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9798-Texto Do Artigo-14433-3-10-20200217
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Resumo
O presente artigo discute a inserção de Ciências na formação do Pedagogo considerando as
especificidades e limitações que se fazem presentes no período de quatro anos relativos à
formação do docente que irá atuar nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Educação
Infantil. São diversas áreas que integram essa formação, o que destina uma fração da carga
horária para Ciências, e faz com que uma ação permanente, independente do trabalho
disciplinar, se mostre como proposta viável para uma formação com maior efetividade e
com possibilidade de vivência de situações que poderão ser desenvolvidas no contexto
profissional do futuro professor. A proposta discutida nesse artigo representa o foco que o
Curso de Licenciatura em Pedagogia, das Faculdades Integradas de Jaú, adotou como
caminho para integrar, de forma mais efetiva, Ciências ao currículo, com ênfase na questão
ambiental.
Introdução
O trabalho docente e a aprendizagem dos alunos são temas que sustentam as mais
diferentes discussões entre pesquisadores e profissionais que atuam nas escolas. Há críticas
quanto aos cursos de formação de professores e aos resultados alcançados com os alunos
em sala de aula. As licenciaturas enfrentam problemas que se situam nas esferas
administrativas e acadêmicas, sendo, ainda, reforçados pela visão negativa que a sociedade
carrega em relação à carreira docente (salários ruins, violência contra professores,
desvalorização do magistério pelas políticas públicas). Esse olhar negativo faz com que
muitos jovens se afastem, ao concluírem o Ensino Médio, da opção profissional de se
tornarem professores.
No presente estudo, que lança olhar sobre a Pedagogia, curso que apresenta ampla
oferta de graduações presenciais e à distância, será discutido o trabalho com Ciências, que
integra o currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, e o professor dessa etapa de
escolarização não é um especialista na disciplina, em decorrência de sua formação.
É consensual que o professor precisa ter domínio sobre o tema a ser tratado. No
entanto, a formação do professor que atua nos anos iniciais envolve disciplinas
relativas à área de Ciências da Natureza, mas que não chegam, entretanto, a
fornecer subsídios efetivos para que o futuro professor consiga lidar, de forma
tranquila, com os diversos conteúdos que encontrarão na realidade cotidiana
(GABINI, 2012, p. 334).
Como esse professor pode desenvolver uma prática pedagógica que se mostre
articulada com a realidade educacional e social, dentro desse contexto de formação? A
fundamentação teórica é essencial e deve instrumentalizar o docente em termos de
conhecimentos que amparem seu trabalho, de forma que ele consiga atender às funções que
a escola é chamada a desempenhar. Contudo, esse amparo teórico qualificado não
garantirá, por si só, um ensino com resultados efetivos.
Nesse sentido, os cursos de Pedagogia precisam articular a formação teórica com a
prática educacional, de maneira efetiva, para que o futuro professor possa intervir, com
clareza, na realidade de trabalho, percebendo o que e como fazer, de forma que sua atuação
não seja a de informar conceitos, apenas, nem tampouco seja um trabalho que se processe
em regime de dependência total com os livros didáticos.
Pozo e Crespo (2009, p.21) destacam que aprender ciência é “um exercício de
comparar e diferenciar modelos, não de adquirir saberes absolutos e verdadeiros”.
Apontam, ainda, que “a ciência deve ser ensinada como um saber histórico e provisório,
tentando fazer com que os alunos participem, de algum modo, no processo de elaboração
do conhecimento científico”. Considerando a formação do futuro professor, ele precisará
exercitar essa abordagem de ciência para que consiga executar ações nas quais estejam
intrinsicamente presentes tais princípios, ou seja, a percepção de ciência como processo.
A Formação do Pedagogo
A formação de professores para atuação na educação básica tem trazido ao centro
das discussões inúmeros problemas, apontados em diferentes estudos realizados a respeito
do tema. Gatti (2013-2014) destaca que um enfrentamento desses problemas precisa ser
feito no “cotidiano da vida universitária”, e que eles não serão resolvidos somente pela
edição de decretos e de normas.
Essas exigências e fatores descritos podem promover uma formação insuficiente para atuar
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Pimenta et al. (2017, p. 18) fazem
tal constatação com base em pesquisa construída a partir de dados de instituições e cursos,
afirmando que os resultados desse estudo “evidenciam a insuficiência ou mesmo a
inadequação dos atuais cursos de pedagogia para formar professores polivalentes, uma vez
que essa formação implica diferentes saberes”. A denominação polivalente não mais
aparece na legislação sobre o tema, conforme destacam os autores.
A carga horária do curso precisa atender à formação geral e às diferentes áreas de
atuação do pedagogo, e o professor acaba sendo investido em sala de aula para lecionar
diversas disciplinas (língua portuguesa, matemática, história, geografia, ciências),
Qual é o espaço destinado ao ensino de Ciências nos anos iniciais? Essa pergunta
pode ser frequente entre os professores porque as prioridades acabam sendo focadas na
alfabetização em língua portuguesa. No entanto, é essencial que o docente perceba que as
características próprias de Ciências não estão em contradição com a leitura e a escrita,
podendo integrar todo o material destinado a esse fim.
Moraes (1998, p. 9-14) traz aspectos que considera como “princípios” que revelam
a compreensão de como deve ser elaborado o ensino de ciências para os anos iniciais.
É notório que no contexto educacional atual, a educação básica propõe formar para
a cidadania de modo que cada pessoa possa atuar no mundo local e global, o que exige, por
parte dos educadores, uma ênfase na compreensão de ciência, de suas realizações e
limitações.
Freitas (2011, p. 231) enfatiza que
Considerações finais
Referências
BIZZO, Nelio. Ciências: fácil ou difícil? 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
LAHERA, Jesús; FORTEZA, Ana. Ciências físicas nos ensinos fundamental e médio:
modelos e exemplos. Tradução: Antônio Feltrin. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MORAES, Roque. Ciências para as séries iniciais e alfabetização. 3. ed. Porto Alegre:
Sagra Luzzatto, 1998.
PIRES, Célia Maria Carolino. Formação inicial e continuada de professores – uma síntese
das diretrizes e dos desafios a serem enfrentados. In: Canário, Rui; Pires, Célia Maria
Carolino; Hadji, Charles. Articulação entre as formações inicial e continuada de
professores. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol1c.pdf. Acesso
em: 20 abr. 2018.