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Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Lapa


Curso de Teologia para Agentes de Pastoral - CTAP
Unidade – Paróquia: Santa Maria Goretti
Modulo: Profetismo SEMESTRE - 1º data: 09/02 a 23/03 de 2011
Professora: Cleide Giusti –(11) 3904-7111/ cleidegiusti@yahoo.com.br

PROFETISMO

Introdução

Vamos nestes nossos encontros ver a Profecia dentro de seu contexto histórico e ao mesmo
tempo analisarmos a linguagem profética enquanto reflexão comunitária que brota desde o cotidiano
de mulheres, homens e crianças e, sobretudo, dos empobrecidos.
A religião não é propriamente o berço da profecia. A profecia se assemelha a um fermento.
Hoje, as igrejas tomam jeito profético quando se situam com suas práticas em meio às
necessidades do cotidiano, da realidade do povo de Deus. Neste sentido, a profecia brota na
intersecção entre o sagrado e o profano.
O agente histórico promotor de profecia não é, hoje, nem o assim chamado mundo e nem a
humanidade, mas são os pobres. A gente empobrecida é porta-voz da profecia. Teologia profética só
pode ser prática e palavra dos pobres e solidária aos lavradores e operários empobrecidos. Profecia
que não implique nesta opção não é bíblica.
Profecia acontece, pois, no conflito. O sonho profético representa um modo especial de
tornar transparente o conflito. Explicita-o em sua dimensão social. Para a profecia, a solução da
contradição entre pobres e ricos situa-se no nível histórico.
A profecia existe “para arrancar e derrubar” e “para edificar e plantar” (Jeremias 1.10). Esta
dupla dimensão é básica para a profecia: julga e aguarda.
Julga a opressão e a idolatria, estas sócias do destino. Verifica a existência do roubo contra os
pobres. E afirma a derrocada dos causadores da ruína dos fracos.
Evoca a esperança de tempos novos e diferentes, sem opressão e sem idolatria. Há, pois, um
projeto. Não há profecia sem projeto histórico.
A profecia agita, inquieta e desestabiliza o poder com suas ameaças. Ameaça sem dó a elite
governante e os que vão se apossando dos bens do povo. Denuncia, sem medo, a existência dos
pobres na cidade e dos pobres da terra. Os opressores vão se aprofundando e se aperfeiçoando na
exploração e no roubo das mulheres e dos homens a ponto de encher a cidade com sangue inocente.
Ao analisar a profecia temos que identificar quem são os opressores e quais os mecanismos que
utilizam para extorquir e reprimir os pobres. Certamente a profecia denuncia com veemência a elite
palaciana que foi conquistando o poder através da centralização do excedente agrícola e o controle
das transações comerciais. Taxas, ouro e prata determinam a vida nos dias de muitos dos profetas e
do movimento camponês. A grande denúncia profética recai sobre o comércio e principalmente a
classe rica que está vivendo tranqüila das benesses adquiridas pela política econômica. Aos
opressores os profetas como Amós, Sofonias, Oséias, Miquéias, Isaías, Jeremias anunciam que no
dia de Yahweh serão castigados, irão chorar e lamentar. O dia de Yahweh na profecia é também
sinal de resistência e protesto. As palavras dos profetas demonstram que a voz dos pobres não foi
amordaçada e que eles estão a clamar por justiça.
Se há uma coisa que aparece clara nos Livros dos Reis é a atuação política dos profetas. O
profeta Natã praticamente encaminha a sucessão de Davi, fazendo com que o partido de Salomão
predomine sobre o partido de seu irmão Adonias (1 Rs 1). O profeta Aías, de Silo, incita Jeroboão

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a rebelar-se contra Roboão, provocando a divisão do reino (1 Rs 11-12). O mesmo profeta acabará
condenando a dinastia de Jeroboão, infiel à Aliança, pregando a sua derrubada (1 Rs 14,7-16). O
profeta Jeú instiga a revolta contra o rei Baasa (1 Rs 16,7-10). O profeta Elias promove a
resistência contra Acab e Jezabel. Acusado de agitador, foge para o estrangeiro e seus seguidores
são perseguidos e mortos (1 Rs 18,1-18). O profeta Miquéias, filho de Lemla, opõe-se a Acab e
acaba sendo preso (1 Rs 22,19-28). O profeta Eliseu manda ungir o general Jeú como rei (2 Rs 9-
10). No próprio exercício de sua missão como “homens de Deus” ou porta-vozes de Yahweh, os
profetas desempenham um papel político.
Alguns aparecem ao lado do trono como conselheiros do rei, como é o caso do profeta Natã,
na corte de Davi (2 Sm 7). Isto, porém, não impede que erga sua voz e, em nome de Deus, condene
os erros do rei (2 Sm 12,1-15). Aparecem também profetas e profetisas independentes, a quem o rei
recorre em tempos de crise. É o caso do profeta Isaías, consultado pelo rei Ezequias (2 Rs 19,1-34),
ou da profetisa Hulda, consultada pelo rei Josias (2 Rs 22,11-20). Mas em geral eles vivem afastados
do palácio real e pronunciam seus oráculos ou sentenças com total liberdade e autoridade (1 Rs
12,22-24; 13,1-5; 21,17-23; 2 Rs 3,14-19). Alguns são mencionados simplesmente como “profeta”,
ou “homem de Deus”, ou “um dos filhos dos profetas”, sem o nome próprio, sinal de que são gente
do povo.

1. Origem do termo

Nabi ( hebraico) – profeta, chamado, enviado, anunciador


Pro-Phetes (do grego) Aquele que fala, profere, anuncia uma mensagem em nome de alguém.
A partir destes termos o Profeta em Israel aparece como AQUELE que:
* que fala com Deus, consulta a Deus
* que fala sob a ação da divindade
* que fala em lugar e em nome de Deus
* que revela as coisas ocultas, mensageiro da vontade divina, enviado de Deus
* que é impulsionado pela Palavra de Deus.
* a quem Deus revela seus segredos.
* que traz sempre presente ao povo a memória do projeto de Deus
* que anima na resistência e na esperança
O profeta penetra a casca dos fatos e acontecimentos, analisa suas causas. Descobre o que Deus
quer dizer com os acontecimentos, e faz a partir daí sua denuncia e anuncio.

2. Características dos profetas:

Pelos adeptos, vistos como: videntes, homens de Deus;


Pelos adversários como: perturbadores, agitadores, subversivos. (1Rs 18, 17; 21,22).
Conspiradores, doidos, tolos (2Rs 9,11; Os 9,7);
 Não se auto definem como profetas e alguns até negam ser profetas. (Am 7,14; Mq 3,5-7)
 Entendem-se com “enviados”, mensageiros de Javé, homens da Palavra (Am 3,8; Jr18,18;
Jr15,19, Jr 1,9) levam a mensagem de Deus, não sua mensagem própria. São homens do
Espírito. São possuídos, compelidos pelo Espírito. Sua autoridade vem de Deus. São
chamados, vocacionados para esta missão. (Os 9,7; Am 7,15-16; Jr 1,1-10; Is 6,1-9; Jr
17,12-18; Jr 20,7-17).
 São especialmente críticos do rei e do Estado, do templo, e do culto. Profecia e reinado
surgem juntos se conflituam e juntos desaparecem (séc 10 ao séc 6). Rei e Profeta estão em
contraposição, em atrito. Profeta anti-sócio do Rei. Critico (do poder político (rei) religioso,
do sacerdote e os falsos profetas).
 Fala com autoridade frente às questões políticas, econômicas, religiosas. Nos momentos de
crise analisa os fatos, os acontecimentos, mostram as contradições, pronuncia em nome de
Deus um julgamento e toma posição. Projeta sua palavra sobre a situação concreta a partir

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de casos corriqueiros de opressão. (1Rs 21,1ss; 1Rs 11,26-40; 2Sm 12,1-14; 22,1-28; 2Rs 9;
8,7-15; Jr 27,1-22; 281-17).
 Denunciam a alienação religiosa, o falso culto, o templo, e a idolatria, (Am 8,20-24; 1Rs
18,21-27; Is 1,10-20; Is 40,18-20; 44,7-20; Is 46,1-13; Jr 7,1-34; Am 5,4-15)
 O profeta faz opção pelos pobres e anuncia o Deus que liberta que faz justiça aos pobres e
oprimidos. Faz uma opção de classe, exemplo de Deus. (Dt 10,16-19; Am 4,1; 1Rs 21,17-
24, Is 1,21-26; Sl 3,14).
 O profeta se entende a partir da experiência de Deus no pobre. (Jr 1,5-9;20,7; Is 49,1; Ex
3,1-3; Is 1,21-26; Is 58).
 São pessoas cheias de paixão. Suas palavras queimam como tocha. (Eclo 41,1; 11,5; Jr 20,
7-17)
 O profeta experimenta a crise, a divisão e o conflito interior, a resistência do apelo de Deus.
Entra em conflito consigo, com Deus, com a instituição. Não é compreendido por muitos, é
perseguido, é alvo de contradição, mesmo de maldição (Jr 15, 10-21; 2Rs 22,1ss; Jr 16,1-21;
17,12-18; 18,18-23; Jr 20,1-17)
 Os profetas não foram personagens individuais, isolados, há comunidades, grupos que lhes
dão apoio (Jr 26)
 Os profetas surgem como voz da classe camponesa oprimida pelo estado. Evidenciam o
conflito de classes: Campo X Cidade (Estado). Fazem a junção dos sofrimentos isolados da
vida dos camponeses, a partir da opção por um projeto, o projeto de Deus. Fazem a ligação
entre as histórias de injustiça sofridas e relatadas pelo povo. Elaboram sua analise e reflexão
e a devolvem ao povo em forma de denuncia e do anuncio do projeto do Êxodo abandonado.
(Mq 2,1-13; 3,1-12; Ex 34; Am 8,1-14, Os 2,16-25; Am 4-16);
 Denunciam as injustiças econômicas como motor de outras injustiças. (Am 2,1-8; Am 3,10-
15; 5,7-12; Is 10,1-4; Is 5,10-24; Am 5, 24)
 Identificam-se como mensageiros de Javé e fazem oposição aos falsos profetas (1Rs 22,5-
28; Jr 27,9-22; Jr 28,1-16; Jr 23,9-32, Jr 26,12-15)
O verdadeiro profeta é alguém descomprometido com a classe dominante. É comprometido
com Deus, com sua Palavra, e com o povo pobre e oprimido. Sem apoio oficial. Sua força é de
Deus. Sua Palavra machuca, mas é libertadora e desvenda a realidade. O profeta conserva na
memória do povo a lembranças das experiências fundamentais de sua historia, e experiência de
Deus e da sua ação libertadora. Do Deus que tem um projeto de vida para o povo.
Referencias: Dt 18,9-12.15

1º Período (1000-760 a. C) Profecia Pré-Literária.


Chama-se assim porque, desse período, não há livros proféticos escritos. No entanto,
encontramos as narrativas sobre os profetas em 1º e 2º Sm, bem como 1º e 2º Rs.
Os principais profetas dessa época são Natã, Gad, Aías de Silo, Miquéias, filho de Jemla, Elias e
Eliseu.
Característica: ligados à corte, os profetas pré-literários são funcionários e conselheiros do rei.
Denuncia problemas isolados e individuais ligados aos abusos de poder real, sem criticar a
criticar a estrutura, o sistema.
Proposta: Sugerem reformas e acreditam que a conversão do rei pode melhorar a sociedade.
Nas profecias de Elias e Eliseu é interessante notar a vida do povo e como a profecia aparece
desde o cotidiano. Podemos notar na profecia de Elias e a casa da viúva de Sarepta (1 Rs 17). Aliás,
neste capítulo Elias é apresentado como um profeta popular, mago que tem a ordem da chuva e da
seca. Está na linha dos profetas que mandam chuva. Na profecia de Eliseu encontramos muito mais
forte a memória profética popular. Este é apresentado em seu primeiro milagre como aquele que faz
surgir água do deserto e o faz acompanhado de muita música (2 Rs 3,11-20). É no ciclo de Eliseu
que encontramos um número grande de narrativas populares de milagres proféticos e a presença
muito forte de mulheres e crianças.

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O Império Assírio se enfraqueceu um pouco. Com a crise da grande potência, as nações
pequenas começaram a levantar a cabeça. Tanto o reino de Israel (Norte), com Jeroboão II (793-
743 a.C. cf. 2 Rs 14,23-29), como o reino de Judá (Sul), com Osias (781-740 a.C.- cf. 2 Rs 15,1-7)
entraram em um período de prosperidade. Enquanto a monarquia se fortaleceu, a vivência da
Aliança se enfraqueceu: aumentaram a corrupção, a exploração e as desigualdades sociais (Am
2,4-8; 3,10; 8,4-5) e os dois santuários, Jerusalém e Betel, se tornaram símbolos do poder e da
aparente proteção de Deus (Am 2,5; 4,4; 5,4-6; 7,10-13). Enquanto os reis se fortaleceram, usando
o nome de Deus, o povo empobreceu, sem condições de reagir. O profeta Amós saiu de sua terra
no reino do Sul e foi denunciar, no reino do Norte, os abusos, o contraste entre o luxo dos grandes
e a miséria dos pequenos (Am 6,4-7) e a falsidade do culto.

2º Período (760-700 a.C) profecia literária.

Nesta época, a Assíria é a potência hegemônica no contexto internacional. No Reino Norte:


Amós e Oséias, no Sul: Isaías (1-39) e Miquéias.
Característica: ligam os problemas às suas causas, fazendo uma análise estrutural da sociedade.
Denunciam as injustiças generalizadas, criticam os reis, os juizes, e os sacerdotes, bem como
corrupção da cidade e seu desrespeito em relação às famílias, a falsa religião e a idolatria, o sistema
tributário é a causa do empobrecimento do povo.
Proposta: pedem uma reviravolta total, uma transformação: voltar ao Senhor, o Deus único,
voltar ao sistema tribal.
O Império Assírio voltou a crescer e invadiu o território dos povos vizinhos (2 Rs 15, 18-19).
Amedrontados, Facéias, rei de Israel e Rason, rei de Damasco, se aliavam para forçar o rei de Judá,
Acaz, a se juntar com eles para lutas contra a Assíria (2 Rs 16,5-9). Começou então a chamada
“guerra siro-efraimita”, que durou quatro anos (736-732 a.C.). Acaz não cedeu e pediu o apoio de
Teglat-Falasar, rei da Assíria. Foi muito pesado o preço que pagou, atingindo até os valores
religiosos (2 Rs 16,7-18). É nessa situação que aparecem os profetas Oséias (no Norte), Isaías e
Miquéias (no Sul).
Em Oséias, transparece o caos social provocado pela guerra siro-efraimita e pela ação da Assíria,
com suas invasões, deportações e tributos (Os 5,8-15). Transparece ainda a confusão provocada pela
religião oficial com seus ritos de fertilidade que reduziram o Deus de Israel a um ídolo qualquer.
Já em Miquéias e Isaías aparece mais a situação do Sul. Miquéias clamou contra as injustiças
(Mq 2,1-2; 7,2-3) contra a exploração dos governantes (Mq 3,1-3) e dos ricos da cidade (Mq 6,9-12).
Isaías começou denunciando energicamente a infidelidade a Deus e o falso culto (Is 1,2-15), a
corrupção e devassidão da classe dominante (Is 3,1-24; 5,8; 9,12-10,2) e não poupou ameaças (Is 1,7-
8; 5,26-30; 24,1-11).
A Assíria invadiu o reino de Israel e Samaria foi arrasada (722 a.C. - cf. 2 Rs 17,3-6). Os que
puderam escapar refugiaram-se no reino de Judá. Entre eles, um grupo de escribas que se unindo a
um grupo de Judá, começaram um movimento de renovação que ficou conhecido como “movimento
deuteronomista”.

3º Período (650-570 a.C)

A Babilônia passa a dominar no cenário internacional. Entre o 2º e 3º períodos, temos 50 anos


de silêncio da profecia, causado pela violenta repressão de Manassés, considerado um dos reis mais
ímpios (2Rs 21,1-18).
Os profetas que se destacam no 3º período são: Naum, Sofonias, Habacuc, Jeremias.
Característica: como os profetas do 2º período, também são considerados profetas radicais, pois
denunciam, as estruturas monárquicas, como a raiz da injustiça, legitimada pelo templo, pela
religião oficial.
Denunciam a idolatria no templo, sacrifícios de crianças, religião vazia, injustiças, social,
incoerência e infidelidade.
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Proposta: volta ao Deus único, Javé; a transformação passa pela destruição da monarquia e do
templo.
A grande figura deste período foi o rei Ezequias, filho de Acaz, que reinou em Judá de 716 a
687 a.C. (2 Rs 18,5). Deu todo apoio aos grupos que, por fidelidade, queriam uma renovação e
começou a promover uma reforma (2 Rs 18,3-6). Tornou-se independente do rei da Assíria (2 Rs
18,7) e o profeta Isaías foi o seu principal conselheiro (2 Rs 19-20; Is 36-39). O sucessor de
Ezequias foi o seu filho Manassés (687-642 a.C.) que, ao contrário do pai, foi um dos reis mais
criminosos e corruptos da história de Judá. Mas ele não conseguiu fazer calar a voz dos profetas.

4º Período (570-539 a. C)

É o tempo do exílio babilônico. São profetas dessa época: Abdias, Ezequiel e Isaías (40-55).
A finalidade desses profetas é confortar, reanimar, restituir a identidade ao povo exilado e
derrotado; restituir ao povo o verdadeiro rosto do senhor; o resto é servo do Senhor, e os cacos da
humanidade têm a missão de ser luz entre as nações.
Amon, filho de Manassés, sucedeu-o no trono e foi um rei tão ruim como o pai. Foi
assassinado, dois anos depois de subir o trono (642-640 a.C.). O povo do campo se rebelou contra
os assassinos e colocou Josias no trono, filho de Amon, que só tinha oito anos de idade (2 Rs 22,1).
Josias reinou 31 anos e, como seu bisavô Ezequias, também é elogiado na Bíblia. Ele liderou uma
reforma no templo, baseada no encontro do Livro da Lei (622 a.C.), coração do movimento
deuteronomista, apoiado pela profetisa Hulda (2 Rs 22,15-20) e pelo próprio rei (2 Rs 23,1-3).
Entre os profetas desse período salientam-se Sofonias (Sf 1,1), Jeremias (Jr 1,1-3), Naum e
Habacuc. Enquanto o Império da Assíria decaía, começava a se impor o Império da Babilônia.
Para impedir que o exército egípcio reforçasse as forças da Assíria contra a Babilônia, Josias
marchou contra ele, mas foi derrotado e morto na primeira batalha em Megido (2 Rs 23,29). A
morte trágica de Josias (609 a.C.) marcou o fim do século VII a.C. e o desespero que tomou conta
da nação foi traduzido pelo profeta Jeremias (2 Cr 35,25; Jr 22,10).

5º Período (539-332 a.C)


Movimentos de resistência e renovação
É a época Persa, chamada também de pós-exílio.
Ageu, Zacarias, Isaías 56-66, Malaquias e Joel são os profetas que atuam nesses períodos.
Tempo marcado pela volta do exílio e pelos projetos de reconstrução. Alguns profetas apóiam a
reconstrução do templo.
Nesses dois séculos aparecem vários movimentos de renovação aos quais os profetas estavam
ligados.
1. Os Filhos dos Profetas que viviam em comunidade perto dos santuários.
2. Os Levitas. Tinham como missão manter viva a lembrança de Iahweh na alma do povo (Nm
18,20; Ex 32,25-29; Dt 33,8-11). Costumavam aparecer na fila dos indigentes, ao lado dos órfãos e
das viúvas (Dt 14,29).
3. Os Recabitas. Movimento iniciado por Jonadab. Moravam em tendas e mantinham os
costumes dos 40 anos do deserto, sendo uma lembrança viva do Êxodo e um apelo vivo à Aliança
(Jr 35,1-19).
4. Os Pobres de Iahweh. Aparecem no livro de Sofonias (Sf 2,3). A teimosia de sua fé é descrita
nos cânticos do Servo em Isaías (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12).
5. O Movimento Deuteronomista. É formado de gente que veio do Norte, na queda de Samaria e,
chegando ao Sul, unem-se aos que por lá desejam reformas. Tentam reler o passado à luz de uma
nova situação. Avaliam a história.

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6º Período (332 a. C em diante)

Os gregos aparecem na cena internacional.


O profeta que se destaca nessa época é Daniel. É mais apocalíptico e usa uma linguagem
simbólica. Suas denuncias são voltadas aos impérios considerados opressores. Anuncia a chegada
do Reino de Deus, Senhor da história.

BIBLIOGRAFIA

1.MESTERS, Carlos. Os Profetas e a saúde do povo. CEBI/Centro de Estudos Bíblicos, BH, 1985.
2.MESTERS, Carlos e SCHWANTES, Milton. Profeta: Saudade ou esperança? CEBI/ Centro de Estudos
Bíblicos, Série: A Palavra na Vida, n. 17/18, 1989.
3.MOSCONI, Luis. Profetas da Bíblia: Gente de Fé e de Luta. CEBI/CEBI, Série: n.57/58, 1992.
4.PIXLEY, Jorge. A História de Israel a partir dos pobres. Coleção Deus Conosco. Petrópolis:Vozes.
5.RIVERA, Francisco Lopes. Os Profetas e o Conflito. CEBI/CEBI, Belo Horizonte, 1987.
6.SCHWANTES, Milton. Povo liberto - Terra resgatada: Os camponeses e a Bíblia. CEBI/CEDI
(Centro de Documentação e Informação), Belo Horizonte/São Paulo, 1
Cebi – Centro de Estudos Bíblicos – Praça da Sé 371 sala 403

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