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Manual de Formação

Curso: Técnicos de contabilidade


UFCD: 0568 – Imposto sobre o valor
acrescentado (IVA)
50H
Nome do Formador: Margarida Mendes

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Introdução

Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação
de curta duração nº 0568 – Imposto sobre o valor acrescentado (IVA), de
acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

Contabilizar e preencher declarações e inerentes obrigações decorrentes da


sujeição ao imposto sobre valor acrescentado.

Conteúdos Programáticos

Características do imposto
• Imposto geral sobre o consumo
• Imposto plurifásico não cumulativo
• Método de funcionamento do imposto. Neutralidade do imposto
• IVA e o princípio do destino

Incidência
• Incidência real ou objectiva
• Incidência pessoal ou subjectiva
• Localização das operações tributárias
• Localização das prestações de serviços
• Os serviços relacionados com imóveis
• Transporte intracomunitário de bens

Isenções

Valor tributável

Taxas

Direito à dedução e apuramento do imposto

Reembolsos

Os sujeitos passivos mistos

Obrigações declarativas

Regimes especiais

Regime do IVA nas transações intracomunitárias (RITI)

Duração: 50h

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Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

1. Características do imposto
O IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado foi aprovado pelo Decreto-Lei nº.
394-B/84, de 26 de dezembro e foi lançado, em Portugal, por duas razões
fundamentais:

• A adesão de Portugal à UE, uma vez que o imposto obedece à estrutura


da 6ª. Diretiva da UE;

• Interesses de ordem económica, uma vez que este imposto gera


maiores receitas para o Estado do que o anterior Imposto de
Transações. O Imposto de Transações incidia, na fase das vendas
efetuadas pelos grossistas aos retalhistas e era, portanto, um imposto
monofásico.

1.1. Imposto geral sobre o consumo


O IVA é um imposto sobre o valor acrescentado porque cada um dos agentes
económicos, desde o fornecedor de matérias ou/e produtor ao retalhista,
entregam ao Estado o montante resultante da aplicação do imposto ao valor
que acrescentaram ao produto.

O Iva não sai do bolso de cada um dos agentes económicos que transacionam
o produto, mas do consumidor final que suporta e paga o IVA, sendo, portanto,
um imposto sobre o consumo.

São dois os diplomas-base que regem o IVA: o Código do IVA e o RITI -


Regime do IVA nas Transmissões Intracomunitárias.

1.2. Imposto plurifásico não cumulativo


O imposto repercute-se sobre o consumidor final porque funciona através do
mecanismo das deduções ou do crédito de imposto, que se processa da
seguinte forma:

1º. Cada um dos agentes que transaciona bens ou serviços, tem de liquidar
imposto sobre o preço de venda dos bens ou dos serviços prestados.

IVA Liquidado (IVA sobre o preço de venda dos bens ou dos serviços)

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2º. Cada um dos agentes que transaciona bens ou serviços tem direito a
deduzir o IVA suportado nas aquisições.

IVA dedutível (IVA suportado nas aquisições)

3º. Cada um dos agentes económicos entrega ao Estado a diferença entre o


IVA liquidado e o IVA dedutível.

IVA Liquidado – IVA Dedutível = IVA a entregar ao Estado

Regra geral do IVA:

Só as operações tributadas dão direito à dedução, assim, só quem liquida IVA


nas operações efetuadas tem direito a deduzir o IVA suportado nas aquisições.

1.3. Método de funcionamento do Imposto. Neutralidade do


imposto
Num determinado subsector da atividade económica, efetuaram-se as
seguintes transações relativamente a determinado produto, em euros:

Intervenientes no circuito:

Produtor

Compra Venda IVA Liquidado IVA dedutível Entregas ao Estado

---------- 1000,00 1000,00 x 23% --------------- 230,00 – 0 = 230,00


= 230,00

Armazenista

Compra Venda IVA Liquidado IVA dedutível Entregas ao Estado

1000,00 2000,00 2000,00 x 23% 1000,00 x 23% 460,00 – 230,00 =


= 460,00 = 230,00 230,00

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Retalhista

Compra Venda IVA Liquidado IVA dedutível Entregas ao Estado

2000,00 3000,00 3000,00 x 23% 2000,00 x 23% 690,00 – 460,00 =


= 690,00 = 460,00 230,00

Total das 230,00 +


entregas ao 230,00 +
Estado 230,00 =
690,00

O Consumidor final que compra por 3 000,00 €, paga ao retalhista 3 000,00€ x


23% = 690,00 €.

Conclusão:

Cada um dos agentes económicos entrega ao Estado o montante


de 230,00 € de IVA, que corresponde à aplicação da taxa do
imposto sobre o valor acrescentado ao produto;

Cada agente económico entrega ao Estado a diferença entre o


montante de IVA recebido do cliente e pago ao fornecedor;

O total das entregas, que perfaz 690,00 €, corresponde ao


montante do IVA suportado e pago pelo consumidor final ao
retalhista quando adquiriu o produto;

Para a cobrança do IVA, o Estado substituiu-se pelos agentes


económicos situados a montante dos contribuintes.

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Ficha de trabalho1

1.4. IVA e o princípio do destino


De acordo com o princípio do destino, o IVA é devido no local de consumo dos
bens ou serviços. Por outro lado, o imposto não deve ser custo para os agentes
económicos, mas sim para os consumidores finais.

Por vezes, o facto de uma dada operação de compra e venda de bens ocorrer
entre sujeitos passivos de Estados-membros diferentes ou de países diferentes
não significa que lhe sejam aplicáveis as regras das transações
intracomunitárias ou das exportações/importações.

Entre agentes económicos que sejam sujeitos passivos de IVA e se apresentem


como tal, nomeadamente, com o devido registo no Sistema de Intercâmbio de
Informações sobre o IVA (VIES), a regra é que as transmissões de bens
determinem que a incidência em imposto sobre o valor acrescentado ocorra no
Estado-membro de destino, sendo este imposto autoliquidado pela entidade
adquirente. No Estado-membro de origem é aplicada uma isenção de IVA.

Mas, para uso destas regras não basta que a operação ocorra entre sujeitos
passivos de Estados-membros diferentes, é necessário comprovar a expedição
dos bens de um Estado-membro para outro. Para que o fornecedor possa aplicar
a isenção na origem deve estar em condições de provar o circuito físico dos
bens, ou por ser este a fazer o transporte, ou porque contratou um transitário
para o fazer em seu nome, ou porque obteve do adquirente cópias dos
documentos de transporte, ou declaração deste do destino a dar aos bens.

No âmbito da delimitação territorial desta sujeição, serão incluídas na mesma


regra das transações intracomunitárias operações que não envolvem
transmissão de propriedade, e/ou que não ocorrem entre entidades jurídicas
distintas.

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É o caso do envio de bens para o território de outro Estado-membro, por parte
de um sujeito passivo de IVA para as suas necessidades. Assim, quando, por
exemplo, uma empresa portuguesa envia bens para outro país para aí executar
uma prestação de serviços, há isenção de IVA na origem e sujeição a este
imposto no destino. Isto, quer se trate de matérias-primas ou de equipamentos,
exceto, quanto a estes últimos se houver reexpedição para o território nacional
após a execução do serviço.

Outra situação que começa também a ocorrer com frequência é o sujeito passivo
centralizar as suas operações usando um armazém noutro Estado-membro para
acolher as mercadorias que adquire nos vários países. As entradas de bens
nesse Estado-membro provenientes de outros países comunitários são tratadas
como aquisições intracomunitárias com autoliquidação de IVA às taxas aí
vigentes, sendo que no Estado de origem deve tratar-se a operação como
transmissão intracomunitária, e ainda que estejamos apenas perante a remessa
de mercadorias de um armazém para outro.

Para o agente económico detentor dos bens, tal implica o registo em IVA no
Estado-membro onde o armazém está situado e o cumprimento das obrigações
inerentes: liquidação do imposto, entrega de declarações, etc. Em futuras
vendas, o enquadramento em IVA terá de fazer-se considerando-se como
origem das mercadorias o país onde o armazém está localizado.

2. Incidência
(Capítulo do CIVA nos artigos 1º a 8º)

Trata-se da fase do imposto em que é feita, pela lei, a definição geral e abstracta
dos actos ou situações sujeitas a imposto e das pessoas sobre quem recai a
respectiva prestação. Pode ser considerada:

→ Real ou objetiva (o que está sujeito a imposto);

→ Pessoal ou subjetiva (quem está sujeito a imposto).

2.1. Incidência real ou objectiva


De acordo com o artigo 1.º do CIVA, os factos ou situações que estão sujeitas
a imposto sobre o valor acrescentado, são:

o As transmissões de bens;

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o As prestações de serviços;

o As importações de bens;

o As aquisições intracomunitárias.

Realizadas a título oneroso no território nacional por um sujeito


passivo do imposto agindo como tal.

Transmissão de bens – as transferências onerosas de bens corpóreos por


forma a corresponder ao exercício do direito de propriedade, sendo
como tal consideradas: a energia, o gás, o calor, o frio e similares.

Prestação de serviços – as operações efetuadas a título oneroso que não


constituam transmissões de bens, aquisições intracomunitárias ou importações
de bens.

Importação de bens – os bens oriundos de países terceiros (não pertencentes


à UE), passam pela alfândega e o IVA vai incidir sobre o valor da fatura,
acrescido dos direitos aduaneiros e despesas acessórias, sendo pago no ato
do desembaraço alfandegário.

Aquisições intracomunitárias – os bens oriundos de países da UE não


passam pela alfândega e o IVA sobre o valor de fatura é simultaneamente
liquidado e dedutível pelo adquirente, sendo objetivo de uma mera operação
contabilística.

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2.2. Incidência pessoal ou subjetiva

O artigo 2.º do CIVA, refere que são sujeitos passivos do imposto, as pessoas
singulares ou colectivas que:

o Exerçam actividades de produção, comércio ou prestação de


serviços, de modo independente ou com carácter de
habitualidade;
o Pratiquem uma só operação, de modo independente;
o Realizem importações de bens;
o Efectuem operações intracomunitárias;
o Em fatura, mencionem indevidamente o IVA.

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2.3. Localização das operações tributárias e das prestações
de serviços
A localização das operações vem referida no artigo 6º do CIVA que consagra o
princípio da territorialidade.

Princípio da territorialidade refere que a lei fiscal do Estado apenas abrange


os factos e situações que ocorram no território desse estado e os rendimentos
que aí forem adquiridos.

Foi referido que o IVA funciona com base no princípio do país de destino.
Porque não com base no do país de origem? - Acontece que as normas
comunitárias obrigam à “base única”, mas não a taxas de imposto idênticas.
Caso se optasse pela tributação no país de origem, a distorção nas trocas
internacionais aconteceria por força da diferença de taxas de imposto entre os
países.

Aqueles que praticassem taxas mais reduzidas nos bens suscetíveis de


exportação exerceriam o seu financiamento em detrimento de terceiros,
afetando assim a neutralidade do comércio internacional que havia sido uma
das razões principais da adoção do imposto.

Para criar condições de concorrência absolutamente neutras no mercado


comum é indispensável a existência de um sistema unitário de impostos sobre
o consumo, com estruturas idênticas e taxas muito próximas senão mesmo
unificadas.

Diferentes taxas dos impostos de consumo influem de modo distinto na procura


de produtos idênticos em tal mercado. Importa então, para evitar que as
condições de concorrência na Comunidade não sejam falseadas, que os custos
da produção e a rentabilidade dos capitais investidos também não sejam
influenciados pela fiscalidade de modo diferente nos diversos países, só assim
haverá neutralidade. Uma tributação direta menos elevada num país que
noutro é uma subvenção, inaceitável ao Mercado Comum.

2.4. Os serviços relacionados com imóveis


De acordo com a Diretiva IVA, e com o Código do IVA, o lugar das prestações
de serviços relacionadas com bens imóveis, incluindo os serviços prestados
por peritos e agentes imobiliários, a prestação de serviços de alojamento no
setor hoteleiro ou em setores com funções análogas, tais como campos de
férias ou terrenos destinados a campismo, a concessão de direitos de
utilização de bens imóveis e serviços de preparação e coordenação de obras

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em bens imóveis, tais como serviços prestados por arquitetos e por empresas
de fiscalização de obras, é o lugar onde está situado o bem imóvel.

2.5. Transporte intracomunitário de bens


As operações assim definidas localizam-se/tributam-se no local de partida do
transporte. Quando o destinatário for um não sujeito passivo do IVA, os
serviços de transporte intracomunitário de bens serão tributáveis no território
nacional se o lugar de partida for em Portugal, e não tributados quando a
partida ocorrer fora de Portugal.

3. Isenções
As isenções podem classificar-se em:

▪ Isenções simples – o sujeito passivo não líquida IVA nas suas


operações mas também não pode deduzir o imposto que suporta nas
suas aquisições; Exº Serviços ligados à saúde.
- Isenções nas operações internas (art.º 9º a 12º)
- Isenções nas importações (art.º 13º)
- Outras isenções (art.º 15º) – bens em regime de suspensão

▪ Isenções completas ou taxa “0” – o sujeito passivo não líquida IVA


nas suas operações mas pode deduzir o imposto suportado nas suas
aquisições.
- Exportações (art.º 14º com art.º 20º)
- Transmissões intracomunitárias (art.º 14º do RITI com art.º 19º do
RITI)
- Outras (art.º 15º)

Renúncia à isenção – Artigo 12.º do CIVA

As isenções simples são penalizantes para o sujeito passivo, pois não podendo
deduzir o imposto das suas aquisições vai repercutir esse valor no preço de
venda.

Assim, é concedida a opção pela sujeição a imposto às seguintes atividades:

-Prestações de serviços médico-sanitários efetuadas por estabelecimentos


hospitalares privados;
- Locação e transmissão de imóveis;
- Atividades agrícolas, silvícola e pecuária;
- Prestações de serviços que têm por objeto a formação profissional;
-Serviços de alimentação e bebidas fornecidas pela entidade patronal aos seus
empregados.
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Declaração de início de
O direito de opção atividade
é exercido

Declaração de alterações,
caso a opção seja posterior
ao início de atividade
Consequências da renúncia

Produz efeitos na data de Obriga a uma permanência durante


apresentação da respetiva declaração um período de, pelo menos, 5 anos

Outras isenções – Artigo 15.º do CIVA

As isenções constantes do artigo 15.º reportam-se aos bens:


1 - Que são introduzidos ou que se encontram nas chamadas “zonas francas”;
2 - Às transmissões de bens que se consideram sujeitas a regimes aduaneiros
suspensivos.

Estas isenções constituem uma suspensão do pagamento do imposto,


enquanto os bens se mantiverem nos regimes suspensivos, sendo tributados
quando entrarem definitivamente no território nacional ou forem exportados,
sendo que no último caso, o imposto é devido no país de destino.

Tanto estas isenções como a maioria das isenções das exportações deverão
ser comprovadas através de documentos aduaneiros – quando se registar a
intervenção dos Serviços Aduaneiros, - ou de declarações emitidas pelos
adquirentes dos bens ou dos serviços.

Estão ainda abrangidas pelo sistema das isenções:

- As transmissões de triciclos, cadeiras de rodas, com ou sem motor,


automóveis ligeiros de passageiros ou mistos para uso próprio de deficientes
– Decreto-Lei n.º 103-A/90, de 22 de março.

- As transmissões de bens alimentares, a título gratuito, para serem distribuídos


a pessoas carenciadas, efetuadas a instituições particulares de solidariedade
social e a organizações não governamentais sem fins lucrativos.

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Ficha de trabalho 2

4. Valor tributável
Artigos 16.º e 17.º do CIVA

Transações internas

O valor tributável das transmissões de bens e das prestações de serviços


sujeitas a imposto é o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente,
do destinatário ou de um terceiro.

O valor tributável é o valor dos bens ou dos serviços sobre o qual irá incidir a
taxa do imposto.

O valor tributável inclui os impostos, direitos ou taxas e outras imposições,


bem como as despesas acessórias.
Do valor tributável são excluídos os juros de mora, os descontos, abatimentos
e bónus concedidos, bem como as quantias respeitantes a embalagens que
não tenham sido efetivamente transacionadas.

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5. Taxas
No continente, e de acordo com o artigo 18.º do Código do IVA, temos:

 a taxa reduzida de 6%;

 a taxa intermédia de 13%;

 a taxa normal é de 23%.

Relativamente às operações que, de acordo com a legislação especial,


se considerem efectuadas nas Regiões Autónomas:

• dos Açores, as taxas serão respetivamente de 4%, 9% e


16%(18% até junho/21).

• da Madeira serão de 5%, 12% e 22%.

Para as importações, transmissões de bens e prestações de serviços


constantes da lista I anexa ao CIVA, aplica-se a taxa reduzida.

Para as importações, transmissões de bens e prestações de serviços


constantes da Lista II anexa ao Código do IVA, aplica-se a taxa
intermédia.

Ficha de trabalho 3

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6. Direito à dedução e apuramento do IVA
Nos termos do artigo 20.º do Código do IVA, o exercício do direito à dedução é
possível quando o imposto a deduzir tenha incidido sobre bens adquiridos,
importados ou utilizados pelo sujeito passivo com vista à realização das
operações que conferem o direito à dedução.

As operações que conferem direito à dedução são as seguintes:

- Transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a imposto e dele não


isentas;

- Exportações e operações isentas nos termos do artigo 14.º;

- Operações efetuadas no estrangeiro que seriam tributáveis se fossem


efetuadas no território nacional;

- Prestações de serviços isentas nos termos da alínea f) do n.º 1 do artigo 13.º,


cujo valor esteja incluído na base tributável dos bens importados, nos termos
da alínea b) do n.º 2 do artigo 17.º;

- Transmissões de bens e prestações de serviços abrangidas pelas alíneas b),


c), d) e e) do n.º 1 e pelos n.ºs 8 e 10 do artigo 15.º;

- Operações isentas nos termos dos n.ºs 27) e 28) do artigo 9.º, quando o
destinatário esteja estabelecido ou domiciliado fora da UE, ou que estejam
diretamente ligadas a bens que se destinam a ser exportados para países não
pertencentes à mesma UE.

O apuramento do imposto é efetuado, mensal ou trimestralmente, na


declaração periódica do imposto, consoante a situação do sujeito passivo.

• IVA mensal – o volume de negócios do ano anterior foi maior ou igual a


650 000,00€. O seu pagamento será até ao 10º dia do 2º mês seguinte a
que respeitam as operações.

• IVA trimestral – o volume de negócios do anterior foi menor a


650 000,00€. O seu pagamento será até ao 15º dia do 2º mês seguinte a
que respeitam as operações.

Exemplo do apuramento do IVA

A empresa X apresentava, em determinado mês, a seguinte situação:

IVA liquidado....................................................................... 50 000,00 €

IVA dedutível ...................................................................... 30 000,00 €


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IVA regularizações a favor da empresa ....................... 500,00 €

IVA regularizações a favor do Estado ........................... 800,00 €

Reporte do mês anterior ................................................. 2 000,00 €

IVA dedutível + IVA regularizações a favor da empresa + Excesso a


reportar do mês anterior = 30 000,00 + 500,00 +
+ 2 000,00 = 32 500,00 €

IVA a favor da empresa = 32 500,00 €

IVA liquidado + IVA regularizações a favor do Estado =


= 50 000,00 + 800,00 = 50 800,00 €

IVA a favor do Estado = 50 800,00 €

IVA a entregar/pagar = 50 800,00 - 32 500,00 = 18 300,00 €

Apuramento do IVA no Razão

- 2432 IVA Dedutível- Sempre debitada e associada às compras de mercadorias,


Ativos fixos e/ou bens e serviços efetuados pela empresa.

- 2433 IVA Liquidado- Sempre creditada e associada às vendas efetuadas pela


empresa

- 2434 IVA Regularizações- Poderá ser movimentada a débito ou a crédito,


consoante esteja relacionada com devoluções de clientes e descontos
concedidos pela empresa ou com devoluções a fornecedores e descontos obtidos
pela empresa, respetivamente, e ainda devido a erros ou omissões no apuramento do
imposto.

- 2435 IVA Apuramento- Nesta subconta iremos centralizar os saldos das subcontas
2432,2433 e 2434 e proceder ao apuramento do IVA a pagar/recuperar.

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- 2436 IVA a pagar- Esta subconta será creditada pelo valor do saldo credor da
subconta 2435.

- 2437 IVA a recuperar- Esta subconta será debitada pelo valor do saldo devedor da
subconta 2435.

O esquema de apuramento do IVA no Razão é o seguinte:

Visualizar o seguinte vídeo:

https://youtu.be/hnMR651tsPs

7. Reembolsos

Quando num determinado período existir imposto a recuperar podem ser toma-
das duas opções:

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Reporte do crédito do imposto para o
período seguinte

IVA a recuperar
 mês ou trimestre seguinte, isto é,
este crédito será abatido no
apuramento do imposto do
IVA a Recuperar
próximo período.

Pedido de reembolso do imposto

Nos casos previstos na legislação e se

houver vantagem nesse pedido.

IVA a recuperar - Artigo 22. °, n.os 1 e 5

Sempre que em determinado período o montante do imposto dedutível supere


o do imposto liquidado, o excesso será deduzido nos períodos de imposto
seguintes - reporte de crédito de imposto para o período seguinte.

Pode pedir o reembolso de Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA)


qualquer trabalhador independente ou empresa que tenha:
• crédito durante 12 meses consecutivos e valor de reembolso superior a
250 euros
• crédito superior a 3 mil euros
• crédito superior a 25 euros em caso de cessação ou mudança de
regime.

Para que seja atribuído o reembolso de IVA, o trabalhador independente ou


empresa:
• tem de ter comunicado todas as faturas emitidas nos períodos anteriores
• tem de ter indicado uma conta bancária válida de que é titular
• não pode estar em incumprimento quanto às declarações ou pagamento
de IVA
• não pode ter diferenças entre os valores comunicados e os valores
declarados do imposto liquidado e dedutível

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• não pode ter clientes ou fornecedores com Número de Identificação
Fiscal (NIF) inexistente ou que, no período a que respeita o imposto,
tenham atividade cessada.

A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) “pode exigir, quando a quantia a


reembolsar exceder € 30.000, caução, fiança bancária ou outra garantia
adequada, que determina a suspensão do prazo de contagem dos juros
indemnizatórios referidos no número seguinte, até à prestação da mesma, a
qual deve ser mantida pelo prazo de seis meses”.

De referir que os agentes económicos que apenas realizem operações de


exportações e transmissões intracomunitárias estarão sempre numa situação
de crédito sobre o Estado, uma vez que não liquidam imposto nas
transmissões e têm direito a deduzir o imposto das aquisições. Sobre este
assunto o n.°9 do artigo 22.° permite estabelecer um regime de reembolsos
mais favorável para estes agentes económicos.

Poderá, eventualmente acontecer que, embora o sujeito passivo satisfaça as


condições exigidas para o reembolso, não tenha vantagem em o pedir e opte
por fazer o reporte.

Suponhamos o seguinte caso:

Um sujeito passivo, em determinado período de apuramento, tem IVA a


recuperar e, estando nas condições exigidas, opta pelo reembolso.

O referido sujeito, no período seguinte, ao efetuar o apuramento, tem IVA – a


pagar e, como tal, é obrigado a efetuar o pagamento do IVA apurado, ficando
um largo período de tempo à espera do pagamento, por parte do Estado, do
imposto, cujo montante pediu o reembolso.

Se o sujeito em questão optasse pelo reporte, para o período seguinte,


certamente pagaria menos IVA nesse período ou até continuaria com IVA a
recuperar que poderia ser reportado para o período ou períodos seguintes.

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8. Os sujeitos passivos mistos
As entidades que exercem, em simultâneo, atividades que conferem o direito à
dedução e atividades que não conferem esse direito (designados “sujeitos
passivos mistos”) devem utilizar o método da afetação real e/ou o método
de prorata para apurar a parte do imposto que é dedutível.

Utiliza-se o regime de IVA pro-rata na situação em que um sujeto passivo


tenha duas actividades em que uma está inserido no regime normal de iva
(confere direito de dedução do IVA) e a outra está isento (não confere direito de
dedução IVA).

A percentagem é calcula através do volume de vendas do regime normal de


IVA a dividir pelo volume de negócios total. Através dessa percentagem
calcula-se o IVA que se pode deduzir.

9. Obrigações declarativas
• Declaração de início de atividade – antes do início da atividade.

• Declaração de alterações – sempre que um facto relevante considerado


na declaração de início de atividades sofreu alterações.

• Declaração de cessação – após o encerramento da atividade.

• Declaração periódica – mensalmente, até ao dia 10 do segundo mês


seguinte àquele a que respeitam as operações, ou, se o volume de
negócios anual for inferior a € 650.000, trimestralmente, até ao dia 15 do
segundo mês seguinte àquele a que respeitam as operações.

• Declaração periódica (Minibalcão Único) – deve ser entregue até ao dia


20 do mês seguinte àquele a que respeitam as operações. Esta
declaração deve ser entregue apenas pelos sujeitos passivos que
tenham aderido ao regime do Minibalcão Único para as prestações de
serviços de telecomunicações, radiodifusão e serviços prestados por via
eletrónica a particulares estabelecidos noutro Estado-Membro que não
Portugal.

• Declaração recapitulativa – até ao dia 20 do mês seguinte ao da


realização das transmissões de bens e prestações de serviços
intracomunitárias.

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• Declaração de Intrastat – até ao dia 15 do mês seguinte ao da
movimentação intracomunitárias de bens.

• Declaração anual – até ao dia 15 de julho (ou ao 15.º dia do 7.º mês
posterior à data do termo do período de tributação em sede de IRC, se
diferente do ano civil).

10. Regimes especiais


O Código do IVA prevê três regimes especiais, tendo em vista afastar das
regras gerais do imposto um número significativo de contribuintes que, pela sua
reduzida dimensão, teriam dificuldades em cumprir as obrigações declarativas
e contabilísticas impostas para a generalidade dos sujeitos passivos
enquadrados no regime normal:

- Um regime aplicável aos pequenos contribuintes em geral, denominado


Regime Especial de Isenção.(Artº53 a 59)

- Outro, aplicável exclusivamente aos pequenos retalhistas, denominado


Regime Especial dos Pequenos Retalhistas.(Artº60 a 68)

- E ainda, um regime de tributação dos combustíveis líquidos aplicável aos


revendedores. ( Artº69 a 75)

11. Regime de IVA nas transmissões intracomunitárias (RITI)

O RITI – regime do IVA nas transações intracomunitárias, aprovado pelo


Decreto-Lei 290/92 de 28 de dezembro e republicado pelo Decreto-Lei n.º
102/2008, de 20 de junho, reúne num único diploma a maior parte das normas
que regem o imposto sobre o valor acrescentado nas transações
intracomunitárias (iva intracomunitário).

Aqui são definidas as normas relativas ao tratamento das transações


intracomunitárias de mercadorias, quer as respeitantes à incidência, às
isenções e ao valor tributável, como as que dizem respeito às obrigações dos
sujeitos passivos, nomeadamente as de liquidação e de pagamento bem como
as obrigações acessórias.

Medidas de simplificação e nova declaração Recapitulativa

A Diretiva (UE) 2018/1910 do Conselho, de 4 de dezembro de 2018, alterou a


Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de dezembro de 2006 (Diretiva IVA),
no que respeita à harmonização e simplificação de determinadas regras do
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imposto em matéria de tributação das trocas comerciais entre os Estados
membros (trocas intracomunitárias), medidas designadas de “quick
fixes”.

Por sua vez, o Regulamento de Execução (UE) 2018/1912 do Conselho, de 4


de dezembro de 2018, que alterou o Regulamento de Execução (UE) nº
282/2011, de 15 de março de 2011, introduziu uma medida de simplificação
relativa à prova do transporte para efeitos da aplicação da isenção de IVA
nas transmissões intracomunitárias. Esta medida, sobre a qual foram
emitidas instruções administrativas que podem ser consultadas no Ofício-
circulado n.º 30218/2020, tem eficácia direta no ordenamento jurídico nacional,
estando em vigor desde 1 de janeiro de 2020.

No que respeita à transposição da Diretiva (UE) 2018/1910 do Conselho, que


contempla medidas de simplificação das regras aplicáveis às operações
transfronteiriças, respeitantes ao regime de vendas à consignação em
transferências intracomunitárias; às operações em cadeia; e à
importância do número de identificação para efeitos de IVA para efeitos
da aplicação da isenção nas transmissões intracomunitárias de bens.

No que respeita às vendas à consignação, a simplificação adotada implica


a alteração da declaração recapitulativa de IVA a que se referem a alínea i),
do n.º 1 do artigo 29.º do Código do IVA e a alínea c) do n.º 1 do artigo 23.º do
Regime do IVA na Transações Intracomunitárias.

https://www.facebook.com/Famatoc/videos/237625103914909/?t=4

Contabilização do IVA:

▪ O comprador deve liquidar e deduzir simultaneamente o IVA

312212 - Comp/aquisições intracomunitarias 221.x- Fornecedores c/c EU


PC PC

243212x 243312x
IVA IVA

23
▪ O vendedor faz uma venda isenta

211.x Clientes c/c - EU 711121- Vendas/transm intracomunitárias

PV PV

▪ O valor sobre o qual incide o IVA das operações intracomunitárias inclui


o valor das mercadorias discriminadas na fatura, com exclusão de
descontos e outros abatimentos.

Fichas de trabalho 4,5, …

Bibliografia

• Técnicas Administrativas – Aires Lousã , Porto Editora

• Técnicas administrativas – Ana Paula Campos, Plátano Editora

24
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