑊
𝑞̇ = ℎ . 𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖 ) ⟹ ℎ = = 2 = 1019,1 2
𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖 ) 0,00785 𝑚 × (120 − 20)𝐾 𝑚 .𝐾
No final a temperatura a temperatura da água é 80 °C e, portanto, o coeficiente de película é:
𝑞̇ 800 𝑊 𝑊
𝑞̇ = ℎ . 𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑖𝑚 ) ⟹ ℎ = = 2 = 2547,8 2
𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑖𝑚 ) 0,00785 𝑚 × (120 − 80)𝐾 𝑚 .𝐾

Exercício R.3.7. (Questão ENADE). Uma operação importante na indústria de cerâmica é o tratamento térmico que deve ocorrer em
fornos a altas temperaturas. Para avaliar e supervisionar de maneira eficiente a operação desses fornos é importante conhecer como
acontece a transferência de calor nesses equipamentos, em suas diferentes formas, como a condução e a convecção. Suponha que uma
fábrica de materiais cerâmicos tem como parte de seu processo um forno retangular que é isolado do meio externo por 2 camadas, que
formam a sua parede. A primeira camada, de espessura L1, está em contato com o material que está dentro do forno e é constituída de
material refratário especial (k = 0,50 W/m.K). A segunda camada é constituída de um material isolante (k = 0,1 W/m.K) e tem espessura
L2. A temperatura na face interna do forno (Tint) é igual a 925 °C e a temperatura ambiente (Tamb) é igual a 25 °C. O fluxo de calor através
da parede do forno é constante e igual a 1000 W/m2 e a espessura total da parede é de 0,30 m.
São dadas as seguintes expressões matemáticas:

em que:
• k é a condutividade térmica;
• h é o coeficiente de transferência de calor por convecção (h = 10 W/m2.K para o ar);
• R é a resistência a transferência de calor;
44
Com base na situação-problema acima e considerando que a área A é igual a 1 m2, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) esboce um desenho que represente o circuito térmico equivalente, ou seja, o circuito formado pela resistência à transferência de calor
entre a parte interna do forno e o meio externo, usando analogia com resistências elétricas.
b) determine a espessura de cada uma das camadas que formam a parede do forno.
c) determine a temperatura da superfície externa das camadas.
Resolução:
a) O circuito térmico equivalente é da forma:

b) A resistência térmica total pode ser calculada:


𝑇𝑖𝑛𝑡 −𝑇𝑎𝑚𝑏 925−25 𝐾
𝑅𝑡 = = = 0,9
𝑞̇ 1000 𝑊

As resistências individuais são dadas por:

𝐶𝑉 1 1 𝐾
𝑅𝑎𝑚𝑏 = = = 0,1
ℎ. 𝐴 10 × 1 𝑊
𝐿1 𝐿1 𝐾 𝐿2 𝐿2 𝐾
𝑅1𝐶𝐷 = = = 2. 𝐿1 𝑅2𝐶𝐷 = = = 10. 𝐿2
𝑘1 . 𝐴 0,5 × 1 𝑊 𝑘2 . 𝐴 0,1 × 1 𝑊
A resistência total é a soma das individuais:
𝐶𝑉
𝑅𝑡 = 𝑅1𝐶𝐷 + 𝑅2𝐶𝐷 + 𝑅𝑎𝑚𝑏 ⟹ 0,9 = 0,1 + 2. 𝐿1 + 10. 𝐿2

A outra relação envolvendo 𝑅1𝐶𝐷 e 𝑅2𝐶𝐷 surge da espessura total da parede do forno:

𝐿1 + 𝐿2 = 0,3 ⟹ 𝐿2 = 0,3 − 𝐿1
Resolvendo o sistema formado por estas duas equações, obtemos:

0,9 = 0,1 + 2. 𝐿1 + 10. (0,3 − 𝐿1 ) ⟹ 𝐿1 = 0,275 𝑚 𝑒 𝐿2 = 0,025 𝑚


c) a temperatura externa pode ser obtida no último trecho do circuito:

𝑇𝑒𝑥𝑡 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 𝑇𝑒𝑥𝑡 − 25


𝑞̇ = 𝐶𝑉 ⟹ 1000 = ⟹ 𝑇𝑒𝑥𝑡 = 125 °𝐶
𝑅𝑎𝑚𝑏 0,1

Exercício R.3.8. Em uma indústria, um tanque de formato cúbico, com 2 metros de aresta, é utilizado para armazenar um produto
químico a 210 °C, com coeficiente de película interno de 80 W/m2.K. A parede do tanque é constituída de três camadas: uma camada
interna à base de carbono (k = 22 W/m.K) de 40 mm de espessura, uma camada intermediária de refratário (k = 0,212 W/m.K) e um
invólucro de aço (k = 60 W/m.K) com 10 mm de espessura. Por motivo de segurança dos trabalhadores, a temperatura da superfície
externa do aço não deve ser maior que 60 °C. Considerando que a temperatura ambiente é 30 °C, com coeficiente de película externo de
20 W/m2.K, determine:
a) a espessura do refratário para que a temperatura na superfície externa seja 60°C;
b) a temperatura da superfície externa do aço se a camada de refratário for substituída por uma de isolante (k = 0,0289 W/m.K) de mesma
espessura.
Resolução:

45
𝐿1 = 40 𝑚𝑚 = 0,04 𝑚
𝐿1 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚
𝑊
𝑘1 = 22
𝑚. 𝐾
𝑊 𝑊
𝑘2 = 0,212 𝑘′2 = 0,0289
𝑚.𝐾 𝑚.𝐾
𝑊
𝑘3 = 60
𝑚. 𝐾
𝑊 𝑊
ℎ1 = 80 ℎ2 = 20
𝑚2 .𝐾 𝑚2 .𝐾
𝑇1 = 210 °𝐶 𝑇5 = 60 °𝐶 𝑇6 = 30 °𝐶

a) a área da parede corresponde a área de um cubo de 2 m de aresta:


A = 6 x (2 x 2) = 24 m2
O fluxo de calor poder ser calculado na película externa:
𝑇4 − 𝑇5 𝑇4 − 𝑇5 60 − 30
𝑞̇ = = = = 14400 𝑊
𝐶𝑉
𝑅𝑒 1 1
ℎ𝑒 . 𝐴 20. 24
De posse do fluxo, e considerando as resistências térmicas entre 210 e 60 °C podemos fazer:
𝑇1 − 𝑇5 𝑇4 − 𝑇5 210 − 60
𝑞̇ = 𝐶𝐷 = 1 ⟹ 14400 =
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝐶𝐷
𝑅1 𝐶𝐷
+ 𝑅2 + 𝑅3 𝐿1 𝐿2 𝐿3 1 0,04 𝐿2 0,01
ℎ𝑖 . 𝐴 + 𝑘1 . 𝐴 + 𝑘2 . 𝐴 + 𝑘3 . 𝐴 80. 24 + 22 × 24 + 0,212 × 24 + 60 × 24
𝐿2 = 0,05 𝑚 = 50 𝑚𝑚
b) o novo fluxo de calor, menor devido ao uso do isolante de baixa condutividade (k = 0,0289 W/m.K), é obtido considerando as duas
únicas temperaturas que não variam:
𝑇1 − 𝑇6 𝑇4 − 𝑇6 210 − 30
𝑞̇ ′ = = =
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅1𝐶𝐷 + 𝑅2′ 𝐶𝐷 + 𝑅3𝐶𝐷 + 𝑅𝑒𝐶𝑉 1 𝐿1 𝐿2 𝐿3 1 1 0,04 0,05 0,01 1
ℎ𝑖 . 𝐴 + 𝑘1 . 𝐴 + 𝑘2′ . 𝐴 + 𝑘3 . 𝐴 + ℎ𝑒 . 𝐴 80. 24 + 22 × 24 + 0,0289 × 24 + 60 × 24 + 20. 24
= 2407,2 𝑊
Novamente, na película externa, podemos obter a temperatura da superfície do aço:
𝑇5′ − 𝑇6 𝑇5′ − 𝑇6 𝑇5′ − 30
𝑞̇ ′ = 2407,2 = = = ⟹ 𝑇5′ = 35 °𝐶
𝑅𝑒𝐶𝑉 1 1
ℎ𝑒 . 𝐴 20. 24

Exercício R.3.9. No interior de um reator de paredes planas e de alta temperatura os gases atingem 650 °C, com coeficiente de película
interno de 200 kcal/h.m2.°C. A parede do reator é de aço (k = 30 kcal/h.m.°C), tem 10 mm de espessura e fica em um ambiente a 20 °C e
com película externo de 20 kcal/h.m2.°C. Por questão de segurança, é necessário limitar a temperatura da superfície externa do reator
em 38 °C. Para minimizar os custos de isolação, dois materiais serão usados: primeiro um isolante A (k = 0,048 Kcal/h.m.°C), de alta
temperatura e mais caro, aplicado sobre o aço e, depois, um isolante B (k = 0,067 Kcal/h.m.°C), mais barato, aplicado externamente.
Considerando que a temperatura máxima suportada pelo isolante B é 300 °C, calcule:
a) a espessura (em cm) de cada material isolante.
b) sabendo que o custo colocado, por centímetro de espessura, do isolante A é duas vezes que o do isolante B, calcule a elevação
percentual de custo se fosse utilizado apenas o isolante A de alta temperatura.
Resolução:
Conforme figura, temos duas temperaturas fixadas pelas condições do problema: T4 = 300 °C e T5 = 38 °C.

46
𝐿𝑎ç𝑜 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑘𝑎ç𝑜 = 30 𝑘𝑖𝑠𝑜𝐴 = 0,048 𝑘𝑖𝑠𝑜𝐵 = 0,067
ℎ.𝑚.°𝐶 ℎ.𝑚.°𝐶 ℎ.𝑚.°𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ𝑖 = 200 2 ℎ𝑒 = 20
ℎ.𝑚 .°𝐶 ℎ.𝑚2 .°𝐶
𝑇1 = 650 °𝐶 𝑇4 = 300 °𝐶 𝑇5 = 38 °𝐶 𝑇6 = 20 °𝐶 𝐴 = 1 𝑚2

a) o fluxo de calor que atravessa a parede pode ser calculado na película externa:
𝑇5 − 𝑇6 𝑇5 − 𝑇6 38 − 20
𝑞̇ = = = = 360 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
𝐶𝑉
𝑅𝑒 1 1
ℎ𝑒 . 𝐴 20 × 1
Cálculo da espessura do isolante B, com base na limitação de temperatura deste isolante:
𝑇4 − 𝑇5 𝑇5 − 𝑇6 300 − 38
𝑞̇ = 360 = = = ⟹ 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐵 = 0,0488 𝑚 = 4,88 𝑐𝑚
𝐶𝐷
𝑅𝑖𝑠𝑜𝐵 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐵 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐵
𝑘𝑖𝑠𝑜𝐵 . 𝐴 0,067 × 1
Cálculo da espessura do isolante A de alta temperatura:
𝑇1 − 𝑇4 𝑇1 − 𝑇4 650 − 300
𝑞̇ = 360 = = = ⟹ 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐴 = 0,0464 𝑚 = 4,64 𝑐𝑚
𝑅𝑖𝐶𝑉 𝐶𝐷 + 𝑅 𝐶𝐷
+ 𝑅𝑎ç𝑜 1 𝐿 𝑎ç𝑜 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐴 1 0,010 𝐿𝑖𝑠𝑜𝐴
𝑖𝑠𝑜𝐴 + + + +
ℎ𝑖 . 𝐴 𝑘𝑎ç𝑜 . 𝐴 𝑘𝑖𝑠𝑜𝐴 . 𝐴 200 × 1 30 × 1 0,048 × 1
b) se for usado apenas o isolante de alta temperatura, mantendo as demais condições, a nova espessura isolante pode ser calculada
assim:
𝑇1 − 𝑇5 𝑇1 − 𝑇5 650 − 38
𝑞̇ = 360 = = = ⟹ 𝐿′𝑖𝑠𝑜 = 0,0813 𝑚 = 8,13 𝑐𝑚
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅𝑎ç𝑜
𝐶𝐷 + 𝑅 ′ 𝐶𝐷
𝑖𝑠𝑜 1 𝐿𝑎ç𝑜 𝐿′𝑖𝑠𝑜𝐴 1 0,010 𝐿′𝑖𝑠𝑜𝐴
ℎ𝑖 . 𝐴 + 𝑘𝑎ç𝑜 . 𝐴 + 𝑘𝑖𝑠𝑜𝐴 . 𝐴 200 × 1 + 30 × 1 + 0,048 × 1
Cálculo da elevação percentual de custo de usar só o isolante A:
• Custo da isolante B = X
• Custo da isolante A = 2X
O custo de cada caso será:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (𝐴 + 𝐵) = 4,64 . 2𝑋 + 4,88 . 𝑋 = 14,16𝑋
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (𝑠ó 𝐴) = 8,13 . 2𝑋 = 16,26𝑋
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (𝑠ó 𝐴) − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (𝐴 + 𝐵) (16,26 − 14,16)𝑋
% 𝐸𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜 = = × 100 = 14,8%
(
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐴 + 𝐵 ) 14,16𝑋

Exercício R.3.10. Um recipiente metálico esférico é usado para armazenar nitrogênio líquido na temperatura de 77 K. O recipiente tem
0,5m de diâmetro e é isolado com uma camada de isolante a base de sílica (k = 0,0017 W/m.K). A isolação tem 25 mm de espessura e sua
superfície externa está exposta ao ar a 300 K. O coeficiente de película externo é 20 W/m 2.K. O calor latente de vaporização e a densidade
do nitrogênio são 2x105 J/Kg e 804 Kg/m3, respectivamente. Desprezando as resistências térmicas da película interna e das paredes
metálicas do recipiente, calcular:
a) Fluxo de calor transferido para o nitrogênio
b) Taxa de evaporação do nitrogênio em litros/dia (existe um respiro para a saída dos gases), considerando que todo o calor transferido
é usado na vaporização do N2.
47
𝑟1 = 0,25 𝑚
𝑟2 = 0,25 + 0,025 = 0,275 𝑚
𝑇𝑁2 = 77 𝐾 𝑇𝑎𝑟 = 300 𝐾
ℎ𝑒 = 20 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,0017 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
∆𝐻𝑉 = 2 × 105 𝐽/𝑘𝑔
𝜌𝑁2 = 804 𝐾𝑔/𝑚3
,
a) o fluxo de calor transferido pode ser calculado, desprezando as resistências da convecção interna e da parede metálica:
𝑇𝑎𝑟 − 𝑇𝑁2 𝑇𝑎𝑟 − 𝑇𝑁2 300 − 77
𝑞̇ = = = = 13,06 𝑊
𝑅

𝐶𝑉
+ 𝑅

𝐶𝐷 + 𝑅 𝐶𝐷 + 𝑅 𝐶𝑉 1 1
( ⁄𝑟1 − ⁄𝑟2 ) 1 1
( ⁄0,25 − ⁄0,275)
𝑖 𝑎ç𝑜 𝑖𝑠𝑜 𝑒 1 1
+
≈0 ≈0 𝑘. 4. 𝜋 ℎ𝑒 . (4. 𝜋. 𝑟22 ) 0,0017 × 4 × 𝜋 + 20 × (4 × 𝜋 × 0,2752 )
b) o fluxo de calor absorvido pelo N2, utilizada na evaporação, é o produto da massa pelo calor latente de vaporização:
𝑞̇ = 𝑚̇ . ∆𝐻𝑣
Conhecendo a taxa de transferência de energia (calor), podemos obter a taxa de evaporação:
𝑞̇ 13,06 𝐽⁄𝑠 ̇
𝑞̇ = 𝑚̇ . ∆𝐻𝑣 ⟹ 𝑚̇ = = = 6,53 × 10−5 𝑘𝑔⁄𝑠
∆𝐻𝑣 2 × 105 𝐽⁄𝑘𝑔

̇ 𝑘𝑔 𝑠 ℎ 𝑘𝑔
𝑚̇ = 6,53 × 10−5 × 3600 × 24 = 5,64
𝑠 ℎ 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑎
𝑚̇ 5,64 𝑘𝑔⁄𝑑𝑖𝑎̇
𝑉̇ = = = 0,007 𝑚3 ⁄𝑑𝑖𝑎 = 7 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠 ⁄𝑑𝑖𝑎
𝜌 804 𝑘𝑔⁄𝑚3

Exercício R.3.11. Em uma região fria, uma casa possui janelas "termo isolantes". As janelas, de 10 ft x 4 ft, consistem de duas lâminas
de vidro (k = 0,5 Btu/h.ft.°F), cada uma com ¼” de espessura, separadas por uma camada de ar parado (k = 0,015 Btu/h.ft.°F), também
de ¼” de espessura. No interior da casa a temperatura do ar é 84,4 °F e o coeficiente de película é 1,0 Btu/h.ft2. °F, enquanto que
externamente a temperatura do ar é 20,5 °F e o coeficiente de película é 1,4 Btu/h.ft2. °F. O sistema de aquecimento da casa tem um
rendimento de 50% e utiliza carvão com poder calorífico de 13200 Btu/lb. Determine:
a) as perdas de calor, por hora, através de cada janela "termo isolante";
b) o consumo mensal de carvão (em lb/mês) devido as perdas por cada janela "termo isolante";
c) o consumo mensal de carvão (em lb/mês) devido à substituição da janela "termo isolante" por uma janela comum, de vidro, com 3/8"
de espessura e mesma condutividade térmica.
𝑇𝑖𝑛𝑡 = 84,4 °𝐹 𝑇𝑒𝑥𝑡 = 20,5 °𝐹
2
ℎ𝑖𝑛𝑡 = 1,0 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 . °𝐹
ℎ𝑒𝑥𝑡 = 1,4 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹
𝑘𝑣𝑖𝑑 = 0,5 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡. °𝐹
𝑘𝑎𝑟 𝑝 = 0,015 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡. °𝐹
𝑃𝐶𝐼𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 = 13200 𝐵𝑡𝑢/𝑙𝑏 𝜂𝑠𝑖𝑠𝑡 = 50%
"
1 1
𝐿𝑣𝑖𝑑 = = 𝑓𝑡 = 0,021 𝑓𝑡
4 4 × 12
1" 1
𝐿𝑎𝑟 𝑝 = = 𝑓𝑡 = 0,021 𝑓𝑡
4 4 × 12
Área da janela: 𝐴 = 10 × 4 = 40 𝑓𝑡 4

a) no cálculo das perdas pela janela, devem ser consideradas 5 resistências. Para a camada de ar parado entre os vidros, considerando
que somente se processa a condução:

48
𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡
𝑞̇ = =
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝐶𝐷
𝑅𝑣𝑖𝑑 𝐶𝐷 𝐶𝐷 𝐶𝑉
+ 𝑅𝑎𝑟𝑝 + 𝑅𝑣𝑖𝑑 + 𝑅𝑒 1 𝐿 𝐿𝑎𝑟 𝑝 𝐿 1
+ 𝑣𝑖𝑑 + + 𝑣𝑖𝑑 +
ℎ𝑖 . 𝐴 𝑘𝑣𝑖𝑑 . 𝐴 𝑘𝑎𝑟 𝑝 . 𝐴 𝑘𝑣𝑖𝑑 . 𝐴 ℎ𝑒 . 𝐴
84,4 − 20,5
𝑞̇ = = 799,2 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
1 0,021 0,021 0,021 1
+ + + +
1,0 × 40 0,5 × 40 0,015 × 40 0,5 × 40 1,4 × 40
b) no cálculo do consumo de carvão deve ser levado em conta que o sistema de aquecimento tem um rendimento 50% ( = 0,5):
𝑞̇⁄ 799,2⁄ 𝐵𝑡𝑢
𝜂 0,5 ℎ
𝑚̇𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 = = = 0,121 𝑙𝑏⁄ℎ
𝑃𝐶𝐼𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 13200 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏
̇
𝑙𝑏 ℎ 𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑏 𝑘𝑔
𝑚̇ = 0,121 × 24 × 30 = 87,12 (39,5 )
ℎ 𝑑𝑖𝑎 𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠
c) ao substituir a janela "termo isolante" por uma janela comum de vidro, com 3/8" de espessura, passamos a ter três resistências:

3" 3
𝐿′𝑣𝑖𝑑 = = 𝑓𝑡 = 0,031 𝑓𝑡
8 8 × 12
𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡 84,4 − 20,5
𝑞̇ ′ = = = = 1439,2 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅𝑣𝑖𝑑
′ 𝐶𝐷
+ 𝑅𝑒𝐶𝑉 1 𝐿′𝑣𝑖𝑑 1 1 0,031 1
+ +
ℎ𝑖 . 𝐴 + 𝑘𝑣𝑖𝑑 . 𝐴 + ℎ𝑒 . 𝐴 1,0 × 40 0,5 × 40 1,4 × 40
𝑞̇⁄ 1439,2⁄ 𝐵𝑡𝑢
𝜂 0,5 ℎ
𝑚̇𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 = = = 0,218 𝑙𝑏⁄ℎ
𝑃𝐶𝐼𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 13200 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏
̇
𝑙𝑏 ℎ 𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑏 𝑘𝑔
𝑚̇ = 0,218 × 24 × 30 = 156,96 (71,2 )
ℎ 𝑑𝑖𝑎 𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠

Exercício R.3.12. Em um equipamento eletrônico um delgado chip de silício de resistência térmica desprezível tem formato de um
quadrado com 5 cm de lado. O chip é colado a uma base de metálica (k = 40 W/m.K) de 20 mm de espessura por uma cola com resistência
térmica conhecida e igual a 0,721 K/W. A face superior do chip e a face inferior da base metálica estão expostas a um fluxo de ar na
temperatura de 25 °C e com coeficiente de película de 250 W/m2.K. A temperatura do chip, nestas condições é 77 °C. Determine:

a) o fluxo de calor dissipado pela face superior e pela face inferior do chip;
b) o fluxo calor total gerado no chip;
c) calcule a temperatura do chip caso a base de alumínio seja trocada por uma base feita de material isolante, de modo que o calor total
gerado no chip seja dissipado apenas pela face superior do chip.
.
qsup
Resolução RAr
𝑘𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 = 40 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝐿𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 = 20 𝑚𝑚 = 0,02 𝑚
.q Circuito Elétrico
Equivalente
ℎ𝑎𝑟 = 100 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 Rcola

𝑅𝑐𝑜𝑙𝑎 = 0,721 𝐾⁄𝑊 .qinf


𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 77 °𝐶 RAlumínio

O chip tem 5 cm de lado, portanto a área de face é:


Rar
𝑏 = 5 𝑐𝑚 = 0,05 𝑚 → 𝐴 = 𝑏2 = 0,0025 𝑚2

49
a) conforme circuito elétrico equivalente, no fluxo de calor pela face superior consideramos apenas a resistência da convecção:
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 77 − 25 52 𝐾
𝑞̇ 𝑠𝑢𝑝 = = = = = 32,5 𝑊
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 1 1 1,6 𝐾⁄𝑊
ℎ .𝐴 250 × 0,0025
para calcular o fluxo de calor dissipado pela face inferior do chip consideramos três resistências: a cola, a base metálica e a da convecção:
𝐿𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 0,02
𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 0,2 𝐾⁄𝑊
𝑘𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 . 𝐴 40 × 0,0025
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 77 − 25
𝑞̇ 𝑖𝑛𝑓 = 𝐶𝑉
= = 20,6 𝑊
𝑅𝑐𝑜𝑙𝑎 + 𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 + 𝑅𝑎𝑟 0,721 + 0,2 + 1,6
b) o fluxo total gerado no chip é a soma das duas parcelas:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑠𝑢𝑝 + 𝑞̇ 𝑖𝑛𝑓 = 32,5 + 20,6 = 53,1 𝑊
c) se a base for isolante, todo o calor gerado será dissipado pela face superior por convecção:

𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 25 ′
𝑞̇ = = ⟹ 53,1 ⟹ 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 110 °𝐶
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 1 1
ℎ.𝐴 250 × 0,0025

Exercício R.3.13. Uma placa de gelo com 10 mm de espessura e 300 mm em cada lado é colocada sobre uma superfície bem isolada. Na
face superior, a placa está exposta ao ar ambiente em um local onde a temperatura é 25 °C e o coeficiente de película é 30 kcal/h.m2. °C.
Desprezando a transferência de calor pelas laterais da placa e supondo que a mistura gelo-água permanece a 0 °C, quanto tempo é
necessário para a fusão completa da placa? A densidade e o calor latente de fusão do gelo são 935 kg/m3 e 80,3 kcal/kg, respectivamente.

𝑒 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 𝐿 = 300 𝑚𝑚 = 0,3 𝑚


𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶 𝑇𝑔𝑒𝑙𝑜 = 0 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑔
ℎ = 30 ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 80,3 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 = 935
ℎ. 𝑚2 . °𝐶 𝑘𝑔 𝑚3

Volume da placa: 𝑉 = 𝑒 . 𝐿2 = 0,01 × (0,3)2 = 0,0009 𝑚3


𝑘𝑔
Massa da placa: 𝑚 = 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 . 𝑉 = 935 × 0,0009 𝑚3 = 0,8415 𝑘𝑔
𝑚3
A quantidade de calor necessário para a fusão do gelo é:
𝑄 = 𝑚 . ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 80 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ × 0,8415 𝑘𝑔 = 67,57 𝐾𝑐𝑎𝑙
Cálculo do fluxo de calor para a placa (desprezando as áreas laterais da placa):
Área de transferência de calor: A = L. L = 0, 3  0, 3 = 0, 09 m2
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇𝑎𝑟 − 𝑇𝑔𝑒𝑙𝑜 ) = 30 2 × 0,09 𝑚2 × (25 − 0) °𝐶 = 67,5
ℎ. 𝑚 . °𝐶 ℎ
𝑄 𝑄 67,57 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ⟹ 𝑡= = = 1,001 ℎ ≅ 1 ℎ𝑜𝑟𝑎
𝑡 𝑞̇ 67,5 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ

Exercício R.3.14. Um cabo elétrico de 10 mm de diâmetro tem resistência elétrica por unidade de comprimento de 0,001 Ω/m (resistência
elétrica por metro de comprimento do cabo). O cabo é revestido por uma camada de material plástico de 1 mm de espessura e
condutividade térmica 0,20 W/m.K. O cabo vai ser utilizado em um ambiente cujo ar está na temperatura de 27 °C, com coeficiente de
película de 22 W/m2.K. Para as condições de regime permanente, determine:
a) a temperatura da interface cabo/plástico quando uma corrente de 47 A passa pelo cabo.
b) se o plástico usado suporta no máximo 150 °C sem se derreter, determine a máxima corrente elétrica que pode passar pelo cabo.

50
c) para uma situação em que a aplicação da camada de material plástico não foi bem executada, resultou na formação de uma resistência
de contato significativa entre o plástico e o cabo de inox, da ordem de 0,40 K/W por metro de comprimento do cabo. Se o plástico usado
suporta no máximo 150 °C sem se derreter, determine a máxima corrente elétrica que pode passar pelo cabo neste caso.

. 10
q 𝑟1 = = 5 𝑚𝑚 = 0,005 𝑚
2
𝑟2 = 5 𝑚𝑚 + 1 𝑚𝑚 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
r2 Plástico
𝑇𝑎𝑟 = 27 °𝐶
r1 ℎ𝑒 = 22 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
Cabo 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,20 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
𝐿 = 1 𝑚 ⟹ 𝑅𝑒 = 0,001 Ω 𝑖 = 47 𝐴
a) a potência gerada para uma corrente de 47 A é:
𝑃 = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 = 0,001 . (47)2 = 2,21 𝑊
A potência gerada no cabo é dissipada para o ambiente na forma de calor. Entre o cabo e o ambiente existem duas resistências:
ln(𝑟2 ⁄𝑟1 ) ln(0,006⁄0,005) 1 1
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 = = = 0,1451 𝐾/𝑊 𝑅𝑎𝑟 = = = 1,2057 𝐾/𝑊
𝑘. 2 . 𝜋 . 𝐿 0,20 × 2 × 𝜋1 ℎ . (2. 𝜋 . 𝑟2 . 𝐿) 22 × (2 × 𝜋 × 𝑟2 × 1)
Cálculo da temperatura no cabo quando dissipa 2,21 W:
𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 − 27
𝑞̇ = ⟹ 2,21 = ⟹ 𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 = 30 °𝐶
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,1451 + 1,2057
b) Cálculo do calor transferido na temperatura máxima do plástico (150 °C):
𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑎𝑟 150 − 27
𝑞̇ = = = 91,06 𝑊
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,1451 + 1,2057
Determinação da corrente máxima:
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 → 91,06 = 0,001 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 301,7 𝐴
c) Cálculo do calor transferido na temperatura máxima (150 °C) considerando a resistência de contato.
𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑎𝑟 150 − 27
𝑞̇ = = = 70,25 𝑊
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑡 + 𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,40 + 0,1451 + 1,2057
Determinação da corrente máxima:
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 → 70,25 = 0,001 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 265,1 𝐴

Exercício R.3.15. Considere uma geladeira de dimensões são 1,8 m X 1,2 m X 0,8 m. As paredes da geladeira tem de 3 cm de espessura
e são compostas de três camadas em série: 2 mm de aço (k = 40 W/m.K) do lado externo, uma camada intermediária de 19 mm de
material isolante (k = 0,075 W/m.K) e 9 mm de plástico (k = 5,03 W/m.K) do lado interno. Verificou-se que, em média, o motor da geladeira
se mantém ligado durante 20 min. a cada hora (1/3 do tempo). Se a temperatura média no interior da geladeira é de 5°C, com coeficiente
de película 11 W/m2.K e no exterior da geladeira é 25°C, com coeficiente de película 16 W/m2.K, determine:
a) o fluxo de calor transferido para o interior da geladeira (ou removido do interior da geladeira);
b) o custo mensal de funcionamento da geladeira para uma relação COP (fluxo de calor removido do interior da geladeira/potência
consumida em funcionamento) de 1,5. Considere o custo unitário da eletricidade igual a R$ 0,28/kWh.

51
𝑇𝑖𝑛𝑡 = 5 °𝐶 𝑇𝑒𝑥𝑡 = 25 °𝐶 ℎ𝑖𝑛𝑡 = 11 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 ℎ𝑒𝑥𝑡 = 16 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝐿𝑎ç𝑜 = 2 𝑚𝑚 = 0,002 𝑚 𝐿𝑖𝑠𝑜 = 19 𝑚𝑚 = 0,019 𝑚 𝐿𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 = 9 𝑚𝑚 = 0,009 𝑚
a) no cálculo do fluxo transferido para o interior da geladeira, devem ser consideradas 5 resistências:
𝑘𝑎ç𝑜 = 40 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,075 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 = 5,03 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
𝑞̇,
Área da geladeira: 𝐴 = 2 × (1,8 × 1,2) + 2 × (1,8 × 0,8) + 2 × (1,2 × 0,8) = 9,12 𝑚2

𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡


𝑞̇ = =
𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅𝑎ç𝑜
𝐶𝐷 + 𝑅 𝐶𝐷 + 𝑅 𝐶𝐷
𝑖𝑠𝑜
𝐶𝑉
𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 + 𝑅𝑒 1 𝐿𝑎ç𝑜 𝐿𝑖𝑠𝑜 𝐿𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 1
ℎ𝑖𝑛𝑡 . 𝐴 + 𝑘𝑎ç𝑜 . 𝐴 + 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝐴 + 𝑘𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 . 𝐴 + ℎ𝑒𝑥𝑡 . 𝐴
25 − 5
𝑞̇ = = 429,18 𝑊
1 0,002 0,019 0,009 1
+ + + +
16 × 9,12 40 × 9,12 0,075 × 9,12 5,03 × 9,12 11 × 9,12
b) O fluxo de calor a ser removido é igual ao fluxo de calor transferido para o interior da geladeira e a relação COP (coeficiente de
performance) é definida como a relação entre fluxo de calor removido do interior da geladeira pela potência consumida pelo sistema de
refrigeração em funcionamento e potência é a relação entre energia consumida e o tempo. Para COP igual 1,5, temos:
𝑞̇ 429,18
𝐶𝑂𝑃 = ⟹ ℘= = 286,12 𝑊 = 0,286 𝑘𝑊
℘ 1,5
Para um mês de 30 dias, como a geladeira funciona 1/3 do tempo, obtemos um período de 10 dias (240 horas):
𝐸
℘= ⟹ 𝐸 = ℘ . 𝑡 = 0,286 𝑘𝑊 × 240 ℎ = 68,64 𝑘𝑊ℎ
𝑡
Para um custo unitário da eletricidade igual a R$ 0,28/kWh.
𝑅$ 0,28
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 68,64 𝑘𝑊ℎ × = 𝑅$ 19,22
𝑘𝑊ℎ

Exercício R.3.16. Um aquecedor elétrico é usando para manter a água presente em um tanque cilíndrico de 1 metro de diâmetro e 1
metro de altura na temperatura constante de 80 °C. As paredes do tanque são feitas de aço e tem resistência térmica desprezível. Na
face interna do tanque o coeficiente de película é 55 W/m2.K e na face externa o coeficiente de película é 10 W/m 2.K. Considerando a
transferência de calor apenas pela área lateral do tanque e que a temperatura do ambiente externo é 20°C, determine:
a) a potência necessária no aquecedor elétrico para manter a temperatura da água constante.
b) o gasto mensal com energia elétrica considerando que o aquecedor opera continuamente. O custo da energia elétrica é R$ 0,36 por
kWh.
c) a nova potência necessária no aquecedor elétrico para manter a temperatura da água constante se tanque for revestido com uma
camada de 10 mm de um material isolante (k = 0,035 W/m.K).
d) a economia mensal (R$/mês) após o isolamento do tanque.

52
𝑇𝑖 = 80 °𝐶 𝑇𝑒 = 20 °𝐶
ℎ𝑖 = 55 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 ℎ𝑒 = 10 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑑 1
𝑟 = = = 0,5 𝑚 𝐿 =1𝑚
2 2
𝐴 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,5 × 1 = 3,1416 𝑚2

a) para manter a temperatura da água contante a potencia do aquecedor deve ser igual ao fluxo de calor tranferido pelas paredes do
tanque:
1 1 𝐾 1 1 𝐾
𝑅𝑖 = = = 0,00579 𝑅𝑖 = = = 0,0318
ℎ𝑖 . 𝐴 55 × (3,1416) 𝑊 ℎ𝑒 . 𝐴 10 × (3,1416) 𝑊
𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 80 − 20
𝑞̇ = = = 1595 𝑊 = ℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑅𝑖 + 𝑅𝑒 0,00579 + 0,0318
0,36
b) dado o tempo de operação e o custo da energia, temos: 𝑡 = 1 𝑚ê𝑠 = 720 ℎ 𝐶𝐸 = 𝑅$
𝑘𝑊ℎ
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 = ℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 . 𝑡 = 1595 𝑊 × 720ℎ = 1.148.373 𝑊ℎ = 1148,4 𝑘𝑊ℎ
0,36
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 1148,4 𝑘𝑊ℎ × 𝑅$ = 𝑅$ 413,14
𝑘𝑊ℎ
c) com o isolamento do tanque é introduzida uma resistência de condução:
𝑊
𝑟 = 0,5 𝑚 𝑒𝑖𝑠𝑜 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 ⟹ 𝑟𝑖𝑠𝑜 = 𝑟 + 𝑒𝑖𝑠𝑜 = 0,5 + 0,01 = 0,51 𝑚 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,035
𝑚. 𝐾
ln(𝑟2 ⁄𝑟1 ) ln(0,51⁄0,5)
𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 0,0901 𝐾/𝑊
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2 . 𝜋 . 𝐿 0,035 × 2 × 𝜋 × 1
A área externa do tanque aumenta com o isolamento, alterando a resistência da convecção na película externa:
𝐴𝑖𝑠𝑜 = 2. 𝜋. 𝑟𝑖𝑠𝑜 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,51 × 1 = 3,2044 𝑚2
1 1 𝐾
𝑅′𝑖 = = = 0,0312
ℎ𝑒 . 𝐴 10 × (3,2044) 𝑊
𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 80 − 20
𝑞̇ ′ = = = 472 𝑊 = ℘′𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑅𝑖 + 𝑅𝑖𝑠𝑜 + 𝑅′𝑒 0,00579 + 0,0901 + 0,0312
Como o tempo de operação e o custo da energia são os mesmos, temos:
𝐸′𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 = ℘′𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 . 𝑡 = 472 𝑊 × 720ℎ = 339840 𝑊ℎ = 339,8 𝑘𝑊ℎ
0,36
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜′ = 339,8 𝑘𝑊ℎ × 𝑅$ = 𝑅$ 122,33
𝑘𝑊ℎ
d) A economia é a diferença de custos:
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ′ = 𝑅$ 413,14 − 𝑅$ 122,33 = 𝑅$ 290,81

Exercícios Propostos:

Exercício P.3.1. Um forno retangular de uma fábrica de cerâmica está isolado com duas camadas, sendo a primeira, que está em contato
com a carga do forno, de refratário especial (k= 0,6 kcal/h.m.°C) e a outra de um bom isolante (k = 0,09 kcal/h.m.°C). Sabe-se que a
temperatura da face interna do forno é 900 °C e que a temperatura do ar ambiente é 20 °C (h = 20 kcal/h.m2.°C). O fluxo de calor através
da parede do forno, de 40 cm de espessura, é igual a 800 kcal/h por m2. Pede-se:

53
a) a espessura de cada camada que forma a parede do forno
b) a temperatura da interface das camadas
c) se for especificada uma temperatura máxima de 30 °C na parede externa do forno, qual a nova espessura isolante necessária?
Respostas: a) 0,359 m e 0,0405 m b) 420 °C c) 0,337 m

Exercício P.3.2. Em uma fábrica, uma grande folha de plástico (k=1,94 kcal/h.m.°C), com 12 mm de espessura, deve ser colada a uma
folha de cortiça (k=0,037 kcal/h.m.°C) de 25 mm de espessura. Para obter ligadura, a cola deve ser mantida a 50 °C por um considerável
período de tempo. Isto se consegue aplicando uniformemente um fluxo de calor sobre a superfície do plástico. O lado de cortiça, exposto
ao ar ambiente a 25 °C, tem um coeficiente de película de 10 Kcal/h.m2. °C. Desprezando a resistência térmica da cola, calcule:
a) o fluxo de calor por m2 aplicado para se obter a temperatura na interface com cola;
b) as temperaturas nas superfícies externas do plástico e da cortiça.
Respostas: a) 32,23 kcal/h b) 50,2 °C e 28,2 °C

Exercício P.3.3. Um chip de silício de resistência térmica desprezível e uma base de alumínio de 8 mm de espessura (k = 238 W/m.K) são
separados por uma cola de epóxi de resistência térmica 0,9 x 10-4 K/W. A face superior do chip e a face inferior da base de alumínio estão
expostas ao ar na temperatura de 298 K e com coeficiente de película de 100 W/m2.K. O chip dissipa calor na razão de 104 W por m2 de
superfície (inferior e superior) e sua temperatura deve ser mantida abaixo de 358 K (desprezar a transferência de calor pelas áreas
laterais).
a) responda se a temperatura do chip ficará abaixo da máxima temperatura permitida.
b) calcule qual deveria ser a resistência da cola para que o limite de temperatura do chip seja ultrapassado em 1 K.

Respostas: a) 348,31 K (fica abaixo da máxima) b) 5,607 X 10 -3 K/W

Exercício P.3.4. Um tubo de aço de 10" de diâmetro interno e 0,375" de espessura, transporta vapor a 500 °F. O tubo é coberto por 2"
de isolação para reduzir as perdas de calor para a atmosfera ambiente a 80 °F. Sabe-se que os coeficientes de película para a superfície
interna do tubo e para superfície externa da isolação são respectivamente 2500 Btu/h.ft 2.°F e 1,6 Btu/h.ft2. °F e que a condutividade
térmica do aço é 26 Btu/h.ft.°F e a da isolação é 0,045 Btu/h.ft.°F. Para proteção de pessoal a temperatura da superfície externa não deve
exceder 140 °F. Calcular:
a) o fluxo de calor por unidade de comprimento do tubo;
b) se as duas polegadas de espessura do isolamento irão satisfazer a exigência de proteção de pessoal.
Respostas: 327,2 Btu/h (p/ ft) b) 133 °F (sim, vai atender)

Exercício P.3.5. O interior de um refrigerador, cujas dimensões são 0,5 X 0,5 m de área da base e 1,25 m de altura, deve ser mantido a 4
°C. As paredes do refrigerador são construídas de duas chapas de aço (k= 36 kcal/h.m.°C) de 3 mm de espessura, com 65 mm de material
isolante (k=0,213 kcal/h.m.°C) entre elas. O coeficiente de película da superfície interna é 10 kcal/h.m2.°C, enquanto que na superfície
externa varia de 8 a 12,5 kcal/h.m2.°C. Calcular:
a) a potência elétrica (em HP) do motor do refrigerador para que o fluxo de calor removido do interior da geladeira mantenha a
temperatura especificada, numa cozinha cuja temperatura pode variar de 20 a 30 °C (Dados: COP = 2,5 e 1 HP = 641,2 Kcal/h);
b) as temperaturas das superfícies interna e externa da parede.
Respostas: a) 0,1 HP b) 25,7 °C e 9,4 °C

54
Exercício P.3.6. Uma casca esférica (k = 1,65 kcal/h.m.°C) de diâmetro externo 1,2 m e interno 1,1 m é aquecida internamente por
resistência elétrica de modo a manter a temperatura da superfície externa a 90 °C. Quando água de chuva a 25 °C flui pelo lado externo
do reservatório, durante uma tempestade, a potência requerida na resistência é 140 KW. Quando ar atmosférico a 25 °C, flui pelo lado
externo do reservatório, durante uma ventania, a potência requerida é 20 KW.
a) calcular os coeficientes de película para os fluxos de água e vento. (Dado: 1 KW = 860 kcal/h).
b) calcular a temperatura da superfície interna do reservatório em ambos casos.
Respostas: a) 58,5 e 409,5 Kcal/h.m 2 .°C b) 215,7°C e 969,8 °C

Exercício P.3.7. Ar na temperatura de 300 °C, fluí com velocidade de 10 m/s sobre uma placa plana de comprimento 0,5 m e 0,25 m de
largura. Determine a taxa de transferência de calor necessária para manter a superfície da placa na temperatura de 27 °C. Dados:
- Considere regime permanente e despreze os efeitos da radiação.
- Para fluxo laminar (𝑅𝑒 < 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada para este tipo de escoamento:

, onde: Nu L =
h. L
e Re L =
V .L
(L = comprimento da placa )
k 
- As propriedades estimadas do ar e o número de Prandt são:
𝜈 = 5,21 × 10−4 𝑚2 ⁄𝑠 𝑘 = 0,0364 𝑊⁄𝑚 . 𝐾 𝑃𝑟 = 0,687
Respostas: 142,65 W

Exercício P.3.8. Duas substâncias são misturadas reagindo entre si e liberando calor dentro de um tubo de diâmetro interno 7,62 cm e
espessura igual a 0,5 cm (k= 32 kcal/h.m.°C). O comprimento do tubo é 10 m. Todo calor gerado na reação é cedido ao ambiente de
modo que a temperatura da mistura (180 °C) permanece constante. Por motivo de segurança, será necessário isolar a tubulação, de
modo que a temperatura na face externa do isolante (k= 0,065 kcal/h.m.°C) não ultrapasse 50 °C. O ar externo está a 25 °C, com
coeficiente de película 12 kcal/h.m2.°C. O coeficiente de película da mistura é 90 kcal/h.m2.°C. Pede-se a espessura mínima necessária
do isolante, para atender a condição desejada.
Respostas: 2,1 cm

Exercício P.3.9. Uma corrente elétrica de 700 A flui através de um cabo feito de aço inox de diâmetro 15 mm e resistência elétrica de
6,01 X 10-4 Ω por metro de comprimento do cabo. O cabo está instalado em um ambiente na temperatura de 30 °C e com coeficiente de
película estimado para o local em 25 W/m2.K.
a) considerando inicialmente que o cabo de inox não é revestido, determine a temperatura em sua superfície.
b) se uma camada de material plástico isolante de 1 mm de espessura e com condutividade térmica 0,0845 W/m.K é utilizada como
revestimento do cabo de inox, determine qual deverá ser a temperatura na superfície do cabo.
Respostas: a) 280 °C b) 320 °C

Exercício P.3.10. Após dois anos de trabalho, o isolamento térmico de um forno retangular deverá ser substituído. Um dos engenheiros
do setor, recomenda um isolante de condutividade igual a 0,045 kcal/h.m.°C, vendido em placas de 2 cm de espessura; outro engenheiro
é de opinião que poderia ser usado um outro isolante de k igual a 0.055 kcal/h.m.°C, vendido em placas de 4 cm de espessura. Sabe-se
que por razões de ordem técnica, o fluxo de calor através da parede do forno deve ser mantido constante e igual a 350 kcal/h.m2 e que
as temperaturas de trabalho são 800 °C e 25 °C, respectivamente, face interna do isolante e no ambiente. Sabendo-se que o coeficiente
de película do ar no ambiente é 20 kcal/h.m2.°C, pede-se:
a) o número de placas de isolante em cada caso;
b) o tipo de isolante que você recomendaria sabendo que o isolante de maior espessura tem preço por m2 35% maior.
Respostas: a) 9,74 cm (5 placas) e 11,90 cm (3 placas) b) as placas de 4 cm são mais vantajosas.

Exercício P.3.11. Um submarino deve ser projetado para proporcionar uma temperatura agradável à tripulação não inferior a 20 °C. O
submarino pode ser idealizado como um cilindro de 10 m de diâmetro externo e 70 m de comprimento. O coeficiente de película interno
é cerca de 12 kcal/h.m2.°C, enquanto que, no exterior , estima-se que varie entre 70 kcal/h.m2.°C (submarino parado) e 600 kcal/h.m2.°C
(velocidade máxima). A construção das paredes do submarino é do tipo sanduíche com uma camada externa de 19 mm de aço inoxidável
55
(k=14 kcal/h.m.°C), uma camada de 25 mm de fibra de vidro (k=0,034 kcal/h.m.°C) e uma camada de 6 mm de alumínio (k=175
kcal/h.m.°C) no interior. Considerando que a transferência de calor pelas extremidades do submarino pode ser desprezada (considerar
apenas a parte cilíndrica), determine a potência útil necessária (em kW) da unidade de aquecimento requerida se a temperatura da água
do mar varia entre 7°C e 12 °C. (Dado: 1 KW = 860 Kcal/h).
Respostas: 40,18 kW

Exercício P.3.12. O anemômetro de fio quente é um instrumento utilizado para medir a velocidade de uma corrente de ar. Conforme
mostrado na figura, tal aparelho tem em um fio metálico fino que é aquecido eletricamente de forma a manter a sua temperatura
constante quando exposto ao fluxo de ar. Medindo-se a corrente elétrica necessária para manter este fio a temperatura constante, pode-
se calcular a velocidade da corrente de ar. Conforme o exposto atenda ao solicitado abaixo:

a) calcule a potência que deve ser dissipada no fio quente de forma a manter a sua temperatura na superfície (Ts) constante e igual a 330
°C. Suponha um fio cilíndrico fino com 6 mm de comprimento e 0,10 mm de diâmetro, exposto a uma corrente de ar a temperatura (T∞ )
igual a 25 °C e com coeficiente de película de 1000 W/m2.K.
b) calcule a corrente necessária considerando a resistência elétrica do fio igual a 20 Ω.
c) dada a relação abaixo entre a corrente elétrica (i em amperes) e a velocidade do fluido (V∞ em m/s), determine a velocidade do fluido.
𝑖 2 = 0,0095 ∗ √V∞ + 0,0019
d) se o anemômetro for usado em local com ar parado (V∞ = 0) calcule a potência que deve ser dissipada no fio de forma a manter a sua
temperatura na superfície (Ts) constante e igual a 330 °C e qual o coeficiente de película no local.
Respostas: a) 0,575 W b) 0,17 A c) 8 m/s d) 0,038 W e 66 W/m 2 .K

Exercício P.3.13. Um forno de formato cúbico, com altura de 5 ft, está isolado com 4" de um material isolante (k=1 Btu/h.ft.°F). Nele são
inseridas 1500 Ib/h de uma liga metálica, que se funde a 1100 °F, com calor latente de fusão da liga de 300 Btu/Ib. O forno se encontra
em um ambiente onde a temperatura é 75 °F e o coeficiente de película é 2 Btu/h.ft 2. °F. Desprezando-se a resistência térmica da parede
do forno e admitindo-se que a liga já entre a 1100 °F, pede-se:
a) o fluxo de calor pelas 6 faces do forno
b) quantos HP são necessários para fundir a liga e compensar as perdas? Dado: 1 HP = 2544,4 Btu/h
Respostas: a) 184.573,8 Btu/h b) 249,5 HP

Exercício P.3.14. Um sistema de aquecimento de manter um reagente a 80 °C em um tanque cúbico de 2 m de aresta, feito de aço e com
resistência térmica desprezível. O sistema de aquecimento alimentado por uma tensão de 440 V e tem resistência elétrica variável. No
interior do tanque o coeficiente de película é 45 W/m2.K e do lado externo o coeficiente de película é 15 W/m2.K com temperatura
ambiente de 20 °C. Considerando que reagente já foi aquecido ao entrar no tanque e que o calor gerado pelo sistema de aquecimento é
somente para manter o reagente a 80 °C, ou seja, repor as perdas de calor para o ambiente, calcule:
a) A corrente elétrica necessária no sistema de aquecimento.
b) Se a superfície externa do tanque for revestida com uma camada de 5 mm de material isolante (k = 0,035 W/m.K), calcule a nova
corrente elétrica necessária para manter o reagente a 80 °C.
c) Se o custo da energia elétrica é R$ 0,35 por kWh, determine a redução de custo mensal (em reais/mês) após a aplicação do isolante,
considerando que o sistema opera continuamente.
Dado: Potencia gerada em um resistor: ℘ = 𝑈 . 𝑖 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑈 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 (𝑉 ) 𝑒 𝑖 = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 (𝐴)
Respostas: a) 36,8 A b) 14,1 A c) R$ 2.516,55

56
4. RADIAÇÃO TÉRMICA

4.1. MECANISMO DA RADIAÇÃO TÉRMICA

A radiação pode ser definida como o processo pelo qual calor é transferido de uma superfície em alta temperatura para uma superfície
em temperatura mais baixa quando tais superfícies estão separadas no espaço, ainda que exista vácuo entre elas. A energia assim
transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas eletromagnéticas.
O exemplo mais evidente que pode ser citado é o calor que recebemos do sol. Neste caso, recebemos energia, mesmo havendo vácuo
entre a superfície do sol, cuja temperatura é aproximadamente 5500 °C, e a superfície do planeta da terra. Esta energia chega até nós na
forma de ondas eletromagnéticas e vida na terra depende desta energia recebida.
As emissões de ondas eletromagnéticas podem ser atribuídas a variações das configurações eletrônicas dos constituintes de átomos e
moléculas, e ocorrem devido a vários fenômenos, porém, para a transferência de calor interessa apenas as ondas eletromagnéticas
resultantes de uma diferença de temperatura (radiações térmicas). As suas características são:

• Todos corpos em temperatura acima do zero absoluto emitem continuamente radiação térmica;
• As intensidades das emissões dependem somente da temperatura e da natureza da superfície emitente;
• A radiação térmica viaja na velocidade da luz (300.000 Km/s).

Apesar de todas as ondas eletromagnéticas terem as mesmas características gerais, ondas de comprimento de onda diferente diferem
significativamente no seu comportamento. As radiações eletromagnéticas encontradas na prática abrangem uma ampla gama de
comprimentos de onda, variando de menos de 10 -10 m (1 m = 10-6 m) para os raios cósmicos para mais de10+8 m para ondas longas
de rádio. O espectro eletromagnético inclui também os raios gama, raios-X, radiação ultravioleta, luz visível, radiação infravermelha,
radiação térmica, micro-ondas e ondas de rádio, como mostrado na Figura 4-1.

Figura 4-1

Diferentes tipos de radiação eletromagnética são produzidos através de vários mecanismos. Por exemplo, raios gama são produzidos em
reações nucleares, raios X pelo bombardeio de metais com elétrons de alta energia, micro-ondas por tipos especiais de tubos de elétrons
(magnetrons) e ondas de rádio pela excitação de alguns cristais ou pelo fluxo de corrente alternada através de condutores elétricos.
O tipo de radiação eletromagnética que é pertinente para a transferência de calor é a radiação térmica emitida como resultado de
transições de energia de moléculas, átomos e elétrons de uma substância. A temperatura é uma medida da potência dessas atividades

57
no nível microscópico e a taxa de emissão de radiação térmica aumenta com o aumento temperatura. A radiação térmica é
continuamente emitida por toda a matéria cuja temperatura é acima do zero absoluto, ou seja, tudo o que nos rodeia, como paredes,
móveis, e as pessoas. Todos emitem constantemente (e absorvem também) radiação térmica.
A faixa de comprimentos de onda englobados pela radiação térmica fica aproximadamente entre 0,1 e 100 m. Essa faixa é subdividida
em ultravioleta, visível e infravermelho. O sol, com temperatura de superfície da ordem de 5500 °C, emite a maior parte de sua energia
abaixo de 3 m, enquanto um filamento de lâmpada, a 1000 °C, emite mais de 90 % de sua radiação entre 1 m e 10 m.
A análise espectroscópica revelou que as intensidades das radiações térmicas variam como mostrado na figura 5.2. Existe um pico máximo
de emissão para um determinado comprimento de onda (𝜆𝑚𝑎𝑥 ) cuja posição é função da temperatura absoluta do emissor.

Figura 4-2

Algumas observações podem ser feitas, analisando a Figura 4-2:


• A radiação emitida é uma função contínua do comprimento de onda. Em qualquer temperatura especificada, aumenta com o
comprimento de onda, atinge um pico (𝜆𝑚𝑎𝑥 ), e em seguida, diminui.
• Em qualquer comprimento de onda, a quantidade de radiação emitida aumenta com o aumento da temperatura.
• À medida que a temperatura aumenta, as curvas se deslocam para a esquerda (região comprimento de onda mais curto). Assim,
uma maior fracção da radiação é emitida em comprimentos de onda mais curtos em temperaturas mais elevadas.
• A radiação emitida pelo sol, a 5500 °C, atinge o seu pico na região do visível do espectro. Portanto, nossos olhos estão em
sintonia com o sol. Por outro lado, as superfícies abaixo de 600 °C emitem quase inteiramente na região do infravermelho e,
portanto, não são visíveis a olho nu a menos que eles reflitam a luz que vem outras fontes.

4.2. CORPO NEGRO e CORPO CINZENTO

Poder de emissão (E) é a energia radiante total emitida por um corpo, por unidade de tempo e por unidade de área em uma dada
temperatura (W/m2 no sistema internacional). Na Figura 4-2 o poder de emissão corresponde à área sob as curvas em uma dada
temperatura.

Corpo Negro, ou irradiador ideal, é um corpo que emite e absorve, a qualquer temperatura, a máxima quantidade possível de radiação
em qualquer comprimento de onda. O corpo negro é um conceito teórico que estabelece um limite superior de radiação de acordo com
a segunda lei da termodinâmica e com o qual as características de radiação dos outros meios são comparadas. Embora um corpo negro

58
iria parecer preto aos nossos olhos, uma distinção deve ser feita entre o corpo negro idealizado e uma superfície preta comum. Qualquer
superfície que absorve a luz visível aparece em preto para o olho humano, e uma superfície que reflete a luz visível aparece branca.
Considerando que a radiação visível ocupa uma banda muito estreita do espectro de radiação térmica (0,4-0,76 m), não podemos fazer
qualquer julgamento sobre o comportamento negro de uma superfície, com base em observações visuais. Por exemplo, neve e tinta
branca refletem a luz visível e, portanto, aparecem em branco. Mas são essencialmente negras para a radiação infravermelha já que
absorvem fortemente a radiação de longo comprimento de onda. Superfícies revestidas com a pintura “negro de fumo” se aproximam
do comportamento negro idealizado.

Corpo Cinzento é o corpo cuja energia emitida ou absorvida é uma fração da energia emitida ou absorvida por um corpo negro. As
características de radiação dos corpos cinzentos se aproximam das características dos corpos reais, como mostra esquematicamente a
Figura 4-3.

Figura 4-3

Emissividade de uma superfície é a razão do poder de emissão de uma superfície cinzenta (real), a uma dada temperatura, para poder
de emissão de um corpo negro na mesma temperatura, conforme Equação 4-1. A emissividade de uma superfície é designada por , e
varia entre zero e um, 0    1. A emissividade é uma medida de quão perto uma superfície se aproxima do comportamento de um
corpo negro, para o qual  = 1.
𝐸
Equação 4-1 𝜀 = 𝐸𝑐
𝑛

, 𝐸𝑐 = 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑐𝑖𝑛𝑧𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑊⁄𝑚2 )


𝐸𝑛 = 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑛𝑒𝑔𝑟𝑜 (𝑊⁄𝑚2 )

A emissividade de uma superfície real não é uma constante. Pelo contrário, ela varia de acordo com a temperatura da superfície, bem
como o comprimento de onda e a direção da radiação emitida. Portanto, diferentes valores de emissividade podem ser definidos para
uma superfície, dependendo dos efeitos considerados.
Para os corpos cinzentos a emissividade () é, obviamente, sempre menor que 1. Pertencem à categoria de corpos cinzentos a maior
parte dos materiais de utilização industrial, para os quais em um pequeno intervalo de temperatura pode-se admitir a emissividade
constante e tabelada em função da natureza da superfície do corpo. Para os metais, em virtude de suas características atômicas, isto não
ocorre. Entretanto, para pequenos intervalos de temperatura, as tabelas fornecem valores constantes de emissividade aplicáveis aos
metais.
A Tabela 4.1 mostra os valores médios de emissividade de alguns materiais na temperatura ambiente (27 °C).

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Tabela 4.1
Emissividades Usuais de Alguns Materiais na Temperatura Ambiente
Material Emissividade (ε)
Aço inoxidável polido 0,17
Alumínio altamente polido 0,04
Areia 0,90
Concreto 0,88 – 0,93
Janela de vidro 0,90 – 0,95
Materiais de construção – placas de amianto 0,93 – 0,96
Materiais de construção – tijolo, vermelho 0,93 – 0,96
Materiais de construção - madeira 0,82 – 0,92
Papel, branco 0,92 – 0,97
Pavimentação de asfalto 0,85 – 0,93
Tecidos 0,75 – 0,90
Tintas – pretas 0,98
Tintas – branca acrílica 0,90
Vegetação 0,92 – 0,96
Cobre polido 0,01
Vidro 0,92
Ferro polido 0,23

4.3. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN

A partir da determinação experimental de Stefan em 1879 e da dedução matemática de Boltzmann em 1884, chegou-se à conclusão que
a quantidade total de energia emitida por unidade de área de um corpo negro e na unidade de tempo, ou seja, o seu poder de emissão
(En), é proporcional a quarta potência da temperatura absoluta, conforme a Equação 4-2.

Equação 4-2 𝐸𝑛 = 𝜎 . 𝑇 4
𝜎 = 5,67 × 10−8 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾 4 (constante de Stefan-Boltzmann no Sistema Internacional) -8
0,171 X 10
𝑇 = temperatura absoluta (em graus Kelvin) 4
BTU/hft 2 R
Nos outros sistemas de unidades a constante de Stefan-Boltzmann fica assim:
• Sistema Métrico: 𝜎 = 4,88 × 10−8 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
• Sistema Inglês: 𝜎 = 5,67 × 10−8 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . 𝑅4 T(R)=t(ºF)+460

4.4. FATOR FORMA

Um problema-chave no cálculo da transferência de calor por radiação entre superfícies consiste em determinar a fração da radiação total
difusa que deixa uma superfície e é interceptada por outra e vice-versa.
A fração da radiação distribuída difusamente que deixa a superfície Ai e alcança a superfície Aj é denominada de fator forma para
radiação Fij. O primeiro índice a superfície que emite e o segundo a que recebe radiação.

4.5. CÁLCULO DA TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO

Consideremos duas superfícies negras de áreas A1 e A2, separadas no espaço e em diferentes temperaturas (T1>T2), conforme Figura 4-4.

60
Figura 4-4
Em relação às superfícies A1 e A2 temos os seguintes fatores forma:
𝐹12 : 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (1) 𝑒 é 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑝𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (2)
𝐹21 : 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (2) 𝑒 é 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑝𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (1)
Usando a definição de Poder de Emissão, a energia radiante que deixa A1 e alcança A2 pode ser calculada assim:
𝑊
𝑞̇ 1→2 = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 [ . 𝑚2 . (−) = 𝑊] .
𝑚2
A energia radiante que deixa A2 e alcança A1 pode ser calculada assim:
𝑊
𝑞̇ 2→1 = 𝐸𝑛2 . 𝐴2 . 𝐹21 [ . 𝑚2 . (−) = 𝑊] .
𝑚2
A troca líquida de energia entre as duas superfícies será:
Equação 4-3 𝒒̇ = 𝒒̇ 𝟏→𝟐 − 𝒒̇ 𝟐→𝟏 = 𝑬𝒏𝟏 . 𝑨𝟏 . 𝑭𝟏𝟐 − 𝑬𝒏𝟐 . 𝑨𝟐 . 𝑭𝟐𝟏
Consideremos agora a situação em que as duas superfícies estão na mesma temperatura. Neste caso, o poder de emissão das duas
superfícies negras é o mesmo (En1 = En2) e não pode haver troca líquida de energia (𝑞̇ = 0). Então a Equação 4-3 fica assim:
0 = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 − 𝐸𝑛2 . 𝐴2 . 𝐹21
Como En1 = En2, obtemos:

Equação 4-4 𝑨𝟏 . 𝑭𝟏𝟐 = 𝑨𝟐 . 𝑭𝟐𝟏


Como tanto a área e o fator forma não dependem da temperatura, a relação dada pela Equação 4-4 é válida para qualquer temperatura.
Substituindo a Equação 4-4 na Equação 4-3, obtemos:
𝑞̇ = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 − 𝐸𝑛2 . 𝐴1 . 𝐹12
𝑞̇ = 𝐴1 . 𝐹12 (𝐸𝑛1 − 𝐸𝑛2 )
Pela lei de Stefan-Boltzmann, temos que:
𝐸𝑛1 = 𝜎 . 𝑇14 𝑒 𝐸𝑛2 = 𝜎 . 𝑇24
Portanto:
𝑞̇ = 𝐴1 . 𝐹12 (𝜎 . 𝑇14 − 𝜎 . 𝑇24 )
Obtemos assim a expressão para o fluxo de calor transferido por radiação entre duas superfícies a diferentes temperaturas:

Equação 4-5 𝑞̇ = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇14 − 𝑇24 )


O Fator Forma depende da geometria relativa dos corpos e de suas emissividades (). Nos livros e manuais, encontramos para diversos
casos, tabelas e ábacos para o cálculo do fator forma para cada situação (placas paralelas, discos paralelos, retângulos perpendiculares,
quadrados, círculos, etc.).
Exemplos de Fator Forma para algumas configurações geométricas são mostrados a seguir:
• Superfícies (1) e (2) negras, paralelas e de grandes dimensões:
Equação 4-6 𝑭𝟏𝟐 = 𝟏
• Superfícies (1) e (2) cinzentas, grandes e paralelas:

61
𝟏
Equação 4-7 𝑭𝟏𝟐 = 𝟏 𝟏
+ −𝟏
𝜺𝟏 𝜺𝟐

• Superfície cinzenta (1) muito menor que superfície cinzenta (2):

Equação 4-8 𝑭𝟏𝟐 = 𝜺𝟏


A configuração superfície cinzenta (1) muito menor que superfície cinzenta (2) (Equação 4-8) é bastante comum e corresponde a situações
como um aquecedor em um grande recinto, uma resistência elétrica em uma estufa, uma tubulação aquecida em um galpão, etc.

4.6. EFEITO COMBINADO CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO

Suponhamos, como exemplo, uma parede plana qualquer submetida à uma diferença de temperatura. Na face interna a temperatura é
T1 e na face externa tem-se uma temperatura T2 maior que a temperatura do ar ambiente T3, como mostra a Figura 4-5. Neste caso,
através da parede ocorre uma transferência de calor por condução até a superfície externa. A superfície transfere calor por convecção
para o ambiente. Porém existe também uma parcela de transferência de calor por radiação da superfície para as vizinhanças.

Figura 4-5
Neste caso, é possível estabelecer o seguinte balanço:

Equação 4-9 𝑞̇ 𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 = 𝑞̇ 𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜 + 𝑞̇ 𝑅𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜

Exercícios Resolvidos

,Exercício R.4.1. Duas placas muito grandes de metal, separadas de 2" uma da outra, são aquecidas a 300 °C e 100 °C, respectivamente.
As emissividades são 0,95 e 0,3 respectivamente. Calcular a taxas de transferência de calor por radiação através do par de placas em
unidades do sistema métrico.
𝑇1 = 300 °𝐶 = 573 𝐾
𝑇2 = 100 °𝐶 = 373 𝐾

𝜀1 = 0,95 𝜀2 = 0,30

Para o cálculo do fator forma utilizaremos a Equação 4-7 (duas superfícies cinzentas grandes e paralelas):
1 1
𝐹12 = = = 0,295
1 1 1 1
𝜀1 + 𝜀2 − 1 0,95 + 0,30 − 1
Como T1 é maior que T2, existe um fluxo de calor líquido de (1) para (2). Para uma área unitária, temos:
𝐾𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇14 − 𝑇24 ) = 4,88 × 10−8 2 4 × 1 𝑚2 × 0,295 × [(573)4 − (373)4 ] 𝐾 4 = 1273,2 (𝑝/ 𝑚2 )
ℎ. 𝑚 . 𝐾 ℎ
62
Exercício R.4.2. Um duto de ar quente, com diâmetro externo de 22 cm e temperatura superficial de 93 °C, está localizado num grande
compartimento cujas paredes estão a 21 °C. O ar no compartimento está a 27 °C e o coeficiente de película é 5 kcal/h.m2.°C. Determinar
a quantidade de calor transferida por unidade de tempo, por metro de tubo, se:
a) o duto é de estanho (= 0,1)
b) o duto é pintado com laca branca (= 0,9)

𝑇𝑖 = 93 °𝐶 = 366 𝐾
𝑇𝑎𝑟 = 27 °𝐶
𝑇𝑝 = 21 °𝐶 = 294 𝐾
𝜀1 = 0,1 ℎ = 5 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑑 = 22 𝑐𝑚 → 𝑟 = 11 𝑐𝑚 = 0,11 𝑚 𝐿 =1𝑚

a) para um comprimento unitário do duto de estanho (sem pintura), temos: = 0,1


Como o tubo atravessa um grande compartimento, ou seja, a superfície do tubo é muito menor que a superfície do compartimento, o
fator forma é calculado através da Equação 4-8, assim:
𝐹12 = 𝜀1 = 0,1
o fluxo de calor é composto de duas parcelas (convecção e radiação):
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇𝑡4 − 𝑇𝑝4 ) = 𝜎 . (2. 𝜋. 𝑟. 𝐿) . 𝜀1 (𝑇𝑡4 − 𝑇𝑝4 )
𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 4,88 × 10−8 × (2 × 𝜋 × ,11 × 1) 𝑚2 × 0,1 × [(366)4 − (294)4 ] 𝐾 4 = 35 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ . 𝐴 . (𝑇𝑡 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 5 × (2 × 𝜋 × 0,11 × 1) 𝑚2 × (93 − 27)°𝐶 = 228,1 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑅𝐷 + 𝑞̇ 𝐶𝑉 = 35 + 228,1 = 263,1 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
b) quando o tubo é pintado com laca branca (= 0,9) apenas a transferência de calor por radiação é afetada:
𝐹12 = 𝜀1 = 0,9

𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 4,88 × 10−8 × (2 × 𝜋 × 0,11 × 1) 𝑚2 × 0,9 × [(366)4 − (294)4 ] 𝐾 4 = 315 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4

𝑞̇ ′ = 𝑞̇ 𝑅𝐷 + 𝑞̇ 𝐶𝑉 = 315 + 228,1 = 543,1 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

Exercício R.4.3. Um dispositivo eletrônico, que pode ser considerado como um cilindro de altura 8 mm e diâmetro 6 mm, é montado
sobre uma placa de circuito. O dispositivo é resfriado com ar fluindo a 25 °C e com coeficiente de película 30 W/m 2.K. Desconsiderando
qualquer transferência de calor para a base e sabendo que a temperatura na superfície do dispositivo é 80 °C, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado por convecção; 0,4 cm

b) o fluxo de calor dissipado por radiação, considerando que a emissividade da superfície do dispositivo é 0,95
e a temperatura das paredes vizinhas é 22 °C; Dipositivo
0,6 cm
Eletrônico
c) a corrente elétrica no dispositivo, considerando a resistência elétrica interna igual a 0,44 . TS ≤ 70 °C

Resolução
As temperaturas e o coeficiente de película são dados. A área pode ser calculada:
Ar, 25 °C
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 80 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶 𝑇𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 = 22 °𝐶 ℎ = 30 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 𝜀1 = 0,95
Cálculo das áreas
𝐷 = 6 𝑚𝑚 → 𝑟 = 3 𝑚𝑚 = 0,003 𝑚 𝐻 = 8 𝑚𝑚 = 0,008 𝑚

𝐴𝑐𝑖𝑙 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,003 × 0,008 = 1,508 × 10−4 𝐴𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝜋 . 𝑟 2 = 𝜋 × (0,003)2 = 2,827 × 10−5


63
𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 = 𝐴𝑐𝑖𝑙 + 𝐴𝑡𝑜𝑝𝑜 = 1,508 × 10−4 + 2,827 × 10−5 = 1,791 × 10−4 𝑚2
a) O fluxo de calor transferido por convecção pode ser obtido assim:

𝐶𝑉
1 1 𝐾
𝑅𝑎𝑟 = = −4 = 186,147
ℎ. 𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 30 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾 × 1,791 × 10 𝑚2 𝑊
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 (80 − 25) 𝐾
𝑞̇ 𝐶𝑉 = = = 0,295 𝑊
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 𝐾
186,147 𝑊
b) O fluxo de calor transferido por radiação pode ser obtido considerando que a área do chip é pequena perto das paredes vizinhas:

𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 . ε . (𝑇4𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇4𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 )


𝑊
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 5,67 × 10−8 × (1,79 × 10−4 ) 𝑚2 × 0,95 × [(80 + 273)4 − (22 + 273)4 ] 𝐾4 = 0,0767 𝑊
𝑚2 . 𝐾4
c) A potência gerada no dispositivo é igual ao calor transferido por convecção e radiação:
𝐶𝑉 𝑅𝐷
℘ = 𝑞̇ + 𝑞̇ = 0,298 + 0,0767 = 0,372 𝑊
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 ⟹ 0,372 = 0,44 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 0,92 𝐴

Exercício R.4.4. Uma tubulação atravessa um grande recinto conduzindo água a 95 °C, com coeficiente de película 30 kcal/h.m2.°C. O
tubo, de diâmetro externo 4” e resistência térmica desprezível, está revestido com uma camada isolante (k = 0,14 kcal/h.m.°C) de 2” de
espessura. Sabendo-se que a temperatura da face externa do isolamento do tubo é 30 °C, determinar:
a) o fluxo de calor transferido através da tubulação;
b) a emissividade da superfície do isolamento, sabendo-se que um terço do fluxo de calor transferido da tubulação para o ambiente se
dá por radiação e que a temperatura da face interna das paredes da sala é 20 °C;
c) o coeficiente de película externo, sabendo que a temperatura ambiente no recinto é 22 °C.

𝑇𝑖 = 95 °𝐶 𝑇𝑒 = 30 °𝐶 𝑇𝑎𝑚𝑏 = 22 °𝐶 𝑇𝑝 = 20 °𝐶
𝑟1 = 2" = 0,0508 m r2 = 2" + 2 = 4" = 0,1016 𝑚
ℎ𝑖 = 30 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,14 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝐿 =1𝑚

a) cálculo do fluxo de calor:


𝑇𝑖 − 𝑇𝑒 𝑇𝑖 − 𝑇𝑒 95 − 30 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = = 𝑟2 = = 72,84
𝐶𝑉 𝐶𝐷
𝑅𝑖 + 𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙 ln ( ) 0,1016 ℎ
1 𝑟1 1 ln ( )
+ 0,0508
ℎ𝑖 . (2. 𝜋. 𝑟. 𝐿) 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 𝐿 30 × (2 × 𝜋 × 0,0508 × 1) + 0,14 × 2 × 𝜋 × 1
b) A parcela por radiação corresponde a um terço do fluxo de calor transferido da tubulação para o ambiente, portanto:

𝑞̇ 72,84 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑅𝐷 = = = 24,28
3 3 ℎ
Como a área externa da tubulação é pequena perto da área das paredes do grande recinto, temos:
4
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜 . 𝐹12 (𝑇𝑡4 − 𝑇𝑝4 ) = 𝜎 . (2. 𝜋. 𝑟2 . 𝐿) . 𝜀𝑖𝑠𝑜 (𝑇𝑒4 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 )
𝐾𝑐𝑎𝑙 𝐾𝑐𝑎𝑙
24,28 = 4,88 × 10−8 × (2 × 𝜋 × 0,1016 × 1) 𝑚2 × 𝜀𝑖𝑠𝑜 × [(30 + 273)4 − (20 + 273)4 ] 𝐾 4
ℎ ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
𝜀𝑖𝑠𝑜 = 0,74

64
c) A parcela convecção corresponde obviamente a dois terços do fluxo de calor transferido da tubulação para o ambiente:
2. 𝑞̇ 2 × 72,84 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝐶𝑉 = = = 48,56
3 3 ℎ
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ𝑒 . 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜 . (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 )
48,56 = ℎ𝑒 × (2 × 𝜋 × 0,1016 × 1) × (30 − 22) ⟹ ℎ𝑒 = 9,5 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶

Exercício R.4.5. Um reator em uma indústria trabalha a 600 °C em um local onde a temperatura ambiente é 27 °C e o coeficiente de
película externo é 40 Kcal/h.m2. °C. O reator foi construído de aço inox (= 0,06) com 2 m de diâmetro e 3 m de altura. Tendo em vista o
alto fluxo de calor, deseja-se aplicar uma camada de isolante (k= 0,05 kcal/h.m.°C e = 0,65) para reduzir a transferência de calor a 10%
da atual. Desconsiderando as resistências térmicas que não podem ser calculadas e as áreas das extremidades, pede-se:
a) O fluxo de calor antes da aplicação do isolamento;
b) A parcela transferida por convecção após o isolamento sabendo-se que a temperatura externa do isolamento deve ser 62 °C;
c) A espessura do isolante a ser usada nas novas condições.
Resolução
Desprezando as resistências térmicas de convecção interna e condução na parede de aço do reator, a temperatura da superfície do reator
pode ser considerada a mesma do fluido.

𝑇1 = 600 °𝐶 𝑇2 = 27 °𝐶
𝑑 = 2,0 𝑚 → r = 1,0 𝑚
ℎ = 40 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶 𝜀 = 0,06 (𝑖𝑛𝑜𝑥)
𝐿 =3𝑚

a) cálculo da área de transferência de calor, desconsiderando as áreas circulares das extremidades:


𝐴 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 + 2. (𝜋 . 𝑟 2 ) = 2 × 𝜋 × 1 × 3 = 18,85 𝑚2
O fluxo de calor total é a soma das parcelas transferidas por convecção e por radiação. A parcela por convecção é:
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ. 𝐴 . (𝑇1 − 𝑇2 ) = 40 × 18,85 × (600 − 27) = 432.042 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
A parcela transferida por radiação, considerando a superfície do reator bem menor que o ambiente, é:
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . ε . (𝑇14 − 𝑇24 ) = 4,88 × 10−8 × 18,85 × 0,06 × [(600 + 273)4 − (27 + 273)4 ] = 31.611,16 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
Portanto,
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝐶𝑉 + 𝑞̇ 𝑅𝐷 = 432.042 + 31.611,16 = 463.653,16 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
b) O isolamento deve reduzir a transferência de calor a 10 da atual:
𝑞̇ ′ = 0,1. 𝑞̇ = 0,1 × 463653,16 = 46.365,32 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
Além disto, a temperatura externa do isolamento deve ser 62 oC, então:

𝑇1 = 600 °𝐶 𝑇𝑖𝑠𝑜 = 62 °𝐶
𝑞̇ ′ = 61.836,82 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,05 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝜀𝑖𝑠𝑜 = 0,65

O novo fluxo de calor continua sendo composto das parcelas de convecção e radiação:
′ ′
𝑞̇ ′ = 𝑞̇ 𝐶𝑉 + 𝑞̇ 𝑅𝐷
A parcela transferida por radiação foi alterada devido à emissividade do isolante ser diferente da emissividade do inox e também devido
à nova temperatura externa do isolamento. Desprezando a variação da área externa devido ao acréscimo da espessura isolante, temos:
65

𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . 𝜀 ′ . (𝑇14 − 𝑇24 ) = 4,88 × 10−8 × 18,85 × 0,75 × [(62 + 273)4 − (27 + 273)4 ] = 3.100,77 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
A parcela transferida por convecção, devido à colocação do isolamento, não poderá ser obtida diretamente pois o coeficiente de película
não será o mesmo. O luxo por convecção é obtido por diferença:
′ ′
𝑞̇ 𝐶𝑉 = 𝑞̇ ′ − 𝑞̇ 𝑅𝐷 = 46.365,32 − 3.100,77 = 43264,55 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
c) Devido à limitação de temperatura externa, a resistência térmica do isolamento pode ser obtida assim:
𝑇1 − 𝑇𝑖𝑠𝑜 𝑇1 − 𝑇𝑖𝑠𝑜 600 − 62 ℎ. °𝐶
𝑞̇ ′ = ⟹ 𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 0,0116
𝑅𝑖𝑠𝑜 𝑞̇ ′ 46.365,32 𝐾𝑐𝑎𝑙
Como se trata de uma resistência térmica de parede cilíndrica, temos:
𝑟
ln( 𝑖𝑠𝑜⁄𝑟) ln 𝑟𝑖𝑠𝑜 − ln 1
𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 1,061 × ln 𝑟𝑖𝑠𝑜
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 𝐿 0,05 × 2 × 𝜋 × 3
0,0116 = 1,061 × ln 𝑟𝑖𝑠𝑜 ⟹ ln 𝑟𝑖𝑠𝑜 = 0,0109 ⟹ 𝑟𝑖𝑠𝑜 = 𝑒 0,0109 = 1,011 𝑚
𝑒 = 𝑟𝑖𝑠𝑜 − 𝑟 = 1,011 − 1,0 = 0,011 𝑚 = 11,0 𝑚𝑚

Exercício R.4.6. Em uma instalação industrial, uma tubulação de 20 m de comprimento, termicamente isolada, atravessa um grande
galpão em linha reta conduzindo água quente. O tubo, que tem diâmetro externo de 8” (oito polegadas), é feito de aço de alta
condutividade e tem as paredes bem finas. O isolamento do tubo é feito com 1” (uma polegada) de um isolante à base de sílica (k = 0,095
W/m.K). A temperatura da superfície externa da tubulação, na face externa do isolante, é igual a 30 °C e a emissividade da superfície do
isolante é 0,68. Considerando que dentro do galpão a temperatura do ar ambiente é igual a 20 °C, com coeficiente de película de 16
W/m2.K e que as paredes do galpão estão a 17 °C, determine:
a) a transferência de calor da tubulação considerando apenas a radiação;
b) a transferência de calor da tubulação considerando apenas a convecção;
c) considerando a transferência de calor total, obtida através dos itens anteriores, calcule a temperatura da água quente no interior do
tubo considerando o coeficiente de película interno igual a 158,5 W/m 2.K

𝑇𝑖 = 95 °𝐶 𝑇𝑠 = 30 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 20 °𝐶 𝑇𝑝 = 17 °𝐶
𝑟1 = 8/2" = 4" = 0,1016 m r2 = 4" + 2 = 5" = 0,127 𝑚 𝐿 = 20 𝑚
ℎ𝑒 = 16 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,095 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝜀𝑖𝑠𝑜 = 0,68
𝐴𝑖 = 2. 𝜋. 𝑟1 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,1018 × 20 = 12,77 𝑚2
𝐴𝑒 = 2. 𝜋. 𝑟2 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,127 × 20 = 15,96 𝑚2
a) fluxo de calor por radiação:
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . ε𝑖𝑠𝑜 . (𝑇𝑠4 − 𝑇𝑝4 ) = 5,67 × 10−8 × 15,96 × 0,68 × [(30 + 273)4 − (17 + 273)4 ] = 834,43 𝑊
b) fluxo de calor por convecção:
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ. 𝐴 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 16 × 15,96 × (30 − 20) = 2553,5 𝑊
c) O fluxo de calor total transferido a partir da água quente é a soma das parcelas:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑟𝑎𝑑 + 𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑣 = 834,43 + 2553,3 = 3387,9𝑊
Devido o tubo aço ter alta condutividade e paredes bem finas, a sua resistência térmica pode ser desprezada. Então, até a superfície
isolante que está a 30 °C, temos duas resistências:
𝑟 0,127
1 1 𝐾 ln 2 ln 𝐾
𝑟1 0,1016
𝑅𝑖 = = = 0,000494 𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 0,01869
ℎ𝑖 . 𝐴 158,5 × 12,77 𝑊 𝑘 . 2. 𝜋 . 𝐿 0,095 . 2. 𝜋 .20 𝑤
𝑇𝑖 − 𝑇𝑆 𝑇𝑖 − 30
𝑞̇ = → 3387,9 = ⟹ 𝑇𝑖 = 95 °𝐶
𝑅𝑖 + 𝑅1𝑠𝑜 0,000494 + 0,01869

66
Exercícios Propostos:

Exercício P.4.1. Duas superfícies planas negras e de grandes dimensões são mantidas a 200 °C e 300 °C. Determine:
a) determine o fluxo líquido de calor entre as placas, por unidade de área;

b) repita para o caso em as temperaturas de ambas placas são reduzidas em 100 oC e calcule a percentagem de redução da transferência
de calor.
Respostas: a) 3276,76 W (p/ m 2 ) b) 1742,31 W (p/ m 2 ) e 47% de redução

Exercício P.4.2. Repetir o exercício P.4.1 (itens a e b) considerando que as superfícies são cinzentas com emissividades 0,73 e 0,22,
respectivamente.
Respostas: a) 665,19 W (p/ m 2 ) b) 353,69 W (p/ m 2 ) e 47% de redução

Exercício P.4.3. Considere uma sala de aula com 30 alunos. A temperatura ambiente na sala é 24 °C e o coeficiente de película interno é
12 W/m2.K. Considerando que a área média de uma pessoa é 1,6 m2 e que a temperatura média e a emissividade média da superfície de
uma pessoa são 30 °C e 0,75, respectivamente, calcule (em W e Btu/h) a carga térmica resultante da transferência de calor pelos alunos
para a sala de aula.
Dados: Temperatura da face interna das paredes igual a 26 °C e 1 W = 3,41 Btu/h
Resposta: 4346,7 W (~ 15.000 Btu/h)

Exercício P.4.4. Os gases quentes do interior de uma fornalha são separados do ar ambiente a 25 °C (h = 17,2 Kcal/h.m 2.°C) por uma
parede de tijolos de 15 cm de espessura. Os tijolos têm uma condutividade térmica de 1,0 kcal/h.m.°C e uma emissividade de 0,8. No
regime permanente mediu-se a temperatura da superfície externa da parede da fornalha como sendo 100 °C. Considerando que a
fornalha está em um grande compartimento cuja temperatura da superfície interna é igual a temperatura ambiente, calcule a
temperatura da superfície interna da parede da fornalha
Resposta: 360,7 °C

Exercício P.4.5. Um amplo recinto de 34 ft de comprimento é atravessado por uma tubulação de ferro fundido oxidado (= 0,71) de 9,5"
de diâmetro externo. Considerando que a temperatura superficial do tubo é 680 °C e a temperatura das paredes do recinto é 80 °C.
Determinar:
a) a perda de energia radiante para o recinto;
b) a redução da perda quando se utiliza um tubo de alumínio oxidado (= 0,08).
Respostas: a) 166.271 Btu/h b) 89%

Exercício P.4.6. Em uma indústria, vapor d'água saturado a 255 °C escoa por um tubo de parede fina de diâmetro externo igual a 20 cm.
A tubulação atravessa um amplo recinto de 10 m de comprimento e cujas paredes estão à mesma temperatura de 25 °C do ambiente e
com coeficiente de película de 5 kcal/h.m2.°C). Deseja-se pintar a superfície externa do tubo de maneira que ao sair do recinto, o vapor
no interior do tubo se encontre com apenas 5% de sua massa não condensada. No almoxarifado da indústria dispõe-se de 3 tintas cujas
emissividades são: tinta A: A = 0,99; tinta B: B = 0,86 e tinta C: C = 0,65. Sabendo que o calor latente de vaporização nestas condições é
404 Kcal/Kg e que as resistências de convecção interna e condução no tubo são desprezíveis, determinar:
a) a tinta com a qual devemos pintar o tubo, sabendo-se que a vazão de vapor é 55,2 kg/h
b) a energia radiante por unidade de comprimento após a pintura
c) a vazão de vapor se utilizarmos a tinta A
Respostas: a)  =0,65 (usar a tinta C) b) 1392 Kcal/h (p/m) c) 74,6 kg/h

67
5. ALETAS

5.1. CONCEITO

Para um melhor entendimento do papel desempenhado pelas aletas na transferência de calor consideremos um exemplo prático. Em
um processador (CPU) de computador o principal mecanismo de dissipação de calor é a convecção para o ar. Devido à contínua elevação
da capacidade de processamento, a taxa de geração de calor também aumenta. A taxa de dissipação de calor por convecção a partir da
superfície da CPU, em uma temperatura TS, para o ar circundante, em uma temperatura T, pode calculada conforme a Equação 5-1.

Equação 5-1
𝑻𝑺 − 𝑻∞ 𝟏 𝒉 ↑ ⟹ 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒊𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓
𝒒̇ ↑= 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑹𝑪𝑽
𝒂𝒓 ↓= { 𝒂𝒓
𝑹𝑪𝑽
𝒂𝒓 ↓ 𝒉𝒂𝒓 ↑ . 𝑨 ↑ 𝑨 ↑ ⟹ 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒖𝒑𝒆𝒓𝒇í𝒄𝒊𝒆𝒔 𝒆𝒙𝒕𝒆𝒏𝒅𝒊𝒅𝒂𝒔 (𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂𝒔)

Quando as temperaturas TS e T são fixadas pelas condições de projeto e/ou ambientais, a taxa de transferência de calor pode ser
maximizada pela minimização da resistência térmica da convecção. Neste caso, existem duas formas de reduzir a resistência térmica da
convecção, que são aumentar o coeficiente de película h e aumentar a área A da superfície de troca de calor da CPU. Aumentar o
coeficiente h pode exigir a instalação de um ventilador, ou a substituição do existente por um maior. Aumentar a área A exige a anexação
à superfície da CPU de uma base com superfícies estendidas, chamada de aletas, feitas de materiais altamente condutores tal como o
alumínio. A Figura 5-1 ilustra a instalação de um “cooler” de CPU, que é um conjunto de aletas e ventilador.

Figura 5-1

É interessante observar que a base das aletas deve ficar bem ajustada sobre a superfície da CPU mas sempre existem algumas
imperfeições, não notadas a olho nu, que ficam preenchidas de ar estagnado que age como um isolante térmico. Neste caso, é comum
a utilização de uma “pasta térmica” entre a CPU e a base das aletas. A pasta térmica é um composto químico pastoso elaborado com
elementos que conferem elevada condutividade térmica.

5.2. FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE COM ALETAS

Consideremos uma superfície base, na temperatura TS, sobre a qual estão fixadas aletas de seção transversal uniforme, como mostra a
Figura 5-2, transferindo calor por convecção para um fluido ambiente. O fluido está na temperatura T , menor que TS, e o coeficiente de
película no local é h.
68
Figura 5-2

O fluxo de calor total dissipado através da superfície com as aletas é igual a soma do fluxo (𝑞̇ 𝐴 ) transferido pela área exposta das aletas,
denominada AA, mais o fluxo (𝑞̇ 𝑅 ) transferido pela área exposta da superfície base, denominada AR.
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝐴 + 𝑞̇ 𝑅
A parcela (𝑞̇ 𝑅 ) transferida pela área restante da base, que está na temperatura TS, pode ser calculada pela Lei de Newton (Equação 3-1):
𝑞̇ 𝑅 = ℎ . 𝐴𝑅 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
Aplicando o mesmo raciocínio para parcela (𝑞̇ 𝐴 ) transferida pela área das aletas, observamos que a temperatura das aletas não é a mesma
da base pois à medida que a aleta perde calor, a sua temperatura diminui. Portanto, usaremos uma temperatura média das aletas (𝑻 ̅ 𝑨),
que obviamente é menor que TS, no cálculo do fluxo de calor dissipado pela área AA.
𝑞̇ 𝐴 = ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ )
Assim, o fluxo de calor total dissipado será:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝐴 + 𝑞̇ 𝑅 = ℎ . 𝐴𝑅 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) + ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅ 𝐴 − 𝑇∞ )
̅ 𝑨 ), será utilizada a própria temperatura da base (TS) porém com a
Dado a dificuldade de se calcular a temperatura média das aletas (𝑻
introdução de um fator de correção denominado eficiência das aletas (), que é um número menor que 1,0, que multiplica o potencial
térmico da base:
Equação 5-2 𝒒̇ = 𝒉 . 𝑨𝑹 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ) + 𝒉 . 𝑨𝑨 . 𝜼 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ )
A Equação 5-2 pode ser simplificada, colocando o T e o h em evidência:

Equação 5-3 𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )

5.3. EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

O problema encontrado com relação à temperatura média das aletas (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) foi contornado utilizado a eficiência das aletas (). Para
melhor entender o conceito da eficiência analisemos as distribuições de temperatura na Figura 5-3 para duas aletas (a) e (b) de diferentes
características.
Observamos na Figura 5-4 que, à medida que afastamos da base, a temperatura das aletas diminui. A taxa de variação da temperatura
vai depender de diversas características das aletas e do fluido ambiente, tais como a condutividade térmica e o coeficiente de película.
Obviamente, a aleta (a) na Figura 5-3 dissipa mais calor que a aleta (b), pois mantém uma maior diferença de temperatura em relação ao
fluido ambiente (T) ao longo da aleta. Portanto, a aleta (a) é mais eficiente que a aleta (b). No caso idealizado, com uma condutividade
térmica infinita para o material da aleta (aleta ideal), a temperatura da aleta seria a mesma da base ao longo de toda a aleta, conforme
ilustra também a Figura 5-3.

69
Figura 5-3

A partir destes conceitos, é definida assim a Eficiência da Aleta ():

𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎


𝜂=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑑𝑎 𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑛𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒

Numericamente, temos para a Eficiência da Aleta ():


̅ 𝑨 − 𝑻∞ )
𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻
Equação 5-4 𝜼= 𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻𝑺 − 𝑻∞ )

Assim, chegamos à expressão utilizada para a correção da temperatura média da aleta:


ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ )
𝜂= = ⟹ (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) = 𝜂 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞) (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
A expressão matemática para a eficiência da aleta, mostrada na Equação 5-5, pode obtida por meio de um balanço diferencial de energia
em uma aleta, conforme demostrado no Apêndice A:

𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎.𝒍) 𝒉.𝑷
Equação 5-5 𝜼= 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎 = √𝒌.𝑨 (coeficiente da aleta)
𝒎.𝒍 𝒕
A tangente hiperbólica, além de facilmente obtida em qualquer calculadora científica, também pode ser calculada da seguinte forma:
𝑒𝑚.𝑙 − 𝑒𝑚.𝑙
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) =
𝑒𝑚.𝑙 + 𝑒𝑚.𝑙
A Equação 5-5 mostra que a eficiência de uma aleta é uma função do produto "m.l". Observando uma tabela de funções hiperbólicas
nota-se que a medida que o produto "m.l" aumenta a eficiência da aleta diminui, pois, o numerador aumenta em menor proporção.
Portanto, quanto maior o coeficiente da aleta “m” e/ou quanto maior a altura “l”, menor é a eficiência. Em compensação quanto maior
a altura, maior é a área de transferência de calor da aleta (AA).

5.4. TIPOS DE ALETAS

Superfícies aletadas são comumente usados na prática para melhorar a transferência de calor e geralmente aumentam várias vezes a
taxa de transferência de calor a partir de uma superfície. O radiador de automóvel é um exemplo de uma superfície com aletas. Neste
equipamento, finas chapas de metal, densamente espaçadas, são afixadas na superfície dos tubos de água quente, proveniente da
refrigeração do motor, para aumentar a área superficial e, assim, aumentar várias vezes taxa de transferência de calor por convecção a
partir dos tubos para o ar.
Existe uma grande variedade de modelos de aletas disponíveis no mercado, e que parece ser limitado apenas pela imaginação. A seguir
veremos alguns dos tipos mais encontrados industrialmente.
70
• Aletas de Seção Retangular

Figura 5-4
Na Figura 5-4 observamos uma aleta de seção retangular assentada em uma superfície plana. Considerando que a aleta tem largura b e
espessura e (com espessura muito pequena em relação à largura), o coeficiente da aleta “m”, da Equação 5-5, pode ser calculado assim:

ℎ .𝑃
𝑚 = √𝑘 .𝐴 como, 𝑃 = 2 . 𝑏 + 2. 𝑒 ≅ 2. 𝑏 e 𝐴𝑡 = 𝑏. 𝑒 , temos:
𝑡

ℎ .2 .𝑏 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 𝑏. 𝑒 𝑘. 𝑒

• Aletas de Seção Não-Retangular

Figura 5-5
Neste caso, temos uma aleta de seção triangular, como mostra a Figura 5-5. Aletas de seção parabólica, trapezoidal, etc., também são
comuns. O cálculo do coeficiente “m” pode ser feito de modo similar ao caso anterior, considerando uma área transversal média.

• Aletas Circulares

Figura 5-6

71
As aletas colocadas sobre superfícies de tubos podem ter colocação radial (transversal) como na Figura 5-6 ou axial (longitudinal),
assentando aletas do tipo retangular nos tubos, como mostrado no Exercício R.5.1. A escolha do assentamento radial ou axial de aletas
sobre superfícies de tubos depende da direção do escoamento do fluido externo, pois a aletas devem prejudicar o mínimo possível o
coeficiente de película, ou seja, não podem provocar estagnação do fluido.
O cálculo do coeficiente “m” para a aleta circular da Figura 5-6 é feito da seguinte forma:

ℎ .𝑃
𝑚= √ como, 𝑃 = 2 . (2. 𝜋. 𝑟) + 2. 𝑒 ≅ 4. 𝜋. 𝑟 e 𝐴𝑡 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝑒 , temos:
𝑘 .𝐴 𝑡

ℎ. 4. 𝜋. 𝑟 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 2. 𝜋. 𝑟. 𝑒 𝑘. 𝑒

• Aletas Pino

Em certas aplicações aletas tipo pino são necessárias para não prejudicar demasiadamente o coeficiente de película. A figura 6.6 mostra
uma aleta pino de seção circular. Neste caso, o cálculo do coeficiente “m” para pino de seção circular é:

ℎ .𝑃
𝑚 = √𝑘 .𝐴 como, 𝑃 = 2 . 𝜋. 𝑟 e 𝐴𝑡 = 𝜋. 𝑟 2 , temos:
𝑡

ℎ. 2 . 𝜋. 𝑟 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 𝜋. 𝑟 2 𝑘. 𝑟

5.5. EFICÁCIA DE UMA ALETA

Aletas são usadas para melhorar a transferência de calor, e a utilização de aletas sobre uma superfície só pode ser recomendada se o
aumento na transferência de calor justifique o custo agregado e a complexidade associada com a introdução das aletas, conforme ilustra
a Figura 5-7. Na verdade, nem sempre há garantia de que acrescentando aletas em uma superfície a transferência de calor irá aumentar.

Figura 5-7
O desempenho das aletas deve ser julgado com base no aumento da transferência de calor em relação ao caso sem aletas. O desempenho
das aletas expresso em termos da Eficácia da Aleta () é definido como:
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝜀=
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑎𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
72
Numericamente, temos para a Eficácia da Aleta ():
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 ℎ .(𝐴𝑅 +𝜂.𝐴𝐴 ) .(𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
Equação 5-6 𝜀= = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 é 𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 ℎ .𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 .(𝑇𝑆 − 𝑇∞ )

Dado o custo e a complexidade adicionada pela instalação de aletas em uma superfície, o seu uso somente é justificado se a eficácia for
no mínimo maior que 2.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.5.1. Em uma indústria eletrônica, a dissipação de calor em um transistor de formato cilíndrico com raio externo (r 1) de 3 mm
e altura (b) de 6 mm, pode ser melhorada inserindo um dissipador de calor que consiste de um cilindro vazado (luva) de alumínio (k =
200 W/m.K) que possui 12 aletas retangulares de alumínio fixadas sobre a sua superfície externa. O cilindro base, cuja espessura (r2-r1) é
1 mm, está perfeitamente ajustado ao transistor e tem resistência térmica desprezível. As aletas têm altura de 10 mm e espessura de 1
mm. Sabendo que ar fluindo a 20 °C sobre as superfícies das aletas resulta em um coeficiente de película de 25 W/m 2.K, calcule:
a) o fluxo de calor que pode ser dissipado pelo conjunto base mais aletas, quando a temperatura do transistor for 80 °C.
b) considerando que a taxa de geração de calor no transistor é 17000 W por m 2 de área lateral do transistor, quando a temperatura for
80 °C, determine se o dissipador é adequado para esta aplicação.

𝑊
𝑛 = 12 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 𝑘𝐴𝑙 = 200
𝑚. 𝐾
𝑙 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
𝑟1 = 3 𝑚𝑚 = 0,003 𝑚
𝑟2 − 𝑟1 = 1 𝑚𝑚 ⟹ 𝑟2 = 𝑟2 + 1 = 3 + 1 = 4 𝑚𝑚 = 0,004 𝑚
𝑏 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
𝑇𝑆 = 80 °𝐶 𝑇∞ = 20 °𝐶
𝑊
ℎ = 25
𝑚2 . 𝐾

Cálculo de AR:
𝐴𝑅 = 2. 𝜋. 𝑟2 . 𝑏 − 𝑛. (𝑏. 𝑒) = 2 × 𝜋 × 0,004 × 0,006 − 12 × (0,006 × 0,001) = 7,8796 × 10−5 𝑚2
Cálculo de AA (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (0,01 × 0,006) × 12 = 0,00144 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta:

𝑊
2. ℎ 2 × 25 2
𝑚= √ = √ 𝑚 .𝐾 = √250 𝑚−2 = 15,8114 𝑚−1
𝑘. 𝑒 𝑊
200 𝑚. 𝐾 × 0,001𝑚

𝑚. 𝑙 = 15,8114 𝑚−1 × 0,01𝑚 = 0,158114 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) = 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,158114) = 0,156809


𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 0,156809
𝜂= = = 0,9917
𝑚. 𝑙 0,158114
Cálculo do fluxo de calor: Desprezando as resistências de contato entre o transistor e o cilindro e do próprio cilindro, a temperatura da
base das aletas pode ser considerada como 80 °C.
𝑊
q̇ = h . (AR + η. AA ) . (TS − T∞ ) = 25 . (7,8796 × 10−5 + 0,9917 × 0,00144 ) 𝑚2 . (80 − 20) 𝐾 = 2,26 𝑊
𝑚2 . 𝐾
b) A área externa do transistor é:
𝐴𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 2. 𝜋. 𝑟1 . 𝑏 = 2 × 𝜋 × 0,003 × 0,006 = 1,131 × 10−4 𝑚2

73
𝑞̇ 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 𝑊 𝑊
= 1700 2 ⟹ 𝑞̇ 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 1700 × 0,0001131 𝑚2 = 1,92 𝑊
𝐴𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 𝑚 𝑚2
Como o calor que pode ser dissipado no transistor é menor que a capacidade do dissipador o mesmo é adequado para esta aplicação.

Exercício R.5.2. Uma placa plana de alumínio (k = 175 Kcal/h.m.°C), de resistência térmica desprezível, tem formato quadrado com 1 m
de lado. Afixadas sobre a placa existem aletas retangulares de 1,5 mm de espessura e 12 mm de altura, espaçadas entre si de uma
distância de 12 mm, ocupando toda a largura da placa. O lado com aletas está em contato com ar a 40 °C e com coeficiente de película
de 25 Kcal/h.m2. °C. Do outro lado, sem aletas, escoa um fluxo de óleo a 150 °C e com resistência de convecção desprezível. Calcule:
a) o número de aletas afixadas sob a placa;
b) fluxo de calor dissipado pela placa aletada desprezando a resistência de convecção da película de óleo;
b) idem item anterior levando em conta a resistência de convecção de película de óleo de 225 kcal/h.m2. °C.

𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎: 1 𝑚2 𝐿 = 1 𝑚 𝑒 𝑏 = 1𝑚
𝑙 = 12 𝑚𝑚 = 0,012 𝑚 𝑒 = 1,5 𝑚𝑚 = 0,0015 𝑚
∆= 12 𝑚𝑚 = 0,012 𝑚
𝑇𝑆 = 150 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 40 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 25 ℎó𝑙𝑒𝑜 = 25
ℎ. 𝑚2 . °𝐶 ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑘 = 175
ℎ. 𝑚. °𝐶

a) desprezando a resistência da película do óleo, a temperatura da base das aletas é a mesma do fluxo de óleo (TS = 150 °C)
Cálculo do número de aletas:
𝐿 1
𝐿 = (𝑒 + ∆) . 𝑛 ⟹ 𝑛= = = 74,07 ≅ 74 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑒+∆ 0,0015 + 0,012
b) cálculo da eficiência da aleta:

𝑘𝑐𝑎𝑙
2. ℎ 2 × 25
𝑚= √ = √ ℎ. 𝑚2 . °𝐶 = √ 190,47 𝑚−2 = 13,801 𝑚−1
𝑘. 𝑒 𝑘𝑐𝑎𝑙
175 ℎ. 𝑚. °𝐶 × 0,0015 𝑚

𝑚. 𝑙 = 13,801 𝑚−1 × 0,012 𝑚 = 0,1656 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) = 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1656) = 0,1641


𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 0,1641
𝜂= = = 0,9909
𝑚. 𝑙 0,1656
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝑏. 𝐿 − 𝑛. (𝑏. 𝑒) = 1 × 1 − 74 × (1 × 0,0015) = 0,889 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (1 × 0,012) × 74 = 1,776 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 25 2 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) 𝑚2 . (150 − 40) °𝐶 = 7279,91
ℎ. 𝑚 . °𝐶 ℎ
b) O novo fluxo deve ser obtido considerando a resistência da película do óleo (lembrando que a resistência da placa é desprezível). Neste
caso, a temperatura da base é T’S < TS. O fluxo de calor transferido por convecção do óleo para a base das aletas é:
Tóleo − T′S 150 − T′S
𝑞̇ ′ = = = 33750 − 225 × T′S
1 1
ℎó𝑙𝑒𝑜 . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 225 × (1 × 1)

74
Este é também o fluxo pela placa aletada:

𝑞′̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇′𝑆 − 𝑇∞ ) = 25 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) . (𝑇′𝑆 − 40) = 66,181 × 𝑇′𝑆 − 2647,24
Igualando as equações acima obtemos a temperatura da base T’S:
33750 − 225 × 𝑇 ′𝑆 = 66,181 × 𝑇 ′𝑆 − 2647,24 ⟹ 𝑇 ′𝑆 = 125 °𝐶
Portanto, o fluxo de calor considerando a resistência da película de óleo será:
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = = 25 2 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) 𝑚2 . (125 − 40) °𝐶 = 5628,8
ℎ. 𝑚 . °𝐶 ℎ

Exercício R.5.3. Em um dispositivo eletrônico, um delgado chip de silício de resistência térmica desprezível está perfeitamente ajustado
a uma base de material isolante, de modo que a transferência de calor se dá apenas pela superfície superior do chip, conforme a figura
(a). A face superior do chip está exposta a um fluxo forçado de ar na temperatura de 25 °C e com coeficiente de película de 150 W/m2.K.
O formato da superfície do chip é um quadrado de lado 3 cm e a taxa de geração de calor no chip é de 9 W. Nestas condições determine:
a) a temperatura do chip na situação da figura (a);
b) para reduzir a temperatura do chip, foi instalado sobre o chip um dissipador de calor composto de uma base de alumínio quadrada,
de 3 cm de lado e resistência desprezível, sobre a qual estão montadas 9 aletas retangulares de alumínio (k = 220 W/m.K) com 1 mm de
espessura de 10 mm de altura, conforme a figura (b). Considerando que a dissipação é mantida em 9 W e que o coeficiente de película
não é alterado, determine a nova temperatura do chip após a instalação do dissipador.
Aletas 𝑛 = 9 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 𝑞̇ = 9 𝑊
𝑙 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
Base das
aletas 𝐿 = 3 𝑐𝑚 = 0,03 𝑚 → 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐿2 = 0,0009 𝑚2
𝑇𝑆 =? 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶
(a) (b)
Chip
𝑊 𝑊
Base isolada ℎ = 150 𝑘𝐴𝑙 = 220
𝑚2 . 𝐾 𝑚. 𝐾

a) O calor dissipado (𝑞̇ = 9 𝑊) é por convecção, temos:


𝑇𝑆 − 𝑇𝑎𝑟 𝑞̇ 9
𝑞̇ = = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . (𝑇𝑆 − 𝑇𝑎𝑟 ) ⟹ 𝑇𝑆 = + 𝑇𝑎𝑟 = + 25 = 91,66 °𝐶
1 ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 150 × 0,0009
ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒
b) Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 150
𝑚= √ = √ = 36,9274 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 36,9274 𝑚−1 × 0,01 = 0,3693
𝑘. 𝑒 220 × 0,001

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,3693) 0,3534


𝜂= = = = 0,9569
𝑚. 𝑙 0,3693 0,3693
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝐿2 − 𝑛. (𝐿. 𝑒) = 0,0009 − 9 × (0,03 × 0,001) = 0,00063 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (0,03 × 0,01) × 9 = 0,0054 𝑚2
Cálculo da temperatura do chip:
𝑞̇ 9
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇′𝑆 − 𝑇∞ ) ⟹ 𝑇 ′𝑆 = + 𝑇𝑎𝑟 = + 25
ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) 150 × (0,00063 + 0,9569 × 0,0054)
𝑇 ′𝑆 = 35,4 °𝐶

75
Exercício R.5.4. Um tubo de diâmetro 2" e 1,2 m de comprimento transporta um fluido a 150 °C em um grande recinto. As resistências
térmicas da convecção na película interna e da condução na parede do tubo são desprezíveis. Para facilitar a troca de calor com o ar
ambiente foi sugerido o aletamento do tubo, com aletas longitudinais de 2 mm de espessura e 19 mm de altura, montadas com
espaçamento aproximado de 6 mm (na base). O tubo e as aletas de aço têm coeficiente de condutividade térmica igual a 40 kcal/h.m.°C
e emissividade 0,86. O ar ambiente está a 28 °C, com coeficiente de película 15 kcal/h.m2. °C. Desprezando a resistência da película
interna, pede-se:
a) o calor transferido por convecção pelo tubo sem as aletas;
b) o calor transferido por radiação pelo tubo sem as aletas;
c) o número de aletas;
d) o calor transferido por convecção pelo tubo aletado;
e) o calor transferido por radiação pelo tubo aletado.

𝑑 = 2 → r = 1 = 0,0254 𝑚 𝐿 = 1,2 𝑚
𝑙 = 19 𝑚𝑚 = 0,019 𝑚 𝑒 = 2 𝑚𝑚 = 0,002 𝑚
∆= 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚 (espaçamento entre aletas)
𝑇𝑆 = 150 °𝐶 𝑇∞ = 28 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 15 𝑘 = 40
ℎ. 𝑚2 . °𝐶 ℎ. 𝑚. °𝐶
𝜀 = 0,86 (emissividade)

a) Cálculo do fluxo de calor por convecção sem as aletas:


A área base do tubo é: 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,0254 × 1,2 = 0,1915 𝑚2

𝐶𝑉 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 15 × 0,1915 𝑚2 × (150 − 28)°𝐶 = 350,3 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
b) Cálculo do fluxo de calor por radiação sem as aletas:
𝑅𝐷 4 4
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑝 ) , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐹12 = 𝜀 = 0,86 (Superfície 1 <<< Superfície 2)

𝑅𝐷 4 4 −8
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = 𝜎. 𝐴1 . 𝐹12 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑝 ) = 4,88 × 10 × 0,1915 𝑚2 × 0,86 × [(150 + 273)4 − (28 + 273)4 ]
ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
𝑘𝑐𝑎𝑙
= 191,33

c) Cálculo do número de aletas:
Perímetro do tubo: 𝑃 = 2. 𝜋. 𝑟 = 2 × 𝜋 × 0,0254 = 0,159 𝑚
𝑃 0,159
𝑃 = (𝑒 + ∆). 𝑛 ⟹ 𝑛= = = 19,875 ≅ 20 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
(𝑒 + ∆) (0,002 + 0,006)
d) Cálculo do fluxo de calor por convecção pelo tubo com as aletas:
Cálculo de AR:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜 − 𝑛. (𝐿. 𝑒) = 0,1915 − 20 × (1,2 × 0,002) = 0,1435 𝑚2
Cálculo de AA (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝐿. 𝑙). 𝑛 = 2 × (1,2 × 0,019) × 20 = 0,912 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 15
𝑚= √ = √ = 19,365 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 19,365 𝑚−1 × 0,019 = 0,368
𝑘. 𝑒 40 × 0,002

76
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,368) 0,352
𝜂= = = = 0,957
𝑚. 𝑙 0,368 0,360
Cálculo do fluxo de calor:
Como as resistências térmicas da convecção na película interna e da condução na parede do tubo são desprezíveis, a temperatura da
base das aletas pode ser considerada como 150 °C.

𝐶𝑉 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 15 × (0,1435 + 0,957 × 0,912) × (150 − 28) = 1859,8

e) Cálculo do fluxo de calor por radiação pelo tubo com as aletas:
Como a eficiência da aleta é elevada (95,7 %), faremos a consideração de que praticamente toda a superfície da aleta está na temperatura
da base (TS). Neste caso, para o cálculo do fluxo de calor por radiação será utilizado o mesmo potencial da base para a área total (AA+AR).
𝑅𝐷 4 4 −8 × (0,1435 + 0,912) × 0,86 × [(150 + 273)4 + (28 + 273)4 ]
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = 𝜎. 𝐴1 . 𝐹12 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑝 ) = 4,88 × 10
𝑘𝑐𝑎𝑙
= 1054

Exercício R.5.5. Em uma placa plana de 1 m de largura são colocadas aletas retangulares de alumínio (k=200 W/m.K). As aletas têm 50
mm de altura e 0,5 mm de espessura e a densidade de colocação é 250 aletas por unidade de comprimento da placa (as aletas são
igualmente espaçadas e ocupam toda a largura da placa). O coeficiente de película do ar sobre a placa sem aletas é 40 W/m2.K, enquanto
que o coeficiente de película resultante da colocação de aletas é 30 W/m2.K. Calcule a eficácia das aletas.

Placa: 1 𝑚 × 1 𝑚 → 𝑏 =1𝑚
Para comprimento de 1 𝑚 → 𝑛 = 250 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑙 = 50 𝑚𝑚 = 0,05 𝑚 𝑒 = 0,5 𝑚𝑚 = 0,0005 𝑚
𝑊 𝑊
ℎ𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = 40 ℎ𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = 30
𝑚2 . 𝐾 𝑚2 . 𝐾
𝑊
𝑘 = 200
𝑚. 𝐾

a) Cálculo da área não aletada:


𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. (𝐴𝑡 ) = 1 × 1 − 250 × (1 × 0,0005) = 0,875 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴𝐴 = 2. (𝑏. 𝑙). 𝑛 = 2 × (1 × 0,05) × 250 = 25 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 30
𝑚= √ = √ = 24,49 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 24,49 𝑚−1 × 0,05 = 1,2245
𝑘. 𝑒 200 × 0,0005

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(1,2245 ) 0841


𝜂= = = = 0,6868
𝑚. 𝑙 1,2245 1,2245
Cálculo do fluxo de calor através da superfície com as aletas:
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . ∆𝑇 = 30 × (0,875 + 0,6868 × 25) × ∆𝑇 = 541,35 × ∆𝑇 𝑊
Cálculo do fluxo de calor através da superfície sem as aletas:
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . ∆𝑇 = 30 × (1 × 1) × ∆𝑇 = 40 × ∆𝑇 𝑊
Cálculo da eficácia das aletas:
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 541,35 × ∆𝑇 𝑊
𝜀= = = 13,53
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 40 × ∆𝑇 𝑊
Observamos que, neste caso, as aletas elevam significativamente a transferência de calor.
77
Exercício R.5.6. A parte aletada do motor de uma motocicleta é construída de uma liga de alumínio (k=186 W/m.K) e tem formato que
pode ser aproximado como um cilindro de 15 cm de altura e 50 mm de diâmetro externo. Existem 5 aletas transversais circulares
igualmente espaçadas com espessura de 6 mm e altura de 20 mm. Sob as condições normais de operação a temperatura da superfície
externa do cilindro é 500 K e está exposta ao ambiente a 300 K, com coeficiente de película de 50 W/m2.K quando a moto está em
movimento. Quando a moto está parada o coeficiente cai para 15 W/m2.K. Qual é a elevação percentual da transferência de calor quando
a moto está em movimento.
𝐻 = 15 𝑐𝑚 = 0,15 𝑚 𝑛 = 5 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑑 = 50 𝑚𝑚 → 𝑟 = 25 𝑚𝑚 = 0,025 𝑚
𝑙 = 20 𝑚𝑚 = 0,02 𝑚 𝑒 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
Raio da aleta: 𝑟𝑎 = 𝑟 + 𝑙 = 0,025 + 0,02 = 0,045 𝑚
𝑇𝑆 = 500 𝐾 𝑇∞ = 300 𝐾
𝑊 𝑊
ℎ𝑚𝑜𝑣 = 50 ℎ𝑝𝑎𝑟 = 15
𝑚2 . 𝐾 𝑚2 . 𝐾
𝑊
𝑘𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 = 186
𝑚. 𝐾

Cálculo da área não aletada:


𝐴𝑅 = 𝐴𝐵 − 𝑛. 𝐴𝑡 = (2. 𝜋. 𝑟. 𝐻) − 𝑛. (2. 𝜋. 𝑟. 𝑒) = (2 × 𝜋 × 0,025 × 0,15) − 5 × (2 × 𝜋 × 0,025 × 0,006) = 0,01885 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴𝐴 = 2. [𝜋. 𝑟𝑎2 − 𝜋. 𝑟 2 ] × 𝑛 = 2 × [𝜋 × (0,045)2 − 𝜋 × (0,025)2 ] × 5 = 0,04398 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta (para a moto em movimento):

2. ℎ𝑚𝑜𝑣 2 × 50
𝑚= √ = √ = 9,466 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 9,466 𝑚−1 × 0,02 = 0,1893
𝑘. 𝑒 186 × 0,006

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1893) 0,1871


𝜂𝑚𝑜𝑣 = = = = 0,9884
𝑚. 𝑙 0,1893 0,1893
Cálculo da eficiência da aleta (para a moto parada):

2. ℎ𝑝𝑎𝑟 2 × 15
𝑚= √ = √ = 5,1848 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 5,1848 𝑚−1 × 0,02 = 0,1037
𝑘. 𝑒 186 × 0,006

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1037) 0,1036


𝜂𝑝𝑎𝑟 = = = = 0,9990
𝑚. 𝑙 0,1037 0,1037

Cálculo do fluxo de calor (para a moto em movimento):


𝑞̇ 𝑚𝑜𝑣 = ℎ𝑚𝑜𝑣 . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑚𝑜𝑣 . 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 50 × (0,01885 + 0,9884 × 0,04398) × (500 − 300) = 623,198 𝑊
Cálculo do fluxo de calor (para a moto parada):
𝑞̇ 𝑝𝑎𝑟 = ℎ𝑝𝑎𝑟 . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑝𝑎𝑟 . 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 15 × (0,01885 + 0,9990 × 0,04398) × (500 − 300) = 188,358 𝑊
Cálculo da percentagem de elevação do fluxo de calor para a moto em movimento:
𝑞̇ 𝑚 − 𝑞̇ 𝑝 623,198 − 188,358
% 𝐸𝑙𝑒𝑣 = × 100 = × 100 = 230,86%
𝑞̇ 𝑝 188,358

78
Exercício R.5.7. Calcule a eficácia que poderia ser obtida de uma placa plana usando-se por unidade de área 6400 aletas tipo pino de
alumínio (k = 178 Kcal/h.m.°C), de 5 mm de diâmetro e 30 mm de altura. Sabe-se que na base da placa a temperatura é 300 °C, enquanto
que o ambiente está a 20 °C com coeficiente de película de 120 Kcal/h.m2.°C.

𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 1 𝑚2 𝑛 = 6400 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠


𝑑 = 5 𝑚𝑚 → 𝑟 = 2,5 𝑚𝑚 = 0,0025 𝑚
𝑙 = 30 𝑚𝑚 = 0,03 𝑚
𝑇𝑆 = 300 °𝐶 𝑇∞ = 20 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 120
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑘 = 178
ℎ. 𝑚. °𝐶
Cálculo da eficiência:

2. ℎ 2 × 120
𝑚= √ = √ = 23,2234 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 23,2234 𝑚−1 × 0,03 = 0,6967
𝑘. 𝑟 178 × 0,0025

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,6967) 0,6023


𝜂= = = = 0,8645
𝑚. 𝑙 0,6967 0,6967
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. (𝜋. 𝑟 2 ) = 1 − 6400 × (𝜋 × (0,0025)2 ) = 0,874 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = (2. 𝜋. 𝑟. 𝑙). 𝑛 = (2 × 𝜋 × 0,0025 × 0,03) × 6400 = 3,016 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 120 × (0,874 + 0,8645 × 3,016) × (300 − 20) = 116.972,7

Antes da colocação das aletas o fluxo é:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 120 × (1) × (300 − 20) = 33.600

Portanto, a eficácia é:
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 116.972,7
𝜀= = = 3,48
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 33600

Exercício R.5.8. Uma empresa fabrica dissipadores (“cooler”) para “chips” de computador. Os dissipadores têm 10 aletas retangulares de
1 mm de espessura e 1 cm de altura, montadas sobre uma base retangular com dimensões a = 5 e b =10 cm, conforme a figura abaixo. O
material da aleta é uma liga de aço de condutividade 40 W/m.K. Para uma temperatura na base do dissipador de 65 oC e uma temperatura
do ar de 25 oC, com coeficiente de película de 200 W/m2.K, calcule:
a) O fluxo de calor dissipado nestas condições;
b) Para elevar a dissipação de calor, um dos engenheiros novatos da empresa propõe fazer as aletas com 0,5 cm de altura (metade da
altura), usando agora 20 aletas (o dobro de aletas) montadas na base. Calcule o fluxo de calor dissipado nesta nova proposta e diga
se ela é uma boa opção para elevar a dissipação de calor, considerando que ambas as soluções terão praticamente o mesmo custo
de produção.

79
Base: 𝑏 = 5 𝑐𝑚 = 0,05 𝑚 𝑎 = 10 𝑐𝑚 = 0,1 𝑚
𝑛 = 10 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑙 = 1 𝑐𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1 𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
a l
𝑊 𝑊
ℎ = 200 2 𝑘 = 40
𝑚 .𝐾 𝑚. 𝐾
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 65 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶

a) Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 200
𝑚= √ = √ = 100 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 100 𝑚−1 × 0,01 = 1
𝑘. 𝑒 40 × 0,001

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(1) 0,7616


𝜂= = = = 0,7616
𝑚. 𝑙 1 1
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. (𝐴𝑡 ) = 𝑎. 𝑏 − 𝑛. (𝑏. . 𝑒) = 0,1 × 0,05 − 10 × (0,05 × 0,001) = 0,0045 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴𝐴 = 2. (𝑏. 𝑙). 𝑛 = 2 × (0,05 × 0,01) × 10 = 0,01 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 200 × (0,0045 + 0,7616 × 0,01) × (65 − 25) = 96,9 𝑊

b) Cálculo da nova proposta: l  = 0,5 cm = 0,005 m n = 20 aletas


Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 200
𝑚= √ = √ = 100 𝑚−1 𝑚. 𝑙′ = 100 𝑚−1 × 0,005 = 0,5
𝑘. 𝑒 40 × 0,001

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙′) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,5) 0,4621


𝜂′ = = = = 0,9242
𝑚. 𝑙′ 0,5 0,5
Cálculo da área não aletada:
𝐴′𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛′. (𝐴𝑡 ) = 𝑎. 𝑏 − 𝑛′. (𝑏. . 𝑒) = 0,1 × 0,05 − 20 × (0,05 × 0,001) = 0,0040 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴′𝐴 = 2. (𝑏. 𝑙′). 𝑛′ = 2 × (0,05 × 0,005) × 20 = 0,01 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:

𝑞′̇ = ℎ . (𝐴′𝑅 + 𝜂′. 𝐴′𝐴 ) . (𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 200 × (0,0040 + 0,9242 × 0,01) × (65 − 25) = 105,9 𝑊
Concluímos que a solução proposta pelo novo engenheiro é uma boa opção para elevar a transferência de calor

Exercício R.5.9. A transferência de calor de um reator metálico de formato cilíndrico para o ambiente deve ser elevada em 10% através
da colocação de aletas pino de aço (k = 40 Kcal/h.m.°C). Dispõe-se de 2 tipos de aletas pino, ambas com 25 mm de altura. Um tipo tem
seção circular com 5 mm de diâmetro e o outro tem seção quadrada com 3 mm de lado. O reator, que tem 2 m de altura de 50 cm de
diâmetro, trabalha a 250 °C e está localizado em um local onde a temperatura é 25 °C e o coeficiente de película é 12 Kcal/h.m2.°C.
Desprezando as resistência da película interna e da parede do reator, calcule:
a) o número de pinos de seção circular necessários;
b) o número de pinos de seção quadrada necessários.

80
50
Reator: 𝐿 = 2 𝑚 𝑟= = 25 𝑐𝑚 = 0,25 𝑚
2
5
Pino circular: 𝑟 = 2 = 2,5 𝑚𝑚 = 0,0025 𝑚 𝑙 = 25 𝑚𝑚 = 0,025 𝑚

Pino quadrado: 𝑑 = 3 𝑚𝑚 = 0,003 𝑚 𝑙 = 25 𝑚𝑚 = 0,025 𝑚


𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 12 𝑘 = 40 𝑇𝑆 = 250 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶
ℎ. 𝑚2 . °𝐶 ℎ. 𝑚. °𝐶

O fluxo de calor através da superfície do reator antes do aletamento é:


𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,25 × 2 = 3,14 𝑚2
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 12 × 3,14 × (250 − 25) = 8478

Uma elevação de 10% neste fluxo, através da colocação de aletas, equivale:
̇ 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ ′ = 1,1 . 𝑞 = 1,1 × 8478 = 9325,8

a) Cálculo do número de aletas pinos de seção circular (nc)
Eficiência das aletas pino de seção circular:

2. ℎ 2 × 12
𝑚= √ = √ = 15,4919 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 15,4919 𝑚−1 × 0,025 = 0,3873
𝑘. 𝑟 40 × 0,0025

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,3873) 0,369


𝜂= = = = 0,9528
𝑚. 𝑙 0,3873 0,3873
Cálculo das áreas não aletada e a área das aletas (desprezando a área do topo):
𝐴𝑅 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛𝑐 . (𝜋. 𝑟 2 ) = 3,14 − 𝑛𝑐 × (𝜋 × (0,0025)2 ) = 3,14 − 0,00002 × 𝑛𝑐 𝑚2
𝐴𝐴 = (2. 𝜋. 𝑟. 𝑙). 𝑛𝑐 = (2 × 𝜋 × 0,0025 × 0,025) × 𝑛𝑐 = 0,0004 × 𝑛𝑐 𝑚2
Cálculo do número de aletas pino de seção circular:
𝑞̇ ′ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑐 . 𝐴𝐴 ). (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
9330,5 = 12 . [(3,14 − 0,00002 × 𝑛𝑐 ) + 0,9528 × (0,0004 × 𝑛𝑐 )]. (250 − 25)
3,456 = 3,14 + 0,00036 × 𝑛𝑐 ⟹ 𝑛𝑐 = 878 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
b) Cálculo do número de aletas pinos de seção quadrada (nq)
Eficiência das aletas pino de seção quadrada (dedução partindo da equação básica):

ℎ. 𝑃 ℎ. (4. 𝑑) 4. ℎ 4 × 12
𝑚= √ =√ 2 =√ = √ = 20 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 20 𝑚−1 × 0,025 = 0,5
𝑘. 𝐴𝑡 𝑘. (𝑑 ) 𝑘. 𝑑 40 × 0,003

𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,5) 0,4621


𝜂= = = = 0,9242
𝑚. 𝑙 0,5 0,5
Cálculo das áreas não aletada e a área das aletas (desprezando a área do topo):
𝐴𝑅 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛𝑞 . 𝐴𝑡 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛𝑞 . 𝑑 2 = 3,14 − 𝑛𝑞 × (0,003)2 = 3,14 − 0,000009 × 𝑛𝑞 𝑚2
𝐴𝐴 = (4. 𝑙. 𝑑). 𝑛𝑞 = (4 × 0,025 × 0,003) × 𝑛𝑞 = 0,0003 × 𝑛𝑞 𝑚2
Cálculo do número de aletas pino de seção circular:
𝑞̇ ′ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑞 . 𝐴𝐴 ). (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
9330,5 = 12 . [(3,14 − 0,000009 × 𝑛𝑞 ) + 0,9242 × (0,0003 × 𝑛𝑞 )]. (250 − 25)
3,456 = 3,14 + 0,000268 × 𝑛𝑞 ⟹ 𝑛𝑞 = 1179 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠

81
Exercícios Propostos:

Exercício P.5.1. Em uma indústria deseja-se projetar um dissipador de calor para elementos transistores em um local onde o coeficiente
de película é 3 Kcal/h.m2.°C. A base do dissipador será uma placa plana, de 10 x 10 cm, sobre a qual estarão dispostas 8 aletas, de seção
transversal retangular, com espaçamento constante, de 2 mm de espessura e 40 mm de altura. Sob a placa deve ser mantida uma
temperatura de 80 °C, com temperatura ambiente de 30 °C. Para uma condutividade térmica das aletas de 35 Kcal/h.m.°C, pede-se:
a) a eficiência da aleta;
b) calor dissipado pela placa aletada;
c) a eficácia das aletas
a) 95,68% b) 10,44 kcal/h c) 6,96

Exercício P.5.2. Um dissipador de calor (cooler) para chips de computador consiste de uma placa aletada e um ventilador acoplado. A
placa, de resistência térmica desprezível, é quadrada com 5 cm de lado e tem 10 aletas retangulares de 1 mm de espessura e 1 cm de
altura. O material das aletas é uma liga de aço de condutividade 40 W/m.K. O ventilador acoplado faz uma circulação forçada de ar a 25
°C, de modo que o coeficiente de película fica em 200 W/m2.K Para uma temperatura do chip de 65 °C, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado pelo “chip” através da superfície aletada nestas condições;
b) a eficácia das aletas nestas condições;
c) considerando que o calor dissipado pelo “chip” é mantido, calcule a nova temperatura do “chip” caso o ventilador seja danificado e o
coeficiente de película diminua para 50 W/m2.K.
a) 76,93 W b) 3,85 c) 161,9 °C

Exercício P.5.3. Um tubo metálico de diâmetro externo 4" e resistência térmica desprezível conduz um produto a 85 °C, com coeficiente
de película interno 1230 Kcal/h.m2. °C. O tubo é de aço, tem 0,8 m de comprimento, e está mergulhado num tanque de água a 20 °C,
com coeficiente de película externo 485 Kcal/h.m2. °C. O tubo deve ter 1,5 aletas por centímetro de tubo. As aletas são circulares e feitas
de chapa de aço, de 1/8 " de espessura e 2 " de altura. Considerando desprezível a resistência térmica da parede do tubo, calcular:
a) o fluxo de calor pelo tubo, sem aletas;
b) a temperatura da superfície externa do tubo, sem aletas;
c) o fluxo de calor pelo tubo aletado, considerando a mesma temperatura calculada anteriormente na superfície externa do tubo e que
a condutividade térmica das aletas é 40,31 Kcal/h.m.°C
a) 5773,4 kcal/h b) 66,6 °C c) 32857,7 kcal/h

Exercício P.5.4. Em uma indústria, deseja-se elevar em 20 % a transferência de calor em um reator de formato cilíndrico e para isto, sua
superfície externa vai ser aletada com aletas tipo pino. O reator tem 2 m de altura e 50 cm de diâmetro e sua superfície trabalha a 250
°C em um local onde a temperatura do ar é 25 °C e o coeficiente de película é 22 W/m2.K. Para isto, dispõe-se de aletas tipo pino de aço
(k = 45 W/m.K) com seção circular de 5 mm de diâmetro e com 25 mm de altura. Considerando que a superfície externa exposta ao ar e
que deve receber aletas é somente a área lateral do reator, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado antes do aletamento;
b) calcular o número de pinos de seção circular necessários;
a) 15550,92 W b) 1822 aletas

Exercício P.5.5. Um tubo de diâmetro 4" e 65 cm de comprimento deve receber aletas transversais, circulares, de 1,5 mm de espessura,
separadas de 2 mm uma da outra. As aletas têm 5 cm de altura. No interior do tubo circula um fluido a 135 °C. O ar ambiente está a 32
°C, com coeficiente de película 12 Kcal/h.m2.°C. A condutividade térmica do material da aleta é 38 Kcal/h.m.°C. Determinar o fluxo de
calor pelo tubo aletado.
8369,2 Kcal/h

82
Exercício P.5.6. Uma empresa fabrica dissipadores de calor. Os dissipadores têm 10 aletas retangulares de 1 mm de espessura e 1 cm de
altura, montadas sobre uma base quadrada de 5 cm de lado, de resistência desprezível. O material da aleta é liga de aço de condutividade
40 W/m.K. Para uma temperatura do chip de 65 oC e uma temperatura do ar de 25 oC, com coeficiente de película de 200 W/m2.K, calcule:
c) O fluxo de calor dissipado nestas condições;
d) Para elevar a dissipação de calor, um dos engenheiros da empresa propõe uma solução A, que é utilizar uma nova liga de alta
condutividade, com k = 200 W/m.K (5 vezes mais condutora). Outro engenheiro propõe uma solução B, que é fazer uma aleta de 5
cm de altura (5 vezes mais alta), usando a liga de aço. Calcule qual é a melhor opção para elevar a dissipação de calor, considerando
que ambas soluções terão praticamente o mesmo custo de produção.
a) 76,93 W b) a solução B (95,99 W) é mais vantajosa que a solução A (91,06 W)

Exercício P.5.7. No laboratório de uma indústria pretende-se testar um novo tipo de aletas, na forma de prisma reto, de seção transversal
triangular (equilátera) com 1 cm de lado. Essas aletas têm altura de 5 cm e serão colocadas, durante o teste, sobre placas de 10 cm X 10
cm, submetidas a uma temperatura de 150 °C na base e expostas ao ar a 40 °C. Por razões técnicas, no máximo 30 % da área das placas
poderá ser aletada. Sabendo que a condutividade térmica do material do aleta é 130 Kcal/h.m.°C e o coeficiente de película do ar é 5
Kcal/h.m2.°C, pede-se o fluxo de calor pela placa aletada.
59,5 kcal/h

Exercício P.5.8. Um tubo de aço de 0,65 m de comprimento e 10 cm de diâmetro, com temperatura de 60 °C na superfície externa, troca
calor com o ar ambiente a 20 °C e com coeficiente de película de 5 Kcal/h.m2. °C, a uma taxa de 40 kcal/h. Existem 2 propostas para
aumentar a dissipação de calor através do uso de aletas de condutividade 40 Kcal/h.m.°C. A primeira prevê a colocação de 130 aletas
longitudinais de 0,057 m de altura e 0,002 m de espessura. A segunda prevê a colocação de 185 aletas circulares de 0,05m de altura e
0,0015 m de espessura. Calculando o fluxo de calor ambos casos, qual das propostas você adotaria para os mesmos custos de instalação.
A primeira proposta é mais vantajosa (1708 kcal/h) que a segunda (1563 kcal/h)

Exercício P.5.9. Um tubo de 14 cm de diâmetro externo deve receber aletas retangulares longitudinais de aço (k = 40 Kcal/h.m.°C) com
58 mm de altura e 2 mm de espessura. As aletas são montadas com espaçamento de 8 mm (na base). O ar ambiente está a 20 °C, com
coeficiente de película igual a 5 Kcal/h.m2. °C. A temperatura da superfície do tubo é 60 °C. Calcular:
a) O número de aletas;
b) O fluxo de calor, por unidade de comprimento, pelo tubo aletado.
c) A eficácia das aletas.
a) 44 b) 968,7 kcal/h c) 11

Exercício P.5.10. Um tubo de aço (k = 35 kcal/h.m.°C), cuja emissividade () é igual a 0,55, com diâmetro externo 5,1 cm e 2,2 m de
comprimento conduz um fluido a 600 °C, em um ambiente onde o ar está a 35 °C, com coeficiente de película 20 kcal/h.m 2.°C. Existem
duas opções elevar a transferência de calor. Na primeira o tubo deve receber 10 aletas de aço de 5 mm de espessura e 10,2 cm de
diâmetro (aletas circulares) e, na segunda, o tubo deve ser pintado com uma tinta de emissividade () igual a 0,83. Determinar:
a) O fluxo de calor por convecção pelo tubo com aletas;
b) O fluxo de calor por radiação pelo tubo com aletas;
c) O fluxo de calor por convecção pelo tubo pintado com a tinta especial;
d) O fluxo de calor por radiação pelo tubo pintado com a tinta especial;
e) A opção que produz o maior fluxo de calor (aletamento ou pintura?).
a) 5207,74 kcal/h b) 7161,49 kcal/h c) 3977,60 kcal/h d) 8199,30 kcal/h e) aletamento (12369,23 > 12176,90)

Exercício P.5.11. Uma empresa fabrica dissipadores para “chips” de computador. Os dissipadores têm aletas retangulares de 2 mm de
espessura e 2 cm de altura, montadas sobre uma base retangular com dimensões a = 10 cm e b = 5 cm. O material de confecção das
aletas é uma liga de aço de condutividade 40,3 W/m.K. Sobre as aletas é montado um ventilador que resulta em um fluxo de ar forçado
com coeficiente de película 130 W/m2.K. Para uma temperatura na base do dissipador de 65 °C e uma temperatura do ar de 23 °C, calcule
o número de aletas a ser montado sobre a base para que a capacidade de dissipação de calor deste “cooler” seja igual a 100 W.
10

83
6. TROCADORES DE CALOR

O processo de troca de calor entre dois fluidos que estão em diferentes temperaturas e separados por uma parede sólida ocorre em
muitas aplicações da engenharia. Os equipamentos usados para implementar esta troca são denominados trocadores de calor, e
aplicações específicas podem ser encontradas no aquecimento e resfriamento de fluidos, no aquecimento e no condicionamento de
ambientes, na produção de energia, na recuperação de calor e nos processos químicos, petroquímicos, mecânicos, metalúrgicos, etc.
Dependendo da função exercida, podem ser denominados de aquecedores, resfriadores, condensadores, evaporadores, recuperadores,
radiadores, torres de refrigeração, caldeiras, pasteurizadores, esterilizadores, destiladores, leitos fluidizados, etc.
O projeto completo de trocadores de calor pode ser subdividido em três fases principais:
• Análise térmica
• Projeto mecânico preliminar
• Projeto de fabricação
Neste curso será enfocada a análise térmica, que consiste na determinação da área de troca de calor requerida, dadas as condições de
escoamento e temperaturas dos fluidos. O projeto mecânico envolve considerações sobre pressões e temperaturas de operação,
características de corrosão, etc. Finalmente, o projeto de fabricação requer a tradução das características e dimensões físicas em uma
unidade que possa ser construída a um baixo custo.

6.1 TIPOS DE TROCADORES

Existem trocadores de calor que empregam a mistura direta dos fluidos, como por exemplo torres de refrigeração e aquecedores de água
de alimentação, porém são mais comuns os trocadores nos quais os fluidos são separados por uma parede ou partição através da qual é
transferido o calor. Alguns dos tipos mais importantes destes trocadores são descritos a seguir:

Duplo Tubo
São formados por dois tubos concêntricos, como ilustra a Figura 6-1. Pelo interior do tubo do primeiro (mais interno) passa um fluido e,
no espaço anular entre as superfícies externa do primeiro e interna do segundo, passa o outro fluido. A área de troca de calor é a área
do tubo mais interno, conforme destacado na Figura 6-1.

Figura 6-1

O trocador tipo Duplo Tubo (ou Bitubular) tem a vantagem de ser simples e de ter facilidade de desmontagem para limpeza e
manutenção. O grande inconveniente é que ocupa grande espaço por unidade de área de troca térmica. É geralmente usado em
aplicações de pequenas capacidades.

Serpentina
São formados por um tubo enrolado geralmente na forma de espiral, formando a serpentina, a qual é colocada em uma carcaça ou
recipiente, como mostra a Figura 6-2. A área de troca de calor é área da serpentina.

84
Figura 6-2

O trocador tipo Serpentina tem a vantagem de permitir uma maior área de troca de calor em um espaço reduzido e tem grande
flexibilidade de aplicação. As expansões térmicas não são nenhum problema, mas a limpeza é muito problemática. São muitas as suas
aplicações em engenharia, como no aquecimento ou resfriamento de ambientes, condicionamento de ar, na produção de energia, na
recuperação de calor e em processos químicos, como por exemplo, em Condensadores, Evaporadores e Aquecedores, dentre outros.

Multitubular ou Casco e Tubos


São formados por um feixe de tubos paralelos contidos em um tubulão cilíndrico denominado de casco, como mostra a Figura 6-3. Um
dos fluidos (fluido dos tubos) escoa pelo interior dos tubos, enquanto que o outro (fluido do casco) escoa por fora dos tubos e dentro do
casco. A área de troca de calor é a área de todos os tubos do feixe.

Figura 6-3

Defletores (ou chicanas), detalhados na Figura 6-4, são normalmente utilizados para aumentar o coeficiente de película do fluido do
casco ao induzir a turbulência na parte externa dos tubos, produzindo um escoamento turbulento do fluido através da carcaça,
perpendicularmente aos eixos dos tubos. Na Figura 6-4 são mostrados alguns tipos de chicanas utilizadas em trocadores multitubulares.
As mais usadas são as chicanas cortadas, que são placas perfuradas com altura geralmente igual a 75% do diâmetro interno da carcaça e
conhecidas como chicanas com corte de 25%.

.
Figura 6-4
85
Os trocadores de calor Casco e Tubos são os mais usados na indústria porque tem vantagens em termos de fabricação, robustez, custos
e desempenho térmico. Podem ser construídos com grandes superfícies de troca de calor em um volume relativamente pequeno,
apresentando grande flexibilidade nas condições de projeto e operação (ampla faixa de temperatura e pressão). A principal desvantagem
é a inflexibilidade construtiva, ou seja, é muito difícil fazer alterações em uma peça pronta. Além disto, a desmontagem e limpeza pode
ser mais complicada que em outros tipos de trocadores.

Trocadores de Placas
O trocador de placas consiste de um suporte, onde placas corrugadas de metal, sustentadas por barras, são presas por compressão, entre
uma extremidade móvel e outra fixa, conforme a Figura 6-5. As placas são separadas por gaxetas de material elastômero ou fibras de
amianto de modo a impedir o vazamento dos fluidos. Entre placas adjacentes formam-se canais por onde os fluidos escoam.
As placas possuem quatro orifícios, próximos a cada vértice que, quando montadas na armação, formam o canal de distribuição dos
fluidos. Cada um dos fluidos é dirigido para um espaço entre as placas de maneira alternada. Isto é conseguido através da montagem das
gaxetas.

Figura 6-5

Os trocadores de placa foram introduzidos na indústria de alimentos em razão da facilidade de limpeza. As placas são feitas por
prensagem e apresentam na superfície corrugações (ondulações), as quais conferem mais resistência à placa e causam maior turbulência
aos fluidos em escoamento. As vantagens destes equipamentos são a facilidade de acesso a superfície de troca para a substituição de
placas e facilidade de limpeza, a flexibilidade de alteração da área de troca térmica e o fornecimento de grandes áreas de troca de calor
em um espaço muito reduzido.
Como desvantagens podemos pode-se apontar a limitação da pressão de operação (menor que 30 bar), a limitação de temperatura em
função das gaxetas (menor que 180 °C para juntas normais ou menor que 260 °C para juntas de amianto). Também existe a limitação
para operação com fluido em depressão e com a geração de vapores ou gases.

6.2. MÉDIA LOGARÍTMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS

Um fluido dá um passe quando percorre uma vez o comprimento do trocador. Aumentando o número de passes, para a mesma área
transversal do trocador, aumenta a velocidade do fluido. Assim, aumenta o coeficiente de película, com o consequente aumento da troca
de calor de uma maneira efetiva. Porém, isto dificulta a construção e limpeza e encarece o trocador. A notação utilizada para designar
os números de passes de cada fluido é exemplificada na Figura 6-6.

86
Figura 6-6

Com relação ao tipo de escoamento relativo dos fluidos do casco e dos tubos, ilustrados na Figura 6-7, podemos ter escoamento em
correntes paralelas (fluidos escoam no mesmo sentido) e correntes opostas (fluidos escoam em sentidos opostos).

Figura 6-7

Para cada um destes casos de escoamento relativo a variação da temperatura de cada um dos fluidos ao longo do comprimento do
trocador pode ser representada em gráficos, como mostra a Figura 6-8. Nos gráficos te e ts são, respectivamente, as temperaturas de
entrada e saída do fluido quente e Te e Ts são, respectivamente, as temperaturas de entrada e saída do fluido frio.
As diferenças de temperatura entre os fluidos nas extremidades do trocador, para o caso de correntes paralelas, são: (te - Te) que é
sempre máxima (Tmax) e (ts – Ts) que é sempre mínima (Tmin), conforme ilustra a Figura 6-8 (a). No caso de correntes opostas, as
diferenças de temperatura nas extremidades (te – Ts) e (ts – Te) podem ser ou máxima (Tmax) ou mínima (Tmin) dependendo das
condições específicas de cada caso, conforme ilustra a Figura 6-8 (b).

Figura 6-8

O fluxo de calor transferido entre os fluidos em um trocador é diretamente proporcional à diferença de temperatura média entre os
fluidos. No trocador de calor de correntes opostas a diferença de temperatura entre os fluidos não varia tanto, o que acarreta em uma
diferença média maior. Como consequência, mantidas as mesmas condições, o trocador de calor trabalhando em correntes opostas é
mais eficiente.
Como a variação de temperatura ao longo do trocador não é linear, para retratar a diferença média de temperatura entre os fluidos é
usada então a Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura (MLDT), mostrada na Equação 6-1 e cuja dedução encontra-se no
Apêndice B.
∆𝑻𝒎𝒂𝒙 −∆𝑻𝒎𝒊𝒏
Equação 6-1 𝑴𝑳𝑫𝑻 = ∆𝑻
𝒍𝒏( ∆𝑻𝒎𝒂𝒙 )
𝒎𝒊𝒏

87
Onde, ∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 𝑚𝑖𝑛í𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

A utilização da média aritmética [ (Tmax + Tmin) /2], ou invés da média logarítmica, para situações onde a relação (Tmax/Tmin) é menor
que 1,5 implica em um erro de apenas 1% em média.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.6.1. Em um trocador de calor TC-1.1 onde o fluido quente entra a 900 °C e sai a 600 °C e o fluido frio entra a 100 °C e sai a
500 °C, calcule a Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura (MLDT), para:
a) escoamento em correntes paralelas;
b) escoamento em correntes opostas.
Resolução: é conveniente fazer um esboço simplificado do trocador de calor, com as temperaturas de entrada e saída dos fluidos, e
também um gráfico simplificado (temperatura versus comprimento do trocador), indicando a direção dos fluxos dos fluidos no trocador
e as respectivas temperaturas.
a) escoamento em correntes paralelas:

500

100
Analisando os gráficos, fica fácil estabelecer as diferenças de temperatura nas extremidades:
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 900 − 100 = 800 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 600 − 500 = 100 °𝐶
Levando na Equação 6-1, obtemos:
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 800 − 100
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 336,6 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 800
ln ∆𝑇 ln 100
𝑚𝑖𝑛

b) escoamento em correntes opostas:

100

500
Analisando os gráficos, também fica fácil estabelecer as diferenças de temperatura nas extremidades:
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 600 − 100 = 500 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 900 − 500 = 400 °𝐶
Levando na Equação 6-1, obtemos:
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 500 − 400
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 448,2 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 500
ln ∆𝑇 ln 400
𝑚𝑖𝑛

Concluímos então que, para as mesmas condições de temperatura de entrada e saída dos fluidos, o escoamento em correntes paralelas
implica em uma maior diferença média de temperatura entre os fluidos (MLDT). Portanto, escoamento em correntes opostas é mais
eficiente e é usado de como padrão nos trocadores de calor. Casos especiais onde se deseja uma grande diferença inicial de temperatura

88
entre os fluidos (choque térmico), como, por exemplo, no caso de trocadores de calor para pasteurização de leite, utilizam escoamento
em correntes paralelas.

Exercício R.6.2. (Questão ENADE). Proponha um modo de operação para um trocador duplo tubo, em escoamento completamente
desenvolvido, para aquecer água utilizando óleo quente, em que a temperatura de saída da água é superior à temperatura de saída do
óleo no trocador. Justifique a sua resposta
Resolução
Modo de operação proposto: escoamento em correntes opostas. No escoamento em paralelo, em que as duas correntes saem do
trocador pela mesma extremidade, a temperatura do fluido frio não pode ultrapassar a temperatura do fluido quente, como na figura

6.3. BALANÇO TÉRMICO EM TROCADORES DE CALOR

Trocadores de calor geralmente operam por longos períodos sem alterações nas condições operacionais. Portanto, eles podem ser
modelados como dispositivos de fluxo em regime permanente. Como tal, a vazão mássica de cada fluido na entrada e igual à da saída e
as propriedades dos fluidos, tais como a temperatura e a velocidade em qualquer entrada ou saída do permanecem constantes.
Os calores específicos dos fluidos, em geral, variam com a temperatura. Mas em uma faixa de temperaturas especificada, podem ser
tratados como uma constante no valor médio.
Além disso, a superfície externa do trocador de calor pode ser assumida como perfeitamente isolada, de modo que não existe perda de
calor para o meio ambiente (sistema adiabático), e toda a transferência de calor ocorre apenas entre os dois fluidos, conforme indicado
na Figura 6-9.

Figura 6-9

Sob estas premissas, a primeira lei da termodinâmica exige que a taxa de transferência de calor do fluido quente deve ser igual à taxa de
transferência de calor para o frio. Isso é:
[𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒] = [𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑟𝑖𝑜 ]
− ̇ 𝑞𝑐𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 𝑞̇ 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜

− [𝑚̇. 𝑐𝑝 . (𝑡𝑠 − 𝑡𝑒 )] = 𝑀̇. 𝐶𝑝 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )


Equação 6-2 𝒒̇ = 𝒎̇. 𝒄𝒑 . (𝒕𝒆 − 𝒕𝒔 ) = 𝑴̇. 𝑪𝒑 . (𝑻𝒔 − 𝑻𝒆 )
Onde as letras minúsculas e maiúsculas representam fluidos quente e frio, respectivamente, e:
𝑚̇, 𝑀̇ = 𝑣𝑎𝑧õ𝑒𝑠 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑓𝑟𝑖𝑜
𝑐𝑝 , 𝐶𝑝 = 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑓𝑟𝑖𝑜
𝑡𝑒 , 𝑡𝑠 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑇𝑒 , 𝑇𝑠 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑟𝑖𝑜
89
Dois tipos especiais de trocadores de calor comumente usados na prática são condensadores e evaporadores. Um dos fluidos em um
condensador ou um evaporador sofre um processo de mudança de fase em temperatura constante, conforme ilustra a Figura 6-10.

Figura 6-10
Nesse caso, a taxa de transferência de calor do fluido em mudança de fase é calculada como:

Equação 6-3 𝒒̇ 𝒄𝒆𝒅𝒊𝒅𝒐 = 𝒎̇. ∆𝑯𝒄𝒐𝒏𝒅𝒆𝒏𝒔𝒂çã𝒐 𝒒̇ 𝒓𝒆𝒄𝒆𝒃𝒊𝒅𝒐 = 𝑴̇. ∆𝑯𝒆𝒗𝒂𝒑𝒐𝒓𝒂çã𝒐


𝑚̇, 𝑀̇ = 𝑣𝑎𝑧õ𝑒𝑠 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑓𝑟𝑖𝑜
∆𝐻𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 , ∆𝐻𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑜𝑢 𝑑𝑒 𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜

Analisando a Figura 6-10 notamos também que para condensadores e evaporadores, ou seja, quando um dos fluidos é submetido a
mudança de fase, o tipo de escoamento (correntes paralelas ou opostas) não afeta a o calcula da Média Logarítmica das Diferenças de
Temperatura (MLDT). Portanto, neste caso, em qualquer tipo de escoamento a MLDT tem o mesmo valor.

6.4. COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Consideremos, por exemplo, a transferência de calor entre os fluidos quente e frio em um trocador duplo tubo, como mostra a Figura
6-11. A troca de calor se desenvolve através da área do tubo mais interno.

Figura 6-11

O calor trocado entre os fluidos pode ser obtido considerando as resistências térmicas existentes:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = = 𝐶𝑉 𝐶𝐷
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑖 + 𝑅𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 + 𝑅𝑒𝐶𝑉
As resistências de convecção dependem dos respectivos coeficientes de película e das áreas:
(∆𝑇 )𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Equação 6-4 𝑞̇ = 1 𝐶𝐷 1
+ 𝑅𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 + ℎ .𝐴
ℎ𝑖 .𝐴𝑖 𝑒 𝑒

onde:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = diferença de temperatura média entre os fluidos;
ℎ𝑖 , ℎ𝑒 = coeficientes de película dos fluidos interno e externo;
𝐴𝑖 , 𝐴𝑒 = áreas superficiais interna e externa dos tubos;
90
𝐶𝐷
𝑅𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = resistência térmica da condução na parede dos tubos.

Considerando que em um trocador de calor os tubos normalmente são fabricados com parede de pequena espessura e com metais de
alta condutividade, a resistência térmica da condução nas paredes dos tubos de um trocador é considerada desprezível. Portanto, a
Equação 6-4 pode ser rescrita da seguinte forma:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴𝑒 . (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = =
1 1 𝐴𝑒 1
+ +
ℎ 𝑖 . 𝐴𝑖 ℎ 𝑒 . 𝐴 𝑒 ℎ 𝑖 . 𝐴𝑖 ℎ 𝑒
Como citado anteriormente, os tubos metálicos usados são de parede fina (𝑟𝑒 ≅ 𝑟𝑖 ). Portanto, as áreas das superfícies interna e externa
dos tubos são aproximadamente iguais (𝐴𝑒 ≅ 𝐴𝑖 ). Assim, temos que (𝐴𝑒 / 𝐴𝑖 ≅ 1), resultando na Equação 6-5.
𝑨𝒆 .(∆𝑻)𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
Equação 6-5 𝒒̇ = 𝟏 𝟏
+
𝒉𝒊 𝒉𝒆

Na Equação 6-5 podemos definir o coeficiente global de transferência de calor em um trocador (UC) assim:
𝟏
Equação 6-6 𝑼𝑪 = 𝟏 𝟏
+
𝒉𝒊 𝒉𝒆

Portanto, a Equação 6-5 fica assim:


Equação 6-7 𝒒̇ = 𝑼𝑪 . 𝑨𝒆 . (∆𝑻)𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍

Como visto anteriormente, o T em um trocador de calor (diferença de temperatura média entre os fluidos) é representado pela média
logarítmica das diferenças de temperatura (MLDT). Portanto, a Equação 6-7 pode ser rescrita da seguinte maneira:

Equação 6-8 𝑞̇ = 𝑈𝐶 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇 )


O coeficiente global de transferência de calor em um trocador (UC, com subscrito “C” de “clean” em inglês) na Equação 6-8 é dito “limpo”
devido à não presença de sujeira ou incrustações no trocador. O coeficiente UC pode ser colocado também na forma da Equação 6-9:
𝟏 𝟏 𝟏
Equação 6-9 = +𝒉
𝑼𝑪 𝒉𝒊 𝒆

6.5. FATOR DE FULIGEM (INCRUSTAÇÃO)

Com o tempo, vão se formando incrustações nas superfícies de troca de calor por dentro e por fora dos tubos. Estas incrustações (sujeira
ou corrosão) vão significar uma resistência térmica adicional à troca de calor. Como o fluxo é expresso como:
𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜
𝑞̇ =
𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠
Fica evidente, então, que está resistência térmica adicional devida às incrustações deve aparecer no denominador da Equação 6-5. Esta
resistência térmica adicional (simbolizada por Rd) é denominada de fator fuligem (𝑅𝑑 ).
𝑨𝒆 .(∆𝑻)𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
Equação 6-10 𝒒̇ = 𝟏 𝟏
+ + 𝑹𝒅
𝒉𝒊 𝒉𝒆

O fator fuligem (𝑅𝑑 ) pode ser subdividido em fator fuligem interno (𝑅𝑑𝑖 ) e fator fuligem externo (𝑅𝑑𝑒 )
𝑅𝑑 = 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒
Não se pode prever a natureza das incrustações e nem a sua velocidade de formação. Portanto, o fator fuligem só pode ser obtido por
meio de testes em condições reais ou por experiência. No sistema internacional, a unidade de fator fuligem, que pode ser obtida a partir

91
da Equação 6-10, é dada em “m2.K/W”. Entretanto é comum a não utilização de unidades ao se referir ao fator fuligem. A Tabela 6.1
ilustra, no sistema internacional, fatores fuligem associados com alguns fluidos utilizados industrialmente.

Tabela 6.1
Tipo de Fluido Fator Fuligem (m2.K/W)
Água do mar 0,0001
Vapor d'água 0,0001
Líquido refrigerante 0,0002
Ar industrial 0,0004
Óleo de têmpera 0,0008
Óleo combustível 0,0009
O coeficiente global de transferência de transferência de calor, levando em conta o acumulo de fuligem (UD, com subscrito “D” de “dirty”
em inglês), ou seja, "sujo", é obtido por analogia:
𝟏
Equação 6-11 𝑼𝑫 = 𝟏 𝟏
+ +𝑹𝒅
𝒉𝒊 𝒉𝒆

A Equação 6-11 também pode ser colocada na seguinte forma:


𝟏 𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
Equação 6-12 = + 𝒉 + 𝑹𝒅 𝒐𝒖 = + 𝑹𝒅
𝑼𝑫 𝒉𝒊 𝒆 𝑼𝑫 𝑼𝑪

Quando o fator fuligem for subdividido em interno e externo, a Equação 6-12 fica assim:
𝟏 𝟏 𝟏
Equação 6-13 = + + 𝑹𝒅𝒊 + 𝑹𝒅𝒆
𝑼𝑫 𝒉𝒊 𝒉𝒆

Portanto, a transferência de calor em um trocador sujeito à ocorrência de incrustações, considerando o coeficiente global “sujo" (UD), é
dada pela seguinte expressão:

Equação 6-14 𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇 )

Exercícios Resolvidos

Exercício R.6.3. Em um trocador de calor duplo tubo 0,15 Kg/s de água (cp = 4,181 KJ/Kg.K) é aquecida de 40 °C para 80 °C. O fluido quente
é óleo (cp = 2,245 KJ/Kg.K) e o coeficiente global de transferência de calor “sujo” para o trocador é 250 W/m2.K. Se o óleo entra a 105 °C
e sai a 70 °C, calcule a vazão de óleo e a área de troca de calor.

Fluido Quente: Óleo


𝑘𝐽
𝑡𝑒 = 105 °𝐶 𝑡𝑠 = 70 °𝐶 𝑐𝑝 ó𝑙𝑒𝑜 = 2,245 𝑘𝑔.𝐾

Fluido Frio: Água


𝑘𝐽
𝑇𝑒 = 40 °𝐶 𝑇𝑠 = 80 °𝐶 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 = 4,181 𝑘𝑔.𝐾
𝑘𝑔 𝑘𝐽
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 0,15 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 = 4,181 𝑈𝐷 = 250 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾
𝑠 𝑘𝑔.𝐾
O calor recebido pela água é:
𝑘𝑔 𝑘𝐽 𝐾𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 0,15 × 4,181 × (80 − 40)𝐾 = 25,086 = 25,086 𝑘𝑊 = 25086 𝑊
𝑠 𝑘𝑔.𝐾 𝑠

Cálculo da vazão mássica de óleo:

92
𝐾𝐽
𝑞̇ 25,086 𝑠 𝑘𝑔
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝 ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = = = 0,32
𝑐𝑝 ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) 2,245 𝑘𝐽 𝑠
( )
𝑘𝑔. 𝐾 × 105 − 70 𝐾
Cálculo do MLDT:
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = (105 + 273) − (80 + 273) = 25 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = (70 + 273) − (40 + 273) = 30 𝐾
Notamos que como o fator de conversão (273) pode ser cortado, não é necessário utiliza-lo
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 30 − 25
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 27,42 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 30
ln ∆𝑇 ln 25
𝑚𝑖𝑛

Cálculo da Área de Troca de Calor:


𝑞̇ 25086 𝑊
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) ⟹ 𝐴𝑒 = = = 3,66 𝑚2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) 𝑊
250 ⁄ 2 × 27,42 𝐾
𝑚 .𝐾
Exercício R.6.4. É necessário aquecer 9820 lb/h de benzeno (cp = 0,425 Btu/lb.°F) de 80 °F a 120 °F utilizando tolueno (cp = 0,44 Btu/lb.°F),
o qual é resfriado de 160 °F para 100 °F. Um fator fuligem de 0,001 deve ser considerado para cada fluxo e o coeficiente global de
transferência de calor "limpo" é 149 Btu/h.ft2. °F. Dispõe-se de trocadores bitubulares (duplo tubo) de 20 ft de comprimento equipados
com tubos de área específica de 0,435 ft2/ft.
a) qual a vazão de tolueno necessária?
b) quantos trocadores são necessários?
Fluido Quente: Tolueno 𝑐𝑝𝑡𝑜𝑙𝑢 = 0,44 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏. °𝐹
𝑡𝑒 = 160 °𝐹 𝑡𝑠 = 100 °𝐹 𝑅𝑑𝑖 = 0,001
Fluido Frio: Benzeno 𝑚̇𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒 = 9820 𝑙𝑏/ℎ 𝑐𝑝𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒 = 0,425 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏. °𝐹
𝑇𝑒 = 80 °𝐹 𝑇𝑠 = 120 °𝐹 𝑅𝑑𝑒 = 0,001
2
𝑈𝐶 = 149 𝐵𝑡𝑢⁄ 2 𝐴𝑒𝑠𝑝 = 0,435 𝑓𝑡 /𝑓𝑡
ℎ. 𝑓𝑡 . °𝐹

a) a vazão de tolueno pode ser obtida realizando um balanço térmico. O calor recebido pelo benzeno é:
𝑙𝑏 𝐵𝑡𝑢 𝐵𝑡𝑢
𝑞̇ = 𝑚̇𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒 . 𝑐𝑝𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 9820 ℎ × 0,425 × (120 − 80)°𝐹 = 166.940
𝑙𝑏.°𝐹 ℎ

O calor cedido pelo tolueno é:


𝑞̇ 166.940 𝐵𝑡𝑢/ℎ 𝑙𝑏
𝑞̇ = 𝑚̇𝑡𝑢𝑙𝑢 . 𝑐𝑝𝑡𝑜𝑙𝑢 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 𝑚̇𝑡𝑜𝑙𝑢 = = = 6323,5
(
𝑐𝑝𝑡𝑜𝑙𝑢 . 𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) ⁄ ( )
0,44 𝐵𝑡𝑢 𝑙𝑏. °𝐹 × 160 − 100 °𝐹 ℎ
b) para obter o número de trocadores é necessário calcular a área de troca de calor necessária. O MLDT do trocador é obtido assim:
,∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 160 − 120 = 40 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 100 − 80 = 20 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 40 − 20
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 28,85 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 40
ln ln
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 20
Cálculo do coeficiente global considerando o fator fuligem (sujo):
1 1 1
= + 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒 = + 0,001 + 0,001 = 114,8 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹
𝑈𝐷 𝑈𝐶 149
Cálculo da área de troca de calor:
𝐵𝑡𝑢
𝑞̇ 166.940 ℎ
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝐴𝑒 = = 2 = 50,4 𝑓𝑡 2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) 114,8 𝐵𝑡𝑢 ℎ. 𝑓𝑡 . °𝐹 × 28,85 °𝐹

93
São necessários 50,4 ft2 de área de troca de calor. Como os tubos do trocador dispõem de uma área por unidade de comprimento
conhecida, é possível calcular o comprimento de tubo necessário:
𝐴𝑒 50,4 𝑓𝑡 2
𝐿= = = 115,86 𝑓𝑡
𝐴𝑒𝑠𝑝 0,435 𝑓𝑡2 /𝑓𝑡
Como cada trocador tem tubos de 20 ft de comprimento, o número de trocadores é:
115,8 𝑓𝑡
𝑛= = 5,8 ⟹ 𝑛 = 6 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
20 𝑓𝑡

6.6. FLUXO DE CALOR PARA TROCADORES COM MAIS DE UM PASSE

Em trocadores tipo TC-1.1 é fácil identificar a diferença de temperatura entre fluidos nos terminais de modo a calcular a média logarítmica
(MLDT). No entanto, não é possível determinar estes valores em trocadores com mais de um passe nos tubos e/ou casco. A Figura 6-12
mostra, como exemplo, um trocador do tipo TC-1.2.

Figura 6-12

Neste caso as temperaturas das extremidades dos passes intermediários são desconhecidas. Em casos assim, a média logarítmica (MLDT)
deve ser calculada como se fosse para um TC 1-1, trabalhando em correntes opostas, e corrigida por um fator de correção (FT). O fator
de correção é um número menor que ou igual a um (FT  1), pois, como pode ser observado na Figura 6-12, uma parte do trocador
trabalha em corretes opostas (no caso da Figura 6-12 é parte inferior) e parte em correntes paralelas (no caso da Figura 6-12 é parte
superior). Assim, o ganho em coeficiente de película dos fluidos, devido à presença de passes adicionais, deve ser superior à perda na
MLDT pelo fator de parte do trocador estar operado em correntes paralelas.
Portanto, a MLDT calculada como se o trocador fosse um TC-1.1 operando em correntes oposta, deve ser corrida pela multiplicação pelo
fator de correção (FT):
𝑀𝐿𝐷𝑇 𝐶𝑂𝑅𝑅𝐼𝐺𝐼𝐷𝐴 = (𝑀𝐿𝐷𝑇) × 𝐹𝑇
Assim, a equação do fluxo de calor em um trocador "sujo", torna-se:

Equação 6-15 𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇 ) . 𝐹𝑇


Os valores do fator FT são obtidos em ábacos que dependem do tipo de trocador e das razões adimensionais S e R. Para cada configuração
de trocador existe um ábaco como o mostrado na Figura 6-13 para um trocador tipo TC-1.1.
𝑡𝑠 − 𝑡𝑒 𝑇𝑒 − 𝑇𝑠
𝑆= 𝑒 𝑅=
𝑇𝑒 − 𝑡𝑒 𝑡𝑠 − 𝑡𝑒
Onde,
te = temperatura de entrada do fluido dos tubos;
ts = temperatura de saída do fluido dos tubos;
Te = temperatura de entrada do fluido do casco;
Ts = temperatura de saída do fluido do casco.

94
Figura 6-13
Nos ábacos, para cada valor calculados de S (em abcissas) e cada curva R (interpolada ou não), na figura 7.11, obtém-se um valor para FT
(em ordenadas). O valor máximo de FT é igual a 1, ou seja, a diferença média de temperatura corrigida (MLDTCORRIGIDA) pode ser no máximo
igual ao MLDT calculado para um TC-1.1 de correntes opostas. Isto se deve a menor eficiência da troca de calor em correntes paralelas,
pois quando se tem mais de um passe ocorrem simultaneamente os dois regimes de escoamento. Deve-se, portanto, conferir (no projeto)
se esta queda de rendimento na troca de calor é compensada pelo aumento dos valores do coeficiente de película nos trocadores
multipasse.
Deve ser notado que se o trocador tiver mais de um passe no casco e/ou tubos e um dos fluidos for submetido um processo de mudança
de fase, ou seja, em caso de condensadores e evaporadores, o fator FT é igual a 1, pois neste caso a MLDT é independente do tipo de
escoamento (paralelo ou oposto). Isto também pode ser evidenciado pela razão R vista acima. No caso de mudança de fase no casco (T1
= T2) temos R = 0 e no caso de mudança de fase nos tubos (t1 = t2) temos 𝑹 → ∞.

6.7. SELEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

A metodologia descrita até o momento, baseada no cálculo da Média Logarítmica (MLDT), permite selecionar um trocador de calor que
irá atender aos requisitos de transferência de calor prescritos. O procedimento a ser seguido no processo de seleção do trocador é:
1. Selecionar o tipo de trocador de calor adequado para a aplicação.
2. Determinar qualquer vazão mássica ou temperatura de entrada ou saída desconhecida usando um balanço de energia.
3. Também usando o balanço de energia, calcular a taxa de transferência de calor do trocador
4. Calcular a média logarítmica das diferenças de temperatura (MLDT). Se o trocador tiver mais de um passe no casco e/ou tubos,
calcular a MLDT como se o trocador fosse de passe único operando com correntes opostas e corrigir o valor da MLDT com o
fator de correção (FT).
4. Obter (selecionar ou calcular) o valor do coeficiente global de transferência de calor (UC ou UD).
5. Calcular a área de transferência de calor (Ae).

A tarefa é completada pela seleção de um trocador de calor que tenha uma área de transferência de calor igual ou maior do que a
calculada com o procedimento acima.
Um segundo tipo de problema encontrado na análise de trocadores de calor é a determinação da taxa de transferência de calor e das
temperaturas de saída dos fluidos quente e frio para as vazões mássicas de fluidos e temperaturas de entrada prescritas, quando o tipo
e tamanho do trocador de calor já é especificado. Neste caso, a área de transferência de calor (Ae) do trocador de calor é conhecida, mas
as temperaturas de saída não o são. Aqui, a tarefa é determinar o desempenho da transferência de calor de um trocador de calor já
especificado ou para determinar se um trocador de calor disponível em estoque vai ser capaz de fazer o trabalho.
O método MLDT ainda pode ser utilizado para este segundo tipo de problema, mas o procedimento exigiria iterações tediosas, e,
portanto, não é prático. Com o objetivo de eliminar as iterações na solução deste tipo de problema, foi desenvolvido o método chamado
Efetividade-NTU, cuja descrição é feita no Apêndice C.

95
Exercícios Resolvidos

Exercício R.6.5. Uma empresa está projetando um trocador de calor multitubular (TC- 2.1). No trocador uma vazão mássica de 0,4 kg/s
de água (cp = 4181 J/kg.K) deve ser aquecida de 20 °C para 45 °C, em dois passes pelo casco. Para o aquecimento da água vai ser utilizada
uma vazão mássica de 0,6 kg/s de óleo (cp = 1936 J/kg.K) que passa pelos tubos e deve deixar o trocador a 40 °C. Ao óleo está associado
um coeficiente de película de 290 W/m2.K e um fator fuligem de 0,003 e à água está associado um coeficiente de película de 180 W/m 2.K
e um fator fuligem de 0,001. Considerando que para o trocador o fator de correção do trocador é FT = 0,90, determine:
a) a temperatura de entrada do óleo.
b) o número de tubos de ½" (meia polegada) de diâmetro externo e 3 m de comprimento, necessários para o trocador.

Fluido Frio: Água 𝑇𝑒 = 20 °𝐶 𝑇𝑠 = 45 °𝐶 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 0,4 𝑘𝑔/𝑠


ℎ𝑒 = 180 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 4181 𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾 𝑅𝑑𝑒 = 0,001
Fluido Quente: Óleo 𝑡𝑒 =? 𝑡𝑠 = 40 °𝐶 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = 0,6 𝑘𝑔/𝑠
2
ℎ𝑖 = 290 𝑊 ⁄𝑚 . 𝐾 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 = 1936 𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾 𝑅𝑑𝑖 = 0,003
𝐹𝑇 = 0,90 𝑟𝑒 = 𝑑𝑒 ⁄2 = 0,25′′ = 0,00635 𝑚 𝐿 =3𝑚

a) O calor recebido pela água é:


𝑘𝑔 𝐽 𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 0,4 × 4181 × (45 − 20) = 41810 = 41810 𝑊
𝑠 𝑘𝑔.𝐾 𝑠

Este calor é fornecido pelo óleo:


𝑘𝑔 𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 41810 = 0,6 × 1936 × (𝑡𝑒 − 40)𝐾 ⟹ 𝑡𝑒 = 76 °𝐶
𝑠 𝑘𝑔.𝐾

Cálculo do MLDT (calculado como se fosse um TC-1.1 em correntes opostas):


∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 76 − 45 = 31 𝐾
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 40 − 20 = 20 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 31 − 20
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 25,2 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 31
ln ∆𝑇 ln 20
𝑚𝑖𝑛

Cálculo do Coeficiente Global:


1 1 1 1 1 𝑊
= + + 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒 = + + 0,003 + 0,001 ⟹ 𝑈𝐷 = 76,9
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 290 180 𝑚2 . 𝐾
Cálculo da Área de Troca de Calor:
𝑞̇ 41810 𝑊
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝐴𝑒 = = = 23,94 𝑚2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 𝑊
76,9 × 25,2 𝐾 × 0,90
𝑚2 . 𝐾
Cálculo do número de tubos necessários:
á𝑟𝑒𝑎 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 𝐴𝑒 23,94
𝑛𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = = = = 200 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑡𝑢𝑏𝑜 2. 𝜋. 𝑟𝑒 . 𝐿 2 × 𝜋 × 0,00635 × 3

Exercício R.6.6. Em um trocador casco e tubos (TC-2.1), 3000 lb/h de água (cp = 1,0 Btu/lb. °F) é aquecida de 55 °F para 95 °F, em dois
passes pelo casco, por 4415 lb/h de óleo (cp = 0,453 Btu/lb. °F) que deixa o trocador a 140 °F, após um passe pelos tubos. Ao óleo está
associado um coeficiente de película de 287,7 Btu/h.ft2. °F e um fator fuligem de 0,005 e à água está associado um coeficiente de película
de 75 Btu/h.ft2. °F e um fator fuligem de 0,002. Considerando que para o trocador o fator de correção é FT = 0,95, determine o número
de tubos de 0,5" de diâmetro externo e 6 ft de comprimento necessários para o trocador (dado: 1 ft = 12”).

96
Fluido Frio: Água 𝑇𝑒 = 55 °𝐹 𝑇𝑠 = 95 °𝐹 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 3000 𝑙𝑏/ℎ
ℎ𝑒 = 75 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 1,0 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏. °𝐹 𝑅𝑑𝑒 = 0,002
Fluido Quente: Óleo 𝑡𝑒 =? 𝑡𝑠 = 140 °𝐹 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = 4415 𝑙𝑏/ℎ
ℎ𝑖 = 287,7 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 = 0,453 𝐵𝑡𝑢⁄𝑙𝑏. °𝐹 𝑅𝑑𝑖 = 0,005
0,5" 0,25"
𝐹𝑇 = 0,95 𝑟𝑒 = = 0,25′′ = 𝑓𝑡 = 0,02083 𝑓𝑡 𝐿 = 6 𝑓𝑡
2 12

O calor recebido pela água é:


𝑙𝑏 𝐵𝑡𝑢 𝐵𝑡𝑢
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 3000 ℎ × 1,0 × (95 − 55) = 120.000
𝑙𝑏.°𝐹 ℎ

Este calor é fornecido pelo óleo:


𝑙𝑏 𝐵𝑡𝑢
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 120.000 = 4415 ℎ × 0,453 × (𝑡𝑒 − 140)°𝐹 ⟹ 𝑡𝑒 = 200 °𝐹
𝑙𝑏.°𝐹

Cálculo do MLDT (calculado como se fosse um TC-1.1 em correntes opostas):


∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 200 − 95 = 105 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 140 − 55 = 85 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 105 − 85
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 94,65 °𝐹
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 105
ln ∆𝑇 ln
𝑚𝑖𝑛 85
Cálculo do Coeficiente Global:
1 1 1 1 1 𝐵𝑡𝑢
= + + 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒 = + + 0,005 + 0,002 ⟹ 𝑈𝐷 = 42
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 287,7 75 𝑓𝑡 2 . °𝐹
Cálculo da Área de Troca de Calor:
𝐵𝑡𝑢
𝑞̇ 120.000

𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝐴𝑒 = = = 31,78 𝑓𝑡 2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 𝐵𝑡𝑢
42 2 × 94,65 °𝐹 × 0,95
𝑓𝑡 . °𝐹
Cálculo do número de tubos necessários:
á𝑟𝑒𝑎 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 𝐴𝑒 31,78
𝑛𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = = = = 40,47 ⟹ 𝑛𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = 41 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑡𝑢𝑏𝑜 2. 𝜋. 𝑟𝑒 . 𝐿 2 × 𝜋 × 0,02083 × 6

Exercício R.6.7. Em um trocador de calor casco e tubos tipo TC-1.2, água (cp=4,188 KJ/Kg.K) com coeficiente de película de 73,8 W/m2.K
passa pelo casco em passe único, enquanto que óleo (cp= 1,897 KJ/Kg.K) com coeficiente de película de 114 W/m2.K dá dois passes pelos
tubos. A água flui com vazão mássica de a 23 Kg/min e é aquecida de 13 °C para 35 °C por óleo que entra a 94 °C e deixa o trocador a 60
°C. Considerando fator fuligem de 0,001 para a água e de 0,003 para o óleo, pede-se:
a) A vazão mássica de óleo
b) A área de troca de calor necessária para o trocador
c) O número de tubos de ½” de diâmetro externo e 6 m de comprimento necessários
FF (água) no casco: ℎ𝑒 = 73,8 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 23 𝑘𝑔⁄𝑚𝑖𝑛 = 0,383 𝑘𝑔⁄𝑠 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 4,181 𝐾𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾
𝑇𝑒 = 13 °𝐶 𝑇𝑠 = 35 °𝐶 𝑅𝑑𝑒 = 0,001
FQ (óleo) nos tubos: ℎ𝑖 = 114 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 = 1,897 𝐾𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾
𝑡𝑒 = 94 °𝐶 𝑡𝑠 = 60 °𝐶 𝑅𝑑𝑒 = 0,003
𝑑
𝑟= = 0,00635 𝑚 𝐿=6𝑚
a) Balanço Térmico: 2
𝑇𝐶 − 1.2 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒 → 𝐹𝑇 = 1,0
O calor recebido pela água é:

97
𝑘𝑔 𝐾𝐽 𝐾𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 0,383 × 4,181 × (35 − 13)𝐾 = 35,229 = 35229 𝑊
𝑠 𝑘𝑔.𝐾 𝑠

Do calor fornecido pelo óleo, obtemos:


𝐾𝐽
𝑞̇ 35,229 𝑠
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = = = 0,546 𝑘𝑔⁄𝑠
𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) 𝐾𝐽
1,897 𝑘𝑔. 𝐾 × (94 − 60)𝐾

b) Cálculo do MLDT (calculado como se fosse um TC-1.1 em correntes opostas):


∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 94 − 35 = 59 𝐾
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 60 − 13 = 47 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 59 − 47
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 52,77 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 59
ln ∆𝑇 ln 47
𝑚𝑖𝑛

Cálculo do Coeficiente Global:


1 1 1 1 1 𝑊
= + + 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒 = + + 0,003 + 0,001 ⟹ 𝑈𝐷 = 38
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 114 73,8 𝑚2 . 𝐾
Cálculo da Área de Troca de Calor:
𝑞̇ 35299 𝑊
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝐴𝑒 = = = 18,53 𝑚2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 𝑊
38 × 52,77 𝐾 × 0,95
𝑚2 . 𝐾
Cálculo do número de tubos necessários:
á𝑟𝑒𝑎 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 𝐴𝑒 18,53
𝑛𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = = = = 77,4 ⟹ 𝑛 = 78 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑡𝑢𝑏𝑜 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 2 × 𝜋 × 0,00635 × 6

Exercício R.6.8. O aquecimento de um óleo leve (cp = 0,8 kcal/kg. °C) de 20 °C até 120 °C está sendo feito utilizando um trocador de calor
casco e tubos do tipo TC-1.8 com um total de 80 tubos (di = 1,87" e de = 2") de 3 m de comprimento. Vapor d'água a 133 °C (HV = 516
Kcal/Kg) e vazão de 2650 Kg/h está sendo usado para aquecimento, condensando totalmente no interior do casco. Para coeficientes de
película de 2840 Kcal/h.m2. °C para o óleo e de 5435 Kcal/h.m2. °C para o vapor e que a densidade do óleo é 0,75 Kg/dm3, pede-se:
a) O fator fuligem do trocador; FQ (vapor em condensação) no casco: ℎ𝑒 = 5435 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
b) A velocidade do óleo nos tubos do trocador. 𝑚̇𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 2650 𝑘𝑔⁄ℎ ∆𝐻𝑉 = 516 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔
𝑡𝑒 = 133 °𝐶 𝑡𝑠 = 133 °𝐶
FF (óleo leve) nos tubos: ℎ𝑖 = 2840 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = ? 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 = 0,8 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶
𝑇𝑒 = 20 °𝐶 𝑇𝑠 = 120 °𝐶 𝜌ó𝑙𝑒𝑜 = 0,75 𝑘𝑔⁄𝑑𝑚3 = 750 𝑘𝑔⁄𝑚3
𝑛 = 80 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 𝐿 =3𝑚
𝑑𝑖 𝑑𝑒
𝑟𝑖 = = 0,935" = 0,0237 𝑚 𝑟𝑒 = = 1" = 0,0254 𝑚
2 2
𝑐
𝑇𝐶 − 1.8 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒 → 𝐹𝑇 = 1,0
a) Balanço Térmico:
Calor cedido na condensação total do vapor:
𝑞̇ = 𝑚̇𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 . ∆𝐻𝑉 = 2650 𝑘𝑔⁄ℎ × 516 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔 = 1.367.400 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
Calor recebido pelo óleo:
𝑞̇ 1.367.400 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝑘𝑔
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) ⟹ 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = = = 17092,5
𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) 0,8 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶 × (120 − 20)°𝐶 ℎ

98
Cálculo do MLDT (considerando TC-1.1 com correntes opostas):
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 133 − 20 = 113 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 133 − 120 = 13 °𝐶
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 113 − 13
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 46,24 °𝐶
∆𝑇 113
ln ∆𝑇𝑚𝑎𝑥 ln 13
𝑚𝑖𝑛

Cálculo da área de transferência de calor:


𝐴𝑒 = (2 . 𝜋 . 𝑟𝑒 . 𝐿) . 𝑛 = (2 . 𝜋 . 0,0254 . 3) . 80 = 38,3 𝑚2
Cálculo do Coeficiente Global:
𝑞̇ 1.367.400 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝑈𝐷 = = = 772,1 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 38,3 𝑚2 × 46,24 °𝐶 × 1,0
Cálculo do fator fuligem do trocador:
1 1 1 1 1 1 1 1 1
= + + 𝑅𝑑 ⟹ 𝑅𝑑 = − − = − − = 0,00076
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 772,1 2840 5435
b) para o cálculo da velocidade do óleo, sabemos que os 80 tubos estão configurados para 8 passes. Portanto, em cada passe existe um
feixe de 10 tubos:
80
𝑛′ = = 10 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒
8
Área transversal dos tubos por onde passa o óleo:
𝐴𝑡 = (𝜋 . 𝑟𝑖 2 ) . 𝑛′ = (𝜋 . (0,0237)2 ) . 10 = 0,0176 𝑚2
𝑘𝑔
𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 17092,5 𝑚
𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = 𝜌ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑣ó𝑙𝑒𝑜 . 𝐴𝑡 ⟹ 𝑣ó𝑙𝑒𝑜 = = ℎ = 1294,9
𝜌ó𝑙𝑒𝑜 . 𝐴𝑡 750 𝑘𝑔⁄𝑚3 × 0,0176 𝑚2 ℎ
𝑚 𝑚 𝑚
𝑣ó𝑙𝑒𝑜 = 1294,9 = 21,6 = 0,36
ℎ 𝑚𝑖𝑛 𝑠

Exercício R.6.9. O condensador de uma grande usina termo-eletrica é um grande trocador de calor multitubular tipo TC-1.2 com fator de
correção FT= 0,95. No trocador, que tem 20.000 tubos de diâmetro externo de 25 mm, 900 kg/s de vapor são condensados
completamente no casco em uma temperatura de 80 °C, fluindo externamente aos tubos, com coeficiente de película de 11.000 W/m2.K.
Para condensar o vapor no casco, é usada uma vazão mássica de 18.400 kg/s de água (c p = 4181 J/kg.K e  = 1000 kg/m3) que entra no
trocador a 19 °C e passa pelo interior dos tubos com coeficiente de película de 8000 W/m 2.K . Está previsto para este trocador um fator
fuligem total igual a 0,0001. Considerando que o calor latente de condensação vapor é 2.222 kJ/kg, calcule:
a) a temperatura de saída da água.
b) o comprimento dos tubos do trocador.
c) a velocidade da água nos tubos, considerando o diâmetro interno dos tubos 22 mm.
FQ (vapor em condensação) no casco: ℎ𝑒 = 11.000 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾
𝑡𝑒 = 80 °𝐶 𝑡𝑠 = 80 °𝐶 ∆𝐻𝑉 = 2.222 𝑘𝐽⁄𝑘𝑔 𝑚̇𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 900𝑘𝑔/𝑠
FF (água) nos tubos: ℎ𝑖 = 8.000 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 18.400 𝑘𝑔/𝑠 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 4,181 𝑘𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾
𝑇𝑒 = 19 °𝐶 𝑇𝑠 =? 𝜌á𝑔𝑢𝑎 = 1000 𝑘𝑔⁄𝑚3
𝑛 = 20.000 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 𝑅𝑑 = 0,0001 𝐿=?
𝑑𝑖 𝑑𝑒
𝑟𝑖 = = 11 𝑚𝑚 = 0,011 𝑚 𝑟𝑒 = = 12,5 𝑚𝑚 = 0,0125 𝑚
2 2
𝑇𝐶 − 1.2 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑢𝑑𝑎ç𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒 → 𝐹𝑇 = 1,0
a) o calor trocado é cedido pelo vapor:

99
𝑘𝑔 𝑘𝐽 𝑘𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 . ∆𝐻𝑉 = 900 × 2.222 = 1.999.800 = 1.999.800.000 𝑊
𝑠 𝑘𝑔 𝑠
O calor trocado é recebido pela água:
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) ⟹
𝑘𝑔 𝑘𝐽
1.999.800 = 18400 × 4,181 × ((𝑇𝑆 + 273) − (19 + 273))𝐾 ⟹ 𝑇𝑆 = 45 °𝐶
𝑠 𝑘𝑔. 𝐾
b) cálculo do MLDT (considerando TC-1.1 com correntes opostas):
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 80 − 19 = 61 𝐾
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 80 − 45 = 35 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 61 − 35
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 46,8 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 61
ln ∆𝑇 ln 35
𝑚𝑖𝑛

Cálculo do coeficiente global:


1 1 1 1 1
= + + 𝑅𝑑 = + + 0,0001 ⟹ 𝑈𝐷 = 3165 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 8.000 11.000

Cálculo da área de troca de calor:


𝑞̇ 1.999.800.000 𝑊
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 ⟹ 𝐴𝑒 = = = 13.501,3 𝑚2
𝑈𝐷 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) . 𝐹𝑇 𝑊
3165 2 × 46,8 𝐾 × 1,0
𝑚 .𝐾
Cálculo do comprimento dos tubos do trocador:
𝐴𝑒 13.501,3
𝐴𝑒 = (2 . 𝜋 . 𝑟𝑒 . 𝐿) . 𝑛 ⟹ 𝐿= = = 8,6 𝑚
(2 . 𝜋 . 𝑟𝑒 ) . 𝑛 (2 . 𝜋 . 0,0125 ) . 20.000
c) Calculo da velocidade da água nos tubos:
Número de tubos por passe:
𝑛 20.000
𝑛′ = = = 10.000 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
2 2
Área transversal dos tubos por onde passa a água:
𝐴𝑡 = (𝜋 . 𝑟𝑖 2 ) . 𝑛′ = (𝜋 . (0,011)2 ) . 10.000 = 3,8 𝑚2
Cálculo da velocidade:
𝑘𝑔
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 18.400 𝑠 𝑚
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 𝜌á𝑔𝑢𝑎 . 𝑣á𝑔𝑢𝑎 . 𝐴𝑡 ⟹ 𝑣á𝑔𝑢𝑎 = = 3 2
= 4,84
𝜌á𝑔𝑢𝑎 . 𝐴𝑡 1.000 𝑘𝑔⁄𝑚 × 3,8 𝑚 𝑠

Exercício R.6.10. Uma "máquina chopeira" simplificada foi construída a partir de um trocador tipo serpentina. Este trocador consiste de
uma caixa cúbica de 50 cm de lado, perfeitamente isolada externamente, onde foram dispostos 50 m de serpentina de 10 mm de
diâmetro externo. A serpentina, por onde passa o chope, fica em contato com uma mistura gelo-água a 0 °C. Os coeficientes de película
interno e externo à serpentina iguais a 75 e 25 kcal/h.m2. °C, respectivamente. Considerando que não existe acumulo de sujeira neste
tipo de trocador, determinar:
a) o fluxo de calor transferido para a mistura água-gelo considerando que o chope entra a 25 °C e sai a 1 °C;
b) o número de copos de 300 ml que devem ser tirados em 1 hora para que a temperatura do chope se mantenha em 1 °C, considerando
que o calor específico e a densidade do chope são iguais a 0,78 kcal/kg. °C e 1,0 Kg/dm3, respectivamente;
c) o tempo de duração do gelo, sabendo que, inicialmente, seu volume corresponde a 10 % do volume da caixa. A densidade e o calor
latente de fusão do gelo são, respectivamente, 0,935 kg/l e 80,3 kcal/kg.

100
Fluido Quente: Chope ℎ𝑖 = 75 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶 𝑐𝑝𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 = 0,78 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶

𝑡𝑒 = 25 °𝐶 𝑡𝑠 = 1 °𝐶 𝜌𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 = 1,0 𝑘𝑔/𝑑𝑚3 = 1,0 𝑘𝑔/𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜


Fluido Frio: Mistura água e gelo ℎ𝑖 = 8.000 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑇𝑒 = 𝑇𝑠 = 0 °𝐶 ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 80,3 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 = 935 𝑘𝑔/𝑚3
𝑇𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑆𝑒𝑟𝑝𝑒𝑛𝑡𝑖𝑛𝑎 → 𝐿 = 50 𝑚 𝑑𝑒 = 10 𝑚𝑚 ⟹ 𝑟𝑒 = 5 𝑚𝑚 = 0,005 𝑚
𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑐ú𝑏𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 0,5 𝑚 𝑑𝑒 𝑙𝑎𝑑𝑜 ⟹ 𝑉𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = (0,5)3 = 0,125 𝑚3
𝑚𝑙 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
Copo de 300 ml ⟹ 𝑉𝑐𝑜𝑝𝑜 = 300 = 0,3 𝑐𝑜𝑝𝑜
𝑐𝑜𝑝𝑜

a) cálculo do coeficiente global transferência de calor “limpo" (UC):


1 1 1 1 1
= + = + ⟹ 𝑈𝐶 = 18,75 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑈𝐶 ℎ𝑖 ℎ𝑒 75 25
Cálculo da área externa de troca de calor de uma serpentina:
𝐴𝑒 = 2 . 𝜋 . 𝑟𝑒 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,005 × 50 = 1,57 𝑚2
Cálculo do MLDT (considerando TC-1.1 com correntes opostas):
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 25 − 0 = 25 𝐾
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 1 − 0 = 1 𝐾
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 25 − 1
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = 7,46 °𝐶
∆𝑇 25
ln ∆𝑇𝑚𝑎𝑥 ln 1
𝑚𝑖𝑛

Cálculo do fluxo de calor cedido pelo chope para a mistura água-gelo, considerando um trocador de calor de passes únicos e “limpo":
𝑞̇ = 𝑈𝐶 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) = 18,75 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶 × 1,57 𝑚2 × 7,46 °𝐶 = 219,6 𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ
b) o fluxo de calor trocado é cedido pelo chope. Então:
𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 219,6 ℎ
𝑞̇ = 𝑚̇𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 . 𝑐𝑝𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) ⟹ 𝑚̇𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 = = = 11,73 𝑘𝑔/ℎ
𝑐𝑝𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) 0,78 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶 . (25 − 1) °𝐶
𝑘𝑔
𝑚̇𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 𝑚̇𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 11,73 ℎ 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
𝜌𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 = ⟹ ̇
𝑉𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 = = = 11,73
̇
𝑉𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 𝜌𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 𝑘𝑔 ℎ
1,0 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜

A passagem desta vazão de chope pelo trocador garante que a temperatura de saída do chope seja na temperatura de 1 °C e conhecendo
a vazão horária de chope no trocador, obtemos o número de copos horários:
𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
̇
𝑉𝑐ℎ𝑜𝑝𝑒 11,73 ℎ 𝑐𝑜𝑝𝑜
𝑛𝑐𝑜𝑝𝑜𝑠 = = = 39,1
𝑉𝑐𝑜𝑝𝑜 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜 ℎ
0,3 𝑐𝑜𝑝𝑜

c) o trocador é uma caixa cúbica e, inicialmente, 10 % do volume da mesma é de gelo, então:


𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜 = 0,1 . 𝑉𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = 0,1 × 0,125 = 0,0125 𝑚3
Utilizando a densidade do gelo podemos obter a massa de gelo:
𝑚𝑔𝑒𝑙𝑜 𝑘𝑔
𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 = ⟹ 𝑚𝑔𝑒𝑙𝑜 = 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 . 𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜 = 935 × 0,0125 𝑚3 = 11,69 𝑘𝑔
𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜 𝑚3
Toda a quantidade de calor absorvida pela mistura “gelo-água” é usada para a fusão do gelo. Pelo balanço térmico, o calor absorvido
pela mistura é calculado usando o calor latente de fusão do gelo:
𝑞̇ = 𝑚̇𝑔𝑒𝑙𝑜 . ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 11,69 𝑘𝑔 × 80,3 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔 = 938,71 𝐾𝑐𝑎𝑙
Dispondo do fluxo de calor horário cedido pelo chope, obtemos o tempo de duração do gelo:
𝑄 𝑄 938,71 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ⟹ 𝑡= = = 4,27 ℎ
𝑡 𝑞̇ 𝐾𝑐𝑎𝑙
219,6 ℎ

101
Exercício R.6.11. Em um trocador TC-1.1, construído com 460 tubos de 6 m de comprimento e diâmetro externo de 3/4", 5616 Kg/h de
óleo (cp = 1,25 Kcal/Kg. °C) é resfriado de 80 °C para 40 °C, por meio de água (cp = 1,0 Kcal/Kg. °C) cuja temperatura varia 25 °C ao passar
pelo trocador. O óleo passa pelos tubos e tem coeficiente de película de 503,6 Kcal/h.m2. °C e a água, que passa pelo casco, tem
coeficiente de película de 200 Kcal/h.m2. °C. Está previsto um fator fuligem de 0,013. Pede-se:
a) as temperaturas de entrada e saída da água.
b) a vazão mássica de água FQ (óleo) nos tubos: ℎ𝑖 = 503,6 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = 5616 𝑘𝑔⁄ℎ 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 = 1,25 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶
𝑡𝑒 = 80 °𝐶 𝑡𝑠 = 40 °𝐶
FF (água) no casco: ℎ𝑒 = 200 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = ? 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 1,0 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶
𝑇𝑒 =? 𝑇𝑠 =? (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 25 °𝐶
𝑇𝐶 − 1.1 𝑛 = 460 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 𝐿 =6𝑚
𝑑𝑒
𝑑𝑒 = 3/4" = 0,01905 𝑚 ⟹ 𝑟𝑒 = = 0,00952 𝑚
2
Para o cálculo do MLDT devemos ter todas as temperaturas de entradas e saída dos fluidos. Entretanto, para a água temos apenas a sua
variação de temperatura no trocador:
(𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 25 °𝐶 ⟹ 𝑇𝑠 = 25 + 𝑇𝑒
Esta equação permite eliminar uma temperatura incógnita, porém o MLDT ainda ficará em
função da outra temperatura incógnita.
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 80 − 𝑇𝑆
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 40 − 𝑇𝑒
Colocando o ∆𝑇𝑚𝑎𝑥 em função de TS, temos:
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 80 − 𝑇𝑆 = 80 − (25 + 𝑇𝑒 ) = 55 − 𝑇𝑒
O MLDT agora ficará em função da temperatura de entrada da água no casco (T e):
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 (55 − 𝑇𝑒 ) − (40 − 𝑇𝑒 ) 15
𝑀𝐿𝐷𝑇 = = = °𝐶
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 (55 − 𝑇𝑒 ) (55 − 𝑇𝑒 )
ln ∆𝑇 ln ( ln
𝑚𝑖𝑛 40 − 𝑇𝑒 ) (40 − 𝑇𝑒 )
Cálculo da área de transferência de calor:
𝐴𝑒 = (2 . 𝜋 . 𝑟𝑒 . 𝐿) . 𝑛 = (2 . 𝜋 . 0,0095 . 6) . 460 = 164,7 𝑚2
Cálculo do calor cedido pelo óleo:
𝑞̇ = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝ó𝑙𝑒𝑜 . (𝑡𝑠 − 𝑡𝑒 ) = 5616 𝑘𝑔⁄ℎ × 1,25 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶 × (80 − 40)°𝐶 = 280800 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
Cálculo do coeficiente global "sujo":
1 1 1 1 1
= + + 𝑅𝑑 = + + 0,013 ⟹ 𝑈𝐷 = 50 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2. °𝐶
𝑈𝐷 ℎ𝑖 ℎ𝑒 503,6 200
Agora, levamos estes resultados na expressão do fluxo de calor em um trocador:
𝑞̇ 15 280800 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (𝑀𝐿𝐷𝑇) ⟹ (𝑀𝐿𝐷𝑇) = ⟹ °𝐶 =
𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 (55 − 𝑇𝑒) 50 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2. °𝐶 × 164,7 𝑚2
ln
(40 − 𝑇𝑒)
15 280800 (55 − 𝑇𝑒 ) 123525
°𝐶 = °𝐶 ⟹ ln = = 0,4399
(55 − 𝑇𝑒 ) 8235 (40 − 𝑇𝑒 ) 280800
ln (
40 − 𝑇𝑒 )
Aplicado as propriedades dos logaritmos, obtemos:
(55 − 𝑇𝑒 ) (55 − 𝑇𝑒 )
𝑒 0,4399 = ⟹ 1,5526 = ⟹ 62102 − 1,5526 × 𝑇𝑒 = 55 − 𝑇𝑒 ⟹ 𝑇𝑒 = 12,8 °𝐶
(40 − 𝑇𝑒 ) (40 − 𝑇𝑒 )
102
Através da variação da temperatura da água obtemos a sua temperatura de saída (TS)
𝑇𝑠 = 25 + 𝑇𝑒 = 25 + 12,8 = 37,8 °𝐶
b) cálculo da vazão de água
𝑞̇ 280800 𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝑘𝑔
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) ⟹ 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = = = 11232
𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) 1,0 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄𝑘𝑔. °𝐶 × (37,8 − 12,8)°𝐶 ℎ

Exercícios Propostos:

Exercício P.6.1. Um resfriador de óleo deve operar com uma entrada de 138 °F e uma saída de 103 °F, com a água de refrigeração
entrando a 88 °F e saindo no máximo a 98 °F. Qual o MLDT para esta unidade considerando:
a) trocador de calor duplo tubo com fluxos em correntes opostas;
b) trocador de calor duplo tubo com fluxos em correntes paralelas;
a) 25,5 °F b) 19,5 °F

Exercício P.6.2. Um trocador de calor multitubular, tipo TC-1.1 deve ser construído para resfriar 800 kg/h de glicerina de calor específico
0,58 kcal/kg. °C e densidade 0,92 kg/dm3 de 130 °C para 40 °C. Dispõe-se de 2 m3/h de água (cp = 1,0 kcal/kg. °C) a 25 °C. O coeficiente
de película da glicerina é igual a 42 kcal/h.m2. °C e o da água, que circula dentro dos tubos, tem valor de 30 kcal/h.m2. °C. O trocador de
calor vai ser feito com tubos de 1" de diâmetro externo e 6 m de comprimento. É previsto um fator de incrustação de 0,025. Pede-se:
a) a temperatura de saída da água;
b) o número de tubos necessários.
a) 45,9 °C b) 179 tubos

Exercício P.6.3. Uma empresa está projetando um trocador de calor multitubular (TC- 2.1). No trocador uma vazão mássica de 0,4 kg/s
de água (cp = 4181 J/kg.K) deve ser aquecida de 20 °C para 45 °C, em dois passes pelo casco. Para o aquecimento da água vai ser utilizada
uma vazão mássica de 0,8 kg/s de óleo (cp = 1919 J/kg.K) que passa pelos tubos e deve deixar o trocador a 40 °C. Ao óleo está associado
um coeficiente de película de 290 W/m2. K e um fator fuligem de 0,003 e à água está associado um coeficiente de película de 160 W/m2.K
e um fator fuligem de 0,001. Considerando que para este trocador o fator de correção é FT = 0,90, determine:
a) a temperatura de entrada do óleo.
b) o número de tubos de ½" (meia polegada) de diâmetro externo e 3 m de comprimento, necessários para o trocador.
a) 67 °C b) 252 tubos

Exercício P.6.4. Em uma indústria 100 trocadores de calor casco-tubo (TC-1.1), cada um com 300 tubos de 25 mm de diâmetro externo,
são utilizados para condensar um vapor a 50 °C, utilizando 1,08x108 kg/h de água de refrigeração (cp = 1,0 kcal/kg. °C) que entra nos
trocadores a 20 °C. Sabendo-se que a taxa de transferência de calor nos trocadores é 1,72x109 kcal/h e que o coeficiente global de
transferência de calor é 3851,4 Kcal/h.m2. °C, calcule:
a) a temperatura de saída da água de refrigeração;
b) o comprimento dos trocadores.
a) 35,9 °C b) 9 m

Exercício P.6.5. Em um trocador casco-tubos (TC-2.1), 3000 Ib/h de água (cp = 1 Btu/lb. °F) é aquecida de 55 °F para 95 °F, em dois passes
pelo casco, por 4415 lb/h de óleo (cp = 0,453 Btu/lb. °F) que deixa o trocador a 140 °F, após um passe pelos tubos. Ao óleo está associado
um coeficiente de película de 287,7 Btu/h.ft2. °F e um fator fuligem de 0,005 e à água está associado um coeficiente de película de 75
Btu/h.ft2. °F e um fator fuligem de 0,002. Considerando que para o trocador o fator de correção é FT = 0,95, determine o número de
tubos de 0,5" de diâmetro externo e 6 ft de comprimento necessários para o trocador.
41 tubos

103
Exercício P.6.6. Um trocador de calor duplo tubo deve ser construído para resfriar 25000 Kg/h de álcool (cp = 0,91 Kcal/Kg. °C) de 65 °C
para 40 °C fluido pelo tubo interno, utilizando 30.000 Kg/h de água (cp = 1,0 Kcal/Kg. °C) que está disponível a 15 °C, que flui do lado
externo. Admitindo coeficiente global “sujo” de transferência de calor de 490 Kcal/h.m2. °C, determinar:
a) o comprimento do trocador duplo tubo necessário, considerando que o diâmetro externo do tubo interno é 100 mm;
b) para o caso de utilização de um trocador multitubular tipo TC-2.1 com FT = 0,90, calcule o número de tubos necessários considerando
o diâmetro externo de 25 mm e comprimento de 7 metros e mantendo os demais dados.
a) 132,4 m b) 84 tubos

Exercício P.6.7. Necessita-se projetar uma unidade capaz de resfriar 180.000 Ib/h de um óleo leve (cp = 0,48 Btu/lb. °F) que está a 200 °F,
utilizando 130.000 Ib/h de água (cp = 1,0 Btu/lb. °F) que se aquece de 65 °F a 118 °F. São disponíveis diversos trocadores multitubulares
tipo TC-1.1, cada um deles com 25 ft de comprimento contendo 40 tubos de 1,05" de diâmetro externo. Considerando um coeficiente
global limpo de 82 Btu/h.ft2. °F e um fator de fuligem de 0,001 tanto para o óleo como para a água, calcular o número de trocadores
necessários.
6 trocadores

Exercício P.6.8. Um trocador tipo TC-1.1 é utilizado para pré-aquecimento de água. Para isto, o trocador utiliza 1650 kg/h de vapor em
condensação total no casco a 250 oC (HV = 412,81 kcal/kg). A carcaça do trocador tem 0,6 m de diâmetro e 9 m de comprimento e está
localizada em um grande galpão cujas paredes e o ar estão a 30 oC e o coeficiente de película é 5 kcal/h.m2. °C. Verificou-se que as
perdas pela carcaça correspondem a 10 % do calor cedido pelo vapor. Para reduzir estas perdas para 5%, os engenheiros optaram por
atuar na emissividade () da carcaça através de pintura.
a) dispondo de 3 tintas (tinta A: e = 0,28; tinta B: e = 0,37 e tinta C: e = 0,49), qual foi a tinta escolhida?
b) qual era a emissividade original da carcaça antes da pintura?
a) 0,28 (tinta A) b) 0,90

Exercício P.6.9. Em uma indústria o aquecimento de um óleo leve (cp = 3,40 kJ/Kg.K) de 20 °C até 120 °C está sendo feito usando um
trocador casco e tubos, tipo TC-2.1, com um total de 160 tubos de diâmetro externo 1" (uma polegada), diâmetro interno de 0,87” (0,87
polegadas) e 3 m de comprimento. O óleo leve passa pelos tubos em passe único. Vapor d'água a 133 °C, na vazão mássica de 0,75 kg/s,
está sendo usado para aquecimento do óleo, condensando completamente no interior do casco em dois passes, com calor latente de
vaporização (HV) de 2160 kJ/Kg. Considerando coeficientes de película de 3400 W/m 2.K para o óleo e de 6520 W/m2.K para o vapor,
pede-se:
a) a vazão mássica de óleo leve;
b) a velocidade do óleo nos tubos do trocador, considerando que a sua densidade é 700 kg/m 3;
b) o fator fuligem do trocador;
a) 4,76 kg/s b) 0,11 m/s c) 0,00065

Exercício P.6.10. Um trocador deve ser construído para resfriar 25000 kg/h de álcool (cp = 0,91 kcal/kg. °C) de 65 °C para 40 °C, usando
23700 kg/h de água (cp= 1,0 kcal/kg.°C) que entra no trocador a 10 °C pelo casco. Admitir coeficiente global (sujo) de transferência de
calor (UD) de 490 kcal/h.m2.°C, Determinar a área de troca térmica requerida para as seguintes configurações:
a) trocador multitubular TC-1.1, com fluxos em correntes paralelas;
b) trocador multitubular TC-1.1, com fluxos em correntes opostas.
c) trocador multitubular TC-1.2 com FT = 0,90. Neste caso, o coeficiente global (UD) passa a ser 600 kcal/h.m2.°C.
d) Determinar para os três casos acima qual é o número de tubos de 3 m e de diâmetro externo 25 mm necessários;
a) 52,5 m 2 b) 38 m 2 c) 34,5 m 2 d) 223, 162, 147

Exercício P.6.11. Uma empresa está montando um trocador de calor multitubular (casco e tubos) tipo TC- 2.1 e com fator de correção FT
= 0,90. Neste trocador foi projetado que uma vazão mássica de 0,40 kg/s de água (cp = 4,181 kJ/kg.K) deve ser aquecida de 20 °C para 45

104
°C, em dois passes pelo casco. Para o aquecimento da água vai ser utilizada uma vazão mássica de 0,80 kg/s de óleo (cp = 1,919 kJ/kg.K)
que passa pelos tubos e deve entrar no trocador a 67 °C. Ao óleo está associado um coeficiente de película de 290 W/m2. K e um fator
fuligem de 0,003 e à água está associado um coeficiente de película de 180 W/m2.K e um fator fuligem de 0,001. Considerando que o
trocador vai ser montado com 200 tubos de 0,5" (meia polegada) de diâmetro externo, calcule:
a) a temperatura de saída prevista para o óleo;
b) o comprimento dos tubos projetados para este trocador;
c) a velocidade do óleo prevista nos tubos deste trocador, sabendo que o diâmetro interno dos tubos é 1/4” (um quarto de polegada) e
que a densidade do óleo 700 kg/m3.
d) na finalização da montagem, um funcionário inverteu a conexão de entrada do óleo, de modo que o mesmo passou a fluir em sentido
contrário ao projetado. Comente sobre o efeito desta troca nos cálculos que você realizou.
a) 39,8 °C b) 3,6 m c) 0,18 m/s d) não afeta porque o trocador tem mais de um passe no casco

Exercício P.6.12. Em uma indústria, um trocador de calor casco e tubos, tipo TC-1.1, aquece 135000 kg/h de água (cp= 1,0 kcal/kg. °C) de
60 °C a 112 °C, por meio de vapor d'água condensando a 115 °C no exterior dos tubos. O trocador tem 500 tubos de aço diâmetro externo
2,1 cm e de 10 m de comprimento. Admitindo que o coeficiente global de transferência de calor não se altera significativamente quando
a vazão de água aumenta e que existe disponibilidade para elevação da vazão de vapor, calcular:
a) o coeficiente global de transferência de calor;
b) a temperatura da água na saída se sua vazão mássica for elevada em 50 %
a) 1190 Kcal/h.m 2 . °C b) 107,1 °C

Exercício P.6.13. Em uma indústria, um trocador de calor casco e tubos, tipo TC-1.1, aquece 135.000 kg/h de água (cp= 1,0 kcal/kg. °C)
que entra no trocador a 60 °C. Para aquecer a água é usada uma vazão mássica de 11.775 kg/h de vapor a 115 °C, que sofre condensação
ao passar pelo casco. O trocador tem 500 tubos de aço diâmetro externo 2,1 cm e de 10 m de comprimento. Considere que o calor
latente de condensação do vapor é 516 kcal/kg.
a) calcule a temperatura de saída da água.
b) calcule o coeficiente global de transferência de calor (UD) do trocador;
c) considerando que os coeficientes de película da água e para o vapor são 1.200 kcal/h.m2.°C e 3.400 kcal/h.m2.°C, respectivamente,
calcule o fator fuligem (Rd) deste trocador.
a) 105 °C b) 697,8 Kcal/h.m 2 . °C c) 0,0003

Exercício P.6.14. Em uma indústria, um trocador de calor casco e tubos, tipo TC-1.1, aquece 135000 kg/h de água (cp= 1,0 kcal/kg. °C)
de 60 °C a 105 °C. Para aquecer a água existe grande disponibilidade de vapor a 115 °C, que sofre condensação ao passar pelo casco. O
trocador tem 500 tubos de aço diâmetro externo 2,1 cm e de 10 m de comprimento. Considere que o trocador não acumula sujeira.
a) Calcule o coeficiente global de transferência de calor para a condição acima;
b) Através de apenas modificações nos cabeçotes, sem mexer nos tubos, o trocador foi transformado em um TC-1.4. Após isto, a
temperatura de saída da água passou a ser 112 °C, para a mesma temperatura de entrada de 60 °C. Calcule o novo coeficiente global
após a modificação.
c) Explique porque o coeficiente global de transferência de calor mudou ao transformar o trocador de TC-1.1 para TC-1.4.
a) 697,8 Kcal/h.m 2 . °C b) 1190,11 Kcal/h.m 2 . °C c) O coeficiente global (Uc) aumentou devido maior coeficiente de
película interno em função da maior velocidade da água no s tubos, quando a mesma passa em 4 passes.

105
7. ISOLAMENTO TÉRMICO

7.1. DEFINIÇÃO

O isolamento térmico consiste em revestir as superfícies aquecidas, como a parede de um forno, ou resfriadas, como a parede de um
refrigerador, através da aplicação de materiais de baixa condutividade térmica (k).
Objetivo: Minimizar os fluxos de calor, quer por problemas técnico (segurança, evitar condensação), quer por problemas econômicos
(economizar energia), ou a busca de estado de conforto.
Fundamento: Isolantes térmicos normalmente aprisionam ar (k = 0,026 W/m.K, quando estagnado) ou outro gás em pequenas cavidades
de um material sólido de modo a evitar sua movimentação (diminui a convecção). Por isto, materiais porosos com poros pequenos e de
paredes finas e baixo valor intrínseco de condutividade térmica, dão bons isolantes térmicos, conforme ilustra a Figura 7-1.

Figura 7-1

7.2. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM ISOLANTE

• Baixo Valor de Condutividade Térmica (k)


Quanto menor o valor do k, menor será a espessura necessária para manter uma mesma capacidade isolante. Apenas a título ilustrativo,
a Figura 7-2 mostra algumas espessuras (em cm) de alguns materiais que tem a mesma capacidade isolante.

Figura 7-2

• Baixo Poder Higroscópico


A água, que penetra nos poros, substitui o ar, aumentando o valor da condutividade (k). Além disto, quando se tratar de isolamento de
ambientes cuja temperatura seja inferior a 0 °C, existe a possibilidade de a água absorvida passar para o estado sólido (gelo) com
consequente aumento de volume, o que poderá causar a ruptura das paredes isolantes. Além disto, com o gelo é mais de 90 vezes mais
condutor que o ar estagnado, a capacidade isolante é perdida.

106
• Baixa Massa Específica
Em certas aplicações, um bom isolante deve ser leve de modo a não sobrecarregar desnecessariamente o aparelho isolado,
principalmente no caso de aviões, barcos, automóveis, ou ainda no caso de forros ou outras partes de fábricas e edifícios onde o material
terá de ficar suspenso.

• Resistência Mecânica Compatível com o Uso


De maneira geral, quanto maior a resistência mecânica do material isolante, maior será o número de casos que ele poderá resolver, além
do que apresentará menor fragilidade, o que é conveniente nos processos de transportes e no tocante à facilidade de montagem.

• Incombustibilidade, Estabilidade Química e Outros.


Uma série de outras características serão necessárias, dependendo da aplicação a que o material isolante se destina.

7.3. MATERIAIS ISOLANTES BÁSICOS

Existe uma grande variedade de materiais de isolamento disponível no mercado, mas a maioria é feita principalmente dos seguintes
materiais: plásticos expandidos, amianto, carbonato de magnésio, sílica diatomácea, vermiculita, lã de rocha, lã de vidro, cortiça,
aglomerados de fibras vegetais, silicato de cálcio, etc. A Figura 7-3 ilustra alguns destes materiais.

Figura 7-3

Os plásticos expandidos são essencialmente poliestireno expandido (isopor) e poliuretano expandido, as quais durante a fabricação
sofrem uma expansão com formação de bolhas de ar internas microscópicas.
O amianto é um mineral que possui uma estrutura fibrosa, do qual se obtém fibras individuais. O amianto de boa qualidade deve possuir
fibras longas e finas e além disto, infusibilidade, resistência e flexibilidade. Considerado nocivo à saúde, o material é proibido em cinco
estados brasileiros e pode ser banido de todo o país.
A sílica diatomácea consiste de pequenos animais marinhos cuja carapaça se depositou no fundo dos lagos e mares.
A vermiculita é uma "mica" que possui a propriedade de se dilatar em um só sentido durante o aquecimento. O ar aprisionado em bolsas
entre as camadas de mica torna este material um bom isolante térmico.
A lã de rocha ou lã mineral, assim como a lã de vidro, são obtidas fundindo minerais de sílica em um forno e vertendo a massa fundida
em um jato de vapor a grande velocidade. O produto resultante, parecido com a lã, é quimicamente inerte e incombustível, e apresenta
baixa condutividade térmica devido aos espaços com ar entre as fibras.
A cortiça é proveniente de uma casca de uma árvore e apresenta uma estrutura celular com ar encerrado entre as células.

107
O carbonato de magnésio é obtido do mineral "dolomita", e deve sua baixa condutividade ao grande número de microscópicas células
de ar que contém.
O silicato de cálcio é um material sólido que é mais adequado para utilização a temperaturas elevadas, mas é mais caro. Além disso, ele
tem de ser cortado com uma serra durante a instalação, e, portanto, leva mais tempo para instalar e há mais desperdício.
Isolamentos térmicos muito eficazes são obtidos usando camadas de chapas finas de metal de alta reflexão (barreiras de radiação), tais
como folhas de alumínio (cerca de 25 folhas por centímetro de espessura), separadas por fibras feitas de material de isolante, tal como
fibra de vidro. Além disso, o espaço entre as camadas é evacuado para formar um vácuo da ordem de 0.000001 atmosferas, de modo a
minimizar a condução e a convecção através do espaço de ar entre as camadas. O resultado é um material isolante cuja condutividade
térmica aparente (k) é inferior a 0,00002 W/m.K, o que é mil vezes menos do que a condutividade do ar ou qualquer material de
isolamento comum. Estes isolantes, de alto custo, são chamados de superisolantes, e são utilizados em aplicações espaciais e de
criogenia, que é o ramo da transferência de calor que lida com temperaturas abaixo de 100 K (menor que 173 °C), tais como aquelas
encontradas no armazenamento, e transporte de gases liquefeitos, com hélio, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio.

7.4. FORMAS DOS ISOLANTES

Os isolantes térmicos podem ser adquiridos em diversas formas, dependendo da constituição e da finalidade à qual se destinam. Alguns
exemplos comumente encontrados são descritos abaixo e ilustrados na Figura 7-4.

Figura 7-4

• Calhas
São aplicados sobre paredes cilíndricas e fabricados a partir de cortiça, plásticos expandidos, fibra de vidro impregnadas de resinas
fenólicas, etc.

• Mantas
São aplicados no isolamento de superfícies planas, curvas ou irregulares, como é o caso de fornos, tubulações de grande diâmetro, etc.

• Placas
São normalmente aplicados no isolamento de superfícies planas, como é o caso de câmaras frigoríficas, estufas, fogões, etc.

• Flocos
São normalmente aplicados para isolar locais de difícil acesso ou ainda na fabricação de mantas costuradas com telas metálicas e
fabricados a partir de lãs de vidro e de rocha.

108
• Cordas
São aplicados no isolamento de registros, válvulas, juntas, cabeçotes, etc., principalmente em locais sujeitos a desmontagem para
manutenção periódica.

• Pulverizados ou Granulados
São aplicados no isolamento de superfícies com configurações irregulares ou ainda no preenchimento de vãos de difícil acesso.

7.5. APLICAÇÃO DE ISOLANTES

O planejamento da aplicação de materiais isolantes deve levar em conta duas condições básicas:

• Isolamento de equipamentos ou dependências cuja temperatura deve ser mantida inferior à temperatura ambiente local

Esta condição engloba, por exemplo, o isolamento de câmaras frigoríficas, refrigeradores, trocadores de calor usando fluidos a baixa
temperatura, armazenamento, e transporte de gases liquefeitos, etc.
Neste caso, o principal problema consiste na migração de vapores. O fenômeno da migração de vapores em isolamento de superfícies
resfriadas é resultante da ocorrência de depressão interna causada pelas baixas temperaturas e pode ser esquematizado conforme ilustra
a Figura 7-5.

Figura 7-5

Como contramedida à migração de vapores, utiliza-se a aplicação de "barreiras de vapor" que consiste em usar materiais impermeáveis
para evitar que vapores d'água atinjam o isolamento. Um tipo de barreira de vapor, comumente utilizado para proteger o isolamento de
tubulações que transportam fluidos em baixas temperaturas, consiste de folhas de alumínio (normalmente com 0,15 mm) coladas com
adesivo especial no sentido longitudinal e com uma superposição de 5 cm no sentido transversal para completa vedação.

• Isolamento de equipamentos ou dependências cuja temperatura deve ser mantida superior à temperatura ambiente local.

Esta condição engloba, por exemplo, o isolamento de estufas, fornos, tubulações de vapor, trocadores de calor usando fluidos a altas
temperaturas, etc.
Neste caso, o principal problema consiste nas dilatações provocadas pelas altas temperaturas, risco de incêndio, perdas das propriedades
mecânicas, libertação de gases tóxicos (dióxido de carbono, monóxido de carbono, cloretos e cianetos).
Para altas temperaturas, não existe o problema da migração de vapores, porém devem ser escolhidos materiais que passam suportar as
temperaturas de trabalho.

7.6. CÁLCULO DE ESPESSURAS DE ISOLANTES

O cálculo leva em conta as limitações de temperatura e/ou questões econômicas:

109
• Limitação da Temperatura

Tanto externamente (caso de um forno no qual a temperatura externa não deve ser maior do que aquela que causa queimaduras nos
trabalhadores) quanto interiormente (como em um recinto onde devemos ter a temperatura superior à de orvalho, de modo a evitar a
condensação e gotejamento de água), o cálculo da espessura isolante poderá ser feito fixando as temperaturas envolvidas e calculando
a espessura isolante necessária.
Como exemplo, analisemos, na Figura 7-6, o cálculo da espessura isolante Li de um forno, que pode ser feito considerando que a
temperatura T4 da superfície é fixada por razões de segurança (evitar queimaduras). Conhecendo-se, a área da parede, as temperaturas
e os coeficientes de película dos ambientes interno e externo e ainda as condutividades térmicas dos materiais das paredes, o cálculo
pode ser feito como mostrado na equação 8.1.

Figura 7-6

Considerando as resistências térmicas entre T1 e T4 e entre T4 e T5, obtemos na Equação 7-1 as expressões para o fluxo de calor e de onde
pode ser obtido o valor da espessura isolante Li.
𝑻𝟏 − 𝑻𝟒 𝑻𝟒 − 𝑻𝟓
Equação 7-1 𝒒̇ = 𝟏 𝑳 𝑳 = 𝟏
+ + 𝒊 𝒉𝒆 .𝑨
𝒉𝒊 .𝑨 𝒌𝟏 .𝑨 𝒌𝟐 .𝑨

Exercício Resolvido

Exercício R.7.1. O ar condicionado para um edifício é distribuído por meio de um duto retangular de alumínio (kAl = 200 Kcal/h.m. °C) de
espessura 0,5 mm. A temperatura no ambiente deve ser mantida em 25 °C e com coeficiente de película de 8 Kcal/h.m2. °C. Sabendo-se
que a temperatura na superfície interna do duto é 12 °C, calcular a espessura do isolante térmico (kiso = 0,028 kcal/h.m °C) a usar, para
que não ocorra condensação na superfície externa do duto isolado, com segurança de 2 °C, considerando que a temperatura de orvalho
no local é 19,3 °C.
TS = Torvalho + 2 C = 19 ,3 + 2 = 21,3 C
o o

A = 1m2 l = 0,5 mm = 0,0005m


Ti = 12 oC Tar = 25 oC
kiso = 0,028 Kcal h.m.o C
k Al = 200 Kcal h.m.o C
h = 8 Kcal h.m2 .o C
Considerando uma área unitária (1 m2) e utilizando a Equação 7-1, obtemos:
𝐓𝑺 − 𝐓𝒊 𝐓𝑨𝒓 − 𝐓𝑺
𝐪̇ = =
𝐋𝑨𝒍 𝐋𝐢𝐬𝐨 𝟏
𝐤 𝐀𝐥 . 𝐀 + 𝐤 𝐢𝐬𝐨 . 𝐀 ℎ. 𝐀
Substituindo os dados, obtemos a espessura isolante que garante a temperatura desejada:
21,3 − 12 25 − 21,3
= ⟹ 𝐿𝑖𝑠𝑜 = 0,0088 𝑚 = 8,8 𝑚𝑚
0,0005 𝐿𝑖𝑠𝑜 1
200 × 1 + 0,028 × 1 8×1
110
• Espessura Isolante Mais Econômica

A medida que se aumenta a espessura de isolante em qualquer superfície, a taxa de transferência de calor da superfície diminui, porém,
aumenta, em contraposição, o custo do isolamento.
A espessura mais econômica do isolamento é aquela para a qual a soma do custo anual da perda de calor e do custo anual do isolamento
seja mínimo.
O processo de cálculo, por exemplo no caso de superfícies aquecidas, consiste em determinar as quantidades de calor perdidas
considerando a aplicação de várias espessuras de isolamento, obtendo-se a quantidade de calor perdida anual, considerando o tempo
de utilização do equipamento. O valor em termos de energia (KJ, Kcal, Btu) deve ser convertido em reais gastos por ano, considerando
o custo da produção do calor.
A seguir, considerando o custo do isolamento para várias espessuras isolante calculadas, determinam-se os custos anuais do isolamento
desde que se considere o tempo de amortização em anos para a instalação.
Colocando em um gráfico tendo em abcissa a espessura do isolamento e em ordenadas o custo anual, obtém-se uma curva decrescente
para o custo do calor transferido, e uma curva ascendente para o custo do isolamento. Evidentemente a soma dos custos (custo do calor
perdido mais custo do isolamento) resultará em uma curva que deverá passar por um mínimo, ou seja, para determinada espessura de
isolante haverá um custo mínimo anual.
A espessura ótima do isolante é aquela que apresenta um custo total (custo do calor perdido + custo do isolante) mínimo, como pode
ser observado na Figura 7-7. No caso de superfícies resfriadas o procedimento é equivalente.

Figura 7-7

7.7. ISOLAMENTO DE TUBOS - CONCEITO DE RAIO CRÍTICO

O aumento da espessura isolante de paredes cilíndricas de pequenos diâmetros nem sempre leva a uma redução da transferência de
calor, podendo até mesmo a vir aumenta-la. Vejamos a expressão para o fluxo de calor transferido através de uma parede cilíndrica, de
comprimento L, composta pela parede de um tubo metálico e de uma camada isolante, como pode ser visto na Figura 7-8.

Figura 7-8

111
Considerando as quatro resistências térmicas entre Ti e Te (duas de convecção e duas de condução), a expressão para o fluxo de calor é
descrita pela Equação 7-2.
𝑻𝒊 −𝑻𝒆 𝑻𝒊 −𝑻𝒆
Equação 7-2 𝒒̇ = 𝑪𝑫 = 𝒓𝟐 𝒓
𝑹𝑪𝑽 𝑪𝑫 𝑪𝑽
𝒊 +𝑹𝒎𝒆𝒕𝒂𝒍 +𝑹𝒊𝒔𝒐 +𝑹𝒆 𝟏 𝒍𝒏( ⁄𝒓𝟏 ) 𝒍𝒏( 𝟑⁄𝒓 )
𝟐 + 𝟏
+𝒌 +
𝒉𝒊 .(𝟐.𝝅.𝒓𝟏 .𝑳) 𝒎𝒆𝒕𝒂𝒍 .𝟐.𝝅.𝑳 𝒌𝒊𝒔𝒐 .𝟐.𝝅.𝑳 𝒉𝒆 .(𝟐.𝝅.𝒓𝟑 .𝑳)

Observando a Equação 7-2, podemos analisar o efeito da elevação da espessura do isolante, ou seja, elevação do raio r3 na Figura 7-8,
nas resistências térmicas. A Tabela 7.1 sintetiza o efeito da elevação de r3 em cada resistência. Obviamente, as duas primeiras resistências,
que não dependem de r3 permanecem inalteradas. A terceira resistência, de condução no isolante, aumenta como esperado. No entanto,
a elevação de r3 faz com que a quarta resistência, de convecção na película externa, diminua devido ao aumento da área externa.

Tabela 7.1
RESISTÊNCIA EXPRESSÃO EFEITO da ELEVAÇÃO de r3
1
R1 Inalterada
ℎ𝑖 . (2. 𝜋. 𝑟1 . 𝐿)
𝑟
𝑙𝑛( 2⁄𝑟1 )
R2
𝑘𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 . 2. 𝜋. 𝐿 Inalterada
𝑟
𝑙𝑛( 3⁄𝑟2 )
R3
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 𝐿 Aumenta
1
R4 Diminui
ℎ𝑒 . (2. 𝜋. 𝑟3 . 𝐿)

A representação gráfica da variação de cada resistência e do fluxo de calor resultante em função do aumento da espessura isolante
(aumento de r3) é mostrada na Figura 7-9:

Figura 7-9

Observamos que existe um raio crítico (rcr) que propicia um fluxo de calor maior inclusive do que sem nenhum isolamento. Este raio
crítico é comumente utilizado no cálculo de revestimento de condutores elétricos, em que se quer isolamento elétrico e, ao mesmo
tempo, uma dissipação do calor gerado.

112
No caso de isolamento de tubos, de uma maneira geral, é desejável manter o raio crítico o menor possível, de tal forma que a aplicação
do isolante resultará em redução da perda de calor. Isto pode ser conseguido utilizando-se um isolante de melhor qualidade (menor
condutividade térmica), tal que o raio crítico seja pouco maior, igual ou até mesmo menor que o raio da tubulação. A Figura 7-10 (a)
ilustra a situação onde o raio crítico é igual ao raio do tubo e a Figura 7-10 (b) a situação onde o raio crítico é menor que o raio do tubo.

Figura 7-10

Para deduzirmos uma expressão para o raio crítico, consideremos a Equação 7-2. Se a temperatura da superfície externa de um tubo de
metal a ser isolado seja fixada como TS, enquanto que a temperatura no ambiente externo permanece como Te, a Equação 7-2 pode ser
colocada na seguinte forma:
𝑻𝑺 −𝑻𝒆 𝑻𝑺 −𝑻𝒆
Equação 7-3 𝒒̇ = = 𝒓
𝑹𝒊𝒔𝒐 + 𝑹𝑪𝑽
𝑪𝑫
𝒆 𝒍𝒏( 𝟑⁄𝒓 )
𝟐 𝟏
+
𝒌𝒊𝒔𝒐 .𝟐.𝝅.𝑳 𝒉𝒆 .(𝟐.𝝅.𝒓𝟑 .𝑳)

A condição matemática de máximo de uma função é que a derivada primeira da função seja igual a zero. Portanto, para que o fluxo de
calor expresso pela Equação 7-3 seja máximo, a condição é a seguinte:
𝒅𝒒̇
Equação 7-4 =𝟎
𝒅𝒓𝟑
Neste caso, temos que o raio r3 é igual ao raio crítico (rcr). Após derivação e através de alguma manipulação a Equação 7-4 pode ser
colocada na seguinte forma:
𝟏 𝟏
𝟐.𝝅.𝑳.(𝑻𝑺 −𝑻𝒆 ).( − )
𝒌𝒊𝒔𝒐.𝒓𝒄𝒓 𝒉𝒆. 𝒓𝟐
𝒄𝒓
Equação 7-5 𝒓
𝒍𝒏( 𝒄𝒓⁄𝒓𝟐 )
=𝟎
𝟏
[ + ]
𝒌𝒊𝒔𝒐 𝒓𝒄𝒓 .𝒉

Da Equação 7-5 obtemos que:


1 1 1 1 2
− 2
=0 ⟹ = 2
⟹ ℎ𝑒 . 𝑟𝑐𝑟 = 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝑟𝑐𝑟
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝑟𝑐𝑟 ℎ𝑒. 𝑟𝑐𝑟 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝑟𝑐𝑟 ℎ𝑒. 𝑟𝑐𝑟
Então a expressão para o raio crítico fica assim:
𝒌𝒊𝒔𝒐
Equação 7-6 𝒓𝒄𝒓 =
𝒉𝒆
A Equação 7-6 expressa o conceito de raio crítico de isolamento. Se o raio externo do isolante (r3) for menor que o valor obtido pela
Equação 7-6, então a transferência de calor será elevada com a colocação de mais isolante. Para raios externos maiores que o valor
crítico, um aumento da espessura isolante sempre resultará em um decréscimo da transferência de calor.
O conceito central é que para valores de coeficiente de película externo (he) constantes, quanto menor o valor de condutividade térmica
do isolante (kiso), ou seja, quanto melhor o isolante utilizado, menor o raio crítico. Deve também ser ressaltado que, para valores de he e
kiso normalmente encontrados nas aplicações mais comuns, o raio crítico é pequeno. Portanto, somente tubulações de pequeno diâmetro
serão afetadas.

113
Exercício Resolvido

Exercício R.7.2. Um cabo elétrico de alumínio com 15 mm de diâmetro deverá ser isolado com borracha (k = 0,134 kcal/h.m. °C). O cabo
estará ao ar livre (h = 7,32 Kcal/h.m2. °C) a 20 °C. Investigue o efeito da espessura da isolação na dissipação de calor, admitindo que a
temperatura na superfície do cabo é de 65 °C.

c = 15 mm  rc = 7 ,5 mm = 0,0075m
k = 0,134 Kcal h.m.o C
h = 7 ,32 Kcal h.m2 .o C
Ts = 65 oC Tar = 20 oC
L = 1m
Cálculo do raio crítico:
k iso 0,134 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
rcr = = = 0,0183 𝑚 = 18,3 𝑚𝑚
he 7,32 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
A dissipação de calor é dada pela seguinte expressão:
𝑇𝑆 − 𝑇𝑒 𝑇𝑆 − 𝑇𝑒
𝑞̇ = 𝐶𝐷 𝐶𝑉
= 𝑟
𝑅𝑖𝑠𝑜 + 𝑅𝑒 𝑖𝑠𝑜
𝑙𝑛( ⁄𝑟𝑐 ) 1
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2. 𝜋. 𝐿 + ℎ. (2. 𝜋. 𝑟𝑖𝑠𝑜 . 𝐿)
Para um comprimento unitário de cabo (L = 1 m), o fluxo de calor dissipado é função do raio do isolante:
65 − 20
𝑞̇ = 𝑟𝑖𝑠𝑜
𝑙𝑛 ( ⁄0,0075) 1
+
0,134.2. 𝜋. 1 7,32. (2. 𝜋. 𝑟𝑖𝑠𝑜 . 1)
Fornecendo valores para o raio externo do isolante (riso) na equação acima e calculando o fluxo de calor resultante, podemos observar o
efeito da elevação espessura isolante na transferência de calor pelo cabo isolado, conforme ilustra a tabela abaixo.

Raio Isolante (mm) Espessura Isolante (mm) Fluxo de Calor (kcal/h) Comentário
7,5 0,0 15,5 Sem isolação
12,9 5,4 19,3 Raio menor que o crítico
18,3 10,8 20,0 Raio crítico: fluxo máximo
23,7 16,2 19,7 Raio maior que o crítico
29,1 21,6 19,1 Raio maior que o crítico

Observamos que, quando o cabo está isolado com espessura correspondente ao raio crítico (riso = 18,3 mm) o fluxo de calor dissipado é
22% maior do que sem nenhuma isolação (riso = 7,5 mm = rcabo). A figura abaixo mostra a variação do fluxo de calor dissipado com a
espessura isolante

114
Notamos também na figura que, para valores de espessura correspondente a raios maiores que o crítico, o fluxo de calor transferido
tende a se reduzir novamente.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

Exercício P.7.1. Queremos determinar a condutividade térmica de um material à base de borracha. Para isto, construímos uma caixa em
forma de cubo, de dimensões 1 m X 1 m, com placas do referido material com 10 cm de espessura. Dentro da caixa, colocamos uma
resistência elétrica de dissipação 1 KW. Ligada a resistência e aguardado o equilíbrio térmico, mediram-se as temperaturas nas superfícies
interna e externa do material e achamos, respectivamente, 150 °C e 40 °C. Qual é o valor da condutividade térmica do material:
a) em unidades do sistema métrico;
b) em unidades do sistema inglês.
Dado: 1 KW = 3413 Btu/h = 860 Kcal/h
a) 0,13 kcal/h.m. °C b) 0,087 Btu/h.ft. °F

Exercício R.7.2. Uma parede de um tanque de armazenagem de ácido deve ser construída com revestimento de chumbo 1/8" de
espessura (k= 20 Btu/h.ft. °F), uma camada de tijolo isolante de sílica (k=0,5 Btu/h.ft. °F) e um invólucro de aço de 1/4" de espessura (k=
26 Btu/h.ft. °F). Com a superfície interna do revestimento de chumbo a 190 °F e meio ambiente a 80 °F, a temperatura da superfície
externa do aço não deve ser maior que 140 °F de modo a evitar queimaduras nos trabalhadores. Determinar a espessura do tijolo
refratário de sílica se o coeficiente de película do ar é 2 Btu/h.ft2. °F.
0,207 ft = 2,5”

Exercício R.7.3. Qual é a espessura de isolamento de fibra de vidro (k = 0,02 kcal/h.m. °C) necessária para permitir uma garantia de que
a temperatura externa de um forno de cozinha não excederá 43 °C? A temperatura máxima na superfície interna do forno a ser mantida
pelo tipo convencional de controle termostático é 190 °C, a temperatura da cozinha pode variar de 15 °C (inverno) a 32 °C (verão) e o
coeficiente de película entre a superfície do forno e o ambiente pode variar entre 10 kcal/h.m2. °C (cozinha fechada) e 15 kcal/h.m2. °C
(cozinha arejada).
0,027 m = 2,7 cm

Exercício R.7.4. Um cabo elétrico de 10 mm de diâmetro tem resistência elétrica por unidade de comprimento de 0,001 Ω/m (resistência
elétrica por metro de comprimento do cabo). O cabo é revestido por uma camada de material plástico de 1 mm de espessura e
condutividade térmica 0,20 W/m.K. O cabo vai ser utilizado em um ambiente cujo ar está na temperatura de 27 °C, com coeficiente de
película de 22 W/m2.K. Considerando que pelo cabo passa uma corrente de 120 A, determine:
a) a temperatura da interface cabo/plástico;
b) se a camada de revestimento for removida, mantendo as demais condições, calcule a nova temperatura da interface cabo/plástico;
c) calcule o raio crítico do cabo nas condições do problema e explique como isto afeta os resultados dos itens (a) e (b).
a) 46,5 °C b) 47,8 °C c) 9,1 mm Como o raio crítico é maior que o raio do cabo (9,1 mm > 5 mm), a adição do
revestimento causa uma melhora na dissipação de calor e, portanto, a temperatura do cabo com o revestimento (a) é
menor sem o revestimento (b).

115
8. Apêndices

Apêndice A: CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA ALETA

FLUXO DE CALOR EM ALETAS DE SEÇÃO UNIFORME

Consideremos uma aleta de seção uniforme, conforme mostrado na Figura 8-1, afixada em uma superfície base com temperatura TS e
em contato com um fluido com temperatura T e coeficiente de película h. Para um elemento diferencial de volume, localizado em uma
distância x da base e com um comprimento dx, o balanço de energia pode ser expresso como:

Figura 8-1

𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜
[ ]= [ ]+ [ ]
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑥 + 𝑑𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Na forma simbólica esta equação torna-se:


𝐶𝐷
𝑞̇ 𝑥𝐶𝐷 = 𝑞̇ 𝑥+𝑑𝑥 + 𝑞̇ 𝐶𝑉
𝒅𝑻 𝒅𝑻 𝒅 𝒅𝑻
Equação 8-1 −𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 = [−𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 + (−𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 ) 𝒅𝒙] + 𝒉. (𝑷. 𝒅𝒙). (𝑻 − 𝑻∞ )
𝒅𝒙

onde P é o perímetro da aleta, At é a área da seção transversal da aleta e (P.dx) a área entre as seções x e (x+dx) em contato com o fluido.
Se h e k podem ser considerados constantes a Equação 8-1 pode ser simplificada para:
𝑑 𝑑𝑇
ℎ. 𝑃. 𝑑𝑥. (𝑇 − 𝑇∞ ) = (𝑘. 𝐴𝑡 . ) 𝑑𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑2𝑇
ℎ. 𝑃. (𝑇 − 𝑇∞ ) = 𝑘. 𝐴𝑡 .
𝑑𝑥 2
𝒅𝟐 𝑻 𝒉.𝑷
Equação 8-2 𝒅𝒙𝟐
= 𝒎𝟐 . (𝑻 − 𝑻∞ ) 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎 = √𝒌.𝑨 (𝒄𝒐𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒂 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂, [𝒎] = 𝒎−𝟏 )
𝒕
A Equação 8-2 é uma equação diferencial linear ordinária de segunda ordem. A teoria das equações diferenciais afirma que tal equação
tem duas soluções linearmente independentes. As soluções são funções exponenciais, múltiplos delas ou combinação linear de funções
exponenciais como a funções hiperbólicas. A solução geral é, portanto, da forma apresentada na Equação 8-3.
Equação 8-3 (𝑻 − 𝑻∞ ) = 𝑪𝟏 . 𝒆𝒎𝒙 + 𝑪𝟐 . 𝒆−𝒎𝒙
onde C1 e C2 são constantes para serem determinadas através de duas condições de contorno apropriadas. A primeira das condições de
contorno é que a temperatura da base da barra é igual à temperatura da superfície na qual ela está afixada, ou seja:

• Primeira condição de contorno: 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 = 0 (𝑏𝑎𝑠𝑒) → 𝑇 = 𝑇𝑠


0
Levando a condição acima na Equação 8-3 e considerando que e = 1, obtemos:

116
(𝑇S − 𝑇∞ ) = 𝐶1 . 𝑒 𝑚.0 + 𝐶2 . 𝑒 −𝑚.0
Equação 8-4 (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ) = 𝑪𝟏 + 𝑪𝟐
De acordo com a segunda condição de contorno, que depende das condições adotadas, teremos três casos básicos:

• Segunda condição de contorno: Caso A: Aleta muito longa


Neste caso, a temperatura da aleta se aproxima da temperatura do fluido ou T = T quando x → . Substituindo essa condição na
Equação 8-3, obtemos:
Equação 8-5 (𝑻∞ − 𝑻∞ ) = 𝟎 = 𝑪𝟏 . 𝒆𝒎. + 𝑪𝟐 . 𝒆−𝒎
Como o segundo termo da Equação 8-5 é zero (1/), a condição de contorno é satisfeita apenas se C1=0.
Substituindo C1 por 0, na Equação 8-4, na condição da base da aleta, obtemos:
𝐶2 = T𝑆 − T∞
Levando os valores de C1 e C2 na Equação 8-3 a distribuição de temperatura torna-se:
Equação 8-6 (𝑻 − 𝑻∞ ) = (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒆−𝒎𝒙
Como o calor transferido por condução através da base da aleta deve ser transferido por convecção da superfície para o fluido, temos:
𝒅𝑻
Equação 8-7 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = −𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙]
𝒙=𝟎
Diferenciando a Equação 8-6 e substituindo o resultado para x = 0 na Equação 8-7, obtemos:

ℎ. 𝑃 √h. P
𝑞̇ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 = −k. At . (−𝑚. (TS − T∞ ). 𝑒 (−𝑚).0 )]𝑥=0 = −k. At . (− √ . (TS − T∞ ). 𝑒 0 ) = 𝑘. 𝐴𝑡 . 1⁄ . (TS − T∞ )
𝑘. 𝐴𝑡 1
𝑘 ⁄2 . 𝐴𝑡 2

Equação 8-8 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ )


A Equação 8-8 fornece uma aproximação razoável do calor transferido, na unidade de tempo, em uma aleta finita, se seu comprimento
for muito grande em comparação com a área de sua seção transversal.

• Segunda condição de contorno: Caso B: Aleta de comprimento finito, com perda de calor pela extremidade desprezível
Neste caso, a segunda condição de contorno requererá que o gradiente de temperatura em x=L seja zero, ou seja, dT dx = 0 em x=L.
A condição na base da aleta permanece a mesma. Com a aplicação dessas duas condições de contorno sobre a equação geral produz,
após algumas manipulações, a seguinte relação para a distribuição de temperatura:
(𝑇 − 𝑇∞ ) cosh 𝑚. (𝑙 − 𝑥 )
=
( 𝑇S − 𝑇∞ ) cosh 𝑚. 𝑙
A transferência de calor pode ser obtida através da Equação 8-7, substituindo o gradiente de temperatura na base:

𝒅𝑻 𝒉. 𝑷
𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = −𝒌. 𝑨𝒕 . ] = 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒎 . 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍) = 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). √ . 𝒎 . 𝒕𝒂𝒈𝒉 (𝒎. 𝒍)
𝒅𝒙 𝒙=𝟎 𝒌. 𝑨𝒕

O calor transferido, na unidade de tempo, é então:

Equação 8-9 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)

• Segunda condição de contorno: Caso C: Aleta de comprimento finito, com perda de calor por convecção pela extremidade
Neste caso, a álgebra envolvida é algo mais complicada, entretanto o princípio é o mesmo e o fluxo de calor transferido é:
𝒔𝒆𝒏𝒉(𝒎.𝒍)+(𝒉⁄𝒎.𝒌).𝒄𝒐𝒔𝒉 (𝒎.𝒍)
Equação 8-10 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ).
𝒄𝒐𝒔𝒉(𝒎.𝒍)+(𝒉⁄𝒎.𝒌).𝒔𝒆𝒏𝒉 (𝒎.𝒍)

117
EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

Consideremos uma superfície base sobre a qual estão fixadas aletas de seção transversal uniforme, como mostra a Figura 8-2,
transferindo calor por convecção para um fluido ambiente na temperatura T e com coeficiente de película h. As aletas têm espessura e,
altura l e largura b. A superfície base está na temperatura TS maior que a temperatura ambiente T.

Figura 8-2
A Eficiência da Aleta () é definida como:
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎
𝜂=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑑𝑎 𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑛𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒
Numericamente, temos para a Eficiência da Aleta ():
𝒒̇ 𝑨
Equação 8-11 𝜼= 𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻𝑺 − 𝑻∞ )

Caso a Eficiência da Aleta () seja conhecida, a Equação 8-12 permite o cálculo do fluxo de calor transferido pela aleta:
Equação 8-12 𝒒̇ 𝑨 = 𝒉 . 𝑨𝑨 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝜼
Considerando a troca de calor pela extremidade é desprezível, a Equação 8-9, obtida anteriormente, também permite o cálculo do fluxo
de calor transferido pela aleta:
𝑞̇ 𝐴 = √ℎ. 𝑃. 𝑘. 𝐴𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ). 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 )
É óbvio que desprezar a transferência de calor pela extremidade da aleta é uma simplificação para as aletas de uso industrial. Entretanto,
como as aletas tem espessura pequena, a área de troca de calor na extremidade é pequena; além disto, a diferença de temperatura entre
a aleta e o fluido é menor na extremidade. Portanto, na maioria dos casos, devido à pequena área de troca de calor e ao menor potencial
térmico, a transferência de calor pela extremidade da aleta pode ser desprezada.
Assim, igualando as duas equações para o fluxo de calor (Equação 8-9 e Equação 8-12), obtemos:

Equação 8-13 𝒉 . 𝑨𝑨 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝜼 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)


Eliminando, na Equação 8-13, o mesmo potencial de temperatura dos dois lados e isolando a eficiência da aleta, obtemos:
√𝒉.𝑷.𝒌.𝑨𝒕
Equação 8-14 𝜼= . 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)
𝒉 .𝑨𝑨

Tomando a área de troca de calor da aleta aproximadamente igual ao perímetro vezes a altura da aleta (AA = 𝑃. 𝑙) e substituindo na
Equação 8-14 obtemos:
1⁄ 1
ℎ 2 . 𝑃 ⁄2 . √𝑘. 𝐴𝑡 √𝑘. 𝐴𝑡 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 )
𝜂= . 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) = . 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) = =
ℎ . (𝑃. 𝑙 ) √ℎ, 𝑃 . 𝑙 √ℎ, 𝑃 ℎ. 𝑃

√𝑘. 𝐴𝑡
.𝑙 𝑘. 𝐴𝑡 . 𝑙

Assim, a expressão final da eficiência da aleta é:

𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎.𝒍) 𝒉.𝑷
Equação 8-15 𝜼= 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎= √
𝒎.𝒍 𝒌.𝑨 𝒕

118
Apêndice B: CÁLCULO DA MÉDIA LOGARITMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURA

Considere o trocador de correntes paralelas ilustrado na figura abaixo. Como hipótese de trabalho, vamos considerar fluido quente no
tubo central e fluido frio no espaço anular entre tubo central e carcaça. O fluido quente entra à temperatura te e sai à temperatura ts.
Por outro lado, o fluido frio entra à temperatura Te e sai a Ts. O comprimento do trocador é L e a área de troca é A. No nosso estudo,
iremos considerar uma área elementar dA, de troca de calor, e depois integrar os resultados por toda a área.

Considerando a figura abaixo, um balanço diferencial de energia para cada fluido pode ser expresso como:

Do fluido quente:
Equação 8-16 𝒅𝒒̇ 𝒒 = −𝒎̇ . 𝒄𝒑 𝒒 . 𝒅𝒕
Do fluido frio:

Equação 8-17 𝒅𝒒̇ 𝒒 = 𝑴̇ . 𝑪𝒑 𝒒 . 𝒅𝑻


Usamos o sinal negativo na Equação 8-16 porque sabemos de antemão que se uma corrente se esfria, a outra se esquenta. Isto é,
necessariamente os sinais de dt e dT devem ser opostos. Podemos então escrever as duas equações da forma:
𝟏
Equação 8-18 𝒅𝒕 = − 𝒎̇ .𝒄 . 𝒅𝒒̇ 𝒒
𝒑𝒒

𝟏
Equação 8-19 𝒅𝑻 = − 𝑴̇ .𝑪 . 𝒅𝒒̇ 𝒇
𝒑𝒇

Como (𝑑𝑞̇ 𝑞 ) e (𝑑𝑞̇ 𝑓 ) são iguais, podemos fazer a diferença e escrever que:
𝟏 𝟏
Equação 8-20 𝒅(𝒕 − 𝑻) = − [𝒎̇ .𝒄 + 𝑴̇ .𝑪 ] . 𝒅𝒒̇
𝒑𝒒 𝒑𝒇

Entretanto, devemos lembrar que, por definição, o calor trocado pode ser escrito como:

Equação 8-21 𝒅𝒒̇ = 𝑼. 𝒅𝑨. (𝒕 − 𝑻)


Onde U é o coeficiente global de troca de calor e dA é um elemento diferencial da área de troca de calor. Então, substituindo Equação
8-21 a na Equação 8-20 obtemos:
𝟏
Equação 8-22 𝒅(𝒕 − 𝑻) = − [
𝒎̇ .𝒄𝒑 𝒒
+ 𝑴̇ .𝑪𝟏 ] . 𝑼. 𝒅𝑨. (𝒕 − 𝑻)
𝒑𝒇

Considerando as hipóteses feitas anteriormente, podemos separar as variáveis e integrar a Equação 8-22, desde A = 0 até A = A,
obedecendo às seguintes especificações:
Área Fluido Quente Fluido Frio Diferença
Entrada A=0 te Te te - Te
Saída A=A ts Ts ts - Ts
Que resulta em:

119
𝒕𝒔 −𝑻𝒔 𝟏 𝟏
Equação 8-23 𝒍𝒏 [
𝒕𝒆 −𝑻𝒆
] = − [𝒎̇ .𝒄 + 𝑴̇ .𝑪 ] . 𝑼. 𝑨
𝒑𝒒 𝒑𝒇

Da Equação 6-2 que:

𝑞̇ = 𝑚̇. 𝑐𝑝 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) = 𝑀̇ . 𝐶𝑝 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )


Manipulando a Equação 6-2, obtemos:

𝟏 [(𝒕𝒆 −𝒕𝒔 )+ (𝑻𝒔 −𝑻𝒆 )]


Equação 8-24 [𝒎̇ .𝒄 + 𝑴̇ .𝑪𝟏 ] = 𝒒̇
𝒑𝒒 𝒑𝒇

Substituindo a Equação 8-24 na Equação 8-23, obtemos:


𝒕 −𝑻 [(𝒕𝒆 −𝒕𝒔 )+ (𝑻𝒔 −𝑻𝒆 )] .𝑼.𝑨
Equação 8-25 𝒍𝒏 [𝒕 𝒔−𝑻𝒔 ] = −
𝒆 𝒆 𝒒̇

Da Equação 8-25, após alguma manipulação obtemos:

[(𝒕𝒆 −𝒕𝒔 )+ (𝑻𝒔 −𝑻𝒆 )] 𝒕𝒆 −𝒕𝒔 +𝑻𝒔 −𝑻𝒆 [(𝒕𝒆 −𝑻𝒆 )− (𝒕𝒔 −𝑻𝒔 )]
Equação 8-26 𝒒̇ = 𝑼 . 𝑨. [ 𝒕 −𝑻 ] = 𝑼 . 𝑨. [ −𝟏 ] = 𝑼 . 𝑨. [ 𝒕 −𝑻 ]
− 𝒍𝒏[ 𝒔 𝒔 ] 𝒕 −𝑻
𝒍𝒏[ 𝒔 𝒔 ] 𝒍𝒏[ 𝒆 𝒆 ]
𝒕𝒆−𝑻𝒆 𝒕𝒆−𝑻𝒆 𝒕𝒔 −𝑻𝒔

O termo entre chaves na Equação 8-26 é conhecido como a Média Logarítmica das Diferenças de temperaturas (MLDT) ou LMTD (do
inglês “Logarithmic Mean Temperature Difference”). Operando neste termo, podemos escrevê-lo de forma mais usual:
∆𝑻𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 −∆𝑻𝒔𝒂í𝒅𝒂
Equação 8-27 𝑴𝑳𝑫𝑻 = ∆𝑻𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 , onde:
𝒍𝒏( )
∆𝑻𝒔𝒂í𝒅𝒂

∆𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑡𝑒 − 𝑇𝑒
∆𝑇𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑡𝑠 − 𝑇𝑠
Para um trocador de calor de correntes paralelas, a entrada é óbvia. Entretanto, para trocadores de correntes opostas ou cruzadas, a
situação é um pouco mais complexa. Por isto, é comum alterarmos a definição acima para uma outra:
∆𝑻𝒎𝒂𝒙 − ∆𝑻𝒎𝒊𝒏
Equação 8-28 𝑴𝑳𝑫𝑻 = ∆𝑻 , onde:
𝒍𝒏 ∆𝑻𝒎𝒂𝒙
𝒎𝒊𝒏
∆𝑇𝑚𝑎𝑥 = 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟
∆𝑇𝑚𝑖𝑛 = 𝑚𝑖𝑛í𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

Apêndice C: MÉTODO DA EFETIVIDADE - NTU

Como visto, é uma questão simples o uso do método MLDT para analisar um trocador de calor quando as temperaturas de entrada dos
fluidos são conhecidas e as temperaturas de saída ou são especificadas ou se determinam com facilidade pelas expressões do balanço
de energia.
Com o valor da MLDT, do fluxo de troca de calor e do coeficiente global de troca de calor (UD), é possível a determinação da superfície
de troca necessária que é, comumente, o objetivo a ser alcançado.
Mas quando se conhecem somente as temperaturas de entrada este método exige um processo iterativo. Neste caso é preferível usar
outra abordagem, o método denominado “Efetividade-NUT”.
Para definir a efetividade de um trocador de calor, devemos determinar inicialmente a taxa máxima possível de transferência de calor
no trocador. A efetividade é definida como a razão entre a taxa real de transferência de calor no trocador de calor e a taxa máxima
possível de transferência de calor.
Para definirmos a efetividade de um trocador de calor, devemos primeiro procurar definir a máxima taxa de troca de calor para o trocador
em estudo (𝑞̇ 𝑚𝑎𝑥 ). Naturalmente, o calor trocado é igual, pela primeira lei da Termodinâmica, à variação de entalpia de qualquer um dos
fluidos de trabalho (com a devida consideração de sinal), conforme a Equação 6-2.
𝑞̇ = 𝑚̇. 𝑐𝑝 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) = 𝑀̇. 𝐶𝑝 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )

120
O produto da vazão mássica (𝒎̇) pelo calor específico (𝒄𝒑 ) é denominado de Taxa de Capacidade Térmica do fluido quente e do fluido
frio (CFQ e CFF). Então:
Equação 8-29 𝒒̇ = 𝑪𝑭𝑸 . (𝒕𝒆 − 𝒕𝒔 ) = 𝑪𝑭𝑭 . (𝑻𝒔 − 𝑻𝒆 )
Para determinar a taxa de transferência de calor máxima possível em um trocador de calor devemos, em primeiro lugar, reconhecer que
a diferença máxima de temperatura num trocador de calor é a diferença entre as temperaturas de entrada dos fluidos quente e frio, ou
seja:
Equação 8-30 (∆𝑻)𝒎𝒂𝒙 = 𝒕𝒆 − 𝑻𝒆
A transferência de calor num trocador de calor atinge o seu valor máximo quando (1) o fluido frio é aquecido até a temperatura de
entrada do fluido quente ou (2) o fluido quente é resfriado até a temperatura de entrada do fluido frio. Estas duas condições limites não
são alcançadas ao mesmo tempo, a menos que as taxas de capacidades térmicas dos dois fluidos sejam idênticas (ou seja, CFQ = CFF).
Quando CFQ  CFF, que é geralmente o caso, o fluido com a taxa de capacidade térmica menor irá ser submetido a uma mudança de
temperatura maior, e, portanto, será o primeiro a atingir a temperatura máxima, altura em que a transferência de calor vai chegar ao
final. Portanto, a máxima taxa de transferência de calor possível em um trocador de calor é:
Equação 8-31 𝒒̇ 𝒎𝒂𝒙 = 𝑪𝑴𝒊𝒏 . (∆𝑻)𝒎𝒂𝒙 = 𝑪𝑴𝒊𝒏 . (𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝒐𝒏𝒅𝒆, 𝑪𝑴𝒊𝒏 = 𝒎𝒆𝒏𝒐𝒓 𝒅𝒆 𝑪𝑭𝑸 𝒐𝒖 𝑪𝑭𝑭
A determinação do fluxo máximo (𝑞̇ 𝑚𝑎𝑥 ) requer a disponibilidade da temperatura de entrada dos fluidos quente e frio e as suas
respectivas vazões mássicas, que são normalmente especificados. Podemos definir então a Efetividade (𝜖) como sendo a razão entre a
troca de calor efetivamente conseguida pela máxima troca de calor possível, em igualdades de condições, ou seja:
𝒒̇
Equação 8-32 𝝐 = 𝒒̇ 𝒎𝒂𝒙
A partir da Equação 8-32, o calor efetivamente trocado pode ser expresso como:
Equação 8-33 𝒒̇ = 𝝐 . 𝒒̇ 𝒎𝒂𝒙 = 𝝐 . 𝑪𝑴𝒊𝒏 . (𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 )
Portanto, a Efetividade de um trocador de calor permite a determinação da taxa de transferência de calor sem conhecer as temperaturas
de saída dos fluidos. A efetividade de um permutador de calor depende da geometria do calor permutador assim como o arranjo de
fluxo. Portanto, diferentes tipos de calor trocadores têm diferentes efetividades.
Para um trocador de calor operando em correntes paralelas, no caso de o fluido quente ter a menor taxa de capacidade térmica a
efetividade (𝜖𝑚𝐹𝑄 ) de é dada por:
𝒒̇ 𝒒̇ 𝒎̇.𝒄𝒑.(𝒕𝒆 −𝒕𝒔 ) 𝒎̇.𝒄𝒑 .(𝒕𝒆 −𝒕𝒔 ) 𝒕𝒆 −𝒕𝒔
Equação 8-34 𝝐𝒎𝑭𝑸 = =𝑪 = = =
𝒒̇ 𝒎𝒂𝒙 𝑴𝒊𝒏 𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 )
. ( 𝑪𝑭𝑸 .(𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝒎̇.𝒄𝒑 .(𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝒕𝒆 − 𝑻𝒆

Para o caso em que o fluido frio ter a menor taxa de capacidade térmica a efetividade (𝜖𝑚𝐹𝐹 ) de é dada por:
𝒒̇ 𝒒̇ 𝑴̇.𝑪𝒑 .(𝑻𝒔 −𝑻𝒆 ) 𝑴̇.𝑪𝒑 .(𝑻𝒔 −𝑻𝒆 ) 𝑻𝒔 −𝑻𝒆
Equação 8-35 𝝐𝒎𝑭𝑭 = =𝑪 = = =
𝒒̇ 𝒎𝒂𝒙 𝑴𝒊𝒏 .(𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝑪𝑭𝑭 .(𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝑴̇.𝑪𝒑 .(𝒕𝒆 − 𝑻𝒆 ) 𝒕𝒆 − 𝑻𝒆

Para o trocador de calor operando em correntes opostas, nas mesmas condições, a expressão é a mesma, como pode ser deduzido
facilmente.
Como foi visto na dedução da MLDT, a relação abaixo é válida (Equação 8-25) para um trocador de correntes paralelas:
𝑡𝑠 − 𝑇𝑠 1 1
ln [ ]= [ + ] .𝑈 .𝐴
𝑡𝑒 − 𝑇𝑒 𝐶𝑚𝑖𝑛 𝐶𝑚𝑎𝑥
Se definirmos relação de capacidade Z como sendo a razão entre a mínima e a máxima capacitância, ou seja:
𝑪𝒎𝒊𝒏
Equação 8-36 𝒁= 𝑪𝒎𝒂𝒙
Levando a Equação 8-36 na Equação 8-25 obtemos:
𝒕 −𝑻 𝑼.𝑨
Equação 8-37 𝒍𝒏 [𝒕 𝒔−𝑻𝒔 ] = [𝑪 ] . (𝟏 + 𝒁)
𝒆 𝒆 𝒎𝒊𝒏

Com as hipóteses de regime permanente e calores específicos independentes da temperatura, podemos considerar o termo U.A/Cmin na
Equação 8-37 como constante. Então definirmos:
𝑼.𝑨
Equação 8-38 𝑵𝑻𝑼 = 𝑪𝒎𝒊𝒏

121
Onde NTU é o número de unidades de transferências (do inglês “Number of Transfer Units”). Deve ser observado que NTU é uma
grandeza adimensional. Levando a Equação 8-38 na Equação 8-37 obtemos:
𝒕 −𝑻 𝒕𝒔 −𝑻𝒔
Equação 8-39 𝒍𝒏 [𝒕 𝒔−𝑻𝒔 ] = 𝑵𝑻𝑼 . (𝟏 + 𝒁) ⟹ [ ] = 𝒆[𝑵𝑻𝑼.(𝟏+𝒁)]
𝒆 𝒆 𝒕𝒆 −𝑻𝒆

Do balanço de energia (Equação 8-29), temos:


𝐶𝐹𝑄 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) = 𝐶𝐹𝐹 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )

Se tivermos que Z = CFQ / CFF, a condição que o fluido frio é o mínimo, então temos que:
Equação 8-40 (𝒕𝒆 − 𝒕𝒔 ) = 𝒁. (𝑻𝒔 − 𝑻𝒆 )
Que pode ser escrita, após alguma manipulação algébrica, como:
𝒕𝒔 −𝑻𝒔 𝑻𝒔 −𝑻𝒆
Equação 8-41 [ ] = 𝟏 − (𝟏 + 𝒁). [ ]
𝒕𝒆 −𝑻𝒆 𝒕𝒆 −𝑻𝒆

Ou
𝒕𝒔 −𝑻𝒔
Equação 8-42 [ ] = 𝟏 − (𝟏 + 𝒁). 𝝐𝒎𝑭𝑭
𝒕𝒆 −𝑻𝒆
Combinando a Equação 8-39 e a Equação, chegamos à:

𝟏−𝒆[−𝑵𝑻𝑼 . (𝟏+𝒁)]
Equação 8-43 𝝐𝒎𝑭𝑭 = 𝟏+𝒁
Embora tenhamos considerado que Z = CFQ / CFF, na presente análise, rigorosamente o mesmo resultado será encontrado se tivermos Z
= CFF / CFQ. Com isto, podemos escrever que:

𝟏−𝒆[−𝑵𝑻𝑼 . (𝟏+𝒁)]
Equação 8-44 𝝐𝒎𝑭𝑭 = 𝝐𝒎𝑭𝑸 = 𝝐𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒂𝒍𝒆𝒍𝒂𝒔 = 𝟏+𝒁
Para um trocador de correntes opostas, uma análise pode ser feita, embora de forma muito mais elaborada. Os resultados podem ser
resumidos da forma:
𝟏−𝒆[−𝑵𝑻𝑼 . (𝟏+𝒁)]
Equação 8-45 𝝐𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒐𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂𝒔 = 𝟏+𝒁
As determinações das efetividades podem também ser feitas também através de gráficos, em função do NTU e do Z (Cmin/Cmax), conforme
exemplo figura abaixo:

Em algumas situações, precisamos determinar o número de unidades de transferência a partir de informações sobre a efetividade, ou
seja, o inverso do que fizemos até agora. Nesta situação, as equações a serem usadas são:
𝒍𝒏[𝝐 . (𝟏+𝒁)−𝟏]
Equação 8-46 𝑵𝑻𝑼𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒂𝒍𝒆𝒍𝒂𝒔 = 𝟏+𝒁

𝟏 𝝐 . 𝒁−𝟏
Equação 8-47 𝑵𝑻𝑼𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒐𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂𝒔 = ( ) . 𝒍𝒏 [ ]
𝟏−𝒁 𝝐−𝟏

122
Para trocadores tipo casco e tubos (com um passe no casco e 2, 4, 6 ou mais passes nos tubos) a Efetividade é calculada como mostrado
na Equação 8-48 e a relação NTU é calculada como mostrado na

[−𝑵𝑻𝑼 .√𝟏+𝒁𝟐 ]
𝟏+𝒆
Equação 8-48 𝝐 = 𝟐. [𝟏 + 𝒁 + √𝟏 + 𝒁𝟐 . ]
[−𝑵𝑻𝑼 .√𝟏+𝒁𝟐 ]
𝟏−𝒆
𝟐
𝟏 −𝟏−𝒁− √𝟏+𝒁𝟐
𝝐
Equação 8-49 𝑵𝑻𝑼 = − . 𝒍𝒏 (𝟐 )
√𝟏+𝒁𝟐 −𝟏−𝒁+ √𝟏+𝒁𝟐
𝝐

Exemplo de utilização do método Efetividade-NTU


Repetir o Exercício R.6.2, que foi resolvido com o método MLTD, usando o método da Efetividade-NTU.
Fluido Quente: Óleo
𝑘𝐽
𝑡𝑒 = 105 °𝐶 𝑡𝑠 = 70 °𝐶 𝑐𝑝 ó𝑙𝑒𝑜 = 2,245 𝑘𝑔.𝐾

Fluido Frio: Água


𝑇𝑒 = 40 °𝐶 𝑇𝑠 = 80 °𝐶
𝑘𝑔 𝑘𝐽
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = 0,15 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 = 4,181 𝑈𝐷 = 250 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾
𝑠 𝑘𝑔.𝐾

𝑘𝑔 𝑘𝐽 𝑘𝐽
𝐶𝐹𝑄 = 𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 . 𝑐𝑝 ó𝑙𝑒𝑜 = 0,32 × 2,245 = 0,718
𝑠 𝑘𝑔. 𝐾 𝑠. 𝐾
𝑘𝑔 𝑘𝐽 𝑘𝐽
𝐶𝐹𝐹 = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 = 0,15 × 4,181 = 0,627
𝑠 𝑘𝑔. 𝐾 𝑠. 𝐾
Portanto,
𝑘𝐽 𝑘𝑊
𝐶𝑚𝑖𝑛 = 𝐶𝐹𝐹 = 0,627 = 0,627
𝑠. 𝐾 𝐾
E
𝐶𝑚𝑖𝑛 0,627 𝐾𝐽/𝑠. 𝐾
𝑍= = = 0,873
𝐶𝑚𝑎𝑥 0,718 𝐾𝐽/𝑠. 𝐾
Portanto, a máxima taxa de transferência de calor possível em um trocador de calor é:
𝑘𝐽 𝐾𝑗
𝑞̇ 𝑚𝑎𝑥 = = 𝐶𝑀𝑖𝑛 . (𝑡𝑒 − 𝑇𝑒 ) = 0,627 × (105 − 40)𝐾 = 40,755 = 40,755 𝐾𝑊
𝑠. 𝐾 𝑠
A taxa de transferência de calor efetivamente conseguida é:
𝑘𝑔 𝑘𝐽 𝐾𝐽
𝑞̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐𝑝 á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) = 0,15 × 4,181 × (80 − 40)𝐾 = 25,086 = 25,086 𝑘𝑊
𝑠 𝑘𝑔.𝐾 𝑠

A Efetividade (𝜖) é razão entre a troca de calor efetivamente conseguida pela máxima troca de calor possível, ou seja:
𝑞̇ 25,086 𝑘𝑊
𝜖 = = = 0,6155
𝑞̇ 𝑚𝑎𝑥 40,755 𝐾𝑊
Sabendo a efetividade, a NTU desta do trocador de calor em correntes opostas pode ser determinada a partir da Equação 8-47:
1 𝜖. 𝑍−1 1 0,6155 . 0,873 − 1
𝑁𝑇𝑈 = ( ) . ln [ ] = ( ) . ln [ ] = 1,4572
1−𝑍 𝜖−1 1 − 0,873 0,6155 − 1
A partir da definição do NTU, podemos calcular a área de troca de calor:
𝑘𝑊 𝑊
𝑈. 𝐴 𝑁𝑇𝑈 . 𝐶𝑚𝑖𝑛 1,4572 × 0,627 𝐾 × 1000 𝑘𝑊
𝑁𝑇𝑈 = ⟹ 𝐴= = = 3,66 𝑚2
𝐶𝑚𝑖𝑛 𝑈 𝑈𝐷 = 250 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾

Note que foi obtido o mesmo resultado que no método MLDT, utilizando a método Efetividade-NTU

123

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