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O CRISTÃO E A POLÍTICA:

O QUE O NOVO PRESIDENTE NÃO PODERÁ


FAZER PELA IGREJA
Davi Secundo de Souza1

No próximo dia 28/10/2018 teremos o 2º turno das eleições e desta vez para
escolher o novo presidente do executivo brasileiro que governará a partir de primwieo
de janeiro de 2019.
Como é de se esperar, os ânimos estão exaltados seja por parte dos candidatos
e muito mais pela população que, a muito tempo, não se envolvia na vida política de
seu país como está se vivenciando nos dias de hoje. As farpas, insultos, provocações,
Fake News (notícias falsas) misturadas com verdadeiras alimentam ainda mais esse
cenário, que tudo indica, no dia seguinte a eleição, esperamos que, os tais ânimos já
estejam apaziguado e cada um cuidando de sua vida, pagar as contas, tentar recuperar
as amizades perdidas, enfim, por em ordem aquilo que ficou desordenado.
A Igreja não está alheia a isso, posto que convive no meio social e além disso
faz parte integrante do mesmo.
Entretanto, o cerne das discussões é a polarização do duvidoso sistema de
governo que navega entre o grupo que credita ao outro à extrema direita (extremo
capitalismo) e a outro a extrema esquerda (socialismo/comunismo). Poucos acreditam
que não haverá nenhum destes modelos e que a democracia triunfará.
Há sistemas de governos mundo afora que divergem, por exemplo, quanto a
liberdade religiosa.
Segundo a organização Portas Abertas2, mais de 215 milhões de cristãos no
mundo sofrem severa perseguição no mundo, sendo os direitos mais cerceados:
1. Desprovidos de liberdade religiosa;
2. Proibição de conversão ao cristianismo sobretudo por conta de ameaças do
próprio governo e grupos extremistas;
3. Os cristãos confessos são obrigados a abandonarem seus lares, patrimônio,
empregos pelo terror da violência impetrada contra os tais;
4. Agressões físicas e mortes pela simples confissão de fé;
5. Muitos são presos, interrogados e torturados por se recusarem a negar a
sua fé em Jesus.
Ainda segundo a aludida organização, as perseguições são assim classificadas:

1
Davi Secundo de Souza é Pastor, Jornalista, Advogado, Presidente da AD Cajuru Curitiba e Presidente da
CONEMAD-PR
2
Disponível em <https://www.portasabertas.org.br/artigo/igreja-perseguida>. Acesso em 16/10/2018.
O CRISTÃO E A POLÍTICA: O QUE O NOVO PRESIDENTE NÃO PODERÁ FAZER PELA IGREJA

1. Perseguição Extrema: 11 países;


2. Perseguição Severa: 24 países;
3. Perseguição Alta: 15 países; e
4. Perseguição Variada: são circunstanciais.
Alguns países, região, sistema de governo, fonte da perseguição3:
1. Coréia do Norte: Nordeste Asiático. Ditadura comunista. Paranoia
ditatorial;
2. China: Ásia. Comunismo. Opressão comunista.
3. Irã: Oriente Médio. República. Opressão Islâmica.
4. México: América do Norte. República presidencialista. Corrupção
organizada;
5. Colômbia: América do Sul. República presidencialista. Corrupção
organizada;
Nota-se que praticamente em todos os continentes e independente da forma
de governo, cristãos são impiedosamente perseguidos. Ademais a perseguição está
umbilicalmente ligada ao caráter da ideologia do governante. Isto evidencia a
necessidade de pesquisas profundas antes de tomar a decisão, no nosso caso, de
escolher aqueles que estarão presidindo o país.
A que ressaltar, ainda, que na maioria absoluta dos países a perseguição ao
cristianismo vem aumentando exponencialmente segundo pesquisas conduzidas pela
aludida instituição.
Entendemos pela Palavra de Deus que existe a Igreja visível, institucional e a
Igreja invisível (orgânica), corpo místico de Cristo comprada pelo Seu precioso Sangue.
Enquanto a primeira é composta de agentes visíveis, constituída juridicamente
com registro nos órgãos governamentais, a segunda só o Comprador sabe quem faz
parte. Enquanto a primeira está sujeita as leis, normas, decretos, estatutos legais e a
Bíblia Sagrada a segunda está sujeita, apenas e tão somente, as Sagradas Escrituras, é
supranacional, extramundana. Enquanto a primeira necessita de um local para
adoração, a segunda adora “em espírito e em verdade.”
Posto isto, enquanto que a primeira, Instituição visível, pode ser passível de
desaparecimento, dependendo da atuação do governo e o aparelhamento das
instituições que compõe um país, a segunda jamais desaparecerá. Sendo assim, o que
o governo não pode fazer para a Igreja invisível?
Para facilitar o entendimento, elencamos alguns tópicos baseado nas
Escrituras Sagradas:

A IGREJA (ORGÂNICA) NÃO PODE CONTAR COM O SISTEMA DE


GOVERNO PARA:

3
Disponível em <https://www.portasabertas.org.br/artigo/perfil-de-paises>. Acesso em 16/10/2018.

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1. Crer e manter-se fiel a Cristo como Único Senhor e Salvador (Mc


16.15-16; Ap 2.10): A pregação do Evangelho de Cristo tem como resultado a
aceitação do Seu Senhorio e pelo batismo é feita a confissão pública de fé e serviço até
o último dia de vida. Entretanto, nenhum sistema de governo, do mais liberal ou
extremo ditatorial fará terá o condão de efetuar essa fé na vida de qualquer ser humano.
Manter-se fiel é um dever de todo aquele que diz servir ao Senhor.

2. “Ser sal da terra e luz do mundo” (Mt 5.13, 14): Os 111 versículos que
compõe os capítulos 5 a 7 do Evangelista Mateus é mais que um “sermão”. Trata-se de
um compêndio que deve nortear toda a vida cristã. Encontramos nestes textos sagrados
a baliza, o prumo e a régua (cânon) que deve reger nossas vidas. De comportamento
perante os homens a modo como Deus nos aceita como filhos e participantes do Seu
Reino lá encontramos. No entanto, é mister enfatizar que tudo depende do SAL e da
LUZ que somos neste mundo. Se o SAL não tiver sabor, imprestável é. Se a LUZ não
brilhar, torna-se em densas trevas. Não basta ser cristão (ser como Cristo) no meio de
cristãos, é dever ser cristão aonde quer que estejamos.

3. Manter o DNA puro de Seu Criador (Mt 16.18): A Igreja edificada em


Cristo, jamais, pertenceu a qualquer ser humano, organismo social, político ou
governamental. Pertence a Cristo. Ele mesmo afirmou “minha Igreja”. A Igreja
verdadeira possui o DNA de Seu Genitor. A Igreja Primeira sabia muito bem o que
significava isso. Jamais dependeu de qualquer agente externo para manifestar a Quem
realmente pertencia (Jo 8.47; 2Co 6.16; Rm 8.14; 1Jo 1.15).

4. Manter-se pura e santa (Hb 12.14; 1Pe 1.14-16; 1Ts 4.7-8; Ef 5.25-27;
2Co 11.2; Rm 12.2): A condição sine qua non para sermos salvos é a santificação. Ser
santo é separar-se com um propósito especial de servir ao Senhor Jesus abstendo-se
das tentações mundanas. É mister asseverar que neste corpo humano somos sujeitos
ao pecado, no entanto, como disse o Apóstolo Amado “vive pecando…” (1Jo 5.18; 1.8,
9). Nossa justificação vem do Senhor e não de obras meritórias. Tudo o que fizermos
de bom nada valerá para nossa salvação que é dada gratuitamente (Ef 2.8). O cristão
deve fazer “boas obras” (Mt 5.16) não para ser salvo, mas, porque é um salvo (Rm 10.9,
13; 5.1, 9-10; 1Co 1.18).

5. Continuar sendo a “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15): O


Apóstolo Paulo enfatiza neste texto duas coisas importantíssimas: 1) o procedimento
do cristão autêntico independe do contexto social, histórico, econômico ou das
circunstâncias afetivas, de personalidade ou caráter alheio. É um dever individual. 2)
este cristão, como parte da Igreja orgânica de Cristo é responsável, uma vez que admite
ser um salvo, por manter firme a verdade. Que verdade é essa? O Evangelho de Cristo,
a Mensagem da Cruz. Como disse Dwight L. Moody4 “de cada cem homens, um lerá a
Bíblia, os outros noventa e nove lerão o cristão”.
6. Anunciar as boas novas do Evangelho (Mc 16.15-16; At 8.5): A primeira
Igreja da qual fazemos parte, nos dá o exemplo como Igreja de Cristo deve proceder.

4
Disponível em <https://frasescristas.wordpress.com/2012/05/10/frases-de-dwight-l-moody/>. Acesso em
16/10/2018.

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Após o derramamento do Espírito Santo (At 2), os discípulos logo saem para fora (gr.
εκκλησια = ekklesia. Verdadeiro sentido) e encontram a multidão que atônita faziam
julgamentos diversos do tal acontecimento. Logo o Apóstolo Pedro tomando a palavra
apresenta o Evangelho e o resultado é a conversão de mais de três mil almas (At 2.41).
Após a eleição dos primeiros diáconos, vemos dois destaques dignos de nota, a saber,
Estevão e Felipe (At 6.5). Estevão não somente dava conta dos afazeres burocráticos,
cuidar das viúvas, órfãos e necessitados, enfim, “servir às mesas” (At 6.2) era intrépido
evangelista enfrentando as adversidades mortais de sua época. De fato foi assassinado
por amor a Cristo, porém, cumpriu sua missão. E Felipe? Sem omitir seu ministério
diaconal, percebeu que Samaria era uma cidade carente da verdade “desceu” (é
necessário descer para pregar o evangelho) e levou multidões a Cristo (At 8.5ss). Em
seguida, não antes de levar uma cidade inteira ao Senhorio de Cristo, entregou a Igreja
para os Pastores de Jerusalém e viveu o milagre de pregar no deserto para um único
homem (At 8.26-27). Pregou o evangelho, fez o batismo e em seguido foi levado pelo
Espírito para outro lugar. Como estão os nossos cristãos atuais? Estão cuidando da
parte burocrática, sem omitir a parte espiritual? Estão dispostos a morrer por amor a
Cristo? Que resultados poderão dizer que estão apresentando ao Senhor?

7. Estar preparado para iminente vinda de Seu Senhor e Cristo (Mt


24.44): A razão da existência do cristão está lastrada em sua chamada e vocação e que
tem um proposito e um tempo determinado nesta vida. Uns foram chamados para
serem reis, outros sacerdotes, já outros profetas, mestres, doutores, empresários,
intercessores… enfim, todos tem uma missão a desenvolver com o fim precípuo de
alteridade. O egoísmo não é e nunca foi compatível com o Evangelho de Cristo.
No entanto, se a razão é desenvolver o ministério a que fomos ordenados (lato
sensu) o fim é a inequívoca promessa tão esperada “redenção” (Rm 8.23; Ef 4.30) que
ocorrerá por meio do arrebatamento da Igreja.

O termo utilizado por Nosso Senhor Jesus (gr. ετοιμοι = apercebido, pronto)
derivava de um costume oriental utilizado pelos reis. Quando estes pretendiam visitar
um determinado local, enviava primeiramente homens para que preparasse as
estradas, nivelando-as e tornando transitáveis5. Assim Jesus estava alertando àqueles
que O esperam que “preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas” (Mc
1.3; Is 40.3; Jo 1.23; Lc 3.4).
Desse modo cristalino é ordenado a todos os que são cristãos para que
aguardem o Seu Senhor. Doutra sorte, o tempo aqui nesta terra será de todo perdido.

8. Fazer a sempre urgente Obra Missionária (Mt 28.19; Mc 16.15; At


1.8): Desde a queda de Adão havia uma expectativa do cumprimento da promessa do
redentor (Gn 3.15) cumprida no segundo Adão, Cristo (1Co 15.22, 45). No entanto, para
que haja redenção é necessário que todos tenham conhecimento da verdade
(Evangelho de Cristo) e, somente através de outro ser humano é possível tal feito, como

5
STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong: léxico hebraico, aramaico e grego. Barueri/SP: SBB, 2002.

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já vimos anteriormente nos casos de Atos dos Apóstolos. Este propósito é denominado
de missões.
Missões é tarefa primordial da Igreja. Não há escusa capaz de livrá-la disso. A
maior dificuldade para a consecução deste propósito, o próprio Senhor Jesus já
afirmou em Mateus 9.38: “Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros
para a sua seara”. Eis o segredo: oração e ceifeiros. Alguns afirmam que não tem
condições financeiras para tal. Ora não existe Igreja tão pobre que não possa fazer
missões, existe sim, Igreja pobre por não fazer missões. Onde estão os intercessores?
Onde estão os ceifeiros? Nenhum governo resolverá isto: é problema da Igreja!

9. Ser um contribuinte voluntário da Causa do Mestre (2Co 9.7): Todas


as formas de contribuição estão na Bíblia Sagrada. No entanto, é cristalino que nada
mais agrada ao Senhor que um coração voluntário e generoso. Para este, não há
necessidade de coerção ou apelos psicológicos… basta a oportunidade. O primeiro
exemplo foi Abel (Gn 4.4), embora tenha pago com sua própria vida por ser agradável
ao Senhor. Os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó não foram diferentes. Moisés
incentivava o povo a não reter as ofertas das colheitas (Ex 22.29) e para a construção
do Tabernáculo no deserto (imagine dízimos e ofertas no deserto!), Ex 25.2. O ofertante
jamais deverá esquecer no ato do ofertório ou contribuição da forma que denominar
que a contabilidade divina registra a intenção do coração, a qualidade da oferta e não
importante a quantidade (Lc 21.1-4).

10. Atender os necessitados, prisioneiros… (Sl 41.1; 69.33; 72.12; 82.3;


Mt 25.34-40): Uma das maiores identidades que o cristão possui com o Seu Senhor
é a caridade ou a prática do amor. Compadecer do próximo é uma marca que alegra o
coração de Deus.
O próprio Senhor nos dá o exemplo de atender, sem acepção de pessoas a todos
os que o procuravam para aliviar suas dores. Pessoas sinceras que dependiam da
caridade alheia. Paralíticos, coxos, cegos, vítimas da agiotagem (Sl 15.5) que
terminavam a beira da estrada mendigando por ter seus bens tomados por aqueles que
prometera ajudar, mulheres que sem assistência alguma, tornando-se viúvas e sem
filhos que ajudasse o seu sustento, eram forçadas a tornarem-se prostitutas. Presos
injustamente, castigados por falsas imputações. A estes o Senhor nos dá o exemplo.
Move o coração de Deus um coração contrito e desejoso de justiça, afinal, “bem-
aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6).

11. Crer nas promessas e ser fonte bênçãos (Gn 12.1-3; 18.18-19; Gl 3.16-
29): Quando o Senhor chamou Abrão e enviou para um destino certo mesmo que não
o sabia, deu-lhes promessas, no entanto, afirmou que o mesmo seria fonte de bênçãos
para as famílias (nações) da terra.
Quando aceitamos o Senhorio de Cristo tornamos parte destas promessas e,
assim, Deus espera que creiamos em suas ricas, inesgotáveis e preciosas promessas,
assim como sermos abençoadores aonde quer que estejamos possa fluir através de

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nossas vidas ricas bênçãos aos que nos cercam. Todos, em Cristo, possuem esta
promessa em qualquer parte do globo terrestre, aonde a planta dos pés pisares, serás
bênçãos.

12. Abster-se das murmurações, fábulas e contendas (Nm 14.27; Ex 16.8;


1Co 10.10; Fl 2.14; 1Tm 4.7; 2Tm 4.4; Tt 1.14; 1Tm 1.16; 2Tm 2.23; Rm 13.13;
2Tm 2.24; Hb 12.1-2): um dos maiores desafios da Igreja atual é andar em Espírito,
viver em Espírito. ser orientado e guiado pelo Espírito. Os achismos tem levado a
muitos as concupiscências da carne produzindo terríveis males ao Corpo. Assim,
necessário é que aqueles que demandam fora do contexto bíblico sem sopesar as perdas
que podem advir de suas atitudes, terminarão definhando e como ramo seco terminará
sendo extirpado da Videira e lançado ao fogo. É de se preocupar quando a ênfase está
na forma e não na essência. Na aparência e não no interior. Parece que a lição dos
antepassados bíblicos e históricos não produzem efeito. Um orgulho sinistro deforma
a visão e o entendimento de tal forma que há uma geração convencida que são melhores
e que os exemplos passados não lhes servem. Tomemos cuidado, sistema de governo
não vai interferir em nossa santidade e fidelidade a Palavra de Deus e ao Deus da
Palavra. Vigiemos para que não percamos o bem mais precioso: SALVAÇÃO!

13. Não se amoldar ao mundo (Rm 12.2): a advertência do irmão Paulo deve
ser levada com extremo rigor na intimidade de nossa adoração, viver e proceder. É
mister ressaltar que bons costumes não levam a sã doutrina, porém, a sã doutrina nos
levará cabalmente a exercitarmos bons costumes. A Igreja de Cristo tem o poder do
Espírito Santo para vencer. Não necessita absolutamente de inovações mundanas em
seu seio. Vestir-se de uma roupa mundana para atrair as pessoas a Cristo não
funcionará. O máximo levará pessoas a serem religiosos, a mudarem de instituição e
não, necessariamente, serem inseridas no Corpo de Cristo. Ademais, para além disso,
é aceitar a situação como normal. O autêntico Cristão procura levar a Palavra ao
mundo. Esta tem o poder da transformação. Quem pode dar direção a este mundo se
rumo. E a Igreja é a porta-voz destas boas novas. O contrário disso é aceitar como
normal o que o mundo dita. Exemplo triste disso é constatar que muitos templos na
Europa estão fechados e à venda simplesmente porque a Igreja definhou e aceitou as
exigências de não propagar o Evangelho da Graça pelas “ruas e valados”. O Corpo vivo
está em plena mutação: ou cresce, ou definha. A escolha é nossa.

14. Enfrentar os “tempos difíceis” com fé e esperança (Sl 56.8; 126.5-6;


119.50; Rm 8.28, 38-39; 2Co 12.10): a vida para o autêntico cristão é sempre
desafiadora. Dificilmente encontra alguém que entende sua fé. Mesmo que haja farta e
demorada explicação, aqueles que Mesmo que haja farta e demorada explicação, não
podem entender como se dá a salvação (gratuita), o exercício da fé (inexplicável) e o
consolo em horas em que a alma está dilacerada. O cristão chora quando está alegre e
ri quando está triste. Explique isso!
Os momentos em que a história do Cristianismo fora iniciada é um exemplo
disto. Uma Igreja que se inicia com uma pregação simples, objetiva e desafiadora,
conquista mais de três mil membros, nos dias subsequentes, igualmente, os desafios

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da mensagem ultrapassavam as barreiras das dúvidas, das mentiras (especialmente


sobre a ressurreição de Cristo) “todos foram dispersos…” (At 8.4; 11.19). Então, o
milagre se multiplica: a perseguição impulsionou e promoveu a expansão do
Cristianismo mundo afora.
Mesmo com o sangue escorrendo para o chão, enfrentando as feras nas arenas,
ou a espada do soldado, as intempéries da natureza, jamais desistiram de sua fé em
Seu Salvador. Como dizia Tertuliano: “o sangue dos mártires é a semente dos
cristãos”678. Que nossa fé e esperança não possa ser diferente dos nossos irmãos que
durante a história do Cristianismo venceram com fé e esperança os tempos mais
tenebrosos que se puseram à sua frente.

15. Ser um verdadeiro adorador (Jo 4.24): nos dias de hoje, muitos
confundem adoração com “cantorias”. Não é isto que a Bíblia revela e até mesmo num
conceito dicionarista, jamais existe esta confusão. Adorar, no sentido religioso,
significa antes de tudo “render culto a uma divindade”. Lá na Antiga Aliança a
expressão era mais acentuada: cair de joelhos ante o divino (2Cr 6.13; 1Rs 18.42; Mc
1.40; 10.17). A Nova aliança trata, igualmente, com ênfase (At 7.60; Fp 2.10-11). A
expressão máxima da adoração não depende de fatores externos, mas, depende
integralmente de pessoas que são comprometidas com o Cristo ressurreto e O aceita
como único Salvador. A Ele toda honra, glória, louvor, adoração pelos séculos dos
séculos.

16. “Perseverar na comunhão” (At 2.42; 1Co 1.9; 1Jo 1.3, 6): nenhuma
instituição deste mundo tenebroso nos fará ter comunhão com o Senhor Jesus.
Comunhão é algo particular e íntimo, formalizado através de nossas atitudes e não de
palavras. A exigência Bíblica é para termos comunhão com o Deus o Pai através de Seu
Filho Jesus. Jesus mesmo afirmou: “ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6).
Então temos dois tipos de comunhão: uma vertical e outra horizontal. Enquanto a
primeira depende apenas do querer pessoal em aproveitar a porta aberta pelo Senhor
Jesus, a segunda (horizontal), dependerá da pessoa querer. Isto implica em muitas
adversidades e desentendimentos, além, de más interpretações da Bíblia.
Uma das maiores preocupações e dispendiosa de tempo pastorais atuais é a
ausência de comunhão.
A Igreja Primeira nos dá um exemplo de comunhão. Sempre estavam juntos,
tinham tudo em comum, partiam o pão, se preocupavam com a necessidade um dos
outros, contribuíam com extrema generosidade, oravam, jejuam, refletiam, conferiam
as informações (como os Bereanos), se doavam tanto que muitos chegavam a entrar a
vida eterna muito jovem. Eram perdoadores, compassivos, misericordiosos,
entranhados de humildade, promotores da eternal paz e procuravam exalar o “bom

6
O’REILLY, A. J. Os mártires do Coliseu: o sofrimento dos cristãos no grande anfiteatro romano. Trad. Marta
Doreto Andrade. 3 ed. Rio de Janeiro, CPAD: 2005.
7
FOXE, John. O livro dos mártires. Trad. Almiro Pisetta. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2013.
8
GONZÁLES, Justo L. E até os confins da terra: uma história ilustrada do Cristianismo. Trad. Key Yuasa. 1 ed. 11
reimp. São Paulo: Edidora Vida Nova, 1995.

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cheiro de Cristo” por meio de palavras edificantes “temperadas com sal”. Sabiam de
onde vinham, qual era sua missão e para onde iriam após concluída a missão, não
importando a idade. Será que temos, ao menos, o reflexo dessa Igreja nos dias atuais?
Reflitamos sobre isso Igreja do Senhor.

17. Indignar pela ausência da presença do Espírito Santo (Jo 14.26;


15.26; 16.7; At 1.8; 2.1-4): a razão da Igreja de Cristo ser diferente neste mundo é a
ação do Espírito Santo no seu meio. Uma Igreja sem a ação do Espírito Santo é apenas
uma religião, nada mais. Por essa razão todos aqueles que fazem parte desta Igreja
Viva, deve ser uma testemunha e, somente será uma testemunha caso tenha o poder
do Espírito. Quantos estão inconformados por não possuir bens materiais, posição
social, oportunidades nesta vida, serem alijados do meio social em que estão plantados.
Outro tantos estão inconformados por não serem percebidos, notados, sequer seu
nome é mencionado, ou ainda, não aparecem no mural da Igreja por terem feito a
diferença. CONTUDO, entram em saem de um culto e sequer sentem alegria do
Espírito Santo, em casa, igualmente não há manifestação do Poder do Espírito, na rua,
na escola, no trabalho… da mesma forma, o Espírito Santo é desprezado. Em nome de
Jesus, seja um inconformado com a ausência do Espírito Santo de Deus na sua vida.
Afinal, é essa Pessoa que fará a diferença quando partir desta vida. Lembre-se ainda
que daqui a 100 anos ninguém lembrará do que você comeu, bebeu, possuiu… no
entanto, se tiverdes o Espírito Santo de Deus, isto sim, fará toda a diferença. Receba o
conselho do Senhor Jesus: “buscai PRIMEIRO o Reino de Deus e sua Justiça…” (Mt
6.33).

Concluindo esta rápida e singela reflexão, espero que o nobre leitor não espere
do novo presidente o que somente você pode fazer.
O Soberano Criador deixou bem claro a função de cada uma das instituições.
Veja que a tripartição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) já está na Bíblia
desde tempos imemoriais: Sacerdote/Escribas, Profeta e Rei. Aliás, mais uma prova da
Trindade na Bíblia. Nenhum ditador quer seja de direita, de esquerda, de centro,
comunista, liberal ou teocrático tem a benção de Deus.
Sejamos sábios e procuramos entender os tempos, porque se os dias são maus,
não vamos ajudar o inimigo a piorá-los.

Que Deus em Cristo Jesus nos abençoe com sua eterna paz!

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