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O que é física quântica?

Física quântica é o ramo da Física que estuda o comportamento de


diversos fenômenos que ocorrem em escalas moleculares, atômicas e
nucleares.

A Física quântica, também conhecida como mecânica quântica, é uma


grande área de estudo que se dedica em analisar e descrever o
comportamento dos sistemas físicos de dimensões reduzidas, próximos
dos tamanhos de moléculas, átomos e partículas subatômicas.
Por meio da Física quântica, foi possível compreender os mecanismos
dos decaimentos radioativos, das emissão e absorção de luz pelos
átomos, da produção de raios x, do efeito fotoelétrico, das propriedades
elétricas dos semicondutores etc."
Física quântica para leigos
Quando entramos na escala dos átomos e moléculas, as leis da Física
macroscópica, que são perfeitamente capazes de descrever os estados de
movimento dos corpos que cotidianamente vemos ao nosso redor, tornam-
se obsoletas e incapazes de determinar quaisquer grandezas físicas
relacionadas a partículas tão diminutas.
O que acontece no mundo quântico é que as leis da Física não são
mais determinísticas, isto é, não são capazes de predizer exatamente
onde algum objeto encontra-se, ou em qual velocidade: nada aqui é
determinístico, as medidas obtidas de sistemas quânticos são expressas
em probabilidades.
Atualmente, temos sistemas de medida capazes de fornecer-nos a
posição de um objeto com precisões extremamente acertadas. Entretanto,
mesmo com a mais avançada das tecnologias, não seríamos capazes de
determinar a posição exata de um átomo, por exemplo. Essa
impossibilidade não está relacionada à resolução de um aparelho ou à
habilidade de um instrumentador, mas sim à própria natureza da Física
quântica.
Essa tal natureza da Física quântica vem mostrando-se ao longo do
tempo como uma verdadeira incógnita, por muito tempo incompreendida,
que acabou levando muitos físicos a questioná-la, dar-lhe diferentes
interpretações ou até mesmo negá-la por completo. Não obstante, também
contribuiu para que diversos mitos e crenças fossem criados em torno do
conceito da Física quântica.
Apesar de parecer “estranha”, a mecânica quântica é uma das teorias
da Física de maior sucesso, a precisão dos resultados alcançados por
essa teoria chega a ser assustadora. Atualmente a interpretação da
mecânica quântica mais popular e aceita é chamada de interpretação de
Copenhague, desenvolvida por alguns dos maiores nomes da ciência,
como Niels Bohr, Max Born, Wolfgang Pauli, Werner Heisenberg e outros."
De acordo com essa interpretação, todos os sistemas quânticos têm
uma função de onda que os descreve completamente. Essa função de
onda é uma expressão matemática complexa e virtual (sem realidade
própria), da qual é possível extrair toda a informação desse sistema.
Os resultados obtidos com base nas funções de onda, por sua vez,
tratam-se de probabilidades de que algo seja observado ou de que
encontremos um átomo em algum nível de energia específico. Ainda,
podem ser probabilidades de que um átomo realize uma emissão
radioativa, ou de que um nêutron sofra um decaimento, transformando-se
em um nêutron e um elétron. As possibilidades são enormes.
O desafio dos físicos é o de encontrar a função de onda para o
sistema, e isso não é nada fácil — é necessário resolver uma ou mais
equações de Schröedinger, essa equação relaciona as energias cinética e
potencial dos sistemas quânticos."
Aplicações da Física quântica
Por meio da Física quântica, é possível compreender
• as emissões de luz pelos átomos;
• os fenômenos de decaimento radioativo;
• o funcionamento do Laser, o efeito fotoelétrico;
• a atração entre nêutrons e prótons no núcleo atômico;
• o modelo padrão da Física de partículas;
• a dualidade onda partícula;
• todas as leis da Física clássica que conhecemos (uma vez que, por serem
mais gerais, as leis da mecânica quântica são capazes de derivar das leis
que regem o nosso mundo clássico)."
Origem
O surgimento da Física quântica moderna deu-se em 1920, quando o
físico alemão Max Planck logrou explicar o mecanismo da emissão de
corpo negro e a sua relação com um bizarro erro nos cálculos da época,
chamado catástrofe ultravioleta.
Acontece que os corpos negros, objetos capazes de absorver toda a
radiação que é direcionada a eles, reemitindo-a em forma de radiação
térmica, não a emitiam da forma como era esperado pela teoria
eletromagnética vigente. Para resolver a situação, Max Planck sugeriu que
a energia do campo eletromagnético fosse quantizada, isto é, subdividida
em pequenos pacotes de energia, que, pouco mais tarde, viriam a ser
chamados de fótons — os quanta de energia.
A interpretação dada por Planck à radiação de corpo negro não foi bem
aceita (nem mesmo por ele), entretanto, alguns anos depois, Albert
Einstein fez uso do mesmo argumento e obteve sucesso ao explicar o
efeito fotoelétrico.
Em 1905, Einstein publicou uma série de artigos que marcou a data
como o “ano miraculoso da Física”, mas a sua consagração veio pelo seu
prêmio Nobel de Física, por explicar o mecanismo por trás da
fotoeletricidade. Einstein havia concluído que a luz tanto se comporta
como partícula, quanto como onda. Esse comportamento ficou conhecido
como a natureza dual da luz.
Em 1924 foi a vez de Louis de Broglie contribuir com a mecânica
quântica. De Broglie publicou, em sua tese de doutorado, que as partículas
quânticas também apresentam um comprimento de onda, assim como a
luz e, portanto, deveriam apresentar comportamento ondulatório em
determinadas condições.
O físico francês previu que os elétrons deveriam apresentar um padrão
de interferência ao serem submetidos ao experimento de dupla fenda,
assim como as ondas apresentam. Em 1927, sua hipótese foi confirmada
pelo experimento de Davisson-Germer: estava estabelecida a dualidade
entre onda e matéria.
O motivo por trás do comportamento dual da matéria permaneceu
desconhecido até que, em 1927, Werner Heisenberg enunciou um
princípio físico derivado das propriedades matemáticas da teoria quântica.
De acordo com esse princípio, conhecido como o princípio da incerteza, há
pares de variáveis que não podiam ser medidos simultaneamente com
total precisão. A essas variáveis dá-se o nome de variáveis conjugadas.
Posição e velocidade, por exemplo, são grandezas físicas que não
podem ser determinadas com total precisão no mundo quântico: se
soubermos com grande precisão a velocidade em que um átomo encontra-
se, perdemos completamente a precisão em sua posição, de maneira
similar, se conseguíssemos medir a velocidade de um átomo, não
poderíamos dizer qual é a sua posição naquele mesmo instante.
Para compreender o princípio da incerteza, basta pensar em como
enxergamos as coisas: a luz que emana dos objetos deve chegar aos
nossos olhos, para que essa informação seja traduzida por nosso cérebro.
Em outras palavras, para vermos, precisamos trocar fótons com os
arredores. No caso de átomos e partículas, isso é mais sério do que
parece: imagine que você queira saber onde está um átomo, para fazê-lo
você precisaria emitir um fóton em sua direção, mas, ao fazer isso, o
átomo ganharia velocidade por causa da colisão, de modo que você não
saberia dizer mais onde ele está.
Logo, o princípio da incerteza permite entendermos um pouco melhor a
dualidade onda matéria: no mundo quântico, as grandezas físicas
comportam-se de forma não determinística, como se fossem ondas, cujas
amplitudes são, na verdade, probabilidades."
Física quântica, espiritualidade e pseudociência
Hoje em dia, tornou-se comum lermos anúncios de cursos, curas
milagrosas, produtos revolucionários, terapias infalíveis, orações para
atrair dinheiro, e até métodos de cura em que se empregam termos
relativos à Física quântica.
No entanto, é necessário salientar que em nenhum desses casos há
relação direta com os conhecimentos que resultaram da pesquisa em
Física quântica. Tratam-se, na verdade, de uma apropriação indevida, que
só se tornou possível graças à ignorância de uma grande parte da
população, quando se trata da Física moderna e contemporânea.
A compreensão da Física quântica envolve o domínio de um grande
formalismo matemático e muito conhecimento de Física, Álgebra,
Geometria, Eletrodinâmica e etc. Por isso, são necessários muitos anos de
estudo para compreendê-la de maneira minimamente aceitável para os
padrões acadêmicos.
É verdade também que muitas pessoas acreditam que suas práticas
são pautadas nos fenômenos quânticos, e não é incomum encontrarmos
depoimentos de pessoas que se sentiram melhores ao recorrerem a essas
ações. Entretanto, podemos citar razões que desmentem a eficácia das
chamadas práticas quânticas:
Os fenômenos quânticos só se tornam relevantes e observáveis em
escalas atômicas. A partir de um certo tamanho, tudo passa a comportar-
se de acordo com a Física clássica, a Física da escala macroscópica.
Os benefícios sentidos pelas pessoas que adquirem produtos ou
passam a realizar algum tipo de atividade relacionada ao “quântico” podem
ser vistos em alguns experimentos, nos quais se observa melhoras nos
pacientes tratados com placebo. Esses efeitos acontecem porque os
pacientes acreditam estar melhores, e condicionam-se a isso.
Em razão da grande falta de conhecimento acerca do real significado
atrelado à palavra quântico, é natural que essa se envolva de misticismo,
fazendo com que a vejamos ser frequentemente usada nos contextos mais
improváveis: palestras motivacionais, cursos de coaching quântico,
orações quânticas, cosméticos quânticos, curas quânticas etc.
Apesar de muito distintos, todos esses anúncios têm algo em comum:
são pseudocientíficos e, em sua maioria, visam lucro. Portanto, em alguns
casos, podem ser chamados de charlatanismo, cujo objetivo é o de
agregar valor e confiabilidade a produtos, serviços ou costumes ordinários
em sua essência.
Quando você perceber o emprego de conceitos muito abstratos em
contextos pouco prováveis, desconfie e procure buscar informações em
fontes confiáveis, como em sites educacionais consagrados, páginas
vinculadas a instituições de educação ou em artigos científicos. A
informação é a única forma de prevenir-se de golpes, charlatanismo e
outros tipos de crendices que usam, de maneira indevida, o nome de áreas
do conhecimento que são consagradas, mas conhecidas por poucos.

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