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Aula 16
Aula 16
MÓDULO 2 - AULA 16
Meta da aula
Apresentar o conceito de densidade de fluxo magnético e seus efeitos
sobre partı́culas carregadas e correntes elétricas.
Objetivos
No final desta aula, você deve ser capaz de:
Pré-requisitos
Esta aula requer que você esteja familiarizado com os conceitos de cor-
rente elétrica. Revise os assuntos estudados na Aula 12 deste módulo.
Introdução
Provavelmente, todos nós tivemos uma maravilhosa experiência ao ver,
pela primeira vez, uma agulha de bússola movendo-se sozinha ou uma agulha
de costura sendo misteriosamente atraı́da para um simples ı́mã de geladeira.
O estudo dos fenômenos associados ao magnetismo é suficientemente
amplo para merecer um curso dedicado somente a ele. Portanto, temos aqui
a difı́cil tarefa de, em algumas aulas, apresentar tópicos importantes do es-
tudo de magnetismo, campos magnéticos, materiais magnéticos e das suas
manifestações. Obviamente, nossa abordagem não será tão profunda como
o tema merece. Mas esperamos que você se interesse pelo assunto e busque
informações adicionais posteriormente. Iniciaremos nossa exploração fazendo
um pequeno apanhado histórico sobre magnetismo e suas manifestações.
É difı́cil situar historicamente uma data, ou perı́odo, em que se fez a
descoberta do magnetismo. Os gregos já conheciam as propriedades interes-
santes de um tipo de rocha, encontrada na região da Magnésia. Esta rocha,
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A densidade de fluxo magnético
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A densidade de fluxo magnético
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Petrus Peregrinus
(1220-?) é conhecido por ter
escrito a “Epı́stola de
magnete ”, em 1269, que
pode ser visto como o
primeiro tratado cientı́fico
sobre o magnetismo da
história. Ele fez uma série de
experimentos com peças
esféricas de magnetita.
Descobridor dos meridianos,
foi o primeiro europeu a
definir o conceito de pólo
magnético, sendo capaz de
distinguir entre os pólos
norte e sul de um ı́mã e
observar que a força
magnética é mais intensa nos
pólos. Foi o primeiro a
formular a idéia de que pólos
Figura 16.3: Capa de De Magnete por William Gilbert. magnéticos similares se
repelem, enquanto os
opostos se atraem. Petrus
O texto original de Gilbert foi publicado em latim e traduzido para o
foi um dos primeiros a tirar
inglês somente em 1893. Em De Magnete, Gilbert conclui que a Terra é um conclusões baseando-se em
seus experimentos em vez de
grande ı́mã, com um polo ao norte e um polo ao sul.
idéias preconcebidas.
Em 1819, Oersted descobriu uma conexão entre magnetismo e eletri-
Hans Christian Oersted
cidade observando que uma corrente elétrica em um fio alterava a direção (1777-1851), fı́sico e filósofo
da agulha de uma bússola. Em um ensaio publicado em 1813, ele previu dinamarquês, nascido em
Copenhagen. A unidade de
que deveria existir uma ligação entre a eletricidade e o magnetismo. Em campo magnético no Sistema
1819, durante uma aula de Eletricidade, aproximou uma bússola a um fio CGS é denominada oersted
em sua homenagem.
percorrido por corrente. Com surpresa, observou que a agulha se movia,
até se posicionar num plano perpendicular ao fio. Quando a corrente era
invertida, a agulha girava 180o , mantendo-se nesse plano. Esta foi a primeira
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A densidade de fluxo magnético
O campo magnético
Desde os tempos de Gilbert, já se conhecia o fato de que um ı́mã,
um pedaço de pedra de magnetita ou uma agulha de uma bússola, possuı́
dois pólos. Um pólo chamado Norte, simbolizado pela letra N, e um pólo
chamado Sul, simbolizado pela letra S. Observa-se que pólos iguais se repelem
e pólos distintos se atraem, exatamente como ocorre com as cargas elétricas
de mesmo sinal e de sinal contrário.
Isso nos levaria a pensar em descrever o magnetismo de ı́mãs de forma
análoga à forma como descrevemos a eletrostática, com cargas magnéticas
N e S. Experimentalmente, no entanto embora inúmeros esforços tenham
sido feitos, nunca se verificou a existência de tais cargas magnéticas isoladas.
Cada tentativa de partir um ı́mã em duas partes distintas nos leva novamente
a ı́mãs, cada vez menores, mas sempre com dois pólos, N e S. Veja a
Figura 16.4.
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A densidade de fluxo magnético
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N
S
N
N N
S S
S N
N
S S
N
S
Figura 16.5: Linhas de campo de um ı́mã em forma de barra, reveladas pela limalha
de ferro espalhada. As pequenas bússolas também revelam a direção do campo.
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A densidade de fluxo magnético
F~ = eE
~
F~ = k q ~v × B
~ (16.1)
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A densidade de fluxo magnético
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F
q
v
~ e
Figura 16.6: Direções relativas entre a velocidade ~v de uma partı́cula carregada, B
a Força F~ .
Exercı́cio 16.1
Qual é o valor da força magnética F~ para uma partı́cula de carga q que se
desloque com velocidade ~v em uma região onde a indução magnética B~ seja
paralela a ~v ? Lembre-se das propriedades do produto vetorial.
Exercı́cio 16.2
Qual é a direção da força que atua em uma partı́cula de carga q que se
desloca com velocidade ~v em uma região onde a indução magnética B ~ é
sempre perpendicular a ~v ? Lembre-se das propriedades do produto vetorial.
F~ = q ~v × B
~ (16.2)
F = qvB sin θ
~ temos:
Quando a velocidade ~v é perpendicular a B,
F = qvB (16.3)
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A densidade de fluxo magnético
1T = 104 G
Fonte B (T)
Estrela de nêutrons 108
Máximo campo produzido em laboratório 103
Campos de bobinas supercondutoras 20
Eletromagnetos 2-3
Ímãs permanentes 1
Superfı́cie da Terra 10−4
Regiões interplanetárias 10−8
Coração humano 10−10
Cérebro humano 10−12
Hendrick Antoon
Lorentz (1853-1928), fı́sico
holandês, pioneiro na O que ocorrerá se, além da indução magnética, a região do espaço esti-
compreensão de relações ver preenchida com um campo elétrico? Neste caso, além da força magnética,
entre eletricidade,
magnetismo e luz. Foi um aparecerá uma força elétrica devida ao campo elétrico. A Equação 16.1 deve,
dos primeiros a postular o então, ter uma forma mais geral, dada por:
conceito de elétron. Dividiu,
em 1902, o Prêmio Nobel de
Fı́sica, conquistado por sua
contribuição às explicações F~ = q E~ + ~v × B
~ (16.4)
do efeito Zeeman, a
alteração do espectro Esta força é chamada de Força de Lorentz.
caracterı́stico na presença de
campos magnéticos. Como a força magnética é sempre perpendicular à velocidade, a indução
magnética não realiza trabalho sobre a carga. A energia cinética de uma
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N S
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A densidade de fluxo magnético
N S
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A densidade de fluxo magnético
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v2
F =m ,
r
onde m é a massa da partı́cula, v é o módulo da velocidade, e r o raio da
trajetória. Mas, como sabemos que a força vem da Equação 16.3, então:
v2
F = qvB = m .
r
E podemos determinar o raio da trajetória:
mv
r= .
qB
O perı́odo T , para que a partı́cula realize uma volta completa, é dado
por:
2πr 2π mv 2πm
T = = = .
v v qB qB
A freqüência f com que a partı́cula dá voltas completas é:
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A densidade de fluxo magnético
1 qB
f= = .
T 2πm
E a freqüência angular é:
qB
ω = 2πf = .
m
Exercı́cio 16.3
Observe a Figura 16.9. Ela mostra um esquema de um aparelho usado
para determinar a massa de um ı́on. Nele, um ı́on de massa m é acelerado
através de uma diferença de potencial V e entra em uma câmara onde há
~ uniforme. A força centrı́peta que age no ı́on força
uma indução magnética B
um movimento circular. O ı́on descreve uma trajetória circular e colide com
um anteparo a uma distância x do ponto de entrada. Mostre que a massa
do ı́on pode ser calculada por meio de:
B 2 qx2
m= ,
8V
onde são conhecidos B, q, V e x.
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A densidade de fluxo magnético
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Leituras complementares
Leia com atenção os textos da seção 29.3, 29.4 e 29.5 do D. Halliday, R.
Resnick e J. Walker, Fı́sica III – Eletromagnetismo, 6a edição, Vol. 3, LTC
Editora, Rio de Janeiro (2000).
Atividades Finais
Problema 16.1 A Figura 16.10 mostra uma região onde há uma densidade
de fluxo magnético homogênea, perpendicular à folha, entrando nela. A
Figura mostra ainda a trajetória de duas partı́culas, A e B, que entram na
região pelo ponto P . Observando a figura, indique que cargas (positiva ou
negativa) possui cada partı́cula. Supondo que ambas as partı́culas penetram
na região com a mesma velocidade, qual das partı́culas possui maior massa?
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X
P
3 cm 6 cm
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A densidade de fluxo magnético
E D
placas defletoras
Problema 16.4 Um elétron entra numa região A, onde existe uma densi-
dade de fluxo magnético B~A , com velocidade v = 10 × 107 m/s. O elétron
percorre uma trajetória circular de raio r = 0.104 m. Qual é o valor da
intensidade da densidade de fluxo magnético BA ?
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A densidade de fluxo magnético
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Resumo
A densidade de fluxo magnético de uma região é determinada em função
da força que uma partı́cula de carga q sofre ao se deslocar nesta região com
velocidade ~v pela equação:
F~ = q ~v × B.
~
F~ = q E~ + ~v × B
~ .
mv
r= .
qB
O perı́odo T para que a partı́cula realize uma volta completa é dado
por:
2πr 2π mv 2πm
T = = = .
v v qB qB
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