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Protocolo Profibus DP
Protocolo Profibus DP
O Profibus é um dos protocolos que fazem parte do grupo dos “fieldbuses” abertos e
independentes de fornecedores (não-proprietários), que permitem, portanto a integração
de equipamentos de diversos fabricantes em uma mesma rede. Estamos falando de
interoperabilidade e intercabiabilidade.
O primeiro quer dizer que, em uma rede fieldbus podem estar interligados equipamentos
de diversos fabricantes. Todos se comunicam perfeitamente bem, graças à padronização
do protocolo. Já o segundo quer dizer que, se eu tirar da minha rede um equipamento de
um fabricante (um transmissor de pressão, por exemplo) e colocar o mesmo
equipamento de um outro fabricante, este segundo equipamento vai ser capaz de realizar
as mesmas atividades que o primeiro.
• Profibus DP: Foi desenvolvido para operar com uma alta velocidade e conexão
de baixo custo, e é utilizado na comunicação entre sistemas de controle de
automação e seus respectivos I/O’s distribuídos no nível de dispositivo. Pode ser
usado para substituir a transmissão de sinal em 24 V em sistemas de automação
de manufatura assim como para a transmissão de sinais de 4 a 20 mA ou
HART® em sistemas de automação de processo [2].
• Profibus PA: Esta tecnologia define, em adição às definições padrões do
Profibus DP, os parâmetros e blocos de função para dispositivos de automação
de processo, tais como transmissores, válvulas e posicionadores [2]. O Profibus
PA possui uma característica adicional que é a transmissão intrinsecamente
segura, o que faz com que ele possa ser usado em áreas classificadas, ou seja,
ambientes onde existe o perigo de explosão. É indicado por controlar variáveis
digitais em linhas de produção seriada ou células integradas de manufatura.
Encontrado predominantemente nas indústrias de transformação [3].
• Profinet: Pode ser utilizado em aplicações em tempo real (rápidas) e em
aplicações onde o tempo não é crítico, por exemplo, na conversão para rede
Profibus DP [8].
Características Básicas
Ver Figura 1:
Bom, essa foi uma introdução sobre o protocolo Profibus como um todo. Para a
próxima parte vou escrever sobre uma das três vertentes: o Profibus DP.
De acordo com [1] a tecnologia DP foi desenvolvida para realizar transmissão de dados
em alta velocidade. Esta vertente do protocolo atua no nível 2 da pirâmide de
automação. Neste nível atuam os PCs e CLPs responsáveis pelo controle dos
equipamentos de campo que estão localizados no nível 1. Cada controlador (mestre)
pode controlar até 126 escravos.
É daí que surge a necessidade de se utilizar um protocolo que trabalhe com velocidades
altas. Se fosse o contrário o processo seria muito lento e isto poderia prejudicar o bom
andamento de um controle, onde algumas aplicações exigem um tempo de resposta
muitoooo baixo e a troca de informações precisa ser, praticamente, em tempo real.
A troca de mensagens entre Mestres e Escravos pode ser realizada de duas maneiras:
cíclica e acíclicamente. De acordo com [3] a troca de forma cíclica é dividida em três
fases: parametrização, configuração e transferência de dados. Durante as fases de
configuração e parametrização de um Escravo, sua configuração real é comparada com
a configuração projetada no Mestre classe 1. Somente se corresponderem é que o
Escravo passará para a fase de transmissão de dados. Assim, todos os parâmetros de
configuração, tais como tipo de dispositivo, formato e comprimento de dados, número
de entradas e saídas, etc. devem corresponder à configuração real. Estes testes
proporcionam ao usuário uma proteção confiável contra erros de parametrização. Além
da transmissão de dados, que é executada automaticamente pelo Mestre classe 1, uma
nova parametrização pode ser enviada a um Escravo sempre que necessário.
Na forma acíclica [3] é possível transmitir comandos de leitura e escrita, bem como
alarmes entre mestre e escravos, independente da comunicação cíclica de dados. Isto
permite, por exemplo, a utilização de um Terminal de Engenharia (Mestre classe 2) para
a otimização dos parâmetros de um dispositivo (escravo) ou para se obter o valor do
status de um dispositivo, sem perturbar a operação do sistema.
Vou dividir a explicação detalhada destes meios físicos em duas partes, começando pelo
RS-485. No post da próxima semana vou falar sobre as Fibras Óticas. O meio físico
IEC61158-2 é utilizado em PA, portanto será explicado em breve, no post sobre redes
PA.
RS-485
O RS-485 é o meio de transmissão mais utilizado no Profibus DP, pois apresenta como
características principais altas taxas de transmissão e instalação simples e barata. Este
meio físico usa como transporte dos dados um cabo de par trançado e blindado e
permite que até 32 estações sejam conectadas ao barramento. Porém, o uso de
repetidores é permitido, o que permite que uma rede se estenda a até 126 estações.
É importante ressaltar também que os cabos de comunicação da rede devem manter uma
certa distância de fontes que possam causar qualquer tipo de interferência no sinal.
Além de mantê-los separados, é aconselhável utilizar bandejamentos ou calhas
metálicas fechadas e aterradas, observando as distâncias conforme Tabela 2. 2. O ideal é
utilizar canaletas de alumínio, onde se tem a blindagem eletromagnética externa e
interna. O cruzamento entre os cabos deve ser feito em ângulo de 90º [5].
Tabela 2 – Distâncias Mínimas de Separação entre Cabeamentos [5]
De acordo com a [4], se um cabo par trançado blindado é utilizado, a blindagem deverá
ser aterrado em ambas as terminações do cabo via conexões de baixa impedância. Isto é
necessário para se alcançar uma razoável blindagem eletromagnética. É altamente
recomendável que a conexão entre o cabo blindado e o terra seja feito por uma canaleta
metálica e parafusos de fixação metálicos do conector.
NOTA:
O RS-485 codifica dados utilizando a técnica Non-return Zero (NRZ). Este tipo de
codificação é a forma mais comum e mais utilizada para se transmitir sinais digitais, já
que ela usa dois níveis de tensão diferentes para os dois dígitos binários, ambos
diferentes da tensão nula [8]. De acordo com a norma EN50170, este método procura
assegurar que as transmissões ocorram somente quando sucessivos bits de dados
possuam valores iguais. Um exemplo deste tipo de codificação pode ser visualizado na
Figura 5.
Os dados codificados em NRZ são transmitidos por um cabo de par trançado. O bit “1”
representa uma tensão diferencial positiva constante entre os pinos 3 (RxD/TxD-P) e 8
(RxD/TxD-N) do conector e o bit “0” representa uma tensão diferencial negativa
constante. No RS-485 esses dados são transmitidos por dois condutores, denominados A
e B, que transmitem níveis de tensão iguais, porém com polaridades opostas (VA e VB).
Por esta razão, é importante que a rede seja ligada com a polaridade correta. Embora os
sinais sejam opostos, um não é o retorno do outro, ou seja, não existe um loop de
corrente. Cada sinal tem seu retorno pela terra ou por um terceiro condutor de retorno,
entretanto, o sinal deve ser lido pelo receptor de forma diferencial sem referência a terra
ou ao condutor de retorno.
Pode-se notar na Figura 6 que este sinal trafega com fases invertidas nos condutores do
cabo enquanto o ruído trafega com mesma fase. Nos terminais de entrada do
amplificador diferencial, o sinal de comunicação chega em modo diferencial e o ruído
em modo comum, dá-se portanto a rejeição do ruído. Sendo assim, todo ruído que for
induzido no cabo, em geral de origem eletromagnética, será em sua maioria rejeitado.
Considerando este tipo de sinal, segue um exemplo de um sinal típico na Figura 7. Tal
figura apresenta em sua parte superior a representação teórica da transmissão de um
byte Profibus diferencial enquanto que em sua parte inferior, é apresentado um caractere
real obtido a partir de um osciloscópio medido entre A e B. O byte da representação
teórica não corresponde ao byte da representação real.
As fibras óticas podem ser utilizadas em aplicações onde existe alto índice de
interferência eletromagnética ou com o objetivo de se aumentar o comprimento máximo
do barramento, independente da velocidade de transmissão. É um meio físico
comumente utilizado em aplicações onde se utiliza tanto a tecnologia DP quanto
Profinet.
Este meio de transmissão pode trabalhar com uma velocidade de até 50 Tbps, porém,
para uso em redes industrias, esta velocidade é limitada em 1 Gbps, devido ao fato de
não ser possível converter sinais elétricos e óticos em uma velocidade maior [1].
• Multimodo;
• Monomodo.
Multimodo
As fibras multimodo são utilizadas para cobrir distâncias médias, que variam entre 2 e 3
Km. O fator que limita a distância na utilização dessas fibras é a dispersão modal*. Elas
possuem núcleos maiores, de aproximadamente 62,5 micrômetro de diâmetro e,
transmitem luz infravermelha a partir de diodos emissores de luz (600 a 850
nanômetros). O comprimento de onda do infravermelho é de 850 a 1300 nanômetros.
De acordo com [4] as fibras multimodo são mais baratas e o núcleo mais espesso
demanda uma precisão menor nas conexões, o que torna a instalação mais simples, mas,
em compensação, a atenuação do sinal luminoso é muito maior. Isso acontece porque o
pequeno diâmetro do núcleo das fibras monomodo faz com que a luz se concentre em
um único feixe, que percorre todo o cabo com um número relativamente pequeno de
reflexões. O núcleo mais espesso das fibras multimodo, por sua vez, favorece a divisão
do sinal em vários feixes separados, que ricocheteiam dentro do cabo em pontos
diferentes, aumentando brutalmente a perda durante a transmissão.
Veja Figura 2:
Essas fibras podem ser divididas em dois modelos: Step Index e Graded Index.
De acordo com [3] as fibras do tipo Step Index possuem o índice de refração do núcleo
constante. A energia de um impulso luminoso vai distribuir-se por todos os modos.
Ver Figura 3:
Já no Graded Index o índice de refração do núcleo tem uma variação parabólica. Esta
característica tem o efeito de aproximar os tempos de propagação dos vários modos,
reduzindo a dispersão modal. A largura de banda utilizável é superior à da fibra Step
Index.
Ver Figura 4:
Figura 4 – Modo de refração no Graded Index
Monomodo
As fibras monomodo são utilizadas para cobrirem distâncias longas, acima de 15 Km.
De acordo com [5], as fibras de modo simples têm núcleos pequenos, de
aproximadamente 9 micrómetros de diâmetro e, transmitem luz laser infravermelha
(comprimento de onda de 1300 a 1550 nanómetros). Neste tipo de fibras o diâmetro do
núcleo é tão pequeno que não há mais do que um modo de propagação. Logo, não existe
dispersão modal. A largura de banda utilizável é maior do que em qualquer dos tipos de
fibra multimodo. Veja Figura 5 e 6, para exemplos de fibra monomodo e modo de
refração da fibra monomodo, respectivemente.
A aplicação das fibras monomodo vão desde sistemas de ultra-longa distância (~1000
km), como os sistemas submarinos e terrestres, assim como os sistemas de telefonia
regionais, acesso e serviços de TV a cabo (~100 km) [4].
De acordo com [4] as fibras monomodos podem ser divididas em três grupos: fibras
monomodo convencionais ITU-T G.652 (Standard Monomode Fiber – SMF), fibras de
dispersão deslocada ITU-T G.653 (Dispersion Shifted Fiber – DSF) e fibras de
dispersão deslocada não-nula ITU-T G.655 (Non Zero Dispersion Shifted Fiber –
NZDF).
- As fibras ITU-T G.652 foram as primeiras a serem construídas. Esses tipos de fibras
foram otimizadas para operarem na janela de 1310 nm. Para sinais nesse comprimento
de onda, as fibras convencionais apresentam dispersão nula e baixa atenuação.
Praticamente todos os sistemas de comunicações do início da década de 1980 possuíam
fontes que operavam nesse comprimento de onda. Esse tipo de fibra vem sendo
fabricado desde o início dos anos 80 e é o tipo de fibra monomodo mais instalada no
mundo inteiro. Apesar de estar otimizada para operação em 1310 nm, essa fibra também
permite a operação na janela de 1550 nm, quando a dispersão não é um fator limitante
para o sistema.
E isso aí pessoal. Neste post se encerra a parte onde falei sobre os meios físicos
utilizados no Profibus DP. No próximo post vou falar um pouco mais sobre a Camada
de Enlace e os telegramas de mensagens
Neste item são descritos os aspectos da camada de enlace e de usuário. Outros detalhes
sobre este assunto poderão ser encontrados em [1].
A rede Profibus DP é uma rede do tipo multidrop, assíncrona, half duplex e utiliza a
comunicação do tipo passagem de token (Token Passing) e mestre-escravo. O
mecanismo de passagem de token permite a aplicação de múltiplos mestres em uma
mesma rede compartilhando o acesso. Somente o mestre pode iniciar a comunicação na
rede. Os escravos comunicam somente para responder requisições do mestre. A rede
Profibus DP permite a operação permanente com mais de um mestre, desde que
configurados individualmente e de maneira adequada nas restrições da norma.
Para a comunicação entre cada estação, o protocolo define alguns telegramas. Cada
telegrama é formado por um conjunto de caracteres, no qual cada caractere é formado
por 11 bits, sendo apenas 8 deles utilizados como dado. Este é o padrão UART e os três
bits extras são utilizados para fornecer uma sinalização de início e fim de transmissão de
cada caractere (2 bits) e um bit de paridade par utilizado para conferição da integridade
da comunicação no receptor. A Figura 1 apresenta um exemplo deste caractere.
Nota-se que antes do bit de início, tem-se o estado de linha desocupada (IDLE) da
comunicação que é representado pelo nível de tensão 1. Antes de terminar a transmissão
do caractere (bit de fim), tem-se o bit de paridade. O receptor avalia a paridade a cada
byte recebido. Caso a paridade avaliada não tenha o mesmo valor que o bit de paridade,
o telegrama inteiro será descartado (não somente o caractere). Um telegrama é
constituído por um ou mais caracteres e não são permitidos períodos de linha
desocupada dentro da transmissão de um telegrama. Assim, o início de um telegrama
com mais de um caractere é exemplificado na Figura 2:
O tamanho máximo de um telegrama são 255 caracteres. O valor do LE (ou LEr) varia
de 0 a 249. O LE compreende a quantidade de bytes do campo DATA_UNIT além do
DA, SA e o FC. Portanto o tamanho máximo do campo DATA_UNIT é de 246 bytes. O
DATA_UNIT é a porção do telegrama destinada à carga útil de dados (payload).
Bom pessoal,vocês viram neste post alguns detalhes sobre os telegramas de mensagens.
No próximo post, vou falar sobre como é o procedimento de transmissão desses
telegramas. Só para lembrar, tudo isto acontece dentro das camadas de Enlace e
Usuário.
Procedimentos de transmissão
Uma rede que tem somente um único mestre resume sua operação na comunicação tipo
mestre-escravo e ao fim de cada ciclo o mestre passa o token para ele mesmo (pois é
único).
A manutenção da rede é uma obrigação de cada mestre. Assim, cada mestre deve ter o
conhecimento de todos os equipamentos (endereços) que estão presentes na rede e qual
sua natureza (mestre ou escravo). Após um conjunto de ciclos de comunicação, o mestre
consulta um novo endereço através de um comando dedicado à manutenção da rede. O
mestre aguarda o retorno da resposta do endereço consultado. Se houve resposta então
esse endereço é armazenado em uma lista para não ser mais consultado. Caso contrário,
considera-se que esse endereço é vago e o mestre após consultar os demais endereços
ainda continuará a testar este último. Um equipamento presente na rede (que responde a
comandos) é denominado operacional.
A lista de equipamentos da configuração que pertencem ao modo de comunicação
cíclica é passada ao controlador FDL (Field Device Link) pela camada de usuario. As
estações que não responderem durante a comunicação cíclica são classificadas como
não operacionais. Cada mestre mantém sua própria lista (configuração) de
equipamentos pertencentes à comunicação cíclica. Ao fim da comunicação cíclica,
prioritária, é realizada a comunicação acíclica e pelo menos um endereço não
operacional é consultado.
É isso aí pessoas. Com este post, encerramos a parte que se refere ao Profibus DP. A
partir do próximo, vou começar a falar sobre o Profibus PA.