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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO – IFMA

LICENCIATURA EM QUÍMICA
ALUNOS: Aline Roberta Santos, André Vinícius Liboro e Raissa Serejo

A MITOLOGIA DO PRECONCEITO LINGÜÍSTICO

MITO N°1

“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente.”

No texto, o autor Marcos Bagno critica a afirmativa ao dizer que este é o maior e
o mais sério dos mitos que compõem a mitologia do preconceito lingüístico no Brasil.
Afirma que, de fato, existe um alto nível de diversidade e variabilidade do português
brasileiro e que essas diferenças prejudicam a educação.

O escritor alega que a educação ainda é um privilégio de muito pouca gente em


nosso país, que uma quantidade de brasileiros permanece à margem do domínio de uma
norma culta. Explica que, se acreditarmos no mito da língua única, existe milhões de
pessoas neste país que não têm acesso a linguagem. No entanto, eles também falam
português, uma variedade não-padrão, com sua gramática particular que não é
reconhecida.

Ele aponta que muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores têm
mostrado é que os falantes não-padrão têm dificuldades em compreender as mensagens
enviadas para eles pelo poder público, que se serve exclusivamente da língua padrão.
Exemplifica com Maurizzio Gnerre, que diz em seu livro Linguagem, escrita e poder, a
Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas essa mesma lei
é redigida numa língua que só uma parcela de brasileiros consegue entender. Explica
que Gnerre não está querendo dizer que a Constituição deveria ser escrita em linguagem
não padrão, mas sim que todos brasileiros deveriam ter realmente acesso amplo e
democrático a ela.

Bagno esclarece que muitas vezes os falantes não-padrão deixam de usufruir


diversos serviços a que têm direito simplesmente por não compreendem a linguagem
empregada pelos órgãos públicos. Demonstra que o fato de no Brasil o português ser a
língua da imensa maioria da população não implica, automaticamente, que esse
português seja um bloco compacto, coeso e homogêneo.

O pesquisador conclui que, é preciso, portanto, que a escola e todas as demais


instituições voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do
português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade lingüística de nosso
país para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população amplamente
marginalizada dos falantes das variedades não-padrão.

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