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A SOCIEDADE BRASILEIRA É ESCRAVOCATA?

É preciso entender o racismo como estrutural e estruturante, pois essa relação


está entrelaçada com o capitalismo, azeitando o sistema e se mantendo até hoje.
Em períodos de crises, essa relação contraditória se explicita de forma dinâmica e
ainda mais violenta. Agora irei lhe provar com dados, que a sociedade é
escravocata.

O Brasil foi o maior território escravista do Ocidente, o último a extinguir o


tráfico negreiro, e o último a abolir a escravidão. O resultado é um legado
de desigualdade social, exclusão e violência.
A herança do racismo no Brasil foi gerada por mais de três séculos de
escravidão. Entre 1501 e 1870, mais de 12,5 milhões de africanos foram
vendidos como escravos para o continente americano. Desses, um em cada
quatro foram enviados para o Brasil (cerca de 4,8 milhões até a segunda
metade do século 19).
Apesar de ser o país com a maior população negra fora da África, de acordo
com o Ministério das Relações Exteriores, essa população está sub-
representada em todos os setores da vida social no Brasil. São 56,10%
pessoas que se autodeclaram negras no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), equivalente a 19,2 milhões de indivíduos. No
entanto, no mercado de trabalho, pretos e pardos ocupam apenas 29,9%
dos cargos de gerência segundo a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor
ou Raça no Brasil” do IBGE.
A baixa representatividade de negros em cargos de decisão também é
visível na política: de acordo com levantamento do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), em 17 dos 24 partidos com representação no Congresso, a
participação de quem se autodeclara negro nas cúpulas partidárias vai de
zero a 41%. O cenário não muda na academia: um estudo realizado pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que apenas 18%
dos negros entre 18 e 24 anos estavam cursando ou já haviam concluído o
ensino superior.

Violência

Por outro lado, os casos de homicídio de pessoas negras aumentaram 11,5%


em uma década, de acordo com o Atlas da Violência 2020. O relatório
mostra que os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os
homicídios em 2018. Além disso, 75,2% dos pretos e pardos encontram-se
entre os 10% com menores rendimentos per capita no País, segundo a
pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” do IBGE.

Desafios

A professora Sandra Regina Vaz da Silva, da UFF, também falou das


perspectivas de avanços futuros diante do cenário atual do Brasil. “Em um
governo de extrema-direita não há como avançar. Todas as conquistas foram
desmanteladas. Entretanto, eu acredito que nós, população negra, mulheres e
jovens vamos derrotar Bolsonaro e seu projeto político-econômico. Hoje, o
alcance das redes sociais se constitui como ferramenta importante, mas essa
luta por si só não é suficiente. Não podemos cair na armadilha de uma
militância de lacração ou de produtivismo teórico como força para decidir essa
disputa. Há um longo e árduo caminho em que se somam assistentes sociais na
defesa de seu projeto profissional e de uma sociedade livre de exploração e
opressão. Um projeto que é incompatível com os valores e medidas
neoconservadoras, antidemocráticas e ultraneoliberais. É de fundamental
importância que tenhamos uma formação profissional que continue
sintonizada com os novos tempos, comprometida com a derrota da extrema-
direita e ao lado das demandas oriundas dos movimentos sociais e da classe
trabalhadora, formando novas gerações de assistentes sociais e incentivando a
formação continuada”.

EDUCAÇÃO

Índices educacionais apresentam dados piores no recorte por pretos e pardos


se comparados a brancos. Especialistas defendem que mudança no ensino
pode melhorar a autoestima dos alunos e a identificação com a escola.

A educação no Brasil é um direito constitucional, garantido a todos. Mas, para as


crianças negras do país, há desafios particulares que ainda precisam ser enfrentados.
Embora a presença de negros (pretos e pardos) em escolas do país tenha crescido nos
últimos dez anos (veja gráfico abaixo), as diferenças raciais nos índices de educação
ainda são frequentes:

• Evasão: a proporção de jovens de 15 a 29 anos que não concluíram o ensino


médio e não estudavam em 2019 era maior entre pretos e pardos (55,4%) do
que entre brancos (43,4%).
• Anos de estudo: pretos e pardos têm menos anos de estudo (8,6), em média, se
comparado aos brancos (10,4).
• Reprovação: é menor a proporção de pretos e pardos que estudam na série
correta de acordo com a idade (85,8%). Entre alunos brancos, o percentual é de
90,4%.
• Analfabetismo: a falta de acesso à educação é mais frequente também entre
negros. O índice daqueles que não sabem ler e escrever é maior na população
negra (8,9%), do que na branca (3,6%). Os dados são do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).

• Proporção de alunos pretos e pardos na Educação Básica (%)

• Há 17 anos, a Lei 10639 foi aprovada para alterar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e
incluir no currículo a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira
nas escolas públicas e privadas do país. O objetivo é resgatar a contribuição do negro
na formação do Brasil, sem restringir o tema à escravidão, elevando a auto-estima
de alunos pretos e pardos. Embora exista há quase duas décadas, a lei ainda não
está totalmente implementada nas escolas
.

A luta do negro para ter educação


Documentos históricos apontam que o acesso à educação era valorizado pelos negros,
mesmo quando as leis imperiais dificultavam a aprendizagem deles.
Saber ler e escrever, aliás, não era comum no Brasil Império. O Censo de 1890, feito um ano
após a Proclamação da República, aponta que havia 14,3 milhões de pessoas no Brasil. Entre
elas, 12,2 milhões não sabiam ler ou escrever.

Embora a primeira lei sobre educação do Brasil, de 1827, não impedisse o acesso de negros
à escola, outra lei, editada pela Província do Rio de Janeiro em 1837, proibia a presença de
"escravos e pretos africanos" e de pessoas com "moléstias contagiosas" nas escolas,
conforme indica Ferreira.

“Isso demonstra que o cenário é mais complexo do que se imagina. Quem tem mais
propensão a ficar com doença contagiosa? Comunidades mais pauperizadas, formadas por
negros libertos ou filhos deles”, afirma Ferreira. “Os negros não são proibidos, eles podem ir
à escola, mas temos provas de que nem sempre a acolhida é a melhor”, afirma.

Dentro deste cenário, houve iniciativas lideradas por negros para educar seus filhos. Uma
delas é a escola fundada por Pretextato dos Passos e Silva, em 1853.

Um dossiê feito por Pretextato, encontrado no Arquivo Nacional pela pesquisadora Adriana
Silva, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), traz a informação que “em algumas
escolas ou colégios, os pais dos alunos de cor branca não querem que seus filhos ombreiem
com os de cor preta”.

RELIGIÃO – INTOLERÂNCIA RELIGIOSA COM RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA

Estudo mostra que religiões de


matrizes africanas foram alvo de 91%
dos ataques no RJ em 2021
Em mais da metade das ocorrências de intolerância religiosa (56%), o
agressor está ligado a igrejas evangélicas, aponta estudo de
comissão; 10% dos casos são de terreiros ameaçados pelo tráfico

Um relatório da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa mostra que


as religiões de matrizes africanas foram as que mais sofreram ataques no
ano passado aqui no Rio.

A comissão é formada por representantes da sociedade civil, Ministério


Público, Ordem dos Advogados do Brasil, Polícia Civil e integrantes de
diferentes religiões. O documento foi divulgado na semana do Dia Nacional
de Combate à Intolerância Religiosa.

O relatório reúne denúncias, relatos em rede social, notícias de agências


dos movimentos sociais e declarações de lideranças religiosas ou das
próprias vítimas. O documento contempla casos que aconteceram em todo
o estado do Rio no ano passado.

Foram 47 denúncias, segundo o Observatório de Liberdade Religiosa. A


maior parte contra as religiões de matrizes africanas.

• Religiões de matrizes africanas: 43


• Judeus: 3
• Católico: 1

Os crimes mais comum em 2021 foram:

• injúria contra pessoas - 26%


• injúria contra comunidades - 23%
• vandalismo em templos - 21%

Os agressores
Em mais da metade das ocorrências (56%), o agressor está ligado a
religiões evangélicas.

Uma em cada 10 ocorrências é de terreiros ameaçados pelo tráfico de


drogas. Mas, segundo o relatório, esse número pode ser ainda maior.

No Brasil, a liberdade religiosa é garantida pela constituição. O babalaô e


pesquisador da UFRJ Ivanir dos Santos acredita que muitos casos de
intolerância religiosa poderiam ser evitados.

“Em todo o estado do Rio de Janeiro, existe caso de intolerância religiosa. E não
existe uma política do Estado de enfrentamento dessa questão. Então, cada vez
mais nós precisamos ter dados qualificados que leve a qualificar o governo a
criar política nos espaços necessários aonde existe os casos de intolerância
religiosa."

O que dizem as polícias


A Polícia Militar disse que combate a prática desse tipo de crime no
perímetro urbano.

A Polícia Civil orienta que as pessoas denunciem os casos em qualquer


delegacia ou na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de
Intolerância, que fica na Rua do Lavradio, 155, no Centro do Rio. Os
registros também podem ser feitos pela internet
INFORMAÇÕES TIRADAS DE :

https://g1.globo.com/google/amp/educacao/notici.

https://www.brasildefators.com.br/2020/03/10/te...

https://m.educador.brasilescola.uol.com.br/amp/...

http://portal.sbpcnet.org.br/noticias/o-legado-...

https://www.abepss.org.br/noticias/wwwabepssorg...

https://m.brasilescola.uol.com.br/amp/sociologi...

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