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Kets Bras Operadores
Kets Bras Operadores
∗
L. A. M. Souza
I. INTRODUÇÃO
como várias outras teorias físicas, por exemplo a Mecânica Newtoniana é baseada em suas
três Leis (além das denições de espaço, tempo, densidade, volume, etc.), e a Relatividade
mentam em modicações de certos postulados. Deixamos para a pessoa curiosa que pesquisa
1
estas várias alternativas para os postulados da Teoria Quântica .
seguiremos de perto a abordagem feita por Cohen [4], onde a Teoria Quântica é apresentada
1. Toda a informação sobre um sistema físico está contida no vetor de estado |ψi;
T̂ |φn i = an |φn i;
∗
Electronic address: leonardoamsouza@ufv.br
1 Exemplos de abordagens: (i) Interpretação baseada em ensembles estatísticos [1]; (ii) Bayesianismo Quân-
tico [2]; (iii) Muitos mundos [3]; (iv) Interpretação de Copenhagem [4]; dentre outras.
2
P̂n |ψi
|ψ 0 i = q ,
hψ| P̂n |ψi
∂
i~ |ψi = Ĥ(r̂, p̂; t) |ψi ,
∂t
h
onde Ĥ(r̂, p̂; t) é o Hamiltoniano do sistema e ~= 2π
é a constante de Planck.
Quem lê com certeza notou uma característica importante da Mecânica Quântica nestes
postulados: eles tratam de vetores e de como estes vetores podem se transformar. A pro-
posta deste texto é dar uma abordagem, não rigorosa, da Álgebra Linear básica aplicada à
Mecânica Quântica (MQ), em especial com ênfase na notação de Dirac. Para uma apresen-
tação rigorosa sugerimos a referência [5, 6], inclusive deixamos para esta e demais referências
em MQ. Mas onde vivem estes vetores? Os estados quânticos estão contidos no chamado
Espaço de Hilbert, que é um espaço vetorial dotado deproduto interno completo, e com
norma (nita) gerada por ele. É um espaço vetorial linear, nos complexos C, que possui
Denotamos um vetor no espaço de Hilbert como: |φi , |φi , |αi , etc. Um conjunto de
vetores é escrito como: {|αi , |βi , |γi , . . .}, e um conjunto de escalares é escrito como
3
soma/subtração de vetores, assim como multiplicação por escalar, continuam iguais ao que
já conhecemos no R3 .
Vetores no espaço de Hilbert (sendo este um espaço linear) podem, em geral, ser escritos
Uma coleção de vetores é dita que gera o espaço vetorial se todo vetor neste espaço puder
ser escrito como combinação linear dos membros desta coleção. Uma base do espaço vetorial
número de vetores que constitui sua base. Em Mecânica Quântica trabalhamos com espaços
vetoriais de dimensão nita e innita (sendo esta última podendo ser discreta ou contínua).
Dada uma base do espaço vetorial {|e1 i , |e2 i , |ei3 , . . .}, um vetor é unicamente determi-
Você deve ter notado que denotamos um vetor por |ψi, e não como o tradicional ~v .
Este tipo de notação foi introduzido por Dirac [7], e acaba por nos ajudar muito tanto no
nomes das quantidades, e também exemplos simples de como construí-las (para 2D). Um
vetor). O Bra vive no espaço dual ao espaço de Hilbert associado ao seu Ket. Para
todo Ket existe um Bra correspondente, mas nem para todo Bra pode existir um Ket
4
2
correspondente (ver [4]). O Bra, de fato, é denido através de um funcional linear
Ket);
• Desta forma (e sem ainda pensar muito sobre o signicado físico das quantidades
2 Denição de funcional linear: Um funcional linear hχ| é uma transformação linear que atua em |ψi,
este último está contido num espaço V, e que nos retorna um número. Isto é: hφ| : V → C. Uma integral
denida pode ser entendida como um funcional linear, pois é uma aplicação numa função que nos retorna
um número.
5
V. PRODUTO INTERNO
Sejam os vetores |αi, |βi e |γi, e os escalares a, b e c. O produto interno é denido por:
hα | βi = hβ | αi∗ . (4)
• hα | bβ + cγi = b hα | βi + c hα | γi;
• hbβ + cγ | αi = b∗ hβ | αi + c∗ hγ | αi;
p
k|αik = hα | αi. (5)
nos permite gerar uma base ortonormal a partir de uma base que não é ortonormal.
Suponha uma base não ortonormal {|e01 i , |e02 i , . . . , |e0n i}. O algoritmo segue abaixo:
|e01 i
|e1 i =
k|e01 ik
2. Encontre a projeção do segundo vetor |e02 i da base original sobre o primeiro |e1 i da base
ortonormal, e subtraia dele mesmo: |e02 i − he1 | e02 i |e1 i (note que o vetor encontrado
4. Subtraia de |e03 i suas projeções sobre |e1 i e |e2 i: |e03 i − he1 | e03 i |e1 i − he2 | e03 i |e2 i. Este
||
dimensões:
|e01 i = (1 + i) |g1 i + |g2 i + i |g3 i ; |e02 i = (i) |g1 i + 3 |g2 i + 1 |g3 i ; |e03 i = 28 |g2 i
||
Um vetor |αi pode ser alterado (transformado) para outro vetor |α0 i através de uma
3
Transformação Linear . Isto é:
mesmas componentes do ponto P no espaço). Para este sistema, o ponto P tem componentes:
P → (x1 , x2 ).
Se assumirmos x1 como sendo x e x2 como sendo y (na notação usual para física básica),
sendo seus vetores unitários î e ĵ respectivamente, um vetor que tenha sua origem em (0, 0)
e seu nal no ponto P terá as seguintes componentes (vetor ~v em vermelho na Figura 1):
~v = x1 î + x2 ĵ. (8)
3 O que é intuitivo de certa forma, visto que trabalhamos num espaço vetorial linear, e gostaríamos de
x1
~v = (9)
x2
de ~v neste novo sistema x01 e x02 ? Na Figura 2 mostramos o ponto P representado neste novo
P → (x01 , x02 ).
e sua transposta como (transpor uma matriz é a operação de trocarmos suas linhas pelas
suas colunas):
T11 T12 cos θ − sin θ
T̂ = = . (14)
T21 T22 sin θ cos θ
Para termos ainda mais intuição sobre este tipo de transformação linear, suponha um
cos θ − sin θ π
a Transformação T̂ = com θ= 6
, no vetor ~vA acima, obteremos:
sin θ cos θ
vetor ~vA obteremos um vetor rodado de π/6 no sentido horário a partir do vetor ~vA .
5 Chamamos esta especíca transformação T̂ denida acima como matriz de rotação (em 2D).
10
que desejamos a partir de agora é, dados os seguintes vetores de uma base em 2D:
1
|e1 i = (17)
0
0
|e2 i = (18)
1
Teremos:
T11 T12 1 T
T̂ |e1 i = = 11 . (20)
T21 T22 0 T21
E portanto:
X
T̂ |αi = aj T̂ |ej i
j
XX
= aj Tij |ei i
i j
X X
= Tij aj |ei i . (23)
i j
11
a0i =
P
Ou seja, se chamarmos o termo quadriculado como: j Tij aj , podemos notar que a
X
|α0 i = T̂ |αi = a0i |ei i , (24)
i
a0i =
P
com j Tij aj .
Observação: Enquanto as componentes de um vetor se transformam com Tij , a base se
mação como:
Demonstração:
X
T̂ |ej i = Tij |ei i
i
X
hei | T̂ |ej i = Tij hei | ej i = Tij
i
Como hei | ej i = δij , onde δij é o Delta de Kronecker.
(26)
• Comutador de duas matrizes: [Â, B̂] = ÂB̂ − B̂ Â. Em geral, o comutador é diferente
de zero.
• Transposta do produto:
T
ÂB̂ = B̂ T ÂT
• Hermiteana do produto:
†
ÂB̂ = B̂ † †
• Matriz identidade:
1 0 0 ... 0
0 1 0 ... 0
. . . .
I = .. .. 1 .
.
. = diag{1, 1, 1, 1, 1, 1 . . .}
.
.. .. .. .
.
. . . 1 .
0 0 ... ... 1
13
ÂÂ−1 = I = † .
A matriz Â−1 é a inversa de Â, desde que esta matriz possua inversa. A inversa de
1
Â−1 = Ĉ
det Â
triz (quadrada) possui determinante nulo, ela não possui inversa e dizemos que ela é
singular.
X X
tr(Â) = Aii = hi| Â |ii
i i
onde todos os |ii formam a base do espaço vetorial. O traço é linear: tr(Â + B̂) =
tr(Â) + tr(B̂). O traço é invariante sob permutações cíclicas: tr(ÂB̂ Ĉ) = tr(Ĉ ÂB̂) =
tr(B̂ Ĉ Â). Em notação de Dirac, temos a importante representação do seguinte traço:
P̂ = |αi hα|, se aplicarmos P̂ num vetor |βi ele irá projetar o vetor |βi em |αi:
P̂ |βi = hα | βi |αi
da base. É sempre possível (nos casos que estudaremos) passar de uma base para outra,
desde que saibamos a matriz que representa a mudança de uma base para a outra.
- EMARANHAMENTO)
O produto tensorial é uma maneira de juntar espaços vetoriais para formar espaços ve-
Aqui daremos apenas uma pincelada em produtos tensoriais, aconselhamos a referência [6]
! !
X X X
bj vj0 ⊗ wj0 ai bj vi | vj0 wi | wj0
ai hvi | ⊗ hwi | =
i j i,j
O produto tensorial pode ser bem representado matricialmente pela representação con-
hecida como produto de Kronecker. Suponha  uma matriz m por n, e B̂ uma matriz p por
A11 B̂ A12 B̂ · · · A1n B̂
A21 B̂ A22 B̂ · · · A2n B̂
 ⊗ B̂ =
.. . . .
. . . .
. . .
Am1 B̂ Am2 B̂ · · · Amn B̂
Exemplos:
a×c
a c a × d
1. ⊗ =
b d b × c
b×d
1
1 1 1
2. ⊗ √1 = √1
2 2
0 1 0
0
0 0 1 0
0 1 1 0 0 0 0 −1
3. σ̂x ⊗ σ̂z = ⊗ =
1 0 0 −1 1 0 0 0
0 −1 0 0
subespaço que constitui o espaço global. Por exemplo, seja o operador Ω̂V ⊗W ∈ V ⊗ W ,
escrito como Ω̂V ⊗W = |a1 i ha2 | ⊗ |b1 i hb2 |, podemos fazer por exemplo o traço somente no
trW (Ω̂V ⊗W ) = trW (|a1 i ha2 | ⊗ |b1 i hb2 |) = |a1 i ha2 | tr(|b1 i hb2 |)
trW (|00i h00|) + trW (|11i h00|) + trW (|00i h11|) + trW (|11i h11|)
ρV =
2
|0i h0| trW (|0i h0|) + |1i h0| trW (|1i h0|) + |0i h1| trW (|0i h1|) + |1i h1| trW (|1i h1|)
=
2
|0i h0| h0 | 0i + |1i h0| h0 | 1i + |0i h1| h1 | 0i + |1i h1| h1 | 1i
=
2
|0i h0| + |1i h1|
=
2
16
aqui estudar brevemente as chamadas equações de autovalor, pois a partir dela estudaremos
T̂ .
Seja a seguinte equação:
Esta equação é chamada Equação de Autovalor: nela um operador T̂ atua num vetor,
Autovalor como:
O resultado acima só é possível se a matriz dentro do parêntese (T̂ − λI) for singular, ou
espaço vetorial, a transformação escrita na base de seus autovetores ca da seguinte forma:
λ1 0 . . . 0
0 λ2 . . . 0
T̂ =
.. ..
,
.
(31)
. . . . . ..
0 0 . . . λn
Iniciamos este texto apresentando os postulados da MQ. O postulado número 2 nos diz:
mações Hermiteanas estão na base da Teoria Quântica. Podemos vericar se uma matriz
hα| T̂ |βi = hα| T̂ † |βi , (32)
para quaisquer vetores |βi , |αi. Operadores que seguem a equação acima são chamados
operadores auto-adjuntos.
hα| T̂ |αi = hα| λ |αi = λ hα | αi
hα| T̂ † |αi = hα| λ∗ |αi = λ∗ hα | αi
†
Mas: hα| T̂ |αi = hα| T̂ |αi
Portanto: λ∗ = λ
formação Hermiteana, λ seu autovalor associado a |αi: T̂ |αi = λ |αi e µ seu autovalor
associado a |βi: T̂ |βi = µ |βi, com λ 6= µ. Então:
†
hα| T̂ |βi = λ hα | βi
hα| T̂ |βi = µ hα | βi
†
Como: hα| T̂ |βi = hα| T̂ |βi
Temos: µ hα | βi = λ hα | βi
Se: λ 6= µ → hα | βi = 0
18
o espaço vetorial (eles geram espaço). Isto pode ser entendido através do Teorema
6
Espectral: Qualquer operador Normal T̂ em um espaço vetorial V é diagonal com
P
respeito a alguma base de V. Primeiro, mostramos que j P̂j = I, com P̂j = |ej i hej |
e o conjunto formado por |ej i sendo uma base ortonormal do espaço vetorial V: seja
P
|αi = i ai |ei i um vetor em V. Então:
! !
X X X X
P̂j |αi = |ej i hej | ai |ei i = ai hej | ei i |ej i
j j i i,j
Como: hej | ei i = δ i , j
!
X X X
P̂j |αi = |ej i = |αi → P̂j = I
j j j
Agora, basta mostrarmos que um operador Hermiteano T̂ pode ser escrito como: T̂ =
Pd P
j=1 λj |ej i hej |: Seja |αi = i ai |ei i → ai = hei | αi, e o operador T̂ possua um
X X X X
T̂ |αi = ai T̂ |ei i = hei | αi λi |ei i = λi |ei i hei | |αi → T̂ = λi |ei i hei |
i i i i
X. ESPAÇO DE FUNÇÕES
Até então falamos apenas de vetores e espaços (mesmo innitos) discretos. Mas em
geral (em especial na disciplina FIF364) tratamos de espaços contínuos. Como representar
todo este ferramental para espaços contínuos. Podemos, por exemplo, assumir uma postura
vetorial, então OK!, as funções se comportarão como os vetores que trabalhamos até então,
Z ∞
hg | f i = g ∗ (x)f (x)dx. (33)
−∞
6 Um operador  é dito Normal se: † = † Â, sendo assim um operador Hermiteano é também Normal.
19
Aqui temos que: g ∗ (x) é o ocmplexo conjugado da função g(x). Desejamos também
7
que as
ização:
Z ∞
|f (x)|2 dx = 1. (35)
−∞
Antes de prosseguirmos os estudos para espaço de funções em MQ, vamos realizar uma
digressão e falar um pouco sobre uma função que surge muito em nossos estudos de Física:
a função Delta de Dirac → δ(x). Escrevemos função aqui entre aspas, pois se formos
r̂
Suponha um campo vetorial ~v = r2
(coordenadas esféricas), como na Figura 5 abaixo.
r̂
FIG. 5: Uma representação do campo vetorial ~v = r2
. Em vermelho uma superfície
7 Apesar de às vezes termos funções que NÃO são quadrado integráveis. Na disciplina veremos métodos de
0 6= 4π (40)
O teorema de Gauss está errado, aconta está errada ou algo que não percebemos? O teo-
rema de Gauss está correto (ver suas notas de cálculo 3). As contas acima estão corretas.
o campo ~v , tornando assim este ponto especial de certa forma. Note que, se analisarmos
sobre o ponto onde está a fonte do campo ~v , em r→0 para este exemplo, o próprio campo
mente em 1D, depois para 3D, a generalização é direta). A função Delta de Dirac é dada
por:
∞,
se x=0 Z ∞
δ(x) = , com: δ(x)dx = 1 (41)
0,
se x 6= 0 −∞
Note que a denição acima não se enquadra no conceito de função, e por isso temos que nos
atentar ao uso da palavra função para a Delta de Dirac. Mais que isso, a denição completa
21
função de r.
da Delta de Dirac inclui a integral dela para todo o espaço ser igual a 1. A função Delta de
Dirac é sempre bem denida dentro de uma integral, mas em Física (às vezes) a utilizamos
como se fosse uma função bem comportada, pois sabemos onde estamos pisando. A Delta
de Dirac possui uma propriedade interessante: Seja uma função f (x) (bem comportada)
Podemos também denir uma Delta de Dirac deslocada como (ver Figura 7):
∞,
se x=a Z ∞
δ(x − 1) = , com: δ(x − a)dx = 1 (43)
0,
se x 6= a −∞
Neste caso:
Z ∞ Z ∞ Z ∞
δ(x − a)f (x)dx = δ(x − a)f (a)dx = f (a) δ(x − a)dx = f (a). (44)
−∞ −∞ −∞
∞,
se ~r = ~a Z
δ(~r − ~a) = , com: δ(~r)dτ = 1 (46)
0, ~r 6= ~a todo espaço
22
r̂
Voltemos agora para nosso exemplo do campo vetorial ~v = r2
. Este campo vetorial possui
campo vetorial para qualquer área a uma distância r da fonte é sempre igual a 4π , exceto
em r = 0 quando o campo vetorial explode. Ora, a função Delta de Dirac faz exatamente
∇ · ~v = 4πδ(~r), (47)
dessa forma:
Z Z Z
∇ · ~v dτ = 4πδ(~r)dτ = 4π δ(~r)dτ = 4π (48)
vol. vol. vol.
r̂
vetorial ~v = r2
. Pedimos que a pessoa se atente ao fato da discontinuidade do campo vetorial
r̂
~v = r2
em r → 0, e o que esta discontinuidade nos implicou para a introdução da Delta de
Dirac δ(x).
0
ros vetores (|α i = T̂ |αi). Em espaços de funções, as transformações lineares atuarão em
8
funções, transformando-as em outras funções (no mesmo espaço) . Um exemplo de trans-
8 Para quem quiser conferir com mais rigor, ver Teorias de Sturm-Liouville em [8].
23
d
formação linear (ou operador linear): seja T̂A = dx
atuando na função f (x) = x2 . temos:
d 2
T̂ f (x) = x = 2x = g(x). (50)
dx
Para o caso de equações de autovalor, teremos:
†
hf | T̂ |gi = hf | T̂ |gi . (52)
Portanto:
hf | T̂ |gi = hf | T̂ † |gi (54)
Z ∞
hf | T̂ |gi = f (x)∗ T̂ g(x)dx (55)
Z−∞
∞ ∗
hf | T̂ † |gi = T̂ f (x) g(x)dx (56)
−∞
Então: (57)
Z ∞ Z ∞ ∗
f (x)∗ T̂ g(x)dx = T̂ f (x) g(x)dx (58)
−∞ −∞
Como já vimos (ver [4]) através do princípio de correspondência, os operadores que rep-
T̂1 = x̂ = x (59)
~ ∂
T̂2 = p̂ = . (60)
i ∂x
A pergunta que queremos responder é: quais as autofunções dos operadores T̂1 = x̂ e T̂2 = p̂?
24
1. Operador Posição
A Equação de Autovalor é:
Ora, se λ é uma constante, devemos ter para todo x, exceto para x = λ: g(x) = 0 (reita um
pouco sobre isto). Em nossa digressão estudamos uma função com estas características,
9
ser nula para todo ponto exceto para um ponto. Portanto, temos :
~ ∂
Agora estudaremos T̂2 = p̂ = i ∂x
. A Equação de Autovalor nos diz que:
~ ∂
f (x) = µf (x) (64)
i ∂x
Portanto: (65)
iµx
fµ (x) = A exp . (66)
~
Na equação acima A é uma constante e note que µ tem unidade de momentum linear. A
iµx
função fµ (x) = A exp ~
é a autofunção do operador momentum linear p̂.
Os operadores T̂1 e T̂2 acima possuem espectro contínuo (seus autovalores). Mas as aut-
ofunções de T̂1 e T̂2 não pertencem ao espaço de Hilbert, pois não são quadrado integráveis.
9 Aqui também pedimos uma reexão, pois utilizaremos sem cerimônia a Delta de Dirac fora de integrais.
Mas os objetos importantes em MQ são os produtos internos, que por sua vez são integrais!
25
Porém, mesmo estas autofunções não sendo normalizáveis, as utilizamos normalmente pois
10
sabemos onde estamos pisando .
Agora, e se...? E se usássemos estas autofunções como base? Daí, qualquer vetor
iµx
onde hx | gλ i = δ(x − λ) e hx | fµ i = √1 exp . Sabendo que (ver [8]):
2π ~
Z
fλ∗ fµ dx = δ(λ − µ) (71)
Z
gλ∗ gµ dx = δ(λ − µ), (72)
temos que:
Z
hgλ | f i = δ(x − λ)f (x)dx = f (λ) = aλ (73)
−iµx
Z
1
hfµ | f i = exp f (x)dx = F (µ) ← Transformada de Fourier de f (x)
2π ~
Z
hgµ | f i = aλ hgµ | gλ i dλ = bµ . (74)
tulados, baseado em [4], e pedimos que a pessoa que lê já faça a ligação entre os estudos de
3. Os postulados
Exemplo: Se T̂ |φn i = an |φn i, sabemos que qualquer vetor pode ser escrito como:
P (an ) = |hφn | ψi|2 = |cn |2 .
P
|ψi = n cn |φn i, então: hφn | ψi = cn e portanto:
gn
φn | ψ 2
X
j
P (an ) = (76)
j=1
4.3 (Caso contínuo) Quando uma quantidade Física T̂ é observada num estado nor-
5. Se uma medida de uma quantidade Física T̂ é realizada num sistema que esteja no
d
i~ |ψ(t)i = Ĥ |ψ(t)i (79)
dt
onde Ĥ é o operador Hamiltoniano, associado à energia total do sistema.
h D Ei h D E i
= hψ| Â − Â Â − Â |ψi (81)
= hf | f i (82)
D E
onde denimos |f i = Â − Â |ψi.
O mesmo segue para um operador B̂ Hermiteano qualquer :
σB̂2 = hg | gi , (83)
D E
com |gi = B̂ − B̂ |ψi.
Pela desigualdade de Schwarz:
2
2 2 2 12 ∗2
|hf | gi| = |z| = < (z) + = (z) ≥ = (z) = (z − z ) , (85)
2i
onde <(z) é a parte real de z e =(z) a parte imaginária de z. Prosseguindo:
2
1 2
|hf | gi| ≥ (hf | gi − hg | f i) (86)
2i
2
2 2 1
=⇒ σ σB̂ ≥ (hf | gi − hg | f i) (87)
2i
D E D ED E D E D ED E
Mas: hf | gi = ÂB̂ − Â B̂ e hg | f i = B̂ Â − Â B̂ e portanto:
D E
hf | gi − hg | f i = [Â, B̂] , (88)
28
~
dada por
2
. É possível medir x̂ com precisão innita, ou seja, σx̂ = 0? Sim, desde que
tenhamos precisão nula com relação ao observável p̂, isto é, σp̂ → ∞. O resultado σx̂ σp̂ ≥ ~
2
observáveis não compatíveis, e não podemos encontrar autoestados simultâneos para os oper-
adores. Portanto não somos capazes (de maneira intrínseca da teoria) de realizar observações
Mas, se os operadores comutarem, isto é é [Â, B̂] = 0, os observáveis são ditos com-
patíveis e podemos realizar observações simultâneas com precisão absoluta nestes ob-
serváveis.
~
∆E∆t ≥ . (93)
2
Mas note que, na equação acima, E é a Energia do sistema, que é associada ao Operador
Hamiltoniano. Mas t é o tempo, que não é associado a operador algum. E então, a equação
29
de ∆x∆p ≥ ~/2. Por exemplo, ∆t na Equação (93) não é o resultado da medida de tempo,
mas sim o tempo necessário para que o sistema mude sua energia de uma quantidade ∆E .
Vamos tentar seguir a seguinte tática: seja um observável T̂ . Quão rápido o valor esperado
d D E d
T̂ = hψ| T̂ |ψi
dt dt
∂ ∂ T̂ ∂
= h ψ|T̂ |ψi + hψ| |ψi + hψ| T̂ | ψi (94)
∂t ∂t ∂t
Usando agora a Equação de Schroedinger:
∂ ∂ Ĥ
i~ |ψi = Ĥ |ψi =⇒ |ψi = −i |ψi (95)
∂t ∂t ~
Temos:
d D E Ĥ ∂ Ĥ
T̂ = hi ψ|T̂ |ψi + T̂ + hψ| T̂ | − i ψi
dt ~ ∂t ~
d D E i D E ∂
T̂ = [Ĥ, T̂ ] + T̂ . (96)
dt ~ ∂t
Analisando esta equação:
∂ T̂
• Se T̂ não depende do tempo explicitamente:
∂t
= 0, então:
d D E iD E
T̂ = [Ĥ, T̂ ] (97)
dt ~
• Se T̂ não depende do tempo, e também comutar com Ĥ , isto é, se: [Ĥ, T̂ ] = 0, então
d D E
T̂ = 0 (98)
dt
Se chamarmos ∆E = σĤ e:
D E
σT̂ d
∆t = D E → σT̂ = T̂ ∆t (100)
dtd T̂ dt
De fato, podemos entender a Eq. (101) como o intervalo de tempo necessário para que o
números.
Observação2: Para simplicar notação e também posteriormente, você pode usar: |h1 i =
|φ1 i ; |h2 i = |φ2 i ; |h3 i = |φ3 i.
(b) Encontre os autovalores e autovetores normalizados (escritos na base {|φ1 i , |φ2 i , |φ3 i})
de Ĥ, Â, B̂ .
31
DICA: Tente escrever os vetores |a1 i , |a2 i , |a3 i , |b1 i , |b2 i , |b3 i em função de
(i) Indique quem são explicitamente cada autovalor e cada autovetor normalizado
DICA: Este item (i) é apenas para INDICAR os autovetores e autovalores com
a nomenclatura:
|a1 i , |a2 i , |a3 i, etc. Por exemplo: autovalor h1 = 1, autovetor
1
|h1 i = |φ1 i = 0. Isso pode facilitar para os demais itens.
0
(ii) No estado ψ(0), qual a probabilidade de encontramos os autovalores h1 , h2 e h3 ,
numa medida de Ĥ ?
(g) Suponha uma medida de  em |ψ(0)i em que se obtêm o autovalor a1 . Qual o estado
XV. REFERÊNCIAS
[1] BALLENTINE, Leslie E. Quantum mechanics: a modern development. World Scientic Pub-
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[4] COHEN-TANNOUDJI, Claude et al. Quantum Mechanics (2 vol. set). 2006.
[5] AMARAL, B., BARAVIERA, A. T., TERRA CUNHA, M. O. Mecânica Quântica para