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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

GEISLAYNE MENDONÇA SILVA

DESIGN PARTICIPATIVO COM COMUNITÁRIOS DA RESERVA


EXTRATIVISTA AUATÍ-PARANÁ/AM

CAMPINA GRANDE, PB

2021
GEISLAYNE MENDONÇA SILVA

DESIGN PARTICIPATIVO COM COMUNITÁRIOS DA RESERVA


EXTRATIVISTA AUATÍ-PARANÁ/AM

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Design do Centro de
Ciências e Tecnologias da Universidade
Federal de Campina Grande em
cumprimento às exigências para obtenção
do título de Mestre em Design.

Área de concentração: Ergonomia,


ambiente e processos.

Orientador: Prof. Dr. Pablo Marcel de


Arruda Torres

CAMPINA GRANDE, PB

2021
S586d Silva, Geislayne Mendonça.
Design participativo com comunitários da Reserva Extrativista
Auatí-Paraná/AM / Geislayne Mendonça Silva. – Campina
Grande, 2021.
133 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Federal de


Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2021.
"Orientação: Prof. Dr. Pablo Marcel de Arruda Torres".
Referências.

1. Design Participativo. 2. Identidade Regional. 3. Árvores


Naturalmente Caídas. 4. Reserva extrativista. 5. Comunidades
Tradicionais. 6. Comunitários. I. Torres, Pablo Marcel de Arruda.
II. Título.

CDU 7.05:316.45(043)
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECÁRIA MARIA ANTONIA DE SOUSA CRB 15/398
GEISLAYNE MENDONÇA SILVA

DESIGN PARTICIPATIVO COM COMUNITÁRIOS DA RESERVA


EXTRATIVISTA AUATÍ-PARANÁ/AM

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Design do Centro de
Ciências e Tecnologias da Universidade
Federal de Campina Grande em
cumprimento às exigências para obtenção
do título de Mestre em Design.

Data da defesa: 26 de fevereiro de 2021

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Pablo Marcel de Arruda Torres (orientador)

Universidade Federal de Campina Grande

Profª. Drª. Julia Teles da Silva (membro interno)

Universidade Federal de Campina Grande

Profª. Drª. Claudete Catanhede do Nascimento (membro externo)

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia


Amazônidas, eu vos dedico.
AGRADECIMENTOS

Durante boa parte da minha infância morei em sítios, na zona rural de


Manaus. Minha mãe acordava de madrugada para me arrumar para a escola e meu
pai caminhava comigo por alguns quilômetros até o ponto de ônibus. Mesmo
criança eu conseguia compreender, pelo menos em parte, o empenho dos meus
pais e de outras pessoas para que eu pudesse ter acesso à educação. Aprendi a
ler por volta dos meus 4 ou 5 anos de idade, minha tia Alzira tirava tempo para me
ensinar. Dessa forma, dedico a primeira parte dos meus agradecimentos aos meus
pais, Luzenir e Geones e à minha tia Alzira.

Ao longo da minha jornada como estudante, vários professores contribuíram


para a minha formação como ser humano e como profissional. No ensino
fundamental, me apresentaram a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Durante visita à UFAM, eu me afastei dos demais e olhei para o estacionamento do
mini campus, eu estava maravilhada com aquela experiência. Ali eu decidi que
estudaria naquela universidade.

Anos depois, em 2015, eu estava na sala do Laboratório de Engenharia e


Artefatos de Madeira (LEAM), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), junto com outros colegas da minha turma de Design da UFAM. O professor
Cláudio Luiz nos indicou para participar do que veio a ser o nosso primeiro PIBIC
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica).

Naquele dia, durante a apresentação da doutora Claudete Catanhede, eu


me encontrei na pesquisa. Foi um marco na minha vida. Então quero registrar meu
profundo agradecimento aos meus professores da UFAM e a Dra. Claudete
Catanhede. Em especial a doutora Claudete, por quem tenho total admiração e
respeito. A pessoa que me acolheu no mundo da pesquisa científica enquanto eu
ainda estava na graduação. Concedeu-me uma das salas do laboratório para
estudar para a seleção do mestrado, me ajudou a conseguir alguns livros e auxiliou
minha mudança para Campina Grande.

Agradeço também ao doutor Roberto Daniel, do LEAM, que me auxiliou


durante esse processo e com outras contribuições para a realização dos trabalhos
no laboratório. Agradeço a equipe do LEAM, alunos, técnicos e pesquisadores. Em
especial ao Geam Lima, ao pesquisador Jorge Alves Freitas, Martha Brasil e a
minha amiga Jéssica Ester.

Quero agradecer a equipe do Programa Coroado, diante da coordenação da


professora Annunziata Chateaubriand, que me possibilitou a vivência em trabalhos
com comunitários e muitas experiências gratificantes.

Meu agradecimento a Luciana Cunha, que por mais de um ano, até ingressar
no mestrado, me concedeu moradia em sua casa. Isso foi de muita valia para mim,
pois na casa dos meus pais, na zona rural, não tinha internet e o transporte era
muito difícil.

Agradeço as pessoas que me apoiaram financeiramente durante o primeiro


ano do mestrado, sem bolsa. Também pude contar com a amizade e apoio de
Daniel Trindade e Josineide Lima, que muito me ajudaram no meu processo de
adaptação a Campina Grande.

Agradeço à minha turma de mestrado e aos professores do PPGDesign


UFCG, em especial ao professor Juscelino, a quem chamamos grande mestre,
professor Itamar e professora Júlia. Também agradeço a Gil, sempre nos auxiliando
e acalmando nossos corações nervosos durante o desenvolvimento do mestrado.
Não poderia deixar de agradecer ao professor Bernardo Providência pelas
contribuições para o desenvolvimento da pesquisa.

Durante a pandemia, passei por algumas mudanças bem como boa parte da
minha pesquisa. Dessa forma, agradeço a minha família que está no Maranhão,
em especial meus tios Ezequias e Mirian, e minha primas Enes e Bruna, que muito
me auxiliaram durante a pandemia e cuidaram de mim quando fui acometida pela
Covid-19 enquanto estive em São Luís.

Agradeço a orientação do professor Pablo Marcel, a participação dos


comunitários da RESEX Auatí-Paraná e apoio do ICMBio. Partes essenciais para o
desenvolvimento da pesquisa. Dessa maneira, agradeço a confiança no meu
trabalho e todo apoio prestado a mim.

Alguns nomes não foram incluídos no texto de agradecimentos, mas várias


pessoas próximas, amigos e familiares contribuíram de forma direta e indireta para
a minha formação acadêmica e pessoal, principalmente quando estive em
momentos muito difíceis, precisando apenas falar com alguém sobre o que eu
estava passando.

Por fim, e por todas essas coisas, conquistas e pessoas, eu agradeço a


Deus. Pois até aqui me ajudou o Senhor.
“Conduzir para uma produção solidária é uma
responsabilidade moral do design.”

Ana Verónica Pazmino


SILVA, Geislayne Mendonça. DESIGN PARTICIPATIVO COM COMUNITÁRIOS
DA RESERVA EXTRATIVISTA AUATÍ-PARANÁ/AM. 2021. 133 p. Dissertação.
(Programa de Pós-Graduação em Design). Universidade Federal de Campina
Grande, Paraíba, 2021.

RESUMO

A presente pesquisa objetivou relacionar ferramentas e métodos de Design,


utilização de madeira de árvores naturalmente caídas e elementos de fauna e flora
para o desenvolvimento de produtos a partir do Design Participativo com
comunitários de Reserva Extrativista. O local selecionado para a realização da
pesquisa foi a Reserva Extrativista Auatí-Paraná, cujo o território abrange os
municípios de Fonte Boa, Maraã e Japurá do Estado do Amazonas, Brasil. A partir
da compilação de artigos, livros, dissertações e teses foi realizado o levantamento
bibliográfico quanto a conceitos como tecnologia social, design participativo,
comunidades tradicionais e desenvolvimento de produtos com identidade regional,
além da utilização de árvores naturalmente caídas e manejo florestal. Com base no
referencial foram definidos os procedimentos metodológicos, divididos em dez
atividades. Foi realizada a caracterização de elementos de Fauna e Flora e de
madeiras de árvores naturalmente caídas na RESEX Auatí-Paraná. Com o
desenvolvimento da pesquisa, obteve-se como resultado a caracterização de doze
espécies concernentes à Fauna e Flora da RESEX Auatí-Paraná, caracterização
das quarenta e uma espécies de árvores naturalmente caídas com maior frequência
na área da RESEX, a identificação e classificação de métodos e ferramentas para
serem utilizadas em processos participativos de Design, e como estão fortemente
relacionados para a confecção de produtos com identidade regional por parte dos
comunitários da RESEX Auatí-Paraná. Esta pesquisa e seus resultados confirmam
a grande quantidade e qualidade de recursos materiais e visuais que podem ser
utilizados para a confecção de produtos com identidade regional e valorização de
território dentro de Reservas Extrativistas. Também aponta os desafios para a
aplicação do método tradicional de Design Participativo e a necessidade da
realização de adaptações de metodologias e triangulações de métodos.

Palavras-chave: Design Participativo. Identidade regional. Árvores naturalmente


caídas. Reserva extrativista. Comunidades Tradicionais. Comunitários.
ABSTRACT

The aim of this study was to bring together Design tools and methods, the use
of wood from naturally fallen trees and elements of fauna and flora to develop
products through Participatory Design with community members from an
Extractive Reserve. The site selected as the setting for the study was the
Auatí-Paraná Extractive Reserve, the territory of which covers the municipalities
of Fonte Boa, Maraã and Japurá in the state of Amazonas, Brazil. A bibliographic
survey was conducted of a compilation of articles, books, dissertations and theses,
considering concepts such as social technology, participatory design,
traditional communities and the development of products with regional
identity, in addition to the use of naturally fallen trees and forest management.
This frame of reference was used to define methodological procedures, divided
into ten activities. Elements of Fauna and Flora, and wood from naturally fallen
trees at RESEX Auatí-Paraná were then profiled. This research resulted in the
profiling of twelve species of Fauna and Flora of the RESEX Auatí-Paraná and
the forty-one most common species of naturally fallen trees in the area of the
RESEX. It also resulted in identification and classification of methods and tools to
be used in participatory Design processes, and how these elements can be
strongly related for community members of RESEX Auatí-Paraná to make
products with a regional identity. This research and its results confirm the great
quantity and quality of material and visual resources that can be used for the
manufacture of products with regional identity and that add value to the
territory within Extractive Reserves. It also indicates the challenges for the
application of the traditional method of Participatory Design and the need
for adaptations of methodologies and triangulations of methods.

Keywords: Participatory Design. Regional identity. Naturally fallen trees.


Extractive reserve. Traditional Communities. Community Members.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Árvore naturalmente caída ................................................................... 20

Figura 2 - Localização de Reservas Extrativistas no Estado do Amazonas, Brasil


............................................................................................................................ 21

Figura 3 - Relação entre comunidades, produtos, necromassas e o Design


Participativo ......................................................................................................... 30

Figura 4 - Modelo tradicional de Design Participativo........................................... 37

Figura 5 - Etapas básicas para pesquisas de Design Participativo ...................... 37

Figura 6 - Evolução de projetos de Design Participativo para pessoas


marginalizadas ..................................................................................................... 38

Figura 7 - A pirâmide representa um processo de Design capacitador com


resultados empoderadores .................................................................................. 41

Figura 8 - Ações essenciais para promover produtos e territórios ........................ 46

Figura 9 - Metodologia de Rosenbaum sobre Design e Território ........................ 48

Figura 10 - Principais tipos de grã ........................................................................ 52

Figura 11 - Tipos de textura da madeira .............................................................. 53

Figura 12 - Representação esquemática do tronco de uma árvore mostrando suas


diferentes regiões ................................................................................................ 54

Figura 13 - Caracterização da pesquisa............................................................... 56

Figura 14 - Fluxograma metodológico .................................................................. 58

Figura 15 - Localização da RESEX no Amazonas ............................................... 59

Figura 16 - Software on-line Adobe Color para geração de paleta de cores a partir
de imagem ........................................................................................................... 61

Figura 17 - Comparação de informações entre os trabalhos de Rocha (2010) e


Camargos et al., (2001) acerca das espécies madeireiras da RESEX Auatí-
Paraná ................................................................................................................. 63

Figura 18 - Ficha de identificação de espécie madeireira .................................... 64


Figura 19 - Amostras de espécies madeireiras .................................................... 64

Figura 20 - Banco de dados on-line do Instituto de Pesquisas Tecnológicas ....... 65

Figura 21 - Banco de dados on-line do Serviço Florestal Brasileiro ..................... 65

Figura 22 - Processo de digitalização de amostras de madeiras ......................... 66

Figura 23 - processo de lixamento de amostras de madeiras em lixadeira de


bancada ............................................................................................................... 66

Figura 24 - Triangulação entre os métodos de Bonsiepe, Krucken e Rosenbaum68

Figura 25 - Lenço Pássaros rio-grandenses ........................................................ 70

Figura 26 - Detalhes dos aspectos formais, textura e paleta de cores a partir do


Biribá ................................................................................................................... 71

Figura 27 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Taquari 72

Figura 28 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Tatu


Canastra .............................................................................................................. 73

Figura 29 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Sagui-


cara-suja .............................................................................................................. 74

Figura 30 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Tracajá 75

Figura 31 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Camaleão


............................................................................................................................ 76

Figura 32 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do peixe


Flamengo ............................................................................................................. 77

Figura 33 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do peixe


Pirarucu ............................................................................................................... 78

Figura 34 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir da Arraia ... 79

Figura 35 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Acará-


disco .................................................................................................................... 80

Figura 36 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Sovi ..... 81

Figura 37 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Cauré... 82


Figura 38 - Classificação das espécies madeireiras a partir do padrão de cores de
Pereira (2013) ...................................................................................................... 85

Figura 39 - Quantidade de imagens de madeira obtida em cada uma das fontes


utilizadas .............................................................................................................. 98

Figura 40 - Madeiras classificadas em relação a densidade básica ................... 100

Figura 41 - Madeiras classificadas em relação ao tipo de grã ............................ 101

Figura 42 - Madeiras classificadas em relação a textura .................................... 101

Figura 43 - Metodologia proposta por Hussain................................................... 103

Figura 44 - Adaptação da metodologia de Hussain et al., (2012) ....................... 104

Figura 45 - Síntese dos métodos de Bonsiepe, Krucken e Rosenbaum ............. 105

Figura 46 - Escamas do peixe Pirarucu ............................................................. 109

Figura 47 - Mesa de centro a partir de necromassas e características da escama


de pirarucu ......................................................................................................... 110

Figura 48 - Painel semântico com as espécies mais populares da região norte do


Brasil.................................................................................................................. 111

Figura 49 - Mesa de centro com características formais da arara vermelha ...... 112

Figura 50 - Relação entre comunidades, produtos, necromassas e o Design


Participativo ....................................................................................................... 113
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Unidades de Conservação (UC) – Amazônia .................................... 21

Quadro 2 - As três perspectivas do Design Participativo ..................................... 33

Quadro 3 - Abordagens de envolvimento do usuário ........................................... 34

Quadro 4 - Principais ferramentas para aproximação do usuário ........................ 35

Quadro 5 - Modos de participação no Design e suas ferramentas, técnicas e


métodos ............................................................................................................... 35

Quadro 6 - Aspectos que podem levar a desafios em projetos de Design


Participativo ......................................................................................................... 39

Quadro 7 - Pré-requisitos para a prática da cocriação ........................................ 40

Quadro 8 - Conjunto de conceitos acerca de identidade ..................................... 42

Quadro 9 - Modos de materialização da identidade do Design ........................... 44

Quadro 10 - Ações e questões-chave para promoção de produtos locais ........... 46

Quadro 11 - Conteúdo das observações e reflexão das anotações da pesquisa


qualitativa ............................................................................................................ 55

Quadro 12 - Variáveis da Pesquisa ..................................................................... 60

Quadro 13 - Lista de espécies de Árvores Naturalmente Caídas na Reserva


Extrativista Auatí-Paraná ..................................................................................... 83

Quadro 14 – Lista de madeiras de árvores caídas da RESEX Auati-Paraná


conhecidas comercialmente ................................................................................. 99

Quadro 15 - Relação de métodos e ferramentas para o processo participativo de


Design ............................................................................................................... 102
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAPA – Associação Agro Extrativista Auati Paraná

DAP – Diâmetro à Altura do Peito

DP – Design Participativo

ha – Hectare

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

LAIM – Laboratório de Anatomia e Identificação de Madeiras

LEAM – Laboratório de Engenharia e Artefatos de Madeira

RESEX – Reserva Extrativista

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UC – Unidade de Conservação

UCs – Unidades de Conservação


SUMÁRIO

CAPÍTULO I ........................................................................................................ 19
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 19
1.1 QUESTÃO DA PESQUISA ............................................................................ 25
1.2 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 25
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 25
1.4 JUSTIFICATIVAS .......................................................................................... 25
1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 27
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 28

CAPÍTULO II ....................................................................................................... 29
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 29
2.1 TECNOLOGIA SOCIAL E DESIGN PARTICIPATIVO................................... 30
2.1.1 Tecnologia Social ..................................................................................... 31
2.1.2 Design Participativo.................................................................................. 32
2.2 IDENTIDADE, CULTURA E COMUNIDADES TRADICIONAIS .................... 42
2.3 ARVORES CAÍDAS, DESIGN E PESQUISA ................................................ 49
2.3.1 Caracterização de madeiras amazônicas ................................................ 50
2.3.2 Interação entre Design, comunidade e meio ambiente .......................... 54

CAPÍTULO III ...................................................................................................... 56


3 METODOLOGIA ............................................................................................... 56
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA ........................................... 56
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 57
3.2.1 Local, população e amostra da pesquisa ................................................ 58
3.2.2 Definição de Variáveis .............................................................................. 60
3.2.3 Ferramenta e procedimentos de coleta de dados .................................. 60
3.2.3.1 Caracterização de elementos da fauna e flora ..................................... 60
3.2.3.2 Caracterização das espécies de árvores caídas naturalmente........... 62
3.2.3.3 Identificação e classificação de métodos e ferramentas de Design .. 67
3.2.5 Análise de Dados ...................................................................................... 68
CAPÍTULO IV ...................................................................................................... 69
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 69
4.1 Caracterização de elementos da fauna e flora ........................................... 69
4.1.1 Composição Florística: Biribá e Taquari ................................................. 71
4.1.2 Categoria Mastofauna: Tatu Canastra e Sagui-cara-suja ....................... 73
4.1.3 Categoria Herpetofauna: Tracajá e Camaleão ........................................ 75
4.1.4 Categoria Ictiofauna comestível: Flamengo e Pirarucu ......................... 77
4.1.5 Categoria Peixes ornamentais: Acará-disco e Arraia ............................. 79
4.1.6 Categoria Aviufauna: Sovi e Cauré .......................................................... 81
4.2 Caracterização das espécies de árvores caídas naturalmente ................ 83
4.3 Identificação e classificação de métodos e ferramentas de Design ...... 102
4.4 Relação entre ferramentas e métodos de Design, árvores naturalmente
caídas e elementos da fauna e flora ............................................................... 107
5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 114
5.1 Desdobramentos da Pesquisa .................................................................. 115
REFERÊNCIAS .................................................................................... 116
APÊNDICE A – Plataformas para pesquisa ....................................... 129
APÊNDICE B – Classificação de Necromassas ................................ 130
APÊNDICE C – Banco de dados sobre Espécies Madeireiras ......... 131
ANEXO A – Termo de Anuência ......................................................... 132
ANEXO B – Autorização para atividades com finalidade científica . 133
19

CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

A Amazônia legal é formada pelos Estados brasileiros Acre, Amazonas,


Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão.
Sendo caracterizada como heterogênea, em um único hectare é possível encontrar
cerca de 130 espécies arbóreas distribuídas de forma desigual na floresta
(HIGUCHI et al., 2012). Nessa região, a exploração madeireira ocorre de forma
desordenada, resultando em graves desmatamentos. A estimativa da taxa de
desmatamento divulgada por INPE (2019) para os nove estados da Amazônia Legal
Brasileira é de 9.762 km² para o período de agosto de 2018 a julho de 2019. Nessa
região, a indústria madeireira é uma das atividades mais importantes,
representando 10% da economia local. Entretanto, diversas populações sofrem
com a pobreza, apesar da abundância de recursos disponíveis para a atividade
extrativista (CAVALCANTI et al., 2012; MORAES et al., 2018).

Apesar do desmatamento, dados apontam que a mesma quantidade de


árvores em pé (árvores vivas) liberadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para exploração por parte da
indústria madeireira corresponde à quantidade de árvores naturalmente caídas na
floresta, denominadas necromassas. Segundo Freitas (2017, p. 15), “em florestas
naturais, a necromassa é encontrada em abundância na forma de árvores mortas
em pé, troncos caídos e galhos grossos”. Rocha (2010) e Silva (2013) identificaram
que muitas dessas árvores encontram-se em boas condições de uso, podendo ser
20

inseridas na cadeia produtiva, desde que sejam respeitados os limites de extração


da floresta (FIGURA 1).

Figura 1 - Árvore naturalmente caída

Fonte: autora, 2021.

Há a mensuração e inclusão de árvores naturalmente caídas no inventário


florestal de outros países. Mas a avaliação do potencial de utilização de madeira
provenientes das mesmas ainda é limitado, pois são poucas as informações
geradas. Em algumas localidades brasileiras, existe regulamentação para uso de
tal matéria-prima com fins preestabelecidos, como é o caso do Paraná, onde a
madeira é utilizada para fins energéticos por meio da incineração. Na Bahia, os
cacauicultores a utilizam na fabricação de móveis e construções de instalações
(NASCIMENTO et al., 2011).

Tratando-se de Unidades de Conservação, a utilização de necromassas está


dentro do conceito de Reservas Extrativistas (RESEX). Estas são unidades de uso
sustentável onde a exploração de recursos madeireiros para fins comerciais é
permitida (NASCIMENTO et al., 2011). Apesar de haver controvérsias na
implementação de Unidades de Conservação, Queiroz (2005, p. 01) sustenta que
“elas são uma importante medida de proteção e conservação da biodiversidade em
tempos de grande ameaça”. Na área compreendida como Amazônia legal ou
Amazônia brasileira, existem diversas Reservas Extrativistas, sendo seis apenas
no Estado do Amazonas, como exposto no Quadro 1 e Figura 2.
21

Quadro 1 - Unidades de Conservação (UC) – Amazônia

UC ESTADO UC ESTADO
Resex Mapuá Pará Resex do Cazumbá-Iracema Acre
Resex Rio Jutaí Amazonas Resex do Lago do Capanã Grande Amazonas
Resex Riozinho da
Acre Resex do Médio Purus Acre
Liberdade
Resex Verde para Sempre Pará Resex do Rio Cajari Pará
Resex Araí-Peroba Pará Resex do Rio do Cautário Rondônia
Resex Arapixi Acre Resex do Rio Ouro Preto Rondônia
Resex Arióca Pruanã Pará Resex Extrativista de Ciriaco Pará
Resex Auati-Paraná Amazonas Resex Ipaú- Anilzinho Pará
Resex Barreiro das Antas Rondônia Resex Ituxi Acre
Resex Chico Mendes Acre Resex Lago do Cuniã Rondônia
Resex de Gurupá-Melgaço Pará Resex Marinha Cuinarana Pará
Resex do Alto Juruá Acre Resex Marinha Mestre Lucindo Pará
Resex do Alto Tarauacá Acre Resex Marinha Mocapajuba Pará
Resex do Baixo Juruá Amazonas Resex Médio Juruá Amazonas
Resex Quilombo do Flexal Maranhão Resex Renascer Pará
Resex Rio Iriri Pará Resex Rio Unini Amazonas
Resex Rio Xingu Pará Resex Riozinho do Anfrísio Pará
Resex Tapajós-Arapiuns Pará Resex Terra Grande Pracuúba Pará
Fonte: adaptado de ICMBio (2019).

Figura 2 - Localização de Reservas Extrativistas no Estado do Amazonas, Brasil

Fonte: adaptado do Google Maps, 2019.


22

Dentre essas, a RESEX Auatí-Paraná, presente no Estado do Amazonas,


Brasil, foi homologada pelo decreto de 07 de agosto de 2001 junto ao ICMBio com
apoio do IBAMA, CNPT e outras organizações e lideranças. Esta abrange um total
de 18 comunidades com cerca de 269 famílias, onde há uma quantidade
significativa de árvores naturalmente caídas com potencial tecnológico para serem
utilizadas na confecção de produtos. Além dessa RESEX, outras também
receberam capacitação comunitária por meio do INPA e ICMBio (ROCHA, 2010).
Na RESEX Auatí-Paraná, atividades de estudo vêm sendo realizadas desde agosto
de 2007, quando foi realizado o inventário florestal e o levantamento
socioambiental. A partir de 2007 várias outras atividades foram realizadas
(NASCIMENTO, 20191):

• Em maio de 2008, foram definidas as regras de convivência;


• Estudos do INPA, com índice de custo-benefício para produção de pequenos
objetos de madeira, indicadores da quantidade de madeira caída e
sociogênese foram realizados na RESEX no período 2008/2009;
• Em novembro de 2009, foi realizado um curso de marchetaria para os
comunitários em Manaus, na sede do INPA;
• Entre junho de 2010 a agosto de 2011, aconteceu a aprovação de projetos,
principalmente da Associação Agro Extrativista Auati Paraná (AAPA); e a
• Construção e finalização da oficina escola no período agosto/2011 –
agosto/2012.

Diante da possibilidade de uso de tais árvores, comunitários de Auatí-Paraná


buscaram, juntamente com a liderança da associação comunitária, retomar as
atividades da oficina de marchetaria presente em uma das comunidades da
reserva, com a intenção de fazer uso das madeiras oriundas de árvores
naturalmente caídas.

A inserção do Design em meio às atividades dos comunitários para o


desenvolvimento de produtos se faz necessária a partir de processos participativos,
uma vez que a possibilidade de haver uma transformação social da comunidade

1 Claudete Catanhede do Nascimento, comunicação pessoal.


23

por meio do design reside muito mais na maneira como o mesmo se relaciona com
o meio à sua volta do que nas formas que atribui a um determinado artefato. Dessa
forma, a comunidade age como co-autora e não como mera receptora das
alterações propostas por um designer (CARDOSO, 2008).

Em um contexto de inovação social, o papel do design é revisto a partir de


um novo entendimento, de modo que os atores sociais precisam estar ativamente
envolvidos, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologia social local passível
de ser aplicada às demais comunidades da RESEX Auatí-Paraná e RESEX da
região amazônica. O efeito inovador de uma Tecnologia Social não precisa ser de
fato algo inédito, pois seu sucesso consiste mais em sua capacidade de aplicação
em outros locais e de difundir-se (MONTEIRO e WAGNER, 2008; FONSECA,
2010).

A motivação para essa pesquisa surgiu em 2015. Enquanto graduanda do


curso de Design da Universidade Federal do Amazonas, fui convidada, juntamente
com outros colegas, a participar de uma seleção para o Programa de Iniciação
Científica nas dependências do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –
INPA. Em meio ao desenvolvimento das pesquisas, nos foram apresentados
diversos projetos realizados no interior do Amazonas, inclusive as atividades que
vinham sendo realizadas com comunitários da Reserva Extrativista Auatí-Paraná.

Em 2016, foi realizada uma reunião na qual comunitários da RESEX


solicitavam a continuação do desenvolvimento de produtos. Dessa forma, em abril
de 2018 uma equipe foi designada pela coordenação do Laboratório de Engenharia
e Artefatos de Madeira – LEAM para ir até a localidade objetivando realizar ações
que viessem a pôr em prática o que foi passado aos comunitários anteriormente
durante a capacitação deles pelo INPA, averiguar a situação da oficina, realizar
revisão das máquinas e ferramentas, confeccionar produtos buscando avaliar o
trabalho em equipe, o entendimento acerca de Design e o nível de habilidade
quanto à utilização das máquinas, de modo a nortear a continuidade do projeto. A
ida até a RESEX Auatí-Paraná em 2018 foi financiada pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo INCT Madeiras da Amazônia
(Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCT).
24

A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética do Hospital


Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande em
março de 2020, sob o CAAE: 28836719.6.0000.5182 e também recebeu
autorização para ser realizada com os comunitários da RESEX Auatí-Paraná do
ICMBio por meio do SISBIO. Entretanto, com o agravamento da pandemia da
COVID-19, a pesquisa teve seus objetivos adaptados. Originalmente, dois dos
objetivos consistiam em realizar imersão na comunidade e oficinas de Design
Participativo, mas não puderam ser realizados por conta do risco de contaminação
pelo contato social devido à pandemia.

Mas o contato via telefone com a comunidade não foi perdido, antes, o
projeto continua em andamento, a partir do grupo de pesquisa Desenvolvimento
Tecnológico de Produtos de Madeiras do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia – INPA e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), apenas aguardando uma melhora no quadro da pandemia para que os
resultados obtidos com essa pesquisa possam ser implementados
presencialmente.
25

1.1 QUESTÃO DA PESQUISA

A pesquisa visa responder à seguinte questão: quais métodos e ferramentas


de Design podem auxiliar comunitários da RESEX Auatí-Paraná a desenvolver
produtos com identidade regional, utilizando madeira de árvores naturalmente
caídas a partir do Design Participativo?

Tanto a questão da pesquisa quanto seus objetivos foram desenvolvidos em


observação aos trabalhos de Costa, Costa e Andrade (2014) e Santos (2018).

1.2 OBJETIVO GERAL

Relacionar ferramentas e métodos de Design, utilização de madeira de


árvores naturalmente caídas e elementos de fauna e flora para o desenvolvimento
de produtos a partir do Design Participativo com comunitários de Reserva
Extrativista.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1 – Caracterizar elementos da fauna e flora da RESEX Auatí-Paraná para


servir de base para o Design de novos produtos;

2 – Caracterizar as espécies de árvores caídas naturalmente na RESEX


Auatí-Paraná quanto às características gerais das madeiras;

3 – Identificar e classificar métodos e ferramentas de Design que auxiliem o


desenvolvimento de produtos em oficinas de Design Participativo.

1.4 JUSTIFICATIVAS

A presente pesquisa se baseia na relação entre tecnologia social, pesquisa


e comunidade, tendo como elo o Design. É importante salientar o interesse de
outras áreas, além do Design, em desenvolver tecnologia social para várias
localidades. Conforme Silva e Faria (2010, p. 65):

nos últimos anos, houve significativo aumento no número das iniciativas


socioeconômicas coletivas que visam promover a cooperação ativa entre
trabalhadores ou produtores autônomos e familiares, nas áreas urbanas e
rurais, para viabilizar atividades de produção, de prestação de serviços,
de crédito, de comercialização e de consumo.
26

Dessa forma este trabalho se justifica por diversos aspectos, mas destacar-
se-á as justificativas social, científica e ambiental.

Além de toda a motivação advinda dos comunitários e a disposição de


matéria-prima e infraestrutura para o seu desenvolvimento, a realização dessa
pesquisa justifica-se pela escassez de produtos com identidade regional no
contexto do Design do Estado do Amazonas. Há o interesse de que os produtos
gerados pelos comunitários venham a ser portadores de características locais que
remetam principalmente à comunidade da RESEX Auatí-Paraná.

A pesquisa está baseada no fator de caráter social, buscando operar por


meio do Design Participativo, visando contribuir para a promoção da autonomia da
comunidade objeto de estudo. Essa questão dá-se não somente por fatores
econômicos, mas por mudança de perspectiva de vida através do trabalho em
equipe e formulação de planos para o desenvolvimento local em conjunto. A
tecnologia social pode ser desde a solução de um problema envolvendo questões
de saneamento básico até geração de renda através da economia solidária.
Contribui assim para que os comunitários permaneçam na RESEX mantendo vivas
as tradições e conhecimento acerca da natureza local e a floresta em pé.

Justifica-se ainda por ser de cunho científico e ambiental, apoiando a


propagação da utilização do Design Participativo, no assistir comunidades e demais
localidades com problemas e situações carentes de soluções de Design. A mesma
também contribui para a validação da utilização de resíduos florestais provenientes
de árvores caídas, uma vez que o destino atual desses resíduos é a produção de
energia através da incineração.

A partir dos resultados dessa pesquisa, é possível que sejam gerados


subsídios para que a madeira de árvores naturalmente caídas passe a ter seu uso
regularizado junto ao CONAMA e IBAMA; pois, até o momento, a Resolução
CONAMA vigente, número 474, de 6 de abril de 2016, alterada pela Resolução
484/2018, Art. 5º 22 define:

Resíduo da Indústria Madeireira para fins de aproveitamento industrial:


aparas, costaneiras e outras peças de madeira resultantes do
beneficiamento da indústria da madeira, devidamente identificados por
espécie, destinados ao aproveitamento em peças de madeira e não
passíveis de utilização para produção energética.
27

1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

A pesquisa está delimitada à elaboração de coletânea de ferramentas e de


métodos que possam ser usados no desenvolvimento de produtos em RESEX,
utilizando madeira de árvores naturalmente caídas e identidade regional a partir do
Design Participativo. Tem-se como variáveis os seguintes aspectos:

1. Cor, textura, grã, cerne, alburno, densidade

2. Cor e forma de elementos de fauna, flora

3. Níveis de imersão, envolvimento de atores sociais

O método adotado é o “Design Science”, pois, segundo Lacerda et al.,

(2013) apud Santos (2018, p. 76):

enquanto problemas de pesquisa de ordem exploratória, descritiva ou


explanatórios enfatizam o estudo de problemas, explicando o mundo real
de maneira retrospectiva, a abordagem “prescritiva” da Design Science
enfatiza a proposição e avaliação iterativa de soluções.

Sendo de natureza básica e aplicada, com abordagem qualitativa, seus


objetivos são concernentes a uma pesquisa descritiva. Quanto aos procedimentos
é uma pesquisa bibliográfica, dentro da linha teórica socioconstrutivista e postura
filosófica de ordem fenomenológica (VERGARA, 1998). Faz parte dos seguintes
grupos de pesquisa:

• Desenvolvimento Tecnológico de Produtos de Madeiras, Instituto Nacional


de Pesquisas da Amazônia – INPA, área de Recursos Florestais e
Engenharia Florestal.
• Design & Inovação, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, área
de Inovação Social.

A metodologia da pesquisa é abordada no capítulo III, levando em


consideração sua classificação e procedimentos metodológicos.
28

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO


29

CAPÍTULO II

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O esquema apresentado na Figura 3 norteia toda a pesquisa. Dessa forma,


para a construção do referencial teórico levou-se em consideração o tipo de
comunidade da RESEX Auatí-Paraná (comunidade tradicional) e como esta se
relaciona com a utilização de madeira de árvores naturalmente caídas
(necromassas) para a confecção de produtos, além da utilização de Identidade
Regional e da forma de atuação do Design como elo e mediador em meio ao
processo.

A inserção do Design Participativo traz a inclusão de identidade regional nos


produtos a serem gerados, influenciando na forma como os comunitários passarão
a enxergar a matéria-prima utilizada e eles mesmos como atores sociais envolvidos
na pesquisa. Alguns dos autores citados ao longo deste capítulo valem-se da
palavra usuário, mas, levando em consideração o contexto no qual está inserida a
presente pesquisa, adotou-se atores sociais em partes da escrita.
30

Figura 3 - Relação entre comunidades, produtos, necromassas e o Design Participativo

Fonte: autora, 2021.

2.1 TECNOLOGIA SOCIAL E DESIGN PARTICIPATIVO

Parte das pessoas tem a visão de que o designer está ligado à criação de
produtos ou serviços de luxo e beleza, pois é entendido como gerador da aparência
formal de produtos, ligado à ‘bela forma’ e à arte (FORNASIER, 2004). Bonsiepe
(2011) corrobora esta afirmação ao dizer que “o Design, na opinião pública, se
identifica com envoltórios; a carcaça de um computador; o corpo de uma lapiseira;
a armação de um par de óculos”. Isto se configura como uma compreensão restrita
diante do fato de que a principal função do designer é facilitar a realização das
atividades básicas humanas por meio da criação de produtos, sistemas e
comunicação, contribuindo para a melhoria dos aspectos ergonômicos e visuais,
atendendo a quesitos como conforto, segurança e satisfação dos usuários.

O designer pode atuar ainda como agente de transformação social com


ferramentas que o levam a ser capaz de incentivar novos comportamentos,
apresentando soluções criativas às mais diversas situações (FORNASIER, 2004;
ROSA, 2013; MELO e SILVA, 2016). Na contemporaneidade, o Design pode ser
31

percebido a partir da perspectiva a qual se aplica ao campo da inovação social,


assemelhando-se à Tecnologia Social (BERGMANN e MAGALHÃES, 2017).

2.1.1 Tecnologia Social

Partindo do pressuposto de que a Tecnologia Social tem como um de seus


princípios o fato de que todo indivíduo pode ser um multiplicador de conhecimento,
baseado na participação dos atores sociais em todo o processo, o Design está em
constante transformação e quanto a isso, Monteiro e Wagner (2008, p. 4) sustentam
que:

o papel do Design em um contexto de inovação social requer, portanto,


um entendimento fundamentalmente novo para o processo de Design,
sendo atualmente necessário o envolvimento mais ativo de atores
relacionados com o ambiente social e sua subjetividade.

Conforme Schwab e Freitas (2016), Tecnologia Social (TS) “é um fenômeno


que compreende artefatos e processos criados para atender aos problemas
enfrentados por grupos sociais”. O movimento de TS comporta a necessidade de
desenvolver tecnologias, da concepção à aplicação, de modo a gerar a inclusão
social de forma efetiva e promover o desenvolvimento econômico-social e
ambientalmente sustentável (FONSECA, 2010). É importante destacar que a TS é
algo a ser desenvolvido conforme o contexto a qual irá ser inserida, levando em
consideração a ação participativa dos atores sociais interessados. O local tem um
papel fundamental no estudo, pois é uma maneira de aprender sobre as relações
das pessoas entre si e dentro de seu ambiente (PINTO, PINTO e KIPÖZ, 2016).

A TS surge como um melhoramento de tecnologias anteriores. Entre as


décadas de 1960 e 1970, houve uma proliferação de concepções tecnológicas
denominadas tecnologias apropriadas. A ideia era fazer basicamente uma
transferência de tecnologia, por meio das multinacionais, entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento. Essa forma de atuação em prol dos
menos favorecidos recebeu várias críticas na época e logo o movimento perdeu
força. Mas ressurgiu sob a denominação de Tecnologias Sociais em consequência
das mazelas existentes em termos de exclusão social e degradação ambiental
(FONSECA, 2010; RODRIGUES e BARBIERI, 2008).
32

Schwab e Freitas (2016) destacam formulações quanto ao conceito de TS,


onde a mesma se configura como um conjunto de técnicas e metodologias
transformadoras apresentando três princípios:

1. aprendizagem e participação;

2. transformação social; e

3. todo indivíduo é um multiplicador de conhecimentos.

O conceito e as práticas da tecnologia social estão inseridos no contexto da


construção de Política de Ciência e Tecnologia que resulte em inclusão social por
meio da promoção do desenvolvimento sustentável. Atores sociais/usuários2 e
designers atuam juntos em um processo de Design Participativo. A partir dessa
relação, os designers podem obter informações relevantes quanto às reais
necessidades desses atores sociais, uma vez que há a participação dos mesmos
durante o desenvolvimento do projeto.

2.1.2 Design Participativo

Entre as décadas de 1970 e 1980, surgia na Escandinávia o Design


Participativo (DP) a partir da motivação de um compromisso marxista de capacitar
democraticamente o trabalhador a assumir o controle sobre seu trabalho. Nessa
metodologia, o Design é pesquisa, tendo o Design Participativo sua própria
orientação metodológica baseada na pesquisa-ação e pesquisa participativa
(SPINUZZI, 2005; HUSSAIN et al., 2012).

Ao levantar o questionamento se o Design participativo (DP) é uma coleção


de ferramentas e técnicas, um conjunto de métodos ou uma mentalidade, Sanders
(2013) propõe que o DP assume essas três perspectivas de acordo com a
necessidade de aplicação, conforme o Quadro 2.

2
O termo usuários é utilizado por alguns autores citados ao longo do texto, mas não cabe no
contexto da pesquisa. Portanto, adotou-se a expressão atores sociais para fazer menção aos
comunitários da Reserva Extrativista envolvidos no processo de Design Participativo.
33

Quadro 2 - As três perspectivas do Design Participativo

Essa é a mais ampla e de longo alcance das três perspectivas e a que tem
DP como uma
maior potencial de ter um impacto positivo na vida das pessoas. É mais útil e
mentalidade
eficaz no início do processo de desenvolvimento do design.

DP como Nessa perspectiva o DP funciona como uma coleção de ferramentas e


método técnicas que são frequentemente comparadas a outras coleções de métodos.

Essa perspectiva descreve o uso do DP como apenas mais uma opção na


DP como uma
caixa de ferramentas de todas as ferramentas e técnicas que podem ser
ferramenta ou
usadas nos processos de design, desenvolvimento, marketing e/ou
técnica
distribuição.
Fonte: adaptado de Sanders (2013).

A abordagem do Design Participativo é muito defendida para aplicação no


desenvolvimento de soluções para grupos sociais marginalizados e
economicamente vulneráveis, procurando trazer para o centro do processo criativo
as pessoas servidas pelo Design, mas não é limitada apenas a essas questões,
sendo bastante utilizada por grandes corporações (HUSSAIN et al., 2012; SILVA,
2012). Para a aplicação do DP em meio a situações fora do contexto das grandes
corporações, onde a inovação segue o modelo de baixo para cima, pois começa
nas pessoas, é necessário atenção aos aspectos humanos, financeiros, sociais,
culturais e religiosos dos envolvidos, pois estes fatores impactam o
desenvolvimento e resultados da pesquisa (HUSSAIN et al., 2012; GAUDIO et al.,
2014; TORRES, 2017).

O Design Participativo apresenta diversos benefícios quanto ao


envolvimento dos atores sociais, como o melhoramento da aprendizagem e
compreensão das partes envolvidas, além da combinação e integração de várias
ideias. Isso acontece porque cada participante é dotado de conhecimento que
provém de natureza empírica ou científica, com a função de valorizar os atores
sociais fazendo uso de ferramentas que estimulem a expressão de suas reais
necessidades. Ainda, o tipo e o nível de envolvimento de atores sociais no
desenvolvimento da pesquisa devem ser considerados. Quanto a isso, Kujala
(2003) aponta para os métodos qualitativos como uma abordagem promissora a
ser realizada em campo para estudar usuários e suas atividades.
34

Quadro 3 - Abordagens de envolvimento do usuário

DESIGN CENTRADO DESIGN DESIGN


ETNOGRAFIA
NO USUÁRIO PARTICIPATIVO CONTEXTUAL

Participação Aspectos sociais Contexto do


ÊNFASE Usabilidade
Democrática de trabalho trabalho

Análise de tarefas,
Investigação
MÉTODOS Prototipagem, Workshops, Observação,
contextual,
TÍPICOS Avaliação de Prototipagem Análise de vídeo
Prototipagem
usabilidade
Fonte: adaptado de Kujala (2003).

Dentre essas abordagens, a etnografia está relacionada ao Design


Participativo. Dessa forma, segundo Kujala (2003), a etnografia descreve as
atividades e culturas humanas com foco em seus aspectos sociais, tendo como
principais características o fato de ocorrer em ambientes naturais, ser baseada no
princípio do holismo, onde comportamentos particulares devem ser entendidos
dentro do respectivo contexto. Sanders (2013) propõe que ao serem atendidas pelo
DP, as pessoas passam a não ser mais vistas como usuários, clientes ou
consumidores, mas passam a ser vistas como especialistas acerca de seus
próprios modos de viver e trabalhar. A presença de intervenções na percepção e
contexto do problema é importante para obter resultados mais eficazes, sendo um
compromisso em relação à inclusão e ao poder dado aos participantes da ação
(CHEVA e LUGLI, 2018; STEEN et al., 2011; PINTO et al., 2016).

Para Pinto, Pinto e Kipöz (2016), é importante destacar que o conceito de


Co-Design reúne diversas práticas de Design contemporâneo, como meta-design,
design social, entre outras formas envolvendo a participação dos usuários no
projeto de Design. O Co-Design 3é uma lógica que está no centro de um processo
de Design mais democrático, aberto. Esta abordagem parte da afirmação de que
as pessoas que irão receber algum tipo de interferência do Design possam
participar ativamente, contribuir durante todo o processo de forma democrática,
rompendo, dessa maneira, barreiras culturais, profissionais e tradicionais. De
acordo com Torres (2017), o processo de DP facilita a compreensão da realidade

3
Co-Design, Cocriação e Design Participativo possuem nomenclaturas diferentes, mas a aplicação
é similar. Os envolvidos participam totalmente do processo.
35

das pessoas e incentiva a ideia de criatividade coletiva. O Co-Design surge como


uma concepção de artefatos elaborados em visão compartilhada, levando em conta
que todos os envolvidos no processo de Design têm diferentes perspectivas e
expectativas (DAVID e CANTONI, 2015).

Segundo Dervojeda et al., (2014), a cocriação é uma abordagem


revolucionária de Design na qual uma multidão de partes interessadas está
ativamente envolvida no processo de design, tendo vários efeitos socioeconômicos,
que transcendem os benefícios individuais do co-criador ou daquele que hospeda
a experiência de cocriação. Cheva e Lugli (2018) afirmam que as ferramentas do
DP aproximam o usuário de todas as etapas do processo e apontam como
principais as destacadas no Quadro 4.

Quadro 4 - Principais ferramentas para aproximação do usuário

Focus group um mediador lança questões em um pequeno grupo de pessoas

Imersão em contexto consiste em analisar o cotidiano dos indivíduos

Jogo de cartas técnica utilizada para captar o modelo mental dos participantes
Fonte: adaptado de Cheva e Lugli (2018).

A partir do proposto por Sanders (2013), foi possível gerar o quadro 5 com
os possíveis modos de participação no Design e as respectivas ferramentas,
técnicas e métodos separadas em cada uma das três categorias. Apesar de parecer
simplória e categórica, essa organização das ferramentas pode confundir ou até
mesmo restringir o desenvolvimento das atividades. É importante atentar para o
fato de que pesquisas dessa natureza possuem uma variável em comum que é o
não controle total sobre os resultados, uma vez que há o envolvimento de várias
partes interessadas.

Quadro 5 - Modos de participação no Design e suas ferramentas, técnicas e métodos

MODOS DE
PARTICIPAÇÃO NO FERRAMENTAS, TÉCNICAS E MÉTODOS
DESIGN

Colagens 2D usando gatilhos visuais e verbais em fundos com


cronogramas, círculos etc.
FAZER COISAS
TANGÍVEIS
Mapeamentos 2D usando componentes visuais e verbais em planos
de fundo padronizados
36

Maquetes 3D usando modelagem de espuma, argila, Legos ou Velcro

Protótipos de baixa tecnologia

Protótipos e artefatos de Design do futuro

Modelos de espaço 3D (pequena escala), como o kit de ferramentas


para casas de bonecas

Jogos de Tabuleiro, peças e regras de jogo

Adereços e caixas pretas

Modelos de espaço 3D (escala completa)

Criação de cenários nos modelos espaciais ou através de sandplay

Previsão e promulgação participativa, definindo usuários em situações


AGIR, APRESENTAR
futuras
E BRINCAR
Improvisação

Atuando, esquetes e brincar de ator

Interpretação de papéis com atores, pretendentes, bonecos, bonecas


etc.

Bodystorming e desempenho informativo

Histórias e storyboard através da escrita, desenho, blogs, wikis, fotos,


vídeo etc.

Diários e registros diários através da escrita, desenho, blogs, fotos,


vídeo etc.

Auto-observação através de fotos, vídeos, blogs, redação, desenho


etc.

Documentários e produção de filmes


FALAR, CONTAR E
EXPLICAR Experimentar cronogramas ou mapas

Espaços em papel para coletar, organizar, categorizar, reformular,


fazer um gráfico e / ou tomar decisões sobre ideias ou conceitos por
meio de brainstorming em grupo e mapeamento mental coletivo

Cartões para organizar, categorizar e priorizar ideias. Os cartões


podem conter trechos de vídeo, incidentes, sinais, traços, momentos,
fotos, domínios, tecnologias, modelos e provocações.

Pontos de votação para priorizar ideias.


Fonte: adaptado de Sanders (2013).
37

O modelo tradicional de Design Participativo (DP) parte de uma relação entre


designers, usuários e partes interessadas para um processo de cocriação. Neste
modelo, os envolvidos podem apresentar um mesmo nível de conhecimento acerca
do que será desenvolvido (FIGURA 4).

Figura 4 - Modelo tradicional de Design Participativo

Fonte: adaptado de Hussain et al., (2012).

Os diversos métodos do DP, como observações etnográficas, entrevistas e


análise de artefatos, garantem que os conhecimentos dos participantes sejam
inseridos na pesquisa. Dessa forma, a interpretação dos participantes não é apenas
uma confirmação, mas uma parte essencial do processo. Para Spinuzzi (2005) há
três etapas básicas para quase todas as pesquisas de Design Participativo, que
consistem na exploração inicial do trabalho, processos de descoberta e
prototipagem (FIGURA 5).

Figura 5 - Etapas básicas para pesquisas de Design Participativo

Fonte: adaptado de Spinuzzi (2005).

A Etapa 01 determina que os designers conheçam os usuários e se


familiarizem com as maneiras pelas quais eles trabalham juntos. Esta exploração
38

inclui as tecnologias utilizadas, mas também inclui fluxo de trabalho e


procedimentos, rotinas, trabalho em equipe e outros aspectos.

Na Etapa 02, processos de descoberta, designers e usuários empregam


várias técnicas para entender e priorizar a organização do trabalho e visualizar o
futuro local de trabalho. Esta etapa permite que designers e usuários esclareçam
os objetivos e valores dos usuários e concordem com o resultado desejado do
projeto. Este estágio é geralmente realizado no local ou em uma sala de
conferência e geralmente envolve vários usuários.

A Etapa 03, prototipagem, leva designers e usuários a modelarem diversas


vezes os artefatos tecnológicos para se ajustarem ao local de trabalho previsto no
Estágio 2. A prototipagem pode ser realizada no local ou em um laboratório, envolve
um ou mais usuários e pode ser conduzida no trabalho se o protótipo for funcional.

As etapas básicas da metodologia apresentada por Spinuzzi (2005) são


passíveis de serem aplicadas no meio corporativo e em situações nas quais as
partes envolvidas tenham condições de se relacionar em nível de conhecimento,
contribuição de soluções e manuseio de ferramentas, enquanto o modelo
alternativo defendido por Hussain et al., (2012) é voltado para locais em
desenvolvimento, conhecidos como a base da pirâmide, onde a atora expande o
modelo tradicional de Design Participativo.

Na Figura 6, temos a colaboração realizada pelos autores, de modo que, por


vezes, os designers agem como líderes ou mediadores. As linhas tracejadas
simbolizam etapas que podem não ser apropriadas para todos os projetos.

Figura 6 - Evolução de projetos de Design Participativo para pessoas marginalizadas

Fonte: adaptado de Hussain et al., (2012).


39

Ao invés de designers, usuários e partes interessadas seguirem direto para


a cocriação, Hussain et al., (2012) apresenta uma série de fatores que
impossibilitam a aplicação do modelo tradicional de DP no âmbito de sua pesquisa.
Os autores relatam que foram observadas questões como nível hierárquico social,
aspectos da cultura e dificuldades para unir usuários e partes interessadas. A
primeira barreira encontrada foi a da língua, pois o idioma dos usuários era o khmer
e o da designer e de outras partes interessadas, inglês.

Ao trazer para a realidade desta pesquisa, a língua não é uma barreira em


si, visto que as partes envolvidas têm como idioma o português, mas há em meio à
comunidade alguns jargões e palavras utilizadas de outra maneira pelos
comunitários. Também há termos técnicos e científicos utilizados pela designer e
partes interessadas que precisam ser simplificados em meio à comunicação com
os autores sociais.

Outra questão levantada por Hussain et al., (2012) é a forma como os


envolvidos são recompensados por sua participação e dedicação, uma vez que o
pesquisador, no âmbito de uma pesquisa participativa de design, não pode
presumir que os envolvidos estarão à disposição em todas as etapas. Vários
aspectos devem ser levados em consideração, sendo estes, aspectos humanos,
sociais, culturais e religiosos, financeiros e prazo, além de aspectos organizacionais
(Quadro 6).

Quadro 6 - Aspectos que podem levar a desafios em projetos de Design Participativo

CATEGORIA ASPECTOS

-Relação do designer com os participantes;


-Acesso a usuários e outras partes interessadas;
ASPECTOS
-Capacidade do participante de participar;
HUMANOS
-Barreiras de linguagem;
-Formas apropriadas de recompensar os participantes

ASPECTOS -Estruturas sociais e culturais que podem dificultar a participação dos


SOCIAIS, envolvidos em um nível igual;
CULTURAIS E -Costumes e crenças religiosas que podem afetar a disposição dos
RELIGIOSOS participantes em compartilhar opiniões
40

-Recursos financeiros disponíveis para transporte, aluguel de


ASPECTOS instalações de oficinas, contratação de tradutores, treinamento de
FINANCEIROS E participantes etc;
PRAZO
-Tempo disponível para treinar participantes e ganhar sua confiança

-O reconhecimento da importância da participação do usuário na


organização;

ASPECTOS -A disposição de alocar recursos para processos de Design


ORGANIZACIONAIS Participativos;
-A hierarquia dentro da organização que produz ou fornece o produto;
-A tradição de usar processos de Design Participativo na organização.
Fonte: adaptado de Hussain et al., (2012).

É essencial levar em consideração os aspectos sociais, culturais e religiosos,


pois implicam até na forma como os envolvidos vão dar retorno às atividades da
pesquisa. Captar como estes aspectos se relacionam entre si faz parte do
processo. Conforme Silva (2017), “aderir à co-criação (sic) requer acreditar que
todas as pessoas possuem criatividade”. Ao realizar pesquisas em países em
desenvolvimento, o objetivo dos designers não deve ser voltado apenas em
apresentar solução para um problema, mas construir a capacidade humana local
de multiplicar o conhecimento, gerando independência, de modo que as pessoas
sejam capazes de replicar a tecnologia social gerada. O Design Participativo pode
ser um processo de capacitação que tem como efeito resultados de
empoderamento (HUSSAIN et al., 2012).

Sanders (2013) afirma que existem vários pré-requisitos necessários para


apoiar e abrir o caminho para a prática da cocriação, com implicações para a
transformação da sociedade (Quadro 7).

Quadro 7 - Pré-requisitos para a prática da cocriação

A crença é acreditar que todas as pessoas são criativas e


CRENÇA participarão em um processo criativo. As ferramentas para fazer
com que as pessoas sejam motivadas para isso são essenciais.

A diversidade é um fator chave: se todos os participantes tiverem


DIVERSIDADE os mesmos antecedentes, perspectiva e opinião, o resultado
pode ser limitado e até previsível.

Definição conjunta de problemas, não apenas a solução


DEFINIÇÃO CONJUNTA DE
conjunta de problemas, é o driver no front end difuso do
PROBLEMAS
processo de design
41

Diálogo e conversação contínuos, em conjunto com workshops


DIÁLOGO E
que envolvem uma ampla gama de partes interessadas, são
CONVERSAÇÃO
necessários

EXPLORAÇÃO E USO DE A exploração e uso de ferramentas de design, materiais e


FERRAMENTAS DE métodos que colocam todos os envolvidos em um nível comum,
DESIGN são necessários

Um foco em experiências, não apenas em produtos e


FOCO EM EXPERIÊNCIAS
serviços, é necessário

FOCO EM TODA A Um foco em toda a experiência, não apenas em um episódio


EXPERIÊNCIA ou único ponto de contato, é necessário
Fonte: adaptado de Sanders (2013).

Quanto ao desenvolvimento de produtos a partir da perspectiva de


valorização das pessoas, Hussain et al., (2012) apresenta um modelo de pirâmide,
no qual um lado expõe processos de Design típicos; e o outro, ações para
empoderar psicologicamente o usuário (FIGURA 7).

Figura 7 - A pirâmide representa um processo de Design capacitador com resultados


empoderadores

Fonte: Hussain et al., (2012).


42

2.2 IDENTIDADE, CULTURA E COMUNIDADES TRADICIONAIS

A diversidade cultural do Brasil é resultado da mistura de diversas culturas


decorrentes das colonizações e migrações que ocorreram ao longo de sua história.
É importante salientar que culturas locais vêm sendo amplamente valorizadas,
diversas áreas do conhecimento discutem o resgate de suas técnicas e tradições
(PICHLER e MELLO, 2012).

Uma dessas áreas de conhecimento é o Design que, conforme Oliveira,


Marques e Guedes (2016), “está em transformação, e isso é notório nas suas
mudanças e formas de atuar”, e a partir da geração de produtos com identidade
regional, contribui para a valorização da cultura local. Em contraste com o que
Bonsiepe (2011) afirmou sobre identidade e globalização, em seu livro Design,
Cultura e Sociedade, podemos constatar, por meio da literatura e eventos voltados
para a área, que ainda continua sendo um tema bastante debatido, ocupando uma
posição de destaque no discurso do Design. O autor faz uma relação de diferentes
conjuntos de conceitos sobre o significado de identidade como pode-se constatar
no quadro 8. Para ele, identidades não são entidades escondidas em algum lugar
secreto e profundo, e sim algo que precisa ser criado.

Quadro 8 - Conjunto de conceitos acerca de identidade

1. Conjunto de Conceitos: características definidoras:

Estereótipo Duração
Substância/Essência Autenticidade
Conhecido/Desconhecido Tradição/Crenças (religião)
Segurança Cânone (valores, <clássicos>)
Constância <Nação> (unidade territorial e política)

2. Conjunto de Conceitos: Design

Reservatório de formas – stilemi Inconfundibilidade


Combinações cromáticas Materiais e sua elaboração
Patters <Exótico>
<Estilo> Artesanato

3. Conjunto de Conceitos: prática cotidiana

Fascinação pelo estrangeiro Resistência contra estrangeirização


43

Defesa contra o estrangeiro Dialética entre o próprio e o outro

4. Conjunto de Conceitos: economia/indústria

Identidade corporativa Capital simbólico


Branding Globalização
Mercado de identidade O “olhar imperial”
Logomarcas Colonização e pós-colonização

5. Conjunto de Conceitos: construção da identidade

Identidade fluida Mestiçagem


Mudança de identidade (gender swapping) O tratamento da alteridade e do Eu próprio
Identidade múltipla Transculturação

6. Conjunto de Conceitos: preservação/destruição da identidade

Dialética entre memoria/Esquecimento Manter/Destruir identidade (<memoricídio>)


Criação/Eliminação da identidade Dominação/Submissão

7. Conjunto de Conceitos: ciências da identidade

Antropologia Psiquiatria
Ciências politicas Ciências culturais
Ciências sociais Letras
Psicologia Culturalismo
Fonte: adaptado de Bonsiepe (2011).

A materialização da identidade do Design, segundo Bonsiepe (2011), pode


ser determinada por diversos fatores, como processos tradicionais de produção e
elementos decorativos, processos de produção próprios, através de uma cultura
local de produtos de reciclagem ou mediante tratamento de detalhes. Em meio a
esses fatores, um dos aspectos de maior relevância é o sentimento de
pertencimento, que contribui de forma direta para o fortalecimento da identidade,
pois conforme Varela (2017, p. 31):

O reconhecimento da nossa existência a partir de um lugar, leva-nos a


compreender que conscientemente o lugar possui a sua singularidade, ou
seja, a sua identificação. Entender este sentimento de pertença e a
relação do cidadão com a cidade é importante para entender o
desenvolvimento do lugar.

A evidência do valor da identidade, enquanto imagética, trata-se de um


conjunto de características que identifica uma comunidade e um território e que,
44

simultaneamente, o torna singular ao longo do tempo. Bonsiepe (2011) apresenta


diversos modos para a materialização de identidade, como exposto no quadro 9.

Quadro 9 - Modos de materialização da identidade do Design

GRUPO DE Em forma de um grupo de características formais ou cromáticas


CARACTERÍSTICAS (stiemi)

Na estrutura da taxonomia dos produtos, vale dizer, os tipos de


TAXONOMIA DO
produtos característicos de uma cultura, por exemplo, uma cuia de
PRODUTO
cabaça que foi criada na cultura guarani

MATERIAL E MÉTODO No uso de materiais locais e métodos de fabricação correspondentes


LOCAL

MÉTODO PROJETUAL Na aplicação de um método projetual especifico (empatia por uma


ESPECÍFICO tradição e uso desses atributos arraigados em determinada região)

NECESSIDADE Na temática (necessidade) específica do contexto


Fonte: adaptado de Bonsiepe (2011).

Conforme Ono (2009), “a cultura se encontra vinculada ao processo de


formação das sociedades humanas, numa relação simbiótica, expressando sua
linguagem, valores, gestos e comportamentos, enfim, sua identidade”. A autora
aborda a cultura como a expressão de um modo único e especifico que só pode ser
explicado dentro de seu próprio contexto, diferente de um processo universal.
Complementando ao proposto por Ono, pode-se citar Albino (2014, p. 80), que
aborda a cultura como “um conjunto vivo de ações, tratando-se de um sistema
complexo de transferência de conhecimento que produz valor”.

Há uma pluralidade de valores presentes no território que conduzem para o


fortalecimento do patrimônio cultural. No Brasil, segundo Little (2018), existe
diversidade sociocultural e fundiária extraordinária. Acerca disso, Krucken (2009,
p. 108), afirma que:

desenvolver e promover produtos e serviços com fortes associações


simbólicas e emocionais, que portem nossas raízes culturais, é um
grande desafio. A nosso favor, contamos com a grande riqueza de
recursos e de pluralidades culturais do Brasil.

A heterogeneidade fruto dessa pluralidade traduz como característica


principal da cultura a diferença, que por si é uma multiplicidade de expressões da
territorialidade humana, a qual em contraposição à homogeneidade proposta pela
globalização, busca enriquecer a convivência com o outro através das diferenças.
45

Essa é uma cosmovisão descrita por Albino (2014) sobre o Bem Viver, que diferente
da visão ocidental, se caracteriza como uma tarefa de desconstrução da meta de
progresso universal. A ideia surge de grupos tradicionais marginalizados,
principalmente grupos indígenas que buscam a construção de novas formas de vida
convivendo em comunidade (ALBINO, 2014; ONO, 2009; ACOSTA, 2016;
MALAGUTI, 2008; BONSIEPE, 2011; LITTLE, 2018).

Dessa maneira, a relação entre o Design e o artesanal (nesse caso os


saberes e formas de fazer) tem como fruto a materialização desse patrimônio, no
qual os objetos e seus significados impulsionam a construção identitária do lugar a
partir da materialização de suas características (ALBINO, 2014). Dentro desse
contexto de valorização da cultura local e identidade, Pichler e Mello (2012, p. 1)
definem Design como a

atividade responsável pela criação, inovação e invenção de artefatos que


irão compor a cultura material de determinado local, deve avaliar em seu
processo de desenvolvimento os símbolos, informações e
comportamentos da cultura no qual o produto estará inserido.

O ato de agregar valor a produtos de determinada comunidade de cultura


regional, a partir do fortalecimento e resgate da identidade local, valoriza a atuação
do designer como criador de inovações ligadas ao território e sua promoção através
de produtos e serviços (KRUCKEN, 2009). Dessa forma, o Design, segundo
Durante (2017, p. 13), “é capaz de transformar necessidades em produtos por meio
de sistemas criativos e eficazes, adequados ao ponto de vista econômico, social,
cultural e ambiental”. Para tanto, Krucken (2009) propõe uma série de ações para
a valorização de produtos locais, como pode ser observado na figura abaixo.
46

Figura 8 - Ações essenciais para promover produtos e territórios

Fonte: adaptado de Krucken (2009).

Essas ações, a partir da perspectiva do Design, além de promoverem a


valorização territorial e do produto em si, favorecem a relação entre produtores e
consumidores, apesar de que muitos designers recebem críticas quanto a sua
participação na produção artesanal e em comunidades, por existir o risco de que
os mesmos venham a impor regras e/ou soluções que rompam com o saber cultural
(SARAIVA e MORAES, 2018; CARDOSO, 2008; BONSIEPE, 2011; KRUCKEN,
2009). O quadro a seguir expõe ações e questões-chave para orientar a
identificação de oportunidade e desafios no processo de valorização de produto e
territórios.

Quadro 10 - Ações e questões-chave para promoção de produtos locais

AÇÕES QUESTÕES-CHAVE

Quais recursos e produtos do território estão fortemente associados à sua


história, economia e cultura? Quais são as características essenciais e
RECONHECER
“únicas” desses recursos e produtos? Como poderia ser descrito o “espírito
as qualidades
do território”? Quais são os elementos apreciados por moradores e visitantes
do produto e
(paisagem, arquitetura, economia, estilos de vida, folclore, história, música,
do território
pintura, produtos locais, línguas)? Quais são os principais marcadores de
identidade do território?

ATIVAR Quais são os pontos fortes e os pontos fracos do território em relação às


competências e à infraestrutura existentes? Existe um clima favorável para o
as
desenvolvimento de redes de colaboração e para inovação? Quais são as
competências
necessidades de capacitação dos atores do território? Existem possibilidades
situadas no
de interação com instituições de ensino e pesquisa no território? Como
território
47

promover oportunidades de sinergia dos atores no território? Existem


objetivos compartilhados?

Como o produto é percebido pelo consumidor? O produto é bem aceito no


mercado? É necessário redesenhá-lo ou mudar de mercado para que o seu
COMUNICAR o
valor seja potencializado? Como comunicar a identidade do produto e do
produto e o
território para consumidores que não os conhecem? Quais qualidades
território
específicas dos produtos devem ser comunicadas? Qual é a imagem
percebida do território? Como aproximá-la de sua identidade real e desejada?

Qual é o nível de consciência coletiva em relação à gestão dos recursos e dos


produtos? Qual é o nível de percepção da identidade do território? As pessoas
PROTEGER
sentem orgulho de fazer parte dele? Quais são os espaços de transmissão da
a identidade identidade cultural e territorial (museus, associações, feiras etc.)? Existem
local e o ações para sensibilizar e informar sobre o território e seus produtos e
patrimônio serviços? O patrimônio material é preservado? Como é utilizado pela
material e comunidade? O patrimônio imaterial é preservado? Quais modos de produção
imaterial e rituais específicos do território? A imprensa e as rádios locais apoiam a
valorização e o desenvolvimento do território? Quais são os parceiros
necessários para a realização de ações de promoção do território?

Qual o perfil do consumidor dos produtos? Quais valores são compartilhados


pelos produtores e pelos consumidores dos produtos? Quais são os possíveis
impactos da promoção do território? Quais são as formas de intermediação
mais favoráveis para comercializar e distribuir os produtos? Quais são as
APOIAR a estratégias, instrumentos e atores que podem dar visibilidade ao território?
produção local Existem mecanismos financeiros e de apoio técnico ao desenvolvimento de
novos negócios no território? Existem mecanismos financeiros e de apoio
técnico ao desenvolvimento tecnológico da produção local? Existem
possibilidades de cooperação com outros territórios para a transferência de
tecnologia e de conhecimento?

Caso a produção do território seja ampliada, existe suporte para que os


PROMOVER
recursos sejam explorados de forma sustentável e se mantenha a qualidade
sistemas de
do produto e dos processos de produção? Existe suporte político para
produção e de
inovação? É possível estabelecer relações de confiança entre os produtores
consumo
e os consumidores? O consumidor que visitou o território tem intenção de
sustentáveis
voltar a visitá-lo e consumir seus produtos?

DESENVOLVER Quais são as vocações do território? Os serviços existentes no território


novos produtos atendem às necessidades de seus moradores? De que forma poderiam ser
e serviços que melhorados? O território é facilmente acessível para visitação? Existem
respeitem a estruturas e serviços de qualidade para receber turistas? Quais novos
vocação e produtos e serviços podem ser desenvolvidos a partir dos recursos e das
valorizem o competências do território?
território

Quais são as redes internas (por exemplo: organização entre produtores) e


externas (por exemplo: integração de cadeias de valor) existentes? As redes
existentes permitem reter valor agregado aos produtos e serviços localmente?
CONSOLIDAR Os produtos são facilmente acessíveis aos consumidores? Quais redes
redes no podem ser fortalecidas ou desenvolvidas a partir dos recursos e das
território competências do território? Em que nível as possibilidades tecnológicas em
relação ao desenvolvimento de redes e comunicação são exploradas?
Existem ações para promover a conectividade do território? A imprensa e as
rádios locais apoiam a valorização e o desenvolvimento do território?
Fonte: adaptado de Krucken (2009).
48

Em comparação com as ações propostas por Krucken (2009), Rosenbaum


(2019) apresenta uma metodologia com etapas semelhantes para a valorização de
produtos e territórios (FIGURA 9).

Figura 9 - Metodologia de Rosenbaum sobre Design e Território

Fonte: adaptado de Rosenbaum (2019).

A partir do exposto sobre a relação entre Design, identidade regional e


valorização de cultura, é importante dissertar acerca de comunidades tradicionais
na Amazônia. As populações dessa região convivem com a natureza há milênios,
passando de uma geração a outra as tradições e conhecimentos adquiridos,
sempre respeitando a relação homem e natureza. Todas as atividades, tenham
essas a ver com a produção de alimentos, artesanato, transporte ou comunicação,
de certa forma, constituem-se como tecnologias sociais (GOMES, AGUIAR e
BATISTA, 2010). Quanto a esse repasse realizado de geração para geração,
Feitosa (2017, p. 21) afirma que “o conhecimento tradicional repassado de geração
a geração [...] são parte da identidade e cultura de comunidades que vivem
ancestralmente em seus territórios.”

Mesmo com o aumento significativo das iniciativas socioeconômicas, a


exclusão social é visível em comunidades ribeirinhas do Amazonas. Entretanto, a
compreensão de que existe relação entre a problemática da exclusão social, ciência
e tecnologia, pode desencadear a redução das mazelas e desigualdades, a partir
de intervenção com intuito de desenvolver tecnologia social, observando não
apenas o produto em si, mas todo o processo organizacional para realizá-la
(FONSECA, 2010).

A respeito da utilização dos espaços onde habitam essas comunidades, há


a necessidade de proteger a relação entre o meio ambiente e as pessoas. Para
49

tanto, existem diversas Unidades de Conservação (UC) na região amazônica, o que


gera debates sobre os malefícios e benefícios da criação de UCs (FRANCO, 2017).
Como pode ser observado no discurso de Queiroz (2005, p. 01):

A necessidade de utilização dos ambientes protegidos e de seus recursos


naturais pelas populações que habitam a Amazônia deixam claro que as
unidades de conservação de proteção integral, por mais necessárias que
sejam, nem sempre consistem na melhor estratégia para proteger boa
parte da biodiversidade que se encontra em áreas de ocupação tradicional
ou em áreas de alta densidade populacional humana. Na tentativa de
viabilizar este aparente dilema, algumas formas recentes e alternativas de
gestão e manejo de unidades de conservação de uso sustentado,
particularmente na Amazônia, têm produzido grandes resultados nos
últimos quinze anos.

Em contraste com o exposto por Queiroz (2005), Little (2018) apresenta uma
realidade em que os povos tradicionais enfrentam diversos obstáculos para o
reconhecimento de suas áreas de ocupação para realização de atividades
extrativistas, como a pesca e coleta de castanha. Apesar das divergências de
opiniões quanto à criação de Unidades de Conservação, uso dos recursos do
território e as populações tradicionais, Vasconcelos (2018, p. 14) afirma que “a
promoção de atividades que conciliem desenvolvimento econômico, qualidade de
vida e preservação ambiental é uma busca constante das equipes gestoras.”

2.3 ARVORES CAÍDAS, DESIGN E PESQUISA

Segundo a engenharia florestal e ambientalista, o manejo florestal é um


conjunto de princípios, técnicas e normas que permite organizar as ações
necessárias para ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e
a sua eficiência, para uso sustentável dos recursos madeireiros e não madeireiros
da floresta, visando manter uma boa relação entre o desenvolvimento econômico e
a conservação de recursos naturais (CARNEIRO FILHO et al., 2004; LOCONTE,
2018).

Dessa forma, dada a crescente pressão pela demanda nacional e


internacional por madeiras de uso industrial (HUMMEL, 1997), soluções são criadas
visando combater e diminuir o desmatamento. Dentre elas, destaca-se o manejo
florestal sustentável que, de acordo com Hummel (1997), possui o dever de
combater a exploração irracional e ilegal da madeira, além de fomentar estratégias
de desenvolvimento.
50

Outra solução que visa à redução do índice de desmatamento é a utilização


de madeira proveniente de árvores naturalmente caídas, por apresentar baixo
impacto ambiental. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA) realizaram diversas pesquisas envolvendo as RESEX do Estado do
Amazonas, onde Rocha (2010) abordou o uso de árvores naturalmente caídas em
unidades de conservação, mostrando o potencial tecnológico das madeiras para a
confecção de produtos.

Existe uma forte relação entre a utilização de necromassas e a criação de


unidades de conservação (UC), pois, conforme Carvalho (2019, p. 13), essa criação
de UCs no Brasil objetiva a conservação da diversidade biológica in loco e o
ordenamento dos usos dos recursos naturais. A utilização desses recursos naturais
exige um controle para evitar a exploração predatória. Entretanto, ainda com a
implantação do manejo sustentável na RESEX Auatí-Paraná, onde foram
realizados inventários florestais, identificando por meio de GPS várias espécies de
árvores caídas, e foi realizado um levantamento socioeconômico das comunidades,
há a identificação de descarte de resíduos madeireiros que poderiam ser
transformados em produtos.

O manejo florestal para o uso da madeira de árvores naturalmente caídas


contribui para a diminuição do impacto causado ao meio ambiente por conta da
exploração desregrada, mas ainda assim é necessário observar a quantidade de
resíduos madeireiros provenientes de processamento mecânico dessas árvores.
Quando não há um planejamento para a utilização de tais resíduos, os mesmos
são descartados de forma incorreta ou são apenas incinerados (CARVALHO,
2018).

2.3.1 Caracterização de madeiras amazônicas

Uma única madeira pode ter diversos nomes (descritos como vulgar, comum
ou vernacular), como é o caso da violeta, que também é conhecida como pau-roxo,
roxinho e outros nomes, dependendo da região. Dessa forma, para identificar e
caracterizar espécies madeireiras de forma mais precisa, é importante observar a
forma como as espécies são nomeadas e os dois grandes grupos em que são
classificadas.
51

A nomenclatura botânica adotada atualmente faz uso do sistema de


classificação binomial, ou seja, são utilizadas duas palavras para compor o nome
da espécie: a primeira refere-se ao gênero e a segunda ao epíteto4. As mesmas
são escritas em itálico, utilizando o idioma latim. O gênero pode ser utilizado sem o
epíteto, mas o epíteto só tem sentido se utilizado junto ao gênero. O nome da
espécie pode ser acompanhado pelo nome do autor que descreveu primeiramente
a planta, como no exemplo: Peltogyne catingae Ducke (nome cientifico da espécie
madeireira violeta, supracitada). De modo que Peltogyne é o gênero (escrito em
itálico com a primeira letra sempre em maiúsculo e o restante em minúsculo), e
catingae é o epíteto (escrito em itálico e sempre em minúsculo), e Ducke é o autor
(PEREIRA, 2013; MELO e CAMARGOS, 2016).

Os dois grandes grupos são Angiospermas – do grego angi = envelope e


sperma = semente, plantas nas quais os óvulos contam com a proteção de flores e
frutos, e Gimnospermas – do grego gumnos = nu e sperma = semente, plantas com
óvulos sem a proteção de flores e frutos (PEREIRA, 2013). Dessa maneira, cada
espécie pertence a um gênero e grupos de gêneros similares a uma família e às
famílias, por sua vez, são arranjadas em ordens (MELO e CAMARGOS, 2016)

Além do nome cientifico, as características gerais ou sensoriais e


organolépticas das madeiras são propriedades que propiciam a identificação e
classificação de espécies madeireiras. As principais são a grã, cheiro, sabor,
textura, densidade, brilho, cor, desenho ou figura, cerne e alburno. Para a
realização de identificação de espécies madeireiras, Coradin e Camargos (2002, p.
27) apresentam os seguintes procedimentos:

Identificar a madeira sempre recém aplainada; verificar o estado de


conservação e umidade da amostra e se ela foi submetida ou não a algum
tratamento; certificar se a amostra foi retirada do cerne ou do alburno
(brancal); considerar a procedência do material; verificar, previamente, o
nome comum pelo qual a espécie é comercializada; considerar as
características marcantes da espécie; analisar os caracteres gerais (cor,
peso, cheiro, figura, etc.); analisar os caracteres macroscópicos (usar lupa
de 10x de aumento); promover a análise geral, comparando todas os
dados encontrados; proceder nova análise se encontrar dados não

4
É uma palavra que acompanha outra e entra em uso comum, utilizada para qualificar ou
caracterizar. Não tendo sentido quando utilizada sozinha.
52

compatíveis com a espécie suposta; e encaminhar a um laboratório de


anatomia de madeira as amostras que não foram identificadas em campo.

Dessa forma, a partir de Pereira (2013, p. 73), IBDF/DPq-LPF (1988, p. 25),


Melo e Camargos (2016, p. 33), Freitas e Vasconcelos (2019, p. 47) tem-se o
exposto a seguir:

Grã – termo empregado para observar a direção ou paralelismo dos


elementos celulares verticais da madeira em relação ao eixo longitudinal do tronco.
A grã tem influência decisiva na qualidade da madeira serrada, nos defeitos, na
estabilidade dimensional, na resistência mecânica de peças fletidas e no
arqueamento. A grã pode ser classificada em: direita, cruzada (revessa), inclinada,
helicoidal e ondulada, direita à revessa, direita e revessa, direita à ondulada, direita
e ondulada. Entretanto, os principais tipos são: direita, revessa e inclinada (FIGURA
10).

Figura 10 - Principais tipos de grã

Fonte: Coradin e Camargos (2002).

Cheiro – o cheiro pode ser classificado em: imperceptível, perceptível,


característico, desagradável e agradável. Sempre comparando a odores
conhecidos, pode ser observado em amostras de madeiras recém polidas ou
ligeiramente umedecidas.

Sabor – é necessário cautela ao verificar o sabor, pois algumas espécies


podem causar reações alérgicas e até intoxicação.

Textura – classificada em fina, média e grossa, dependendo do tamanho do


diâmetro tangencial e visibilidade do parênquima (FIGURA 11). A textura fina
53

apresenta superfície lisa e uniforme, enquanto que a grossa exige mais trabalho
com lixa e não é indicada para utilização em objetos de fino acabamento.

Figura 11 - Tipos de textura da madeira

Fonte: Coradin e Camargos (2002).

Densidade – classifica-se em madeira de densidade baixa ou leve (≤ 0,50


g/cm³), madeira de densidade média (0,50 g/cm³ a 0,72 g/cm³) e madeira de
densidade alta ou pesada (> 0,72 g/cm³). Geralmente, madeiras de densidade
baixa possuem cores mais claras, enquanto que madeiras de densidade alta
possuem tonalidade bem mais escura. Várias outras propriedades da madeira
estão relacionadas à densidade, constituindo um requisito importante durante a
escolha de madeiras para determinado uso

Brilho – observado nos planos longitudinais, pode ser classificado em sem


brilho, com brilho, moderado ou acentuado.

Cor – a cor é observada nos planos longitudinais, na superfície tangencial


de preferência. Deve-se diferenciar as cores entre o cerne e o alburno, mas
geralmente a cor dada a uma madeira está relacionada à cor de seu cerne.
Segundo Pereira (2013), as principais cores de madeira são: branca, rosa, cinza,
amarela, castanha, marrom, oliva, vermelha, roxa e preta.

Desenho ou figura – qualquer caráter que se sobressai na superfície da


madeira, resultante, principalmente da diferença de cor causada por camada de
crescimento e elementos constituintes do lenho.

Cerne e alburno – o cerne apresenta uma durabilidade natural bem maior


do que o alburno (FIGURA 12). E são classificados em distintos (cores diferentes,
54

cerne em tonalidade mais escura enquanto que o alburno apresenta tonalidade


mais clara), indistintos (cores iguais) e pouco distintos (cores semelhantes).

Figura 12 - Representação esquemática do tronco de uma árvore mostrando suas diferentes


regiões

Fonte: adaptado de Coradin e Camargos (2002).

2.3.2 Interação entre Design, comunidade e meio ambiente

Neste capítulo, abordaram-se as relações entre Tecnologia Social e Design


Participativo, Identidade, Cultura e Comunidades Tradicionais, além de Manejo
Florestal e as Árvores Caídas. Essas relações podem ser observadas quando são
identificadas semelhanças entre a tecnologia Social e o Design, quando ambos têm
o objetivo de realizar intervenções de cunho social, aspirando à melhoria na
qualidade de vida de determinado grupo de pessoas.

O Design Participativo possibilita uma intervenção ainda mais humanizada


ao inserir os autores sociais em todo o processo. E, em se tratando de território,
aborda questões culturais e de materialização da identidade local por meio de
produtos tangíveis e intangíveis como o uso de material e o saber local. Como é o
caso do uso da madeira de árvores naturalmente caídas da RESEX, que, a partir
do manejo florestal sustentável, possibilita o desenvolvimento de produtos
sustentáveis e geração de renda para a comunidade. Em todos esses aspectos, é
importante salientar a atuação dos comunitários, uma vez que eles estão inseridos
em todo o processo. Pois a tecnologia social também está na mudança de
perspectiva do coletivo.

A partir do exposto no referencial acerca dos métodos e ferramentas de


Design e os demais temas, o início do próximo capítulo apresentará as relações
55

encontradas para realização da caracterização da pesquisa e dos procedimentos


metodológicos.

Vale ressaltar ainda alguns pontos sobre pesquisa qualitativa, a base do


presente estudo. Ana e Lemos (2018) apresentam a pesquisa qualitativa como uma
importante abordagem para a pesquisa social, uma vez que o estudo sai da linha
positivista e parte para a observação do processo e não apenas do resultado
analítico, ou seja, o paradigma construtivista (REES, 2009). A diferença acerca do
posicionamento positivista e construtivista, segundo Rees (2009, p. 6), é que,

no positivismo, há uma tentativa de eliminar a subjetividade ao controlar


as variáveis do estudo. No construtivismo, entende-se que os pré-
conceitos dos pesquisadores estão presentes no processo da pesquisa,
não podendo ser retirados.

Quanto a isso, Godoy (1995, p. 21), aponta três principais tipos de pesquisa
qualitativa que são: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia,
sustentando que “a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias
possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas
intrincadas relações sociais”. Além do tipo de pesquisa qualitativa, existem as
abordagens que podem ser utilizadas durante o processo, nas quais Ludke e André
(1986) apresentam quatro papéis que o pesquisador pode assumir durante uma
pesquisa qualitativa e os propósitos do estudo: participante total, participante como
observador, observador como participante e observador total.

As autoras também abordam as características do conteúdo das


informações e as reflexões das informações como no quadro 11.

Quadro 11 - Conteúdo das observações e reflexão das anotações da pesquisa qualitativa

CONTEÚDO DAS OBSERVAÇÕES REFLEXÃO DAS ANOTAÇÕES

1 - Descrição dos sujeitos 1 - Reflexões analíticas


2 - Reconstrução de diálogos 2 - Reflexões metodológicas
3 - Descrição de locais 3 - Dilemas éticos e conflitos
4 - Descrição de eventos especiais 4 - Mudanças na perspectiva do observador
5 - Descrição das atividades 5 - Esclarecimentos necessários
Fonte: adaptado de Ludke e André (1986).
56

CAPÍTULO III

3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA

A natureza da pesquisa é básica e aplicada com uma abordagem qualitativa.


Seus objetivos são de uma pesquisa descritiva, e quanto aos procedimentos é uma
pesquisa bibliográfica, seguindo a linha teórica socioconstrutivista e postura
filosófica de ordem fenomenológica (FIGURA 13).

Figura 13 - Caracterização da pesquisa

Fonte: autora, 2021.


57

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o referencial teórico foram seguidos alguns passos como a busca por
palavras-chave relacionadas à pesquisa de forma livre no google.com, com
acréscimo da sigla “PDF” ou da palavra “artigos”. Essa ação serviu como filtro para
os variados formatos disponíveis de assuntos na internet. Também foi realizada
pesquisa em volumes de periódicos baseada nas palavras-chave da pesquisa, de
modo que plataformas como Oasisbr e periódicos Capes foram utilizadas. Os
trabalhos de maior relevância, sob os critérios de similaridade entre títulos e
utilização de palavras-chave, foram selecionados para leitura e análise a fim de
serem utilizados como referencial dessa pesquisa. Para mais informações,
consultar apêndice A.

A partir da compilação de artigos, livros, dissertações e teses, foram


realizados o levantamento bibliográfico considerando conceitos como tecnologia
social, Design Participativo, comunidades tradicionais e desenvolvimento de
produtos com identidade regional, além da utilização de árvores naturalmente
caídas e manejo florestal. Dessa forma, os procedimentos metodológicos estão de
acordo com o apresentado na Figura 14.
58

Figura 14 - Fluxograma metodológico

Fonte: autora, 2021.

3.2.1 Local, população e amostra da pesquisa

O local selecionado como cenário de estudo da pesquisa foi a Reserva


Extrativista Auatí-Paraná, cujo território abrange os municípios de Fonte Boa,
Maraã e Japurá do Estado do Amazonas, Brasil (FIGURA 15).
59

A RESEX Auatí-Paraná está localizada a 02º 23’ 09.60" S 66º 40’ 55.20" W
(SAD 69), pertencendo ao bioma Amazônia, com área de 146.948,05 hectares.
Segundo ICMBio (2011), pela classificação de Köeppen, o clima da região
enquadra-se no grupo climático A (clima tropical chuvoso), com tipo f (florestal).
Pela classificação de Gaussen, a área enquadra-se na região bioclimática
termaxérica (equatorial). Abrange aproximadamente 1500 habitantes residentes, a
maior parte da população é formada por agricultores, tendo como atividade geral o
manejo da pesca do pirarucu (ROCHA, 2010).

Figura 15 - Localização da RESEX no Amazonas

Fonte: ICMBIO (2011).

A população para a pesquisa consiste nas espécies de árvores naturalmente


caídas com maior frequência no território da RESEX, e em elementos da fauna e
flora da região. A amostra é do tipo não probabilística definida por acessibilidade.
Portanto, para estabelecimento da amostra da população, foi definido como critério
a verificação de trabalhos já realizados na RESEX e relatórios do ICMBio,
instituição responsável pelas reservas extrativistas e demais Unidades de
Conservação.
60

Dessa forma, quanto às espécies de árvores naturalmente caídas com maior


frequência, foram selecionadas 41 como amostra, com base no trabalho de Rocha
(2010). Quanto aos elementos da região, a amostra consiste nos principais
representantes da fauna e flora da RESEX Auatí-Paraná, selecionados por
tipicidade.

3.2.2 Definição de Variáveis

As variáveis estudadas nessa pesquisa são referentes às árvores


naturalmente caídas com maior freqüência na RESEX e elementos da fauna e flora
da região, além de ferramentas e métodos de Design como apresentado no Quadro
12.

Quadro 12 - Variáveis da Pesquisa

ASPECTOS VARIÁVEIS

Árvores naturalmente caídas Cor, textura, grã, cerne, alburno, densidade.

Fauna e Flora da RESEX Cor e forma de elementos de fauna, flora.

Ferramentas e métodos de Design Níveis de imersão, envolvimento de atores sociais


Fonte: autora, 2021.

3.2.3 Ferramenta e procedimentos de coleta de dados

Este tópico foi dividido em três partes conforme os três objetivos específicos
da pesquisa, de modo que para cada objetivo foram utilizadas ferramentas e
procedimentos diferentes para a realização da coleta de dados.

3.2.3.1 Caracterização de elementos da fauna e flora

Para a realização da caracterização dos principais elementos da fauna e


flora da RESEX Auatí-Paraná foi consultado o Plano de Manejo Participativo da
Reserva Extrativista Auatí-Paraná (ICMBIO, 2011). Nele foram verificadas as listas
dos elementos concernentes às seguintes categorias: composição florística,
mastofauna (conjunto de mamíferos de uma região), herpetofauna (conjunto de
répteis e anfíbios de uma região), ictiofauna comestível (conjunto de peixes
comestíveis de uma região), peixes ornamentais e avifauna (conjunto de aves de
uma região).
61

As informações concernentes a fauna e flora foram adaptadas ao formato de


tabela por meio do software para edição de textos Word (versão 2016). Os
elementos foram selecionados por tipicidade, duas espécies de cada categoria, e
caracterizados utilizando banco de imagens on-line e os softwares Corel Draw
(versão 2020) e Word (versão 2016).

Para verificação de padrões cromáticos nos elementos selecionados e


verificação da forma, fez-se uso dos Modos de materialização da identidade do
Design propostos por Bonsiepe (2011). As imagens dos elementos de Fauna e
Flora foram obtidas nos seguintes bancos5 de imagens on-line: Pixabay e Flickr.
Exceto imagens da espécie Mabea paniculata – Taquari, que foram obtidas de um
site de ecologia6. As buscas foram realizadas a partir da inserção do nome científico
de cada espécie selecionada e também do nome comum. As imagens selecionadas
foram agrupadas no software Corel Draw para a criação de painéis semânticos e
depois foram submetidas ao software on-line Adobe Color para geração de paletas
de cores (FIGURA 16).

Figura 16 - Software on-line Adobe Color para geração de paleta de cores a partir de imagem

Fonte: https://color.adobe.com/pt/create/image.

5
www.pixabay.com e www.flickr.com.
6

http://ecologia.ib.usp.br/guiaigapo/familias/euphorbiaceae/mabea_paniculata/mabea_paniculata.ht
ml.
62

No software Corel Draw, foi realizada a análise quanto à forma, à textura e


aos padrões visuais dos elementos de Fauna e Flora selecionados.

3.2.3.2 Caracterização das espécies de árvores caídas naturalmente

Para caracterizar as espécies de árvores caídas naturalmente foram


utilizados bancos de dados on-line, como o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(2020) e do Serviço Florestal Brasileiro (2020), literatura especializada e da xiloteca
presente no Laboratório de Anatomia e Identificação de Madeiras do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (LAIM/INPA). A quantidade de material
disponível na xiloteca facilitou a classificação das espécies madeireiras.

As ferramentas utilizadas foram: caderno de anotações, caneta, câmera de


smartphone (câmera Traseira: 13 MP - f/2.0, 1.12µm), notebook (Aspire F 15, FE-
573G-50KS), impressora multifuncional, lupa com 10 vezes de aumento para
visualização macroscópica e estilete. Os softwares utilizados foram: Corel Draw
(versão 2020), Word (versão 2016), Excel (versão 2016) e Photoshop CC 2017.

Os sistemas on-line consultados foram: Database of Brazilian Woods


(Serviço Florestal Brasileiro) e Consultas On-line – Informações sobre madeiras
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

As espécies madeireiras foram extraídas do trabalho desenvolvido por


Rocha (2010), no qual a autora identificou o total de 41 espécies de árvores
naturalmente caídas na Reserva Extrativista Auatí-Paraná, a partir de inventário
florestal. Todas as informações foram comparadas com as do Catálogo de Árvores
do Brasil, desenvolvido por Camargos et al., (2001), conforme Figura 17. As
mesmas foram organizadas em forma de tabela e identificadas a partir da Família,
Espécie e Nome Vulgar.
63

Figura 17 - Comparação de informações entre os trabalhos de Rocha (2010) e Camargos et al.,


(2001) acerca das espécies madeireiras da RESEX Auatí-Paraná

Fonte: autora, 2021.

A caracterização das madeiras foi realizada a partir dos procedimentos


propostos por Coradin e Muniz (1992) e Coradin e Camargos (2002). Dessa forma,
os dados coletados foram concernentes a família, nome científico, nome vulgar,
características gerais, densidade e uso. Para tanto, foram utilizadas literaturas
especializadas como as dos seguintes autores: Freitas et al., (1990), Camargos et
al., (2001), Catálogo de Madeiras da Amazônia (1991), Loureiro et al., (2000),
Loureiro e Lisboa (1979), Loureiro (1976), Loureiro e Silva (1968), Mainieri e
Chimelo (1989), Melo e Camargos (2016), Record e Hess (1949), Siqueira et al.,
(1991), The Plant List (2013) e Souza, Magliano e Camargos (2002).

Dados pertinentes à caracterização de duas das espécies não foram


encontrados nas literaturas desenvolvidas pelos autores supracitados. Portanto, a
caracterização foi realizada a partir de materiais disponíveis na Xiloteca do
LAIM/INPA, a partir de busca em fichário e seleção das fichas de identificação de
madeiras (FIGURA 18).
64

Figura 18 - Ficha de identificação de espécie madeireira

Fonte: autora, 2021.

A partir das fichas de identificação, os livros de registros presentes no


LAIM/INPA foram consultados e então as amostras de madeiras foram
selecionadas para caracterização (FIGURA 19), realizada pelo especialista
responsável pelo laboratório até o fechamento da presente pesquisa.

Figura 19 - Amostras de espécies madeireiras

Fonte: autora, 2021.

Após a caracterização das espécies madeireiras quanto às suas


características gerais, foi realizada identificação acerca das suas cores. Foram
utilizados os bancos de dados on-line do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(FIGURA 20) e o do Serviço Florestal Brasileiro (FIGURA 21).
65

Figura 20 - Banco de dados on-line do Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2020.

Figura 21 - Banco de dados on-line do Serviço Florestal Brasileiro

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro, 2020.

Além dos Bancos de Dados On-line, as imagens também foram obtidas a


partir do trabalho de Pereira (2013) e do Catálogo de Madeiras da Amazônia (1991).
Parte das imagens das espécies madeireiras foi obtida por meio de literatura
especializada e Bancos de Dados On-line, enquanto que a outra parte foi adquirida
do LAIM/ INPA e do LEAM/INPA, a paritr da digitalização das amostras das
66

madeiras em escâner de impressora multifuncional. As amostras foram


identificadas, separadas e preparadas para serem digitalizadas (FIGURA 22).

Figura 22 - Processo de digitalização de amostras de madeiras

Fonte: autora, 2021.

Algumas amostras que não possuíam superfície plana ou apresentavam


algum acabamento em verniz ou outro, foram lixadas em duas etapas:
primeiramente em lixa de bancada com gramatura 100 e lixamento manual com lixa
de gramatura 120 (FIGURA 23).

Figura 23 - processo de lixamento de amostras de madeiras em lixadeira de bancada

Fonte: autora, 2020.

Para classificação quanto à cor, foi utilizado mostruário com 90 fichas sobre
madeiras brasileiras elaborado por Pereira (2013). Nele há um conjunto de 10
cores, a saber: madeira branca, rosa, cinza, amarela, castanha, marrom, oliva,
vermelha, roxa e preta. As imagens de madeiras das 41 espécies foram impressas
67

em papel A4, branco, com 75 g/cm³ e impressão tipo jato de tinta com qualidade de
impressão no modo ótimo.

As imagens impressas foram comparadas com as do mostruário


supracitado. Entretanto, a qualidade da impressão se mostrou inferior à do
mostruário. Dessa forma, as imagens do mostruário foram digitalizadas por meio
de escâner de impressora multifuncional. Então as imagens das amostras de
madeiras foram comparadas com as imagens do mostruário por meio do programa
Corel Draw.

3.2.3.3 Identificação e classificação de métodos e ferramentas de Design

A partir de literatura especializada, obtida de Plataformas para pesquisa


(consultar Apêndice A), os métodos e ferramentas de Design foram identificados e
classificados a partir da triangulação de métodos. Os mesmos foram classificados
em Ênfase, Método/Ferramenta e Autor (a/es).

As ferramentas utilizadas para essa etapa foram: notebook (Aspire F 15, FE-
573G-50KS), caderno de anotações, caneta, pinceis para quadro branco, quadro
branco, lápis preto. Os softwares utilizados foram: Corel Draw (versão 2020) e Word
(versão 2016).

Levando em consideração os aspectos que impedem a utilização do modelo


tradicional de Design Participativo em pesquisas dessa natureza, após
levantamento bibliográfico, que envolveu o mapeamento de metodologias e
ferramentas de Design Participativo na visão de diferentes autores, foi realizada
uma adaptação da metodologia apresentada por Hussain et al., (2012) para nortear
a imersão do pesquisador e dos atores sociais em meio ao processo participativo
do Design para a cocriação. Também foi realizada a relação entre os métodos
propostos por Bonsiepe (2011), Krucken (2009) e Rosenbaum (2020). Os métodos
foram colocados em paralelo um ao outro, com as etapas dispostas em vertical para
facilitar a identificação de relações.

Após a identificação, as etapas relacionadas foram reorganizadas, a partir


da estrutura proposta por Krucken (2009), e posteriormente foram sintetizadas em
uma palavra sinônima (FIGURA 24). A síntese das etapas dos métodos dos três
68

autores supracitados não é um novo método, mas trata-se da triangulação de


métodos já existentes.

Figura 24 - Triangulação entre os métodos de Bonsiepe, Krucken e Rosenbaum

Fonte: autora, 2020.

3.2.5 Análise de Dados

Os dados obtidos quanto à classificação das espécies de árvores


naturalmente caídas, elementos da fauna e flora da RESEX, métodos e ferramentas
de Design, foram tratados utilizando os softwares Corel Draw, Photoshop CC 2017
e Word (versão 2016), e as ferramentas: notebook (Aspire F 15, FE-573G-50KS),
caderno de anotações e caneta. Os dados foram analisados a partir da identificação
de aspectos entre trabalhos acadêmicos já publicados, acerca da utilização de
madeiras e identidade regional para a confecção de produtos.
69

CAPÍTULO IV

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível caracterizar doze espécies


concernentes à Fauna e Flora da RESEX Auatí-Paraná, sendo duas de cada uma
das seguintes categorias: composição florística, mastofauna, herpetofauna,
ictiofauna comestível, peixes ornamentais e avifauna. Também foi possível realizar
a caracterização das quarenta e uma espécies de árvores naturalmente caídas com
maior frequência na área da RESEX e identificação e classificação de métodos e
ferramentas para serem utilizados em processos participativos de Design. Todos
os resultados obtidos, dentro de cada objetivo, estão fortemente correlacionados
para confecção de produtos com identidade regional por parte dos comunitários da
RESEX Auatí-Paraná.

4.1 Caracterização de elementos da fauna e flora

Para a materialização de identidade por meio do Design, conforme propõe


Bonsiepe (2011), a partir de Grupo de Características (características formais ou
cromáticas) e Material e Método Local (materiais locais e métodos de fabricação
correspondentes) descritos no Quadro 9, os elementos selecionados foram
caracterizados obseravando principalmente cores, formas, padrões visuais e
texturas passíveis de serem utilizadas como base para a concepção de novos
produtos na RESEX. Koch e Nunes (2017) realizaram trabalho similar ao utilizar
elementos da fauna e flora do Rio Grande do Sul para a geração de estampas para
a confecção de lenços femininos (FIGURA 25).
70

Figura 25 - Lenço Pássaros rio-grandenses

Fonte: Koch e Nunes (2017).

As autoras desenvolveram as estampas a partir de desenhos à mão


observando a flora e a fauna rio-grandense. Também é possível verificar a
utilização da temática Fauna e Flora nos trabalhos analisados por Pichler e Mello
(2012). As autoras visaram identificar o nível de apelo identitário em diversos
produtos desenvolvidos a partir de tal temática.
71

4.1.1 Composição Florística: Biribá e Taquari

As duas espécies selecionadas da categoria Composição Florística foram o


Biribá (Rollinia mucosa) e o Taquari (Mabea paniculata). A partir de imagens, foi
possível gerar paleta de cores e verificar os aspectos formais do fruto e da flor de
ambas as espécies.

Os detalhes da flor do Biribá (FIGURA 26) remetem a formas orgânicas e


também triangulares. No detalhe com a forma triangular, é possível verificar a
presença de interseções que podem ser utilizadas para a geração de sistemas de
montagem e desmontagem de partes de um produto. O formato do fruto em si
também remete À formas mais orgânicas, apresentando textura com relevos,
alternando entre as cores amarelo e cinza.

Figura 26 - Detalhes dos aspectos formais, textura e paleta de cores a partir do Biribá

Fonte: autora, 2020.


72

O Taquari (FIGURA 27) é um fruto com pequenas flores que apresenta


padrões circulares, cor avermelhada e textura um pouco áspera. As formas
encontradas podem ser utilizadas para a configuração estético-formal de biojoias,
objetos de decoração e Pequenos Objetos de Madeira (POM).

Figura 27 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Taquari

Fonte: autora, 2020.


73

4.1.2 Categoria Mastofauna: Tatu Canastra e Sagui-cara-suja

Quanto à categoria Mastofauna, as duas espécies selecionadas foram o Tatu


Canastra (Priodontes maximus) e o Sagui-cara-suja (Saguinus sp.). O Tatu
Canastra (FIGURA 28) apresenta duas cores no lado convexo de seu casco com
textura similar a escamas, essas cores também remetem ao fenômeno do encontro
entre águas escuras e barrentas de rios da região amazônica e que também
acontece dentro da área da RESEX. A predominância das formas é orgânica e um
pouco abstrata. O padrão visual identificado pode ser utilizado para a confecção de
painéis, tampos de mesas e aparadores e também para cestaria e outras
aplicações.

Figura 28 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Tatu Canastra

Fonte: autora, 2020.


74

A principal característica do Sagui-cara-suja (FIGURA 29) é a cor de sua


face bem diferente da coloração dos pelos de seu corpo, na parte dianteira possui
uma cor mais escura e na parte traseira uma cor mais avermelhada. Mesclando
também com uma textura rajada que pode ser representada por algumas espécies
madeireiras que também apresentam tal característica. O formato do corpo do
Sagui-cara-suja pode ser utilizado como inspiração para a criação de sistemas de
dobra e retráteis.

Figura 29 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Sagui-cara-suja

Fonte: autora, 2020.


75

4.1.3 Categoria Herpetofauna: Tracajá e Camaleão

As espécies Tracajá (Podocnemis unifilis) e Camaleão (Anolis chrysolepis)


foram as selecionadas da categoria Herpetofauna. O Tracajá (FIGURA 30) pode
ser facilmente visualizado nas margens de rios, lagos e locais inundados, é um
réptil muito comum na Amazônia. Apresenta padrões hexagonais e também
orgânicos, com textura rugosa. As suas formas podem servir de inspiração para a
confecção de cestas, luminárias e poltronas.

Figura 30 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Tracajá

Fonte: autora, 2020.


76

A espécie de Camaleão selecionada (FIGURA 31) apresenta um detalhe


peculiar que é a coloração em seu papo bastante diferente do restante de seu
corpo. Possui textura rugosa e um padrão visual rajado em seu corpo, similar a
espécies madeireiras da região da RESEX que apresentam o mesmo aspecto
rajado. Suas características formas e padrão visual podem ser utilizadas para a
confecção de objetos de decoração, biojoias e demais produtos.

Figura 31 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Camaleão

Fonte: autora, 2020.


77

4.1.4 Categoria Ictiofauna comestível: Flamengo e Pirarucu

Os peixes selecionados da categoria Ictiofauna comestível são as espécies


Flamengo (Brachyplatystoma juruense) e Pirarucu (Arapaima gigas). O Flamengo
é um peixe que possui textura lisa (FIGURA 31) e que apresenta listras por todo o
corpo. O padrão visual identificado no peixe Flamengo apresenta formas orgânicas
e pode ser utilizado na confecção de tampos de mesas e demais produtos, sendo
similar ao padrão encontrado na espécie madeireira Angelim Rajado.

Figura 32 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do peixe Flamengo

Fonte: autora, 2020.


78

O Pirarucu (FIGURA 33) é um peixe comum na RESEX Auatí-Paraná, suas


escamas podem ser utilizadas para confecção de artesanatos como biojoias,
artigos decorativos e entre outros. A principal atividade econômica da região
realizada pelos comunitários é o manejo da pesca do Pirarucu. Este peixe
apresenta formas orgânicas e cor vibrante nas extremidades de suas escamas.

Figura 33 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do peixe Pirarucu

Fonte: autora, 2020.


79

4.1.5 Categoria Peixes ornamentais: Acará-disco e Arraia

A Arraia (Potamotrygon sp) e o Acará-disco (Symphysodum aequifasciata)


foram as espécies selecionadas da categoria Peixes ornamentais. A Arraia
(FIGURA 34) apresenta formas dinâmicas, achatadas e orgânicas e diversos
padrões visuais em seu corpo. Um dos padrões visuais identificados é similar ao
encontrado na espécie madeireira Sucupira Preta. Sua forma pode ser observada
para a confecção de bandejas, estampas e demais produtos.

Figura 34 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir da Arraia

Fonte: autora, 2020.


80

O Acará-disco (FIGURA 34) é multicolorido dispondo de diversas cores com


tonalidades fortes e vibrantes. Essa espécie é utilizada como ornamentação em
aquários. O formato de seu corpo é achatado e apresenta diversos padrões visuais
e forma dinâmica e até abstratas, que podem servir de inspiração para a confecção
de produtos mais abstratos e orgânicos.

Figura 35 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Acará-disco

Fonte: autora, 2020.


81

4.1.6 Categoria Aviufauna: Sovi e Cauré

Quanto à categoria Avifauna, as duas espécies selecionadas foram o Sovi


(Ictinia plumbea) e o Cauré (Falco rufigularis). Ambas as espécies apresentam
plumagem multicolorida. As duas cores mais predominantes no Sovi (FIGURA 36)
são cinza e laranja. Em sua calda foi identificado um padrão visual com aspecto
mais geométrico, enquanto que na sua asa foram identificadas formas mais
orgânicas.

Figura 36 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Sovi

Fonte: autora, 2020.


82

A plumagem do Cauré (FIGURA 36) é mais colorida do que a do Sovi e


também apresenta cores mais escuras. O padrão formal identificado em sua cauda
pode ser utilizado para a configuração estético-formal de objetos de decoração e
entre outros produtos.

Figura 37 - Detalhes dos aspectos formais e paleta de cores a partir do Cauré

Fonte: autora, 2020.

A partir da classificação dos elementos de fauna e flora, verificou-se a


quantidade e variedade de cores, formas e padrões visuais que podem ser
utilizados para a concepção de produtos. Configura-se como novidade para a
RESEX Auatí-Paraná, pelo fato de ser um trabalho voltado à valorização territorial,
possibilitando a materialização da identidade regional, encontrada em elementos
de fauna e flora característicos da região, em produtos diversos.

Os formatos e padrões visuais identificados nos elementos de fauna e flora


podem compor a configuração estético-formal de novos produtos e até mesmo de
83

estampas. Enquanto que as paletas de cores geradas, podem ser utilizadas para
realizar a combinação de madeiras a partir de suas cores e características visuais.

4.2 Caracterização das espécies de árvores caídas naturalmente

A RESEX Auatí-Paraná abrange 146.950 ha, dispondo de 2,32±0,77m³/ha


de volume de madeira naturalmente caída para uso, onde a árvore caída com maior
espessura inventariada possui DAP = 180 cm. Apresentou-se a ocorrência de
quarenta e uma espécies (QUADRO 13), sendo que “as famílias botânicas com
maior número de indivíduos para as árvores caídas são Lecythidaceae e
Sapotaceae” (ROCHA, 2010, p. 43).

Quadro 13 - Lista de espécies de Árvores Naturalmente Caídas na Reserva Extrativista Auatí-


Paraná

Espécies de Árvores Naturalmente Caídas - RESEX Auatí-paraná

FAMÍLIA ESPÉCIE NOME VULGAR

01 Apocynaceae Himatanthus articulatus (Vahl) Woodson Sucuuba/janaguba

02 Burseraceae Protium puncticulatum J. F. Macbr Breu vermelho

03 Caesalpiniaceae Dimorphandra sp. Faveira

04 Caesalpiniaceae Macrolobium acacifolium (Benth.) Benth Arapari

05 Caesalpiniaceae Peltogyne catingae Ducke Violeta

06 Chrysobalanaceae Licania macrophylla Benth Macucu-terra

07 Fabaceae Bowdichia nítida Spruce Sucupira Preta

08 Fabaceae Dipteryx ferrea Ducke Cumaru ferro

09 Fabaceae Dipteryx odorata (Aubl.) Willd Cumaru

10 Goupiaceae Goupia glabra Aubl. Cupiuba

11 Guttiferae Symphonia globulifera L. f.7 Anani

12 Icacinaceae Discophora guianensis Miers Mamãozinho

13 Lauraceae Aniba duckei Kosterm Pau rosa

14 Lauraceae Aniba sp. Louro

15 Lauraceae Beilschmiedia brasiliensis (Kosterm.) Kosterm Anoerá


84

16 Lauraceae Licaria cannella (Meisn) Kostern Louro Pirarucu

17 Lauraceae Mezilaurus itauba (Meins.) Taub. ex Mez Itaúba

18 Lauraceae Ocotea cymbarum Kunth Louro-inhamuí

19 Lauraceae Ocotea myriantha Mez Louro abacate

20 Lecythidaceae Cariniana micrantha Ducke Tauari-vermelho

21 Lecythidaceae Lecythis paraensis Huber ex Ducke Castanha sapucaia

22 Mimosaceae Dinizia excelsa Ducke Angelim Ferro

23 Mimosaceae Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth Sucupira Amarela

24 Mimosaceae Parkia multijuga Benth Faveira

25 Mimosaceae Pithecelobium racemosum Ducke Angelim Rajado

26 Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber Amapá-folha-larga

27 Moraceae Brosimum parinarioides Ducke Amapá

28 Moraceae Clarisia racemosa Ruiz & Pav Guariuba

29 Myristicaceae Iryanthera paraensis Huber Ucuubarana

30 Myristicaceae Virola surinamensis (Rol.) Warb. Virola

31 Olacaceae Curupira tefeensis G. A. Black Castanha-sucupira

32 Rubiaceae Calycophyllum spruceanum Benth Mulateiro

33 Sapotaceae Manilkara amazonica (Huber) Chevalier Maparajuba

34 Sapotaceae Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre Abiurana

35 Sapotaceae Micropholis williamii Aubr. & PelLegrand Abiurana

36 Sapotaceae Pradosia praealta Ducke Casca doce

37 Simaroubaceae Simaba cedron Planch Pau-paratudo

38 Simaroubaceae Simarouba amara Aubl Marupá

39 Sterculiaceae Theobroma microcarpum Mart. Cacau-rana

40 Vochysiaceae Qualea homosepala Ducke Mandioqueira

41 Vochysiaceae Vochysia vismiaefolia Spruce ex. Warm Quaruba-vermelha


Fonte: adaptado de Rocha (2010).
85

A partir do levantamento bibliográfico realizado em literatura especializada e


consulta em base de dados, como Rocha (2010), Pereira (2013), IBDF/DPq-LPF
(1988), Serviço Florestal Brasileiro et al., (2014), Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (2020), Serviço Florestal Brasileiro (2020), Laboratório de Engenharia
de Artefatos de Madeira (LEAM/INPA), e Laboratório de Anatomia e Identificação
de Madeiras (LAIM/INPA), foi possível caracterizar as espécies madeireiras de
árvores naturalmente caídas na RESEX Auatí-Paraná.

A caracterização das espécies foi quanto à família, nome científico, nome


vulgar, características gerais (propriedades organolépticas), densidade, uso e cor.
Dada a diversidade das espécies analisadas nesta pesquisa, de acordo com
método utilizado, as cores das madeiras identificadas foram branca, cinza, rosa,
amarela, vermelha, castanha, marrom e roxa, como visualizadas na figura 38.

Figura 38 - Classificação das espécies madeireiras a partir do padrão de cores de Pereira (2013)

Fonte: autora, 2021.

As madeiras foram dividas conforme a identificação por cor. Dentre as 41


espécies classificadas, a Simaba cedron Planch (37), Simarouba amara Aubl (38)
86

e a Theobroma microcarpum Mart. (39), foram classificadas como madeiras


brancas e com densidades bastante parecidas. Duas delas pertencem à família
Simaroubaceae (37 e 38).

37

Família: Simaroubaceae

Nome Científico: Simaba cedron Planch

Nome Vulgar: pau-paratudo, manga-de-anta, paratudo,


pratudo,pau-para-tudo

Densidade: 0,50 g/cm³

38

Família: Simaroubaceae

Nome Científico: Simarouba amara Aubl

Nome Vulgar: marupá, tamanqueira, marupauba, paraparaíba,


paraíba, arubá, cabatã-de-leite, cajurana, caroba, carrapatinho,
calunga, caraíba, caxeta, caxeta-de-casca-grossa, caxeta-
branca, caxeta-peluda, craíba, malacacheta, marupaúba,
marupá-do-campo, marupá-verdadeiro, marupaí, marupaí-do-
campo, mata-barata, mata-cachorro, mata-menino, mata-
vaqueiro, paparaúba, paparaúba-branca, paparaíba, pararaúba,
paraúba, pau-paraíba, praíba, simaruba

Densidade: 0,45 a 0,55 g/cm³

39

Família: Sterculiaceae

Nome Científico: Theobroma microcarpum Mart.

Nome Vulgar: cacau-rana

Densidade: 0,40 a 0,55 g/cm³


87

Apenas a espécie Brosimum guinanense (Aubl.) Huber (26) foi classificada


como madeira cinza. É uma madeira de densidade média, fácil de trabalhar.

26

Família: Moraceae

Nome Científico: Brosimum guianense (Aubl.) Huber

Nome Vulgar: amapá-folha-larga, muirapinima, aita, preguiceira,


quiré

Densidade: 0,60 a 0,65 g/cm³

As espécies Micropholis williamii Aubr. & PelLegrand (35), Qualea


homosepala Ducke (40), Calycophyllum spruceanum Benth (32), Protium
puncticulatum J. F. Macbr (02), Parkia multijuga Benth (24) e Symphonia globulifera
L. f. (11), foram classificadas como madeiras de cor rosa. Todas elas pertencem a
famílias diferentes. Sendo três delas de alta densidade (35, 40 e 32), e as outras
três de média densidade (11, 24 e 02).

35

Família: Sapotaceae

Nome Científico: Micropholis williamii Aubr. & PelLegrand

Nome Vulgar: abiurana

Densidade: 0,90 a 0,95 g/cm³

40

Família: Vochysiaceae

Nome Científico: Qualea homosepala Ducke

Nome Vulgar: mandioqueira

Densidade: 0,70 a 0,85 g/cm³


88

32

Família: Rubiaceae

Nome Científico: Calycophyllum spruceanum Benth

Nome Vulgar: mulateiro

Densidade: 0,77 g/m³

02

Família: Burseraceae

Nome Científico: Protium puncticulatum J. F. Macbr

Nome Vulgar: breu vermelho, breu

Densidade: 0,50 a 0,60 g/cm³

24

Família: Mimosaceae

Nome Científico: Parkia multijuga Benth

Nome Vulgar: faveira, paricá-grande-da-terra-firme, arara-


rucupi, atanã, benguê, camari, cauré, fava-atanã, fava-bolota,
fava-arara-tucupi, fava-de-tucupi, faveira-benguê, faveira-branca,
faveira cauré, faveira-de-arara, faveira-grande-da-terra-firme,
tucupi, visgueiro

Densidade: 0,50 a 0,55 g/cm³

11

Família: Guttiferae

Nome Científico: Symphonia globulifera L. f.

Nome Vulgar: anani, anani-da-mata, anani-da-terra-firme,


bacuri, bacuri-bravo, bacuri-d’anta, bulandi, bulandi-amarelo,
bulandi-de-leite, bulandi-piruma, canadi, guananim-vermelho,
pitomba-de-guariba, vanandi

Densidade: 0,58 g/cm³


89

As madeiras classificadas como amarelas foram as das espécies


Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth (23), Pithecelobium racemosum Ducke
(25), Mezilaurus itauba (Meins.) Taub. ex Mez (17), Clarisia racemosa Ruiz & Pav
(28), Dimorphandra sp. (03) e Himatanthus articulatus (Vahl) Woodson (01). Duas
delas pertencem a família Mimosaceae (23 e 25) e são de alta densidade. As
demais pertencem a famílias diferentes, sendo uma de alta densidade (17) e três
de média densidade (28, 03 e 01).

23

Família: Mimosaceae

Nome Científico: Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth

Nome Vulgar: sucupira-amarela, paricarana, timbaúba, timbó-


da-mata, timbó-rana, fava-de-rosca, orelha-de-negro, orelha-de-
gato, faveira-dura, faveira-uing, fava-orelha-de-negro, cambuí-
sucupira, angelim-rosca, fava-bolota, fava-orelha-de-macaco,
faveca, favela, faveira-grande, manjoleiro-da-amazônia, orelha-
de-macaco, paricarana, preguiceira, vinhático-cabeleira

Densidade: 0,85 a 0,95 g/cm³

25

Família: Mimosaceae

Nome Científico: Pithecelobium racemosum Ducke

Nome Vulgar: angelim rajado, ingarana da terra firme,


urubuzeiro

Densidade: 0,95 a 1,00 g/cm³

17

Família: Lauraceae

Nome Científico: Mezilaurus itauba (Meins.) Taub. ex Mez

Nome Vulgar: itaúba, louro-Itaúba, itaúba-amarela, iorê, itaúba-


abacate, itaúba-grande, itaúba-penima, itaúba-piúna, itaúba-
preta, itaúba-verdadeira, itaúba-vermelha, lorê, nhambiquara

Densidade: 0,70 a 0,85 g/cm³


90

28

Família: Moraceae

Nome Científico: Clarisia racemosa Ruiz & Pav

Nome Vulgar: guariúba, guariúba-amarela, oiticica-da-mata,


Oiticica, bainha-de-espada, bordãozinho, catruz, gameleiro,
guariúba-catruz, janitá, oiticica-amarela, oiticica-cica, oiticica-
vermelha, quariúba, ticica

Densidade: 0,56 g/cm³

03

Família: Caesalpiniaceae

Nome Científico: Dimorphandra sp.

Nome Vulgar: faveira, faveira-vermelha

Densidade: 0,64 g/cm³

01

Família: Apocynaceae

Nome Científico: Himatanthus articulatus (Vahl) Woodson

Nome Vulgar: sucuuba, janaguba, jasmim-selvagem

Densidade: 0,55 a 0,75 g/cm³

As madeiras das espécies Dinizia excelsa Ducke (22), Manilkara amazonica


(Huber) Chevalier (33), Iryanthera paraensis Huber (29), Curupira tefeensis G. A.
Black (31), Lecythis paraensis Huber ex Ducke (21), Brosimum parinarioides Ducke
(27), Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre (34), Beilschmiedia brasiliensis
(Kosterm.) Kosterm (15), Vochysia vismiaefolia Spruce ex. Warm (41), foram
identificadas como madeiras vermelhas, sendo quatro delas de média densidade e
cinco de alta densidade.
91

22

Família: Mimosaceae

Nome Científico: Dinizia excelsa Ducke

Nome Vulgar: angelim ferro, angelim-pedra-verdadeiro,


angelim, angelim-falso, angelim-pedra, dinízia-parda, faveira,
faveira-carvão, faveira-dura, faveira-ferro, faveira-grande, gurupá

Densidade: 0,83 g/cm³

33

Família: Sapotaceae

Nome Científico: Manilkara amazonica (Huber) Chevalier

Nome Vulgar: maparajuba

Densidade: 0,83 g/cm³

29

Família: Myristicaceae

Nome Científico: Iryanthera paraensis Huber

Nome Vulgar: ucuubarana, ucuúba, ucuúba vermelha

Densidade: 0,60 a 0,70 g/cm³

31

Família: Olacaceae

Nome Científico: Curupira tefeensis G. A. Black

Nome Vulgar: castanha-sucupira

Densidade: 0,95 a 1,1 g/cm³


92

21

Família: Lecythidaceae

Nome Científico: Lecythis paraensis Huber ex Ducke

Nome Vulgar: castanha sapucaia

Densidade: 0,88 g/cm³

27

Família: Moraceae

Nome Científico: Brosimum parinarioides Ducke

Nome Vulgar: amapá; amaparana, amapá-amargo, amapá-


roxo, leiteira, mururerana

Densidade: 0,57 g/cm³

34

Família: Sapotaceae

Nome Científico: Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre

Nome Vulgar: abiurana, abiurana-mangabinha, aurupixá, gogó-


de-guariba, guajará, rosadinho, curupixá, guajará

Densidade: 0,67 g/cm³

15

Família: Lauraceae

Nome Científico: Beilschmiedia brasiliensis (Kosterm.) Kosterm

Nome Vulgar: anoerá, louro

Densidade: 0,59 g/cm³


93

41

Família: Vochysiaceae

Nome Científico: Vochysia vismiaefolia Spruce ex. Warm

Nome Vulgar: quaruba-vermelha, dima vermelha, dima


verdadeira

Densidade: 0,70 a 0,80 g/cm³

As duas espécies identificadas como madeiras castanhas, Goupia glabra


Aubl. (10) e Pradosia praealta Ducke (36), são de alta densidade, ambas possuem
textura média e necessitam de um pouco mais do processo de lixamento para
atingir um bom acabamento.

10

Família: Goupiaceae

Nome Científico: Goupia glabra Aubl.

Nome Vulgar: cupiúba, bragantina, cachaceiro, copiúba,


copiúva, cupiúba-rosa, cutiúba, peniqueiro, peroba-bosta,
peroba-fedida, peroba-fedorenta, peroba do norte

Densidade: 0,80 a 0,88 g/cm³

36

Família: Sapotaceae

Nome Científico: Pradosia praealta Ducke

Nome Vulgar: casca doce, pau doce

Densidade: 0,90 a 1,00 g/cm³


94

Dentre as treze espécies identificadas como madeiras marrons, sete


possuem alta densidade e cinco possuem média densidade; apenas a Virola
surinamensis (Rol.) Warb (30) possui baixa densidade.

16

Família: Lauraceae

Nome Científico: Licaria cannella (Meisn) Kostern

Nome Vulgar: louro pirarucu, louro-chumbo

Densidade: 1,04 g/cm³

08

Família: Fabaceae

Nome Científico: Dipteryx ferrea Ducke [Dipteryx micantha (Harms)


Ducke]

Nome Vulgar: cumaru ferro, cumarurana

Densidade: 0,92 g/cm³

07

Família: Fabaceae

Nome Científico: Bowdichia nítida Spruce

Nome Vulgar: sucupira preta, cutiúba, macanaíba, matanaíba,


sapupira, sapupira-da-mata, sabepira, sepipira, sucupira,
sucupira-amarela, sucupira-da-mata, sucupira-da-terra-firme,
sucupira-pele-de-sapo, sucupira-vermelha

Densidade: 0,85 g/cm³


95

20

Família: Lecythidaceae

Nome Científico: Cariniana micrantha Ducke

Nome Vulgar: tauari-vermelho, castanha-de-macaco, tauarí,


castanha-vermelha, jequitibá-do-brejo, taanuari

Densidade: 0,55 a 0,60 g/cm³

04

Família: Caesalpiniaceae

Nome Científico: Macrolobium acacifolium (Benth.) Benth

Nome Vulgar: arapari, arapari-da-várzea, arapari-verdadeiro,


faveira, fava-de-tambaqui, ararapari, paracaxi, arapari-branco,
arapari-vermelho, ararapari, baia, raparigueira

Densidade: 0,60 a 0,65 g/cm³

09

Família: Fabaceae

Nome Científico: Dipteryx odorata (Aubl.) Willd

Nome Vulgar: cumaru, cumaru-da-folha-grande, cumaru-roxo,


cumbarí, baru, camaru-ferro, cambaru, cambaru-ferro, catinga-
de-boi, champagne, champanha, cumari, cumaru-amarelo,
cumaru-do-amazonas, cumaru-escuro, cumaru-ferro, cumaru-
rosa, cumaru-verdadeiro, cumarurana, cumaruzeiro, cumbaru,
cumbaru-ferro, cumbaru-roxo, emburama-brava, ipê-cumaru,
muirapapé

Densidade: 0,91 a 1,00 g/cm³

06

Família: Chrysobalanaceae

Nome Científico: Licania macrophylla Benth

Nome Vulgar: macucu-terra

Densidade: 0,76 g/cm³


96

13

Família: Lauraceae

Nome Científico: Aniba duckei Kosterm

Nome Vulgar: pau rosa

Densidade: 0,80 a 0,90 g/cm³

19

Família: Lauraceae

Nome Científico: Ocotea myriantha Mez

Nome Vulgar: louro-abacate

Densidade: 0,50 a 0,72 g/cm³

18

Família: Lauraceae

Nome Científico: Ocotea cymbarum Kunth

Nome Vulgar: louro-inhamuí, louro mamorim, louro inamuí, pau


de gasolina, sassafrás

Densidade: 0,55 a 0,65 g/cm³

12

Família: Icanaceae

Nome Científico: Discophora guianensis Miers

Nome Vulgar: mamãozinho

Densidade: 0,55 a 0,77 g/cm³


97

14

Família: Lauraceae

Nome Científico: Aniba sp. (Aniba guianensis Aubl.)

Nome Vulgar: louro

Densidade: 0,75 g/cm³

30

Família: Myristicaceae

Nome Científico: Virola surinamensis (Rol.) Warb.

Nome Vulgar: virola, ucuúba, ucuúba-branca, bicuíba, andiroba,


árvore-do-sebo, bicuíba, bicuíba-branca, noz-moscada, ucuúba-
amarela, ucuúba-cheirosa, ucuúba-chorona, ucuúba-da-várzea,
virola-das-ilhas

Densidade: 0,45 a 0,55 g/cm³

A espécie Peltogyne catingae Ducke (05) identificada na RESEX Auatí-


Paraná, além de possuir madeira roxa, apresenta padrão visual bastante
destacado, similar a linhas oblíquas paralelas, como o padrão encontrado em
folhas. É uma madeira pesada, mas boa para trabalhar e recebe bom acabamento.

05

Família: Caesalpiniaceae

Nome Científico: Peltogyne catingae Ducke

Nome Vulgar: violeta, pau roxo, pau roxo da catinga

Densidade: 0,80 a 0,95 g/cm³

As madeiras em maior quantidade são as de cor marrom, um total de 31,7%,


enquanto que as madeiras de cor vermelha são um total de 21,95%. Dessa forma,
mais da metade das 41 espécies identificadas são marrons e vermelhas. São cores
bastante solicitadas pelo setor comercial madeireiro e bastante utilizadas na
confecção de produtos, principalmente as madeiras marrons.
98

Apesar de algumas espécies estarem disponíveis nas 5 fontes, as imagens


foram coletadas para serem comparadas quanto à qualidade e ao grau de
similaridade. Sendo que 100% das imagens foram obtidas a partir de digitalização
em laboratório no INPA (FIGURA 39) e, apenas 41,46% foram obtidas no banco de
dados on-line do Serviço Florestal Brasileiro (2020). Pereira (2013) desenvolveu o
livro Madeiras Brasileiras utilizando informações disponíveis no mesmo banco de
dados e, dessa forma, 36,58% das imagens de espécies de árvore naturalmente
caídas foram encontradas em seu trabalho.

Figura 39 - Quantidade de imagens de madeira obtida em cada uma das fontes utilizadas

Fonte: autora, 2021.

Apesar de Rocha (2010) afirmar que todas as madeiras possuem potencial


para manejo comercial, a quantidade de imagens encontradas em banco de dados
on-line e literatura especializada inferior à quantidade adquirida por meio de
digitalização de amostras no LAIM/INPA, ocorre pelo fato de que parte das 41
espécies madeireiras de árvores caídas em Auatí-Paraná não são reconhecidas
pelo mercado, como bem aponta Pereira (2013) ao selecionar 90 espécies nativas
dentre as 100 mais comercializadas no Brasil entre 2008 e 2009.

Dessa forma, somente 53,65% das 41 espécies identificadas em Auatí-


Paraná estão presentes entre as espécies consideradas comerciais em Pereira
(2013), Serviço Florestal Brasileiro (2020) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(2020), conforme o Quadro 14.
99

Quadro 14 – Lista de madeiras de árvores caídas da RESEX Auati-Paraná conhecidas


comercialmente

Espécies de Árvores Naturalmente Caídas em Auatí-Paraná Conhecidas


Comercialmente

FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR

02 Burseraceae Protium puncticulatum J. F. Macbr Breu vermelho

04 Caesalpiniaceae Macrolobium acacifolium (Benth.) Benth Arapari

05 Caesalpiniaceae Peltogyne catingae Ducke Violeta

06 Chrysobalanaceae Licania macrophylla Benth Macucu-terra

07 Fabaceae Bowdichia nítida Spruce Sucupira Preta

09 Fabaceae Dipteryx odorata (Aubl.) Willd Cumaru

10 Goupiaceae Goupia glabra Aubl. Cupiuba

11 Guttiferae Symphonia globulifera L. f.7 Anani

15 Lauraceae Beilschmiedia brasiliensis (Kosterm.) Kosterm Anoerá

17 Lauraceae Mezilaurus itauba (Meins.) Taub. ex Mez Itaúba

20 Lecythidaceae Cariniana micrantha Ducke Tauari-vermelho

21 Lecythidaceae Lecythis paraensis Huber ex Ducke Castanha sapucaia

22 Mimosaceae Dinizia excelsa Ducke Angelim Ferro

23 Mimosaceae Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth Sucupira Amarela

24 Mimosaceae Parkia multijuga Benth Faveira

27 Moraceae Brosimum parinarioides Ducke Amapá

28 Moraceae Clarisia racemosa Ruiz & Pav Guariuba

30 Myristicaceae Virola surinamensis (Rol.) Warb. Virola

33 Sapotaceae Manilkara amazonica (Huber) Chevalier Maparajuba

34 Sapotaceae Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre Abiurana

38 Simaroubaceae Simarouba amara Aubl Marupá

41 Vochysiaceae Vochysia vismiaefolia Spruce ex. Warm Quaruba-vermelha


Fonte: autora, 2021.

Das espécies listadas no quadro 14, constatou-se que as madeiras de


Angelim Ferro (22), Sucupira Preta (07), Sucupira Amarela (23), Marupá (38),
100

Violeta (05) e Macucu-terra (06) já se encontram desdobradas e secas na oficina


presente na Comunidade Barreirinha de Cima – RESEX Auatí-Paraná, disponíveis
para confecção de produtos.

Com base na densidade, grã, textura e cor, as 41 espécies possuem


potencial para desenvolvimento de produtos. Dentre estas, 51% possuem
densidade básica superior a 0,72 g/cm³. Madeiras com tal densidade geralmente
são utilizadas em construção civil e confecção de produtos mais robustos. Quanto
às outras madeiras, 39% são de densidade média e 10% de densidade baixa, ou
seja, são madeiras mais leves (FIGURA 40).

Figura 40 - Madeiras classificadas em relação a densidade básica

Fonte: autora, 2021.

Foi identificado que a maior parte das madeiras classificadas possui grã
direita (12 espécies) e grã regular (9 espécies), conforme Figura 41. Dessa forma,
essas espécies apresentam maior resistência mecânica e facilidade na operação
de serragem e trabalhabilidade, de acordo com Coradin e Camargos (2002). No
entanto, madeiras com grã direita ou regular não apresentam figuras ornamentais
ou especiais nas suas superfícies tangencial e radial, mantendo um aspecto
regular, segundo ANPM (2018). Dessa forma, diante da realidade da RESEX Auatí-
Paraná, quanto à logística, infraestrutura e à quantidade e qualidade das máquinas
e ferramentas, processar madeiras com tais características facilita o processo de
concepção de produtos.
101

Figura 41 - Madeiras classificadas em relação ao tipo de grã

Fonte: autora, 2021.

Quanto à textura, 53,65% das espécies madeireiras que foram classificadas


possuem textura média (FIGURA 42). Dessa forma, são madeiras que não
apresentam uma superfície totalmente lisa como as de textura fina, mas não
necessariamente exigem maior processamento com lixa como as de textura grossa,
conforme aponta Melo e Camargos (2016).

Figura 42 - Madeiras classificadas em relação a textura

Fonte: autora, 2021.


102

4.3 Identificação e classificação de métodos e ferramentas de Design

A partir do apresentado no Capítulo II foi concebido um quadro composto de


métodos e ferramentas para o processo participativo, separando em Ênfase,
Método/Ferramenta e Autor (a/es). Para a concepção do Quadro 15, levou-se em
consideração o Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Auatí-
Paraná, segundo ICMBIO (2011), visto que alguns métodos e ferramentas não
podem ser aplicados em ações na RESEX, por conta de algumas limitações
relacionadas aos aspectos humanos, financeiros e organizacionais, conforme
classificados por Hussain et al., (2012).

Quadro 15 - Relação de métodos e ferramentas para o processo participativo de Design

Métodos e Ferramentas para o processo participativo

Ênfase Método/Ferramenta Autor (a/es)

Participação Workshops Kujala (2003)


democrática
Prototipagem

Aspectos sociais Observação Kujala (2003)


de trabalho
Análise de vídeo

Aproximação do Focus Group Cheva e Lugli


usuário (2018)
Imersão em contexto
Jogo de Cartas

Confecção de Colagens 2D Sanders (2013)


coisas tangíveis
Mapeamentos 2D
Maquetes 3D
Protótipos de baixa tecnologia
Protótipos e artefatos de design do futuro
Modelos de espaço 3D

Ação e Jogos de Tabuleiro Sanders (2013)


apresentação
Adereços
Modelos de espaço 3D
Criação de cenários
Previsão e promulgação participativa
Improvisação
Atuação
Interpretação de papéis
103

Bodystorming e desempenho informativo

Fala e Histórias através da escrita, desenho, fotos e vídeo Sanders (2013)


explicação
Diários e registros diários
Auto-observação através de fotos, vídeos, redação,
etc.
Documentários, cronogramas ou mapas
Espaços em papel para coleta de dados
Cartões para organizar, categorizar e priorizar ideias

Entendimento e Entrevistas individuais IDEO (2019)


modelagem de
Entrevistas em grupo
comportamentos
de indivíduos Imersão em contexto
Autodocumentação
Descoberta guiada pela comunidade
Entrevistas com experts
Buscar inspiração em novos locais
Fonte: autora, 2021.

O quadro anterior relaciona ferramentas/métodos para executar ações


durante o processo participativo. Mas para o norteamento do processo em sua
totalidade, verificou-se o método tradicional de Design Participativo e a viabilidade
de sua aplicação no contexto da RESEX Auatí-Paraná. Diante das limitações
encontradas, a proposta de expansão do método tradicional realizada por Hussain
et al., (2012) em comparação a proposta por Spinuzzi (2005), foi tida como a mais
adequada.

Dessa forma, conforme apresentado na Figura 43, foi selecionada a parte da


metodologia proposta por Hussain et al., (2012) que vai da união entre Designer e
Usuário até a cocriação.

Figura 43 - Metodologia proposta por Hussain

Fonte: adaptado de Hussain et al., (2012).


104

A metodologia proposta possibilita adaptações. Neste contexto, o foco da


pesquisa se encontra no processo participativo, onde parte da pesquisa é liderada
pelo designer e parte liderada pelo usuário (no contexto da RESEX, atores sociais),
até a uma última etapa antes da cocriação, na qual os usuários podem ser
preparados para trabalharem com as demais partes interessadas (FIGURA 44).

Figura 44 - Adaptação da metodologia de Hussain et al., (2012)

Fonte: autora, 2021.


A partir da Figura 43 pode-se identificar que, apesar de atuar como líder na
etapa de DP liderada por Designers, o designer atua como mediador durante todo
o processo. Observando ainda aspectos de natureza humana, social, cultural e
religiosa, financeira e organizacional, que podem impossibilitar a aplicação plena
do Design Participativo, como aponta Hussain et al., (2012).

A etapa de DP liderada por Usuários visou propiciar a liderança da pesquisa


aos atores sociais, criando vínculo com os demais comunitários envolvidos no
desenvolvimento das atividades a partir do levantamento de potenciais líderes entre
eles.

A etapa de Treinamento de usuários para o trabalho com as partes


interessadas, dentro do contexto da RESEX, consiste em ser liderada por Designer
e especialistas para o preparo dos comunitários na realização de atividades junto
às demais partes interessadas no desenvolvimento de produtos. Com realização
de treinamento do uso de ferramentas e técnicas de marcenaria, venda de produtos
e a inserção de mais pessoas na equipe.

A etapa de cocriação parte da crença de que todos os envolvidos são


pessoas criativas, desenvolvendo situações onde todos podem contribuir a partir
de diálogo e conversação contínuos durante o processo participativo, com foco em
toda a experiência, conforme propõe Sanders (2013) e Hussain et al., (2012).

Paralelo ao proposto anteriormente, têm-se a etapa concernente ao


desenvolvimento da pesquisa quanto à valorização de território e à materialização
105

de identidade (FIGURA 45). Dessa forma, conforme o referencial teórico, foram


encontradas entre os métodos propostos por Bonsiepe (2011), Krucken (2009) e
Rosenbaum (2019) algumas etapas semelhantes. Dessa maneira, foi realizada
uma sintetização das etapas metodológicas de Bonsiepe, Krucken e Rosenbaum.
Não sendo um novo método, mas apenas um resumo da relação encontrada entre
os métodos.

Figura 45 - Síntese dos métodos de Bonsiepe, Krucken e Rosenbaum

Fonte: autora, 2021.

A síntese dos métodos realizada consiste em direcionar o processo


participativo para o desenvolvimento de produtos com identidade regional, sendo
executada juntamente com a primeira etapa da metodologia por Hussain et al.,
(2012) descrita anteriormente, visando:

Imergir, utilizando as ferramentas imersão em contexto, registro fotográfico


e anotações de campo, realizando a identificação da relação dos comunitários com
o local onde estão inseridos;

Impulsionar e Comunicar, estabelecendo conexões com o lugar a partir da


ferramenta de Descoberta guiada pela comunidade, e dessa forma, impulsionar o
compartilhamento das histórias e saberes locais e ativar as competências situadas
no lugar;

Perpetuar, o uso de técnicas e materiais locais, após o estabelecimento de


conexões e caracterização dos elementos e as atividades com potencial de uso
como identidade em produtos, a partir da observação do discurso dos comunitários;
e

Desenvolver, o território realizando o desenvolvimento participativo de


produtos a partir da execução de oficinas de cocriação e criação de identidade da
comunidade, que podem ser:

1. Oficina Identidade Regional em Produtos (Oficina 01);

2. Oficina Gabaritos, Desenhos e Reutilização (Oficina 02);


106

3. Oficina Observação e Transformação (Oficina 03); e

4. Oficina de Embalagem (Oficina 04)

A Oficina Identidade Regional em Produtos deve objetivar despertar o


interesse pela estilização de elementos presentes na fauna, flora e costumes da
comunidade para serem usados como identidade regional. Para tanto, os
comunitários poderão utilizar materiais como folhas de papel A3 e lápis para que
façam desenhos de produtos a livre escolha, observando os elementos
representativos de suas atividades e região, além de participarem da cocriação de
produtos. Durante a oficina é importante ressaltar questões como utilização de
resíduos florestais e formas de evitar o desperdício de matéria-prima, observando
desde a forma do produto até as máquinas e ferramentas disponíveis.

Na Oficina Gabaritos, Desenhos e reutilização, os comunitários podem ser


levados a exercitar a criatividade, utilizando elementos aleatórios como gabaritos
para desenho e confecção de produtos, utilizando os resíduos madeireiros de
processamento mecânico. A oficina objetiva conscientizar a utilização da madeira,
respeitando as condições do manejo florestal, fazendo uso de conhecimentos
acerca de tecnologia da madeira e princípios de Design para desenvolvimento de
produtos.

A Oficina Observação e Transformação consiste na utilização de resíduos


de marchetaria para geração de produtos a livre escolha, a partir da observação do
formato dos resíduos, ressaltando a importância da reutilização e gerando
valorização as peças antes descartadas. A questão do empoderamento dos atores
sociais possui um maior impacto durante a realização dessa oficina, pois os
comunitários passam a liderar as atividades, exercendo tomadas de decisão sobre
as suas etapas.

Levados ao entendimento da importância da embalagem, suas aplicações e


formatos, além da relação embalagem e produto, a partir da Oficina de Embalagem
que consiste na confecção de embalagens a partir de ferramentas simples como
papel, tesoura, estilete e cola, os comunitários são introduzidos a questões de
valoração de produtos, valorização do trabalho desenvolvido na RESEX e
importância de produtos com identidade.
107

Ao final da aplicação das oficinas, o método Focus Group pode ser utilizado,
a fim de captar a experiência, grau de pertencimento e envolvimento, além do
empoderamento dos comunitários. As principais questões para o Focus Grouu são:

1. Você se identifica com o (s) produto (s)?

2. Na sua opinião, os produtos identificam seu local de origem?

3. O produto comunica elementos e atividades típicos da RESEX Auatí-


Paraná?

4. Qual sua opinião em relação a sua participação na pesquisa, utilização de


madeira de árvores naturalmente caídas e produtos desenvolvidos? Relate
sua experiência.

4.4 Relação entre ferramentas e métodos de Design, árvores naturalmente


caídas e elementos da fauna e flora

Ao realizar a instalação do campo de experimentações para o manejo de


árvores caídas na RESEX Auatí-Paraná, Rocha (2010) observou que os
comunitários participaram ativamente na elaboração de metodologias e
regulamentações para a utilização de necromassas. Além de observar o nível de
envolvimento, a autora também detectou que os comunitários da RESEX possuem
habilidades para a utilização de madeiras e criatividade, além de alto nível de
acabamento e detalhes das peças. Esses pontos também foram observados em
2018, quando a equipe do LEAM foi até a RESEX Auatí-Paraná e realizou algumas
oficinas de desenvolvimento de produtos.

As competências mencionadas anteriormente são um ponto chave para o


processo participativo de Design objetivando a concepção de novos produtos. E o
reconhecimento da importância e nível de envolvimento dos comunitários como
protagonistas do processo corrobora o que afirma Sanders (2013), sobre as
pessoas não serem apenas usuários de soluções de Design, mas sim, especialistas
acerca de seus próprios modos de viver e trabalhar. Ou seja, participam ativamente
de todo o processo.

Um ponto muito debatido por Hussain et al., (2012) foi acerca dos aspectos
que impedem a aplicação plena do Design Participativo, em situações que
108

envolvem grupos sociais marginalizados e economicamente vulneráveis. Dessa


forma, o tópico anterior trata apenas de métodos e ferramentas que podem auxiliar
o processo participativo em situação similar com comunitários na RESEX Auatí-
Paraná.

Dentre as categorias de aspectos apresentadas por Hussain et al., (2012),


pode-se destacar, em relação aos comunitários da RESEX, os aspectos humanos,
financeiros e organizacionais. Quanto ao aspecto humano, a ênfase está na relação
entre o designer e os atores sociais, a capacidade de os mesmos participarem do
processo, o acesso aos participantes e a forma apropriada de estes serem
recompensados pela participação. A RESEX Auatí-Paraná encontra-se há uma
distância considerável da capital do Amazonas, Manaus. Dessa forma, os aspectos
financeiros são levados em consideração em relação ao transporte de pessoas e
produtos, prazos de entrega, logística, instalações de oficinas. E quanto aos
aspectos organizacionais, enfatiza-se o reconhecimento da importância da
participação dos atores sociais no processo e a disposição em alocar recursos.

Por ser uma pesquisa de caráter participativo, todos os métodos e


ferramentas relacionados no tópico anterior, proporcionam uma experiência mais
aprofundada no nível de envolvimento dos atores sociais, designer e das demais
partes interessadas.

A caracterização de elementos de Fauna e Flora está relacionada com a


caracterização de métodos e ferramentas de Design, a partir do que Bonsiepe
(2011) propõe para a materialização de identidade do Design. Com o método
selecionado, foi possível caracterizar elementos levando em consideração os
aspectos da RESEX.

Dessa forma, a relação entre a caracterização das madeiras de árvores


naturalmente caídas, caracterização de elementos da Fauna e Flora e os métodos
e ferramentas de Design encontra-se na necessidade de desenvolver produtos de
madeira com identidade regional. As madeiras são o insumo, ou seja, a matéria-
prima para o desenvolvimento dos produtos. Mas a diferença está na origem de tais
madeiras. As mesmas são de árvores naturalmente caídas com maior frequência
na RESEX Auatí-Paraná, a necessidade de caracterização quanto aos atributos
gerais, densidade e uso está no objetivo de proporcionar a possibilidade de indicar
109

o uso ou não de determinada madeira para a confecção de um produto. As cores e


padrões visuais identificados durante a classificação estão relacionados também
com as cores e formas identificadas durante a classificação de elementos de Fauna
e Flora da RESEX.

Os dados encontrados quanto às cores, às formas e aos padrões visuais das


madeiras e dos elementos de Fauna e Flora, são necessários ao desenvolvimento
de produtos com Identidade Regional, valorizando o território ao fazer uso das
características e materiais locais. E para o desenvolvimento de tais produtos,
métodos e ferramentas de Design Participativo que proporcionem o envolvimento
dos comunitários como atores sociais. Para ilustrar tal afirmação, selecionou-se a
espécie Pirarucu (FIGURA 46), também utilizada no trabalho desenvolvido por Silva
(2018). É um peixe de grande porte da região da RESEX e o seu manejo é uma
das principais atividades dos comunitários.

Figura 46 - Escamas do peixe Pirarucu

Fonte: autora, 2021.

Uma das características marcantes desse peixe é o formato e cor de suas


escamas, que atreladas à caracterização das árvores naturalmente caídas, pode
ser representada pelas espécies Violeta (Peltogyne catingae – ‘05’) e Marupá
110

(Simarouba amara Aubl – ‘38’). A Violeta é uma madeira de cor roxa que pode ser
utilizada para representar a parte mais escura da escama, enquanto que o Marupá
possui uma madeira branca que pode representar a parte mais clara da escama.

A validação da utilização de madeiras naturalmente caídas e características


de elementos de fauna e flora, para a concepção de produtos, pode ser realizada
a partir do trabalho de Silva (2018), onde a autora utilizou as espécies madeireiras
Violeta e Marupá para a criação de um conjunto de mesas de centro, a partir das
características formais e cores da espécie de peixe Pirarucu, conforme a Figura 47.

Figura 47 - Mesa de centro a partir de necromassas e características da escama de pirarucu

Fonte: adaptado de Silva (2018).

O trabalho desenvolvido por Silva (2018) fornece subsídios para a validação


da utilização da madeira de árvores naturalmente caídas e elementos da fauna
como recursos para o desenvolvimento de produtos. Entretanto, o processo
utilizado pela autora não inclui a participação total dos comunitários ou de outras
partes interessadas. O desenvolvimento da configuração estético-formal do produto
foi realizado pela autora, e os comunitários participaram apenas do processo de
fabricação.

Observou-se, no trabalho de Silva (2018), que os comunitários aceitaram


participar da fabricação do conjunto de mesas, mas questionaram o formato e
propuseram desenvolver produtos a partir da marchetaria, técnica já conhecida por
eles. Como resultado do trabalho, foram desenvolvidas as mesas e também uma
série de outros produtos idealizados pelos comunitários.
111

A partir do que foi apresentado no referencial teórico da presente pesquisa


acerca de Design Participativo em comparação com a experiência de Silva (2018),
pode-se verificar a importância da inserção de todas as partes interessadas,
principalmente designer e comunitários, durante todo o processo, da idealização à
concepção de um produto.

Ainda sobre a utilização de elementos de fauna e flora para a materialização


de identidade por meio do Design, Silva e Nascimento (2021) realizaram um
levantamento acerca das espécies mais populares da região norte do Brasil e
desenvolveram um painel semântico, conforme figura 48.

Figura 48 - Painel semântico com as espécies mais populares da região norte do Brasil

Fonte: Silva e Nascimento (2021).

As autoras analisaram apenas os aspectos formais dos animais, não


necessariamente as cores, visto que o material proposto por elas, para o
desenvolvimento de produtos, foram resíduos madeireiros de processamento
mecânico. O produto final foi uma mesa de centro desenvolvida a partir das
características formais da arara vermelha, espécie comum na região norte do Brasil
(FIGURA 49).
112

Figura 49 - Mesa de centro com características formais da arara vermelha

Fonte: Silva e Nascimento (2021).

Os dois trabalhos discutidos anteriormente, Silva (2018) e Silva e


Nascimento (2021), têm como ponto convergente a não utilização do processo total
de Design Participativo. Todavia, as duas pesquisas fazem uso de elementos de
fauna e flora como identidade regional para a concepção de produtos. E a partir de
seus resultados, pode-se validar a utilização de elementos de fauna e flora da
RESEX Auatí-Paraná para o desenvolvimento de produtos pelos comunitários.
Além da validação do uso de madeiras de árvores naturalmente caídas por meio
das pesquisas realizadas por Rocha (2010) e Silva (2018).

Outro ponto observado nos trabalhos é a utilização de recursos visuais.


Dessa forma, uma das ferramentas propostas por Sanders (2013) e Cheva e Lugli
(2018), para o processo de Design Participativo, é a utilização de cartões ou
colagens 2D. Assim, a identificação dos elementos de Fauna e Flora e a
caracterização das necromassas apresentadas em forma de cards, mostruários ou
catálogos, configuram-se como um importante recurso visual para o
desenvolvimento de produtos, tendo o processo guiado pela metodologia de Design
Participativo, possibilitando o envolvimento de todas as pessoas do início ao fim do
processo.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram identificadas diversas


semelhanças entre o DP e a Tecnologia Social, além de outras pesquisas como a
etnografia e a pesquisa participativa, todas de natureza qualitativa e que envolvem
a participação dos atores sociais e do pesquisador ou pesquisadora em meio ao
113

processo. Dessa maneira, fica evidente a relação entre as comunidades


tradicionais, produtos com identidade regional, madeira de necromassas e Design
Participativo, conforme a figura 50. São temas bem divergentes, mas que estão
fortemente relacionados.

Figura 50 - Relação entre comunidades, produtos, necromassas e o Design Participativo

Fonte: autora, 2021.


114

5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados na presente pesquisa, acerca das


características dos elementos da fauna, flora e das madeiras de árvores
naturalmente caídas na floresta, associadas ao Design Participativo, é possível
desenvolver produtos com identidade regional de forma participativa. O resultado
da relação encontrada entre a caracterização de elementos da Fauna e Flora,
madeira de árvores naturalmente caídas e a identificação de métodos e
ferramentas de Design responde o questionamento da pesquisa que é: quais
métodos e ferramentas de Design podem auxiliar comunitários da RESEX Auatí-
Paraná a desenvolver produtos com identidade regional, utilizando madeira de
árvores naturalmente caídas a partir do Design Participativo?

A caracterização, tanto dos elementos de Fauna e Flora quanto das


madeiras de árvores naturalmente caídas, resultou em dados passíveis de serem
utilizados na configuração estético-formal de produtos. É possível que a
caracterização das necromassas da RESEX Auatí-Paraná corrobore para a
formalização do uso de tal material pelos órgãos responsáveis para além do
desenvolvimento de produtos dentro de Unidades de Conservação. Todas as
espécies de árvores naturalmente caídas com maior frequência na RESEX foram
classificadas, conforme as características gerais e identificadas por cor. E o
potencial tecnológico para o desenvolvimento de produtos foi validado a partir da
análise de outros trabalhos envolvendo o uso de necromassas.

Os métodos e ferramentas de Design Participativo foram classificados e


verificados conforme as possibilidades e limitações da RESEX Auatí-Paraná
presente no Plano de Manejo Participativo. E estão intrinsecamente relacionados
com o nível de participação dos comunitários como protagonistas do processo de
Design Participativo. A partir do proposto por Sanders (2013), sobre as três
perspectivas do DP, pode-se observar que para a realização da presente pesquisa
utilizou-se do DP como uma mentalidade, quando se seleciona uma metodologia
para nortear o processo de participação e uma para a valorização do território e
materialização de identidade; DP como método, quando houve a comparação de
ferramentas de DP com as de outras pesquisas similares, como a pesquisa
115

etnográfica e participativa; e DP como ferramenta ou técnica, quando há uma


relação de ferramentas de Design Participativo para serem utilizadas durante o
processo.

Em meio a análise entre o método tradicional de Design Participativo e a


adaptação de tal método para a aplicação em determinadas ações com grupos
sociais, levando em consideração seus diversos aspectos, observou-se a
importância da escolha de ferramentas e métodos adequadas não somente visando
a concepção de produtos, mas o desenvolvimento de todo o processo.

Esta pesquisa e seus resultados, confirmam a grande quantidade e


qualidade de recursos materiais e visuais que podem ser utilizados para a
confecção de produtos, com identidade regional e valorização de território dentro
de Reservas Extrativistas. Também aponta os desafios para a aplicação do método
tradicional de Design Participativo e a necessidade da realização de adaptações de
metodologias e triangulações de métodos.

5.1 Desdobramentos da Pesquisa

A partir dos resultados encontrados verificou-se a possibilidade da presente


pesquisa ser desdobrada a partir dos seguintes estudos:

1. Aprofundar a caracterização dos elementos de Fauna e Flora, selecionando


outras espécies presentes na RESEX Auatí-Paraná.
2. Realizar a aplicação dos métodos e ferramentas de Design com
comunitários da RESEX, observando o desenvolvimento da pesquisa em
relação ao empoderamento dos atores sociais.
3. Compilar as informações dos elementos de fauna e flora e as madeiras de
árvores naturalmente caídas caracterizadas em formato de cartilha,
catálogo, jogo de cartas ou outro recurso de editorial para a utilização
durante oficinas de Design Participativo para a concepção de produtos.
4. Relacionar tipos de produtos e a viabilidade de produção dentro do ambiente
de uma Reserva Extrativista a partir da Economia Solidária, verificando todo
o ciclo de vida do produto.
5. Analisar o uso de outros recursos como as fibras naturais e técnicas
tradicionais dominadas pelos comunitários para a confecção de produtos
116

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administração. São Paulo: Atlas, 1998. 2. Ed. 94 p.
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APÊNDICE A – Plataformas para pesquisa

PLATAFORMA DISPONÍVEL EM

Mecanismo on-line para http://novo.more.ufsc.br/


More referências
bibliográficas

Plataforma de estudos https://www.passeidireto.com/


para todos os níveis de
Passeidireto
ensino com variedade
de materiais de estudo

Compartilhamento de https://www.academia.edu/
Academia arquivos e de
publicações

Laboratório de Facebook: @labdamp


Desenvolvimento e
Lab.D.A.M.P.
Aplicação de
Metodologias de Projeto

Biblioteca eletrônica https://www.scielo.org/pt/


que abrange uma
SciELO coleção selecionada de
periódicos científicos
brasileiros

Biblioteca virtual que http://www.periodicos.capes.gov.br/


reúne e disponibiliza a
Periódicos instituições de ensino e
CAPES pesquisa no Brasil
produção científica
internacional

Portal brasileiro de http://www.ibict.br


publicações científicas
Oasisbr em acesso aberto - é
um mecanismo de
busca multidisciplinar

Compartilhamento de http://www.researchgate.net
ResearchGate arquivos e de
publicações

Design e Periódico on-line de https://www.ufrgs.br/det/index.php/det


Tecnologia Design Qualis A2

Estudos em Periódico on-line de https://estudosemdesign.emnuvens.com.br/design


Design Design Qualis A2
Imagens das espécies madeireiras classificadas da RESEX Auatí-Paraná
APÊNDICE B – Classificação de Necromassas
130
131

APÊNDICE C – Banco de dados sobre Espécies Madeireiras

PLATAFORMA

The Plant List

http://www.theplantlist.org/

Database of brazilian woods

http://sistemas.florestal.gov.br/madeirasdobrasil/introducao.htm

The wood database

https://www.wood-database.com/

Trada - Wood Species Database

https://www.trada.co.uk/wood-species/

Africa Museum

https://www.africamuseum.be/research/collections_libraries/biology/collections/xylarium

Inside Wood

https://insidewood.lib.ncsu.edu/search?6

Forest Products Laboratory

https://www.fpl.fs.fed.us/search/madw_request.php

Internet Archive

https://archive.org/stream/in.ernet.dli.2015.4767/2015.4767.Timbers-Of-The-New-
World_djvu.txt
132

ANEXO A – Termo de Anuência


133

ANEXO B – Autorização para atividades com finalidade científica

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